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Depois de duas grandes atuações, a seleção feminina de futebol do Brasil não passou do 0-0 contra a África do Sul, pela terceira rodada do Grupo E dos Jogos Olímpicos Rio-2016, em partida disputada na Arena da Amazônia.

Com o resultado, a seleção avançou para as quartas de final da Olimpíada com o primeiro lugar do grupo E, com sete pontos, e enfrentará a Austrália nas quartas de final.

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Como a vaga para a próxima fase já estava assegurada, o técnico Vadão poupou seis titulares, entre elas a camisa 10, Marta, que foi substituída por Andressinha.

A atacante Cristiane, que tem uma lesão muscular, ainda corre o risco de ser cortada das Olimpíadas. Debinha atuou em seu lugar.

A terceira integrante do ataque, Bia, teve como substituta Raquel.

A torcida compareceu em peso ao estádio, após as grandes atuações contra a China (3-0) e a Suécia (5-1) nas rodadas iniciais.

Com apenas metade do time titular em campo, o Brasil não conseguiu repetir as boas atuações das partidas disputadas no Engenhão.

A seleção até criou algumas chances no primeiro tempo, mas pecou nas finalizações, apesar de um belo chute de Debinha na trave.

A decisão de poupar a craque do time, no entanto, não passou de 45 minutos. Após o apelo dos quase 50.000 torcedores presentes na Arena da Amazônia, ela entrou no jogo no segundo tempo, na vaga de Tamires.

Ela melhorou o ataque do Brasil, que teve oportunidades com Andressinha, Debinha e a própria Marta, mas não foi o suficiente para tirar o 0-0 do placar.

Pelo mesmo grupo, na terceira e última rodada da chave, China e Suécia também empataram em 0-0, resultado que classificou as duas equipes para as quartas de final.

Programa das quartas de final do futebol feminino nos Jogos Olímpicos Rio-2016:

- Sexta-feira -

(Brasília, 13h00): EUA - Suécia

(Salvador, 16h00): China - Alemanha

(São Paulo, 19h00): Canadá - França

(Belo Horizonte, 22h00): Brasil - Austrália

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Foi apenas a estreia. Foi também uma ducha de água fria no entusiasmo da seleção olímpica o empate por 0 a 0 com a África do Sul, no estádio Mané Garrincha, em Brasília, nesta quinta-feira (4). A equipe não fez um bom jogo. Mesmo com um a mais, teve muita dificuldade contra uma equipe segura e bem armada. Deu mostra de que precisa melhorar muito para brigar pela sonhada medalha de ouro. Saiu vaiada de campo, pois ficou devendo.

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Neymar, capitão e craque do time, teve atuação discreta. Tentou jogadas individuais, concluiu com perigo a gol, mas ficou longe do que dele se espera. Também precisa evoluir, quem sabe já na segunda partida, domingo, contra o Iraque, também em Brasília.

A seleção brasileira já terminou o primeiro tempo vaiada por parte dos torcedores. Uma parte pequena, e a vaia acabou sendo tímida e curta, ofuscada por aplausos. Mas a frustração, medida pelo pouco entusiasmo do torcedor durante quase toda a primeira etapa se justificava.

Criou-se grande expectativa sobre o desempenho da seleção, pelo talento da garotada liderada por Neymar, pela proposta ofensiva do técnico Rogério Micale e pelo otimismo fruto dos bons resultados dos intensos treinamentos.

Uma das máximas do futebol, no entanto, diz que treino é treino e jogo é jogo. E ela pôde ser usada nesta quinta. A África do Sul foi ao gramado com uma proposta bem simples para conter o time brasileiro: se armou com duas linhas de quatro e dois homens mais adiantados, mas todos posicionamento num pequeno espaço.

Assim, encurtou o campo, e o congestionou. Deixava a seleção brasileira tocar a bola, mas não abria espaços para que Neymar e companhia pudesse ameaçar com intensidade o goleiro Khune. Propôs ao Brasil um jogo de paciência, dificultado pela ansiedade que talvez o fato de ser a estreia justifique.

O Brasil não conseguia se movimentar - Neymar estava muito estático pela esquerda, de onde tentava jogadas individuais, normalmente infrutíferas -, não chegava em arrancadas e as tabelas, muito vistas nos treinos, saíam vez ou outra.

Jogadas em profundidade, pelo meio ou pelos lados, também não foram muitas. Numa delas, Gabriel Barbosa lançou Gabriel Jesus, que não alcançou a bola.

Assim, fora um chute de Felipe Anderson de fora da área que passou rente à trave, as melhores chances do Brasil foram em duas chutes de Neymar da entrada da área, que Khune desviou para escanteio. No segundo deles, aos 40 minutos, o craque pediu o apoio da torcida, que incentivou por breve tempo.

A África do Sul, a rigor, apesar de ter finalizado numericamente menos, foi mais perigosa, em lances em que o bom toque de bola do time pôde ser observado, mas em que a defesa brasileira, sobretudo os zagueiros de área, vacilou.

O segundo tempo começou ainda pior para a seleção brasileira. Os sul-africanos, confiantes, se soltaram um pouco. A seleção acusou essa maior dificuldade. Perdia bolas seguidas, errava muitos passes e mostrava descontrole, como no lance em que Gabriel Barbosa e Zeca se atrapalharam, e mais uma bola foi perdida.

O time não produzia em campo, a torcida se irritava nas arquibancadas. Ensaiava as primeiras vaias, quando aos 14 minutos Mvala, que instantes antes havia recebido cartão amarelo, fez falta duríssima em Zeca e foi expulso.

Imediatamente, Micale apelou para o seu plano B, a única alternativa que treinara durante a preparação: colocou o time no 4-2-4, ao trocar Felipe Anderson por Luan. Minutos depois, para tentar dar mais fôlego e poder de marcação, tirou Renato Augusto (jogou mal e saiu bastante vaiado) e pôs Rafinha em campo.

