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A ONG de direitos humanos Human Rights Watch identificou "ameaças aos pilares da democracia" vindas do presidente Jair Bolsonaro em seu último relatório sobre o Brasil, divulgado nesta quinta-feira, 13. A organização aponta que o mandatário brasileiro tentou "minar a confiança no sistema eleitoral, a liberdade de expressão e a independência do Judiciário". O documento traz um balanço de 2021 e aponta também falhas do governo federal no combate à pandemia de covid-19 e ao desmatamento da Amazônia.

A respeito dos riscos à democracia no País, o relatório destacou os episódios em que Bolsonaro atacou e tentou intimidar o Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo a organização, deu uma "resposta contundente" aos avanços do presidente. Ao longo do último ano, a Corte expediu mandados de prisão a personalidades ligadas ao chefe do Executivo que pregavam valores antidemocráticos nas redes.

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O documento registra com preocupação a ameaça de Bolsonaro de reagir "fora das quatro linhas" da Constituição às investigações do STF que atingem seus aliados. Outro ponto de atenção para a democracia é o fato de o presidente ter encaminhado ao Senado um pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, que conduz a maioria dos inquéritos contra o mandatário. O pedido acabou arquivado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Fazendo um apanhado dos fatos que levaram à escalada de tensão entre os poderes Judiciário e Executivo em 2021, o relatório lembra que o ápice desse enfrentamento ocorreu em setembro, quando o presidente Bolsonaro, durante atos relativos ao 7 de Setembro, ameaçou demitir e descumprir decisões do ministro Alexandre de Moraes. Dias após subir o nível da tensão, o chefe do Executivo recuou e, com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, divulgou carta que estabeleceu uma trégua com a Corte Suprema.

A ONG lembrou também que o presidente Bolsonaro procurou desacreditar o sistema eleitoral brasileiro, "alegando fraude eleitoral sem nenhuma evidência". Em um embate que levantou preocupação sobre a realização das eleições de 2022, o mandatário pregou pela instalação do voto impresso e insinuou que não haveria pleito caso suas propostas não fossem implementadas. O Estadão mostrou que o ministro Walter Braga Netto, da Defesa, mandou um duro um recado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), condicionando as eleições deste ano ao voto impresso.

"Com a proximidade das eleições presidenciais de outubro, o STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério Público Federal, o Congresso e outras instituições democráticas devem permanecer vigilantes e resistir a qualquer tentativa do presidente Bolsonaro de negar aos brasileiros o direito de eleger seus líderes", disse Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil.

Quanto aos riscos à liberdade de expressão, o relatório relembrou ataques do presidente a repórteres e à imprensa, além do costume do mandatário de bloquear críticos ao seu governo nas redes sociais.

No âmbito da pandemia, a organização considera que o governo federal fracassou no combate ao vírus da covid-19. O documento afirma que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid revelou que tanto o Executivo federal quanto autoridades locais falharam no fornecimento de oxigênio medicinal durante a crise em Manaus no início de 2021.

O relatório também destaca que o Planalto falhou em sua resposta ao impacto da pandemia na Educação. "A falta de acesso a dispositivos adequados e à internet, necessários para a educação online, excluiu milhões de crianças da escola, impactando especialmente crianças negras e indígenas e aquelas de famílias de baixa renda", diz a ONG.

A organização de direitos humanos Human Rights Watch identificou que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), bloqueou 176 contas nas redes sociais, a grande maioria no Twitter. A lista inclui jornalistas, congressistas, influenciadores com mais de um milhão de seguidores e população geral.

Também foram identificados bloqueios de contas de veículos de imprensa e de organizações não governamentais. "O número total de bloqueios é provavelmente muito maior", informa a Human Rights Watch.

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Para a organização, ao Bolsonaro bloquear seguidores que o criticam, ele está violando a liberdade de expressão e os direitos de acesso à informação e de participar do debate público. "O presidente Bolsonaro usa suas redes sociais como um importante meio de comunicação pública e de interação com a população. Mas ele está tentando eliminar de suas contas pessoas e instituições que dele discordam para transformá-las em espaços onde apenas aplausos são permitidos. É parte de um esforço mais amplo para silenciar ou marginalizar os críticos", diz Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil.

Pessoas bloqueadas precisam sair de suas contas para ter acesso às postagens do presidente, dificultando o acesso direto a informações do governo. Elas não podem interagir com as publicações, seja compartilhando, respondendo ou curtindo. 

