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O governo federal estabeleceu as diretrizes para que as redes públicas de educação básica nos estados, no Distrito Federal e nos municípios possam submeter as necessidades relacionadas ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA). A medida, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (13), deve possibilitar o suporte técnico e financeiro do Ministério da Educação (MEC) às unidades federativas que aderiram à iniciativa.

O CNCA, lançado em junho, planeja investir R$ 2 bilhões ao longo de quatro anos, com o propósito de assegurar que todas as crianças que chegam ao 2º ano do ensino fundamental estejam avançadas em alfabetização, além de abordar as lacunas de aprendizado decorrentes da pandemia de covid-19. A política tem o objetivo de enfrentar os desafios identificados pela pesquisa Alfabetiza Brasil, que revelou que 56,4% dos 2,8 milhões de crianças que concluíram o 2º ano do ensino fundamental em 2021 não estavam alfabetizadas.

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As demandas incluídas no Plano de Ações Articuladas (PAR), válido de 2021 a 2024, para atender ao CNCA, devem priorizar a formação contínua dos profissionais de educação, a aquisição de materiais didáticos e equipamentos em tecnologia da informação e comunicação (TIC). As unidades federativas têm a prerrogativa de apresentar demandas a nível estadual e individual.

Um Plano de Ações do Território Estadual (PATE) será elaborado anualmente, abordando as necessidades relacionadas à colaboração entre União, estados e municípios para alfabetização nos 1º e 2º anos do ensino fundamental; recuperação do aprendizado, do 3º ao 5º ano do ensino fundamental; e educação infantil, com foco no desenvolvimento da oralidade, leitura e escrita.

Esse documento, complementar ao PAR, incluirá diagnósticos, planejamento de ações, avaliação do MEC, adesão do município ao CNCA, demandas apresentadas e planejamento para o PAR. Municípios que não aderirem ao plano estadual ou que fizerem adesão parcial podem apresentar demandas individuais diretamente no seu Plano de Ações Articuladas, desde que essas demandas não sejam contempladas no PATE.

Além disso, municípios, estados e Distrito Federal podem apresentar demandas de equipamentos em tecnologia da informação e comunicação que facilitem a articulação institucional e a supervisão pedagógica, desde que participem da Rede Nacional de Articulação de Gestão, Formação e Mobilização (Renalfa).

Celebrado no dia 8 de setembro, o Dia Mundial da Alfabetização é uma data importante que destaca a necessidade crucial da educação básica para todos. Esta ocasião reconhece os esforços contínuos de todos os profissionais que promovem a alfabetização e habilidade de leitura.  

Dados recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), a partir das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) dos anos de 2019 e 2021, revelam que houve uma queda no desempenho da alfabetização, mostrando que em 2019, 54,8% das crianças avaliadas foram consideradas alfabetizadas. Já em 2021, apenas 49,4%. 

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De acordo com o Saeb, são consideradas alfabetizadas as crianças que conseguem atingir a nota mínima de 743, o que as tornam aptas para ler frases e pequenos textos, escrever ortograficamente palavras com regularidades diretas entre fonemas e letras, e escrever textos que circulam na vida cotidiana. 

 

Após um mês do lançamento do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada pelo governo federal, todos os estados e 83% dos municípios aderiram ao programa.

Todas as capitais, exceto Boa Vista, já participam do programa. Nos municípios dos estados do Amapá, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Piauí e no Distrito Federal, a adesão é total. Em seguida estão Pernambuco, com 99%; Paraná, com 98%; e Mato Grosso, com 97% de adesão.

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De acordo com Decreto 11.556/2023, a alfabetização na idade certa ocorre no fim do segundo ano do ensino fundamental.

O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada prevê políticas integradas divididas nos eixos estruturantes governança da política de alfabetização; formação de profissionais da educação; aprimoramento das práticas pedagógicas e de gestão escolar; melhoria e qualificação da infraestrutura física e insumos pedagógicos; sistemas de avaliação; e reconhecimento e compartilhamento de boas práticas.

O Ministério da Educação vai investir R$ 3 bilhões na nova política de alfabetização na idade certa, sendo que, este ano, o investimento será de R$ 1 bilhão e mais R$ 2 bilhões durante os próximos três anos. O objetivo é custear ações concretas dos estados e municípios para a promoção da alfabetização de todas as crianças do país.

A vinculação ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada por municípios e estados é voluntária.

A adesão eletrônica deve ser realizada pelo titular da Secretaria de Educação do ente federativo ou de seu representante, por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec) com login (CPF) e senha ou acesso à conta do portal Gov.BR.

Responsabilidades

Após a adesão ao programa, cada estado, em colaboração com os municípios, deverá elaborar a política territorial capaz de atender as especificidades locais. À União, caberá apoiar técnica e financeiramente os entes federados, na medida das suas necessidades.

E é responsabilidade de cada ente federado promover a melhoria da qualidade do processo e dos resultados da alfabetização. Municípios e estados devem reduzir, em suas localidades, as desigualdades de aprendizagem entre estudantes.

O apoio da União será direcionado a partir da proporção de crianças não alfabetizadas; das características socioeconômicas, étnico-raciais e de gênero; e da presença de crianças que compõem o público-alvo da educação.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (12) que o Estado brasileiro “falhou miseravelmente” ao longo dos últimos anos quando o assunto é a alfabetização. Durante o lançamento do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, Lula lembrou que, em 2021, mais da metade das crianças terminaram o 2º ano do ensino fundamental sem conseguir ler e escrever. “Mais de 1 milhão de crianças foram largadas à própria sorte no processo de alfabetização”.

“O atraso na alfabetização ocorre porque o Estado brasileiro falhou miseravelmente nos últimos anos. Falhou porque achou que repassar recursos para as escolas de ensino fundamental era gasto e iria comprometer o tal do equilíbrio fiscal. Falhou porque não garantiu alimentação escolar de qualidade. Falhou porque, quando a pandemia levou ao fechamento das salas de aula, o governante anterior não cobrou soluções emergenciais para a educação, preferiu o negacionismo e o discurso do ódio. O resultado não poderia ser outro”, disse o presidente.