O time se lançou. E se animou. Teve chances com Gabriel Barbosa e Neymar, mas a melhor delas foi num cruzamento de Luan em que a bola passou por Gabigol e Gabriel Jesus, sem goleiro, acertou a trave.

No entanto, os lances serviram para animar a torcida, que passou a incentivar. Enfim, a seleção havia acordado. O gol, porém, não saía. Os zagueiros sul-africanos estavam quase perfeitos nos desarmes e nas bolas pelo alto e, quando eram superados, o goleiro Khune segurava tudo.

À beira do campo, Micale se desesperava, gritava, incentivava, mas também reclamava - chegou a ser advertido pelo juiz. E, algo normal nesses ocasiões, a pressa e a ansiedade bateram. Com o jogo se aproximando do final, as jogadas já não eram mais trabalhadas. A seleção, é verdade, tentou até o fim. Restou, porém, a decepção do empate na estreia, e o consolo de que foi apenas a estreia.

Na preliminar, Dinamarca e Iraque abriram este mesmo Grupo A e ficaram no 0 a 0. Assim, todas as quatro seleções estão emboladas na chave, com um ponto cada.

FICHA TÉCNICA:

BRASIL 0 x 0 ÁFRICA DO SUL

BRASIL - Weverton; Zeca, Marquinhos, Rodrigo Caio, Douglas Santos (William); Thiago Maia, Renato Augusto (Rafinha Alcântara), Felipe Anderson (Luan); Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar. Técnico: Rogério Micale.

ÁFRICA DO SUL - Khune; Mobara, Mathoho, Coetzee e Mekoa; Mvala, Motupa, Modiba (Ntshangase) e Dolly; Masuku (Morris) e Mothiba. Técnico: Owen da Gama.

CARTÕES AMARELOS - Thiago Maia e Mathoho.

CARTÃO VERMELHO - Mvala.

ÁRBITRO - Antonio Mateu Lahoz (Espanha).

RENDA E PÚBLICO - Não disponíveis.

LOCAL - Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF).

Em casa e com equipe talentosa liderada por Neymar, o Brasil é apontado como principal favorito ao ouro no torneio masculino de futebol da Olimpíada. A conquista da inédita medalha dourada, aliás, tornou-se uma obsessão para os brasileiros. No entanto, há alguns rivais fortes na briga, mesmo com problemas como tempo curto de preparação e desfalques por conta da negativa dos clubes em liberar jogadores. Argentina, Colômbia, Portugal, Alemanha, Nigéria e o atual campeão, o México, não podem ser desconsiderados.

Dos adversários do Brasil no Grupo A do torneio, justamente o da estreia, a África do Sul, é considerado o mais complicado. Isso porque os sul-africanos estão treinando já há algum tempo - algo raro - e têm uma equipe definida e bem entrosada. "É um time forte fisicamente, equilibrado e tem postura tática defensiva muito boa", analisa o técnico da seleção brasileira, Rogério Micale.

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Os outros aparentemente ficarão felizes se passarem da primeira fase: o Iraque é bastante limitado e a Dinamarca amarga vários desfalques, o que enfraqueceu bastante o time que foi bem na preparação, inclusive goleando por 6 a 2 a Nigéria, tida como favorita a disputar medalha.

Os nigerianos estão no Grupo B, que deve ter uma briga acirrada pelas duas vagas nas quartas de final. Não poderão contar com atletas importantes como Iwobi e Iheanacho, mas mantêm uma base há cerca de um ano e vêm de bons resultados, entre eles, a vitória recente sobre o Brasil.

A Colômbia também tem várias ausências, inclusive por contusão (o zagueiro palmeirense Mina), mas o técnico Carlos Restrepo conseguiu montar um grupo considerado forte, no qual se destacam Téo Gutierrez, Pabón (ex-São Paulo) e Miguel Borja. "Tivemos alguns contratempos, mas, ainda assim, creio que minha equipe é competitiva", disse.

A Suécia se ressente menos de Ibrahimovic - estava na lista dos 35 pré-convocados, mas se recusou a jogar a Olimpíada - e mais dos vários ausentes que integraram a equipe campeã sub-21 da Europa, mas cujos clubes não permitiram que viessem ao Rio. O Japão completa a chave, na condição de azarão.

O entrosamento de uma equipe que está junta desde o sub-17 é a arma da Alemanha, que está no Grupo C. A seleção perdeu jogadores de destaque, pois os clubes do país fecharam questão na não liberação daqueles que são importantes para os seus elencos profissionais, e tentará compensar com um sistema de jogo bem definido e objetivo. "Eles têm um conjunto muito forte", afirma Micale.

MEDALHISTAS - Atual campeão olímpico, o México aposta na mescla da nova geração com jogadores experientes, como o goleiro Talavera e o atacante Oribe Peralta, autor dos gols que derrotaram a seleção brasileira na decisão do ouro em Londres.

Na chave, as seleções de Fiji e Coreia do Sul deverão apenas cumprir tabela. Argentina e Portugal são tidas como favoritas não só às vagas do Grupo D, como a conquistar uma medalha nos Jogos do Rio.

Os argentinos tiveram dias conturbados, com problemas na federação, ameaça de não participar da Olimpíada e até troca de técnico em cima da hora, a exemplo do Brasil - Gerardo Martino renunciou e Julio Olarticoechea assumiu às pressas.

Ainda assim, o novo treinador acredita que, com jogadores como Calleri, Lanzini e Giovanni Simeone, será possível superar as dificuldades. "Não conseguimos treinar como queríamos, mas o importante é que sinto que todos os jogadores estão se doando. Isso nos dá confiança", disse Olarticoechea após o empate sem gols em amistoso com a Colômbia - depois, a equipe argentina continuou sem marcar num jogo com os mexicanos que também terminou 0 a 0.

