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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, disse nesta quinta-feira (4) que muitas das mortes causadas pela pandemia da COVID-19 no Brasil eram evitáveis.

O Brasil registrou na última quarta-feira (3) um novo recorde de mortes por coronavírus, totalizando 1.840 óbitos em 24 horas. É o pior momento do país desde o começo da pandemia.

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De acordo com o ministro Luís Roberto Barroso, o país vive um momento de desvalorização da vida e é legítimo o "sentimento de abandono Brasil afora".

"Nós tivemos na data de ontem [quarta-feira] 1.840 mortos pela COVID-19 no Brasil. Nós estamos batendo recordes negativos. Algumas dessas mortes eram, como em toda parte do mundo, inevitáveis, mas, muitas, evitáveis", afirmou.

"Nós estamos, infelizmente, vivendo um momento de desvalorização da vida, em que pessoas nos deixam e passam a ser tratadas puramente como números. É muito triste o que está acontecendo no Brasil, e é legitimo o sentimento de abandono que as pessoas têm pelo Brasil afora", acrescentou Barroso.

Nos últimos sete dias, o Brasil registrou uma média móvel de 1.332 mortes, o que representou uma variação pra cima de 29% em relação à média de duas semanas atrás.

Da Sputnik Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) encaminhou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, uma acusação do PDT contra o presidente Jair Bolsonaro. A notícia-crime, assinada pela ministra Rosa Weber, tem como mote o enaltecimento da cloroquina (ou da hidroxicloroquina) no combate à Covid-19 pelo presidente, mesmo sem haver comprovação científica de eficácia contra o novo coronavírus. O uso do remédio poderia colocar em risco a vida de brasileiros que passaram a usar a medicação após os conselhos de Bolsonaro. Além de difundir a eficácia do medicamento em seus discursos e falas a apoiadores, o presidente também costumava ter uma caixa com a droga em sua mesa quando fazia as tradicionais transmissões ao vivo nas redes sociais às quintas-feiras.

A transmissão de notícias-crimes protocoladas por partidos políticos para a Procuradoria-Geral da República (PGR), para que tome conhecimento e providências que considerar adequadas, é considerada um procedimento comum. Apesar disso, foi a partir de encaminhamentos como estes que foram iniciadas investigações sobre a coordenação do governo na pandemia por Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por exemplo. Sob pressão, o Ministério disse que as negociações com dois laboratórios que produzem a vacina (Pfizer e Janssen) estavam emperradas e pediu publicamente uma orientação do Palácio do Planalto para destravar as tratativas.

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O procurador-geral é o único com o poder de oferecer denúncia pela prática de crime comum contra um presidente. Aras terá de decidir agora se pede a abertura de um inquérito pela Suprema Corte, se instaura um procedimento preliminar, se anexa a acusação a outras investigações ou se simplesmente arquiva a denúncia-crime.

O PDT é um dos partidos de oposição ao governo, e outros também que estão fora da base aliada de Bolsonaro já usaram esse tipo de instrumento no STF, como o PCdoB e o Cidadania. O PDT ingressou com a petição na Suprema Corte no dia 8. No documento, acusou Bolsonaro de expor a vida ou a saúde de pessoas a perigo direto e iminente, de conceder verbas públicas para algo que não estava previsto em lei e dispensar a realização de licitações (desconsiderando os casos previstos em lei) ou deixar de cumprir formalidades exigidas neste caso. A petição traz ainda que foram mobilizados vários ministérios (como Saúde, Economia, Relações Exteriores e Defesa, por exemplo) e outros órgãos para difundir o uso da medicação.

"Houve excessiva difusão da cloroquina, com prováveis ilegalidades no gasto do dinheiro público, quando não há sequer estudo científico que comprove a eficácia do medicamento no combate e prevenção ao novo coronavírus", denunciou o PDT. O partido também argumentou que, em vez de direcionar recursos para medidas efetivas de combate ao vírus, preferiu apostar em uma medicação sem uso comprovado cientificamente. O documento continua dizendo que diversos estudos sobre a cloroquina apontam justamente que a droga não previne e não tem efeito sobre a covid-19. "Ao prescrever medicamento sem indicação científica para a doença, o senhor Jair Messias Bolsonaro pôs em perigo a vida dos brasileiros que ingeriram uma droga contraindicada em diversos casos clínicos."

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quinta-feira (11) que a nova variante do novo coronavírus encontrada em Manaus já está presente em outros estados. Acrescentando se tratar de um dado epidemiológico, ele afirmou que em 13 de janeiro o Ministério da Saúde (MS) identificou a disseminação da variante do vírus.

“Fizemos o alerta epidemiológico para o país e passamos a ver que essa cepa já estava no país. Senhores, a cepa está no Brasil como um todo. Isso é dado epidemiológico. Não existe a possibilidade de ser fazer uma redoma em Manaus e achar que se resolveu o problema”, disse o ministro no Senado.

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Pazuello participou de sessão de debates no plenário do Senado, onde respondeu perguntas de senadores em uma sessão de cinco horas de duração. Pazuello acrescentou que essa variante do vírus não foi importada do Reino Unido ou da África do Sul, onde também foram encontradas novas cepas, e afirmou que, apesar de estar espalhada pelo país, epidemiologistas dizem que não significa que ela será dominante. Isso dependerá, segundo ele, das características de cada estado e dos vírus lá presentes.

