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Ainda são 14h e as crianças estão ansiosas correndo de um lado para o outro na rua, os olhos atentos são direcionados para a casa de número 146, no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. Daqui a duas horas, pontualmente às 16h, o terreiro Ilé Axé Pandá Lairá vai iniciar a tradicional distribuição de sacolinhas com doces em devoção ao Dia de São Cosme e São Damião, nesta quarta-feira (27). A casa distribui os brindes há mais de 70 anos e, mesmo com as dificuldades, resiste para manter a tradição e respeito aos orixás.

O Dia de São Cosme e Damião é celebrado pelos católicos e religiões afro-brasileiras em datas diferentes. Os seguidores do candomblé e da umbanda festejam os santos gêmeos no dia 27 de setembro. Já a Igreja Católica, 26 de setembro. De acordo com Natali Anselmo, de 34 anos, à frente da organização da festividade no terreiro de Candomblé, a religião de matriz africana também homenageia os santos católicos. “Na época, os escravos aproveitavam os festejos dos santos católicos pelos senhores de engenho para realizarem os seus rituais”, conta.

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Segundo a versão contada por Natali, Cosme e Damião são associados com os orixás-crianças, Ibejis e Erês, filhos gêmeos de Iemanjá, que atenderiam aos pedidos de uma pessoa em troca de doces. Daí a origem dos chamados "docinhos de São Cosme e São Damião". No catolicismo, a distribuição de doces se dá porque os santos ofereciam guloseimas para amenizar a tristeza das crianças e enfermos e, por isso, os dois são considerados protetores dos pequenos.

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O sacerdote de Jurema Alexandre L'Omi L'Odò explica que o dia 27 de setembro é uma das datas mais importantes para os terreiros de matriz africana. “As crianças são puras e quanto mais a gente as agrada, mais elas nos ajudam espiritualmente. Elas trazem paz, prosperidade e harmonia. É uma reinterpretação de culturas e isso faz parte do nosso Brasil", explica.

Apesar de manter a tradição por anos distribuindo doces, sacolinhas recheadas, montando quebra-panelas e os famosos 'bamburins', o Pai de Santo Nelson Gomes lamenta a diminuição de crianças que vêm buscar o brinde. “A gente fazia antigamente quase duas mil sacolinhas. Hoje em dia, poucos pequenos ainda recebem”. Ele conta que foram preparados cerca de 600 saquinhos e atribui a queda da distribuição à intolerância religiosa por parte de evangélicos.

Para Alexandre, as crianças até querem receber os doces, mas muitos pais não permitem. “Existe hoje um plano de poder evangélico que quer simplesmente fazer o etnocídio das tradições de matriz africana, com um tipo de doutrina religiosa que é racista e intolerante. Eles dizem que o saquinho do Cosme e Damião é do diabo e faz mal”, lamenta.

Mesmo com as dificuldades e o preconceito, o terreiro resiste firme e preparou um dia de muita energia positiva. No altar, a oferenda ao santo estava posta e os saquinhos todos preparados para serem recebidos pelas crianças. Às 16h, a fila no portão já era grande e barulhenta. Mães com bebês no colo, crianças, avós, pais e até os mais velhos queriam uma sacolinha.

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Na Zona Oeste do Recife, no bairro da Iputinga, o comerciante Osvaldo da Silva, de 60 anos, também celebra o Dia de São Cosme e Damião. Católico, há mais de dez anos, ele decidiu seguir a tradição de sua tia, que faleceu na década de 1990 e tinha o dia 27 de setembro como um dos mais importantes do ano.

Para dar segmento a tradição, Osvaldo e seu companheiro Robson Alexandre, 29, compram chicletes, doces, pipoca e montam um verdadeiro festejo na comunidade que vivem. Este ano, eles prepararam 300 sacolinhas para distribuir entre as crianças. Além das guloseimas, Osvaldo também gosta de doar brinquedos aos pequenos, mas por causa de problemas financeiros, em 2017, apenas doces serão distribuídos.

O umbandista Antônio do Sopão, como é conhecido, também celebrou a data no Recife e há quatro anos decidiu começar a distribuir as guloseimas. “Sou da Umbanda há 30 anos e quando chega a época de Cosme e Damião, faço essa festinha para as crianças de rua e mais carentes. Pelo quarto ano, levo a alegria a elas”, diz.

Por causa do trabalho, Antônio teve que realizar a festividade no último domingo (24). No evento, muitos doces, sacolinhas, bandas, músicas e brinquedos para a criançada. A festa foi realizada no bairro do Sétimo RO, em Olinda e ele pretende mudar o local a cada ano.

De acordo com registros históricos, os portugueses trouxeram para o Brasil suas crenças e santos e foi assim que a devoção por Cosme e Damião começou a ser difundida. Com a chegada dos negros por causa da escravidão, as religiões africanas também foram trazidas. Acontece aí, a fusão de crenças nativas, europeias e africanas fez surgir o sincretismo e a reinterpretação de elementos.

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Quatro pessoas assaltaram um terreiro de candomblé durante uma cerimônia nas últimas horas do sábado (23), em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR).  Um policial do Rio Grande do Norte participava da festividade em homenagem a Oxum e reagiu ao assalto. Houve troca de tiros, mas ninguém se feriu.

O terreiro Ilê Oguiã Olabomaxó fica localizado na Rua Malaquias Felipe da Costa, no bairro de Cidade Tabajara. Segundo o babalorixá José Iguaracy, administrador do terreiro, os criminosos conseguiram levar dinheiro e pertences dos frequentadores. 

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“Havia mais de 300 pessoas na hora. Tinha gente do lado de fora, na cozinha,  foi um momento de terrorismo. Tinham gestantes, operados do coração, idosos com mais de 90 anos. Gente caindo por cima do outro, costela em cima de costela, se cortaram. Mas graças a Deus os tiros não bateram em ninguém, e graças a Oxum também, que segurou as balas”, conta o pai Iguaracy.

Para o pai de santo, a atitude do policial foi importante. “Pelo o que os presentes me contara, o intuito seria fazer algum vandalismo. O policial que deu a salvação , pessoa muito importante”, resume. Houve poucas avarias no local. Vidros de portas foram quebrados na correria e há marcas de tiros no portão e no teto. 