Portugal não terá vários jogadores da nova geração, entre eles quatro campeões recentes da Eurocopa, pois não foram liberados pelos clubes (mais informações abaixo). Ainda assim, o técnico Rui Jorge acredita ser possível ir longe. Pretensão que Honduras e Argélia, a rigor, não têm.

Pelo menos um jogador da seleção da África do Sul, que enfrentará o time olímpico brasileiro na quinta-feira, vai se sentir em casa atuando no Rio-2016. O atacante Tyroane Sandows, ou simplesmente Ty, como é conhecido no Brasil, atua no Grêmio e iniciou a carreira graças à compra de uma garrafa de detergente.

Tudo começou em 2006, quando tinha apenas 11 anos. Sua mãe comprou um detergente de lavar louças, que tinha um cupom de concurso para uma criança conhecer o Brasil. Ela enviou em nome do filho, que, assim como outros 180 africanos, passou por uma seleção. Apenas 12 sobraram e tiveram a chance de vir para o País do Futebol.

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Dentre outros passeios, tiveram a chance de fazer testes no São Paulo. Só Ty foi aprovado e, em 2012, chegou como jogador da base. Sem alojamento em Cotia, local onde o time tricolor treina, ele ficava hospedado na casa de um casal de brasileiros, como numa espécie de intercâmbio.

O garoto ficou no time paulista por dois anos. "Pessoal gostou de mim e fiquei no clube até agosto de 2014, quando fui para o Grêmio. Antes, passei 15 dias treinando no PSV, da Holanda, mas não deu certo lá", contou o garoto de 21 anos, que faz parte do time B gaúcho.

Embora ainda não tenha atuado pelo time principal, o técnico Roger Machado pediu a sua renovação de contrato e avisou que pretende lhe dar oportunidades em breve.

A família de Ty ficou na África e ele só quer voltar para o país a passeio. Seu irmão, de 17 anos, também é jogador e defende um clube da África do Sul. "Nem pensei em trazê-lo para o Brasil, porque minha mãe iria morrer de tristeza. Já não basta um filho longe, né?", brincou o garoto, que fala português fluentemente.

DICAS - Fã do Arsenal e de Ronaldinho Gaúcho, ele quer fazer uma boa Olimpíada para voltar com moral e passar a ter mais chances no time gaúcho.

Como esperado, Ty pretende passar dicas sobre como jogam os brasileiros desconhecidos dos sul-africanos, já que ele está por dentro da equipe do técnico Rogério Micale. Ele também fala como atua o time africano.

"Temos um grupo talentoso, de muito toque de bola, que não é de força, como outras seleções africanas, mas de técnica", contou, sem prometer medalhas. "Temos que tentar ir o mais longe possível. Não sei se dá medalha, mas vamos lutar."

Sobre a seleção brasileira, destacou Neymar, Rafinha e Felipe Anderson como os principais jogadores. E Ty não foi convocado apenas por atuar no Brasil. Em 2015, ele fez parte da seleção que disputou a Copa Africana de Nações Sub-20 e, embora a África tenha sido eliminada na Primeira Fase, ele foi eleito para a seleção do campeonato, com três gols marcados.

Para o jogo contra o Brasil, o coração estará dividido. Ty contou que sonhou jogar na seleção brasileira, mas aceitou o convite de defender sua terra natal e terá uma situação curiosa, como por exemplo, ter de enfrentar seu companheiro de clube, o atacante Luan.

Os tubarões brancos da África do Sul enfrentam a ameaça de extinção, após um rápido declínio nos números de exemplares, causado ​​pela caça de troféus, por redes para tubarões e pela poluição - de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira (20).

O projeto de pesquisa realizado durante seis anos ao longo da costa do país revelou que entre 353 e 522 tubarões ainda estão vivos, metade do que se pensava.

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"Os números na África do Sul são extremamente baixos. Se a situação continuar assim, os grandes tubarões brancos da África do Sul caminharão para uma possível extinção", disse a autora do estudo e pesquisadora da Universidade de Stellenbosch, Sara Andreotti.

Os cientistas fizeram o censo com base na coleta de amostras de biópsias e de fotografias das barbatanas dorsais dos grandes predadores, inclusive na área de Gansbaai, perto de Cape Town, um dos principais pontos turísticos de mergulho em jaulas para ver os tubarões.

"Chegamos à conclusão de que os tubarões brancos da África do Sul enfrentaram um declínio rápido na última geração e que seus números podem já estar baixos demais para assegurar sua sobrevivência", afirmou Andreotti.

Publicado na revista Marine Ecology Progress Series, o estudo também responsabilizou as redes para tubarões, a poluição dos oceanos e os anzóis na costa leste da África do Sul pela queda na população de tubarões brancos.

"As chances de sobrevivência são ainda piores do que pensávamos anteriormente", advertiu Andreotti. Os pesquisadores acreditam que 333 dos tubarões são capazes de se reproduzir.

Embora a população de tubarões brancos tenha diminuído na África do Sul, o estudo afirma que os animais ainda foram encontrados em grande número ao longo da costa de Canadá, Austrália e Estados Unidos.

Ataques de tubarões ocorrem com frequência no litoral sul-africano, em alguns casos provocando a morte de surfistas e nadadores.

Um cão pastor de uma fazenda em Bloemfontein, na África do Sul, é o primeiro cão no país a concluir um mestrado. Esté Matthew e seu Border Collie, Jessie, agora são mestres em Zoologia de North-West University com a tese "O uso de um cão farejador para a conservação dos anfíbios".

Quando tinha 6 meses de idade, Jessie foi treinada para detectar o cheiro de rãs abaixo do solo e distinguir entre sapos africanos gigantes e outros sapos. A rã-touro gigante Africano é uma espécie protegida em Gauteng e seu habitat está gradualmente diminuindo devido à urbanização.

