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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou suas redes sociais, na manhã deste sábado (25), para divulgar que não está mais com o novo coronavírus. O chefe de Estado postou uma foto sentado em uma mesa de café da manhã, com uma caixa de cloroquina em mãos, afirmando que o último teste realizado para identificar a doença deu negativo, porém, não apresentou o resultado. 

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Último teste feito pelo presidente para detectar a Covid-19 foi na última terça-feira (21), o resultado positivo saiu na manhã do dia seguinte (22). Se o resultado for confirmado pela Secretaria Geral da Presidência, este terá sido o quarto teste feito por Bolsonaro, desde 7 de julho, quando descobriu que estava com a doença. Todos os outros apontavam que o chefe da nação ainda estaria infectado.

Bolsonaro seguia em isolamento social, mas foi flagrado diversas vezes tentando oferecer cloroquina para as emas que vivem no jardim do Palácio da Alvorada.

No Twitter, apoiadores e críticos do presidente se dividem entre desejos de melhoras e suspeitas de que foto faz parte de campanha do presidente para afirmar a eficácia do remédio.

Regras que proíbem a venda sem receita em farmácias de medicamentos como cloroquina, hidroxicloroquina, nitazoxanida e ivermectina foram publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). As orientações estão na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 405/2020, publicada ontem no Diário Oficial da União . De acordo com a agência, a lista poderá ser revista a qualquer momento para a inclusão de novos medicamentos, caso seja necessário.

Ainda segundo a Anvisa, o objetivo da norma é impedir a compra indiscriminada de medicamentos que têm sido amplamente divulgados como potencialmente benéficos no combate à infecção pelo novo coronavírus, embora ainda não existam estudos conclusivos sobre o uso desses fármacos para o tratamento da doença.  A medida visa também manter os estoques destinados aos pacientes que já têm indicação médica para uso desses produtos, uma vez que os medicamentos que constam na resolução também são usados no tratamento de outras doenças, como a malária (cloroquina e hidroxicloroquina); artrite reumatoide, lúpus e outras (hidroxicloroquina); doenças parasitárias (nitazoxanida) e tratamento de infecções parasitárias (ivermectina). 

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Compra

A compra desses produtos em farmácias e drogarias será permitida apenas mediante apresentação da receita médica em duas vias. Cada receita terá validade de 30 dias, a partir da data de emissão, e poderá ser utilizada somente uma vez. A resolução será revogada automaticamente a partir do reconhecimento, pelo Ministério da Saúde, de que não mais se configura a situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

Farmácias e drogarias

Conforme previsto na resolução, todos os medicamentos que contenham as substâncias listadas na norma estão sujeitos aos procedimentos de escrituração no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). A escrituração dos medicamentos à base de hidroxicloroquina, cloroquina e nitazoxanida já era obrigatória desde a inclusão dessas substâncias nas listas de controle da Portaria 344/1998. Para os medicamentos à base de ivermectina, a entrada de medicamentos já existentes em estoque nas farmácias e drogarias antes da resolução não necessita ser transmitida ao SNGPC.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, durante transmissão semanal ao vivo, o uso de medicamentos sem comprovação científica nem a necessidade de seguir orientações da bula no tratamento de doenças, em especial da hidroxicloroquina no combate à covid-19.

"Alguns médicos, médicos renomados, têm conversado comigo dizendo que, na sua experiência e observação, a hidroxicloroquina tem dado certo", disse o presidente. "Quem não tem uma outra alternativa, que não fique querendo proibir a hidroxicloroquina a quem queira tomá-la devidamente receitada por um médico", afirmou o presidente.

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Segundo disse Bolsonaro, diagnosticado com o novo coronavírus, "eu tomei e 12 horas depois estava me sentindo muito bem".

Um estudo elaborado por pesquisadores franceses de diversas instituições, a exemplo da Université Paris-Saclay e da Université de Paris, observou que a hidroxicloroquina mostrou algum efeito antiviral em macacos infectados com o novo coronavírus, mas não apresentou resultado em humanos. Nesta quarta-feira (22), a pesquisa foi publicada na Revista Nature, uma das mais importantes do nicho científico.

Segundo o texto, "a hidroxicloroquina mostrou atividade antiviral em células renais do macaco verde africano, mas não em um modelo de epitélio das vias aéreas humanas reconstituído". Nos animais, os cientistas chegaram a administrar a aplicação da hidroxicloroquina em combinação com a azitromicina. Mesmo assim, ele não teve resultado significativo a ponto de ser considerado eficiente.

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Assim, os pesquisadores colocam que não houve resultado na cura da infecção. "Nossos resultados não apoiam o uso de hidroxicloroquina, isoladamente ou em combinação com azitromicina, como tratamento antiviral para a Covid-19 em humanos", concluiu a equipe.

Outro estudo

Outra pesquisa publicada na mesma edição da revista, de um grupo de pesquisadores alemães e russos, também concluiu que a cloroquina não apresentou qualquer resultado no sentido de inibir a Covid-19. “Estes resultados indicam que a cloroquina tem como alvo uma via de ativação viral que não é operativa nas células pulmonares e é improvável que proteja contra a disseminação da SARS-CoV nos pacientes", frisaram os cientistas.

No ar em mais uma temporada do MasterChef Brasil, na Band, Paola Carosella não perde o costume de usar a sua conta do Twitter para dar sua opinião sobre os assuntos que estão repercutindo no mundo, além de sempre interagir com os seus seguidores. Logo no início da manhã desta quarta-feira (22), a chef argentina ironizou uma notícia envolvendo a gastronomia.

