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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou na segunda-feira (21) à noite que é "claro" que a Rússia está considerando o uso de armas químicas e biológicas na Ucrânia, ao mesmo tempo que advertiu para uma resposta "severa" do Ocidente caso decida seguir adiante.

"Ele está de costa para a parede", disse Biden sobre o presidente russo, Vladimir Putin, ao recordar que Moscou acusou recentemente Washington de armazenar armas químicas e biológicas na Europa.

"Simplesmente não é verdade, eu garanto a vocês", declarou a líderes empresariais em Washington.

"Também estão sugerindo que a Ucrânia tem armas químicas e biológicas. Este é um sinal claro de que ele (Putin) está considerando usar ambos os tipos (de armas)", ressaltou.

Sua advertência segue as declarações feitas por seu governo no início do mês, assim como por outras nações ocidentais, depois que autoridades russas acusaram a Ucrânia de tentar esconder um suposto programa de armas químicas apoiado pelos Estados Unidos.

"Agora que a Rússia fez as falsas alegações... todos nós devemos permanecer atentos para a possibilidade de que a Rússia utilize armas químicas ou biológicas na Ucrânia, ou crie operações de bandeira falsa usando as armas", tuitou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

Na segunda-feira, Biden também reiterou que uma ação deste tipo provocaria uma resposta "severa", mas até agora indefinida de aliados do Ocidente.

Putin "sabe que haverá consequências graves por causa da frente unida da Otan", afirmou, sem especificar quais ações a aliança adotaria.

Os países ocidentais estão preocupados com a possibilidade de a Rússia utilizar armas químicas na Ucrânia, o que traz à tona o espectro das atrocidades cometidas pelo regime de Bashar al Assad na Síria.

A Rússia "pagará um preço alto se utilizar armas químicas" na Ucrânia, advertiu nesta sexta-feira (11) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, durante um discurso na Casa Branca.

Desde a quarta-feira, tanto os Estados Unidos como o Reino Unido garantem que a Rússia poderia usar armas químicas na Ucrânia.

Segundo Washington e Londres, o fato de a Rússia ter acusado os Estados Unidos e a Ucrânia de gerenciar laboratórios destinados à produção de armas biológicas na ex-república soviética é um sinal de que Moscou está considerando este tipo de cenário.

"O Kremlin difunde intencionalmente mentiras segundo as quais os EUA e a Ucrânia estariam realizando atividades relacionadas com armas químicas e biológicas na Ucrânia", reagiu na quarta-feira o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price.

Em 2018, a Rússia já havia acusado os Estados Unidos de realizar experiências biológicas secretas em um laboratório na Geórgia, outra ex-república soviética que, assim como Ucrânia, quer se juntar à Otan e a União Europeia.

A Ucrânia dispõe de "instalações de pesquisa biológica", confirmou a número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, ao enfatizar que os Estados Unidos estavam "agora bastante preocupados com a possibilidade de as forças russas tomarem o controle" desses lugares.

Os russos "começam dizendo que há armas químicas armazenadas por seus oponentes ou pelos americanos. Então, quando eles mesmos utilizam armas químicas, como acredito que farão, eles têm uma espécie de 'maskirovka' [termo russo que se refere à arte de enganar o inimigo], uma história falsa preparada", disse na quarta-feira o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

A Rússia é um dos 198 países que firmaram a Convenção sobre Armas Químicas, que entrou em vigor em 1997, e concluiu oficialmente a destruição de 100% de suas 40.000 toneladas de armas químicas.

- 'Aterrorizar a população' -

Contudo, nos últimos anos, os ocidentais culparam Moscou de dois casos de envenenamento com o agente nervoso Novichok, dirigidos contra o opositor preso Alexei Navalny, em 2020, e o ex-espião russo Sergei Skripal na Inglaterra, em 2018.

Por outro lado, a Rússia sempre negou o uso repetido de armas químicas pelo regime sírio contra a população civil.

Em grande medida, esses crimes ficaram impunes. Em 2013, o presidente americano Barack Obama (2009-2017), que os havia convertido em uma "linha vermelha", descartou realizar ataques punitivos na Síria.

A hipótese do possível uso de armas químicas na Ucrânia também preocupa a França, no momento em que as conquistas do exército russo em território ucraniano têm sido escassas.

