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O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu, nesta terça-feira (26), por 8 votos a 3, punir o procurador da República Deltan Dallagnol com uma advertência por ter dito em entrevista que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) eram lenientes com a corrupção.

Trata-se da primeira punição disciplinar da carreira de Dallagnol. A advertência é a pena mais branda nas sanções que o CNMP pode aplicar a membros do Ministério Público Federal (MPF), mas em caso de reincidência pode resultar em punições mais graves. A sanção também prejudica a promoção.

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Dallagnol ainda responde a outros dois procedimentos disciplinares que constam na pauta de julgamentos do CNMP desta terça-feira (26), um aberto por iniciativa do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e outro pela senadora Kátia Abreu (PDT-TO).

Julgamento

Dallagnol foi punido no processo administrativo disciplinar (PAD) aberto em abril a pedido do presidente do STF, ministro Dias Toffoli, após o procurador ter dito, numa entrevista à rádio CBN, em agosto do ano passado, que os ministros da Segunda Turma do Supremo “mandaram uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”.

O procurador fez uma crítica à decisão em que a Segunda Turma do STF retirou trechos da delação da Odebrecht das mãos do então juiz federal e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Sua defesa alega que ele apenas exerceu sua liberdade de expressão e não incorreu em nenhuma falta disciplinar.

Para o relator do caso, conselheiro Luís Bandeira de Mello, o procurador agiu com “ausência de zelo pelo prestígio de suas funções, falta de decoro, urbanidade”, violando seus deveres funcionais previstos na legislação pertinente.

“É um excelente procurador da República, e é bem verdade que o trabalho que ele faz revolucionou o Judiciário, revolucionou a sociedade, revolucionou a quadratura atual em que nós vivemos, mas é necessário registrar que esta atuação não pode servir como um salvo conduto para ele manifestar o que desejar, do modo como desejar, como vinha fazendo de modo excessivo”, disse Bandeira.

O relator foi acompanhado pelos conselheiros Otávio Rodrigues, Sandra Krieger, Fernanda Marinella, Valter Shuenquener, Luciano Maia, Sebastião Caixeta e Rinaldo Reis, que é o corregedor nacional do MP. Divergiram o vice-procurador-geral da República, José Bonifácio de Andrada, e os conselheiros Silvio Amorim e Oswaldo D’Albuquerque.

Defesa

O advogado Francisco Rezek, ex-ministro do STF, disse durante o julgamento que os termos utilizados por Dallagnol foram de fato “inadequados, deselegantes”, mas que de forma alguma ele havia violado seu decoro funcional.

Rezek pediu aos conselheiros que observassem o princípio da proporcionalidade no caso, pois embora as palavras de Dallagnol tenham sido “infelizes”, elas parecem brandas quando confrontadas com as manifestações de outras autoridades.

“Dos três lados da Praça dos Três Poderes, tudo o que temos ouvido é o desregramento verbal, é a falta de padrões de continência”, disse Rezek, afirmando que o Brasil se tornou “uma República de boquirrotos”.

 

O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, reconsiderou a decisão anterior e agora liberou o julgamento do procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da Força-Tarefa da Lava Jato em Curitiba, em um processo administrativo disciplinar (PAD) a que responde no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O conselho é responsável por fiscalizar a conduta de membros do MP.

O PAD chegou a ser incluído na previsão de julgamento do CNMP do dia 12 de novembro, mas não foi analisado após Fux ter determinado que o caso fosse retirado da pauta. A próxima sessão do conselho está marcada para a próxima terça-feira, 26.

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Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a expectativa de conselheiros do CNMP é a de que Deltan receba algum tipo de punição - o mais provável, hoje, seria uma advertência, punição menos grave que a censura.

O processo contra o coordenador da força-tarefa da Lava Jato é relativo a entrevista à rádio CBN na qual criticou o STF, acusando a Corte de passar uma mensagem de leniência à corrupção. Deltan questionou no Supremo a validade da ação, afirmando que já foi julgado e absolvido na Justiça Federal sobre o mesmo caso.

No dia 11 de novembro, Fux havia travado o processo do CNMP, cinco dia depois de o próprio Luiz Fux ter destravado o andamento do caso. Ou seja, é a segunda vez que o ministro muda de posição sobre a questão.

O PAD estava suspenso desde outubro por decisão liminar da 1ª Vara Federal de Curitiba, que atendeu pedido do procurador sob alegação de estar sendo julgado duas vezes pelo mesmo caso. Deltan afirma que já havia sido absolvido pela declaração em outro processo no Conselho Superior do Ministério Público.

Em reclamação apresentada ao Supremo, a União alegou que a vara federal de Curitiba não tinha capacidade de avaliar o processo, visto que a competência pertencia ao STF, e que a suspensão do julgamento de Deltan "impõe grave risco de subversão da relação hierárquica".

O procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, uma manifestação na qual pauta para esta terça-feira, 12, o julgamento de um processo administrativo no Conselho Nacional do Ministério Público contra o procurador Deltan Dallagnol. O caso apura se o chefe da força-tarefa da Lava Jato no Paraná violou normas da Procuradoria ao se manifestar contra o STF em entrevista de rádio.

Na última quarta-feira, 6, Fux impôs uma derrota a Deltan ao derrubar liminar que suspendia a análise do processo pelo Conselhão do MP. O julgamento estava paralisado desde outubro por decisão da 1.ª Vara Federal de Curitiba mas, no entendimento do ministro, a primeira instância não tem competência de avaliar o processo, visto que ela seria do STF.

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O procurador-geral afirmou que o julgamento está pautado para a 17.ª sessão ordinária do órgão, marcada para esta terça, 12. O PGR não avaliou, no documento, o teor do processo em questão.

Deltan foi alvo de processo administrativo após conceder entrevista na qual afirmou que o Supremo Tribunal Federal passava mensagens de "leniência" com a corrupção em algumas decisões. O pedido contra o procurador foi aberto após manifestação do presidente da Corte, Dias Toffoli.