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“Mesmo tendo uma rede de educação pública em todo o território nacional, aprimorada ao longo de décadas de experiência e de cooperação entre a União, estados e municípios, o Brasil sofreu vergonhosos retrocessos”, acrescentou.

“É uma coisa tão simples, tão fácil, tão visível pra todos nós que deveria acontecer todo ano, mas lamentavelmente, no Brasil, vivemos um período muito obscuro em que os entes federados não conversavam entre si”, concluiu Lula.

Nesta quarta-feira (22), o Ministério da Educação (MEC) apresentou um novo programa de alfabetização voltado para municípios. Intitulado de Alfabetiza Brasil, a nova ação da pasta promove pesquisa para identificar crianças que já são alfabetizadas e desenvolver métodos que ajudem no desenvolvimento da alfabetização das crianças nos municípios.

O levantamento, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) tem o obejtivo de possibilitar o desenvolvimento de novas ferramentas para esta área da educação básica.

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Participarão da iniciativa professores de municípios com destaque no Inep, formados em pedagogia, com experiência mínima de cinco anos como professor de alfabetização, atuação em turma de segundo ano do ensino fundamental em 2023 e com reconhecimento como alfabetizador pela comunidade escolar. Os profissionais serão indicados pelas prefeituras das 27 capitais brasileiras.

O ministro da Educação, Camilo Santana, ressaltou a importância de realizar o levantamento. “Essa pesquisa nos vai dar um norte porque existem escalas e padrões de desempenhos próprios que os estados criaram. Precisamos uniformizar esses padrões para que possamos construir essa política nacional”, avaliou.

Retomada de obras

Durante a reunião, o gestor do MEC também aproveitou para anunciar outras medidas que serão realizadas pela pasta, como por exemplo, o reajuste do valor da merenda e do transporte escolar, além da retomada de obras paralisadas.

Segundo ele, ao retornar da sua viagem à China, o presidente Lula irá anunciar uma medida provisória para retomar as mais de 3.600 obras que estão paralisadas. "Vamos dar condições para que os prefeitos possam retomá-las", disse.

Quatro em cada dez pais ou responsáveis consideram que o avanço na alfabetização de estudantes das escolas públicas, no retorno às aulas presenciais após a pandemia de covid-19, evoluiu de forma mais lenta do que esperavam.

É o que mostra a pesquisa Educação na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias, encomendada ao Datafolha pela Fundação Lemann, Itaú Social e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com apoio da Rede Conhecimento Social.

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No levantamento, os pais ou responsáveis revelaram que as crianças e os jovens em idade escolar estão avançando com dificuldades (34%) ou não estão avançando no processo de alfabetização (6%). Além disso, segundo os responsáveis, 10% dos estudantes de alfabetização estão em nível muito abaixo do esperado em leitura e escrita e 11% em nível inadequado.

A pesquisa foi feita em dezembro de 2022 e ouviu 1.323 responsáveis por 1.863 estudantes matriculados em escolas públicas, entre 6 e 18 anos, e foi feita para avaliar o primeiro ano de retorno presencial às aulas após a pandemia de covid-19.

A apuração revelou ainda que oito em cada dez entrevistados (78%) consideram que a educação deve ser a prioridade dos novos governos, seguida pela saúde (66%) e pela segurança pública (21%). Para que a educação seja priorizada, os entrevistados disseram que os novos governos devem garantir maior oferta de formação de professores, ampliar o uso de tecnologias nas escolas e promover programas de reforço e de recuperação a estudantes.

Outros dados apresentados mostraram que 66% dos estudantes estão em escolas que fazem avaliações para conhecer as suas dificuldades de aprendizagem e 50% deles tiveram oferta de reforço escolar, o maior índice observado desde maio de 2021. O estudo também revelou que 44% dos estudantes estudam em escolas que oferecem apoio psicológico.

Desigualdades regionais

O estudo evidenciou que há grande desigualdade regional entre os estudantes da rede pública no país. Por exemplo, entre os estudantes da Região Norte, o uso de tecnologias foi apontado como necessidade maior (28%) do que entre os estudantes das regiões Sul e Sudeste do país (18%).

As entrevistas revelaram que há desigualdades de renda: nas escolas de menor nível socioeconômico, o número de estudantes com problemas no processo de alfabetização chega a 50%, sendo que 14% deles não estariam avançando no processo e 36% estão avançando, mas com dificuldades.

“A retomada das aulas presenciais nas redes de ensino foi um marco na vida de crianças e jovens em idade escolar, após o período mais crítico da pandemia. Agora é preciso ter um olhar atento e propor ações ágeis e eficientes para mitigar o alto índice de evasão escolar, a defasagem na aprendizagem e os desafios relacionados à saúde mental que atingem nossos estudantes. Importa ainda que isso seja feito em todo o território nacional, com ações estruturadas de forma conjunta, garantindo a equidade e qualidade, requisitos básicos para a efetivação do direito à educação”, disse Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, por meio de nota.

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Com o intuito de conscientizar a população sobre a importância do ensino e aprendizagem no Brasil, o Dia Nacional da Alfabetização foi instituído em 1966, como uma forma de homenagear a criação do Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 1930 – a partir do Decreto de Lei nº 19.402. A data é comemorada no dia 14 de novembro.

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 Aprender a ler e a escrever são habilidades básicas para a alfabetização. No entanto, engana-se quem acredita que são as únicas. O desenvolvimento da capacidade de compreensão, interpretação e autonomia na formação de conhecimento é elemento essencial nesse processo.

A coordenadora pedagógica Tiana Pontes diz que outros conhecimentos necessários para atingir a alfabetização completa tem a ver com o conceito de letramento – trabalhando os distintos usos da leitura e escrita nas práticas sociais. Tiana afirma que a educação básica é uma etapa extremamente importante na vida estudantil e é seguindo a idade correta para avançar nas etapas da educação – período em que as crianças entram no primeiro ano do ensino fundamental, por volta dos 6 anos de idade – que o aluno vai obter as aprendizagens essenciais previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Ela é decisiva para a vida acadêmica, porque vai, como a própria nomenclatura diz, dar o preparo básico daquilo que se espera de um estudante, de uma pessoa que brevemente vai entrar na esfera acadêmica”, enfatiza.