“Em Manaus, 95% dos exames para identificação do vírus identificam essa nova linhagem. Isso não quer dizer que só exista em Manaus ou que Manaus esteja distribuindo para o Brasil. A existência dessa linhagem não quer dizer que ela vai se tornar dominante naquele local. Não é uma cepa importada, ela já estava lá. Só foi ocupando espaço em relação às outras”, disse o ministro.

Debate

Pazuello foi convidado pelos senadores para explicar as medidas do ministério para combate à covid-19 no país. Durante toda a tarde e parte da noite, ele foi questionado sobre ações do ministério e foi alvo de críticas de vários senadores. Para eles, o governo demorou na adoção de estratégias eficazes para combater a pandemia e adotou discursos negacionistas em relação ao vírus.

“O que nós vimos nos últimos meses é a total falta de estratégia e mesmo de tática, para que pudéssemos vencer esta pandemia", disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS). 

Em resposta, Pazuello defendeu as ações do ministério e a atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) diante da pandemia, reconhecendo as possibilidades de falha nessa resposta. “A capilaridade desse sistema permitiu que a gente tivesse uma boa resposta. Talvez não a ideal, talvez não a perfeita, mas ela teve uma boa resposta. E essas ações sempre serão tripartites, sempre serão pactuadas entre governo federal, estadual, municipal, Conas [Congresso Nacional de Saúde], Conasems [Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde] e o ministério”.

Questionado, Pazuello negou que a política do ministério seja recomendar o uso de medicamentos para covid-19 ou para qualquer doença. “O Ministério da Saúde não faz protocolo para uso de medicamentos. As orientações que o ministério deu quanto a medicamentos, se deu quanto ao uso do medicamento, caso o médico prescreva; a atenção às doses, para não haver excesso. O Ministério da Saúde não indica medicamento para esta ou aquela doença”, disse.

O ministro afirmou que houve um erro em uma plataforma digital do ministério. Essa plataforma induziu o uso de medicamentos e, conforme explicou o ministro, a plataforma foi retirada do ar e o servidor responsável pelo erro foi afastado. “Se alguém do ministério coloca uma ideia fora da linha do ministério e isso chegar para mim, será tratado como manda o regulamento”.

O ministro também afirmou que o ministério pretende vacinar toda a população ainda em 2021. Além disso, vê o Brasil como um produtor de vacinas mais do que um comprador. Pazuello entende ser esse o “destino” do país após começar a produzir em solo nacional a CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, e a vacina da Oxford/AstraZeneca.

 

 Em auditoria, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou ilegalidade na compra de cloroquina e hidroxicloroquina com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). O governo federal tem dias para prestar esclarecimentos.

Em despacho realizado na última sexta (22), o ministro Benjamin Zymler lembrou que os supostos efeitos positivos dos medicamentos adquiridos no tratamento da covid-19 não possuem comprovação científica. Zymler colocou ainda que a cloroquina e a hidroxicloroquina só poderiam ser fornecidos pelo SUS para o tratamento da doença com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou de autoridades sanitárias estrangeiras.

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"Desta feita, como não houve manifestação da Anvisa acerca da possibilidade de se utilizar os medicamentos à base de cloroquina para tratamento da Covid-19 e tampouco dos órgãos internacionais [quatro autoridades sanitárias estrangeiras previstas em lei] antes mencionados, verifica-se não haver amparo legal para a utilização de recursos do SUS para o fornecimento desses medicamentos com essa finalidade", comentou o ministro.

Aplicativo polêmico

O TCU pediu ainda esclarecimentos a respeito do aplicativo TrateCov, do governo federal, que foi retirado do ar na quinta (21), depois de questionamentos da opinião pública. A plataforma recomendava o uso de antibióticos, bem como de cloroquina e ivermectina, para náusea e diarreia. A prescrição era indicada até para bebês.

Alinhada com a política do Governo Federal de defender 'tratamento precoce' contra a Covid-19, o Ministério da Saúde teve a publicação em que defende o uso de medicamentos sem comprovação científica marcada como enganosa pelo Twitter, neste sábado (16). 

Essa narrativa, desde o início, é defendida por Jair Bolsonaro e também pelo Ministério da Saúde com o ministro Pazuello. Na publicação, o órgão pede que, assim que surgir sintomas, as pessoas deveriam procurar um centro de saúde e solicitar o tratamento precoce. 

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A publicação, por conta da falta de comprovação desse tipo de tratamento, foi marcada pelo twitter como enganosa e com “informações potencialmente prejudiciais relacionadas a Covid-19”.

Nesta quarta-feira (6) o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) usou sua conta no Twitter para criticar o presidente da República, Jair Bolsonaro, pela suspensão da compra de agulhas e seringas, segundo o mandatário, até que os produtos voltem ao “preço normal”. 

Ao criticar a decisão do presidente, Freixo lembrou uma compra de insumos para a produção de cloroquina feita sem licitação pelo Exército Brasileiro no último mês de maio, revelada em setembro de 2020. “Bolsonaro comprou TONELADAS de cloroquina SUPERFATURADA, mas suspendeu a aquisição de seringas por causa dos preços altos. Esse é o valor que o presidente dá a vida dos brasileiros”, escreveu o deputado.