À época, o coordenador da Lava Jato criticou a decisão da Segunda Turma do STF em transferir para a justiça de Brasília os depoimentos da delação premiada da Odebrecht relativas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ex-ministro Guido Mantega (Planejamento, na gestão Lula, e Fazenda, na gestão Dilma Rousseff). Até então, os documentos estavam em Curitiba.

"O Supremo não está olhando para essa figura que está diante de nós. O Supremo está olhando para a figura que estava diante dele um ano atrás. Não afeta nossa competência, vai continuar aqui. Agora o que é triste ver é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema e lembrar que a decisão foi 3 a 1. Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre se tornando uma panelinha assim… que mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção", disse Deltan na ocasião.

O Conselho Nacional do Ministério Público, onde corre o processo contra Deltan, é o órgão responsável pela fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público e de seus membros.

O juiz Friedmann Anderson Wendpap, da 1.ª Vara Federal de Curitiba, determinou a suspensão de um processo administrativo do Conselho Nacional de Ministério Público contra o procurador Deltan Dallagnol - envolvendo o episódio em que, em entrevista à rádio CBN, afirmou que três ministros do Supremo formavam "uma panelinha" e passavam para a sociedade uma mensagem de "leniência com a corrupção".

A decisão foi dada no âmbito de uma ação ajuizada pelo chefe da Lava Jato em Curitiba.

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Wendpap entendeu que a decisão do Conselho Nacional do Ministério Público de instaurar o procedimento administrativo disciplinar contra o procurador seria "nula", "em face da decisão terminativa pretérita sobre fato e autor idênticos".

Após atender o pedido de tutela de urgência feito pelo procurador, Wendpap se disse angustiado pela "corrosão" do equilíbrio entre a magistratura e do Ministério Público. "Evoco São Jerônimo: rideo advocatum qui patrono egeat ('rio-me do advogado que precise de advogado')", escreveu o magistrado.

Os argumentos de Deltan

O procurador indicou que a entrevista à CBN havia sido objeto de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) do Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), por falta de decoro e urbanidade.

Durante a entrevista, no dia 15 de agosto de 2018, Deltan afirmou que três ministros do Supremo formavam "uma panelinha" e passavam para a sociedade uma mensagem de "leniência com a corrupção".

Na ocasião, o procurador se referia aos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, ao criticar uma decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal.

O procedimento acabou sendo arquivado, por decisão do Conselho Superior do Ministério Público Federal proferida dia 2 de abril deste ano.

Deltan apontou que, semanas depois, o Conselho Nacional do Ministério Público decidiu abrir um procedimento para analisar o mesmo episódio.

Nesse sentido, o chefe da Lava Jato em Curitiba argumentou que estava sendo julgado pelo mesmo crime mais de uma vez.

Segundo a decisão de Wendpap, Deltan destacou ainda que se ateve-se "aos lindes da liberdade de expressão do pensamento", com o uso de "vernáculo respeitoso".

A decisão

Wendpap considerou que a decisão do CNMP de abrir o procedimento contra Deltan se baseou em "premissa equivocava".

Na avaliação do magistrado, o entendimento do órgão, de que o procedimento administrativo do Conselho Superior do MPF "não possuía caráter punitivo e não podia resultar na aplicação de sanção de imediato" está contaminado pelo "erro/pecado original".

O juiz registrou que, quando o chamado "Conselhão" decidiu abrir o PAD contra Deltan, registrou que "houve insuficiência de atuação por parte do Órgão Correicional de origem". No entanto, para Wendpap, o órgão deveria "explicar minuciosamente" as razões pelas quais chegou a tal conclusão.

"A mera discordância com o resultado da decisão do órgão correicional de origem não legitima a Corregedoria Nacional a re-julgar, entre outros motivos porque a seletividade, a escolha das causas a serem objeto de novo julgamento, macula a imparcialidade. Para julgar de novo, ex ofício, a Corregedoria Nacional deve ater-se à objetividade das situações anômalas exemplificadas na decisão do STF, não à subjetividade da singela discordância", escreveu o magistrado.

O subprocurador-geral da República, Moacir Guimarães Morais Filho, solicitou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) apreenda os exemplares do livro ‘Nada menos que tudo - Bastidores da operação que colocou o sistema político em xeque’ do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Na obra, Janot revela ter planejado, em 2017, matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes.

No pedido, Moacir diz que a divulgação do livro de Janot é nociva porque “traz a confissão de alguns atos preparatórios consumados pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, que ultrapassam a mera cogitação do homicídio premeditado pelo agente”.

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No documento, o subprocurador-geral salienta: “a prova da confissão da suposta conduta delituosa está a suscitar comentários na sociedade e nas instituições, razão pela qual o suplicante considera nociva à divulgação do livro sem que sejam excluídos dele os capítulos relativos ao fato confessado pelo autor da obra”.

Além disso, observa que é necessário retirar “das bancas de vendas, a prova material da confissão do fato” e, caso não seja oficialmente distribuído para venda, que “sejam retiradas as páginas do relato revelado pelo autor, isto como medida preventiva para evitar a propagação do incitamento à violência e à prática do juízo arbitrário das próprias razões em situações como a relatada” por Janot. 

O livro do ex-procurador-geral da República ainda não foi lançado, mas ele deu detalhes sobre temas que tratava a obra em entrevistas concedidas na semana passada. Na ocasião, Rodrigo Janot revelou o plano para matar Gilmar Mendes e chegou a pontuar que o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB) chegaram a tentar cooptá-lo para barrar investigações contra eles. 

O juiz federal do Paraná Nivaldo Brunoni determinou a suspensão de processo administrativo no Conselho Nacional do Ministério Público contra o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol. O procedimento se refere a críticas que o procurador fez a ministros do Supremo Tribunal Federal, em entrevista à rádio CBN. A decisão corre em segredo de Justiça.

Na entrevista, Deltan afirmou: "Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre se tornando uma panelinha assim… que mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção".