A Human Rights Watch, por meio de pedidos de acesso à informação, solicitou o número de pessoas bloqueadas por Bolsonaro no Twitter, Facebook e Instagram. A Secretaria de Comunicação da Presidência negou a informação, alegando não gerenciar as contas.

A organização defende que a determinação de que contas de autoridades do governo em redes sociais são privadas não deveria depender de quem as gerencia, mas sim se são ou não usadas para compartilhar informações ou discutir assuntos de interesse público. A ong ressalta que Bolsonaro utiliza as redes sociais para fazer anúncios oficiais.

A maioria das pessoas que enviaram capturas de tela mostrando terem sido bloqueadas relataram que isso ocorreu após comentários criticando o governo. 

A Human Rights Watch também pediu o número de pessoas bloqueadas por membros do gabinete do presidente. O ministro da Cidadania e o ministro da Casa Civil até julho de 2021 disseram que não bloquearam ninguém. O vice-presidente Hamilton Mourão declarou ter bloqueado 28 pessoas no Twitter. Outros ministros se recusaram a fornecer informações.

A Secretaria de Comunicação da Presidência da República e os ministérios disseram ter bloqueado 182 pessoas nas contas institucionais. Os ministérios da Educação e da Justiça respondem por 85% dos bloqueios.

O Congresso Nacional estuda um projeto de lei que proíbe autoridades de alto escalão, eleitas e nomeadas, de bloquear seguidores nas contas de redes sociais que elas indiquem como sua conta oficial.

Pelo menos seis casos questionando bloqueios do presidente Bolsonaro em redes sociais estão em análise no Supremo Tribunal Federal (STF). Dois dos onze ministros já emitiram seus votos em dois desses casos, considerando que a prática é discriminatória e infringe os direitos à informação e à liberdade de expressão. As decisões pelo plenário do Supremo ainda estão pendentes.

Bolsonaro já reclamou que as redes sociais estavam excluindo suas postagens ou de seus seguidores. Em maio, ele enunciou que preparava um decreto para resolver a situação. Uma minuta do decreto mostra que o texto restringiria severamente a capacidade das plataformas de moderar conteúdo, como a remoção de informações incorretas e prejudiciais. Em 9 de agosto, Bolsonaro afirmou que apresentaria um projeto de lei no lugar do decreto, para proibir as plataformas de retirar conteúdo sem ordem judicial.

A Human Rights Watch divulgou nesta quarta-feira, 13, a nova edição de seu relatório anual sobre a situação dos direitos humanos, analisando mais de cem países. No capítulo sobre o Brasil, a organização afirma que o presidente Jair Bolsonaro tentou sabotar os esforços para desacelerar a disseminação da covid-19 no Brasil em 2020 e tomou medidas que prejudicam diretamente os direitos humanos.

Com 761 páginas, o relatório ressalta que Bolsonaro minimizou a covid-19, chamando-a de "gripezinha" e disseminou informações incorretas, entre outras violações aos direitos humanos. "O governo Bolsonaro promoveu políticas contrárias aos direitos das mulheres e das pessoas com deficiência, enfraqueceu a aplicação da lei ambiental e deu sinal verde às redes criminosas que operam no desmatamento ilegal da Amazônia", afirma a organização no documento.

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De acordo com a Human Rights Watch, o papel das instituições nacionais para conter os retrocessos promovidos pelo presidente foi essencial. "O Supremo Tribunal Federal tomou decisões contra as tentativas da administração de Bolsonaro de retirar dos Estados a autoridade de restringir circulação de pessoas para conter a pandemia, de suspender a Lei de Acesso à Informação e de ocultar dados públicas sobre a pandemia", diz o relatório.

Na coletiva de apresentação do relatório, a organização destacou momentos em que as instituições democráticas responderam à política de Bolsonaro que a HRS classifica como "antidireitos". Entre as respostas, além das decisões do STF, estão medidas como a determinação de obrigatoriedade de máscara em lojas e escolas feita pelo Congresso.

Para Anna Livia Arida, diretora da HRW no Brasil, Bolsonaro colocou a vida e a saúde dos brasileiros em "grande risco": "O STF e outras instituições ajudaram a proteger os brasileiros e barrar muitas, ainda que não todas, políticas antidireitos de Bolsonaro. Eles precisam permanecer vigilantes".