Para a pedagoga, alfabetizar letrando é dar ao aluno o significado daquilo que está aprendendo. “Em cada texto e em cada palavra que ele aprende, saber para que serve ou o que significa; é ensinar o aluno a não só decodificar e codificar as palavras, mas que ele também compreenda aquilo que lê aplicado ao ambiente que o cerca; entender os textos, entender as palavras dentro do contexto que é ensinado”, descreve.

Tiana cita que uma das atividades que desenvolve com os alfabetizandos é a de fazer com que eles observem a capa de um livro, tentem ler o título e, ao verem as ilustrações, façam a associação de que tipo de história está imersa naquela obra.

Dentro de casa, a vendedora Wilrilene Amaro, 28 anos, desenvolve atividades que contribuem para o processo de alfabetização da filha Amanda Amaro, 5, e tenta repassar conhecimentos por meio da interação, diálogo e também das brincadeiras. No dia a dia, ela aprende a importância de saber ler, escrever, conhecer números e cores, e de que forma isso vai ajudá-la futuramente.

 Sobre as principais dificuldades enfrentadas nessa fase, Wilrilene destaca a falta de atenção, já que Amanda ainda prefere brincar do que estudar. “Mesmo utilizando a ludicidade, é trabalhoso o processo de alfabetização, pois se algo desviar a atenção, ela perde a linha de raciocínio”, relata.

 Durante a pandemia, a vendedora conta que a escola oferecia suporte e enviava atividades para serem desenvolvidas diariamente. No entanto, cabia aos pais aplicarem os exercícios aos filhos e ensiná-los. Nessa época, embora tenha sido um processo difícil, Amanda aprendeu as vogais, algumas consoantes, números e a escrever o nome dela, graças à parceria entre escola e família.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2012 a 2021 – realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a nota técnica “Impactos da pandemia na alfabetização de crianças”, do Todos Pela Educação, mostra que a pandemia da covid-19 agravou o desenvolvimento da Educação Pública brasileira. Os números são correspondentes ao terceiro trimestre de cada ano e confirmam os efeitos negativos do período pandêmico. Segundo a nota, houve aumento de 66,3% na taxa de crianças de 6 e 7 anos que, segundo seus responsáveis, não sabem ler e escrever, passando de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.

Para Tiana, a alfabetização, no Brasil, sempre teve o grande desafio de alcançar o número que se espera de alfabetizados. A pedagoga lembra que a alfabetização é uma das principais metas – a 5ª meta – do Plano Nacional de Educação (PNE) que completará o seu período de vigência em 2024 – o decênio de 2014/2024, instituído pela Lei nº 13.005/2014 definiu 10 diretrizes que devem guiar a educação nacional e estabeleceu 20 metas a serem cumpridas o período listado.

“Não é à toa que a alfabetização é uma das primeiras metas do Plano Nacional de Educação, como uma grande prioridade da educação básica. Um aluno que não está alfabetizado fica impedido, de certa forma, de conseguir desenvolver outras habilidades”, pondera.

A pedagoga relata que, com a pandemia, a educação sofreu um grande impacto na esfera da alfabetização e que os alunos passaram muito tempo sem o acompanhamento diário dos professores e a rotina de sala de aula. “Eles tiveram uma progressão de série mesmo estudando em home office ou, podemos dizer, estudo híbrido, ou tendo pequenos acompanhamentos ali de professores particulares que, apesar de terem sim a sua contribuição, não conseguiram suprir a dinâmica da escola em si”, explica.

“Com a pandemia tivemos um agravo na situação da alfabetização, porque os estudantes prosseguiram com a falta dessa habilidade. O grande desafio da alfabetização nos últimos anos é recuperar as aprendizagens que foram estagnadas nesse período; a alfabetização está dentro dessa perspectiva de recuperação de aprendizagens”, complementa Tiana.

A coordenadora finaliza alertando sobre as consequências da não alfabetização ou alfabetização tardia. Para a pedagoga, a leitura e a escrita são a base da aquisição de conhecimento e a ausência dessas habilidades acarretam a limitação do indivíduo em qualquer disciplina do componente curricular, gerando um impacto negativo no desenvolvimento cognitivo.

Por Even Oliveira e Isabella Cordeiro, com apoio de Karoline Lima (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

Os impactos da pandemia na Educação do Brasil já são sentidos. O levantamento realizado pela ONG Todos Pela Educação aponta que, entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% de crianças, com seis e sete anos de idade, de acordo com o relato de pais e responsáveis, que não sabiam ler e escrever. A defasagem no âmbito da leitura e escrita, ainda segundo dados da pesquisa, reafirma a desigualdade entre alunos brancos e estudantes pardos e pretos.

Assim, os percentuais de crianças pretas e pardas, com seis e sete anos, que não sabiam ler e escrever, foram de 47,4% e 44,5%, em 2021. Já em 2019, período pré-pandemia, os números eram de 28,8% e 28,2%. O impacto educacional da crise sanitária é mais significativo em estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica.

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Em números, é possível perceber que as crianças mais pobres com carência na leitura e escrita subiram de 33,6% para 51% entre 2019 e 2021. Em contraponto, alunos mais ricos apresentaram, no mesmo período, um aumento que foi de 11,4% para 16,6%.

Em entrevista ao LeiaJá, a secretária executiva de gestão pedagógica da Secretaria Municipal de Educação do Recife, Juliana Guedes, explica que os reflexos da pandemia da Covid-19 não é apenas sentido na alfabetização, mas no “ciclo de construção do conhecimento, que precisa passar pela infantil, pelos anos iniciais até os anos finais do ensino médio”.

À reportagem, Juliana esclarece que os dois anos de afastamento dos alunos da rotina presencial escolar “fez com que a gente precisasse estabelecer uma série de novos planos para que essa situação fosse superada”, frisa. Na rede municipal de ensino do Recife, que possui cerca de 144 mil estudantes matriculados, sendo 17 mil crianças na educação infantil e quase 100 mil no fundamental, a volta ao modelo presencial foi seguida por ações diagnósticas, de acordo com a secretaria.