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Deltan recorreu ao Judiciário pela reabertura do prazo de 10 dias para suas alegações finais no processo. O pedido foi acolhido pelo juiz.

De acordo com o magistrado, "o CNMP tomou conhecimento de que a defesa do requerente fora descontinuada ainda durante o curso do prazo para alegações finais e, ademais, havia prova no processo de que os novos advogados vinham

tentando habilitar-se e ter acesso aos elementos de prova existentes no processo".

"Logo, não parece razoável tolher da defesa técnica a oportunidade de defender o acusado naquele que é o último evento próprio para o exercício da ampla defesa no PAD (segundo o Regimento Interno do CNMP): as alegações finais", escreveu.

"Há claro prejuízo à ampla defesa e ao contraditório do processado, que deixou de apresentar alegações finais porque o advogado originalmente constituído renunciou/substabeleceu, no interregno do prazo que escoava, os poderes que lhe foram atribuídos, dificultando a ação de seus sucessores - que, por sua vez, não tiveram tempo hábil para, nas horas que remanesciam, analisar os conteúdos do PAD nº 1.00898/2018- 99 e do RD n.º 1.00762/2018-98 e formular os argumentos defensivos", anotou.

O magistrado que acolheu pedido de Deltan atua na Operação Lava Jato. Brunoni trabalhou como juiz convocado do Tribunal Regional Federal da 4ª Região em casos envolvendo as investigações sobre o escândalo da Petrobras. Ele foi responsável, por exemplo, pelo ofício encaminhado ao então juiz federal Sergio Moro, em abril de 2018, para determinar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para cumprimento de pena no caso triplex.

Os advogados Eduardo Mendonça e Felipe de Melo Fonte deixaram a defesa do procurador Deltan Dallagnol nos processos que ele responde no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A informação é do site UOL. 

De acordo com a reportagem, a decisão partiu de comum acordo entre os defensores e o procurador. Agora, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Francisco Rezek vai ajudar na defesa de Deltan, de forma gratuita. 

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Nos bastidores, os advogados dizem a interlocutores que deixaram a defesa de Deltan por falta de interesse em atuar no caso da troca de mensagens dele com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e outros procuradores divulgadas pelo site The Intercept Brasil. Procedimento foi desarquivado na última terça-feira (13)

No CNMP, que analisa as condutas de promotores e procuradores, Deltan é alvo de 12 queixas. 

O procurador e coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, é alvo de três decisões envolvendo processos disciplinares contra sua atuação no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Nesta terça-feira, 13, os corregedores decidiram desarquivar uma reclamação disciplinar contra Deltan em razão das supostas mensagens trocadas entre ele e outros procuradores, reveladas pelo site The Intercept Brasil, além de negar um recurso movido por Deltan que pedia a suspensão de um processo disciplinar contra ele em razão de declarações feitas à rádio CBN no ano passado críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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Outra decisão envolvendo Deltan determinou o adiamento de um processo movido pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) no CNMP contra a atuação do procurador durante a disputa eleitoral de 2018.

O que é e o que faz o CNMP?

O CNMP é o órgão responsável pela fiscalização administrativa, financeira e disciplinar do Ministério Público e de seus membros. Criado em 2004 por emenda constitucional, é formado por 14 membros de diversos setores da sociedade. O conselho orienta e fiscaliza todos os ramos do MP no Brasil: o Ministério Público da União (MPU) - composto por Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público Militar (MPM), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) - e o Ministério Público dos Estados (MPE).

O conselho é presidido pelo procurador-geral da República (PGR) e distribui seus cargos da seguinte forma: quatro integrantes do MPU, três do MPE, dois juízes - indicados pelo STF e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) -, dois advogados - indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - e dois cidadãos com "notável saber jurídico e reputação ilibada", indicados pela Câmara e pelo Senado.

Entenda a seguir os processos contra Deltan no CNMP:

Críticas ao STF

Em abril, foi aberto um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) no CNMP contra o procurador Deltan Dallagnol devido a declarações feitas em agosto de 2018 em entrevista à Rádio CBN, na qual o coordenador da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba criticou o Supremo Tribunal Federal e disse que a Corte passa mensagem de "leniência" a favor da corrupção em certas decisões.

Na declaração, ele mencionou a decisão da 2ª Turma do STF de transferir os depoimentos do acordo de delação premiada da Odebrecht relativas ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro Guido Mantega da Justiça Federal do Paraná para as justiças Federal e Eleitoral do Distrito Federal. Esse caso, portanto, não tem nada a ver com os diálogos revelados pelo The Intercept.

"O Supremo não está olhando para essa figura que está diante de nós. O Supremo está olhando para a figura que estava diante dele um ano atrás. Não afeta nossa competência, vai continuar aqui. Agora o que é triste ver é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema e lembrar que a decisão foi 3 a 1. Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre se tornando uma panelinha assim... que mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção", disse Deltan na ocasião.

O processo disciplinar foi aberto após pedido do presidente do Supremo, ministro Dias Toffoli. Nesta terça-feira, o CNMP rejeitou um recurso de Deltan que pedia a suspensão do processo. Com a negativa, a PAD continua tramitando no Conselho.

Diálogos vazados

Também nesta terça-feira, o CNMP decidiu desarquivar uma reclamação disciplinar contra Deltan e o também procurador e membro da Força Tarefa da Lava Jato em Curitiba Roberto Pozzobon. A reclamação diz respeito às supostas mensagens trocadas entre eles publicadas pelo site The Intercept e por outros veículos de imprensa, que sugerem uma atuação ilegal dos procuradores durante a Operação Lava Jato.

A reclamação disciplinar havia sido arquivada após decisão individual do corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel Moreira. O pedido para desarquivar o caso foi pelos conselheiros Leonardo Accioly da Silva e Erick Venâncio Lima do Nascimento.