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Além do deputado, outros membros da classe política também criticaram a postura do presidente. A deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL) chamou Bolsonaro de "sabotador do combate à Covid". Também deputado, José Guimarães (PT-CE) alegou que para o chefe do Executivo nacional "a alcunha 'genocida' não é exagero. Também crítico à gestão Bolsonaro, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que "Bolsonaro tenta justificar sua incompetência e irresponsabilidade jogando a culpa no colo dos outros".

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Relembre o Caso

Segundo informações da CNN Brasil, uma compra de 600 kg de difosfato de cloroquina, a base do remédio, foi feita ao Grupo Sul Minas por R$ 1.304/kg, ou seja, R$ 782.400. Antes, em março de 2020, o mesmo grupo forneceu 300 kg do produto por R$ 488/kg (R$ 146.400), preço igual ao que constava em uma licitação feita em 2019.

Diante do aumento de preço em 167%, o Ministério Público pediu que o Tribunal de Contas da União (TCU) investigasse a aquisição dos insumos com suspeitas de superfaturamento.

Em ofício ao tribunal, o Exército afirmou que a compra do medicamento não recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratamento da Covid-19 foi realizada por um suposto aumento de demanda pelo medicamento e também com o objetivo de “produzir esperança para corações aflitos”. 

“Preço Normal”

Nesta quarta-feira (6) Bolsonaro comunicou a suspensão de uma licitação para compra de agulhas e seringas que seriam destinadas à imunização contra a Covid-19 no Brasil "até que os preços voltem à normalidade". O motivo alegado foi que diante do interesse do Governo em adquirir o material para vacinação, “os preços dispararam". 

"Estados e municípios têm estoques de seringas para o início das vacinações, já que a quantidade de vacinas num primeiro momento não é grande", escreveu Bolsonaro em suas redes sociais. 

Apesar da afirmação do presidente, o pregão aberto pelo Ministério da Saúde para compra de seringas e agulhas fracassou. Era necessário adquirir 331 milhões de unidades, mas teve oferta para apenas 7,9 milhões. Segundo os fabricantes, não houve interessados porque o preço pago pelo governo está muito abaixo do mercado. 

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A agência de medicamentos da União Europeia (EMA) alertou que o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina está associado ao risco de distúrbios psiquiátricos e comportamentos suicidas.

A declaração está em um comunicado divulgado pelo comitê de segurança da EMA na última sexta-feira (27), após uma revisão de todos os dados disponíveis sobre os remédios. Tradicionalmente empregados no tratamento de malária e lúpus, os medicamentos chegaram a ser uma esperança contra a Covid-19, mas estudos científicos descartaram sua eficácia no combate à doença.

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"A revisão havia sido iniciada em maio de 2020, após a EMA ter sido informada pela Agência de Medicamentos da Espanha sobre seis casos de desordens psiquiátricas em pacientes com Covid-19 que haviam recebido doses de hidroxicloroquina acima do autorizado", diz o comunicado.

A agência não permite o uso dos dois remédios para tratar da Covid-19 e ainda lembra que estudos clínicos de larga escala não mostraram "nenhum efeito benéfico" em sua utilização contra a doença. "Já se sabe que a cloroquina e a hidroxicloroquina, mesmo utilizadas em doses aprovadas para indicações autorizadas, podem causar um amplo espectro de transtornos psiquiátricos.

Distúrbios psicóticos e comportamentos suicidas estão listados na bula de alguns medicamentos contendo cloroquina ou hidroxicloroquina como efeitos colaterais raros ou de frequência desconhecida", afirma a EMA.

De acordo com a agência, a revisão dos dados confirmou a ocorrência de desordens psiquiátricas, inclusive graves, em pacientes com ou sem histórico de problemas mentais. No caso da hidroxicloroquina, a EMA afirmou que os efeitos colaterais podem aparecer no primeiro mês de tratamento. Já para a cloroquina, não existem dados suficientes para estabelecer prazos.

"O comitê recomenda a atualização das bulas desses medicamentos para fornecer informações melhores a profissionais de saúde e pacientes sobre o risco de comportamentos suicidas e desordens psiquiátricas", ressalta o comunicado. 

Da Ansa

O coronavírus vitimou mais uma pessoa que duvidava de sua capacidade mortal. O senador Arolde Oliveira (PSD-RJ) faleceu na última quarta (21) por complicações da Covid-19. Aliado do presidente Jair Bolsonaro, o senador não acreditava na gravidade da pandemia do coronavírus, defendia o uso da cloroquina e chegou a falar publicamente, várias vezes, sobre esses temas. 

Arolde tinha 83 anos e estava internado desde o dia quatro de outubro. Ele faleceu em decorrência de uma falência de órgãos, uma complicação da Covid-19. A morte foi anunciada pela própria família nas redes sociais. Ele estava em seu segundo mandato como senador e uma de suas pautas, ultimamente, vinha sendo a defesa do uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes afetados pelo coronavírus. 