A Polícia Militar (PM) enviou viaturas ao local, mas os criminosos já haviam fugido.  O delegado Renato Gayão, da Delegacia do Varadouro, já ouviu as vítimas. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) participa de uma reunião com os frequentadores do terreiro e de representantes de religião de matriz africana nesta segunda-feira (25).                

Um terreiro de candomblé foi alvo de criminosos em Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense. Sete pessoas invadiram o local durante uma sessão e obrigaram a yalorixá a destruir imagens sacras, sob a mira de uma arma. Um dos envolvidos filmou toda a ação, que mostra um deles inclusive urinando em uma das imagens, e divulgou nas redes sociais.

Os filhos de santo (fieis) foram obrigados a deixar o local e tiveram as guias arrancadas do pescoço. No vídeo gravado pelo grupo que atacou o local, eles afirmam que “não vão permitir a prática de bruxaria” na comunidade. Enquanto praticavam os atos, os criminosos usavam termos cristãos como “sangue de Jesus tem poder” e “desfaçam o mal em nome de Jesus”.

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Outro ataque também foi filmado e circula pelas redes sociais e a comissão de Combate à Intolerância Religiosa investiga se foi cometido pelo mesmo grupo. Nas imagens, um homem é obrigado a destruir o próprio terreiro de candomblé. Também sob a mira de arma de fogo, os bandidos dizem que ele será morto, caso tente montar outro terreiro na favela.

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Na última quinta-feira (17), um terreiro que fica localizado na rua do Curuzu, em bairro da periferia de Salvador, foi invadido por policiais da Polícia Militar (PM-BA). O templo Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, que já possui 127 anos de história e atuação, foi tombado pela prefeitura em 2016. O pai de santo, Amilton Costa, informou que a invasão por parte dos policiais ocorreu pela manhã, quando eles quebraram a porta do terreiro e acessaram a parte sagrada da casa.

Amilton ressaltou que a parte invadida é onde ficam recolhidos os filhos de santo que estão em obrigação religiosa, e que dessa forma, não seria uma área de acesso. Segundo ele, os policiais adentraram o espaço sem permissão, alegando que estavam em operação. No entanto, o religioso afirma que o caso se trata de intolerância religiosa, uma vez que acredita que o tratamento foi feito de forma violenta apenas por se tratar de um terreiro de candomblé.

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O pai de santo contou, em denúncia para oficiais da PM na última sexta-feira (18), que os policiais apontaram a arma para ele e para outro que estava no momento, durante a ação. Contou também que profissionais da polícia civil já haviam pedido para revistar o imóvel e que ele havia dado autorização. Mas a ação dos outros policiais, no entanto, foi de forma brusca e violenta, pois eles adentraram pelo fundo da casa, e arrombaram o local.

Após denúncia, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que haveria apuração das informações, feita pela Corregedoria da Polícia Militar. Depois do ocorrido, o templo suspendeu as atividades.

ATUALIZAÇÃO

Com a investigação, o departamento de comunicação da Polícia Militar comunicou que já foram ouvidas as declarações dos envolvidos no caso, e que seriam tomadas medidas administrativas como punição. No entanto, o comando da PM não vê motivação para afastamento dos policiais de suas atividades profissionais. Edmilton Reis, comandante da 37ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM - Liberdade), informou que os envolvidos estavam em perseguição a dois criminosos, e pediu desculpas pela ação. Eles garantem ainda que a reperação no templo será feita.

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Modelar, esculpir, pintar e seguir fielmente os formatos de cada imagem religiosa - tudo com bastante atenção. Esses são apenas alguns dos inúmeros processos para criação de objetos místicos que são procurados por milhares de religiosos. Cada um deles, independentemente da crença que representa, possui uma carga de significado e beleza pelas cores, formato e tamanhos.

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Criar representações religiosas que possuem toda essa singularidade, através das imagens que são veneradas por milhares de pessoas, é uma realidade vivenciada por Adriano Alves desde os sete anos de idade. Hoje com 43, a história familiar do artesão se confunde diretamente com a profissão que ele segue, de ‘santeiro’, produzindo imagens de santos católicas e de orixás do candomblé. 

O ensinamento veio do pai, responsável por desde cedo guiar os passos do filho, que aos poucos começou a fazer suas peças. “Meu pai sempre fez tudo. Ele sempre foi o meu grande exemplo para mim porque não tive minha mãe ao lado, que acabou abandonando a família. Com ele, aos poucos aprendi a fazer muita coisa que sei e pratico atualmente”, fala o artesão, satisfeito.

Morador do bairro de Água Fria - Zona Norte da cidade do Recife -, Adriano revela que a família o ajuda e a filha, com oito anos, também já tem interesse pela produção. “Minha família cresceu vendo isso, então é comum eles ajudaram até dentro de casa. Minha filha, por exemplo, auxilia como pode e é sempre muito curiosa, como eu era”, relata.

Independente da crença, Adriano produz em grande escala santos católicos e imagens de orixás. Quando questionado se a sua religiosidade influência em sua produção, ele responde de forma simples, “Eu acredito em Deus e apenas faço!”, confira a seguir a entrevista com o artesão que explica o processo.

Trabalhando também em uma fábrica de produção de imagens religiosas, Arilson Cabral, de 43 anos, se dedica à confecção de Ilú - instrumento utilizado no Candomblé e na Umbanda. Para ele, que já seguiu a religião de Umbanda, construir essas peças tão representativas é um mérito que foi conquistado aos poucos. Segundo Arilson, ele trabalhava em uma ferragem quando foi convidado para a fábrica. “Eu era ferreiro e casualmente o dono na empresa perguntou se eu gostaria de trabalhar com carteira assinada. Com esse convite, não tive dúvida. Mesmo sem nem saber como fazer, tentei e persisti por dois meses e há doze anos estou aqui”, conta o senhor ao LeiaJá.

Cabral fala que respeita todo tipo de doutrina e que o maior prazer de trabalhar produzindo ilús está na satisfação de levar o sustento para casa e manter a família.

Diferente dos dois, a dupla de amigos Francisco Buarque e Pedro Pettrus utiliza a crença espiritual para produzir as próprias peças. Depois de trilharem caminhos distintos, eles se reencontraram e formaram uma parceria que está rendendo uma satisfação que vai além do plano material, através da Oficina de Artes Govinda.