Renan Calheiros

Uma terceira decisão envolvendo Deltan, também na sessão do CNMP desta terça-feira, adiou a análise de um processo sobre a atuação do chefe da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba durante a disputa eleitoral de 2018. A ação foi movida pelo senador Renan Calheiros contra críticas feitas por Deltan ao longo da campanha.

O corregedor Orlando Rochadel Moreira, relator do caso, foi quem decidiu retirar esse tema da pauta. Renan Calheiros acusa Deltan de ter feito campanha contra ele pelo Twitter e, com isso, ter tentado influenciar o resultados das eleições. Rochadel justificou o adiamento dizendo que ele se faz necessário, uma vez que Renan Calheiros fez um aditamento e acrescentou novos documentos ao processo. Caso seja julgado, o processo pode levar ao afastamento ou a uma punição do procurador.

Palestra a empresa citada

No último dia 2, Rochadel abriu reclamação disciplinar para investigar supostos encontros remunerados entre Deltan e empresários. Segundo mensagens obtidas e reveladas pelo site The Intercept, o procurador teria recebido R$ 33 mil por uma palestra a uma empresa citada em uma delação premiada da Lava Jato.

A análise ainda está em fase preliminar e cabe ao plenário do CNMP decidir pela abertura ou não de um processo disciplinar em razão do episódio.

Uma nova leva de conversas vazadas pelo The Intercept Brasil no início da tarde desta terça-feira (12), em publicações no Twitter e transmissão ao vivo no Youtube, aponta que o procurador Deltan Dallagnol comemorou a derrota do senador Renan Calheiros (MDB) na disputa pela Presidência do Senado em fevereiro deste ano. 

As mensagens publicadas pelo site mostram que, no grupo do Telegram chamado "filhos do Januario 3", Deltan e os procuradores Athayde Ribeiro Costa, Roberson Pozzebon, Diego Castor de Mattos e Jerusa Viecili conversaram sobre o assunto.  

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"Renan vai por a culpa no Deltan", comenta Athayde Costa no dia 2 de fevereiro. Depois ele completa: "Renan 5 votos que lavada". E o chefe da Lava Jato em Curitiba responde: "Ele não vai me dar essa moral".  

"Agora se Renan perder, e tivermos essa virada histórica, é graças à nossa equipe e a muitos brasileiros corajosos que tomaram postura, como o Mude que começou o abaixo assinado quando a própria TI recusou entrar neste assunto (e depois voltou atrás e entrou recentemente", acrescenta Deltan Dallagnol. 

Logo depois, Dallagnol observa: "nunca vi um acompanhamento tão acirrado da escolha do presidente do Congresso. O Brasil está mudando."

O Instituto Mude, inclusive, é o mesmo movimento que o procurador, de acordo com outras conversas vazadas, teria se utilizado para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF). 

Já em uma conversa privada, ao mesmo tempo de acordo com o The Intercept, o procurador Vladimir Aras parabeniza Deltan e diz que o ministro da Justiça, Sergio Moro, ficou feliz com a derrota do senador. "Parabéns. Você ajudou a derrubar Renan e o enfraquecimento de Bandeira no CNMP vem de quebra", diz Aras ao colega. "Nós todos Vlad. Era a coisa certa a fazer. Valeu!", responde Deltan. E Aras, em seguida, afirma: “Parabéns, Moro ficou feliz. Falei com ele também.”

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A afirmativa de que Renan poderia culpar Deltan Dallagnol pela derrota se deu pelo movimento do procurador chefe da Lava Jato em Curitiba em defesa de um abaixo-assinado que pedia votação aberta na eleição para presidente do Senado. Em janeiro, o emedebista chegou a trocar acusações com Deltan nas redes sociais. 

“Deltan Dallagnol continua a proferir palavras débeis, vazias, a julgar sem isenção e com interesse político, como um ser possuído”, escreveu no Twitter, Renan Calheiros, na época. 

A postura de Dallagnol rendeu, inclusive, uma representação de Renan contra o procurador no Conselho Nacional do Ministério Público acusando-o de quebra de decoro e exercício irregular de atividade político-partidária.

Os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), cobraram, nesta quinta-feira (1º), ação dos conselhos Nacional de Justiça (CNJ) e Nacional do Ministério Público (CNMP) ante as conversas atribuídas a membros da força-tarefa da Lava Jato e ao ex-juiz federal e ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

“Esta é a maior crise que se abateu sobre o aparato judicial do Brasil desde a redemocratização”, avaliou Mendes, antes da primeira sessão plenária do STF após o recesso do meio de ano. “Já demoramos muito. O Conselho Nacional da Justiça Federal, o CNJ, e o CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público] precisam olhar para essa questão, essa crise, com a gravidade que ela merece, porque de fato ela é muito grave”, afirmou.

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Desde junho, o site The Intercept Brasil, do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, o jornal Folha de S.Paulo e a revista Veja têm publicado conversas que teriam sido mantidas entre procuradores da Lava Jato e Moro, de modo privado, por meio de um aplicativo de mensagens.

Em sua publicação mais recente, nesta quinta-feira (1º), o jornal Folha de S.Paulo e o site Intercept Brasil divulgaram mensagens em que o coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, estaria estimulando a força-tarefa a investigar ministros do Supremo, entre eles Gilmar Mendes e o presidente da Corte, Dias Toffoli, por meio de informações da Receita Federal. A iniciativa abarcaria ainda as esposas dos ministros.

“Isso é incrível. Porque atua no Supremo Tribunal Federal o procurador-geral da República. É inconcebível que um procurador da República, de primeira instância, busque investigar atividades desenvolvidas por ministros do Supremo”, disse Marco Aurélio Mello ao comentar a reportagem.

“Cabe, evidentemente revelados os fatos, acionar, e aquele que se sinta prejudicado deve fazê-lo para avançarmos culturalmente, o CNMP [Conselho Nacional do Ministério Público]”, acrescentou Marco Aurélio.