EUA

A futura relação entre Bolsonaro e novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi citada na coletiva de apresentação do relatório da HRW. Diretor executivo da organização, Ken Roth afirmou que a posse de Biden vai impor dificuldades a Bolsonaro, que via o presidente Donald Trump como um aliado e com quem tinha discursos alinhados. "É um novo mundo, um novo ambiente político. Bolsonaro terá dificuldades", afirmou.

Imprensa

O relatório destacou ainda a atuação da imprensa independente no País durante a pandemia. "A mídia impressa e televisiva desempenhou papel importante ao continuar informando o público, proporcionando um fórum para debate público e checando os poderes do governo, apesar da estigmatização, bullying e ameaças de ação judicial contra jornalistas por parte da administração Bolsonaro".

Amazônia

Ainda que as instituições democráticas tenham tido um papel fundamental, algumas ações do governo Bolsonaro não puderam ser contidas e trouxeram resultados ruins, de acordo com o relatório, como a destruição, entre agosto de 2019 a julho de 2020, de cerca de 11 mil km² de floresta amazônica e o aumento de 16% nos incêndios na Amazônia em 2020.

"Ele culpa os povos indígenas, organizações não governamentais e moradores locais pela destruição, em vez de agir contra as redes criminosas que são a força motriz da ilegalidade da Amazônia", disse Arida.

O adolescente venezuelano Juan (nome fictício), de 17 anos, passou cinco dias caminhando e pegando carona nas estradas, por mais de mil quilômetros, de Caracas a Boa Vista. O adolescente contou que, na Venezuela, já vivia sozinho e não conhecia os pais. "Lá todo mundo falava que, no Brasil, a gente tinha oportunidade, emprego. Então eu vim embora."

O jovem vive nas ruas há três meses. "Estou tentando um abrigo, mas eles dão prioridade a famílias e eu não tenho", lamentou. "Fiz amigos e agora busco trabalho. É difícil, mas tenho esperança."

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A reportagem ainda procurou outras crianças e adolescentes em cinco abrigos temporários e informais, além de prédios públicos abandonados, hoje ocupados por venezuelanos. Em um deles, o coordenador venezuelano, Nizan Abrantes, informou que um grupo de crianças e adolescentes chegou a buscar abrigo no local, mas foi mandado embora. "Não dava para ficarem aqui sem 'madre' nem 'padre'. A fiscalização vem e estaríamos em perigo. Então mandamos de volta para a rodoviária", afirmou.

A situação dessas crianças e adolescentes é conhecida por instituições públicas, como relata a conselheira tutelar de Boa Vista Andreza Ferreira. "Existem até os abrigos que chamamos de 'fantasmas'. São casas e vilas onde se aglomeram várias famílias e pessoas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Angola descriminalizou a homossexualidade, retirando do código penal uma cláusula sobre os "vícios contra natura" que era interpretado "como uma proibição de qualquer comportamento homossexual", anunciou nesta quinta-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

"Angola finalmente retirou de sua legislação a cláusula 'vícios contra natura'" herdada do período colonial, comemorou a organização de defesa dos direitos humanos em um comunicado.

"O governo proibiu, além disso, qualquer discriminação baseada na orientação sexual. E qualquer pessoa que se negue a contratar uma pessoa ou prestar serviços a ela devido a sua orientação sexual será passível de uma pena de até dois anos" de prisão, acrescentou a HRW.

Essas duas alterações foram aprovadas pelo parlamento na quarta-feira no âmbito de uma profunda reforma do código penal herdado da colonização portuguesa.

"Ao eliminar esses vestígios arcaicos da época colonial, Angola rechaça as discriminações" baseadas na orientação sexual, disse a HRW, que exortou "os 69 países que ainda criminalizam as relações homossexuais a seguir o exemplo" de Angola.

A organização internacional Human Rights Watch (HRW), de defesa dos direitos humanos, afirmou que "monitorará de perto" o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). "A Human Rights Watch acompanhará de perto a retórica e as ações do governo de Bolsonaro", disse José Miguel Vivanco, diretor das Américas da Human Rights Watch, em nota divulgada ontem (28), após o anúncio do resultado das eleições no país.

A ONG sublinhou que o capitão reformado venceu eleições marcadas por violência de cunho político. "Muitas vítimas eram pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros (LGBT), mulheres e negros", diz a nota. “Continuaremos fazendo nosso trabalho rigoroso e independente de investigação e pressão por mudanças de políticas públicas, como temos feito nas últimas décadas, na defesa dos direitos humanos de todos os cidadãos brasileiros, independentemente de gênero, orientação sexual, raça, filiações políticas ou crenças religiosas", disse o diretor da HRW.