“Fizemos a nossa própria estratégia. Essas estratégias foram denominadas recomposição das aprendizagens (...) Estamos falando de recompor, de reorganizar. Porque a gente também não pode dizer que, nesses dois anos, os estudantes não aprenderam nada, até porque muito foi feito individualmente, com os esforços dos professores, das unidades escolares e também da família”, ressalta.

Esforço coletivo

Muitos foram os desafios enfrentados pela comunidade escolar no período pandêmico. Na Escola Municipal Pastor José Munguba Sobrinho, localizada no bairro do Jordão, na Zona Sul da capital pernambucana, a equipe gestora, professoras e família tiveram que se adaptar a uma nova realizada.

Com a instituição fechada, devido à alta de casos e mortes pelo novo coronavírus, a sala de aula deu espaço aos grupos do WhatsApp. “Nós fizemos grupos no WhatsApp e as professoras mandavam áudio, faziam vídeos. Durante uma hora de aula, as professoras estavam disponíveis no grupo e elas interagiam com os pais. Muitas vezes, as atividades envolviam gravação de vídeos e envio de áudio com a criança lendo algo ”, pontua Eleonora Maciel, vice-gestora da unidade, que conta com 14 turmas (educação infantil, fundamental 1 e Educação de Jovens e Adulto - EJA).

A falta do contato presencial entre os docentes e estudantes contribuiu, segundo a gestora da instituição, Rosinalva Monteiro, para a defasagem no processo de letramento das crianças. Com as atividades presenciais, a escola realizou sondagem para mensurar os impactos da crise sanitária e traçou estratégias para recompor o processo.

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“As professoras fizeram um trabalho constante. Na volta à escola, trabalhamos a leitura de forma lúdica. Em sala de aula, fizemos brincadeira com massa de modelar, colagem, leitura e se apresentava essas histórias através de dramatização e realização de eventos”, conta.

O esforço coletivo rendeu três prêmios para a Escola Municipal Pastor José Munguba Sobrinho pelos indicativos alcançados no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (Idepe) e Programa Primeiras Letras, iniciativa da Prefeitura do Recife.

“A gente vive em um contexto que ninguém dá nada por eles [alunos], não aposta alto neles, então, o plano inicial é o fracasso. Mas, eles estão aí para provar o contrário. Finalmente, a gente está começando a colher o que a gente plantou. Não é fácil não. Todo dia tem uma coisa, todo dia tem um contexto diferente e a gente vai chegando mais um degrau para continuar fazendo mais e mais”, destaca Rosinalva Monteiro.

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As crianças em fase de alfabetização tiveram a maior queda de aprendizagem entre todas as séries avaliadas em 2021 por causa da pandemia. Aos 8 anos, quando elas já deveriam estar sabendo ler e escrever plenamente, muitas não conseguem ainda localizar uma informação explícita no final de um texto curto, de duas linhas. Os dados são do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) divulgados nesta sexta-feira, 16, pelo Ministério da Educação (MEC).

A queda foi maior ainda do que a registrada no 5º, 9º ano e ensino médio. Essa foi a segunda vez que o MEC realizou a prova com estudantes do 2º ano. A perda foi de 24,5 pontos no exame, que é amostral, de Português. O melhor desempenho foi registrado no Estado de Santa Catarina, seguido do Distrito Federal e de São Paulo. A mais baixa foi a aprendizagem registrada no Acre.

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Em Matemática, os alunos do 2º ano também tiveram queda na aprendizagem, mas um pouco menor que em Português, de 9 pontos. Os Estados com melhor desempenho foram Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo. O pior foi registrado no Sergipe.

Pela média registrada em 2021 em Português, de 725,5, muitos alunos não são capazes de escrever um texto de um convite para uma festa, por exemplo. Também não conseguem escrever de forma correta uma palavra de três sílabas.

Dobrou ainda a porcentagem de alunos que estão nos níveis mais baixos de desempenho em leitura e escrita, de 15% para 34%. Esse grupo inclui desde crianças que sequer conseguiram responder à prova e outras que não são capazes de relacionar o som de uma consoante ao seu formato escrito.

As crianças pequenas são menos autônomas para o ensino remoto que os adolescentes e especialistas já temiam o déficit na alfabetização. Saber ler e escrever é primordial para que o aluno permaneça na escola e aprenda também outras disciplinas.

Esta é a principal avaliação de educação do Brasil e que traz pela primeira vez o retrato oficial do retrocesso causado pelas escolas fechadas e ensino remoto. Apesar da importância, há ressalvas de especialistas por causa do índice de participação ter sido baixo justamente em virtude da pandemia. "A realização foi um grande desafio, esforço conjunto entre União, Estados e municípios. A aplicação foi exitosa", disse o ministro da Educação, Victor Godoy. A ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Maria Helena Guimarães de Castro, presente à coletiva no MEC, afirmou pelas peculiaridades da pandemia e diferenças entre redes, "os dados deste ano não poderiam ser comparados".

O Brasil foi um dos países que mais tempo deixou seus alunos em casa durante a crise sanitária. A maioria dos Estados reabriu suas escolas só em agosto de 2021, mesmo assim com esquemas de rodízio de presença.

Por volta das 18h30, os primeiros alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) chegam na Escola Municipal São Cristóvão, localizada no bairro da Guabiraba, na Zona Norte do Recife. Antes de ocuparem as salas de aula, a primeira refeição é servida - melão, pão e café é o cardápio da vez. Entre os estudantes está Isaura Domingos Ferreira da Silva, de 60 anos.

À reportagem do LeiaJá, Isaura relata que nunca frequentou uma escola sob a condição de estudante, tampouco os irmãos. "Meu pai nunca me deixou estudar. Eram 12 filhos que ele tinha e nenhum estudou, porque ele não deixava, muito por causa do preconceito. Ele dizia que mulher não era para estudar, só era para fazer menino e cuidar de casa", disse.