Compartilhando uma matéria do jornal O Globo, falando de uma empresa que está interessada em criar comida 3D, Paola disparou: "Olha que linda sua comida do futuro! Parabéns aos envolvidos!! Continuemos assim, que o futuro vai ter gosto de papelão molhado em cloroquina radioactiva!". A postagem da jurada do reality show acabou respingando no governo do presidente Jair Bolsonaro em tom de crítica.

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A mensagem de Paola Carosella dividiu opiniões no microblog. "E a carne produzida em laboratórios? [...] Não sei, talvez o futuro nos salve desse buraco que nós criamos", comentou um dos seguidores. "Se essa for uma opção para que nenhum animal tenha que morrer, eu como e ainda digo: 'delicinha!'", escreveu outra pessoa.

Veja:

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O Ministério da Saúde orientou a Fiocruz a divulgar amplamente e recomendar o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento precoce de pacientes da Covid-19, apesar de as evidências científicas indicarem a ineficácia de ambos no combate ao novo coronavírus.

A própria Fiocruz participa do estudo Solidarity, da Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos testes com cloroquina e hidroxicloroquina foram suspensos em junho porque todos os resultados obtidos indicavam que as substâncias "não reduziam a mortalidade dos pacientes".

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Um outro grande estudo sobre a eficácia dos dois remédios, o Recovery, foi conduzido, também em junho, pelo Reino Unido com a participação de mais de 11 mil pacientes. Seus coordenadores concluíram que "não há efeito benéfico" no uso da hidroxicloroquina.

Mesmo assim, em 30 de junho o secretário de Atenção Especializada à Saúde, Luiz Otávio Franco Duarte, enviou ofício à presidência da Fiocruz e aos institutos Evandro Chagas (INI) e Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF), solicitando "a ampla divulgação desse tratamento, considerando que ele integra a estratégia do Ministério da Saúde para reduzir o número de casos que cheguem a necessitar de internação hospitalar para tratamento de síndromes de pior prognóstico, inclusive com suporte ventilatório pulmonar e cuidados intensivos". O ofício menciona como "medidas essenciais": considerar a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina, mediante livre consentimento esclarecido do paciente (...) para tratamento medicamentoso precoce, ou seja, nos primeiros dias dos sintomas, no âmbito do SUS". Perguntado sobre as evidências que embasam tal recomendação, o Ministério da Saúde nada explicou.

A Fiocruz confirmou em nota o recebimento do ofício e informou que "está ciente" das orientações do Ministério e informou que "entende ser de competência dos médicos sua possível prescrição". o fim da nota, lembra que participa "por designação do Ministério da Saúde e é responsável no Brasil pelo estudo clínico Solidariedade, que avalia a eficácia de medicamentos para a Covid 19". O estudo, conduzido pela OMS, é o mesmo que concluiu pela ineficácia dos remédios.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro, defensor do uso de cloroquina para o tratamento de pacientes da covid-19, é alvo de uma representação que pede apuração de ato de improbidade administrativa, por incentivar e determinar o aumento de produção de uma substância cuja eficácia é rejeitada por cientistas. A representação apresentada pelo deputado Rogério Correia (PT-MG) contra Bolsonaro foi feita à Procuradoria Geral da República.

No documento, o parlamentar pede à PGR que determine a instauração de ação civil pública ou procedimento investigativo para apurar a conduta do presidente sob a ótica da Lei de Improbidade Administrativa.

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"No decorrer da crise de saúde pública, o senhor presidente da República se esforçou em promover interesses próprios, por meio das irresponsáveis e inverídicas afirmações acerca da eficiência do tratamento de covid-19 com o medicamento hidroxicloroquina", afirma Correia.

O deputado lembra que, com as Forças Armadas, o governo aumentou a produção das drogas em 84 vezes em relação ao mesmo período entre os anos de 2017 e 2019, investindo recursos públicos na compra de matéria-prima em valor quase 600% superior ao pago anteriormente. "A situação supracitada acarreta em injustificável e gravíssimo dano ao erário, que se agrava ainda mais pelo momento de histórica crise econômica decorrente da pandemia da covid-19", diz.

A conclusão é que a fabricação em massa de medicamento que não se comprova eficaz para o tratamento da covid-19 tem resultado em desperdício de recursos públicos, em compras sem processo licitatório e preços elevados. "A divulgação da hidroxicloroquina ou qualquer outro remédio, sem a imprescindível comprovação técnica-científica, como método eficaz no tratamento da doença que já matou mais de 70 mil brasileiros é conduta expressamente vedada pelo tipo penal e, nesse sentido, merece ser devidamente investigado e denunciado", declara o deputado.

Um segundo mandado de segurança, com pedido liminar, requer ao Ministério da Defesa informações sobre o embasamento técnico que autorizou a produção em larga escala de cloroquina pelo governo, além da real efetividade da aplicação do medicamento a pacientes de covid-19.

Na semana passada, os deputados federais Ivan Valente e Luiza Erundina e o ex-candidato a presidente Guilherme Boulos, todos do PSOL, acionaram a PGR pedindo a abertura de uma investigação para apurar se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cometeu crime de infração de medida sanitária preventiva, previsto no artigo 268 do Código Penal, na condução da pandemia do novo coronavírus.

Os políticos de oposição alegam que o presidente vem estimulando o descumprimento das medidas de isolamento social e dos protocolos de segurança fixados por Estados e municípios para evitar a disseminação da covid-19.