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Em suas redes sociais, o senador costumava criticar o isolamento social e colocava em dúvida a capacidade letal do coronavírus. Em algumas postagens, ele falou. “Os números do vírus chinês no mundo e no Brasil demonstram a inutilidade do isolamento social. Autoridades, alarmistas por conveniência, destruíram o setor produtivo e criaram milhões de desempregos. O Presidente Jair Bolsonaro, isolado pelo STF, estava certo desde o início”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um estudo nesta sexta-feira (16) em que afirma que os remédios remdesivir e cloroquina/hidroxicloroquina não funcionam no tratamento do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

"Os resultados preliminares do Solidarity Therapeutics Trial, coordenado pela OMS, indicam que o remdesivir, que a hidroxicloroquina, a combinação lopinavir/ritonavir e os tratamentos à base de interferon parecem ter um pequeno ou inexistente efeito sobre a mortalidade em 28 dias ou no percurso hospitalar do Covid-19 entre os pacientes recuperados", informa o documento.

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O estudo foi conduzido em 405 hospitais em 30 países diferentes e envolveu 11.266 adultos, dos quais cerca de 2,7 mil receberam o remdesivir, 954 receberam a hidroxicloroquina, 1,4 mil receberam o interferon e 1,4 mil tomaram a combinação lopinavir/ritonavir. Outros 4.088 receberam medicamentos placebo.

"Os testes investigaram os efeitos desses tratamentos sobre a mortalidade total, sobre o início da intubação e sobre a duração do tratamento. Outros usos como, por exemplo, o tratamento de pacientes nas comunidades ou para a prevenção, serão examinados em experimentações diferentes", conclui.

Apesar de vários estudos internacionais já terem apontado a ineficácia da cloroquina ou da hidroxicloroquina tanto para tratamento como para prevenção, essa é a primeira vez que um amplo estudo aponta a ineficiência do remdesivir.

O antiviral, por exemplo, é o único aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para uso contra a Covid-19 na Europa nos casos graves de internação, em que os pacientes precisam de ajuda mecânica para respirar.

O medicamento também é amplamente usado nos Estados Unidos, que compraram os estoques de produção de três meses da empresa Gilead Sciences, e foi um dos remédios que o presidente Donald Trump tomou no hospital.

Da Ansa

No dia em que o Brasil chegou à marca de 150.023 mortes por covid-19, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que 30% dos óbitos poderiam ser evitados com o uso da cloroquina, um medicamento sem comprovação científica contra a doença e rejeitado pela comunidade científica mundial.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, o chefe do Planalto não comentou o número de mortos pelo vírus que o País atinge neste sábado (10). Disse lamentar as vítimas e voltou a criticar medidas de isolamento social tomadas durante a pandemia.

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Mesmo sem eficácia comprovada, as drogas viraram aposta do presidente Jair Bolsonaro na estratégia de resposta à pandemia no Brasil. Na gestão do general Eduardo Pazuello, que começou em maio, o Ministério da Saúde passou a recomendar o uso de remédios desde os primeiros sintomas da Covid-19, contrariando orientações de entidades médicas e científicas, como a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em transmissão pelas redes sociais ao lado de uma apoiadora em Guarujá (SP), Bolsonaro citou um suposto estudo da Sociedade Europeia de Cardiologia afirmando que a hidroxicloroquina não causa arritmia cardíaca. "Eu sei que eu não sou médico. Mas conversei com muitos médicos ou você acha que eu inventei a cloroquina?", questionou Bolsonaro, dirigindo-se à câmera no vídeo ao vivo.

De acordo com Bolsonaro, o estudo de que a cloroquina evita mortes pela Covid-19 vai chegar um dia. "Vou chutar aqui, vou chutar. Por volta de 30% das mortes poderiam ser evitadas com hidroxicloroquina usando na fase inicial", declarou o presidente. Outra solução, nas palavras de Bolsonaro, é a vitamina D. "Uma maneira de você conseguir vitamina D é pelo sol e a vitamina D ajuda aí a combater o vírus", declarou, ao falar das praias fechadas na crise.

Mais cedo, em passeio pelo Guarujá, Bolsonaro posou para fotos, abraçou e conversou com apoiadores sem usar máscara de proteção. Na transmissão, ele pediu à apoiadora que tirasse a máscara que usava no início do vídeo ao vivo.

Mortes

Na mesma transmissão, Bolsonaro "chutou" outro número. De acordo com ele, o número total de mortes no Brasil neste ano é "parecido" com a quantidade de óbitos do mesmo período em 2019, antes da pandemia. "Se você for analisar, eu não fiz as contas ainda, nós estamos agora, faz de conta que acabou setembro, se pegar o número de mortes de janeiro a setembro do ano passado e janeiro a setembro deste ano... fez as contas aí, Cid. (chefe da Ajudância de Ordens que acompanha o presidente". Se bobear, está parecido", afirmou o mandatário.

Dados oficiais, porém, contrapõem o presidente. De acordo com o Portal da Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN Brasil), o País teve 1.069.456 mortes de janeiro a setembro de 2020. A quantidade é maior do que o mesmo período de 2019, quando 949.699 óbitos foram registrados - quase 120 mil mortes a mais. Além disso, todos os meses, individualmente, registraram mais mortes neste ano do que em 2019.