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Aos 17 anos, ela deixou a cidade de João Alfredo, agreste pernambucano, para morar no Recife com o marido. Com as demandas da casa e dos dois filhos, Isaura não tinha tempo para os estudos. No entanto, ela reforça que fez questão que as crianças recebessem a educação escolar. Toda a formação básica deles, segundo Isaura, foi em instituições públicas.

"Eles nunca estudaram em [escola] particular, sempre foi a pública mesmo e eles tiveram um ensino muito bom", ressalta. Como mãe, ela viu os dois filhos ingressarem no ensino superior. "Meu mais velho estudava direito na UFPE. Ele estava perto de se formar quando foi assassinado". Isaura relembra que durante a formação acadêmica do filho, ele trazia sempre livros de história e que o sonho dele era vê-la alfabetizada.

"Meu filho sempre trazia livro pare me incentivar e ele dizia que o sonho da vida dele era me ver lendo e escrevendo. Quando ele morreu, ele foi assassinado durante um assalto ao ônibus que trazia os estudantes. Um colega reagiu e, como meu filho era militar, sobrou para ele."

Após cinco anos do falecimento dele, Isaura conseguiu se matricular na escola perto de casa, local onde também tem um comércio. "Meu comércio deixou de ser pequeno e eu tive que ir na Receita Federal assinar para mudar de microempresária para empresária. Lá, eu consegui assinar o meu nome completo", ressalta, orgulhosa.

A agora empresária, que não costuma faltar as aulas, não pensa em parar os estudos ao finalizar o ciclo da EJA e já traça planos para os próximos anos. "Eu já disse ao meu esposo que eu só saio daqui quando disserem que não tenho mais nada para estudar. Aí eu vou para o Tomé [outra escola]. Não vou parar não", conta.

Ao ser questionada sobre a possiblidade de realizar um curso superior, Isaura comenta que “está precisando” por conta do negócio. “Quem sabe um dia. Quem sabe, porque estou precisando por causa da minha casa de ração. Eu sei que se o meu filho estivesse vivo, eu teria subido mais uns degraus.”

Isaura Domingos Ferreira da Silva, de 60 anos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

As questões familiares também afastaram Rita de Cássia Moraes, de 68 anos, da escola. Diferente de Isaura, Rita chegou a iniciar os estudos, mas abandonou quando tinha por volta dos 30 anos. Na escola, ela aprendeu a reconhecer as palavras e afirma que consegue ler bem, no entanto, escrever ainda é uma dificuldade. 

"Antes de começar aqui [Escola Municipal São Cristóvão], eu já reconhecia as letras, as palavras, conseguia escrever meu nome, mas eu sei mais ler do que escrever", confessa. Após o período mais crítico da pandemia da Covid-19, Rita de Cássia, que está aposentada, voltou presencialmente à sala de aula.

Com o avançar da idade, alguns problemas de saúde e mobilidade, Rita pensa em não dar seguimento aos estudos. "Eu estou pensando em ficar [na escola] só esse ano porque minha condição. Não dá mais pra minha idade, mesmo para o ano que vem", explica. A aposentada falou para a reportagem que tentou uma instituição próximo de onde mora, mas não há oferta da EJA. 

Rita de Cássia Moraes, de 68 anos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

No passos de Paulo Freire

À frente da turma está a pedagoga Carolina Vejarano, que há dois anos trabalha com a Educação de Jovens e Adultos. Com experiência com alfabetização de crianças e adolescentes, Carolina aponta que sua principal inspiração é Paulo Freire. "Se existe um muso de inspirador para isso, tem nome e sobrenome: Paulo Freire. Existe um muso inspirador e é ele. Assim, eu sempre gostei de alfabetizar e sempre foi minha praia."

Respeitando as particularidades dos alunos, a professora frisa que a chegada à EJA encontrou uma realidade diferente. "Vi adultos que não tiveram a oportunidade de estudar porque a vida não permitiu, porque os pais não deixaram. Então, eu tento  trazer situações que sejam da vida deles, do cotidiano deles."

O trabalho de Carolina vai muito além das questões conteudísticas e passa, por exemplo, pelo resgate da autoestima dos estudantes. "A gente não está lidando com uma turma normal, a gente está lidando com pessoas que vêm cansadas do trabalho, que vêm cansadas das obrigações de casa, que vêm com autoestima baixa porque a maioria delas não teve oportunidade. Elas estão aqui porque não tiveram oportunidade. Então, elas acreditam muito que não são capazes", expõe. 

 Carolina Vejarano. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

"Para eles perceberem que as dificuldades que eles têm nada mais são do que questões relacionadas a pouca escolaridade que não tiveram, eu sempre falo com eles assim: eu alfabetizei muita criança e as crianças têm uma coisa que vocês não têm que é a rapidez. Criança pega tudo muito rápido, mas, o que que vocês têm, em relação a criança, que é vantajoso pra vocês? Vocês têm repertório de mundo. Então, vocês têm todo um repertório de vida que ninguém tira. Vocês conseguem ver as coisas de uma forma que a criança não vê. Então, essa é a parte que vocês têm a favor."

A educação e alfabetização de jovens e adultos é um grande desafio para o Brasil. Segundo dados da Unesco, atualmente existem 12 milhões de analfabetos, sendo a maioria com idade acima de 15 anos e, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mais da metade da população brasileira acima dos 25 anos não concluiu o ensino básico, chegando à marca de 51,2% (ou 69,5 milhões de pessoas).

Para combater esses dados alarmantes, existem políticas públicas que são mais do que ações governamentais, são formas de mudar a vida de milhares de pessoas. A modalidade de ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA), criada pelo Governo Federal no ano de 2007 é uma dessas ações que têm como objetivo principal alfabetizar e formar jovens e adultos com mais de 15 anos.   

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“A educação de jovens e adultos é definida como uma modalidade voltada para todas as pessoas que não tiveram acesso aos estudos na idade própria. O retorno dessas pessoas à educação traz esse resgate do processo de escolarização, mas também permite uma série de avanços que estão atrelados a esse processo”, destaca Diego Felix, chefe da Unidade da Educação de Jovens, Adultos e Idosos, da Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE).  