"Na contramão das medidas adotadas pela maioria das nações do mundo, as recomendações da Organização Mundial de Saúde e as evidências científicas de saúde pública, o Presidente Jair Messias Bolsonaro, desde que a pandemia começou a se alastrar pelo país, vem se manifestando publicamente, no exercício de sua função pública, de forma a minimizar a gravidade da Covid-19 e adotando a postura de violar o isolamento social e ignorar os protocolos e medidas de segurança", diz a notícia-crime enviada à PGR na última sexta-feira, 10.

Os médicos brasileiros e agentes de saúde destacados nas aldeias da terra indígena yanomami descartam o uso da cloroquina como a principal ferramenta no combate ao novo coronavírus nas aldeias isoladas da região.

A cloroquina, cuja eficácia contra a Covid-19 não foi comprovada cientificamente, é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e recomendada pelo Ministério da Saúde inclusive para pacientes com sintomas leves.

"Não tem um protocolo único. Infelizmente a gente não tem um remédio que a gente fale que com certeza vai tratar" a doença, explicou à AFP a médica Maria Letícia Nascimento, que fez parte de uma operação de saúde interministerial liderado no fim de junho pelas Forças Armadas em três comunidades do território yanomami, no extremo norte do Brasil.

Nas instalações militares da região de Surucucu, encravada na Amazônia e a quase 300 km da capital de Roraima, Boa Vista, Nascimento realizou durante a operação dezenas de exames rápidos.

Em quinze minutos, dez jovens se submeteram ao furo no dedo. Outros observavam curiosos pelas frestas da janela do pequeno quarto onde médicos, cobertos com aventais, luvas, máscaras e viseiras, coletavam as amostras.

Na região de Surucucu, as mulheres vestem ornamentos tradicionais fúcsia e carregam seus bebês em cintas intrincadas que lhes permitem manter os braços livres. Traços em vermelho escuro, feitos com urucum, estampam seus rostos, adornados também com flores, folhas e piercings de palitos finos de madeira.

Ao redor é só verde e azul, um horizonte de floresta e céu. O sol é abrasador.

As autoridades levaram 82.000 comprimidos de cloroquina às comunidades e a dois Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei) do estado de Roraima, estruturas que atendem os indígenas nas aldeias, onde a medicina também é utilizada para combater a malária.

"A cloroquina está na região há mais de 50 anos", disse o porta-voz do ministério da Defesa, vice-almirante Carlos Chagas, respondendo às críticas contra o envio do medicamento.

Também foram levados máscaras, luvas, antibióticos, testes rápidos, corticoides e antigripais. Os insumos devem atender 75.000 indígenas nas terras Yanomami e Raposa Serra do Sol, ambas no norte, na fronteira com a Venezuela.

"Ficou a critério médico, mas a indicação é que é usada em casos mais graves, via assistência hospitalar para que seja acompanhado. Aqui na área mesmo usa-se azitromicina, antitérmico e xarope", disse Giovani Carvalho, agente de saúde na região de Auaris, a noroeste de Surucucu.

Nas duas comunidades, os protocolos não foram acionados, visto que nenhum caso positivo foi registrado. Segundo cifras oficiais, há 186 casos de contágio entre indígenas yanomami, a maioria na cidade, e quatro óbitos.

Desde que o presidente Jair Bolsorano (sem partido) anunciou nessa terça-feira (7) que havia sido infectado pelo novo coronavírus, internautas e personalidades repercutem o assunto. A atriz Marina Ruy Barbosa, sempre ativa nas redes sociais, decidiu se manifestar. No Twitter, ela afirmou que não entende a insistência do presidente da República com o uso da cloroquina.

Em uma outra outra postagem, a ruiva declarou que toda a história em cima da medicação é surreal. Após dar sua opinião, Marina foi confrontada por alguns internautas. Diversos seguidores, que apoiam Bolsonaro, saíram em defesa do consumo do remédio. "É surreal pra quem não teve a Covid e não precisou tomar... né", disparou uma pessoa no microblog.

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A crítica de Marina Ruy Barbosa veio depois que Jair Bolsonaro gravou um vídeo tomando o medicamento. "Com toda certeza, está dando certo", disse ele, assegurando que a cloroquina faz bem ao combate da Covid-19.

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Após receber o diagnóstico positivo para Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro trocou reuniões presenciais com ministros e outras autoridades por videoconferências. Ao dizer nessa terça-feira (7), em vídeo nas redes sociais, que estava tomando a terceira dose de hidroxicloroquina, o presidente indicou que, no período de isolamento, deve continuar recomendando o uso do remédio. Não há comprovação científica de que o medicamento funciona no tratamento. Ainda assim, a cloroquina é receitada por alguns hospitais.

"Estou tomando a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou me sentindo muito bem. Estava mais ou menos no domingo, mal na segunda-feira. Hoje, terça, estou muito melhor. Com toda certeza, está dando certo", disse antes de engolir o comprimido, no vídeo.

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Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem defendido o uso da cloroquina desde os primeiros sintomas, mesmo sem a eficácia comprovada e riscos ainda sendo estudados. "Sabemos que hoje em dia existem outros remédios que podem ajudar a combater o coronavírus. Sabemos que nenhum tem eficácia cientificamente comprovada, mas é mais uma pessoa que está dando certo. Então, eu confio na hidroxicloroquina", disse.

De acordo com a Secretaria-Geral da Presidência, Bolsonaro vai receber, por e-mail, do ministro Jorge Oliveira, os assuntos sobre os quais precisa despachar no dia. Em seguida, os dois conversam por vídeo e, por fim, os atos são assinados digitalmente, sem contato pessoal. A rotina na sede do Executivo, porém, seguirá normalmente.