De seguimento distinto à arte, o administrador Francisco, de 47 anos, buscou na arte religiosa o refúgio para encontrar o seu próprio eu, e difundir sua crença através de peças que representam o Santíssimo e obras exotéricas. No terraço de sua casa e no quintal é possível observar e sentir a energia de sua religiosidade.

Em entrevista ao LeiaJa.com, Francisco conta que o que o levou a trabalhar com a arte foi a procura do respeito à mãe natureza, à espiritualidade e a busca da felicidade. Para isso, ele encontrou na Mata do Uchôa, juntamente com o amigo Pettrus, objetos que começaram a ser utilizados na produção de arte.

Segundo o seu sócio Pedro Pettrus, a mata se transformou em um ambiente de comunhão e troca. Os artistas utilizam o bambu da região, mas atuam no reflorestamento do local e interagem com os moradores do Uchôa. O artista Pedro Pettrus, que trabalha com arte há mais de 20 anos, conta que a parceria está conseguindo unir trabalho com a espiritualidade.   

O Sítio Trindade, localizado no bairro de Casa Amarela, recebe nesta quarta-feira (21) a 11ª edição da exposição de Culinária Afro-Brasileira, das 18h às 22h. Na ocasião, serão servidos pratos preparados em terreiros de candomblé, para adoração dos orixás. O evento promove a difusão da cultura de matriz africana e o resgate da identidade brasileira. A degustação é gratuita.

Ao todo, serão dez expositores que servirão pratos como: gbègìrì e amalá, iguarias feitas com quiabo. A mostra, que faz parte da programação do Ciclo Junino da Prefeitura do Recife, é de iniciativa do Terreiro Ilé Àse Egbé Awo, de responsabilidade da Mãe Elza de Iemanjá e apoio da Secretaria de Cultura do Recife e Fundação de Cultura Cidade do Recife (FCCR). 

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Confira a programação completa

 18h - Abertura do ÀJÒDÚN (Cânticos ao ÒRÌSÀ ÈSÙ)

 18h30 - Início da degustação e continuação do ÀJÀDÚN (Cânticos aos Òrìsà, Vodun, Nkise)

 20h30 - Cânticos para SÀNGÓ, HEVIOSO e NZAZI (Roda para o REI)

 21h - Homenagens e entrega do prêmio ÌYÁBÀSÉ 2017(Cozinheira do Àse)

 22h - Encerramento do Sirè (Seguimento de cânticos e rezas).

 Serviço

11ª Exposição da Culinária Afro-Brasileira

 21 de junho

 Sítio Trindade ǀ 18h às 22h

Gratuito

O cantor Zeca Pagodinho sofreu golpe de uma funcionária de confiança, que trabalhava em seu escritório há mais de dez anos. A mulher também frequentava reuniões familiares, festas e até mesmo a casa do artista. A informação foi confirmada ao LeiaJá pela assessoria de imprensa do cantor, que por telefone, não quis entrar em detalhes sobre o valor, mas ressaltou que o golpe foi de um valor inferior a R$ 180 mil e que o sambista ainda definirá que medidas irá tomar com relação ao caso.

Na última semana, depois que seu amigo e também cantor Arlindo Cruz sofreu um Acidente Vascular Cereberal (AVC), no Rio de Janeiro, Zeca convocou vários de seus fãs para uma oração em prol da recuperação do sambista e ambos foram vítimas de intolerância religiosa por alguns internautas, por pertencer a religião do candomblé. 

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Ainda segundo a assessoria, Zeca anda bastante abalado com o quadro de saúde de Arlindo, não tem ido visitá-lo no hospital, mas tem se comunicado diariamente com os familiares do cantor e dado todo o apoio necessário.

Arlindo Cruz segue internado em estado de coma induzido, em um hospital na Zona Sul do Rio de Janeiro. Um novo boletim sobre seu estado de saúde deve ser divulgado ainda nesta quinta-feira (23).

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Mesmo internado desde a sexta-feira (19), vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), o cantor carioca Arlindo Cruz tem sido vítima de intolerância religiosa e notícias falsas. Ele, que sempre admitiu pertencer à religião do candomblé, também tem sido alvo de críticas de alguns usuários nas redes sociais, que muitas vezes julgam que seu estado de saúde se deve ao cantor ter escolhido seguir esse caminho sem procurar Deus. 

 

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Arlindo, que já começa a reagir aos tratamentos e já tem sedação reduzida, chegou a ter notícias falsas divulgadas na internet sobre sua morte consumada. 

"Nessas horas é que a gente vê quem tem todo o poder! Arlindo Cruz é macumbeiro e o Zeca Pagodinho também. Mas na hora do aperto, eles não batem tambor, mas sim, pedem uma corrente de oração. No fundo, no fundo, eles sabem que a única fonte é o nosso Deus.", escreveu um internauta.

“Espero que ele saia dessa, e se converta à Verdade da Palavra de DEUS,para assim ter a vida eterna nos céus e não em outro canto!! Espero q ele tenha outra chance de fôlego de vida, para se arrepender das mentiras da macumba e umbanda, espiritismo em geral em que vivia, chances que teve antes do AVC e as desperdiçou, e se converta agora ao Senhor Jesus Cristo!", disse outra usuária.

Em outro comentário, o seguidor expressa nitidamente a violência contra o candomblé: “Cadê os demônios disfarçados de orixás que não lhe protegem?”.

O assunto também divide opiniões e gera debates na internet. "Aí eu pergunto aos cristãos: vocês não adoecem? não morrem? não pegam nem gripe? agora da doença do preconceito eu sei que vocês sofrem e esta é mil vezes pior do que as doenças que acometem o povo de terreiro, muito chocante os comentário sobre a doença dele.", disparou um internauta criticando os comentários de preconceito.

"Povo ignorante da peste! Bando de hipócritas! Haja inferno para comportar essa corja de falsos cristãos! Que ele tenha a sua saúde reestabelecida o mais breve possível! Força e fé!", disse outra seguidora.