A ofensiva iniciada em 24 de fevereiro "deveria mostrar a força da Rússia, mas acontece o contrário. Isso torna [o presidente russo] Vladimir Putin ainda mais imprevisível", advertiu na quarta-feira o chefe do Estado-Maior da França, Thierry Burkhard, em uma carta enviada a seus oficiais-generais.

"Vladimir Putin não entrou nessa guerra para perder. Em caso de impasse ou humilhação, o uso de armas sujas ou de armas nucleares táticas é parte das possibilidades", reagiu um alto funcionário francês sob condição de anonimato.

"A Rússia errou ao entrar na guerra. Agora é preciso salvar a imagem do Kremlin", analisou Mathieu Boulègue, especialista em Rússia do 'think tank' britânico Chatham House.

"A química é um vetor que [a Rússia] muito bem poderia usar. Não é improvável", acrescentou.

Na Ucrânia, as armas químicas seriam usadas "para aterrorizar a população civil e forçá-la a fugir. Mas não se trata de uma arma que mudaria o curso da guerra. Uma arma nuclear táctica que destruiria uma cidade ucraniana, sim", adverte Mathieu Boulègue.

Olivier Lepick, pesquisador associado da Fundação para a Pesquisa Estratégica (FRS, na sigla em francês), especializado em armas químicas, se mostra mais prudente.

"Daríamos mais um passo no terror e, portanto, na desaprovação da opinião pública internacional, que correria o risco de incrementar o regime de sanções, que já é extremamente severo", opina.

Os Estados membros da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) votaram nesta quarta-feira para suspender os direitos da Síria pelo suposto uso de armas químicas, uma decisão inédita na história da instituição.

A moção que priva Damasco de "direitos e privilégios", apoiada por países ocidentais como Estados Unidos, França e Reino Unido, obteve a maioria necessária de dois terços dos votos.

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"À luz deste resultado, o projeto de resolução é aprovado", anunciou Jose Antonio Zabalgoitia Trejo, que presidiu a reunião dos países membros da OPAQ, que tem sede em Haia.

Oitenta e sete países votaram a favor da moção e 15 contra, incluindo a própria Síria, Rússia, China e Irã. Dos 193 Estados membros, 136 participaram na votação.

A moção priva a Síria de seu direito de voto, uma medida sem precedentes na história da organização, fundada há 25 anos para que o mundo acabe com as armas químicas.

As medidas são uma resposta a uma investigação da OPAQ no ano passado que considerou a Força Aérea síria responsável por ter usado gás sarin e cloro em um ataque em 2017 contra a localidade de Ltamenah controlada pelos rebeldes.

Damasco tampouco respeitou o prazo de 90 dias estabelecido pela OPAQ para que declarasse as armas utilizadas nos ataques e revelasse os depósitos restantes.

A delegação francesa afirmou que o "uso reiterado de armas químicas pela Síria é inaceitável para a comunidade internacional". O Reino Unido considerou a decisão um "passo crucial para manter a credibilidade da OPAQ".

O regime sírio, que sempre negou qualquer envolvimento, afirma que os ataques químicos foram uma 'encenação'. A Síria e sua aliada Rússia acusam as potências ocidentais de organizar, por meio da OPAQ, uma campanha "politizada".

A OPAQ, prêmio Nobel da Paz em 2013, se tornou cenário de tensão recentemente entre os países ocidentais e a Rússia.

Os direitos da Síria permanecerão suspensos até que os Estados membros decidam que o país revelou a totalidade de suas armas químicas e instalações de fabricação de armas, de acordo com a moção.

A organização abriu uma nova investigação após as explicações "insuficientes" apresentadas pela Síria, após a descoberta de produtos químicos em setembro de 2020 em um local onde as autoridades negavam a fabricação de armas químicas.

De acordo com a ONU, Damasco ainda não respondeu a 19 perguntas feitas nos últimos anos sobre as instalações que teriam sido usadas para a produção ou armazenamento de armas químicas.

A porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Heather Nauert, alertou os governos da Rússia e da Síria contra o uso de armas químicas em território sírio, enquanto as forças aliadas ao presidente Bashar al Assad se preparam para uma ofensiva contra uma fortaleza rebelde.

