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O edifício Mônaco, ex-fortaleza do falecido chefe do narcotráfico Pablo Escobar em Medellín, será demolido com explosivos nesta sexta-feira pelo prefeito da cidade colombiana para construir um parque dedicado às vítimas do tráfico de drogas.

"O edifício Mônaco será derrubado. Não se trata de apagar a história, mas sim de começar a contá-la em honra a nossos verdadeiros heróis: as vítimas", indicou a prefeitura de Medellín em sua conta de Twitter.

Os oito andares do ostentoso bunker que certa vez protegeu o chefe do cartel de Medellín e sua família cairão às 11h00 locais (13h00 em Brasília), em um evento aberto ao público.

No local, quase em ruínas após ter sido um monumento ao luxo e à extravagância, se construirá um espaço de 5.000 metros quadrados em homenagem aos milhares de cidadãos que perderam a vida durante a época mais crua do chamado "narcoterrorismo", como se conhece a guerra sem trégua dos cartéis contra o Estado nos anos 80 e 90.

A iniciativa é parte de uma campanha da prefeitura da cidade de Medellín, que Escobar converteu em seu teatro de operações, para contar outra parte da história nem sempre registrada pelas séries de televisão ou pelos percursos turísticos nos quais o edifício é parada obrigatória.

Todos os dias, grupos de curiosos visitam o fortim branco que o narcotraficante construiu nos anos 80 em El Poblado, um dos bairros mais exclusivos de Medellín. Embora hoje esteja desocupado, durante anos foi utilizado por diversas entidades, entre elas a polícia.

Escobar foi um dos homens mais ricos do mundo, segundo a Forbes, após fundar um império do crime e do terror. Foi morto pela polícia em 1993.

Memória em disputa

Como parte da iniciativa do governo, desde 2018 estrangeiros e locais que participam nos "narcotours" se deparam com um edifício coberto de cartazes que lembram esses outros "protagonistas" que a prefeitura se empenhou em ressaltar: policiais, jornalistas, civis ou juízes assassinados por ordem do capo.

"Respeitem nossa dor, honrem nossas vítimas (1983-1994). 46.612 vidas a menos", diz um dos cartazes que cairão junto com a estrutura 25 anos depois da morte do capo.

O Mônaco foi também alvo do primeiro carro-bomba detonado na Colômbia. Em 1988, o cartel de Cali atacou a estrutura, com Escobar e sua família dentro. A explosão afetou o ouvido da filha do barão da droga e provocou uma guerra sangrenta entre cartéis.

O atentado também feriu o ego do narcotraficante, pois os explosivos afetaram suas valiosas coleções de carros e arte.

Embora um setor da sociedade se oponha à derrubada de uma parte da história, o prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez, insiste em que o relato do ocorrido se transforme em favor das vítimas.

"A demolição é um passo, mas talvez a reivindicação e a voz das vítimas sejam o que mais pode espantar o fantasma" de Escobar, explica Alonso Salazar, autor do livro "Pablo Escobar: Ascensão e Queda do Grande Traficante de Drogas" e ex-prefeito de Medellín.

Como parte dessa luta para apagar as marcas do capo, no fim de janeiro foi retirada da Fazenda Nápoles a réplica da avioneta na qual transportou seu primeiro carregamento de cocaína aos Estados Unidos. Situado no noroeste do país, o extenso terreno funciona hoje como um parque de diversões.

Permanecem em pé, no entanto, as 443 casas que Escobar construiu para as famílias que viviam em um lixão de Medellín. Gestos como esse lhe renderam o apelido de "Robin Hood colombiano". Na época, muitos desconheciam a origem de seus recursos.

Apesar da queda de Escobar e de outros grandes capos, a Colômbia segue sendo o principal produtor de cocaína, e os Estados Unidos o maior consumidor dessa droga.

A Venezuela entra nesta segunda-feira, sob forte tensão, em uma semana crucial da luta entre o presidente Nicolás Maduro e o opositor Juan Guaidó, que prometeu que fará entrar a todo custo até sábado a ajuda humanitária que o governo bloqueia por considerá-la o começo de uma invasão militar dos Estados Unidos.

Reconhecido como presidente interino por cerca de 50 países, Guaidó está preparando mobilizações em todo o país para acompanhar voluntários que irão à fronteira em caravanas de ônibus em busca de toneladas de remédios e alimentos, armazenados no Brasil, Colômbia e Curaçao.

As remessas de assistência realizadas em aviões militares dos Estados Unidos permanecem nos armazéns da cidade colombiana de Cúcuta, perto da ponte fronteiriça de Tienditas, bloqueada por militares venezuelanos com caminhões e outros obstáculos.

Um segundo centro de armazenamento no Brasil se localiza no estado fronteiriço de Roraima, e nesta terça-feira um avião chegará de Miami a Curaçao com mais ajuda americana, segundo a equipe de Guaidó.

À medida que o sábado se aproxima, Guaidó, chefe da maioria da oposição no Congresso, multiplica suas chamadas para as Forças Armadas, principal apoio de Maduro, para que permitam a passagem da ajuda para o país mergulhado numa terrível crise humanitária.

"O dia 23 de fevereiro terá a oportunidade de salvar a vida de centenas de milhares de venezuelanos", declarou ele na noite de domingo.

No entanto, as Forças Armadas reforçarão a presença nas fronteiras, porque, na opinião de Maduro, a ajuda humanitária não passa de um "show" e o prelúdio de uma ação militar não descartada pelo governo de Donald Trump.

Nesta segunda-feira, cinco anos depois da detenção do líder da oposição Leopoldo López, sob prisão domiciliar, Guaidó agradeceu a ele no Twitter "por ser fundamental para sonhar com uma Venezuela melhor".

- "Estamos morrendo" -

Guaidó pede que se permita a entrada de ajuda em seu país no dia em que ele completa um mês como autoproclamado presidente interino, depois que o Congresso declarou Maduro "usurpador" por considerar sua reeleição "fraudulenta".