Em comunicado, a Secretaria-Geral da Presidência informou que não existe protocolo médico que recomende isolamento pelo simples contato com casos positivos. "A orientação que damos aos servidores é procurar assistência médica quando apresentarem sintomas relacionados à Covid-19, para avaliar necessidade de testagem. Nos casos considerados suspeitos, os servidores são orientados a ficar em casa até o resultado do exame", diz a pasta.

Repercussão

Após o anúncio de que Bolsonaro está com coronavírus, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) disse que o presidente foi vítima da própria narrativa de que a doença não é tão grave. "O presidente criou uma narrativa própria desde o início e repetiu tantas vezes que passou a acreditar nela. Quem o assessora deve ser gente sem o hábito de leitura científica ou que usa informação sem filtro da internet", afirmou Mandetta ao Estadão.

Segundo o ex-ministro, que deixou o governo em abril, o presidente precisa ter cuidado com o temperamento e ficar 14 dias em isolamento total. "É crime quando alguém tem consciência que está com doença infecciosa e contamina o outro intencionalmente. O presidente precisa tomar cuidado com o protocolo", afirmou Mandetta.

Dois dos principais adversários do presidente, os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio, Wilson Witzel (PSC), também comentaram o diagnóstico de Bolsonaro. O tucano escreveu que espera que o presidente "siga as orientações da medicina" para que "em breve, seja restabelecido". "Também fui atingido pela Covid-19 e, seguindo as recomendações médicas, estou certo de que ele irá se recuperar brevemente", disse Witzel.

Bolsonaro também recebeu ontem mensagens de melhoras dos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Argentina, Alberto Fernández.

Em cada cinco brasileiros, um chegou a acreditar que a hidroxicloroquina seria a "cura" para a covid-19, segundo revela pesquisa de opinião sobre os mitos da pandemia, feita pelo instituto Ipsos em 16 países.

Embora nenhum estudo com rigor científico apontasse a eficácia do medicamento, ele foi promovido como solução para a crise pelo presidente Jair Bolsonaro - e a tese foi abraçada e amplificada por sua base de apoio nas redes sociais. O resultado é que, na pesquisa, 18% dos entrevistados no Brasil qualificaram como verdadeira a frase "Existe uma cura para Covid-19 e ela se chama hidroxicloroquina", enquanto 57% a consideraram falsa. Um quarto da amostra não soube responder.

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No ranking da desinformação sobre o tema, os brasileiros só ficaram atrás dos indianos nos 16 países onde o Ipsos fez as mesmas perguntas. Na média desses países, apenas 11% dos entrevistados compraram a ideia de que o medicamento traria a cura.

Na Índia, essa taxa chegou a 37% - o dobro do Brasil. Também lá o governo promoveu a tese de que a hidroxicloroquina ou a cloroquina seriam a solução. Nos Estados Unidos, onde ocorreu o mesmo, 12% acreditaram na eficácia da droga. Já no Reino Unido foram apenas 2%.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a testar a cloroquina em pacientes de covid-19, mas suspendeu as pesquisas no final de maio e em definitivo na metade de junho, após não constatar redução de mortalidade. O medicamento, que nunca foi encarado por médicos e cientistas como cura para covid-19, mas apenas como possível tratamento auxiliar, pode provocar efeitos colaterais graves.

No Brasil, a cloroquina esteve no centro de ondas de desinformação sobre covid-19 nas redes sociais - diversos rumores e teorias conspiratórias foram desmentidos pelo Estadão Verifica, desde o início da pandemia. Uma das checagens, realizada em parceria com outros veículos do Projeto Comprova, envolvia a falsa acusação de que um grupo de pesquisadores brasileiros teria aplicado uma dosagem letal de cloroquina em pacientes com covid-19 para causar descrédito sobre o medicamento no tratamento contra a doença.

Entre outros mitos avaliados pela pesquisa Ipsos está o de que a exposição ao sol ou a altas temperaturas previne covid-19. Nesse caso, 22% dos brasileiros entrevistados apontaram a alegação como correta. O boato de que comer alho é uma defesa contra o coronavírus foi encarado como verdadeiro por 7% no Brasil.

O Ipsos fez a pesquisa no final de maio, e a partir desta segunda-feira (29) a distribui entre seus clientes. Foram entrevistadas mil pessoas em cada um dos 16 países participantes. A margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais.

O Hospital Israelita Albert Einstein distribuiu comunicado a seus médicos, nesta quinta-feira, 25, em que desaconselha a utilização da cloroquina para tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Apesar de haver testado o medicamento no combate à doença, a instituição declarou em nota, nesta sexta-feira, 26, que nunca teve um protocolo de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19.

Médicos do corpo clínico aberto, porém, estavam prescrevendo a cloroquina em acordo com os pacientes. O uso, nesse caso, era "off label", quando um remédio é receitado fora das indicações contidas na bula - que seguem orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com a nova cartilha, o Einstein recomendou a seus profissionais que evitem a utilização do medicamento em caráter "off label" para infectados.

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O comunicado do hospital se baseou em uma declaração da agência de controle de drogas e alimentos dos Estados Unidos (FDA), que revogou a autorização de uso emergencial da cloroquina e da hidroxicloroquina como tratamento para pacientes com covid-19. De acordo com o órgão, os estudos não detectaram eficácia do remédio, além de potenciais benefícios não superarem possíveis riscos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) suspendeu em definitivo, em 17 de junho, os testes com a hidroxicloroquina no ensaio clínico global Solidariedade, que pesquisa a eficácia e a segurança de possíveis tratamentos para o novo coronavírus. De acordo com a entidade, os testes com a droga não reduziram as taxas de mortalidade de pacientes hospitalizados com o vírus.