De acordo com Nauert, os EUA "responderão a qualquer uso de armas químicas verificadas em Idlib ou em qualquer outro lugar da Síria de maneira rápida e apropriada". Falando com repórteres em Washington nesta terça-feira, ela afirmou que os altos funcionários do governo americano se engajaram com seus colegas russos para "encorajar Moscou a alertar Damasco sobre a importância desse assunto".

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O governo sírio se prepara para uma ofensiva esperada na província de Idlib, que abriga cerca de 3 milhões de pessoas e tem uma grande presença da Al-Qaeda, além de grupos rebeldes sírios. Fonte: Associated Press.

A emissora oficial do regime sírio informou nesta terça-feira (17) que o país foi alvo de uma nova "agressão", com o bombardeio de uma base aérea em Homs. O canal não informou de onde teria partido o ataque. No início do mês, o regime de Bashar Assad culpou Israel por um ataque semelhante em Homs.

Na sexta-feira (13), uma força-tarefa formada por Estados Unidos, Reino Unido e França realizou um ataque com o objetivo declarado de destruir supostas fábricas e depósitos de armas químicas na Síria. O bombardeio foi uma retaliação ao suposto uso de armas químicas contra a cidade de Douma por tropas de Assad.

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O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul-Gheit, expressou pesar e alarme sobre os mais recentes acontecimentos na Síria após o lançamento dos ataques aéreos conjuntos de Estados Unidos, Inglaterra e França para punir o presidente sírio Bashar Assad por um ataque químico na cidade de Douma.

Aboul-Gheit disse a repórteres neste sábado (14) que todas as partes envolvidas na crise, principalmente o governo sírio, são responsáveis pela deterioração da situação. Ele afirmou que o uso proibido de armas químicas contra civis "não deve ser aceito ou tolerado".

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Aboul-Gheti afirmou também que a questão requer uma solução política sustentável para a crise síria. Ele comentou o tema na cidade de Dammam, na Arábia Saudita, onde uma cúpula da Liga Árabe será realizada no domingo. Fonte: Associated Press.

Escalando o confronto entre EUA e Rússia, o presidente Donald Trump disse nesta segunda-feira, 9, que "não há muita dúvida" de que houve um ataque com armas químicas contra civis na Síria e prometeu anunciar sua retaliação em até 48 horas, destaca o jornal O Estado de S. Paulo. "Se é a Rússia, a Síria, o Irã ou todos eles juntos, vamos saber as respostas em breve. Estamos analisando uma (ação) muito forte e muito séria."

Perguntado se uma ofensiva militar estava entre as possibilidades, Trump respondeu que "nada estava fora da mesa". No fim da tarde, ele se reuniu com seus chefes militares para discutir os próximos passos. O ataque com armas químicas, no sábado, levou Trump a atacar pela primeira vez de maneira contundente o presidente russo, Vladimir Putin. "Vamos tomar uma decisão hoje (ontem) à noite ou logo depois disso", disse.

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Nesta segunda-feira, Trump disse que será "muito duro" se ficar comprovada a participação da Rússia na ofensiva. Segundo ONGs que atuam na Síria, o uso de armas químicas provocou a morte de pelo menos 49 pessoas em Douma, uma das últimas áreas em torno de Damasco que eram controladas por rebeldes.

Trump classificou o ataque de "hediondo" ao abrir reunião de seu gabinete, no início da tarde de ontem. "Foi um ataque atroz. Foi horrível. Você não vê coisas como essa. Não importa quão ruim sejam as notícias ao redor do mundo, você não vê essas imagens." Vídeos divulgados por ONGs mostram corpos amontoados dentro de casas, com espuma saindo da boca e das narinas. Em outras imagens, crianças apresentam dificuldade para respirar e aparecem com olhos e pele irritados.

Segundo o Kremlin, Putin conversou sobre o assunto por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel. "O lado russo disse que é inaceitável a provocação e a especulação", afirmou Moscou, em nota. Os russos sustentam que o ataque não existiu e as imagens foram fabricadas por opositores de Assad.