O adversário, de 35 anos, não quis revelar como o cerco imposto por Maduro irá expirar, mas assegura que no sábado haverá uma "avalanche humanitária" e espera que os 600 mil voluntários registrados aumentem para um milhão.

Um dia antes será realizado em Cúcuta um show com artistas internacionais, organizado pelo bilionário britânico Richard Branson para arrecadar 100 milhões de dólares em 60 dias, que se somarão aos 110 milhões já reunidos segundo Guaidó.

Paralelamente, o governo de Nicolás Maduro anunciou nesta segunda-feira um show "pela paz e pela vida" com artistas venezuelanos em 22 e 23 de fevereiro na fronteira da Venezuela com a Colômbia, na ponte Simón Bolívar, que liga San Antonio (Venezuela) e Cúcuta.

"Que a ajuda venha de onde for (...). Estamos morrendo de fome e de falta de remédios", declarou à AFP Rómulo Chinchilla, de 64 anos, em um dos dez acampamentos instalados no domingo por voluntários para oferecer assistência médica.

Nesta segunda-feira, a oposição denunciou que o site de registro de voluntários foi bloqueado pela estatal CANTV, maior provedora de telefonia e internet na Venezuela. A AFP constatou que o site não funciona com esse serviço, mas sim com o de companhias privadas.

Os venezuelanos sofrem com a falta de medicamentos e insumos hospitalares, além de com uma voraz hiperinflação que o FMI projeta em 10.000.000% este ano. Fugindo da crise, cerca de 2,3 milhões (7% da população) emigraram desde 2015, segundo a ONU.

Mas Maduro culpa pela crise as sanções financeiras impostas por Washington, com danos à economia estimados por Caracas em 30 bilhões de dólares.

Para o presidente socialista os carregamentos são "migalhas de comida podre e contaminada".

"Ao mesmo tempo em que o regime fecha a porta à ajuda humanitária, a fecha também para uma saída pacífica à situação política. Esperemos que o bom senso prevaleça entre os que servem de porteiros", opina o analista Benigno Alarcón.

O conflito pela ajuda humanitária sofreu uma escalada em nível internacional. Rússia, China, Turquia, Irã, Cuba e outros aliados de Maduro condenaram a "ingerência" dos Estados Unidos e de outros governos.

No domingo, o governo proibiu a entrada no país de cinco deputados do Grupo do Partido Popular Europeu (PPE) e do sub-secretário geral dessa formação, que pretendiam se reunir com Guaidó e fazer uma nova tentativa de acesso no fim de semana.

Em um encontro com oficiais e praças das Forças Armadas da Venezuela, o presidente Nicolás Maduro criticou hoje (30) os militares que desertaram e passaram a apoiar o governo interino. De acordo com Maduro, há um movimento de pressão, a partir da Colômbia, para dividir os militares venezuelanos.

“Mercenários da oligarquia colombiana [que] conspiram a partir da Colômbia para dividir a Força Armada Nacional Bolivariana”, ressaltou. "Temos de ter uma Força Armada consolidada, unida ao povo, protegendo o povo, mobilizada para a defesa."

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Ao discursar para os militares, em Caracas, Maduro apelou: “[Temos de] garantir que nosso território nunca será tocado pela planta insolente do imperialismo americano”. O presidente afirmou que há uma família militar. "Temos de ter uma Força Armada consolidada, unida ao povo, protegendo o povo, mobilizada para a defesa."

Ao longo desta semana, Maduro visitou várias unidades militares na região de Caracas e nos estados de Yaracuy e Aragua. Segundo a imprensa oficial, a iniciativa do presidente faz parte de uma série de exercícios militares em comemoração aos 200 anos do Congresso de Angostura.

Os exercícios militares se intensificaram nos últimos dias, depois que o deputado federal Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino da República. A iniciativa conta com apoio de boa parte da comunidade internacional, inclusive o Brasil.

Ontem (29) a Procuradoria Geral da República da Venezuela pediu à Suprema Corte do país para probir Guaidó de deixar a região e bloquear seus bens e contas bancárias.

Ao descobrir que a sua esposa estava grávida e sem querer perder o nascimento de seu filho, mesmo sem dinheiro, o venezuelano Reinaldo Perger saiu de seu país há dois meses para conseguir chegar em Buenos Aires, Argentina. O homem atravessou cinco países caminhando e pedindo carona.

Tudo isso para encontrar com a, também, venezuelana Fabiola Navarro, que em julho do ano passado foi para a Argentina morar com a família - sem saber que estava grávida e com 10 semanas de gestação.

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Segundo o Uol, após descobrir a gravidez, a mulher comunicou ao noivo, que decidiu tentar a sorte. Sem dinheiro para pagar a passagem, Reinaldo percorreu toda a América do Sul a pé. Após 5 mil quilômetros e quase dois meses desde que saiu de sua terra natal, enfim, o casal se reencontrou e agora estão juntos, esperando a chegada do bebê, no apartamento dos pais de Fabíola.

Um em cada cinco jovens de 15 a 24 anos da América Latina não conseguem emprego, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT). A taxa de desemprego entre os jovens (19,6%) é três vezes maior que da população acima dos 25 anos (6,3%).

O percentual de desemprego juvenil na região se manteve em 14% entre 2012 e 2014, mas disparou em cinco pontos percentuais desde então. Além disso, a taxa de desocupação é maior entre as mulheres do que entre os homens.

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O índice médio de desemprego na América Latina era de 7,8%, no terceiro semestre deste ano, com 25 milhões de pessoas à procura de emprego.

 

O Chile fornecerá, a partir do primeiro trimestre de 2019, um comprimido que previne o HIV em populações de alto risco, para enfrentar o aumento dos contágios deste vírus, que dobraram nos últimos sete anos.

A chamada profilaxia pré-exposição (PrEP) faz parte de um novo plano contra o HIV/aids implementado pelo governo chileno e será aplicada como tratamento preventivo para populações de alto risco, explicou nesta quinta-feira (27) em coletiva de imprensa o ministro da Saúde, Emilio Santelices.