No Brasil, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina é defendido por Jair Bolsonaro, que reconhece a falta de evidências científicas sobre a eficácia do medicamento. Por pressão do presidente, o Ministério da Saúde liberou o remédio para todos os pacientes da covid-19 no País.

Confira, na íntegra, a nota do Hospital Albert Einstein

O Hospital Israelita Albert Einstein esclarece que nunca contou com um protocolo de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Médicos do corpo clínico aberto, porém, poderiam prescrever os medicamentos em acordo com os pacientes confirmados com o novo coronavírus, fazendo a utilização chamada de off label, ou seja, fora das indicações homologadas para os fármacos pela agência reguladora no Brasil, a Anvisa.

Nesta quinta-feira (25/06), o Einstein recomendou a não utilização, nem em modo off label das medicações em pacientes internados pela infecção causada pelo Sars-coV-2 no hospital, frente ao recente comunicado divulgado pela agência americana FDA revogando a autorização de uso emergencial do medicamento sulfato de hidroxicloroquina e fosfato de cloroquina no atendimento a pacientes com Covid-19, levando em consideração que os estudos não mostraram diferenças em relação ao tratamento padrão e que os benefícios da utilização dos medicamentos não superaram seus riscos conhecidos e potenciais, além de um estudo controlado randomizado não demonstrar evidência e benefícios em relação à mortalidade, ao tempo de internação ou à necessidade de ventilação mecânica.

Longe da controvérsia científica global sobre sua eficácia contra o coronavírus, a Grécia retomou sua produção de cloroquina e continua os ensaios clínicos com este fármaco, com "tranquilidade e distância".

Evangelia Sakellariou trabalha em um laboratório grego diante das luzes verdes intermitentes de uma máquina de fabricar cápsulas. Essa química foi uma das primeiras cientistas a controlar a qualidade dos comprimidos de cloroquina usados nos hospitais do país.

Sua empresa, a Uni-Pharma, localizada em Nea Kifissia, no norte de Atenas, reativou a tempo uma antiga licença de fabricação desse medicamento, que na década de 1990 era exportado para a África para combater a malária.

"A situação era urgente em março", e "a empresa teve o reflexo de pedir à Agência Nacional de Medicamentos (EOF) para reativar uma antiga licença alguns dias antes do confinamento e do fechamento das fronteiras gregas", disse o diretor de Desenvolvimento da Uni-Pharma, Spyros Kintzios, à AFP.

Desde então, a empresa importou cinco toneladas de matérias-primas da Índia, e o laboratório se pôs "em estado de alerta", lembra Evangelia Sakellariou.

"No fim de semana de 21 de março, trabalhávamos sem parar. Estávamos sob pressão e, em 30 horas, produzimos 24 milhões de doses, que entregamos ao sistema nacional de saúde grego", relata.

"Quando vi os primeiros comprimidos, fiquei aliviada e feliz por ter feito esse esforço por uma boa causa", acrescenta Evangelia. À época, a Grécia registrava seis mortes e 464 casos de contágio pelo novo coronavírus.

O país continua sendo um dos menos afetados em comparação com seus vizinhos europeus, com um saldo até agora de 182 óbitos e cerca de 3.000 casos.

Em um contexto de concorrência internacional, "a retomada da produção de cloroquina na Grécia teve um efeito positivo sobre a indústria local, cujas exportações aumentaram nos últimos anos", disse o presidente da União Pan-Helênica da Indústria Farmacêutica, Markos Ollandezos.

A indústria grega é especializada, principalmente, na fabricação de medicamentos genéricos e alguns medicamentos de uso único.

O debate da mídia na França e em outros países sobre a eficácia da cloroquina, bem como a polêmica global após a publicação de um estudo no periódico "The Lancet", não afetaram a comunidade científica grega.

Segundo os epidemiologistas do país, a cloroquina é considerada eficaz nos estágios iniciais da doença e foi administrada em combinação com a azitromicina nos pacientes hospitalizados.

O fato de o coronavírus ter deixado poucos mortos na Grécia "não alimentou o debate sobre o tratamento", explicou Markos Ollandezos.

Em abril, a Universidade de Medicina de Atenas iniciou um estudo sobre a "ação do fosfato de cloroquina em pacientes infectados com SARS-CoV-2".

"O público, cientistas e autoridades mantiveram uma postura tranquila e distante frente à controvérsia. A ideia é esperar e ver os resultados dos estudos", completou Spyros Kintzios.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, sobre as manifestações contrárias ao seu governo no último domingo (31), que "grupos terroristas começaram a aparecer e se adensar no Brasil".

Segundo o presidente, os manifestantes adotam táticas conhecidas como "black blocks" e são, na verdade, terroristas. "Não conseguimos tipificar como "terroristas" no passado porque - e isso veio da época do governo Dilma - colocaram uma vírgula dizendo 'exceto grupos sociais'. Lamentamos."

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De acordo com o presidente, o movimento que se intitula como "antifascista" - ou na sigla "antifas" - adotou um nome fantasia para "black blocks".

'Quer tomar cloroquina, tome; não quer, não perturbe quem queira tomar'

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Segundo o presidente, "não tem outro remédio" para a doença, "só a cloroquina".