De acordo com Diego, a busca pela educação não vem apenas pela necessidade de ingressar no mercado de trabalho, mas também pelo cotidiano, pela rotina com a família e o desejo de conclusão da educação básica.  

“Ofertar o EJA é uma forma do Estado reparar dívidas históricas com essa população. Na população brasileira existe um contingente muito grande de pessoas que tiveram sua trajetória escolar interrompida. Hoje, a educação de jovens e adultos permite essa retomada e também a continuidade”, finaliza Diego.  

Histórias que inspiram

Dona Nair Gomes, de 72 anos, começou a trabalhar aos seis anos de idade, em hortas e devido à falta de oportunidade durante a sua infância e adolescência, não conseguiu concluir os estudos no tempo correto.  

Aos 19 anos de idade, se mudou para o Rio de Janeiro com seu primeiro marido e, mesmo após a mudança, não teve oportunidade voltar à escola. Além de cuidar dos filhos e da casa, ela precisou lidar com um relacionamento abusivo no qual a fez tomar a decisão de voltar para Recife, sozinha e sem o amparo de familiares e amigos.  

Dona Nair encontrou na escola um lugar de acolhimento e amor (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Quando completou 70 anos, Nair decidiu retomar seus estudos como forma de “ocupar a mente” e foi a partir dessa escolha que a estudante encontrou motivos para continuar sorrindo. Desde então, ela vem ensinando a todos que, independentemente da história de vida e idade, nunca é tarde demais para alcançar os seus sonhos.

Hoje, um dos maiores desafios da dona Nair é aprender a conviver com o mal de Parkinson, mesmo diante da sua situação, isso nunca a impediu de frequentar diariamente as aulas e participar das atividades da escola.

“A educação que eu procurei me ajudou a viver e na escola tenho aprendido com o amor de todos, do pequeno ao grande, do servente aos diretores, que ninguém é melhor do que ninguém”, conta Nair. 

Para o estudante José Henrique, a educação foi um marco muito importante na sua vida pessoal e profissional. Alfabetizado aos 12 anos de idade, através do EJA, José encontrou nos estudos a oportunidade para conquistar o seu sonho de se tornar um jornalista.  

Durante a sua infância, José afirma que não era um “aluno modelo” e muitas vezes faltava às aulas, sem levar os estudos a sério. Foi com ajuda da sua professora que o estudante buscou se dedicar à escola.  

José Henrique sonha em se tornar um jornalista (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Atualmente, o jovem é conhecido como “repórter do Ibura”, por levar notícias do bairro para os moradores, através das suas redes sociais. Mesmo diante das dificuldades financeiras, Henrique espera ingressar na universidade para garantir a sua formação na área.  

“Eu olhava a televisão e não perdia um programa, todos os dias acordava às cinco horas da manhã e ficava até de noite assistindo as notícias. Eu ficava me perguntando como era segurar um microfone ou uma câmera”, conta José.

Segundo a diretora da Escola Municipal Dois Rios, Carla Ferreira, a educação de jovens e adultos resgata a história daqueles que não tiveram oportunidade de estudar.  

“Nós percebemos que esses estudantes chegam na escola com muita estranheza, então tentamos dinamizar as nossas atividades o máximo possível. É importante, porque traz um novo significado de vida para essas pessoas que já têm tantas experiências”, explica Carla.

Cog Alfabetiza 

“Dentro do nosso pilar social da escola, o Cog Social, inserimos o programa de alfabetização para adultos, o Cog Alfabetiza. Essa já era uma ideia antiga aqui na escola, atrasada por conta da pandemia, que conseguimos agora operacionalizar. Nada como, dentro desse nosso braço social, incluir mais um projeto que tenha como base a educação e a transformação na vida das pessoas, ainda mais sendo essas pessoas que moram no entorno da nossa instituição”, explica Gabriela Valente, gerente administrativa do Colégio Cognitivo.

O projeto Cog Alfabetiza, na unidade Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, já beneficiou vinte moradores da comunidade do Coqueiral. Segundo Gabriela, o objetivo é expandir para a unidade de Casa Forte com mais vinte alunos.  

Uma das estudantes, Raimunda da Silva, de 52 anos, é empregada doméstica e, devido à falta de oportunidade durante a sua infância e adolescência, cresceu sem saber ler e escrever. “O programa tem sido uma ótima experiência e tenho adorado a oportunidade que o colégio trouxe para minha comunidade”, conta Raimunda.  

De acordo com Raimunda, conciliar escola e trabalho tem sido um desafio. Devido a sua rotina de empregada doméstica, muitas vezes não consegue estudar como deseja, apenas no horário das aulas. Mesmo diante de dificuldades, a aluna não cogita abandonar os estudos.

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A ONG Todos Pela Educação divulgou, nesta terça-feira (8), um levantamento que mostrou os impactos da pandemia no desenvolvimento educacional de crianças no Brasil. No estudo,em que foram comparados os anos de 2019 e 2021, foi apontado que houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que, segundo os responsáveis, não sabiam ler e escrever.

Colocando em em números absolutos são 2,4 milhões de crianças desta faixa etária, o que corresponde a 40,8%, ou seja, quase a metade do grupo não está alfabetizada em 2021. Comparando com os anos iniciais do estudo, em 2012, essa porcentagem era de 28%. O levantamento também explicitou a desigualdade no acesso à educação durante a pandemia da Covid-19. 

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Com as escolas públicas mais tempo fechadas e sem contar com uma boa infraestrutra para o ensino a distância, a porcentagem entre os mais pobres chega a 51%. Em contrapartida, nos domicílios mais ricos, esse número é de 16,6%. Outro dado apontado foi com relação a cor, a diferença de crianças pretas e crianças brancas alfabetizas é de 12,3%, o que torna a população preta a mais atingida.

O líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, Gabriel Corrêa, afirma que o crescimento das disparidades agrava problemas históricos da educação brasileira:  “A alfabetização na idade correta é etapa fundamental na trajetória escolar de uma criança, e por isso esse prejuízo nos preocupa tanto. E porque os danos podem ser permanentes, uma vez que a alfabetização é condição prévia para os demais aprendizados escolares”, afirmou, em nota.