Representantes dos dois países trocaram acusações durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, convocada para discutir a situação na Síria. O embaixador russo, Vassili Nebenzya, disse que a política de confronto dos EUA e de seus aliados com relação à Rússia supera o que foi registrado durante a Guerra Fria. "Vocês entendem o perigoso limiar para o qual estão levando o mundo?", questionou.

A embaixadora dos EUA, Nikki Haley, acusou a Rússia de ter as "mãos cobertas de sangue de crianças sírias" e de bloquear qualquer tentativa do Conselho de Segurança de agir para tentar solucionar a guerra civil que já dura sete anos. "De qualquer maneira, os EUA responderão."

Na noite de domingo, Trump conversou por telefone com o presidente francês, Emmanuel Macron, e ambos prometerem coordenar uma "forte resposta" ao ataque.

A crise na Síria marcou o primeiro dia no cargo do novo chefe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, um falcão que defende ações militares contra Irã e Coreia do Norte. Apesar de seus instintos intervencionistas, Bolton se posicionou contra uma ofensiva contra a Síria em 2013, quando Assad ultrapassou os limites que haviam sido traçados pelo então presidente Barack Obama e realizou um ataque com armas químicas que matou centenas de pessoas.

"Acredito que um ataque limitado, que parece ser o que o presidente busca, não criará um efeito dissuasivo", declarou Bolton, na Fox News, naquela época. No ano passado, quando Trump planejava retaliação contra outro uso de armas químicas por Assad, Bolton sustentou que a ofensiva deveria ser acompanha de uma estratégia mais ampla para a Síria e a Rússia.

"Nada pode justificar" o uso de armas químicas contra populações indefesas. Foi com essa frase que o papa Francisco encerrou seu discurso tradicional de domingo, fazendo uma referência ao ataque a gás que matou mais de 40 pessoas na Síria neste fim de semana. Ele orou pelos mortos e ofereceu condolências às famílias.

"Não há uma guerra boa ou ruim, e nada pode justificar instrumentos que exterminam pessoas e populações indefesas", disse o pontífice. "Vamos rezar para que os políticos responsáveis e os líderes militares escolham outro caminho: o das negociações, o único que pode trazer paz", afirmou.

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Neste domingo, a ONG Defesa Civil Síria afirmou que foi realizado um ataque com gás venenoso ontem na cidade de Duma. De acordo com paramédicos, pessoas foram encontradas dentro de suas casas e abrigos com espuma saindo pela boca. O porta-voz do Defesa Civil Síria, Siraj Mahmoud, disse que foram contabilizadas 42 mortes, mas a ONG não conseguiu continuar as buscas devido ao forte odor e às dificuldades de respiração. Fonte: Associated Press.

A Rússia destruiu nesta quarta-feira (27) seu último lote de armas químicas em uma cerimônia que foi acompanhada por uma delegação da Organização Internacional para a Proibição das Armas Químicas (Opaq). As informações são da EFE.

"Se pode dizer, sem criar alarde, que é realmente um acontecimento histórico, levando em conta os arsenais de armas químicas que herdamos dos tempos soviéticos, com os quais poderíamos destruir várias vezes toda a vida da Terra", disse o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em vídeo conferência com a usina Kizner, na região russa de Udmurtia.

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O chefe do Kremlin destacou que a Rússia cumpriu com os seus compromissos para a destruição de todas suas armas químicas três anos antes do previsto. Inicialmente, o governo russo tinha previsto destruir todo seu arsenal químico em 2012, mas devido à falta de financiamento, teve de adiar o plano até este ano.

Putin lembrou que a Rússia foi um dos primeiros países a assinar a Convenção sobre Armas Químicas, em vigor desde 1997, e sublinhou o esforço econômico que custou a destruição de todos os arsenais.

A Convenção sobre Armas Químicas previa que os 188 países signatários (entre os quais não figura a Coreia do Norte) destruiriam todo seu armamento químico antes de abril de 2012.

Da EFE

O exército sírio utilizou gás neurotóxico em supostos ataques a Khan Sheikhun e também em outras três ofensivas atribuídas ao regime, denunciou nesta segunda-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

Há uma "tendência clara" da utilização de armas químicas que poderiam custar ao governo sírio acusações de crimes contra a humanidade, de acordo com um relatório desta organização de defesa dos direitos humanos com sede em Nova York.

As forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, lançaram progressivamente ataques de cloro e começaram a utilizar foguetes de cloro nos combates próximos a Damasco, acrescentou. "A utilização pelo governo sírio de gás neurotóxico aumenta [o número de] mortes - e a tendência é clara", declarou Kenneth Roth, diretor-geral da ONG.

"Ao longo dos últimos meses, o governo utilizou os aviões, os helicópteros e os soldados no terreno para dispersar cloro e gás sarin em Damasco, Hama, Idlib e Aleppo", indicou. "Trata-se de uma prática generalizada e sistemática [de uso] das armas químicas", acrescentou o diretor da HRW.

A organização entrevistou 60 testemunhas e estudou as fotos e os vídeos do suposto ataque a Khan Sheikhun em 4 de abril, que provocou a morte de 87 pessoas, e de outros ataques neurotóxicos em dezembro de 2016 e de março de 2017.

O gás sarin, que o governo dos Estados Unidos acusa o regime sírio de ter utilizado contra uma cidade rebelde esta semana, em um ataque que provocou 86 mortes, é uma potente substância neurotóxica, inodora e invisível, descoberta na Alemanha em 1938.

Mesmo se não for inalado, o simples contato com a pele bloqueia a transmissão do impulso nervoso e provoca a morte por por parada cardiorrespiratória. A dose letal para um adulto é de meio miligrama. As vítimas reclamam primeiro de violentas dores de cabeça e apresentam as pupilas dilatadas. Depois sofrem convulsões, paradas respiratórias e entram em coma, antes da morte.

As imagens de Khan Sheikhun, pequena cidade da província rebelde de Idlib (noroeste da Síria), que mostram pessoas agonizando, em uma busca desesperada de ar e espumando pela boca, provocaram comoção ao redor do mundo.

O sarin pode ser utilizado em aerossol, mas também para envenenar a água e os alimentos, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) da cidade de Atlanta. A roupa que entrou em contato com vapores de sarin de forma contínua pode contaminar outras pessoas até 30 minutos depois da exposição, destaca o CDC, que aponta a existência de antídotos.

A produção do sarin é um processo complexo que exige conhecimentos avançados de Química. Mas os químicos alemãs da empresa IG Farben descobriram a substância por acaso em 1938, quando trabalhavam em novos pesticidas.

O gás sarin foi utilizado como arma química durante o conflito Irã-Iraque na década de 1980 e pela seita "Verdade Suprema" em um atentado executado no dia 20 de março de 1995 no metrô de Tóquio.

O regime sírio foi acusado de usar diversas vezes o gás sarin desde o início da guerra civil em março de 2011. Em 21 de agosto de 2013, um ataque com este componente matou 1.429 pessoas, incluindo 426 crianças, de acordo com serviço de inteligência americano.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (7), que o ataque dos Estados Unidos à Síria “foi uma irresponsabilidade do governo americano”.  O presidente Donald Trump ordenou que mísseis fossem lançados em direção ao país árabe na noite dessa quinta (6). A ação teria sido em retaliação a um ataque com supostas armas químicas que atingiu civis sírios nesta semana atribuído ao governo de Bashar Al-Assad. 

Para Lula, o correto teria sido convocar a Organização das Nações Unidas (ONU) e debater a questão com a comunidade internacional. “Acho que foi irresponsabilidade do governo americano bombardear a Síria. O mundo não está precisando de bombardeio; o mundo está precisando de paz. O mundo está precisando de dirigentes que conversem, que dialoguem. Se tem um problema, convoque uma reunião extraordinária na ONU e faça com que o Conselho de Segurança decida o que vai acontecer. Sou contra qualquer ataque. Violência gera violência. O mundo não está precisando de governantes arrogantes”, ponderou o ex-presidente, em entrevista à uma rádio de veiculação nacional.

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O petista também disse que é necessário apurar se realmente a Síria utilizou armas químicas e pontuou que a guerra do Iraque, em 2003, iniciou com o mesmo pretexto e até hoje não encontraram armas químicas. Segundo Lula, Trump precisa ter mais “equilíbrio” nas suas ações. "É preciso que a gente apure se a Síria usou armas químicas mesmo. Não sei a que pretexto os americanos bombardearam a Síria. Parece que esse presidente é meio confuso. É preciso que um presidente de um país como os Estados Unidos tenha equilíbrio. Quando você for abrir a boca, precisa pensar nos resultados das suas palavras”, cravou.