Repetindo a retórica usada em transmissões passadas, Bolsonaro disse a quem não quer tomar a medicação que não busque impedir quem quer fazer uso da hidroxicloroquina. "Temos relatos de muita gente que se sentiu bem depois de tomar a hidroxicloroquina. Quer tomar, tome, não quer tomar, não perturbe quem queira tomar", argumentou o presidente da República.

Bolsonaro também reafirmou ser contrário ao aborto e garantiu que "se depender da minha caneta Bic, não tem sanção", caso o Congresso ampliasse as possibilidades para o aborto legal.

Demitido do Ministério da Saúde por, entre outros motivos, divergir do presidente Jair Bolsonaro quanto ao uso da cloroquina no tratamento do novo coronavírus, Luiz Henrique Mandetta fez uma referência irônica - mas sem citar nomes - sobre o medicamento durante o primeiro painel sobre saúde na Brazil Conference at Harvard & MIT, realizado ontem e transmitido pelo Estadão. "Uma pessoa leiga propor a cloroquina e outro leigo fazer o protocolo que libera o medicamento no mesmo dia é o mais próximo de um estudo duplo-cego que temos no Brasil", afirmou.

O ensaio clínico duplo-cego consiste no desconhecimento tanto do pesquisador como do paciente sobre qual grupo o paciente se encontra durante o estudo. No fim de abril, o Conselho Federal de Medicina (CFM) liberou o medicamento após uma reunião com o presidente no mesmo dia. Apesar de reconhecer que não há ainda comprovação de segurança e eficácia do tratamento, o CFM afirmou na ocasião que a liberação ocorreu por causa da excepcionalidade da pandemia.

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A professora e chefe do departamento de Saúde Global e População de Harvard, Marcia Castro, que também participou do painel, criticou Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por desvalorizarem a ciência. Ela creditou especialmente à falta de liderança o cenário negativo dos dois países. Para ela, o Brasil tinha estrutura "de dar inveja a outros países" para dar uma resposta efetiva à pandemia: o SUS. Mas, por falta de uma boa gestão federal, há "5.570 governanças paralelas, cada uma tentando resolver o problema".

Para Henrique Neves, diretor-geral da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, que tem contato tanto com o sistema público quanto com o privado, um melhor diálogo entre os dois poderia também ter resultado em uma melhor contenção. "A área pública lotou (com doentes pelo coronavírus) quando a área privada ainda não tinha ocupado um terço do que havia preparado." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O cientista francês Didier Raoult, grande defensor da cloroquina, se tornou durante a crise de saúde um herói "antissistema", com a promoção de um tratamento barato contra os interesses da indústria farmacêutica, além de suas críticas à imprensa e à "elite de Paris".

"Foi a pessoa adequada no momento certo, com a temática correta, o discurso correto, ou melhor dizendo, o contradiscurso correto", resume à AFP Sylvain Delouvée, psicólogo e sociólogo da Universidade Rennes-2, especialista em teorias da conspiração.

Em um contexto como o da crise da Covid-19, "as vozes que se elevam para dizer que têm ou pretendem ter uma solução primeiro atraem a atenção e depois uma magnanimidade espontânea, como a provocada por um salvador", afirma o cientista político Jérôme Fourquet, do instituto francês de opinião pública Ifop.

A popularidade de Raoult também se deve a seu posicionamento, "que corresponde a uma linha divisória na sociedade francesa", indica Fourquet à AFP: "O antissistema que se opõe aos apparatchiks, tecnocratas (...), o senso comum e o pragmatismo ante construções intelectuais".

A atração também é provocada por seu aspecto, ressalta Sylvain Delouvée. "O cabelo comprido, a forma de falar... mostram que 'ele é capaz de superar as normas, não permanece preso, não usa terno e gravata, portanto está claro que não permite ser comprado'".

- "Orgulho local" -

Vale acrescentar uma peculiaridade francesa: a oposição entre Paris e as províncias. "Raoult encarna a oposição a Paris, o local do poder. (...) O fato de ser de Marselha ativa de maneira bastante rápida a oposição Paris-Marselha, sendo esta última a anticapital por excelência", explica o sociólogo Ludovic Lestrelin no site Marsactu.

No Facebook foram criados muitos grupos de apoio a Raoult, alguns com centenas de milhares de integrantes.

Na "vida real", o especialista em doenças infecciosas, de barba e cabelo comprido branco, também seduz, em particular aqueles que se declaram "antissistema", desde os líderes do 'Rassemblement National' (extrema-direita) até o líder do partido França Insubmissa (esquerda radical) Jean-Luc Mélenchon, passando pelo presidente americano Donald Trump ou o brasileiro Jair Bolsonaro, e até o filósofo francês Michel Onfray, que o recrutou para sua nova revista Frente Popular.

Nas redes sociais, os "pró" e os "anti" discutem a cada nova publicação sobre o trabalho do diretor do Instituto Hospitalar Universitário (IHU) Méditerranée Infection.

"A França se separou de acordo com linhas divisórias preexistentes, cada uma rapidamente reconheceu seu lado", enfatiza Jérôme Fourquet.

- "Desconfiança secular" -

Sua popularidade é o "reflexo da desconfiança secular de uma parte da população a respeito das elites", explica o historiador Jean Garrigues, que vê em Didier Raoult "uma figura recorrente da história contemporânea (francesa): o homem que em tempos de crise, desconhecido do público em general, fora dos círculos restritos clássicos das elites (...), aparece para apresentar uma solução milagrosa".