"O que estamos definindo agora é quais serão os protocolos", para implementar o tratamento durante o primeiro trimestre de 2019, acrescentou.

A pílula diminuiria em quase 90% o risco de contágio, e o valor comercial do tratamento mensal chegaria a 600 dólares.

O plano oficial inclui também campanhas de prevenção em meios de comunicação tradicionais e redes sociais, além da realização de testes rápidos em universidades, penitenciárias e zonas de colheita, onde há milhares de trabalhadores temporários, entre outros lugares públicos.

As medidas foram adotadas após a constatação de que os contágios por HIV dobraram no Chile nos últimos sete anos, passando de 2.900 infectados confirmados em 2010 a 5.816 em 2017.

Jovens e adolescentes - com uma média de idade de 25 anos - formam o grupo de maior risco, de acordo com as autoridades, que acreditam, no entanto, que o número real de afetados supera bastante as cifras oficiais.

Os dados apontam principalmente para uma mudança na conduta sexual dos jovens chilenos e para a falta de educação sexual adequada desde ao menos uma década.

As terapias retrovirais no Chile são fornecidas de forma gratuita a todos os portadores do vírus.

Mais de 2,1 milhões de pessoas vivem com HIV na América Latina e Caribe. E apenas 1,6 milhão de pessoas (76%) sabem que estão com o vírus, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Segundo as Organizações das Nações Unidas (ONU), o conhecimento do HIV associado ao aumento do acesso ao tratamento antirretroviral fez o número de mortes relacionadas à AIDS na América Latina cair 12% entre 2010 e 2017. No Caribe, o índice foi de 23%.

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A taxa de novas infecções por HIV na América Latina não mudou. São cerca de 100 mil por ano, apenas em 2010 que houve uma redução de 1%. Já no Caribe, o avanço foi mais rápido, com uma queda de 18% desde 2010.

O cantor e compositor brasileiro Chico Buarque entregou ao papa Francisco, nesta terça-feira (11), um informe sobre o uso da justiça com fins políticos na América Latina, o "lawfare", considerado uma ameaça para a democracia na região, informaram fontes da delegação.

Buarque, que estava acompanhado de outros líderes latino-americanos, entre eles a advogada brasileira Carol Proner e o argentino Roberto Carlés, conversou com o papa Francisco durante 45 minutos em sua residência privada, Casa Santa Marta, no Vaticano.

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O papa argentino, sensível a esses temas, recebeu o informe sobre o "lawfare", palavra usada para indicar as chamadas "guerras jurídicas" e a perseguição de líderes políticos e de movimentos sociais de protesto.

"O chamado lawfare es una técnica de guerra jurídica, que o general americano Charles Dunlap descreveu como um método de guerra não convencional, através do qual a lei é utilizada como um meio para alcançar um objetivo militar", explicaram.

Entre os casos apontados pelos denunciantes estão os dos ex-presidentes do Brasil, Lula da Silva, atualmente preso, do Equador, Rafael Correa, e da Argentina, Cristina Fernández.

"Lawfare é o uso indevido da lei para promover uma perseguição política", explicaram após o encontro.

O grupo de ativistas considera que se trata de uma verdadeira "ameaça" à democracia em todo o mundo, e teme que através das novas redes de comunicação a "demonização" e a "deslegitimação" dos adversários políticos se estendam com mais facilidade.

Em contraste com outras capitais brasileiras, Curitiba ainda se destaca: mais de 60 m² de áreas verdes por pessoa e um transporte público internacionalmente copiado fizeram dela a cidade modelo da América Latina, que, no entanto, vive hoje de glórias do passado. "Não é o que costumava ser", lamentam seus habitantes.

"Curitiba parou de inovar", afirma Jaime Lerner, arquiteto que, entre os anos 1970 e 1990 - quando foi três vezes prefeito e uma vez governador -, liderou as mudanças na cidade seguindo uma filosofia de atuar rápido, sempre respeitando as características locais.

A fria capital do Paraná, com 1,7 milhão de habitantes e a 400 quilômetros de São Paulo, ganhou reconhecimento internacional por projetos inovadores que, nas últimas décadas, abordaram os desafios ambientais e demográficos de maneira sustentável.

Parques surgiram como espaços públicos que são usados como mecanismos de drenagem. Nasceu, assim, a Rede Integrada de Transporte com paradas tubulares icônicas que protegem os passageiros da chuva e do sol.

Operam com pagamento antecipado e possuem plataformas elevadas da calçada que facilitam o embarque. Pistas exclusivas e terminais para conexões servem para diminuir o tempo de viagem.

Replicado em mais de 250 cidades, o esquema de transporte público proporcionou à Curitiba grande visibilidade mundial.

"A mobilidade era um dos nossos grandes problemas e conseguimos abrir um caminho de um sistema muito simples, com uma solução dentro da nossa realidade sem construir um metrô, que era a tendência", explica Lerner.

Um programa de reciclagem inovador para a época também foi colocado em prática. Nos anos 1980, sob o lema "lixo que não é lixo", os curitibanos aprenderam a separar os resíduos recicláveis dos resíduos orgânicos, o que não acontecia em outras partes do país.

Mas as inovações do passado parecem ter-se tornado insuficientes diante de novos desafios urbanos e é provável que já tenham sido ultrapassadas.

- Repensar a cidade -

Embora a população de Curitiba não tenha crescido significativamente, emigrantes vindos de outras cidades em busca de emprego na capital acabaram se instalando na periferia. O sistema de transporte público cresceu, mas não cobre tudo.

Também não há áreas verdes suficientes e, se alguém quiser aproveitar um domingo no parque, deve viajar até o centro da cidade. Alguns bairros já pertencem a outras jurisdições.

Com este crescimento, o programa de reciclagem que foi pioneiro no Brasil se viu limitado diante de novos desafios ambientais: muitos dos rios na região estão poluídos, e arquitetos lamentam a ausência de uma perspectiva metropolitana.