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Segundo Matthew, Jessie foi treinado de forma científica e confiável, com a assistência de seu supervisor, o professor Ché Weldon. O mesmo teste foi repetido até 45 vezes para garantir um resultado confiável, diz ela, em entrevista a um veículo de comunicação do país.

Realizar pesquisas sobre as rãs não é tarefa fácil porque elas costumam hibernar por cerca de 11 meses do ano, chegando à superfície entre novembro e dezembro para se reproduzir e pôr ovos. "Isso fez coleta de investigação em todo o resto do ano mais difícil", disse Matthew, ao News 24h.

E é aí que Jessie, cujos pais trabalham como cães de pastoreio de ovelhas em uma fazenda em Bloemfontein, entrou. Ela farejou sua primeira rã-touro selvagem acima do solo em dezembro de 2014. Seis meses depois, ela encontrou uma abaixo do solo.

Matthew, que agora trabalha no Endangered Wildlife Trust, diz que Jessie vai continuar a usar seu nariz e grau para ajudar anfíbios ameaçadas.

Um tribunal sul-africano autorizou nesta sexta-feira que milhares de mineiros com problemas respiratórios e suas famílias possam iniciar uma ação coletiva contra quase 30 empresas de mineração para tentar obter indenizações.

"Consideramos que no contexto deste caso, uma ação coletiva é a única opção realista", declarou o juiz Phineas Mojapelo no Tribunal Superior de Johannesburgo.

Muitos trabalhadores contraíram silicose, uma doença pulmonar incurável provocada pela inalação de dióxido de silício. Os sintomas são uma tosse persistente e problemas respiratórios, que podem resultar em tuberculose.

Caso cestas medidas de proteção sejam adotadas, a doença pode ser evitada.

"É a única via que a Constituição estabelece para chegar ao tribunal", disse o juiz.

Em outro caso similar na África do Sul, as gigantes da mineração Anglo American e AngloGold Ashanti concordaram em março em pagar 32 milhões de dólares a ex-funcionários que têm silicose.

A África do Sul é um dos países com as maiores reservas de ouro no mundo. As medidas mínimas de proteção trabalhista e os métodos aplicados durante o apartheid contribuíram para multiplicar os casos de doenças contraídas no trabalho.

Dois fragmentos encontrados na África do Sul e nas Ilhas Maurício pertencem "quase certamente" ao voo MH370 da Malaysia Airlines, disse nesta quinta-feira (12) o Bureau Australiano de Segurança no Transporte (ATSB).

Os destroços foram analisados pelo laboratório da entidade pública, como parte das investigações para determinar o que ocorreu com o avião que desapareceu quando seguia de Kuala Lumpur para Pequim no dia 8 de março de 2014.

No ano passado, um primeiro fragmento surgiu na Ilha da Reunião, no Oceano Índico, próximo às Ilhas Maurício.

A partir de então, foram analisados dois fragmentos encontrados em Moçambique, em dezembro de 2015 e fevereiro passado. Em março, a ATSB avaliou que os dois pertencem "quase seguramente" ao Boeing 777 que desapareceu com 239 passageiros a bordo.

Uma das partes encontradas na África do Sul, na baía de Mossel, foi identificada graças à marca da Rolls-Royce impressa.

A ATSB afirmou que este tipo de marca é a mesma utilizada nos aviões da Malaysian Airlines.

O outro fragmento, que apareceu na Ilha Rodrigues, no arquipélago de Maurício, é uma lâmina de uma mesa da cabine só utilizada nos Boeings 777 da Malaysia Airlines.

Autoridades da África do Sul informaram que prédios de 17 escolas na cidade de Vuwani, a 470 quilômetros da capital Johanesburgo, pegaram fogo após quatro dias de protestos de moradores locais que se opõem à mudança administrativa da região.

A imprensa sul-africana noticiou que a cidade situada na província de Limpopo teve uma quinta-feira relativamente calma após recente período de agitação, em que os manifestantes bloquearam rodovias, queimaram veículos e enfrentaram a polícia.

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A onda de violência começou no último domingo, após a derrota legal sofrida pelos moradores ao tentar impedir a mudança administrativa da região, que deixaria de pertencer a um município para ser integrado a outro.

Segundo a South África news outlet (eNCA), a preocupação dos estudantes quanto a nova demarcação é que isso possa afetar suas chances de conseguir bolsas de estudos nas universidades. Fonte: Associated Press

A temporada de 2016 começou boa para a sul-africana Caster Semenya. Neste sábado, no Campeonato Nacional da África do Sul, a corredora venceu a prova dos 400 metros com o melhor tempo do ano e com o índice do país para os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto. Com 50s76, Semenya bateu a marca obtida pela norte-americana Jaide Stepter em Los Angeles, no mês passado.

Na competição realizada na cidade de Stellenbosch, perto da Cidade do Cabo, Caster Semenya também venceu a prova dos 800 metros com 1min56s48, novamente o melhor tempo do ano. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, Semenya foi medalha de prata nesta prova e também já fez índice para o Rio-2016. Em Mundiais, foi campeã em 2009 com a marca de 1min55s45.

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Com 25 anos, Caster Semenya volta à ativa nesta temporada após passar os dois últimos anos sofrendo com lesões no joelho e troca de treinador.

Depois de brilhar em 2009, a sul-africana enfrentou uma polêmica que a fez ficar parada por 10 meses porque teve a sua feminilidade contestada e teve de se submeter a testes de DNA. Os exames comprovaram que a atleta é portadora de uma deficiência cromossomática que lhe confere características masculinas e femininas.

Depois de decepcionar e perder para a Nigéria por 1 a 0, na última quinta-feira, em Cariacica (ES), a seleção brasileira olímpica se redimiu neste domingo e venceu a África do Sul por 3 a 1, em amistoso realizado no estádio Rei Pelé, em Maceió, nas Alagoas.