Em nota de repúdio e defesa aos comentários, a Comunidade de Matriz Africana do Baixo Sul da Bahia, Caxuté, divulgo um texto nesta última segunda-feira (20), definindo as críticas ao candomblé como violenta. "Quando Arlindo Cruz é atacado por ser de afro-religioso todos nós somos atacados!", diz a nota.

"Ao longo da vida tenho visto ações de violência contra pessoas de Candomblé que, quando adoecem, certos cristãos tendem a afirmar que o sacerdote enfermo está sofrendo pelo mal que fazem. Fico a pensar que evangélico ou cristão, como sejam chamados não adocem e nem morrem. Estariam as doenças e a morte reservada somente para o povo de Candomblé?", diz a nota em um trecho.

"Colocar minha cultura como civilizada e 'evoluída' e dizer que a cultura do outro é primitiva é ridículo. Fé não se impõe, a fé é um ato cultural que é aprendido e cada povo e sociedade busca manifestá-la de suas variadas formas.!", diz a nota em outro trecho.

A legislação brasileira proíbe qualquer tipo de intolerância religiosa, sendo a prática religiosa geralmente livre no país. No Brasil, a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, alterada pela Lei nº 9.459, de 15 de maio de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões.

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O Itaú, por meio do projeto ‘Híbridos-Telas Nômades’, abriu convocatória voltada para pesquisadores e criadores brasileiros que possuam trabalhos sobre rituais religiosos, como o Candomblé, Jurema Sagrada, Círio de Nazaré, Congados, Bumba meu Boi e Pajelança.

As representações dos trabalhos podem ser exibidas por científicos, entrevistas, músicas, fotos, vídeos e outros materiais. Todo o conteúdo visa compor a biblioteca virtual idealizada pela fotógrafa Priscilla Telmon e pelo cineasta Vicent Moon, que trabalham propondo um debate sobre a espiritualidade brasileira.

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As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas até o dia 24 de fevereiro pela página oficial do projeto. 

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As religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, celebram hoje (27) o dia de São Cosme e São Damião. Os gêmeos nascidos na região da Arábia Saudita eram médicos formados na Síria e pertenciam a uma tradicional família cristã. Foram perseguidos e mortos pelo Império Romano no século IV e beatificados 200 anos mais tarde. No catolicismo, a data oficial é o dia 26 de setembro e, com a vinda de escravos africanos e o choque cultural com os colonizadores, a data também passou a ser celebrada pelo Candomblé e Umbanda.

Para os católicos, a data é importante porque celebra a data de nascimento dos irmãos que abandonaram as “riquezas” materiais em troca da sua filosofia: atender pacientes gratuitamente em troca de disseminar o cristianismo. Para os africanistas, a data representa a oportunidade de celebrar os Erês ou Ibejis que denominam essas duas entidades, infantis, alegres e festeiras, que têm uma relação muito próxima com os orixás.

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Gabriel Avelar, 20, umbandista desde os 11, destaca que o que mais o atrai nas festividades é a oportunidade de fazer o bem a outras pessoas através da entidade que materializa. “As crianças que nos visitam (espiritualmente) no terreiro, manifestam uma alegria e um amor que é inexplicável. Então, emprestar seu corpo físico para uma manifestação como essa, não tem preço”, afirmou. A celebração também inclui auxilio psicológico e espiritual para pessoas com problemas emocionais.

Por Wagner Silva

No Brasil, as religiões de matriz africana são perseguidas desde que chegaram às terras do pau-brasil, no início do século 16. Mais de 500 anos depois, apesar de na teoria a Constituiçao Brasileira garantir que o país é um Estado laico e resguardar a liberdade de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos pela Legislação Federal, ainda há muito chão a se conquistar na prática. Visto como algo penoso pela sociedade, o sacricício de animais, para adeptos do Candomblé e de outras religiões oriundas da África, representa uma troca de energia vital com os deuses e com a natureza. 

De acordo com o último censo do IBGE, de 2010, menos de 1% da população brasileira pratica as religiões de matrizes africanas. O balanço detalha ainda que há cerca de 407 mil praticantes da umbanda, 167 mil do candomblé e cerca de 14 mil de outras religiões com diretrizes africanas. Em uma pesquisa divulgada pelo Instituto Pew Research Center, com sede nos Estados Unidos, 5,2 bilhões de pessoas, 75% da população do mundo,] vivem em locais com restrições a crenças. 

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Para o Candomblé, o sacrifício animal e a alimentação dos adeptos são pilares essenciais na perpetuação da religião. "Nós comemos diferente porque fomos escravizados e obrigados a comer coisas que não comíamos na África. Descobrimos nesses alimentos temperos e valores diferenciados, mas que tinham um grande sabor", explica Mãe Elza de Iemanjá, do terreiro Ilê Asé Egbé Awo, localizado em Salgadinho, Olinda.

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Para ela, o preconceito e a desinformação são empecilhos para o entendimento da prática da imolação dos bichos. "Somos demonizados. Isso é uma grande hipocrisia. O ato de se alimentar é uma necessidade para se manter vivo. Cada tradição e cada país come de uma maneira diferente", argumenta a religiosa.

Historicamente contestadas, as religiões afro­brasileiras têm de enfrentar combates também no campo político. Em 2015, entrou em votação o projeto de lei (PL 21/2015) da Deputada Estadual Regina Becker (PDT) do Rio Grande do Sul, que visa proibir o sacrifício de animais em rituais religiosos. Especialista no estudo das religiões afro­brasileiras, o doutorando Cauê Fraga, explica que é impossível que o culto aos orixás seja realizado sem o abate dos animais.

"O orixá não existe sem se alimentar. O sangue é o alimento mais forte, por excelência, o orixá só é assentado [quando se cria local para o culto ao orixá] através do sangue. E não existe a religião sem orixá, porque eu acredito que esses orixás não estão dispostos a deixar de comer”, diz o estudioso. Nas cerimônias de liturgia dos cultos, após alimentar o orixá, grande parte do animal sacrificado é consumida entre os presentes no culto.

Defensora animal critica "seitas africanas"

Para a a ativista da causa animal Goretti Queiroz, o sacrifício de animais em cultos religiosos deveria ser considerado crime. "Eu acho um absurdo que os animais sejam alvo de maus-tratos por parte dessas seitas africanas. Eu vejo isso como um crime. Outras religiões oferecem pra frutas e vegetais pra entidades, acho que tem que ser por esse caminho. Acredito na espiritualidade dos animais e acho inaceitável essas cerimônias, principalmente em locais públicos", explicou.