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Na mensagem, a entidade também referencia declarações abertamente racistas, homofóbicas e machistas de Bolsonaro, além de perseguição e ameaças sofridas por, ao menos, 140 jornalistas durante a cobertura eleitoral, segundo casos documentados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

Segundo Miguel Vivanco, o Poder Judiciário brasileiro e outras instituições democráticas devem reagir diante de quaisquer sinais de violação a direitos fundamentais eventualmente vindos do novo governo. "O Brasil tem juízes independentes, promotores e defensores públicos dedicados, jornalistas corajosos e uma sociedade civil vibrante", afirmou Vivanco. "A Human Rights Watch se unirá a eles na resistência contra qualquer tentativa de erodir os direitos e as instituições democráticas que o Brasil construiu com tanto esforço nas últimas três décadas."

Em pronunciamento transmitido logo após o anúncio de sua vitória, Bolsonaro disse que irá respeitar a Constituição Federal e as leis vigentes no país. "Não podíamos mais continuar flertando com o socialismo, o comunismo e o extremismo da esquerda. (...) O que eu mais quero, seguindo o ensinamento de Deus, ao lado da Constituição brasileira, inspirando-me em grandes líderes mundiais e com uma boa assessoria técnica e profissional, isenta de indicações políticas de praxe, começar a fazer um governo, a partir do ano que vem, que possa colocar o Brasil em um lugar de destaque", declarou em vídeo, transmitido em cadeia nacional.

O filho do jornalista saudita Jamal Khashoggi deixou o seu país com a família rumo aos Estados Unidos, depois que o governo suspendeu a proibição de viagens, anunciou nesta quinta-feira a Human Rights Watch (HRW).

"Salah e sua família estão a bordo de um avião com destino a (Washington DC) no momento", disse à AFP Sarah Leah Whitson, diretora executiva da HRW para o Oriente Médio e Norte da África.

As autoridades sauditas não reagiram por enquanto, mas Whitson explicou que a viagem foi aparentemente autorizada depois que a proibição de deixar o país que pesava sobre Salah foi suspensa.

Jamal Khashoggi, jornalista crítico do regime saudita e colunista do jornal Washington Post, foi assassinado em 2 de outubro no consulado saudita em Istambul, onde foi buscar documentos para poder se casar.

O exército sírio utilizou gás neurotóxico em supostos ataques a Khan Sheikhun e também em outras três ofensivas atribuídas ao regime, denunciou nesta segunda-feira a organização Human Rights Watch (HRW).

Há uma "tendência clara" da utilização de armas químicas que poderiam custar ao governo sírio acusações de crimes contra a humanidade, de acordo com um relatório desta organização de defesa dos direitos humanos com sede em Nova York.

As forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, lançaram progressivamente ataques de cloro e começaram a utilizar foguetes de cloro nos combates próximos a Damasco, acrescentou. "A utilização pelo governo sírio de gás neurotóxico aumenta [o número de] mortes - e a tendência é clara", declarou Kenneth Roth, diretor-geral da ONG.

"Ao longo dos últimos meses, o governo utilizou os aviões, os helicópteros e os soldados no terreno para dispersar cloro e gás sarin em Damasco, Hama, Idlib e Aleppo", indicou. "Trata-se de uma prática generalizada e sistemática [de uso] das armas químicas", acrescentou o diretor da HRW.

A organização entrevistou 60 testemunhas e estudou as fotos e os vídeos do suposto ataque a Khan Sheikhun em 4 de abril, que provocou a morte de 87 pessoas, e de outros ataques neurotóxicos em dezembro de 2016 e de março de 2017.

O Relatório Mundial 2017 da Human Rights Watch (HRW), que analisa práticas na área de direitos humanos em mais 90 países e divulgado nesta quinta-feira (12) , dá destaque negativo ao Brasil por causa do grande número de assassinatos praticados por policiais (execuções extrajudiciais), dos presídios superlotados e de maus-tratos, inclusive tortura, contra presos.

O trabalho cita melhorias no País no campo dos direitos humanos, como a expansão das audiências de custódia, que aceleram as decisões judiciais para presos em flagrante. Mas faz muitas críticas à condução das áreas de segurança pública e sistema penitenciário, entre outras.

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O aumento de 85% na população carcerária de 2004 a 2014 - chegando a mais de 622.200 pessoas - e o fato de os presídios estarem com a capacidade superada em 67% e com efetivo de agentes penitenciários insuficiente são salientadas pelo relatório.