Curitiba mantém calçadas largas e limpas, espaços verdes, baixos índices de violência em comparação com a média nacional e uma ampla oferta cultural. A ideia é que as outras cidades deixem de ser "periféricas" e sejam incluídas em um plano maior. Que sejam cidades para viver, e não apenas para dormir.

"Essa visão de cidade-dormitório é muito antiquada", diz Humberto Carta, jovem arquiteto que junto com outros colegas organizou em 2017 a exposição "Arquitetura para Curitiba" para repensar a cidade.

"É preciso evoluir as políticas públicas para que enxerguem a periferia e Curitiba como uma (única) região", complementa a arquiteta Luísa da Costa de Moraes, que pede que as cidades-satélites sejam valorizadas.

"Vivemos das glórias do passado e simplesmente expandimos o modelo que Lerner implementou", acrescenta Carta.

Para o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da Prefeitura de Curitiba, Luiz Fernando Jamur, a falta de inovação "tem a ver com o fator econômico".

Na arborizada sede do instituto que leva seu nome, Lerner rejeita os argumentos sobre escala, ou recursos, e responsabiliza pela estagnação uma "burocracia assombrosa que temos no país (...) Eles querem todas as respostas antes. Posso escrever um tratado sobre como nadar, mas se você não entrar na água não muda nada".

Aos 80 anos, por decisão própria, Lerner parou de contribuir para o planejamento local.

Para Humberto Carta, os recursos humanos disponíveis na cidade são desperdiçados. Tanto ele quanto Moraes afirmam que há pouco espaço para atuar na região, porque o setor privado está concentrado na expansão imobiliária, enquanto a administração pública trabalha com equipes internas e não abre concursos públicos.

Com fala pausada e sem parar de desenhar linhas em uma folha branca, Lerner diz que sente "dor" ao viver em Curitiba "e ver o que poderia ser feito". Sua equipe, com projetos em outras cidades do país, também não tem entrada na capital paranaense.

Para este arquiteto, não há segredo em sua fórmula de sucesso no século passado: "Enquanto muitas cidades demoraram em diagnósticos difíceis, nós estávamos trabalhando".

A região América Latina e Caribe é a mais violenta do planeta, com 39% dos homicídios, enquanto a taxa de roubo é o triplo da média e concentra 41 das 50 metrópoles mais perigosas.

Segundo um estudo do BID realizado em conjunto com o Instituto Igarapé do Brasil, com apenas 9% da população mundial, a região é a única do mundo onde a principal causa externa de morte é o homicídio (52% dos falecimentos). As cidades de Caracas, San Pedro Sula, San Salvador e Acapulco são as mais violentas, com taxas de homicídio de 10 a 20 vezes superiores a média mundial, acima de 80 para 100.000 habitantes.

Os índices de violência não diminuem apesar do desenvolvimento alcançado nos últimos anos. "Neste sentido, a região é uma anomalia", afirma o estudo "Crime e violência, obstáculos para o desenvolvimento das cidades da América Latina e Caribe", do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Entre 2004 e 2014, a maioria dos países experimentou taxas de crescimento econômico anual próximas de 4%, ao mesmo tempo que registrou diminuição da pobreza. Os cidadãos também "estão mais saudáveis e alcançaram um maior nível de estudo".

Mas "os indicadores mais revelantes de incidência criminosa, de vitimização e de percepção de insegurança se mantiveram elevados".

E a pouca confiança nas instituições é outro fator relevante, por isso "é necessário criar instituições eficientes, profissionalizar as polícias e aproximá-las dos cidadãos", ressaltou à AFP Nathalie Alvarado, diretora de Segurança Cidadã do BID.

Enquanto busca soluções, a América Latina se mantém como a região mais violenta do mundo: concentra 39% dos homicídios, contabilizando em menos de duas décadas mais de 2,5 milhões de homicídios, desses 75% cometidos com arma de fogo.

E o futuro não é promissor. Se a situação e a tendência foram mantidas, a taxa de homicídio vai passar de 22 assassinatos para cada 100.000 pessoas em 2017 para 35 em 2030.

A taxa de roubo também é elevada. Para cada 100.000 habitantes, a região registra 321,7 roubos, enquanto a média mundial é de 108.

- Triste recorde -

A rápida e desordenada urbanização, o estancamento da produtividade nas cidades e o desemprego juvenil são os fatores que estariam por trás deste triste recorde, segundo o BID.

Na região, há 7,1 milhões de jovens desempregados e 15,1 milhões que não estudam nem trabalham. "As análises apontam que um aumento de 1% no desemprego juvenil conduz a um aumento de 0,34 na taxa de homicídio", indica o relatório.

Há ainda "uma banalização" da violência, adverte Lucia Dammert, especialista em temas de segurança da Universidade de Santiago.

Soma-se a isso a presença do crime organizado - expresso em facções de tráfico de drogas, tráfico de pessoas e mineração ilegal -, além do alto uso de armas de fogo, especialmente na América Central.

"Com essa presença de armas, há um aumento no uso da violência para acabar com os problemas cotidianos", explicou Dammert à AFP.

Existe também uma baixa legitimidade da polícia e da justiça. Apenas 20 de cada 100 homicídios resultam em uma condenação, quase metade da taxa global de 43 por 100.

"Temos que criar sistemas que não sejam um obstáculo para a aplicação da justiça, porque é evidente a grande impunidade na América Latina", disse Alvarado.

Essa sensação de impunidade faz com que apenas 45% dos crimes sejam denunciados.

O relatório do BID, apresentado no marco da 10ª semana de Segurança Cidadã realizada em Santiago, no Chile, também alerta para o alto custo da criminalidade na região: 3,5% do seu PIB anual.

- Combate ao crime -

Para combater o crime, o BID recomenda respostas inovadoras centradas a nível municipal, na antecipação do crime e análise de dados em tempo real.

Fazer baixar os índices de insegurança "não é tarefa fácil, mas estamos vendo nesta semana da Segurança que muitas cidades da América Latina e muitos países baixaram suas taxas de homicídios", notou Alvarado.