O ex-presidente declarou ainda que “o mundo precisa de governos que pensem no futuro da juventude, que pensem em um mundo melhor, sem guerras, em desenvolvimento, com mais educação, ambientalmente mais qualificado”. “Acho que a paz vale alguns trilhões e a guerra não vale um tostão", salientou. 

O ministro da Segurança da Grã-Bretanha, Ben Wallace, afirmou que o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) tem o objetivo de realizar atentados em "larga escala" com armas químicas no país. As informações são da agência de notícias Ansa.

"A ambição do EI é realizar ataques em massa. Eles não têm nenhuma restrição moral para usar armas químicas contra a população e, se puderem, vão fazer isso em nosso país", disse Wallace ao jornal The Sunday Times.

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O ministro informou, no entanto, que não foi verificado nenhum plano do tipo especificamente contra a Grã-Bretanha, mas que relatórios internacionais mostram que há células do grupo com o foco de fabricar armas.

Em fevereiro do ano passado, segundo Wallace, as autoridades do Marrocos bloquearam uma célula que produzia substâncias para "fabricar uma bomba ou um veneno mortal".

Outra preocupação é que o enfraquecimento do Estado Islâmico na Síria e no Iraque possa fazer com que os britânicos que se identificaram e foram lutar pelo Califado nesses países voltem ao Reino Unido.

"A grande preocupação é se Mosul entrar em colapso e todas as outras bases do EI caírem. Nós sabemos que há um número significativo lutando pelo EI na Síria. Eles provavelmente vão querer voltar para casa", acrescentou Wallace, destacando que há cerca de 800 cidadãos do país lutando pelo grupo.

Especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) concluíram, em relatório, que o governo da Síria foi o responsável pelo ataque químico contra a cidade de Qmenas, na província de Idleb, no dia 16 de março de 2015.

O time do Mecanismo de Investigação Conjunta (JIM, na sigla em inglês) concluiu, no entanto, que não há evidências suficientes para determinar a responsabilidade pelo ataque de 18 de abril de 2014, em Kfar Zita, na província de Hama, e de 24 de março de 2015 em Binnish, também na região de Idleb.

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"É crucial responsabilizar pelos seus atos aqueles que usaram ou pretendem usar armas químicas e é fundamental deter todos aqueles que continuam a acreditar que há algo a ganhar ao usar produtos químicos tóxicos como armas", ressaltou a ONU.

Os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França pedem que o Conselho de Segurança da ONU imponha sanções contra o regime de Bashar Al-Assad por usar armas químicas. Rússia e Síria, por outro lado, alegam que as evidências apresentadas no relatório não são conclusivas. O diplomata russo Vitaly Churkin já indicou que a Rússia irá se opor à qualquer sanção.

O Conselho de Segurança da ONU volta a discutir o relatório na próxima quinta-feira.

O JIM foi criado há um ano pela Organização Para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) exatamente para identificar a responsabilidade pelos ataques na Síria.

O grupo investigou nove casos em sete cidades. Além do ataque em Qmenas, o JIM atribuiu a responsabilidade ao governo, em relatório publicado em agosto, por dois ataques de gás de cloro, um em Talmenes, em 21 de abril de 2014, e outro em Sarmin, em 16 de março de 2015. Fonte: Associated Press.

A Anistia Internacional acusou as forças do governo sudanês de realizar vários ataques com armas químicas contra uma zona montanhosa de Darfur, matando vários civis. Em um relatório divulgado nesta quinta-feira (29), a ONG afirma que ao menos 30 ataques com armas químicas foram realizados entre janeiro e setembro nos povoados da região de Djebel Marra, em meio a uma vasta campanha militar contra os rebeldes.

O relatório compreende imagens de crianças com queimaduras químicas, de povoados destruídos e de pessoas deslocadas, além de trechos de entrevistas de mais de 200 sobreviventes e de especialistas em armas químicas.