Com Dunga diante da seleção principal, o time olímpico atuou sob o comando de Rogério Micale, do sub-20. Neste domingo, ele entrou em campo com a seguinte escalação: Ederson; Fabinho, Dória, Wallace e Douglas Santos; Rodrigo Caio, Matheus Sales e Felipe Anderson; Gabriel Jesus, Malcom e Luciano.

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Em um primeiro tempo movimentado, o Brasil levou perigo aos dois minutos em cabeçada de Wallace para fora, e a África do Sul respondeu logo depois com cobrança de falta defendida pelo goleiro Ederson.

Aos 14 minutos, a seleção brasileira abriu o placar com o são-paulino Rodrigo Caio, capitão da equipe. Felipe Anderson cobrou falta do lado esquerdo e o volante subiu para cabecear para o fundo do gol.

Cinco minutos mais tarde, o Brasil chegou ao segundo. Em cobrança de escanteio, o corintiano Luciano escorou para trás e o lateral Fabinho, do Monaco, apareceu sozinho para completar.

Enquanto a África do Sul buscava o ataque somente por meio das bolas paradas, o Brasil chegou duas vezes com perigo no primeiro tempo. Aos 24, Luciano chutou forte e o goleiro February defendeu. Já aos 37, Felipe Anderson aproveitou bobeada da zaga, invadiu a área e chutou para fora, desperdiçando uma chance clara.

Para a segunda etapa, o técnico Micale promoveu as entradas de Wendell e Rodrigo Elly para os lugares de Douglas Santos e Wallace. Como a seleção baixou o ritmo, antes dos 15 minutos o treinador ainda substituiu Luciano por Andreas Pereira e Rodrigo Caio por Rafinha - que voltou aos gramados após ter lesionado o joelho no dia 17 de setembro do ano passado.

Apesar das modificações na seleção brasileira, foi a África do Sul que conseguiu balançar as redes primeiro na etapa complementar. Aos 21 minutos, Mothiba recebeu cruzamento e, de primeira, mandou para o gol.

Os testes na equipe seguiram, e Felipe Anderson deu lugar para Thiago Maia. Em uma jogada de atletas que entraram no segundo tempo, aos 29, o Brasil chegou ao terceiro gol. Rafinha deu belo passe para Andreas Pereira, do Manchester United, que teve calma na finalização e fez um belo gol.

Pouco antes do apito final, uma cena impressionante chocou os jogadores. Em disputa de bola com Andreas Pereira, Macheke tentou dar um carrinho, mas seu pé esquerdo ficou preso no chão e o joelho torceu feio. Alguns atletas fizeram sinal de fratura para o banco de reservas, e o sul-africano foi atendido por uma ambulância dentro do gramado, sendo levado direto para um hospital na capital alagoana.

Em uma sessão tumultuada no Parlamento, o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, rejeitou as alegações de que ele seria influenciado por uma rica família do setor empresarial, ressaltando que é dele a responsabilidade pela indicação de ministros.

Ontem, o vice-ministro de Finanças do país divulgou um comunicado afirmando que a rica e politicamente influente família Gupta ofereceu diretamente a ele o cargo de ministro das Finanças, no lugar de Nhlanhla Nene, que deixou o posto em dezembro.

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"O presidente está disposto a assumir a responsabilidade pela decisão e renunciar em frente ao povo da África do Sul?", questionou Mmusi Maimane, líder da Aliança Democrata, no Parlamento.

"Eu estou no comando do governo, eu nomeio nos termos da Constituição", disse Zuma. "Não há nenhum ministro aqui que tenha sido nomeado pelos Guptas ou por quem quer se seja."

A oposição afirmou que a decisão de Zuma de demitir o ministro de Finanças e de substituí-lo por um parlamentar relativamente desconhecido e, então, substituir este por um experiente ex-ministro de Finanças enfraqueceu a economia e a moeda do pai.

Zuma contestou e disse que o rand já estava em queda anteriormente. Maimane tentou desafiar o presidente, mas foi impedido de falar. Ele e outros críticos dizem que a suposta influência da família Gupta sobre Zuma é uma ameaça à democracia do país. Fonte: Associated Press

O Congresso Nacional Africano (ANC), o partido no poder na África do Sul, anunciou nesta terça-feira uma denúncia por uma mensagem no Facebook que compara os negros aos macacos, um caso que provocou um escândalo no país.

Penny Sparrow, uma agente imobiliária branca de Park Rynie, na província de KwaZulu-Natal (leste), se queixou no Facebook da atitude dos negros que deixam lixo na praia nas festas de fim de ano. "A partir de agora chamarei de macacos os sul-africanos negros porque os pequenos e adoráveis macacos selvagens fazem o mesmo que eles: pegam e jogam o lixo", escreveu.

O ANC, no poder desde o fim do regime racista do apartheid, em 1994, decidiu entrar com uma denúncia por ultraje contra "vários sul-africanos que publicaram mensagens racistas nas redes sociais". "É alarmante que pessoas intolerantes que até agora guardavam suas opiniões estejam ganhando coragem", disse o porta-voz do partido, Zizi Kodwa.

Diante da repercussão, Sparrow apagou sua mensagem e pediu desculpas, afirmando que "não queria insultar ninguém".

Por sua vez, o partido da oposição Aliança Democrática (DA), do qual Sparrow é membro, disse rejeitar o racismo e apresentou uma denúncia contra ela. Este caso e outros parecidos são a mostra de que as questões raciais continuam sendo muito sensíveis na África do Sul mais de 20 anos após o fim do apartheid.

Integrantes da antiga diretoria e executivos da Unimed Paulistana, além de corretores de planos de saúde da operadora, realizaram viagens e passeios de luxo no ano passado. Em agosto de 2014, um grupo participou de um safári na África do Sul com todos os gastos custeados pela operadora, que está em crise financeira desde 2009 e teve sua carteira de clientes alienada por ordem da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em setembro deste ano.