"O que precisamos agora é descobrir quais foram os elementos que possibilitaram essas quedas" e assegurar que este conhecimento esteja disponível para toda a região, concluiu.

As autoridades de Saúde do México liberaram nesta quarta-feira (21) o comércio de 38 produtos com derivados da cannabis, como suplementos alimentares, bebidas e cosméticos, que poderão ser vendidos em farmácias.

A governamental Comissão Federal para a Proteção contra Riscos Sanitários (Cofepris) anunciou que sete laboratórios, quatro deles mexicanos, dois americanos e um espanhol, cumpriram os regulamentos para comercializar os produtos.

"Hoje é um dia histórico para o México, agora temos a oportunidade de dar autorização para os primeiros produtos", disse Julio Sánchez, diretor da Cofepris, em entrevista coletiva

Poderão ser comercializados suplementos alimentares com fins medicinais, cosméticos, bebidas e matérias-primas, mas todos devem ter um conteúdo de menos de 1% de tetraidrocanabinol, o principal agente psicoativo da cannabis, popularmente conhecido como maconha.

A batalha para legalizar o uso de medicamentos e produtos derivados da cannabis começou em 2015, quando os pais de Grace, uma menor mexicana que sofre de epilepsia, conseguiram que um tribunal autorizasse a importação de um medicamento derivado da maconha que contribuiu para melhorar sua saúde.

Em 2017, o Congresso mexicano aprovou o uso medicinal da maconha, mas somente agora a Cofepris emitiu a autorização, depois que o regulamento correspondente foi elaborado e as aplicações para comercializar os produtos, analisadas. Das 43 apresentadas, 38 foram aceitas.

Em 6 de novembro, o Morena, partido do presidente eleito Andrés Manuel López Obrador, apresentou uma iniciativa de lei que busca legalizar o uso recreativo da maconha.

Essa iniciativa, que deve ser aprovada desde que o Morena e seus aliados têm ampla maioria legislativa, é apresentada como uma alternativa para conter a violência ligada ao tráfico de drogas.

Mais de 200.000 pessoas morreram violentamente no México desde dezembro de 2006, quando o governo lançou uma controversa operação militar antidrogas, segundo dados oficiais que não detalham quantos casos estariam ligados ao crime.

A cada dez feminicídios cometidos em 23 países da América Latina e Caribe em 2017, quatro ocorreram no Brasil. Segundo informações da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região, no ano passado, em razão de sua identidade de gênero. Desse total, 1.133 foram registrados no Brasil. 

O levantamento também ranqueia os países a partir de um cálculo de proporção. Nessa perspectiva, quem lidera a lista é El Salvador, que apresenta uma taxa de 10,2 ocorrências a cada 100 mil mulheres, destacada pela Cepal como "sem paralelo" na comparação com o índice dos demais países da região. 

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Em seguida aparecem Honduras (5,8), Guatemala (2,6) e República Dominicana (2,2) e, nas últimas posições, exibindo as melhores taxas, Panamá (0,9), Venezuela (0,8) - também com uma base de 2016, e Peru (0,7). Colômbia (0,6) e Chile (0,5) também apresentam índices baixos, mas têm uma peculiaridade, que é o fato de contabilizarem somente os casos de feminicídio perpetrado por parceiros ou ex-parceiros das vítimas, chamado de feminicídio íntimo. 

Totalizando um índice de 1,1 feminicídios a cada 100 mil mulheres, o Brasil encontra-se empatado com a Argentina e a Costa Rica. 

Adequação das leis

Ao divulgar relatório ontem (15), a Cepal ressaltou que a gravidade do feminicídio já fez com que 18 países latino-americanos tenham modificado suas leis para que o crime seja assim tipificado, o que implica no agravamento da pena.

Os países que já promoveram essa alteração em sua legislação foram os seguintes: Costa Rica (2007), Guatemala (2008), Chile (2010), El Salvador (2010), Argentina, México (2012), Nicarágua (2012), Bolívia (2013), Honduras (2013), Panamá (2013), Peru (2013), Equador (2014), República Dominicana (2014), Venezuela (2014), Paraguay (2016) e Uruguai (2017). No Brasil, a caracterização desse tipo de crime foi detalhada em 2015, com a lei 13.104, que classificou o feminicídio como crime hediondo. 

Veiculado a poucos dias do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, o comunicado da Cepal também assinala como um dos principais desafios para se abordar corretamente o tema a compreensão de que todas as formas de violência que afetam as mulheres estão determinadas, para além de sua condição sexual e de gênero, por diferenças econômicas, etárias, raciais, culturais, de religião e de outros tipos.

Na avaliação da comissão, esse discernimento permitiria que as políticas públicas considerassem a diversidade das mulheres e as diversas formas de violência direcionada a essa parcela da população. 

Segundo o Instituto Patrícia Galvão, as diretrizes que norteiam as classificações aplicadas na América Latina para se tratar de feminicídio abarcam a diversidade de contextos dessas mortes. Embora distintas, as 13 linhas revelam que o desprezo ou a discriminação da vítima devido à sua "condição de mulher" são componentes constantes em todas ocorrências.

São relacionados, por exemplo, além do feminicídio íntimo, o feminicídio sexual sistêmico, em que a vítima também é sequestrada e estuprada, e o feminicídio lesbofóbico ou bifóbico, configurado quando a vítima é bissexual ou lésbica e é assassinada porque o agressor entende que deve puni-la por sua orientação sexual. 

O diretor do Departamento de Integração Econômica Regional do Ministério das Relações Exteriores, ministro Michel Arslanian Neto, disse hoje (23) que o acordo de livre comércio entre Brasil e Chile, que poderá ser assinado no mês que vem, é o mais amplo em matéria não tarifária já negociado pelo país.

Na sexta-feira (19) foram concluídas, em Santiago, as negociações para o documento. O tratado ainda precisa ser ratificado pelo parlamento dos dois países para entrar em vigor.