O documento "reúne provas da utilização repetida, nos últimos oito meses, do que parecem ser armas químicas contra civis (...) pelas forças sudanesas em uma das regiões mais isoladas de Darfur". A Anistia estima que "entre 200 e 250 pessoas podem ter morrido de exposição a agentes químicos, incluindo muitas crianças, talvez a maioria".

A ONG garante que as forças do governo também realizaram "bombardeios contra civis", "assassinatos ilegais de homens, mulheres e crianças"; e "sequestros e violações de mulheres" na região de Djebel Marra.

Estes ataques fazem parte de uma campanha militar contra os rebeldes do Exército de Libertação do Sudão-Abdel Wahid Nour (SLA-AW) e merecem a classificação de "crimes de guerra" e "crimes contra a humanidade".

Darfur é palco de um conflito sangrento desde 2003, quando rebeldes de minorias étnicas pegaram em armas contra o governo em Cartum, controlado pela maioria árabe.

O presidente sudanês, Omar el Bechir, lançou desde então uma violenta repressão e a ONU estima que os combates já deixaram 300 mil mortos e 2,5 milhões de deslocados nesta região composta por cinco Estados.

Bechir, acusado pela Corte Penal Internacional por crimes de guerra e contra a humanidade em Darfur, proclamou no início de setembro que a paz havia retornado a Darfur.

Cartum limita o acesso de jornalistas à região, mas uma missão conjunta das Nações Unidas e da União Africana (MINUAD) está em Darfur desde 2007.

O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, advertiu nesta quinta-feira sobre o risco de grupos terroristas usarem armas biológicas ou químicas para atacar novamente.

"Não devemos descartar nada. Sabemos que existe o risco de usarem este tipo de armas", disse Valls.

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Se antecipando ao risco, autoridades francesas promulgaram um decreto no início desta semana autorizando o uso de antídotos militares para armas químicas contra civis caso um ataque deste tipo aconteça.

Na sequência dos ataques, que deixaram mais de 100 mortos em Paris na sexta-feira à noite, várias autoridades francesas têm alertado que grupos terroristas poderiam preparar outros ataques em Paris ou em outro lugar na Europa. Fonte: Dow Jones Newswires.

Militantes do Estado Islâmico foram acusados de usar pela primeira vez um agente químico em um ataque na Síria, de acordo com relatos de rebeldes da oposição e moradores locais. O ataque ocorreu na sexta-feira (21) perto da cidade de Aleppo, matando uma pessoa e ferindo pelo menos dez, disseram os moradores. O ataque se sucedeu aos comentários dos Estados Unidos de que acreditava que o Estado Islâmico havia usado gás mostarda contra forças curdas no Iraque na semana passada - a primeira indicação de que os militantes tinham obtido armas químicas proibidas.

Tariq Najjar, enfermeiro-chefe do hospital de Marea, disse que os feridos de bombardeio tinham o que parecia ferimentos causados por estilhaços convencionais. Mas a equipe detectou um mau cheiro vindo dos ferimentos. Horas mais tarde, segundo ele, as vítimas começaram a ter dificuldade para respirar, manchas vermelhas na pele, diarreia e olhos lacrimejantes - todos os sintomas de guerra química. Ele disse que as vítimas incluíam uma família com dois filhos pequenos. Fonte: Dow Jones Newswires.

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O grupo Estado Islâmico (EI) utilizou mísseis contendo gás venenoso em ataques contra combatentes curdos sírios no mês passado, denunciaram as forças curdas e ONGs sírias. As Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG) e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) relataram ataques químicos que tiveram como alvo curdos na província de Hassake, no nordeste da Síria.

De acordo com as YPG, os ataques ocorreram em 28 de junho e atingiram o bairro de Salhiya, em Hassake, e outras posições detidas pelos curdos ao sul da cidade de Tall Brak. Em um comunicado, as YPG disseram dispor de evidências "dos projéteis de armas químicas, que emitem um gás amarelo com um forte odor de cebola podre".

Em torno do ponto de impacto dos projéteis, o solo ganhou manchas de um líquido verde que fica amarelo quando exposto à luz solar. "Nossas tropas expostas a esses ataques tiveram queimaduras na garganta, olhos e nariz, acompanhadas de dor de cabeça, dores musculares, perda de concentração, problemas de mobilidade e vômitos", indicaram as YPG, que não informaram nenhuma morte.