Para Gilmar Mendes, “tudo indica que a Receita Federal estava servindo como órgão de pistolagem”. O ministro acrescentou que “quando isso se faz com o presidente do Supremo Tribunal Federal, o que eles não serão capazes de fazer com o cidadão comum”.

O ex-juiz Sergio Moro e os integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná afirmam que a autenticidade das mensagens publicadas pela imprensa não pode ser verificada e que o material foi obtido de modo criminoso, por meio da invasão de seus aparelhos telefônicos.

Após as revelações feitas nesta quinta-feira (1º) pela imprensa, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes decidiu suspender uma apuração da Receita que atingia ministros da Corte e outras autoridades, com base em “graves indícios de ilegalidade no direcionamento das apurações em andamento”.

A decisão foi tomada dentro de um inquérito relatado por ele sobre ataques virtuais contra o Supremo e seus integrantes.

 

O Corregedor Nacional do Ministério Público (CNMP), Orlando Rochadel Moreira, instaurou nesta terça-feira, 16, uma reclamação disciplinar contra os procuradores da Lava Jato Deltan Dellagnol e Roberson Pozzobom, em função de supostas mensagens trocadas entre eles e divulgadas pelo The Intercept e pela Folha de S.Paulo. Os dois terão o prazo de 10 dias para se manifestarem sobre o caso.

A determinação foi dada em resposta a um pedido feito pelo Partido dos Trabalhadores, com base em notícia divulgada no último domingo, 14, segundo a qual Deltan teria montado um plano de negócios de eventos e palestras para lucrar com a fama e contatos obtidos durante as investigações da Lava Jato.

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Sobre a postura de Deltan, o PT afirma que houve desvio de função de servidores "para a prática de atividades pessoais de palestrante, desvinculadas, portanto, das finalidades dos cargos ocupados", e também "obtenção de vantagens adicionais aos vencimentos do cargo não previstas em lei".

Já sobre Pozzobon, a alegação do partido é de que o procurador teria faltado com o "decoro pessoal, zelo e probidade, e de ilibada conduta particular". "Na medida em que, ao ser alertado sobre a possibilidade de investigação das atividades comerciais dos reclamados teria externado, em tom jocoso a expressão 'Que veeeenham'.", afirma o PT.

Na decisão, o corregedor afirma que, pelo contexto indicado, observa-se "eventual desvio na conduta" de membros do Ministério Público, o que, em tese, "pode caracterizar falta funcional". "Com efeito, neste momento inicial, é necessária análise preliminar do conteúdo veiculado pela imprensa, notadamente pelo volume de informações constantes dos veículos de comunicação", afirmou.

Defesa

A reportagem procurou a assessoria da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, mas não obteve resposta até a publicação desse texto.

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) arquivou nesta quinta-feira, 27, representação para instaurar sindicância contra integrantes da força-tarefa da Lava Jato com base em reportagens com supostos diálogos atribuídos ao procurador Deltan Dallagnol e seus colegas e também ao ex-juiz federal e hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro.

Segundo o corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel Moreira, "a veracidade dos elementos de prova não pode ser comprovada, além de não ser possível verificar adulterações". Rochadel Moreira também entendeu que não há elementos que justifiquem a abertura de reclamação disciplinar contra os procuradores "considerando a ausência de qualquer elemento que indique materialidade de ilícito disciplinar imputado". A apuração preliminar para averiguar a conduta de procuradores havia sido aberta no dia 10.

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As conversas, via Telegram, indicariam interesse de Moro e de Dallagnol em "ajustar" fases da operação. Os diálogos, publicados pelo site The Intercept Brasil desde 9 de junho, abriram caminho para a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedir a suspeição de Moro e liberdade para o petista, condenado e preso na Lava Jato. Lula cumpre pena no caso do triplex do Guarujá (SP) desde abril do ano passado.

Moro nega conluio com os procuradores da Lava Jato. O ministro tem afirmado não ser possível garantir a autenticidade das mensagens, pois apagou o aplicativo usado na época e não tem mais os registros. O ex-juiz e Dallagnol negam qualquer atitude contra a lei.

O corregedor do Ministério Público anotou que, "ainda que as provas em questão não fossem ilícitas, como manifestamente o são, inexistiria infração disciplinar". "Vale dizer: mesmo que se identificasse que os próprios destinatários foram a dita 'fonte anônima' mencionada pelo veículo de imprensa (The Intercept Brasil), ainda assim inexistiria ilícito funcional", disse Rochadel Moreira.

Na decisão desta quinta-feira, o corregedor destacou ainda que o Conselho Nacional do Ministério Público "tem por vetor axiológico a comunicação e a ampla disponibilidade dos membros do Ministério Público para contato com a sociedade e os operadores jurídicos, a exemplo da Resolução CNMP n.º 88, de 28 de agosto de 2012".

"O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também fomenta a disponibilidade de magistrados para atendimento às partes, a eventuais interessados e à população em geral", assinalou Rochadel Moreira. "Logo, o contato entre membros do Ministério Público e magistrados é salutar para a administração da justiça, especialmente quando se relacionam com a praxe de gestão dos serviços judiciários", afirmou o corregedor.

A Polícia Federal instaurou inquéritos para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo. Um deles foi aberto para apurar ataques ao celular de Moro.

'Articulação'

De acordo com Rochadel Moreira, "análise perfunctória das mensagens denota articulação logística em face de um processo de inegável complexidade ao longo de vários anos". "Não se identifica articulação para combinar argumentos, conteúdo de peças ou antecipação de juízo ou resultado", sustentou o corregedor. "Igualmente, não se verifica indicação de compartilhamento de conteúdo de peças decisórias ou que os atos do magistrado foram elaborados por membros do Ministério Público."

"Considerando a ausência de qualquer elemento que indique materialidade de ilícito disciplinar imputado, determino o arquivamento da presente Reclamação Disciplinar, na forma do artigo 77, I, do Regimento Interno do Conselho Nacional do Ministério Público", concluiu o corregedor nacional.