“Precisamos urgentemente de políticas consistentes para a retomada das aulas, para que essas crianças tenham condições de serem alfabetizadas e sigam estudando. É inadmissível retrocedermos em níveis de alfabetização e escolaridade”, completou.

A nota técnica ainda traz um alerta: “Estes dados precisam continuar sendo acompanhados nos próximos trimestres, para que, em breve, tenhamos a real dimensão dos impactos do prolongado fechamento de escolas nestes indicadores”, afirmou. A lei prevê que crianças devem saber ler e escrever até os 7 anos, o que corresponde ao 2º ano do Ensino Fundamental.

O Ministério da Educação (MEC) divulgou o acesso para a obtenção da Certificação Avançada para Gestores Educacionais da Alfabetização, vinculada ao programa Tempo de Aprender. O participante deve realizar os cursos disponíveis em plataforma para receber o documento.

A certificação é voltada para diretores, vice-diretores, coordenadores pedagógicos e gestores de redes educacionais, com o objetivo de preparar os profissionais nas competências e habilidades necessárias para atuar na alfabetização. Os cursos disponíveis, de forma on-line e gratuita, abordam os seguintes temas: gestão organizacional; gestão de pessoas; gestão dos recursos escolares; gestão de bens e serviços na escola; gestão da informação; e gestão pedagógica e alfabetização.

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O certificado, com carga horária de 72 horas, ficará disponível após o participante concluir todos os temas da trilha.

O Ministério da Educação (MEC) lançará, nesta quarta-feira (30), o Sistema On-line de Recursos para Alfabetização (Sora) e a Formação Prática para Gestores Educacionais da Alfabetização. O evento de lançamento será transmitido no canal do YouTube do ministério, a partir das 14h.

De acordo com o MEC, o Sora, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), visa fornecer aos professores da alfabetização uma ferramenta tecnológica para elaboração de planos de aula e para repositório de estratégias, atividades, avaliações e recursos pedagógicos.

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Já a Formação Prática para Gestores Educacionais da Alfabetização, elaborada em parceria com a Escola de Administração Pública (Enap), objetiva formar, em seis módulos, diretores, vice-diretores e coordenadores pedagógicos, em gestão organizacional, de pessoas, de recursos escolares, da informação, e em gestão pedagógica e alfabetização.

Ambos os recursos fazem parte do programa Tempo de Aprender, que pretende, com essas ações, promover a profissionalização da gestão escolar e fornecer subsídios para a tomada de decisão, com o intuito de impactar positivamente a relação ensino e aprendizagem durante o processo de formação.

Oferecido aos profissionais da educação que atuam na alfabetização e estudantes de licenciatura, o Curso Online Alfabetização Baseada na Ciência (ABC) abriu 20 mil novas vagas para a capacitação. O programa integra a Formação Continuada de Professores-Alfabetizadores. Os interessados podem se inscrever no ambiente virtual do Ministério da Educação (Avamec).

Segunda formação mais procurada no Avamec, segundo o Ministério da Educação, o programa totaliza 200 mil vagas com as 20 mil novas que estão sendo ofertadas.Os participantes que se inscreverem terão acesso a todo o conteúdo já oferecido.

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Com 180 horas de carga horária, o programa é parte do Programa Tempo de Aprender, Capacitação da parceria da Coordernacao de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Secretaria da Alfabetização do MEC (Sealf) e as instituições portuguesas Universidade do Porto, Universidade Aberta de Portugal e Instituto Politécnico do Porto. Para mais informações acesse o site Avamec.

O Ministério da Educação (MEC) lançou nesta quarta-feira (28) o Manual ABC, que reúne parte do conteúdo oferecido no curso online Alfabetização Baseada na Ciência (ABC). O lançamento do material marcou o Dia Mundial da Educação. 

Produzido por especialistas portugueses, o produto é dividido em duas partes, uma teórica e outra de sistematização dos programas práticos de intervenção. A primeira, Alfabetização Baseada na Ciência: Manual do Curso ABC, foi elaborada pela Universidade do Porto (Portugal), sob supervisão dos professores Rui Alves e Isabel Leite. A segunda foi coordenada pela professora Ana Sucena e produzida pelo Instituto Politécnico do Porto.

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A formação é resultado da cooperação internacional entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Secretaria da Alfabetização do MEC, a Universidade do Porto, o Instituto Politécnico do Porto e a Universidade Aberta de Portugal (UAB). A capacitação integra o Programa de Intercâmbio para Formação Continuada de Professores-Alfabetizadores, chamado de Tempo de Aprender.

Destinada a profissionais que atuam na alfabetização infantil e alunos de licenciatura, a capacitação de 80 horas já conta com mais de 173 mil inscritos. Ainda restam cerca de 7 mil vagas das 180 mil que foram disponibilizadas. O conteúdo pode ser acessado no Ambiente Virtual do MEC (Avamec).

"São vídeos, entrevistas, artigos, slides, questionários, entre outros materiais, concebidos de acordo com os princípios da gameficação [uso de mecanismos de jogos na aprendizagem] e dos recursos abertos", disse o secretário de Alfabetização do MEC, Carlos Nadalim, durante evento de lançamento do manual.

Inicialmente, a ideia do governo federal era enviar 150 professores brasileiros a Portugal, para que pudessem se formar e depois replicar os conteúdos no Brasil. No entanto, por causa da pandemia da covid-19, as instituições parceiras do projeto mudaram o escopo do programa, para a concepção de um curso de formação online.

O Ministério da Educação (MEC) lançou hoje (14) o Relatório Nacional da Alfabetização Baseada em Evidências (Renabe), que traz experiências bem-sucedidas de alfabetização desenvolvidas em diversos países. De acordo com o MEC, o documento visa ajudar na melhoria da qualidade das políticas públicas e nas práticas de ensino de leitura, escrita e matemática no Brasil.

De acordo com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, apesar de o país ter avançado na universalização do acesso de estudantes às primeiras séries do ensino fundamental, os resultados das avaliações internas, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), e externas, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), mostram que a aprendizagem segue muito limitada, com a maioria dos estudantes não conseguindo compreender o que lê.