Ele é populista? Não necessariamente, declara Fourquet: "Ele faz uso disso, mas não segue exatamente este discurso, embora muitos dos que o apoiam estejam neste grupo".

O médico considera que não transmite a imagem correta: "Imagino que há tolos que me veem de maneira caricatural, mas, sabe, venho de uma família na qual sou a quarta geração de oficial da Legião de Honra. Não sou um bandido (...) estou a serviço deste país", declarou o professor ao canal LCI na terça-feira.

Ao ser questionado se é "antielite" pela revista L'Express, respondeu que é "grande elitista", mas crítico do "declínio parisiense", um microcosmos "desconectado" que o recorda da corte de Versalhes no século XVIII, de acordo com suas declarações a LCI, que registrou recorde audiência com a entrevista.

O cientista não cogita um futuro político: "Não me considero um herói, nem Jesus Cristo. (...) Acredito que faço muito bem o que faço, não tenho vontade de mudar".

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (27) a apoiadores em frente ao Palácio do Planalto que os Estados Unidos enviarão 2 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina para o Brasil. A declaração foi feita após a fala de um apoiador que informou ter vindo da Califórnia (EUA) e fazer elogios à gestão atual do governo no Brasil.

"Como está o Trump lá, tá bem?", questionou Bolsonaro ao apoiador. Em seguida, deu a informação sobre a chegada do medicamento ao Brasil. "Ele (Trump) está mandando para nós aqui 2 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina. Deve chegar hoje", afirmou o presidente.

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OMS

Na segunda-feira, 25, a Organização Mundial de Saúde (OMS) informou que o uso da hidroxicloroquina está suspenso no ensaio clínico internacional Solidariedade ("Solidarity"). A decisão foi baseada em um estudo publicado na revista científica The Lancet e será revisada nas próximas semanas após análise mais abrangente.

Atualmente, 3,5 mil pacientes de 17 países estão inscritos na pesquisa. O estudo publicado na revista, na semana passada, concluiu que o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus, mesmo quando associadas a outros antibióticos, aumenta o risco de morte e de arritmia cardíaca.

O Ministério da Saúde indicou que vai manter a orientação para uso precoce do remédio nos casos de covid-19. "Estamos muito tranquilos a despeito de qualquer instituição ou entidade internacional que venha a cancelar os seus estudos com a medicação", disse Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, em entrevista coletiva na última segunda-feira.

Mayra falou que o estudo publicado na Lancet não é "metodologicamente aceitável" como referência para as decisões tomadas pelo Ministério. "O que nós queremos reafirmar é que estamos seguindo, sobretudo, princípios bioéticos."

Os médicos pernambucanos Antônio Jordão de Oliveira Neto, que é oftalmologista, e a Cristina Altino de Almeida, especialista em medicina nuclear, estão encabeçando um "Protocolo de Tratamento Pré-Hospitalar Covid-19" com 39 páginas e repleto de indicações técnicas, dosagens de medicamentos, gráficos e referências bibliográficas - tudo em apoio ao uso da cloroquina e do hidroxicloroquina no combate ao Covid-19.  

Esse protocolo é subscrito por 42 médicos no total e é apresentado como um documento oficial a ser aplicado pelo médico no atendimento de pacientes com o novo coronavírus.

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"Este protocolo nasceu da angústia dos médicos que se viram frente a frente com um inimigo desconhecido mas que, a exemplo de Dom Quixote, ergueram a lança e foram para cima do Dragão Covidiano ao Grito de 'Vamos à Luta para a implementação de um tratamento pré-hospitalar!", diz o documento.

Na última segunda-feira (25), dia que o protocolo foi divulgado, foi o mesmo dia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia suspendido um estudo em andamento com a cloroquina e a hidroxicloroquina. O embate é entre os que defendem o uso dessas drogas e os que dizem não existir estudo suficiente sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o combate ao Covid-19.

Enquanto o Ministério da Saúde aponta a cloroquina como uma alternativa, a revista científica Lancet relaciona essas drogas como causadoras de problemas cardíacos em um estudo com 96 mil pacientes. São milhares de médicos espalhados pelo Brasil que apoia o uso da cloroquina e, por isso, estão sendo apelidados pelos seus críticos de "cloroquiners". 

Gerente de Incidentes da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Sylvain Aldighieri afirmou nesta terça-feira, 26, que a entidade não tem recomendado o uso da cloroquina nem da hidroxicloroquina, para o tratamento da covid-19. Durante entrevista coletiva virtual da entidade, Aldighieri lembrou que na última semana surgiram artigos científicos em duas publicações importantes, British Medical Journal e The Lancet, mostrando que os medicamentos não seriam eficientes e também aumentariam o risco de arritmias cardíacas.

Aldighieri lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu suspender os testes com hidroxicloroquina em seu ensaio clínico Solidariedade (Solidarity Trial). A OMS afirmou ontem que irá revisar sua postura sobre esse medicamento, à luz das informações já disponíveis nos testes, para anunciar em até duas semanas sua posição sobre ele.

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O gerente da Opas lembrou que alguns países, de qualquer modo, têm incluído a hidroxicloroquina em seus estudos contra a covid-19.

Apesar da decisão da OMS de suspender os ensaios com hidroxicloroquina, Estados Unidos e Brasil - os dois países do mundo com a maioria dos casos do novo coronavírus - mantêm a recomendação de usar este medicamento para interromper a pandemia.

