Desde que deixou de ser apenas uma avaliação e se tornou uma das portas de acesso à educação pública superior, em 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado pelo Ministério da Educação (MEC), provocou mudanças na prática pedagógica das escolas e de educadores. Agora, com a exigência interdisciplinar dos conteúdos, as instituições de ensino estão adotando um currículo mais articulado com as necessidades dos jovens que estão cursando o ensino médio.
No caso da escola de ensino público Liceu Nóbrega, a Secretaria de Educação de Pernambuco conseguiu, através do MEC, os conteúdos que geralmente caem na prova do Enem para que os professores pudessem planejar o método de ensino e discutir entre eles o que será abordado em sala de aula.
##RECOMENDA##
De acordo com a coordenadora pedagógica da instituição, Fabíola Diniz, “foi preciso que tivéssemos acesso às questões que são abordadas no Enem para que os professores soubessem que ponto enfatizar com os alunos para assim, familiarizá-los com questões que envolvem mais interpretação”, explicou.
Ao todo, a escola conta com quatro turmas do terceiro ano. Para que os educadores do Liceu Nóbrega reforcem o conteúdo com os alunos, eles intercalam nas provas questões que estão no seu planejamento de ensino com o que o Enem aborda. “Já em relação à realização de aulões, aí vai da iniciativa de cada professor, pois esses intensivos não estão no cronograma da instituição”, declarou a coordenadora.
“A base que a escola oferece, mesmo com suas dificuldades, nos fez ter bons resultados e nossos alunos conseguiram ingressar em faculdades públicas com boas notas. Quem faz a escola é o aluno. Vai do que ele absorve na escola paralelamente com o que ele busca fora da instituição”, completou.
Já, no método de ensino do colégio particular Americano Batista, foi preciso unificar as turmas do terceiro ano para que o conteúdo fosse apresentado de forma igual para todos.
Segundo o coordenador do ensino médio da instituição, Idalmir Nunes, antigamente, o colégio dividia as turmas de terceiro ano em grupos de Exatas, Humanas e Saúde. Porém, após que o Enem tornou-se fator determinante de ingresso nas faculdades de ensino público superior, não foi mais necessária a escola prosseguir com o mesmo método. “Como os quesitos do Enem envolvem diversas disciplinas em uma só questão, foi preciso que nós abolíssemos essa divisão, visto que avaliação é a mesma aplicada para todos. Só após o Enem é que as turmas são divididas, pois é na segunda fase que as específicas são reforçadas”, disse.
Para que os professores se moldassem aos conteúdos abordados pela avaliação e, assim, planejar o método de ensino, o coordenador explicou que foi preciso apenas realizar reuniões para discutir algumas adaptações. “Como cada professor já domina bem a sua área, não foi preciso de uma capacitação específica e sim, uma adaptação para reajustar os assuntos que o Enem aborda com o cronograma de ensino dos educadores da escola. Cada professor traz a sua parte sobre o mesmo assunto para cada aluno criar vários ângulos sob um mesmo tema”.
“Por exemplo, a água pode ser vista na física como um meio de produzir energia, já a química pode tratar questões de polaridade. No caso da biologia, a água pode ser vista como principal meio de proliferação dos microorganismos, e assim vai. Cada professor tem algo a acrescentar sobre um mesmo assunto de acordo com o que ele sabe”, enfatizou Nunes.
Ainda de acordo com o coordenador, são realizados “aulões” e simulados para intensificar e preparar mais os alunos para o tão concorrido exame. “A partir do segundo ano, já começamos a reforçar o conteúdo com aulões e avaliações que deem uma ideia do que é o Enem, até para os alunos se familiarizarem e se sentirem mais preparados para a avaliação, já que agora ele é fator importante para a entrada numa faculdade de ensino público superior. Nós temos a meta de fazer com que o aluno conclua o ensino médio tendo visto tudo o que é abordado pelo Enem, tanto é que já aconselhamos aos alunos que ainda estão no primeiro ano do ensino médio a fazer o exame por experiência, até para já ter uma noção mesmo”, declarou.
Para que os alunos se preparem psicologicamente para as provas, visto que o Enem desperta muita ansiedade e nervosismo entre os estudantes, o Americano Batista promove palestras com psicólogos e atividades anti-estresse algumas semanas antes da avaliação. “Tiramos um dia da semana e fazemos uma espécie de ‘retiro’ com os alunos. Proporcionamos para eles um dia num clube, em Aldeia, com direito a banho de piscina, cachoeira, caminhadas e jogos esportivos. Além disso, convidamos psicólogos para fazê-los entender a importância do Enem, mas sem tanta pressão”, contou.
Até o momento, o Colégio Americano Batista consta 23 alunos aprovados através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e da Universidade de Pernambuco (UPE). Ano passado, a escola obteve cerca de 70 alunos aprovados nas universidades públicas do Estado, o que equivale a aproximadamente 38% do percentual de alunos do ensino médio. “Agora, estamos esperando a divulgação do resultado da UFPE, que só sairá daqui para o fim de fevereiro. Sempre tivemos bons resultados e isso nos deixa bastante orgulhosos. Sinal de que estamos no caminho certo”, finalizou.
*Crédito das fotos: Cleiton Lima/LeiaJáImagens e Líbia Florentino/LeiaJáImagens