A morte de 99 presos nos presídios dos Estados do Amazonas, Roraima e Paraíba este mês entrou no documento. Outro revés citado é a morte de cinco jornalistas em 2016, de janeiro a outubro, atingindo 21 jornalistas desde 2011. O relatório está em sua 27ª edição e tem 687 páginas.

A HRW destaca que as execuções extrajudiciais (assassinatos cometidos por policiais) abastecem o ciclo da violência em áreas que já têm altos índices de criminalidade e fazem elevar o risco de vida dos policiais. Cita que, em 2015, 393 policiais foram assassinados no Brasil. No mesmo ano, as polícias mataram 3.345 pessoas, o que representa um crescimento de 6% nos números de 2014 e de 52% na comparação com 2013 - os dados foram creditados à ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Fundada em 1978, a HRW é uma respeitada ONG internacional com sede em Nova York. Seus relatórios apontam violações aos direitos do homem como forma de chamar a atenção da comunidade global para esses abusos, e de pressionar governos a combatê-los.

"Os brasileiros devem estar orgulhosos do exemplo que estão dando ao mundo por sua capacidade de contrariar o poder político e empresarial, de atuar sem dois pesos e duas medidas." A avaliação é do diretor executivo para as Américas da Human Rights Watch, entidade de defesa dos direitos humanos com sede em Washington, José Miguel Vivanco.

O diretor executivo, que está no Brasil, "não vê futuro" na ação do PT na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), denunciando um "golpe".

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"Nunca o caracterizamos como golpe nem o faremos", disse Vivanco, que nasceu no Chile. "O Brasil enfrenta uma crise política muito profunda e lida com ela dentro do quadro constitucional. Os aspectos técnicos de Orçamento não são nossa especialidade, e a discussão tem aspectos jurídicos e políticos, mas, de acordo com a Constituição, quem tem esse dever é o Congresso, e a maior evidência de que o processo está sendo conduzido de forma constitucional é que a presidente Dilma Rousseff compareceu nesta segunda-feira, 30, e está fazendo sua defesa."

Para Vivanco, que acompanha de perto as ações na Comissão da OEA, em Washington, a ação do PT "não tem base jurídica, mas reflete a reação previsível de um partido político prestes a perder poder e que se utiliza de todas as instâncias e canais a que possa ter acesso". O especialista acrescentou: "O Brasil está dando lições valiosíssimas a esta região, ao mostrar a importância de ter um Poder Judiciário independente, que exerce suas missões e defende seus foros à margem de cálculos políticos oportunistas". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Milhares de crianças afegãs, algumas de apenas 8 anos, trabalham em condições perigosas, apesar de a lei afegã proibí-lo, denunciou a organização Human Rights Watch (HRW). Além disso, metade dos menores que trabalham no Afeganistão se veem obrigados a abandonar a escola, segundo relatório publicado nesta quinta-feira.

A HRW acusa o governo de não aplicar a lei que proíbe que menores trabalhem em setores perigosos e de ter cessado seus esforços de modificar a lei trabalhista para conformá-la às normas internacionais.

"Aqui, as crianças trabalham dos dez, as vezes desde os 8, até os 15 ou 16 anos. Levantam às 3 da manhã e trabalham até a noite. Elas se queixam de dores. Mas o que podem fazer? Precisam ganhar a vida", afirma aos autores do estudo o chefe de uma fábrica de tijolos em Cabul.

"De acordo com a lei afegã, os menores entre 15 e 17 anos podem trabalhar em setores nos quais não correm riscos, que representam uma forma de aprendizagem e se não trabalharem mais de 35 horas por semana", afirmou à AFP Ahmad Shuja, representante da HRW em Cabul.

A extrema pobreza no Afeganistão, um dos países mais pobres do mundo e onde a taxa de desemprego em 2016 foi de mais de 40%, obriga os menores a trabalhos perigosos.

Em resposta ao relatório da Human Rights Watch, no qual o sistema prisional de Pernambuco é considerado o pior do país, o secretario-executivo de Ressocialização do Estado, Éden Vespaziano, convocou coletiva para mostrar dados “positivos” sobre as penitenciárias pernambucanas. Para o responsável pela pasta, houve equívocos no documento divulgado nesta terça-feira (20) pela ONG que avaliou as prisões.