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Parâmetro

Segundo o diplomata, o acordo poderá servir de parâmetro para futuras negociações do Mercosul com o Canadá e com a Aliança do Pacífico, por exemplo. “Há expectativa de que se criem efeitos multiplicadores na região e para além”, completou.

O Mercado Comum do Sul (Mercosul) é composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e tem como estados associados Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname. A Bolívia está em processo de adesão ao bloco. A Aliança do Pacífico reúne Chile, Colômbia, México e Peru.

Segundo o Itamaraty, ao todo, o novo acordo incluirá 17 temas de natureza não tarifária, como comércio de serviços; comércio eletrônico; telecomunicações; medidas sanitárias e fitossanitárias; obstáculos técnicos ao comércio; facilitação de comércio; propriedade intelectual; e micro, pequenas e médias empresas.

Serão também incorporados ao instrumento tratados firmados recentemente pelos dois países, como os protocolos de compras públicas e o de investimentos em instituições financeiras.

“A ideia é ter em um único instrumento todo o marco não tarifário que regula as relações do Brasil com o Chile”, disse Arslanian Neto. “Esse acordo se insere numa dinâmica bastante intensa de acordos comerciais na região, que teve uma aceleração nos últimos tempos”, disse.

Inovação

O diplomata destacou os aspectos inovadores do texto em que o Brasil assumirá, pela primeira vez, em um documento bilateral de comércio: compromissos em comércio eletrônico, boas práticas regulatórias, transparência em anticorrupção, gênero e meio ambiente, além de temas trabalhistas.

Ambos os países se comprometeram a eliminar a cobrança de roaming (serviço que permite ligações em regiões fora de cobertura da operadora) internacional para dados e telefonia móvel entre os dois países.

O diplomata destacou que os países esperam intensificar o comércio e estimular os investimentos com maior segurança jurídica e melhor ambiente de negócios.

O Chile é o segundo principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul. Em 2017, o intercâmbio comercial bilateral alcançou US$ 8,5 bilhões, incremento de 22% em relação ao ano anterior.

O Brasil é o maior parceiro comercial do Chile na América Latina e principal destino dos investimentos chilenos no exterior, com estoque de US$ 31 bilhões.

Liberalização tarifária

Arslanian Neto informou que a América do Sul terá, em janeiro de 2019, uma virtual área de livre comércio em matéria tarifária, com praticamente a eliminação das tarifas de importação aplicadas ao comércio entre os países da região.

“O caminho até essa área de livre comércio foi pela soma de acordos que não estão necessariamente articulados entre si mas que levarão a essa liberalização [tarifária]. Foram os acordos do Mercosul com Bolívia, Chile, Peru, Colômbia, Equador e Venezuela. A soma desses acordos levará a essa liberalização. Guiana e Suriname não estão incluídos”, disse o diplomata.

Difícil não conhecer uma pessoa que não tenha passado por esse tipo de situação. De manhã, na hora do almoço, à noite ou em um fim de semana. Todos nós já recebemos uma chamada de um número desconhecido, oferecendo algum tipo de serviço que não solicitamos e – pior ainda – que nem precisamos.

Os brasileiros sabem bem disso, pois de acordo com um estudo do Truecaller, aplicativo gratuito que permite detectar e bloquear números indesejados, o Brasil tem a maior média de chamadas spam na América Latina, com 37,5 contatos telefônicos por usuário ao mês, o que equivale a um aumento de 81% em relação a 2017.

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Em seguida no ranking aparece o Chile com 21,9 ligações (25% de aumento), México com 20,9 (71%), Peru com 19,8 (62%) e Costa Rica com 18,5 (330%) – maior elevação, superada apenas pela Guiana (380%), de 1 ligação ao mês para 4,8.

O único caso, dentro dos 10 principais países, que registrou queda foi Porto Rico, tendo passado de 7,9 chamadas por usuário para 5,9 (queda de 25%). Diante desse fenômeno global, o responsável pela área de novos negócios e crescimento da Truecaller, Nick Larsson, explica como é possível evitar esse incômodo.

"Em alguns casos não é nem mesmo uma pessoa que fala, mas sim uma gravação que lhe oferece diretamente serviços de telefonia móvel, serviços financeiros ou outro tipo de produto. Por isso oferecemos uma alternativa gratuita para bloquear esse problema", explica o executivo. O Truecaller tem versões para  Android, iOS, Windows Phone.

Os dados utilizados neste estudo foram coletados anonimamente por meio de chamadas recebidas que foram marcadas como spam pelos usuários da Truecaller ou foram automaticamente identificadas pelo aplicativo, entre 01 a 30 de junho de 2018. Durante esse período, foram registradas 15 milhões de ligações de spam em toda a região da América Latina.

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A América Latina é a região com maior taxa de césareas (44,3% dos nascimentos) do mundo, e o Brasil é o segundo país que mais realiza esta cirurgia, segundo um estudo que alerta para a "epidemia" mundial deste parto, recomendado apenas em casos específicos.

O número de nascimentos por cesárea no planeta praticamente duplicou em 15 anos, de 12% para 21% entre 2000 e 2015, e superou os 40% em 15 países, a maioria da América Latina e do Caribe, indica o relatório publicado nesta sexta-feira na revista Lancet.

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Atualmente, estima-se entre 10% e 15% a proporção de cesáreas necessárias por motivos médicos. Contudo, 60% dos 169 países estudados estão acima dessa faixa, e 25%, abaixo, de acordo com o estudo baseado em dados da Organização Mundial da Saúde e da Unicef.

"O forte aumento de cesáreas - especialmente entre as classes abastadas e sem motivos médicos - representam um problema devido aos riscos associados para a mãe e o bebê", destaca a coordenadora do informe, Marleen Temmermann, da Universidade Aga Khan, no Quênia, e da Universidade de Gante, na Bélgica.

Embora as cesáreas salvem vidas e seu acesso deva ser facilitados "para as mulheres de regiões pobres", este tipo de parto apresenta também seus risco. Por isso, não se deve "abusar" deles, segundo Temmermann.