Investigação

Segundo a PF, os hackers miraram especialmente mensagens trocadas por meio do Telegram. As vítimas, que não haviam acionado a verificação em duas etapas, recurso que adiciona camada adicional de segurança às mensagens, tiveram suas conversas violadas pelos criminosos.

Os procuradores notificaram a PF após um deles desconfiar de mensagem recebida pelo aplicativo. A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba disse que "não sabe exatamente a extensão da invasão", mas que "possivelmente" foram copiados "documentos e dados sobre estratégias e investigações". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O grupo do Telegram dos conselheiros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) continua movimentado, principalmente depois do vazamento da troca de mensagens entre Sergio Moro e procuradores da Operação Lava Jato, publicado no último domingo (9) pelo site The Intercept.

Na noite desta terça-feira (11), mensagens enviadas do celular de um conselheiro chamaram atenção dos outros para a possível invasão de um hacker no chat. Os torpedos diziam que o que aconteceu no domingo era apenas "uma amostra do que vocês vão ver na semana que vem".

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De acordo com o Estadão, as mensagens partiram do celular do conselheiro Marcelo Weitzel Rabello de Souza. Na sequência, o grupo recebeu outro torpedo dizendo: "aqui é o hacker". Marcelo argumentou que não estaria usando o aparelho no momento do envio das mensagens. O conselheiro também negou que fosse uma brincadeira dele com os colegas.

A Polícia Federal instaurou há cerca de um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, no Rio e em São Paulo. Há poucos dias, outro inquérito foi aberto para apurar ataques ao celular do ministro Sérgio Moro.

Os conselheiros Luiz Fernando Bandeira de Mello, Gustavo Rocha, Erick Venâncio Lima do Nascimento e Leonardo Accioly da Silva, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) estão pedindo ao corregedor nacional do órgão a abertura de investigação para apurar os fatos noticiados pelo site The Intercept.

Neste domingo, 9, o site The Intercept Brasil divulgou o suposto conteúdo de mensagens trocadas por Moro e integrantes do MPF-PR, como o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba. As conversas supostamente mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram.

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O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material. O The Intercept tem entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um dos autores da reportagem. De acordo com o site, há conversas escritas e gravadas nas quais Moro teria sugerido mudança da ordem de fases da Lava Jato, além de dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol.

No documento em que pedem sindicância para apurar a conduta dos citados pelo site, os conselheiros do CNMP destacam: "Caso forem verídicas as mensagens e correta a imputação de contexto sugerida na reportagem, independentemente da duvidosa forma como teriam sido obtidas, faz-se imperiosa a atuação do Conselho Nacional do Ministério Público."

Os conselheiros argumentam que não estão formando nenhum juízo prévio de valor, mas ressaltam a necessidade de se apurar se houve eventual falta funcional, "particularmente no tocante à violação dos princípios do juiz e do promotor natural, da equidistância das partes e da vedação de atuação político-partidária".

Por 10 votos a quatro, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu um procedimento administrativo disciplinar contra o procurador Deltan Dallagnol - coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba - por afirmar que três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formam "uma panelinha" e passam para a sociedade uma mensagem de "leniência com a corrupção". Em entrevista à rádio CBN, em 15 de agosto de 2018, Deltan se referia aos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, ao criticar uma decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Os três mesmos de sempre do Supremo Tribunal Federal que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha, mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção. Objetivamente, Milton, eu não estou dizendo que estão mal-intencionados nem nada, estou dizendo que objetivamente a mensagem que as decisões mandam é de leniência. E esses três de novo olham e querem mandar para a Justiça Eleitoral como se não tivesse indicativo de crime? Isso para mim é descabido", disse Dallagnol ao jornalista Milton Young.

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Um dia antes da entrevista de Deltan Dallagnol, a Segunda Turma havia determinado, no dia 14 de agosto de 2018, a transferência de termos de colaboração premiada da Odebrecht da Justiça Federal em Curitiba para a justiça federal e eleitoral do Distrito Federal. O conteúdo do material era sobre o ex-presidente Lula e o ex-ministro Guido Mantega.

"Agora, o que é triste ver é o fato de que o Supremo, mesmo já conhecendo o sistema, e lembrar que a decisão foi 3 a 1, os três mesmo de sempre do STF que tiram tudo de Curitiba e que mandam tudo para a Justiça Eleitoral e que dão sempre os habeas corpus, que estão sempre formando uma panelinha, assim mandam uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção", afirmou Dallagnol.

Alvo de procedimento também no Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF), esse mesmo processo havia sido arquivado em 2 de abril deste ano por entenderem que a declaração não extrapolou do direito de liberdade de expressão.

O promotor do Grupo de Combate ao Crime Organizado de Curitiba Leonir Batisti afirmou nesta sexta-feira, 14, não ter "partido, cor, ou intenção de prejudicar alguém", em reação a procedimento administrativo aberto pelo Conselho Nacional do Ministério Público contra promotores que investigam Fernando Haddad (PT), Beto Richa (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB). Integrante do Gaeco do Paraná, Batisti é um dos responsáveis pelo pedido de prisão de Richa, ocorrida na terça-feira, 11, no âmbito da Operação Radiopatrulha - investigação sobre supostas propinas de R$ 67 milhões ao tucano em contratos de manutenção de estradas rurais no interior do Estado.

"É ruim que tenha sido nesse momento? É ruim, mas estamos muito tranquilos na avaliação de que fizemos aquilo que é correto fazer do ângulo de promotores", afirmou Batisti, ao rechaçar suposto interesse político eleitoral na ofensiva contra o ex-governador do Paraná.

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O pedido de investigação contra os promotores foi feito pelo conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, aliado do senador Renan Calheiros (MDB-AL) no Conselhão do MP.

Após a ofensiva de Bandeira, o presidente da Comissão de Preservação da Autonomia do Ministério Público, Marcelo Weitzel Rabello de Souza, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), abriu um Procedimento Interno para apurar "possível violação à autonomia do Ministério Público Brasileiro". A decisão acolheu pedido de providências encaminhado pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp).