“Gostaria de contestar um pouco aqueles dados. Acredito que houve confusões quando fizeram as visitas. O relatório diz que havia 2600 pessoas com tuberculose (no sistema prisional do Estado). Na verdade, aquilo era o número de pessoas examinadas, que já subiu para 6300 coletas. O número correto é de 410 pessoas com tuberculose comprovada, que representa 1,3% da população carcerária”, disse Vespaziano, ao discordar também do número de técnicos nas equipes de saúde dos presídios. Segundo o secretário, há 504 profissionais no setor, diferente dos 161 apontados pela pesquisa. 

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Baseando sua fala em uma apresentação de slides, o secretário tentou mostrar que o sistema prisional do Estado está mau das pernas, mas nem tanto. Trouxe dados sobre os novos presídios de Tacaimbó e Araçoiaba, previstos para ser entregues, respectivamente, nos finais de 2015 e 2016. Falou da intensificação do videomonitoramento do Complexo do Curado, com expectativa de se tornar uma atividade 24 horas por dia, até o final deste ano. Defendeu que, desde o início de sua gestão, em janeiro de 2015, a secretaria vem, paulatinamente, mostrando resultados. 

“Temos aí R$ 2 bilhões do Funpen (Fundo Penitenciário Nacional) que sabemos que serão disponibilizados até o fim do ano para os estados. Estamos, através de projetos e novas propostas, trabalhando para atrair recursos para Pernambuco. As soluções estão sendo dadas de imediato”, afirmou Éden Vespaziano.

Prisões de Pernambuco têm 20 mil vagas a mais que o limite

Com uma capacidade para 11.196 pessoas, o sistema prisional de Pernambuco está, atualmente, com 31.919 reeducandos, com um déficit de 20.723 presos. A superlotação é, para o secretário, o principal problema a ser minimizado pela gestão atual, mas garante que os resultados não serão para agora. “Elaboraremos um plano estratégico, a partir do ano que vem, com projeções para os próximos cinco, dez, 20 anos. Estamos trabalhando”. 

A unidade de Santa Cruz do Capibaribe, já entregue pelo Governo, dispõe de 186 vagas. A Unidade Prisional de Tacaimbó e o Complexo Prisional de Araçoiaba terão, respectivamente, 689 e 2574 vagas. Também como promessas da gestão estão a "reforma e adequação" do Complexo Prisional do Curado e conclusão das obras no Centro de Observação e Triagem (Cotel)

Mais de 23 mil kg de maconha apreendidos em nove meses

Desde o início do ano até agora, a SERES garante que cerca de 23 mil kg de maconha foram recolhidas de dentro dos presídios de Pernambuco. Em relação às armas brancas, foram 3200 apreendidas. Além de 11 armas de fogo, as fiscalizações também retiraram 1900 celulares das penitenciárias. Outros dados disponibilizados pela secretaria foram a quantidade de túneis descobertos durante o ano (12 no total) e as tentativas de fugas interceptadas (58).  

A Human Rights Watch (HRW), entidade internacional que defende os Direitos Humanos, classificou o sistema carcerário de Pernambuco como o pior do Brasil. O estudo e as conclusões sobre o assunto estão disponíveis no relatório "O Estado deixou o mal tomar conta".

Os presídios, segundo a HRW, são comandados pelos presos e convivem com o extremo da superlotação. Além disso, possuem alto índice de infectados por doenças respiratórias, como a tuberculose, e sexualmente transmissíveis, como o HIV.

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A entidade visitou quatro prisões em Pernambuco este ano e entrevistou 40 presos e egressos do sistema prisional, assim como seus familiares, autoridades prisionais, juízes, promotores, defensores públicos e policiais.

As lideranças dos presídios são chamados de chaveiros. São eles que definem horários de banho de sol ou se algum detento sofrerá punições por indisciplina. Foram vários os relatos de detentos que foram abusados sexualmente e vítimas de sessões de tortura por não pertencer ao mesmo grupo que comanda a cadeia.

Em todas as unidades visitadas, as portas do presídio foram abertas pelos próprios presos. "Agentes do Estado só fazem a segurança externa. Dentro, quem manda são os presos", disse a diretora do escritório da HRW no Brasil, Maria Laura Canineu. Segundo ela, a superlotação dos presídios é o fator principal que desencadeia os demais problemas.

Segundo o relatório, na Penitenciária Marcelo Francisco de Araújo, as 465 vagas são ocupadas por 1902 detentos. No Presídio Juiz Antonio Luiz de Barros, há celas sem janelas e sem colchão onde 37 presos se amontoam em meio ao mofo e cheiro insuportável de fezes; em outra ala, presos se amarram nas grades para conseguir dormir.