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou apelação ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) insistindo no pedido para que o governo brasileiro seja obrigado a repassar informações verdadeiras e com base científica à população sobre o tema da pandemia de covid-19. O pedido foi iniciado na Justiça Federal em Belém que, em sentença do dia 13 de agosto, reconheceu as contradições entre as falas do presidente da República e outras autoridades e as recomendações médicas, científicas e sanitárias. Mas entendeu que as falas não trouxeram “repercussões sociais de grande alcance”.

Agora, o caso vai ser apreciado pelo TRF1, em recurso apresentado pelo MPF no dia 2 de outubro. O MPF pede a reforma da sentença e o reconhecimento dos danos à população no momento em que o país alcança a marca de 150 mil mortos por covid-19, uma das mais altas taxas de letalidade do mundo. O recurso pede que a União seja condenada a publicar nos seus canais oficiais e na conta do twitter do presidente da República, “orientações e indicações sobre a necessidade imprescindível do isolamento social, enfatizando as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e referendadas pelos órgãos técnicos do Ministério da Saúde”.

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A apelação também pede que o Tribunal reconheça a responsabilidade da União por difundir mensagens contraditórias à população, favorecendo a omissão de gestores públicos no combate à covid-19 e enfraquecendo o isolamento social. “Busca-se garantir uma postura proativa dos entes federativos na concretização do direito à informação quanto à adoção de medidas emergenciais de combate à covid-19, bem como a condenação em danos morais coletivos”, diz o recurso.

Para o MPF, o dano moral coletivo surge diretamente da ofensa ao direito à informação e à saúde da população. “As falas do Presidente da República, autoridade máxima da nação, como agente público que tem a responsabilidade de realizar a política de combate à covid-19 devem ser coerentes com os fins perseguidos, em obediência à linha adotada e às recomendações da OMS. Não podem se mostrar incoerentes e implicar sinais contraditórios à população”, sustenta.

O dano moral decorre, diz o MPF, da simples violação do direito à informação e à saúde. Pela definição jurídica de dano moral, não se exige que ele cause dor e sofrimento para que seja reconhecido. E no caso em discussão nesse processo judicial, ressalta a apelação, a dor e o sofrimento estão “absolutamente presentes, diante da falta de empatia e das manifestações de asco e desdém do presidente da República em relação às mortes de quase 150 mil brasileiros pelo novo coronavírus, além das muitas declarações que demonstram que desde o começo da pandemia ele minimizou ou subestimou o perigo que o vírus ainda representa para a população”.

O recurso lembra que a gestão feita pelo governo brasileiro em relação à pandemia é considerada internacionalmente como irresponsável e preocupa a comunidade internacional pois, segundo a OMS, o mundo apenas estará seguro quando todos estiverem seguros. Ter um dos países com a maior população do mundo sem uma política coerente de controle da pandemia representa um risco regional e mesmo internacional.

“O descontrole da pandemia no país”, diz o MPF, “pode ser creditado, em grande parte, à ausência de uma política pública federal séria de combate a covid-19”. “Por falta de uma política pública coordenada pelo órgão central, se observa em nosso país uma multiplicação de medidas de relaxamento do isolamento social, sem respaldo científico, o que faz com que o Brasil tenha se tornado, com consequências imprevisíveis, um dos países com mais mortos no mundo em razão da pandemia, que está dilacerando as famílias brasileiras”.

Da assessoria do MPF

Em seu mais recente estudo sobre o uso da cloroquina na prevenção e tratamento da Covid-19, a Universidade da Pensilvânia concluiu que o medicamento mostra-se ineficaz na prevenção da doença causada pelo novo coronavírus. O resultado foi divulgado na última quarta-feira (30), no reservatório de pesquisas da Escola Perelman de Medicina (Penn) da instituição, através do jornal de pesquisas, o Jama.

Na apresentação do estudo, os pesquisadores dizem que “a hidroxicloroquina não é mais eficaz do que o placebo na prevenção de Covid-19”. O ensaio clínico da Penn mostra que profissionais de saúde em contato com pacientes com Covid-19 que tomaram hidroxicloroquina diariamente não reduziram sua taxa de infecção.

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Os profissionais foram capazes de analisar um total de 125 médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem certificados, técnicos de emergência e terapeutas respiratórios que recrutaram para o estudo. Essa população trabalhava em diversas áreas dos dois hospitais universitários, incluindo pronto-socorros e unidades do Covid-19.

Aproximadamente metade dos participantes do estudo tomou hidroxicloroquina, enquanto a outra metade tomou um placebo correspondente (uma pílula de celulose). O estudo foi duplo-cego, o que significa que nem os pesquisadores, nem os participantes sabiam a qual medicamento foram atribuídos.

“Este trabalho representa o primeiro estudo randomizado do efeito profilático da hidroxicloroquina para aqueles que ainda não foram expostos ao Covid-19”, disse o autor principal do estudo, Benjamin Abella, professor de Medicina de Emergência e diretor do Penn Medicine's Center for Resuscitation Science. “E embora a hidroxicloroquina seja um medicamento eficaz para o tratamento de doenças como lúpus e malária, não vimos diferenças que nos levassem a recomendar sua prescrição como medicamento preventivo para Covid-19 em trabalhadores de linha de frente”, completou.