O promotor Batisti disse que o Gaeco foi procurado há cerca de quatro meses. "Fomos procurados em maio deste ano. Então, desculpem, ao contrário do que alardearam, não estamos investigando há 4 anos alguma situação que nós teríamos segurado para posteriormente aproveitar algum momento que coincide com o período de campanha eleitoral."

"Isso é o que eu quero deixar muito claro que não aconteceu", segue Batisti. "Os fatos foram acontecendo a partir de maio, quando submetemos a colaboração (do empresário Tony Garcia) ao Judiciário para homologação, que por motivos variáveis também demorou. Então, àqueles que supõem que escolhemos uma data, lamento dizer que estão enganados. Verdadeiramente, não manipulamos nada, não é nossa intenção e não vamos fazer."

"Somos do poder público e somos pagos pela sociedade para fazer isso que estamos tentando fazer, então o paradoxo é que algumas pessoas achem que a gente deva deixar para depois", seguiu o promotor. "O que eu penso que esteja errado e eu jamais me prestaria a tal função é iniciar alguma situação ou buscar deliberadamente prejudicar alguma candidatura, seja do partido verde, amarelo, etc..."

Além da ofensiva do conselheiro, a prisão de Beto Richa e as ações contra o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin, estes dois candidatos ao Palácio do Planalto, também repercutiu no Judiciário.

Gilmar Mendes, do Supremo, criticou na quarta-feira, 12, o que chamou de "hiperativismo" do Judiciário em relação a processos movidos contra candidatos do pleito de 2018.

Segundo o ministro, há um notório "abuso de poder de litigar" e um risco de tumulto ao processo eleitoral, quando questionado sobre as ações e investigações contra os candidatos.

"Nós sempre pensamos, algumas pessoas têm como esporte criticar o Ministério Público, e inclusive pessoas de alta representatividade na República, então, nós, quando avaliamos esta circunstância da nossa investigação, sabemos que é um contra-ataque", avalia Batisti.

Para ele, "há pessoas que dizem: 'Mas precisavam pleitear a prisão ou não?' A gente sabe disso. Existem polêmicas que fazem parte", afirma o promotor do Gaeco do Paraná.

Prevista para março de 2019, a eleição do próximo chefe do Ministério Público Estadual do Pará está no centro de uma disputa judicial e foi parar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Tudo porque o atual procurador-chefe, Gilberto Martins Valente, decidiu propor lei para antecipar a escolha.

O projeto deve entrar em pauta na Assembleia Legislativa do Estado após o recesso, em agosto, e prevê que a eleição ocorra em dezembro. Com isso, a nomeação do próximo chefe do MP ficaria ainda a cargo do atual governador, Simão Jatene (PSDB), que está no segundo mandato e passará a faixa ao seu sucessor no dia 1.º de janeiro. O projeto tem apoio da base aliada de Jatene.

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Como em todos os Estados, a escolha segue um rito que inclui eleição direta ente os membros do MP e a formação de lista com os três primeiros colocados. A palavra final é do governador. Em 2017, Jatene escolheu Valente, que foi o segundo colocado na eleição. O primeiro lugar ficou com o promotor César Mattar.

Valente enfrenta oposição dentro do MPE. O procurador Marcos Antônio Ferreira das Neves, que também deve concorrer ao cargo, ingressou com um mandado de segurança para impedir a antecipação das eleições e levou o assunto ao CNMP - que chegou a conceder liminar contra a medida. A liminar, contudo, foi derrubada na semana passada.

Segundo Valente, a intenção da mudança é dar mais tempo para a transição e resgatar uma tradição no órgão que até 2006 tinha eleições em dezembro.

Em nota, Jatene afirmou que o assunto "não diz respeito ao governo do Estado". "É restrito ao âmbito do Ministério Público do Estado (MPE), inclusive com deliberação através do Colégio de Procuradores de Justiça do Estado do Pará (CPJ)". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira, 4, por 48 votos a 6, além de uma abstenção, a indicação do juiz federal Valter Shuenquener de Araújo para um novo mandato no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Valter Shuenquener de Araújo é Professor de Direito Administrativo da UERJ e foi indicado para o posto como representante do Supremo Tribunal Federal (STF).

O magistrado já ocupou o cargo de conselheiro do CNMP no biênio 2015-2017, cujo mandato se encerrou em novembro do ano passado. Ele foi indicado novamente para o posto pelo STF e, agora, deverá representar a instituição até 2019.

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Mais cedo, o juiz também teve o nome submetido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que aprovou sua indicação. A sabatina de Shuenquener foi tomada pela repercussão em torno das declarações do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Na noite de ontem, às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo STF, Villas Bôas disse em suas redes sociais que repudia a "impunidade" e que o Exército "está atento às suas missões institucionais".

Questionado sobre as declarações do general, o juiz defendeu que "o momento não é para este tipo de manifestação". "Ouvindo as manifestações do general Villas Bôas, fica até em dúvida sobre qual seria a intenção original, mas a interpretação sobre as declarações gera efeitos deletérios", afirmou.

Araújo ainda destacou o "perigo do momento" para este tipo de declaração. "Concordo integralmente com o perigo do momento, especialmente quando um general do Exército, uma instituição que está armada, enfim, em razão também da nossa história não tão distante assim, quando ele faz uma manifestação de índole política, seja para que lado for. Eu acho que não é papel das Forças Armadas, como não é papel do Ministério Público nem da Magistratura fazer colocações nesse nível de envergadura, especialmente porque, por recursos tecnológicos, atingem o País inteiro de uma hora para a outra e acabam gerando, digamos assim, um conflito, uma possibilidade", disse.

A Câmara dos Deputados instalará nesta terça-feira, 21, a comissão especial que analisará a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que eleva de 14 para 19 o número de membros do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A proposta amplia a participação dos membros dos Ministérios Públicos Estaduais (MPEs) e dos fiscalizadores de contas públicas.