O estudo concluiu que a incidência de HIV entre os presos de Pernambuco é 42 vezes maior que a média da população brasileira. São 870 casos para cada 100 mil habitantes. Para Maria Laura, a solução imediata para amenizar o problema são as audiências de custódia, quando o bandido é levado para o juiz em até 24 horas depois de ser preso. Dependendo do caso, ele pode sair da cadeia imediatamente para responder o processo em liberdade.

Em nota, o governo de Pernambuco informou que "destaca o seu respeito à atuação da Human Rights Watch e de outras organizações que defendem os direitos humanos. No entanto, a gestão estadual não recebeu qualquer relatório da entidade sobre a situação prisional do Estado. O Governo reconhece a necessidade de melhorias na área e vem encarando com prioridade e responsabilidade sua atuação, que não será tutelada por organizações sociais".

A organização não-governamental em prol dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) afirmou que a coalizão liderada pela Arábia Saudita pode ter usado bombas de fragmentação em seus ataques aéreos contra rebeldes xiitas no Iêmen. Em relatório divulgado neste domingo, a organização diz que imagens de satélite indicam que as munições caíram "a menos de 600 metros de várias dezenas de construções em quatro a seis conjuntos de aldeias".

Munições de fragmentação espalham pequenas bombas em uma área ampla. Muitas delas não explodem imediatamente. As pequenas bombas podem matar ou mutilar civis muito tempo depois do fim de um conflito. O relatório diz que as armas foram fornecidas à Arábia Saudita pelos Estados Unidos. A Arábia Saudita negou ter usado bombas de fragmentação durante sua ofensiva de um mês contra os rebeldes.

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A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que pelo menos 550 civis foram mortos no conflito, tanto em ataques aéreos como em combates terrestres. Fonte: Associated Press.

A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou violações dos direitos humanos contra manifestantes opositores na Venezuela - incluindo a tortura -, com o objetivo de castigar a dissidência política, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira sobre os protestos, que deixaram 41 mortos.

A HRW encontrou "evidências convincentes de graves violações de direitos humanos cometidas por membros das forças de segurança" e funcionários judiciais na Venezuela, em 45 casos que envolvem mais de 150 vítimas, afirma o relatório publicado em Washington.

Os integrantes das forças de segurança também permitiram que grupos armados partidários do governo atacassem civis que não estavam armados, e em alguns casos colaboraram abertamente com eles, segundo o documento de uma centena de páginas intitulado "Castigados por protestar".

Os casos incluem violações do direito à vida, agressões físicas, detenções arbitrárias e descumprimento do devido processo, assim como torturas e tratamentos cruéis contra opositores que saíram às ruas desde fevereiro para protestar contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

Segundo o diretor para as Américas da HRW, José Miguel Vivanco, as denúncias "formam parte de um padrão alarmante de abusos, que representa a crise mais grave que já presenciamos na Venezuela em anos", declarou em um comunicado de imprensa.

O relatório reúne os resultados de uma investigação da HRW em março - durante o pico dos protestos - em Caracas e em três estados da Venezuela, com testemunhos de vítimas e de seus familiares, de médicos, jornalistas, advogados e defensores de direitos humanos, entre outros, assim como evidências dos abusos.

A organização considerou que alguma manifestantes utilizaram métodos violentos, como lançar pedras e coquetéis molotov contra a polícia, como denunciou o governo venezuelano.

No entanto, nos 45 casos estudados foram os soldados os que recorreram "reiteradamente a um uso ilegítimo da força", assim como a "insultos políticos" contra manifestantes pacíficos e desarmados, inclusive depois que foram detidos, segundo a ONG com sede em Nova York.

Por isso, a Human Rights Watch conclui "que o propósito (da atuação policial) não foi restabelecer a ordem pública nem dispersar os protestos, mas castigar pessoas por suas supostas ou reais opiniões políticas", disse.

Em um terço dos casos, as vítimas foram fotojornalistas ou pessoas com telefones celulares que estavam documentando a atuação das forças policiais.

As manifestações nas ruas, cuja intensidade diminuiu desde seu início, em 4 de fevereiro, deixaram 41 mortos e mais de 700 feridos, enquanto o Ministério Público realiza 145 investigações por violação de direitos humanos, a maioria por tratamento cruel.