Por outro lado, o pesquisador de religião e mídia Evandro Bonfim contesta a visão da ativista. "A argumentação das entidades de proteção aos animais geralmente são fundamentadas em um evolucionismo, taxando os rituais como obscurantistas, e um universalismo, como se as relações das pessoas com os animais – e os deuses – fossem as mesmas que encontramos no capitalismo ocidental", salienta.

Ele assevera que a ideia de tornar crime o sacrifício de animais é puramente racista. "É importante perceber como velhas ideias entram novamente em pauta, cassando direitos como a liberdade religiosa de grupos secularmente perseguidos justamente por tentarem resistir ao apagamento de tudo que realizaram como povo, como é o caso das diversas etnias africanas que fazem parte da população brasileira", diz Bonfim. 

Para a Mãe Elza de Iemanjá, que é uma das organizadoras da Caminhada dos Terreiros de Pernambuco, tudo não passa de hipocrisia. "Algumas pessoas dizem que fazemos um massacre animal. As mesmas compram galinha passaram dias sendo maltratadas em granjas. Ou em grandes, vivem pedindo carnes mal passadas com o sangue escorrendo", diz a religiosa.

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Ela argumenta ainda que a sociedade fecha os olhos para os verdadeiros maus-tratos dos animais em grandes abatedouros. "Quando eu crio uma galinha ou um bode, por exemplo, pra que esse animal no futuro me alimente, eu faço isso de forma muito sagrada. Ele passa anos sendo criado no ambiente que eu convivo. Não existe o massacre que tanto falam", completa.

Intolerância

A liberdade de crença é uma das garantias do Estatuto da Igualdade Racial, Lei Federal12.288/2010. Já a Lei 9.459, de 1997, considera crime a prática de discriminação ou preconceito contra religiões. Ninguém pode ser discriminado em razão de credo religioso. Apesar do respaldo na Lei, a realidade de quem cultua os orixás diariamente ainda é dura.  "Sempre houve uma intolerância religiosa e perseguição contra tudo que é vindo da África.  Mas nós temos o direito da crença, da nossa liberdade religiosa e o direito de comer diferente", afirma a Mãe Elza.

Entre a resistência da demonização da sociedade às práticas culturais das religiões de matriz africana, os projetos de lei que tentam criminalizar o ato e a grande cadeia de desinformação divulgada pela mídia, os terreiros ainda resistem em Pernambuco. "Bancadas de outras religiões possuem participação ativa nesses projetos. Chamamos de guerra santa contra os cultos afro-brasileiros vestidos sob a forma de demandas mais seculares, como razões sanitárias e direitos dos animais", argumenta Bonfim.

Para a Mãe Elza, a luta continua diariamente contra o preconceito e o racismo. "Ninguém resistiria a essa perseguição histórica. Nós temos uma força que eles não nos tiram, temos a natureza presente em nós", aponta. A religiosa conta que os terreiros estão sempre de portas abertas para receber novos adeptos que queiram aprender mais sobre a cultura africana e seus rituais.

No último sábado (12), Olinda conferiu ao Terreiro de Pai Edu, o título de Patrimônio Cultural Imaterial. A honraria foi entregue pelo prefeito Renildo Calheiros, numa solenidade realizada no Palácio dos Governadores, sede da prefeitura da cidade. 

A solicitação para esta declaração ao terreiro de Pai Edu foi iniciativa do próprio prefeito Calheiros e entregue ao presidente do Conselho de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda numa cerimônia realizada em 2015. Após ter sido aceita pelo Conselho, a declaração foi assinada pelo gestor na solenidade realizada no último sábado (12), com presença de diversos integrantes do terreiro. 

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O Palácio de Iemanjá, também conhecido como Terreiro de Pai Edu, está localizado no Alto da Sé, Sítio Histórico de Olinda. A casa é conhecida por sua atuação em projetos e ações sociais promovidas pelo seu fundador. O babalorixá Pai Edu é olindense e se destaca pela sua história religiosa e de luta na resistência do povo de Santo no Estado e no Brasil. 

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Nem todas as pessoas comemoram o Natal no dia 25 de dezembro. Algumas culturas, nem sequer comemoram o Natal, como referência ao nascimento de Jesus Cristo (ou Jesus de Nazaré).

Natal é um feriado e festival religioso cristão originalmente destinado a celebrar o nascimento anual do Deus Sol no solstício de inverno e adaptado pela Igreja Católica, no terceiro século d.C., pelo imperador Constantino para comemorar o nascimento de Jesus de Nazaré.

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Porém, nem todas as culturas absorveram a tradição de celebrar o dia 25 de dezembro, seja como uma homenagem ao nascimento de Jesus, ou, pela adoração da passagem do sol ao redor da Terra.

Islamismo

Ao contrário das religiões cristãs - para as quais Jesus é o Messias, o enviado de Deus - o islamismo dá maior relevância aos ensinamentos de Mohamad, profeta posterior a Jesus (que teria vivido entre os anos 570 e 632 d.C.), pois este teria vindo ao mundo completar a mensagem de Jesus e dos demais profetas.

Em relação à celebração do Natal, os muçulmanos mantêm uma relação de respeito, apesar de a data não ser considerada sagrado para o seu credo.

Para os muçulmanos, existem apenas duas festas religiosas: o Eid El Fitr, que é a comemoração após o término do mês de jejum (Ramadan) e o Eid Al Adha, onde comemoram a obediência do Profeta Abraão a Deus.

Judaísmo

Os judeus não comemorem o Natal e o Ano Novo na mesma época que a grande maioria dos povos, mas para eles, o mês de dezembro também é de festa. Apesar de acreditarem que Jesus existiu, os judeus não mantêm uma relação de divindade com ele.

Na noite do mesmo dia 24 de dezembro os judeus comemoram o Hanukah, que do hebraico significa festa das luzes. Esta data marca a vitória do povo judeus sobre os gregos conquistada, há dois mil anos, em uma batalha pela liberdade de poder seguir sua religião.