Autor da PEC, o delegado Edson Moreira (PR-MG) disse que a proposição é uma demanda dos Estados. "Não pode ser só maioria federal (no CNMP) e isso é um pedido dos próprios Estados. É importante que todos tenham voz no conselho federal", pregou o deputado que faz parte da chamada "bancada da bala". O CNMP não se posicionou ainda sobre a PEC.

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A comissão será presidida pelo deputado Capitão Augusto (PR-SP), que vai escolher o relator da PEC durante a sessão de instalação dos trabalhos. O deputado Goulart (PSD-SP) disse que foi convidado para relatar a PEC, mas que ainda não decidiu se vai assumir a função.

Atualmente o CNMP é presidido pela procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, e tem em sua composição um representante do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), um do Superior Tribunal de Justiça (STJ), um do Ministério Público Federal (MPF), um do Ministério Público Militar (MPM), um do Ministério Público do Trabalho (MPT), um do Supremo Tribunal Federal (STF), três membros representantes dos MPEs, dois da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e dois indicados pelo Congresso Nacional (um recomendado pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal). Pela PEC, os MPEs ganharão mais três assentos no conselho federal, o Ministério Público de Contas da União terá mais uma vaga e o Ministério Público de Constas dos Estados terá direito a ter uma cadeira no colegiado. Em tempos de investigações contra parlamentares, a PEC mantém a indicação do Senado e da Câmara no conselho federal.

Remuneração

O CNMP é um órgão criado por uma emenda constitucional em 2004 que faz a fiscalização administrativa, financeira e disciplinar dos membros do Ministério Público do País. Cada conselheiro pode receber um salário de subprocurador da República, o equivalente a R$ 32.074,85. A soma dos proventos não podem ultrapassar o teto salarial do funcionalismo público, que é de R$ 33,7 mil.

Os conselheiros provenientes do serviço público mantêm o salário do órgão de origem e, se o valor for menor que o oferecido pelo CNMP, a remuneração é complementada. Se a PEC for aprovada, o órgão poderá ter um custo adicional de até R$ 160 mil por mês para manter os novos cargos.

Na comissão especial, os deputados vão discutir o mérito da proposta. Se aprovado no colegiado, o texto seguirá para o plenário, onde serão necessários 308 votos (em dois turnos) para ser aprovado e seguir para o Senado. Como há apenas quatro semanas de atividades legislativas, a PEC deve ficar pronta para votação no plenário só no ano que vem.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, empossou nesta segunda-feira, 25, os dez conselheiros que vão compor o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) no biênio 2017-2019, com um discurso no qual defendeu a harmonia entre poderes e a estabilidade social e também falou em repúdio à corrupção e a ideias totalitárias.

"O Ministério Público, como defensor constitucional do interesse público, posta-se ao lado dos cidadãos para cumprir o que lhe impõe a Constituição, de modo a assegurar que todos são iguais e livres, que o devido processo legal é um direito e que a harmonia entre poderes é requisito para a estabilidade social", disse Raquel Dodge.

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"Neste momento em que renovamos a composição do CNMP, renovamos também nossa esperança em dias melhores para o Brasil. Sob a Constituição de 1988, a nação brasileira tem escolhido construir a sua história apreciando a democracia, repudiando a corrupção e ideias totalitárias e pedindo o reconhecimento dos direitos dos cidadãos", afirmou a procuradora-geral.

Por três vezes, Raquel Dodge disse que é necessário defender o devido processo legal, isto é, a atuação sem atropelos. Ela disse que é importante "priorizar o fortalecimento do MP como defensor da sociedade, da dignidade da pessoa humana e do devido processo legal".

Dodge disse também que a "liberdade de expressão tem sido marcada pelo assassinato de muitos jornalistas, radialistas, profissionais da imprensa". E que serviços públicos precários, sobretudo, nas escolas e nos hospitais públicos. O meio ambiente, apontou, precisa de proteção concreta. "Tudo isso está no espectro de atuação do CNMP", destacou.

"O controle a fiscalização que o CNMP faz sobre os MP da União e dos Estados tem uma finalidade precípua, que tenham os meios para melhorar as condições de vida de cada indivíduo e paz social", disse. Ela também afirmou que é preciso cobrar dos que gerenciam o gasto público. Disse ainda que o "MP se posta ao lado dos cidadãos para assegurar que todos são iguais e livres".

O discurso no CNMP se assemelhou, na maior parte, ao da posse da própria Dodge como procuradora-geral, na semana passada, substituindo Rodrigo Janot após dois mandatos no cargo.

A solenidade contou com a presença de autoridades, como o presidente do Congresso, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Edison Lobão (PMDB-MA) - ambos investigados no âmbito da Lava Jato -, além de convidados e servidores.

Integrantes

Dos dez conselheiros, dois vão para o segundo mandato: Fábio Bastos Stica (MP/RR) e Orlando Rochadel Moreira (MP/SE), que ocupam vagas destinadas aos Ministérios Públicos dos Estados.

Os oito novos integrantes são: Marcelo Weitzel Rabello de Souza (Ministério Público Militar); Sebastião Vieira Caixeta (Ministério Público do Trabalho); Silvio Roberto de Oliveira Amorim Junior (Ministério Público Federal); Dermeval Farias Gomes Filho (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios); Lauro Machado Nogueira (Ministério Público do Estado de Goiás); Leonardo Accioly da Silva (Ordem dos Advogados do Brasil); Erick Venâncio Lima do Nascimento (Ordem dos Advogados do Brasil); e Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho (Senado Federal).

Os outros quatro integrantes do conselho são Raquel Dodge (presidente) e os conselheiros Gustavo Rocha (Câmara dos Deputados), Valter Shuenquener (Supremo Tribunal Federal) e Luciano Nunes Maia Freire (Superior Tribunal de Justiça). Este último também foi formalmente empossado nesta segunda-feira, embora já estivesse atuando no Conselho desde agosto.

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