O governo sírio recorreu a explosões controladas e buldôzeres para demolir milhares de imóveis residenciais, em alguns casos derrubando bairros inteiros, em uma aparente campanha para punir civis simpáticos à oposição ou para causar a eles prejuízos desproporcionais. A denúncia foi feita nesta quinta-feira (30) pela organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch em um relatório de 38 páginas.

As demolições ocorreram entre julho de 2012 e julho do ano passado em sete distritos considerados favoráveis à oposição que tenta derrubar o presidente Bashar Assad em Damasco, em cidades próximas e em Hama, na região central da Síria. A Human Rights Watch denunciou que a prática de demolições deliberadas viola as leis internacionais e pediu o fim imediato da prática.

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"Tirar do mapa bairros inteiros não é uma tática de guerra legítima", denunciou Ole Solvang, pesquisador de emergências da ONG. "As demolições ilegais são as mais novas integrantes de uma longa lista de crimes cometidos pelo governo sírio", prosseguiu.

De acordo com a Human Rights Watch, muitos dos imóveis demolidos eram blocos de apartamentos. Milhares de famílias perderam suas casas por causa das demolições, segundo os cálculos da ONG sediada em Nova York.

Ainda segundo a Human Rights Watch, o governo e a mídia estatal da Síria têm qualificado as demolições ou como parte de um projeto de planejamento urbano ou como uma campanha para remover construções ilegais.

Os investigadores da Human Rights Watch, porém, determinaram que as demolições foram supervisionadas pelas Forças Armadas e que todos os bairros tinham sido palco de recentes combates e eram identificados como zonas de apoio à oposição. Fonte: Associated Press.

Grupos de direitos humanos estão condenando uma ordem da agência de comunicações da Venezuela para que um canal de televisão pare de mostrar vídeos que questionam a legalidade do adiamento da posse do presidente Hugo Chávez.

As organizações Human Rights Watch e Repórteres sem Fronteiras criticaram as ações do governo venezuelano contra o Globovision, único canal antichavista.

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A Human Rights Watch afirmou em um comunicado neste sábado que o governo venezuelano está tentando censurar discussões públicas sérias e intimidar seus críticos.

O Globovision mostrou vídeos nos quais reprisava declarações de Chávez, do vice-presidente, Nicolas Maduro, e do advogado geral da Venezuela.

Nos vídeos, o canal questionou a constitucionalidade de adiar a posse do presidente para um novo mandato, prevista para o dia 10 de janeiro, enquanto Chávez continua em Cuba mais de um mês depois de ser submetido a uma cirurgia de câncer. A oposição também se mostrou contrária ao adiamento, mas a Suprema Corte do país decidiu que Chávez pode ser empossado mais tarde.

O Conselho Nacional de Telecomunicações abriu na última quarta-feira uma investigação sobre as proibições impostas ao Globovision. Pedro Maldonado, o diretor da agência, disse que o canal manipulou informação e que era ilegal que canais de televisão mostrassem programação que "gera ansiedade nos cidadãos ou perturbem a ordem pública".

Essa é a oitava investigação desse tipo que a agência regulatória abriu contra o Globovision nos últimos anos. Maldonado disse que o canal de notícias poderá enfrentar proibições, incluindo um fechamento por 72 horas, ou multa de até 10% de sua renda anual bruta. As informações são da Associated Press.

O governo da Arábia Saudita executou nesta terça-feira dois homens condenados por tráfico de drogas, anunciou o Ministério do Interior. Os dois foram decapitados. Mohammed Abdulmalik Ajaj, um sírio, foi detido por contrabandear "207 mil pílulas de narcóticos" disse o ministério em comunicado da agência de notícias estatal SPA. Ele foi decapitado na província nortista de Jawf. Em outro comunicado, o ministério disse que Hamad Al-Yami, cidadão saudita, foi decapitado na província de Jizan, no sudoeste da Arábia, por ter traficado haxixe.

As decapitações elevam para oito o número de pessoas executadas neste ano na Arábia, de acordo com uma contagem da agência France Presse (AFP) baseada em números do governo. Em 2011, a Anistia Internacional disse que 79 pessoas foram executadas, enquanto em 2010 foram 27, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), que citou relatório da Human Rights Watch, organização de defesa dos direitos humanos. A Arábia Saudita aplica a pena de morte para uma série de crimes, incluindo estupro, assassinato, apostasia, assalto a mão armada e tráfico de drogas.

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As informações são da Dow Jones.

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