Em nota, a atual diretoria da Unimed Paulistana informou que assumiu em abril deste ano e realizou um trabalho de diminuição de custos. "Esses eventos foram realizados durante a antiga diretoria e esses questionamentos devem ser feitos aos antigos diretores."

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O ex-presidente da Unimed Paulistana, Paulo José Leme de Barros, disse, também em nota, que a viagem para a África "fez parte da estratégia comercial da empresa, prática comum no mercado de saúde". "Foram contempladas 138 pessoas, que geraram um custo de viagem de aproximadamente R$ 1,2 milhão. Como retorno, a campanha obteve R$ 31 milhões em vendas e acréscimo de 28 mil novos clientes, resultado extremamente positivo para a Unimed Paulistana."

Diretor da corretora Íntegra Vita, Reinaldo Badiali diz que a prática de oferecer viagens, jantares e passeios luxuosos é normal entre as operadoras de saúde e que, há pelo menos oito anos, a Unimed Paulistana realizava as promoções.

"Além da África, eles fizeram também viagens para Fernando de Noronha, Maragogi (AL), cruzeiros. Mas todas as operadoras oferecem viagens para alavancar as vendas."

Shows de artistas nacionais, como Arnaldo Antunes e César Menotti e Fabiano, eram vistos pelos convidados da operadora em camarotes. "A gente não quitava nada em nenhum evento da operadora. Era 'all inclusive'."

Badiali diz que os vendedores se sentiam estimulados a vender os pacotes da Unimed Paulistana. "Era uma viagem bem organizada, mas tinham de vender 50 a 100 vidas por mês durante um ano para conseguir." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um tribunal determinou que o campeão paralímpico sul-africano Oscar Pistorius, condenado pelo assassinato de sua namorada em 2013, passe por sessões de psicoterapia, informa um comunicado do serviço penitenciário.

A comissão de apelação encarregada de examinar a solicitação de libertação antecipada do atleta "ordenou que o detento se submeta ao tratamento psicoterapêutico para que tome consciência" do crime que cometeu, segundo a nota oficial.

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Pistorius terá que comparecer às sessões mesmo em caso de liberação do cumprimento do restante de sua pena, informou a juíza Lucy Mailula, que preside a comissão.

Na segunda-feira, a justiça negou o pedido de liberdade antecipada de Oscar Pistorius e devolveu o processo para a comissão, que deve se reunir no "momento adequado", segundo fontes oficiais.

O ex-aleta foi condenado a cinco anos de prisão pelo "homicídio culposo" de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, no dia 14 de fevereiro de 2013. Ele está preso desde 21 de outubro de 2014.

A saga judicial ainda está longe de terminar. O Ministério Público apelou da condenação de Pistorius, por considerar que ele deveria ser condenado por "assassinato", e não por "homicídio culposo".

O novo julgamento vai acontecer no dia 3 de novembro no Tribunal Supremo de Apelações, que pode alterar o veredicto e eventualmente condenar Pistorius a uma pena mais dura ou devolver o processo à primeira instância.

O atleta de 28 anos alegou que acreditava estar diante de um ladrão quando efetuou quatro disparos contra a porta do banheiro de sua casa, atrás da qual estava sua namorada.

Trinta e dois jovens morreram e mais de 150 foram hospitalizados este ano durante cerimônias tradicionais de iniciação praticadas por alguns grupos étnicos sul-africanos, indicou o governo nesta terça-feira, quando a temporada de iniciações se aproxima do fim.

A maioria das mortes e infecções resultaram de circuncisões realizadas sem qualquer higiene, indicou Sifiso Ngcobo, porta-voz do Departamento de Assuntos Tradicionais.

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Este ano, pelo menos um caso de amputação do pênis foi relatado.

"Outros morreram de violência, desidratação ou falta de higiene", disse ele.

O maior número de mortes (27) e feridos foi registrado como a cada ano em Cabo Oriental, província natal de Nelson Mandela, onde os ritos de passagem são uma parte essencial da cultura Xhosa, maioria na região.

A circuncisão ocorre depois de um retiro na floresta durante entre duas a quatro semanas, onde os jovens são submetidos a provas tradicionais e secretas, testes de força e resistência destinados a torná-los homens.

Em 2014, uma comissão do governo havia contabilizado 400 mortes entre 2008 e 2013.

"É lamentável e infeliz", afirmou no início Zolani Mkiva, porta-voz do rei dos xhosas, Zwelonke Sigcawu. "Este é um dos rituais mais importantes de nossa sociedade. Mas tão importante quanto é não perder vidas neste rito. A vida é mais importante do que o ritual", disse ele.

O governo, preocupado nos últimos anos, já fechou 150 escolas de iniciação não-aprovadas, incluindo no município de Soweto, em Johanesburgo.

As famílias são incentivadas a tomar medidas legais contra os charlatães envolvidos em iniciações em troca de dinheiro.

O surfista australiano que correu em socorro de seu colega e compatriota Mick Fanning quando este estava sendo atacado por um tubarão, no último domingo, na África do Sul, foi indicado a um prêmio por seu gesto heroico, pelo governo de seu país.

Já o surfista atacado garantiu que o episódio não fará com que ele abandone sua paixão, o surfe.

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Julian Wilson se encontrava dentro d'água, a poucos metros de Fanning, competindo como ele na final do torneio mundial em Jeffreys Bay, na província oriental do Cabo, quando o tubarão apareceu.

No momento em que Fanning foi derrubado de sua prancha e atacava desesperadamente o animal, Wilson, invés de se afastar do perigo, remou sem hesitar até ele para tentar ajudá-lo, até que os dois foram resgatados pelas equipes de salvamento.

"O que vimos na África do Sul foi o companheirismo em sua máxima expressão", afirmou a primeira-ministra do estado australiano de Queensland, Annastacia Palaszczuk, em um comunicado.