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“Quando considerado o assombroso índice de analfabetismo funcional, é perceptível que não há muito a ser comemorado. As crianças estão indo para a escola, mas o aprendizado efetivo tem sido bastante questionável”, disse Ribeiro.

Segundo o ministro, é importante dedicar atenção a temas como a formação de professores, elaboração de currículos e materiais didáticos apropriados às diferentes fases de desenvolvimento dos estudantes. Alertou, no entanto, que, diante de situações de crise, é preciso centrar esforços na alfabetização.

“Reconhecendo que o domínio da leitura e da escrita são a chave para o conhecimento em todas as áreas do saber, entendemos que dar centralidade às políticas públicas de alfabetização no processo de melhoria do ensino é escolha sábia e acertada”, disse o ministro.

Relatório

O documento traz os debates mais recentes sobre o tema para ajudar educadores a melhorar a qualidade da alfabetização no Brasil. O termo “evidências”, usado no relatório, diz respeito a achados de alfabetização que resultam de pesquisas científicas.

“Uma alfabetização baseada em evidências é aquela que emprega procedimentos e recursos cujos efeitos foram testados e se mostraram eficazes”, explica o relatório.

De acordo com o MEC, o Renabe é resultado da I Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (Conabe), organizada pela Secretaria de Alfabetização (Sealf), em 2019, como parte das ações de implementação da Política Nacional de Alfabetização (PNA).

“As evidências apresentadas no relatório constituem uma base técnica sólida, que orienta as decisões no âmbito da Secretaria de Alfabetização do MEC. O documento poderá auxiliar, ainda, os gestores e os entes federados na elaboração de políticas educacionais para os primeiros anos escolares”, disse o MEC.

O Ministério da Educação (MEC) liberou o terceiro módulo da parte A do curso on-line Alfabetização Baseada na Ciência (ABC). O tema é conhecimento da Língua: Fonologia e Ortografia do Português do Brasil. O capítulo foi escrito por Tatiana Pollo, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ), e revisa algumas propriedades fonológicas e ortográficas do português brasileiro.

De acordo com a autora, os participantes devem ficar atentos às principais dificuldades enfrentadas pelas crianças que estão sendo alfabetizadas no português brasileiro. “Como podemos auxiliá-las a superar esses desafios? Quais as estratégias que podem ser utilizadas para aumentar o conhecimento dos alunos?”, indagou, segundo o MEC. Para a professora essas questões devem estar permanentemente postas. Ela defende que “entender a natureza do sistema de escrita do português torna-o mais previsível, tanto para educadores, como para alfabetizandos”.

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O curso ABC tem como objetivo capacitar profissionais da educação que atuam na alfabetização infantil e estudantes de licenciatura. A qualificação ainda está com 180 mil vagas abertas e os interessados podem realizar as candidaturas por meio do Ambiente Virtual do MEC (Avamec).

O projeto de um aplicativo de celular para alfabetização, desenvolvido por quatro alunas da Universidade de São Paulo (USP), conquistou o primeiro lugar em uma competição internacional promovida pela Arizona State University, nos Estados Unidos. O programa, criado pelas estudantes do curso de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, foi premiado na categoria Comunicação de Impacto.

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O projeto do aplicativo é direcionado para pessoas que podem ler sentenças curtas, escrever o próprio nome, mas são incapazes de ler livros – conhecidos como analfabetos funcionais. A solução também poderá ser útil para os que são completamente analfabetos, ou seja, não conseguem ler ou escrever nem uma palavra. Nesse caso, eles precisarão de apoio – de familiares ou de professores.

“Quem aprendeu a ler e escrever desde pequeno não consegue enxergar que esse processo de aprendizagem se torna um grande desafio quando você é adulto”, destaca Luiza Machado, uma das alunas que desenvolveu o aplicativo.

Segundo as alunas, o primeiro desafio encontrado foi saber se os analfabetos funcionais poderiam utilizar o celular. Mas as estudantes encontraram diversas pesquisas sobre o assunto que mostraram, por exemplo, que mais de 80% deles usam o WhatsApp, especialmente porque têm a opção de enviar mensagens de voz.

Com isso em mente, o projeto, chamado de ABC, foi moldado de forma a ajudar na alfabetização por meio de vídeos e dicas. Será possível também avaliar o progresso do aprendizado respondendo a questões e realizando exercícios. “A proposta é que os usuários possam aprender escolhendo as lições segundo seus temas de interesse”, conta Luiza.

 

O novo desafio das quatro alunas – Luísa Moura, Ana Laura Chioca Vieira, Marina Machado e Luiza Machado – é, em 2021, colocar o projeto em prática . Para isso, as estudantes estão buscando trocar experiências com quem já desenvolveu aplicativos e com especialistas na área de educação. Para entrar em contato, o interessado pode enviar e-mail aplicativoabc@gmail.com.

 

 

Um grupo de estudantes do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da Universidade de São Paulo (USP), conquistou o primeiro lugar ao participar de um desafio nos Estados Unidos. As quatro alunas concorriam na categoria “comunicação de impacto” durante uma competição internacional promovida pela Arizona State University e pela empresa social Devex, em dezembro 

O foco do aplicativo, chamado de ABC, é atender os chamados analfabetos funcionais, pessoas que podem ler sentenças curtas, escrever o próprio nome, mas são incapazes de ler publicações mais robustas. Entre as descobertas realizadas pelas garotas para o desenvolvimento da ferramenta está que cerca de 86% dos analfabetos funcionais usam o WhatsApp, especialmente porque têm a opção de enviar mensagens de voz.

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Alunas conquistaram o primeiro lugar do desafio. Imagem: Divulgação

Para a criação das atividades, a equipe pegou inspiração no método de alfabetização criado por Paulo Freire, visando a aprendizagem significativa, relevante para o contexto de cada pessoa, sem infantilizar o processo. Apesar da premiação, o aplicativo ainda está nas etapas finais de desenvolvimento e ainda não tem data para ser disponibilizado ao público.

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