Testes extensivos foram usados ​​para provar rigorosamente quem contraiu ou não o vírus. Cada pessoa recebeu swab e teste de anticorpos para Covid-19 no início de sua participação no estudo, na metade e no final - um período de oito semanas durante o período de estudo que começou em 9 de abril e terminou em 14 de julho de 2020. Participantes também fez testes de eletrocardiograma (ECG) por causa de preocupações sobre a hidroxicloroquina causando problemas de ritmo cardíaco em casos graves de Covid-19.

Ao fim do estudo, 6,3% daqueles que tomaram a hidroxicloroquina tiveram resultado positivo para Covid-19, enquanto 6,6% daqueles que tomaram os placebos foram positivos. Nenhum necessitou de hospitalização. Além disso, não houve diferença detectada nos ritmos cardíacos entre aqueles em qualquer um dos braços do estudo, o que mostrou que, embora a droga não tivesse efeito preventivo, também não era prejudicial, exceto por alguns efeitos colaterais temporários, como diarréia para alguns.

“As diferenças que vimos eram insignificantes”, disse Ravi Amaravadi, professor associado à universidade e um dos autores do estudo. “E aqueles que pegaram o vírus, quer estivessem tomando hidroxicloroquina ou não, eram todos assintomáticos ou tinham formas muito leves de Covid-19.”

A Penn avalia se a droga hidroxicloroquina (HCQ) pode beneficiar pessoas infectadas com Covid-19, bem como se tomar o medicamento preventivamente pode ajudar as pessoas a evitar a infecção, desde o dia 3 de abril deste ano. Nas outras mostras, o resultado foi parecido e o medicamento não exibiu desempenho satisfatório.

Foto: Divulgação/Penn

Em São José do Egito, no sertão pernambucano, para inaugurou a 1ª fase da 2ª etapa do Sistema Adutor do Pajeú, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar medidas de isolamento social contra a Covid-19 e a defender o uso da hidroxicloroquina, ao contrário do recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ladeado pelos ministros General Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos, além de políticos pernambucanos como Fernando Bezerra Coelho (PSB) e André Ferreira (PSC), ele declarou: “Deus foi tão abençoado que nos deu até a hidroxicloroquina para quem se acometer da doença. Eu não sou médico, mas sou ousado como o cabra da peste nordestino”. Nenhuma pesquisa científica observou resposta da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19.

Em discurso rápido, o presidente falou pouco sobre a obra. “A gente vê no semblante do nordestino...Quando chega água, parece que ganhou na Mega Sena”, disse Bolsonaro. Apesar disso, ele pediu que a população elegesse candidatos conservadores nas eleições deste ano. “Vamos caprichar para escolher prefeito e vereador vamos escolher gente que tenha Deus no coração, que tenha na alma o patriotismo e queira de verdade o bem do próximo. Deus, pátria e família”, concluiu.

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Sem máscara, Bolsonaro também se defendeu sobre sua presença em aglomerações. “Não existe satisfação maior para o político do que estar no meio do povo. Alguns dizem que me arrisco. Eu confesso: viver sem vocês, é morrer”, ironizou.

Partidos aliados ao presidente Jair Bolsonaro estão tomando o lugar que já foi ocupado pelo PT na oposição aos candidatos tucanos ou apoiados pelo governador João Doria no interior paulista. E no centro do debate eleitoral está a pandemia e o uso da cloroquina contra a Covid-19.

É por meio dela que os bolsonaristas polarizam as eleições em redutos do PSDB, como Jundiaí, Sorocaba e São José dos Campos. O novo coronavírus ainda coloca em dificuldade os tucanos em Ribeirão Preto. Já em Campinas, é o PT que pretende usar a pandemia para tentar voltar ao poder.

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Primeira cidade governada pelo PSDB no Estado, Jundiaí só não teve um tucano na Prefeitura no período de 2012 a 2016. Mas o município de 423 mil habitantes viu a pandemia colocar em campos opostos o atual prefeito Luiz Fernando Machado, candidato à reeleição, e seu vice, o pneumologista Antonio de Pádua Pacheco, do Podemos, que quer o apoio de Bolsonaro.

Segundo Pacheco, que agora também faz oposição a Doria, foi um erro o prefeito Luiz Fernando não ter adotado a hidroxicloroquina para a covid-19. O medicamento é defendido por Bolsonaro, que afirma ter se curado da doença por causa dele.

"O prefeito decidiu seguir as recomendações do governo estadual e não quis me ouvir. Com a hidroxicloroquina, não teríamos chegado a mais de 360 óbitos na cidade", afirma Pacheco, que elogia a gestão Bolsonaro. "Ele está fazendo uma revolução no País", completou.

Em Sorocaba, o candidato do Republicanos, vereador Rodrigo Manga, pegou o coronavírus e, imitando Bolsonaro, anunciou ter se curado com a cloroquina. O efeito do medicamento contra a doença não é comprovado. Missionário da Igreja Mundial, Manga sonha com o apoio da família do presidente. "Talvez consigamos a vinda do deputado Eduardo Bolsonaro."