"Wilson deixou de lado sua própria segurança e ignorou o risco evidente para sua vida para poder ajudar um companheiro de Queensland. Qualquer pessoa que vá na direção de um tubarão invés de se afastar dele, é muito corajoso, em minha forma de ver".

Fanning, três vezes campeão do mundo e que também saiu ileso do incidente, concordou que Wilson deixou de lado a própria segurança e classificou sua atitude de "gesto maravilhoso".

"Foi muito corajoso e, como já disse, é um guerreiro. Por isso te agradeço, companheiro", afirmou, em coletiva de imprensa conjunta depois de voltarem a Sydney.

Wilson, por sua parte, explicou que simplesmente seguiu seu instinto e que se alguém merece um prêmio é Fanning por lutar contra um tubarão e viver para contar a façanha.

Mick Fanning admitiu estar passando por uma espécie de trauma depois do ataque do tubarão, mas que isso não fará com que deixe de surfar.

"O surfe me deu muitas coisas, e também a minha família. Permitiu que eu superasse momentos dolorosos em minha vida", declarou o surfista, que perdeu seu irmão mais novo, promessa do circuito mundial de surfe, em um acidente de carro em 1998.

"Por isso, dar as costas ao surfe não seria uma boa escolha", explicou.

Indagado de voltaria a surfar nas águas de Jeffreys Bay, onde enfrentou o tubarão, não hesitou: "Claro que sim".

As imagens do ataque são apavorantes. Fanning, apelidado de 'Relâmpago Branco', esperava pela onda perfeita durante a competição quando o tubarão surgiu por trás dele.

Fanning começou a remar com os pés, mas o o tubarão o fez cair da prancha. Ele começa a se debater desesperado.

Wilson, que estava sobre sua prancha, viu o companheiro em perigo e começou a remar até ele, apesar do perigo.

Fanning é engolido pelas ondas e fica fora do campo de visão das câmeras. Mas ele e Wilson conseguem ser salvos por várias motos aquáticas da organização.

"Acho que alguém velava por mim. Sair ileso de um ataque de tubarão é um verdadeiro milagre", afirmou.

A organização informou que sabia da existência de tubarões perto da área de competição. O J-Bay Open, uma das provas que integram o Circuito Mundial de Surfe, foi cancelado após o susto.

O vídeo do ataque do tubarão foi postado no Youtube e visto ceca de 13,5 milhões de vezes e viralizado no Twitter, comentado inclusive por astros de Hollywood, como a sul-africana Charlize Theron e o australiano Russell Crowe.

Pela primeira vez, um membro do governo da África do Sul reconhece que o dinheiro enviado para o Caribe "pode ser propina" paga em troca de votos para sediar a Copa do Mundo de 2010. No centro do debate está a alegação do FBI de que os sul-africanos enviaram US$ 10 milhões para o então vice-presidente da Fifa, Jack Warner, em troca de seu voto.

Até agora, a Fifa insistia que, apesar de o dinheiro ter passado por ela, a entidade apenas cumpria ordens dos sul-africanos. Entre os doadores do dinheiro, a insistência era de que os recursos tinham como objetivo um programa social no Caribe.

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Agora, porém, o ministro Tokyo Sexwale admitiu que as alegações são "preocupantes". Em entrevista à BBC, o ex-prisioneiro de Robben Island e um dos organizadores da Copa abertamente colocou em dúvida se o dinheiro enviado foi uma doação.

"Onde estão os documentos? Onde estão os recibos? Onde estão os orçamentos e onde estão os projetos em campo?", questionou. Há duas semanas, a reportagem revelou que os US$ 10 milhões não apareciam em nenhum resultado financeiro dos sul-africanos. "Se não existe nada disso, vamos deixar intacta a interpretação do FBI", disse o representante do governo e que se recusa a apontar culpados.

Apesar de abrir espaço para dúvidas, o ministro se defende e alega que não tinha motivos para duvidar das intenções de Warner naquele momento. Ele também negou ser um dos citados no indiciamento do Departamento de Justiça dos Estados Unidos como um dos co-conspiradores.

BLINDADOS - Na África do Sul, a oposição tentou estabelecer uma CPI para investigar as alegações. Mas o governo conseguiu impedir que, legalmente, seus ministros comparecessem para depor.

O governo também insiste que os US$ 10 milhões foram dados "sem qualquer condição", o que também gerou a revolta da oposição. "É inacreditável que se possa dar um presente de US$ 10 milhões sem [impor] condições", atacou Solly Malatsi, um dos líderes da oposição.

Na Fifa, o secretário-geral Jérôme Valcke insiste que controla cada centavo que sai e entra na entidade. Mas diz que não verificou como os US$ 10 milhões foram gastos. A primeira versão da explicação era de que o sinal verde para fazer o pagamento havia sido dado por Julio Grondona, cartola argentino que morreu no ano passado.

O governo sul-africano sabia dos pagamentos considerados pelo FBI como propinas para garantir a Copa do Mundo de 2010 no país de Nelson Mandela. Uma carta publicada pelo jornal Mail & Guardian da África do Sul revela como pelo menos dois ministros do governo de Thabo Mkebi foram consultados sobre os pagamentos. Pretória nega qualquer envolvimento.

A carta era de Danny Jordaan, o organizador do Mundial, ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Nela, ele aponta que debateu a transferência de US$ 10 milhões com Nkosazana Dlamini-Zuma, na época ministra de Relações Exteriores e hoje presidente da União Africana, e Jabu Moleketi, então vice-ministro de Finanças.

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A carta é de dezembro de 2007 e Jordaan indica a Valcke opções de caminho para que o dinheiro seja pago para cartolas do Caribe. Oficialmente, os sul-africanos insistem que o dinheiro era parte de um programa social para atender a "diáspora" no Caribe. Mas, para o FBI, o dinheiro era um suborno em troca do voto de Jack Warner, o poderoso vice-presidente da Fifa naquele momento.