Apesar de não ser tão famosa no Brasil, a festa de Hanukah, que, tradicionalmente, dura 8 dias, em outros países é tão "pop" como o Natal. Em Nova Iorque, por exemplo, as lojas que vendem enfeites de Natal também vendem o menorah (candelabro de 8 velas considerado o símbolo da festividade judaica). "Para cada um dos 8 dias acendemos uma vela até que o candelabro todo esteja aceso no último dia de festa", explica o rabino.

O peru e bacalhau típicos do Natal católico são substituídos por panquecas de batata e bolinhos fritos em azeite. E em vez de desembrulharem presentes à meia-noite, as crianças recebem habitualmente dinheiro.

Budismo

Não há envolvimento do budista com a característica particular da comemoração do Natal do mundo ocidental, ou seja, da comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Mas, os budistas admiraram as qualidades daqueles que lutam pela humanidade e, por isso, respeitam a tradição já estabelecida, respeitando a figura de Jesus Cristo, que para eles é considerado um “Bodhisattva” – um santo ou aquele que ama a humanidade a ponto de se sacrificar por ela. Para os budistas ocidentais, o dia 25 de Dezembro tem um cunho não cristão, mas sim, espiritual.

Protestantismo

Embora seja uma religião cristã, é subdividida em diversas “visões” da Bíblia. Algumas comemoram o Natal como os católicos, outros buscam na Bíblia e no histórico religioso, cuja data de nascimento de Cristo é discutida, um fundamento para não comemorar a data tal como é comemorada no catolicismo. É o caso das testemunhas de Jeová, por exemplo. Já a Assembleia de Deus e a Presbiteriana comemoram o Natal com o simbolismo da presença de Cristo entre os homens, onde a finalidade é levar a uma instância reflexiva a respeito de Cristo. Festejar condignamente o Natal é uma bênção e inspiração para todos quantos nasceram do Espírito ao tornarem-se filhos de Deus pela fé em Cristo, para os evangélicos.

Afro-Brasileiras (Candomblé e Umbanda)

Yemanjá, Yansã e Oxum são entidades comemoradas ao longo do ano nas religiões afro-brasileiras, que têm no mês de dezembro um simbolismo todo especial. Mas para os umbandistas a comemoração do natal cristão é algo mais natural, porque a maioria dos seus seguidores e médiuns praticantes veio da religião cristã. A umbanda encontrou um lugar para Cristo no rol de suas divindades – ele é associado a Oxalá, considerado o maior Orixá de todos. No dia 25 de dezembro, os umbandistas agradecem à entidade que, segundo a sua crença, comanda todas as forças da natureza.

Alguns terreiros de Candomblé também oferecem algum ritual especial à data, mas a prática não configura uma passagem obrigatória em todos os centros.

Hinduísmo

As mais importantes celebrações do hinduísmo são ocorridas na Índia, por meio da Durga Puja, o Dasara, o Ganesh Puja, o Rama Navami, o Krishna Janmashtami, o Diwali, o Holi e o Baishakhi. O Durga Puja é a festa da energia divina. Já o festival de Ganesh é celebrado nos estados do sul da Índia, com danças alegres e cantos. O Diwali é o “festival das luzes” em que em cada casa, em cada templo são colocadas milhares e milhares de luzes, acesas toda a noite. O significado destas festas é adorar a Energia Divina.

Taoísmo

O taoísmo, religião majoritariamente vista na China, não tem qualquer celebração no Natal. No entanto, a religião tem inúmeras datas onde se comemora o nascimento de grandes mestres ou sua ascensão. O Ano Novo Chinês, assim como no budismo, é a data mais comemorada para os taoístas. Nesse dia se celebra o Senhor do Princípio Inicial.

Amar alguém é diferente dos demais sentimentos. Não se trata simplesmente de uma atração física. É quando o homem ou a mulher deposita no parceiro confiança e a expectativa de viver uma história de felicidade. Nos melhores momentos dos casais, as boas experiências tomam conta dos relacionamentos e ficam guardadas nas mentes de quem viveu. Só que isso pode ter um fim. É quando a frase “nada é pra sempre” passa a ser vivida na prática. O fim de um relacionamento, principalmente para quem queria manter a união, representa um momento de perda, às vezes não aceito e muito menos assimilado pela pessoa rejeitada.

A dor do fim do relacionamento está estampada na face de um entrevistado do LeiaJá que não quis ser identificado. A pergunta sobre o namoro que acabou há sete meses o deixou desconfortável, ao mesmo tempo em que acabou o instigando a desabafar sobre caso. “Um momento de transição brusca e inesperada, de uma fase que eu considerava a melhor que já tive para um momento de extremo desespero, principalmente pelo ócio do momento, em que eu estava sem trabalho fixo, apenas como freelancer. Tinha medo de chegar em casa e enfrentar o silêncio - cabeça vazia, oficina do diabo. O cara acha que a felicidade depende da presença da pessoa que gosta, mas depois vai arrumando formas de encontrar em si mesmo o alto astral”, conta o personagem.

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Quem perde um namoro, noivado ou casamento e não consegue aceitar o fim do relacionamento pode sofrer bastante. Segundo a psicóloga do Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem (CPPL), Maria Helena Barros, o sentimento de perda do companheiro representa, em muitas situações, um luto pior do que o da morte. “Existem pessoas que não conseguem perder o amor e não aceitam essa perda. O fim de um relacionamento pode, inclusive, ter um luto pior do que o da morte. A morte é algo esperado pelas pessoas, já o fim de um casal pode pegar uma das partes de surpresa. As pessoas se juntam por vários motivos e acabam vislumbrando um ‘companheiro ideal’ que pode não atender todos os seus anseios”, explica Maria Helena. Para a psicóloga, os casais não devem viver um relacionamento pensando que a qualquer momento ele pode acabar, porque isso não vai gerar comprometimento entre eles. Porém, segundo a especialista, não é aconselhável que toda a felicidade da vida seja jogada na presença do companheiro. “É preciso ter felicidade e prazer em outras coisas, como o trabalho e os amigos”, complementa.