Manga critica a prefeita Jaqueline Coutinho (PSL), candidata a reeleição, e Doria. Ele vai enfrentar ainda a deputada estadual tucana Maria Lúcia Amary. O PSDB governou a cidade de 1997 a 2016.

A pandemia pode atrapalhar os planos de reeleição do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB). O tucano assumiu após a prefeita Dárcy Vera (à época no PSD) ter seu segundo mandato interrompido em 2016, ao ser presa pela Polícia Federal por corrupção. Agora é Nogueira que enfrenta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal, que apura indícios de improbidade no aluguel de ambulâncias por R$ 1,1 milhão. A prefeitura relacionou o relatório do vereador Renato Zucoloto (PP) a um "momento eleitoral". E afirmou que a CPI não levou em conta que, na pandemia, "decisões rápidas e enérgicas devem ser tomadas para salvar vidas".

Campinas

Na maior cidade do interior, o médico Ricardo Saadi, pré-candidato do Republicanos, terá como vice Wanderlei Almeida, o Wandão, do PSB, partido do atual prefeito Jonas Donizette. O médico tem apoio do DEM, do PSL e do MDB. "O desafio de Campinas é reestruturar o sistema de saúde", disse Saadi.

O vereador e médico sanitarista Pedro Tourinho, candidato do PT, também usa a pandemia para criticar a gestão atual. "Campinas já tem mil vidas perdidas e agora vem a onda de desemprego que vai causar um desalento muito profundo. Isso tem motivado o encontro entre a medicina e a política."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na última terça-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se reuniu com médicos de todo o país que são a favor do uso da cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. Entre os profissionais presentes, o pneumologista pernambuco Blancard Torres chamou atenção ao pedir proteção ao mandatário e chamar o governador Paulo Câmara de "genocida".

Na audiência, Blancard Torres afirmou já ter tratado com sucesso mais de 200 pacientes com os medicamentos, que não têm eficácia comprovada cientificamente. Ele também disse estar sendo advertido por adotar esse tipo de tratamento. "O Hospital Português, onde eu trabalho há 42 anos, me deu uma advertência porque eu falei que os genocidas que são o governador Paulo Câmara e o prefeito Geraldo Júlio negam essas medicações. O protocolo deles é o seguinte: vá para casa. Quando tiver falta de ar, volte", declarou. 

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O pneumologista também pediu ajuda e proteção ao presidente Bolsonaro para poder continuar usando as medicações. "Estou pedindo ao senhor presidente que faça alguma coisa, senão eu vou parar. Eu sou seu soldado, você é meu capitão e tem que estar ao meu lado". O chefe de estado brasileiro se prontificou a atender ao apelo do médico pernambucano. "Talvez coubesse a uma associação ou Conselho Federal de Medicina uma ação preventiva. Vou sentar com a Saúde para ver o que pode fazer".

Assista:

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Os apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, que usaram, em Vitória (ES), a imagem do mandatário em um outdoor que fazia propaganda da hidroxicloroquina contra a Covid-19 recuaram e removeram a menção explícita ao medicamento. Agora, após a remoção do outdoor, os responsáveis pelo anúncio mudaram o conteúdo, abrindo mão de referência direta à hidroxicloroquina.

A nova mensagem mantém que "tratamento precoce salva vidas" e traz uma mulher dizendo que "está com malária". Historicamente, a doença é tratada com a substância cloroquina.

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Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o anúncio, instalado em uma das principais avenidas da capital capixaba, desrespeitava normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, para especialistas, podia configurar crimes como o de charlatanismo. A peça havia sido removida pela empresa dona do espaço e, agora, foi substituída.

Nas redes sociais, o deputado estadual Capitão Assumção (Patriotas) apresenta-se como o responsável pela propaganda. Sem mencionar as possíveis infrações legais e sanitárias, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) republicou um post do deputado que atribui a remoção ao "prefeito comunista" de Vitória. Chefe do Executivo municipal, o prefeito Luciano Rezende é filiado ao Cidadania.

A vigilância sanitária municipal havia notificado a empresa dona do espaço na semana passada, alegando que a mensagem feria "legislação acerca de propaganda de medicamentos". A notificação foi suficiente para a empresa tomar a decisão de retirar o anúncio.

A peça continha a foto de Bolsonaro acompanhada dos dizeres "covid-19, tratamento precoce salva vidas" e a imagem de uma caixa de sulfato de hidroxicloroquina de 400mg. A medicação, que pode causar efeitos colaterais sérios, não apresenta eficácia comprovada contra a covid-19.

Ainda em julho, a Sociedade Brasileira de Infectologia recomendou que tratamentos com a substância fossem abandonados, em todas as fases da doença, inclusive para que recursos públicos não fossem desperdiçados.

O outdoor original era apócrifo. Agora, é assinado por um assessor de gabinete do deputado estadual Capitão Assumção (Patriota). Ele causou aglomeração ao convocar apoiadores bolsonaristas para uma "inauguração" do primeiro outdoor, no último dia 5.

O âncora da CNN Rafael Colombo confrontou as afirmações do ex-jornalista da Globo, Alexandre Garcia, sobre o uso da cloroquina. Garcia é defensor do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e também do uso do medicamento no combate à Covid-19, mesmo sem comprovação científica que garanta sua eficácia. 