Valcke já negou qualquer envolvimento e disse que não renuncia. Segundo ele, quem aprovou o envio de dinheiro foi outro dirigente, Julio Grondona, morto no ano passado.

Mas, na carta, Jordaan pede a Valcke que organize a transferência e indica o conhecimento do caso pelas autoridades. "O governo sul-africano assumiu o pagamento equivalente a US$ 10 milhões para o programa de legado para a diáspora", escreveu.

Segundo o cartola, o vice-ministro Moleketi "recomendou que o dinheiro passe pela Fifa". Moleketi insistiu que a carta era uma 'fabricação' e que jamais falou disso com Jordaan.

A carta ainda revela que o cartola 'discutiu' com a ministra Nkosazana Dlamini-Zuma, que defendeu que o dinheiro passasse pelo Comitê Organizador Local. "Diante disso, eu sugiro que a Fifa deduza do orçamento futuro do COL e que lide diretamente com o pagamento", escreveu Jordaan.

Na prática, a triangulação afastaria o governo de qualquer envolvimento numa transferência de dinheiro. Três meses depois, outra carta instruiria Valcke a fazer o pagamento e pediria que Warner fosse o destinatário.

Numa outra revelação, um cheque enviado ao delator do escândalo, Chuck Blazer, seria um dos indícios de que os sul-africanos repassaram dinheiro. Blazer, aliado de Warner, recebeu US$ 750 mil e o cheque seria a primeira parcela de três pagamentos de US$ 250 mil.

O cheque, porém, foi de um banco de Trinidad e Tobago, país de Warner, e dado ao cartola no aeroporto de Nova Iorque.

A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, denunciou nesta segunda-feira um esquema de corrupção na atribuição da Copa do Mundo de 2010 à África do Sul e na organização da Copa América do Centenário, que acontecerá em 2016 em solo americano.

Os valores pagos pelas autoridades sul-africanas ultrapassariam os 10 milhões de dólares. Na Copa América, os pagamentos chegariam a 110 milhões de dólares. "A Copa do Mundo de 2010 foi a primeira realizada no continente africano, mas, mesmo para este evento histórico, dirigentes da Fifa e outros corromperam o processo por meio de propinas para influenciar a decisão da atribuição da sede da competição", lamentou Lynch numa entrevista coletiva.

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"São apenas acusações", rebateu Dominic Chimhavi, porta-voz da federação sul-africana de futebol, procurado pela AFP. "Ninguém está sendo investigado aqui", garantiu, recusando-se a fazer mais comentários sobre o assunto.

A respeito da Copa América do Centenário, a secretária de justiça americana também fez acusações pesadas. "As investigações revelaram que aquilo que deveria ser uma manifestação esportiva foi usado como um veículo para uma rede maior encher os bolsos de executivos, com subornos que somam 110 milhões de dólares", explicou.

- Maletas num hotel -

Uma acusação formal aberta em Nova York alega que o ex-vice-presidente da Fifa Jack Warner, 72 anos, desviou uma "parte substancial" dos fundos para seu uso pessoal.

O documento afirma que a Warner e sua família cultivaram laços com as autoridades do futebol sul-africano que remontam ao início dos anos 2000 e a primeira e frustrada candidatura do país para sediar a Copa do Mundo em 2006.

"Num determinado momento", diz a acusação, Warner ordenou um intermediário para voar para Paris e "recebesse uma maleta contendo pacotes de dólares em maços de 10.000 em um quarto de hotel" de um oficial sul-africano de alto escalão do comitê de candidatura.

Na preparação para a escolha do país anfitrião da Copa de 2010, ainda em 2004, um representante do comitê de candidatura marroquino teria oferecido 1 milhão de dólares a Warner para garantir seu voto, alega a acusação.

Warner supostamente informou Chuck Blazer, um ex-membro do comitê executivo da Fifa, que "funcionários de alto escalão da Fifa, o governo sul-africano e o comitê de candidatura sul-africano" estavam preparados para fazer um suborno de 10 milhões de dólares para que o país ganhasse a disputa. Warner, cidadão de Trinidad e Tobago, deixou a Fifa em 2011 após ter sido suspenso por um comitê de ética que investigava corrupção dentro da instituição.

A promotora federal do distrito de Brooklyn, Kelly Currie, avisou, por sua vez, que a detenção de altos dirigentes "é apenas o início do nosso esforço" para combater a corrupção no futebol, não o fim. "Desde 1991, duas gerações de dirigentes de futebol usaram seus cargos de confiança em suas organizações respectivas para pedir propinas de empresas de marketing esportivo em troca dos direitos comerciais dos torneios", denunciou Lynch.

"Estes indivíduos e organizações participaram de subornos para decidir a quem seriam atribuídos os direitos de transmissão e quem dirigiria as organizações que regem o futebol a nível mundial", completou.

- 'Copa do Mundo da corrupção' -

A entrevista coletiva foi realizada em Nova York, poucas horas depois do terremoto que sacudiu o mundo da Fifa: sete altos dirigentes da organização foram detidos por suspeita de corrupção a pedido das autoridades americanas. Entre os detidos está José Maria Marín, ex-presidente da Confederação Brasileira de futebol, que deixou o cargo em abril.

Ao mesmo tempo, num caso distinto, a Promotoria da Suíça apreendeu documentos eletrônicos na sede da Fifa, em uma investigação penal por suspeitas de "lavagem de dinheiro e gestão desleal" relacionadas à escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022. Apesar das detenções, a eleição presidencial está mantida, e Blatter tem tudo para conseguir um quinto mandato.

Na mesma coletiva, Richard Weber, responsável da seção de investigações criminais da Direção do Imposto de Renda (IRS) americano, chamou o escândalo de "Copa do Mundo da fraude".

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