O presidente americano, Donald Trump, pressionou fortemente pelo uso da hidroxicloroquina como um tratamento potencial para o coronavírus, que infectou mais de 5,5 milhões de pessoas e matou mais de 346.000 pessoas em todo mundo, segundo um balanço da AFP feito com base em dados oficiais. Trump afirmou que ele próprio estava tomando o remédio, de forma preventiva.

O presidente Jair Bolsonaro também promoveu seu uso para conter o vírus, que explodiu no país, o sexto do mundo em número de mortes por Covid-19 (23.473) e o segundo com mais casos confirmados (375.000). Hoje, o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos.

Na segunda-feira (25), a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que suspenderia "temporariamente" os ensaios clínicos com hidroxicloroquina contra a Covid-19, depois que um estudo considerou a cloroquina e seus derivados ineficazes, ou até contraproducentes, no tratamento do novo coronavírus.

Ainda de acordo com o estudo, publicado no periódico "The Lancet", essas moléculas aumentam o risco de morte e arritmia cardíaca, o que levou a OMS a tomar sua decisão. Apesar disso, o Ministério brasileiro da Saúde anunciou que continuará recomendando a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.

"Permanecemos muito calmos e serenos, e não haverá nenhuma modificação" na recomendação, disse a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Mayra Pinheiro, em entrevista coletiva em Brasília.

Bolsonaro é um forte opositor das medidas de confinamento e, como Trump, minimizou a ameaça do vírus desde seu surgimento. E mantém sua postura, apesar de a América Latina se tornar o novo epicentro global do coronavírus.

Já a Colômbia decidiu seguir o conselho da OMS e retirou na segunda-feira a recomendação de usar cloroquina e hidroxiloroquina em pacientes com Covid-19.

Trump anunciou, por sua vez, que estava tomando o remédio, depois de receber a carta de um médico e várias "ligações positivas" de pessoas que recomendaram seu uso. Ignorou, assim, a opinião de seus próprios especialistas do governo e da FDA (a agência federal que regula alimentos e remédios nos EUA), os quais alertam que o medicamento pode causar sérios problemas cardíacos em pacientes com Covid-19.

O presidente dos EUA tem sido muito criticado pela gestão da crise em seu país, o mais afetado pela pandemia, com mais de 98.000 mortes e mais de 1,6 milhão de casos confirmados de coronavírus.

- LATAM, em quebra -

A pandemia também continua a causar estragos na América Latina e no Caribe, com cerca de 766.000 casos e mais de 41.000 mortes. Atrás do Brasil, que registrou 23.473 óbitos, os outros países mais afetados são México (7.633 mortes), Peru (3.629) e Equador (3.203).

A crise da saúde e a decorrente paralisia econômica também estão dando origem nesta parte do mundo a um aumento da tensão na população.

Embora o confinamento tenha ajudado a conter a propagação do vírus, suas consequências econômicas e no ânimo da população já começam a ser notadas.

Em todo mundo, foram adotadas medidas de recuperação econômica sem precedentes, com os governos tentando apoiar suas economias, afetadas pela crise. Foram especialmente atingidos os setores de turismo e transportes, devido a restrições de viagens.

A LATAM, a maior companhia aérea da América Latina, entrou com pedido de falência nos Estados Unidos nesta terça-feira, devido à drástica queda na atividade da empresa. Antes da pandemia, a LATAM voava para 145 destinos em 26 países e fazia cerca de 1.400 voos diários.

A decisão da empresa, que inclui subsidiárias no Chile, Peru, Equador e Colômbia, não terá um impacto imediato nos voos de passageiros, ou de carga.

Na Bolívia, depois que algumas cidades retomaram parcialmente o transporte público na segunda-feira, um sindicato dos trabalhadores da saúde lançou uma greve de fome para mostrar seu temor de um aumento do número de infecções.

No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador considerou que a crise econômica resultante da pandemia causará a perda de um milhão de empregos em 2020.

Seu colega chileno, Sebastián Piñera, declarou que o sistema de saúde está "perto do limite", enquanto na segunda-feira cerca de 5.000 casos foram registrados no país em 24 horas - um recorde. Dois ministros do gabinete de Piñera estão contaminados com Covid-19.

Na Argentina, o isolamento social vai durar até 7 de junho, o que levou cerca de 150 pessoas a protestarem no centro de Buenos Aires. O governo decidiu estender o confinamento, devido a uma rápida aceleração dos contágios, que aumentaram cinco vezes em duas semanas na capital e nos subúrbios.

- Europa avança com prudência -

Do outro lado do Atlântico, muitos países europeus continuam a moderar as medidas de contenção, enquanto vão controlando a epidemia.

Na Espanha, muito atingida pela Covid-19 com mais de 26.800 mortes, Madri e Barcelona reabriram seus parques e terraços dos cafés na segunda-feira - a primeira vez em mais de dois meses.

Em outros lugares, academias e piscinas também funcionaram novamente, como na Alemanha, Islândia, Itália e em algumas regiões da Espanha.

Dada a menor taxa de infecção, os restaurantes gregos começaram a receber clientes uma semana antes do esperado, mas apenas com atendimento externo.

"O café tem uma dimensão social, é onde a vida do bairro acontece", disse à AFP Giorgos Karavatsani, em Atenas.

Em outro exemplo do retorno gradual à normalidade, a Basílica da Natividade em Belém, onde Jesus nasceu de acordo com a tradição cristã, na Cisjordânia, reabriu nesta terça-feira após ficar fechada por mais de dois meses.

Especialistas alertam para uma possível segunda onda do coronavírus, que pode ser devastadora se governos e cidadãos baixarem a guarda, principalmente sem uma vacina disponível.

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