Durante a conversa, Garcia tentou defender o uso da substância como alternativa para o tratamento e foi rebatido pelo colega de profissão. “Se a cloroquina funciona, é barata, e serviu como você falou na Amazônia para lúpus, malária e outros tipos de doença, por que o mundo teria deixado tanta gente morrer se tem um remédio barato à disposição? A troco de que tanta gente morreria se a cloroquina funciona?”. 

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Colombo apontou a compra feita pelo Governo Brasileiro de mais de 4 milhões de doses do remédio, mesmo sem comprovação confirmada de sua eficácia. "Se ela não funcionar, vai fazer o que com ela?", indagou. Alexandre respondeu com ironia: “Se não funcionar, ela não existe, pois ela funciona. As pessoas que sobreviveram são a prova". 

 Mais uma vez, o jornalista da CNN rebate as afirmações do ex-global. "Mas e os 100 mil que morreram? Eu tenho dois amigos que morreram de Covid, eles morreram à toa? Porque fica parecendo que com 20 reais na farmácia eles poderiam estar aqui vivos, comigo, agora e não é assim, não é?", desabafou o jornalista, durante o quadro Liberdade de Opinião. "Se a cloroquina funcionasse a gente não teria 100 mil mortos e não estaria contando Não seríamos hoje o país com terceiro maior volume de mortos do mundo".

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a alfinetar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta sexta-feira (7). Ao conceder entrevista coletiva, o tucano não citou nominalmente o presidente, mas citou a "gripezinha", como Bolsonaro chama a Covid-19, e disparou contra o uso da cloroquina para o tratamento. 

"Cem mil brasileiros perderam suas vidas até agora. Não era uma gripezinha, não era um resfriadozinho. Não era com a cloroquina que poderíamos ter salvado 100 mil vidas que se foram", afirmou Doria, segundo o Uol. O país deve chegar aos 100 mil mortos até o próximo domingo, caso o número de vidas ceifadas pelo coronavírus siga o ritmo dos últimos dias. 

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Ainda na coletiva, Doria reforçou que é por conta desses números que ele pede para que a população faça o isolamento social. "Por isso reforço a necessidade de mantermos as quarentenas — seja em São Paulo, seja em outros estados. Cuidados para usar a máscara, fazer o distanciamento social, lavar as mãos. Os que puderem ficar em casa, continuem em casa preservando suas vidas", declarou o governador. "E ter a esperança na vacina, não importa qual a origem da vacina, qual o carimbo da vacina. O que importa é que, sendo uma vacina que possa imunizar, que ela seja adotada por todo o país", acrescentou.

Ao lado do ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, o presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer propaganda sobre o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid-19. Não há comprovação científica sobre o uso do medicamento no caso do novo coronavírus.

"Quem não quer tomar cloroquina, não tente proibir, impedir quem queira tomar, afinal de contas, ainda não temos uma vacina e não temos um remédio comprovado cientificamente", disse.

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"Muitas doenças estariam sem cura se o médico não tivesse a liberdade de trabalhar fora da bula", afirmou, corroborando sua fala com Pazuello, em live transmitida pelo Facebook.

Na sequência, o presidente emendou: "A negação de um medicamento a quem está doente não pode ser de um prefeito ou governador. Quem decide é o médico". Pazuello respondeu: "Exatamente".

O  subprocurador-geral Ministério Público, Lucas Furtado, junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), solicitou um pedido de investigação para apurar se houve superfaturamento na compra de insumos usados na fabricação dos comprimidos de cloroquina pelo Exército. O processo ainda deve averiguar a responsabilidade direta do presidente Jair Bolsonaro na decisão de aumentar a produção do remédio sem que haja comprovação médica ou científica de que ele seja útil para o tratamento da Covid-19.

Adquirido da Índia, sem licitação, a compra do insumo pelo Governo Federal custou seis vezes mais que o valor pago pelo Ministério da Saúde no ano passado. De acordo com o MP, a produção do comprimido aumentou 84 vezes nos últimos meses, sendo finalizada no Laboratório Químico e Farmacêutico do Exército. 

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O pedido de investigação feito pelo subprocurador-geral argumenta que, a fabricação em massa do remédio - que não tem a eficácia comprovada cientificamente no combate ao novo coronavírus,  seria um desperdício de dinheiro público. Caso as irregularidades sejam comprovadas, Bolsonaro pode sofrer sanções variadas, como multas e pagamento pelo dano causado ao cofres públicos.

O deputado bolsonarista José Medeiros (Podemos-MT) pediu que o TCU investigue a atuação de Furtado por conta do pedido. 

Cloroquina

Apesar de ter o uso incentivado pelo presidente como forma de combate à Covid-19, a cloroquina foi banida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no tratamento da doença. Um dos principais motivos é que, além de não ter a eficácia comprovada, a cloroquina pode provocar efeitos colaterais graves relacionados à problemas cardíacos e aumentar o risco de morte em pacientes com o vírus. O Ministério da Saúde distribuiu cerca de 4,4 milhões de comprimidos do medicamento para os Estados brasileiros até junho.

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