As YPG, principal força curda da Síria, também indicaram ter apreendido máscaras de gás dos jihadistas do EI, "o que confirma seus planos de preparar e lançar ataques químicos nesta frente de combate". O OSDH, uma das principais fontes de informação sobre o conflito sírio que conta com uma ampla rede de informantes, também relatou dois ataques químicos.

Citando fontes médicas, o OSDH citou o caso de pelo menos 12 combatentes curdos sírios com sintomas de ataque químico em Tall Brak. Nem as YPG, nem o OSDH, foram capazes de especificar o tipo exato de armas químicas utilizadas nos ataques.

Os combatentes curdos informaram que lançaram uma investigação em conjunto com a ONG Conflict Armament Research e especialistas do grupo Sahan Research para determinar a natureza de tais ataques. Em março, o governo da região autônoma do Curdistão iraquiano declarou ter provas da utilização de gás de cloro como arma química pelo EI contra suas forças.

O cloro, que foi usado durante a Primeira Guerra Mundial, é um gás sufocante, proibido em conflitos armados pela Convenção sobre Armas Químicas de 1997. Também em março, o regime do presidente sírio Bashar al-Assad tinha sido acusado pela ONG Human Rights Watch de lançar barris cheios de gás de cloro contra civis em zonas rebeldes, o que Damasco negou.

Depois de um ataque em agosto 2013 com gás sarin perto de Damasco, denunciado por grande parte da comunidade internacional, o regime sírio concordou em desmantelar seu arsenal químico.

Helicópteros do governo sírio atacaram duas cidades no noroeste do país na noite da sexta-feira (1º). Suspeita-se que as aeronaves tenham lançado gás clorino, um tipo de arma química, contra os alvos. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, rede de ativistas baseada em Londres, ao menos 40 pessoas ficaram feridas e uma criança morreu durante os ataques.

Em Saraqeb, na província de Idlib, vídeos mostram médicos e habitantes correndo para um hospital local e tossindo, com algumas das vítimas apresentando dificuldade para respirar. Em Nareb, outra cidade em que grupos insurgentes têm ganhado espaço nos últimos dias, um médico teve de receber oxigênio após resgatar cidadãos. Os incidentes não foram reportados pela mídia estatal.

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Neste sábado (2), rebeldes sírios atacaram distritos controlados pelo governo na cidade de Aleppo, deixando 22 civis mortos e outros 45 feridos. O ataque aparentemente foi uma retaliação pela morte de um líder rebelde no dia anterior, segundo a rede de TV estatal do país. Fonte: Associated Press.

Ativistas sírios acusaram hoje o governo de usar gás cloro em um ataque a uma cidade controlada por rebeldes, que causou a morte de ao menos seis pessoas e contaminou outras dezenas, inclusive crianças.

O suposto ataque à cidade de Sarmin é o primeiro relato do uso de armas químicas no país desde que o conselho de Segurança aprovou, no início desde mês, uma resolução condenando o uso de tais recursos na Síria. A resolução, patrocinada pelos Estados Unidos, prevê o uso de força militar caso novas violações aconteçam.

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Entretanto, qualquer ação do tipo iria precisar do consentimento do Conselho de Segurança, que permanece dividido sobre a questão. Enquanto os Estados Unidos e seus aliados apoiam a oposição ao regime de Bashar Assad, Moscou tem usado seu poder de veto em diversas ocasiões para proteger seu aliado.

Um oficial sírio em Damasco negou que o governo tenha feito o ataque, e acusou os rebeldes. "O exército não usou e nunca usará armas proibidas internacionalmente", disse o oficial, que preferiu não se identificar.

Já o principal grupo opositor apoiado pelo Ocidente, a Coalizão Nacional Síria, disse que o governo usou helicópteros para jogar quatro bombas na cidade. Duas delas continham gás cloro. Segundo os rebeldes, cerca de 70 pessoas sofreram de problemas respiratórios por causa do ataque.

"Ao menos que o Conselho de Segurança tome medidas para assegurar a responsabilização, nós continuaremos a fingir que Assad irá parar de usar tais armas contra inocentes na Síria", disse o porta-voz da Coalizão, Salem Al-Meslet. Fonte: Associated Press.

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