“Trago seu amor de volta”, garante Sahra de Iemanjá

Se não existe a aceitação da perda e ainda persiste a dor de um “coração partido”, há pessoas que apelam para algo não palpável para recuperar o amado. A fé no que não se pode vê ganha força e alguns rejeitados acabam procurando serviços místicos para trazer o amor de volta. Sahra de Iemanjá, uma jovem baiana que reside em Pernambuco há 15 anos, “ajuda” diariamente dezenas de pessoas que sonham em sarar o coração. Candomblecista, Sahra - que preferiu não mostrar o rosto - não se considera uma empresária, mas assume que toda sua fonte de renda vem do “negócio místico”. De acordo com ela, o trabalho para trazer o amor de voltar, a partir da força da natureza e das entidades, só é feito se existir possibilidade de felicidade entre o casal. Segundo a religiosa, uma entidade cigana dá o veredito se a reconciliação pode ou não ser feita.

“A grande maioria dos clientes procura meu trabalho por questões de amor. Eles não se sentem realizados em outras casas de mãe ou pai de santo, e acabam vindo a minha procura. Quem tentou reconciliar o namoro ou casamento e não conseguiu, já chega para conversar comigo com um histórico de decepções. Às vezes o cliente tem muito dinheiro, quer de todo jeito trazer o amor de volta, mas minha cigana (entidade) diz que não é possível juntar o casal. Quando isso acontece eu explico para o cliente que não posso fazer o trabalho e às vezes tem gente que fica revoltada. Mas, quando minhas correntes espirituais mostram que eu posso trazer o amor de volta, eu garanto que o serviço será feito”, afirma Sahra de Iemanjá.

Alguns clientes de Sahra não quiseram falar sobre o assunto. Porém, independente da veracidade do “trabalho religioso”, é notável uma grande procura pelos serviços da candomblecista. As consultas custam de R$ 90 a R$ 150 e os trabalhos variam de acordo com os produtos solicitados por Sahra. De acordo com ela, havendo a possibilidade de um cliente pagar todas as consultas e arcar com os produtos de uma só vez, o amor será trazido de volta em até 21 dias. “Eu garanto meu trabalho”, reforça a jovem. O LeiaJá foi as ruas do Centro do Recife para ouvir a opinião da pessoas sobre os trabalhos religiosos que prometem reconciliações amorosas. Confira o vídeo com o repórter Rodrigo Rigaud.

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As consultas com a Sahra de Iemanjá são realizadas as segundas, quartas e sextas-feiras na unidade do bairro do Janga, na cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife. As terças e quintas-feiras, a candomblecista atende o público em um apartamento no bairro da Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Todos os atendimentos são por hora marcada. No vídeo a seguir, Sahra explica como as consultas são realizadas:

De acordo com o pesquisador e mestrando em ciências religiosas, Alexandre L´Omi L´Odò, práticas religiosas que envolvem magias fazem parte da tradição brasileira, pois o país carrega uma matriz africana muito grande. Segundo o estudioso, no que diz respeito aos feitiços com foco em reconciliações amorosas, esse tipo de prática é mais comum entre religiosos que se especializam na área e fazem atendimentos particulares.      

 

  

 

A cantora Elba Ramalho gravou um vídeo se dizendo arrependida por ter tecido comentários negativos sobre religiões de matriz africana, após a repercussão de gravação anterior em que ela critica o candomblé. O pedido de desculpas foi divulgado pelo centro religioso Casa de Oxumaré, localizado em Salvador, capital da Bahia.

A instituição religiosa havia publicado um texto de repúdio ao vídeo em que Elba fala mal das religiões de matriz africana, que já foi retirado do Youtube. A cantora então deciciu de retratar. "Meus irmãos do candomblé, da umbanda, de todos os segmentos afrobrasileiros. Eu estou aqui para pedir perdão (...) por ter magoado vocês, ter interpretado mal os preceitos de vossa religião", diz Elba no início do vídeo.

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"Em uma atitude louvável e sem precedentes no meio artístico, a Cantora Elba Ramalho nos procurou, solicitando-nos a publicação do vídeo", escreveu em seu perfil no Facebook a Casa de Oxumaré, na postagem do vídeo. O centro religioso afirma ainda que acredita no pedido de desculpas da cantora paraibana, e que as críticas às religiões de matriz africana tinham sido fruto de um "entendimento equivocado, provocando distorções e divisões".

Elba Ramalho também diz em sua retratação: "Eu sei e tenho consciência das perseguições que vocês sofrem e já sofreram no passado. (...) Temos que caminhar abraçados e unidos".

Na postagem, que já foi compartilhada quase 1,9 mil vezes e visualizada mais de 66 mil vezes, os comentários se dividem entre os que exaltam a atitude da cantora e os que a criticam. "Não aceito as desculpas dela não pois só está fazendo isso porque ela é uma pessoa conhecida e pra nao perder ou sujar sua imagem está se desculpando", postou Bruno Nino. "Um pedido de desculpa não sincero, uma retratação visando menos repercussão midiática e menos polêmica", opinou Samuel Santos.

Já para Elias Bernardino, a atitude da cantora foi louvável: "Estou surpreso com a nobreza da Elba! Parabéns à ela pela atitude!" Pensamento compartilhado por Tiago Silva Marques: "Elba não é e nunca foi uma pessoa do mal. Ela falou uma besteira, se arrependeu e se desculpou", escreveu no Facebook.

Assista ao pedido de desculpas de Elba Ramalho aos seguidores de religiões de matriz africana:

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A estudante de 11 anos apedrejada enquanto caminhava vestida com trajes típicos do candomblé, no último domingo, na Vila da Penha (zona norte do Rio), realizou na manhã desta quarta-feira, 17, exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) do Rio. Até a noite desta quarta, a Polícia Civil não havia identificado os dois homens acusados de lançar a pedra que feriu a menina na cabeça.

Embora logo após o ataque houvesse decidido não sair mais às ruas com roupas brancas e o torso (turbante) característico dos candomblecistas, a estudante mudou de ideia, ao ser incentivada a continuar se vestindo dessa forma. Hoje, ela foi ao IML trajada com vestes religiosos, acompanhada pela avó, a mãe-de-santo Katia Marinho, de 53 anos, e pela mãe, que é evangélica.