República Dominicana e Brasil na liderança 

As disparidades entre regiões são impressionante, vão de 4,1% dos partos na África subsaariana a 44,3% na América Latina e no Caribe (frente a 32,3% em 2000).

Na Ásia do Sul, as cesáreas aumentaram mais rapidamente que em qualquer outra região, a uma média de 6% ao ano, disparando de 7,2% dos nascimentos em 200 para 18,1% em 2015.

Na América da Norte, a taxa foi de 32%, e na Europa ocidental, de 26,9%. Por países, a República Dominicana é líder mundial neste tipo de nascimentos (58,1%), seguida do Brasil (55,5%).

Entre os 15 primeiros também se destacam os seguintes países latinos: Venezuela (52,4%), Chile (46%), Colômbia (45,9%), Paraguai (45,9%), Equador (45,5%), México (40,7%) e Cuba (40,4%).

À revista Lancet, o Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia, reunido no Brasil, atribui a "epidemia" de cesáreas à existência de equipes médicas menos competentes para acompanhar os partos normais difíceis, à comodidade de programar o dia do parto, aos maiores benefícios econômicos para as clínicas, entre outros.

Gestações de baixo risco no Brasil 

O estudo ainda constata uma ligação estreita entre as cirurgias e a faixa de renda e de educação das mulheres. No Brasil, por exemplo, onde a maioria das cesáreas se dá em gestações de baixo risco, 54,4% deste tipo de partos são feitos em mulheres de nível educacional elevado, frente a 19,4% de nível mais baixo.

As cesáreas são indispensáveis quando se apresentam complicações, como hemorragias, sofrimento fetal ou posição anormal do bebê, destaca o estudo.

Mas também representam riscos como uma recuperação mais complicada para a mãe e problemas nos partos seguintes (gravidez ectópica, desenvolvimento anormal da placenta, entre outros).

O estudo ainda destaca que estão surgindo provas de que os bebês nascidos por cesárea não se expõem aos mesmos processos hormonais, físicos nem bacterianos que os nascidos por parto normal - o que pode afetar sua saúde.

A fim de limitar o excesso de cesáreas, o Congresso Mundial de Ginecologia recomenda por exemplo aplicar uma tarifa única para todos os partos, obrigar hospitais a publicar suas estatísticas, informar melhores as mulheres e melhorar a formação para partos normais.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet, exigiu hoje (9) informações sobre a morte de Fernando Albán, opositor do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Ela também cobrou informações sobre a situação em que se encontram dezenas de colombianos detidos no país sem acusação formal.

"Estamos profundamente preocupados com a manutenção da detenção de 59 cidadãos colombianos, detidos sem acusação na Venezuela por mais de dois anos", disse a porta-voz de Michelle Bachelet.

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As informações oficiais são que de que o vereador, que fazia oposição ao governo de Maduro, se jogou do décimo andar de um prédio, ao ser encaminhado para os tribunais. Ele estava sob responsabilidade do sistema prisional, detido por suposto envolvimento em atentado, no início de agosto, contra o presidente Maduro. Porém, Brasil e autoridades internacionais desconfiam da versão.

"Há muita especulação sobre o que aconteceu, se ele se matou, se ele foi lançado, se ele foi maltratado, há muita especulação e precisamos de uma investigação independente e transparente para esclarecer as circunstâncias de sua morte", disse Shamdasani.

Condições insalubres

Segundo informações da ONU, os colombianos foram presos em operações de segurança entre agosto e setembro de 2016 e estão mantidos em uma cela no centro de detenção Yerguara em Caracas.

Segundo relatórios transmitidos às Nações Unidas, no local não há alimentos, água ou remédios. Há informações de que muitos dentre os 59 homens estão doentes, um deles William Estremor, que estava gravemente doente, foi levado à emergência de um hospital.

Os detidos foram acusados de serem os paramilitares, mas não há qualquer prova ou acusação contra eles. Um juiz, em 2017, decidiu que eles deveriam ser libertados. A decisão ainda não foi cumprida.

As autoridades colombianas remeteram o caso ao Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias do Conselho de Direitos Humanos.

As eleições presidenciais no Brasil figuram entre algumas das principais manchetes em jornais pela América Latina neste sábado, véspera da votação. As publicações destacam a eleição polarizada e fornecem perfis dos candidatos à frente nas pesquisas de intenção de voto.

Para o argentino La Nación, estas eleições então entre as "mais imprevisíveis e polarizadas na história recente do Brasil" e levantam expectativas em toda a região, especialmente na Argentina, que, "em plena tormenta econômica [que enfrenta], espera uma consolidação da recuperação de seu principal parceiro comercial".

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O jornal destaca ainda que as questões centrais em aberto se voltam à política econômica dos principais candidatos. Ao mesmo tempo, o La Nación aponta que, entre os principais desafios do próximo presidente brasileiro, estão o déficit fiscal e a reforma da previdência, e que o governo argentino vê com bons olhos o começo de um novo mandato que avance com as negociações de livre-comércio com o Mercosul e União Europeia (UE).

Já o maior jornal da Colômbia, El Tiempo, destaca em reportagem especial que "os brasileiros celebrarão as mais incertas eleições desde que começaram sua etapa de transição à democracia". A matéria traça um perfil dos cinco principais candidatos, ressaltando que Jair Bolsonaro (PSL) é visto como o "Trump brasileiro" e que Fernando Haddad (PT) deve levar adiante o legado de Lula.

No México, o El Universal dá destaque ao avanço de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto mais recentes, e aponta que o candidato "goza de um apoio apaixonado graças a sua boa organização de base nas redes sociais".

A companhia aérea Latam passou a oferecer conectividade Wi-Fi em seus voos nacionais e, em breve, promete ampliar o serviço de internet para rotas partindo do país para destinos na América Latina. O sistema faz parte da plataforma Latam Play e tem pacotes com valores a partir de R$ 7,90 por hora.