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Após o exame, a menina foi à Assembleia Legislativa, a convite da Comissão de Direitos Humanos, e acompanhou a sessão. Em discursos, vários deputados - inclusive da bancada evangélica - condenaram a agressão à adepta do candomblé. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) lançou moção de repúdio aos agressores, que hoje ficará à disposição dos deputados dispostos a assiná-la.

Em 18 de agosto, a Assembleia promoverá audiência pública, agendada antes da agressão, para discutir a intolerância religiosa no Rio de Janeiro.

O caso

A menina caminhava pela Avenida Meriti, acompanhada por sete pessoas que haviam saído de um evento religioso, quando dois homens que estavam em um ponto de ônibus do outro lado da rua, com Bíblias sob os braços, começaram a insultá-los. Segundo a avó, os agressores gritaram "Sai, demônio, vão queimar no inferno, macumbeiros" e lançaram a pedra, que bateu em um poste antes de atingir a menina. Ela desmaiou. Os criminosos fugiram em um ônibus.

A 38ª Delegacia de Polícia (Irajá), que investiga o caso, tenta localizar o ônibus para examinar as imagens da câmera interna, na tentativa de identificar os agressores.

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A cultura africana é o tema da exposição As Cores do Sagrado, que será lançada na próxima terça-feira (9), na Caixa Cultural Recife. A mostra retrata rituais e cultos aos deuses africanos, na visão do artista plástico Carybé. Ao todo, são 50 telas produzidas entre as décadas de 50 e 80, baseadas na experiência pessoal do artista nos terreiros da Bahia. De acordo com a curadora Solange Bernabó, as telas retratam os ritos de iniciação, as festas e incorporação dos orixás, além dos rituais fúnebres. 

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“Essa mostra não retrata o lado místico, fruto da imaginação de Carybé. Antes disso, é uma representação da realidade, a partir da observação do que, de fato, acontecia nos terreiros. Ele retratava com respeito e beleza as práticas da religião”, comenta Solange, completando que as cerimônias do candomblé não podem ser registradas.

A exposição As Cores do Sagrado é aberta o público e fica em cartaz  de terça a domingo, na Caixa Cultural Recife, até o dia 26 de julho.

Serviço

Exposição As Cores do Sagrado

Terça a sábado | Das 12h às 20h

Domingo| Das 10h às 17h

CAIXA Cultural Recife (Av Alfredo Lisboa, 505 - Recife) 

Gratuita

(81) 3425 1915

O Sítio de Pai Adão, uma das casas mais respeitadas do Candomblé,  realiza neste sábado (27), o primeiro réveillon afro, às 20h. O evento conta com apresentações de maracatu, coco, samba-reggae e afoxé. A entrada é gratuita e os visitantes devem ir vestidos de azul ou branco e com as pernas cobertas (com calça ou saia).

De acordo com o  presidente do Afoxé Povo de Ogunté e um dos organizadores, Cosme Costa, o objetivo da criação do réveillon tem fundo cultural e político. "A comunidade negra perdeu muito espaço nos últimos anos. O mês de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência Negra, já não tem mais tantas festividades. Não há mais Festa da Lavadeira ou cerimônias no Pátio de São Pedro. O réveillon serve para festejar e nos tornar mais visíveis", declarou.

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O evento ainda conta com barracas vendendo comidas de terreiro aos visitantes. No pré-réveillon também haverá comercialização de adereços, CDs e outros itens dos quatro grupos que se apresentarão na festa que celebra a chegada de 2015. 

Serviço

I Réveillon Afro do Sítio de Pai Adão

Sábado (27) | 20h

Sítio de Pai Adão (Estrada Velha de Água Fria, nº 1644)

Entrada gratuita

(81) 3443 9412

Com informações da assessoria.

A cantora pernambucana Karynna Spinelli e o integrante do grupo Cordel do Fogo Encantado, Nego Henrique, se casam neste sábado (13), às 10h, no Ilê de Culto Africano Santa Bárbara, no Morro da Conceição. A cerimônia será realizada dentro dos preceitos do Candomblé pela Mãe Mira de Oyá e Pai Everaldo de Xangô. O casal protagoniza o primeiro casamento no terreiro de Candomblé com efeito civil em Pernambuco.

Os músicos conseguiram junto ao Cartório de Casa Amarela a autorização formal para celebrarem a cerimônia religiosa com efeito civil dentro do Ilê. Em 2011, na cidade de Salvador, o primeiro casamento com estas características foi realizado. Em Pernambuco, a autorização do Cartório de Casa Amarela é um avanço importante na luta das religiões de Matriz Africana, que buscam uma maior igualdade de direitos e aceitação.

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Karynna Spinelli e Nego Henrique se consideram filhos do Candomblé e em suas músicas buscam ressaltar o a importância do terreiro e a importância de sua religiosidade. Após a cerimônia de casamento, os noivos recebem familiares e amigos no Altar Cozinha Ancestral, em Santo Amaro, com culinária assinada pela chef e Iyabassé Carmem Virginia.

Está em cartaz, até fevereiro de 2015, a exposição Vodun Djó, as Mulheres Guerreiras. A mostra é da autoria do artista plástico Gaipê Adilson Bezerra e tem como propósito divulgar, promover e difundir a cultura afrodescendente em seu contexto artístico e religioso. A visitação pode ser feita de segunda a sexta, das 9h às 17h, no Núcleo de Cultura Afro Brasileiro da Cidade do Recife, no Pátio de São Pedro. 

A exposição retrata os Voduns, forças sagradas da Nação Jeje-Mahi que perpetuam sua essência de resistência e lutas na busca da liberdade. Cada peça pretende apresentar o encantamento desses Voduns ligados às forças da natureza como tempestades, raios e furacões assim como aos ancestrais e a guerra. 

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Na mostra, os princípios africanos religiosos se reúnem para que o público possa conhecer melhor a cultura do Candomblé e a riqueza artística dos Voduns, Orixás e Nkisis da religião afro-brasileira, difundindo e mantendo viva sua história.

Serviço

Exposição Vodun Djó, Mulheres Guerreiras

Segunda a sexta | 9h às 17h

Núcleo de Cultura Afro Brasileira da Cidade do Recife (Pátio de São Pedro, 34 - Bairro de São José)

Gratuito

Informações (81) 3355 3100

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