A conectividade embarcada será fornecida pela Gogo com a tecnologia 2Ku. É o mesmo padrão fornecido pela Gol Linhas Aéreas desde 2016. Inicialmente, o serviço de internet da Latam estará disponível em nove aeronaves modelo A319. A meta é chegar até o final do ano com 30 aviões conectados, que operam no Brasil e em voos para outros países latino-americanos.

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A proposta é oferecer opções de conexão que atendam a todo tipo de necessidade com valor a partir de R$ 7,50 a hora. Haverá pacotes tanto para aqueles que procuram um serviço básico (para ver e-mails e mandar mensagens), quanto para quem precisa navegar em sites e utilizar os serviços de streaming.

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A entrada de capital estrangeiro em mercados emergentes recuou de US$ 13,7 bilhões em julho para US$ 2,2 bilhões em agosto, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). Já nos países da América Latina, foi registrada a saída de US$ 3,1 bilhões no mês passado.

O relatório do IIF leva em conta recursos oriundos do mercado acionário, títulos de dívida e moedas. Em agosto, os mercados de ações se mostraram mais resilientes - com entrada de US$ 7 bilhões no período -, enquanto os mercados de dívida foram menos atrativos para os investidores, ao registrarem evasão de US$ 4,8 bilhões.

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"Os fluxos na América Latina foram deprimidos devido à atual crise na Argentina, à incerteza política no Brasil e às preocupações com os laços comerciais entre Estados Unidos e China e em meio às negociações comerciais atuais (EUA-China e Nafta)", aponta relatório. A organização diz ainda que o aumento das taxas de juros em solo americano e o enfraquecimento do complexo de moedas emergentes "diminuíram claramente o apetite por dívidas" desses países.

Álvaro Bandeira, economista-chefe da ModalMais, aponta que a saída de recursos é reflexo do aumento da aversão ao risco em meio à normalização da política monetária nos países desenvolvidos. "Em meio às turbulências no cenário externo, o investidor vai para onde acha mais seguro, para onde está a liquidez", explica. "Aí o dólar sobe e desequilibra as moedas mais fracas - por isso, os emergentes sofrem mais."

Apesar de a América Latina pesar negativamente no saldo de agosto, o IIF aponta que o fluxo de capital estrangeiro para países em desenvolvimento foi positivo impulsionado por entradas em ações chinesas. Regionalmente, a Ásia emergente atraiu o maior número de entradas de capital e dívida (US$ 8,4 bilhões), principalmente devido à China. Já os fluxos para a Europa emergente ficaram estáveis.

Brasil

O dado mais atual referente ao Brasil é relativo ao mês de junho. No segundo trimestre, o País teve uma das maiores desacelerações entre os emergentes, ao lado de Índia, Polônia, Argentina e Turquia. Entraram no País US$ 700 milhões, ante 11 bilhões no primeiro trimestre do ano. "No cenário doméstico, pesa a incerteza eleitoral, que aumenta a cautela dos investidores", diz Bandeira.

O receio se reflete na Bolsa brasileira. No primeiro semestre, R$ 9,9 bilhões foram retirados da B3 por estrangeiros - o pior resultado registrado no período desde o início da série histórica, em 2004. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído neste domingo à noite (2) por um incêndio de grandes proporções, era o maior museu de história natural e antropológico da América Latina, com mais de 20 milhões de peças e uma biblioteca com mais de 530.000 obras.

Criado em 1818 por Dom João VI e instalado desde 1892 no antigo palácio imperial de São Cristóvão, o museu se encontra na Quinta da Boa Vista, que abriga igualmente um excepcional jardim botânico de 40 hectares.

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O museu, que comemorou em junho seu bicentenário, recebia 150.000 visitantes por ano e era um importante centro de pesquisa e estudo, integrado desde 1946 à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

- Joia cultural e tesouro científico -

Antiga residência da família real portuguesa e depois da família imperial brasileira, o Palácio de São Cristóvão se estende por 11.400 m2, dos quais 3.500 m2 de salas de exposição.

De 1889 a 1891, este edifício neoclássico sediou a Assembleia Constituinte do Brasil, antes de receber em 1892 o Museu Real, localizado até então no centro do Rio de Janeiro, e que incluía coleções, especialmente egípcias, adquiridas pela família real portuguesa.

Sua biblioteca possuía 537.000 livros, incluindo 1.560 obras raras, como um exemplar de "História Natural" de 1481, segundo o site do museu www.museunacional.ufrj.br.

O museu é particularmente conhecido por seu rico departamento de paleontologia, com mais de 26.000 fósseis, incluindo o esqueleto de um dinossauro descoberto em Minas Gerais e inúmeros espécimen de espécies extintas, como preguiças gigantes e tigres dentes de sabre.

Sua coleção de antropologia biológica incluía o mais antigo fóssil humano descoberto no Brasil, conhecido como "Luzia".

Com 6,5 milhões de espécimes, seu departamento de zoologia contava com uma coleção excepcional de peixes (600.000), anfíbios (100.000), moluscos, répteis, conchas, corais e borboletas.

Seu herbário, com 550.000 plantas, foi criado em 1831.

Dedicado à pesquisa desde o século XIX, o Museu Nacional do Rio é a instituição científica mais antiga do país, que se abriu ao ensino em 1927.

Pesquisadores e laboratórios ocupavam grande parte do Museu, que desenvolveu ao longo do século passado uma política de intercâmbio internacional, publicações e ensino.

Importantes personalidades científicas visitaram o museu, como Albert Einstein, ou Marie Curie, diz o site.

- Cortes no orçamento e desastre precedente -

Ao longo dos anos, o Museu passou por significativas dificuldades orçamentárias e teve de ser temporariamente fechado em 2015 "por falta de recursos para sua manutenção", reconheceu no domingo o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

Em agosto de 1995, o prédio já havia sofrido danos extensos após tempestades que danificaram o departamento de arqueologia, incluindo múmias egípcias com mais de 3.000 anos de idade.

Os danos também foram significativos no setor dos paleovertebrados, com algumas partes de um esqueleto de tiranossauro se dissolvendo na água.

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