Botox. Quando se fala, ou lê essa palavra, muitas pessoas automaticamente associam ao uso "cosmético", voltado para um realce das questões estéticas - algo usado para se livrar de rugas indesejadas ou conseguir uma boca mais volumosa. No entanto, essa Toxina Botulínica (conhecida popularmente como botox) foi desenvolvida para auxiliar nas questões terapêuticas e no melhoramento de algumas doenças patológicas. A toxina auxilia primordialmente pessoas que sofrem com enxaqueca aguda, paralisia muscular, espasmos (movimentos constantes e contrações exageradas do músculo), que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC) e até quem tem a doença do suor excessivo, chamado cientificamente de hiperidrose.
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A Toxina Botulínica foi desenvolvida para auxiliar nas questões terapêuticas (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)
Para fins estéticos, essa medicação foi conhecida quase que por acaso por um oftalmologista, no início dos anos 80. Segundo relata o Cirurgião Plástico Eduardo de Oliveira Magalhães, quando um oftalmo canadense fazia um atendimento para combater às contrações exageradas da pálpebra de um paciente, usou a toxina botulínica e acabou percebendo uma melhora no arqueamento do supercílio. “Sua esposa era dermatologista e acabaram utilizando dessa toxina também para fins estéticos, já que observou-se uma caracterização mais harmônica e jovial da face, o que acabou estimulando o uso da toxina para essas finalidades (e espalhando-se pelo mundo)”, explica Eduardo.
Começou na oftalmologia, mas atualmente é usada na ortopedia, urologia, nas questões neurológicas e outras mais; tudo, como dito, na tentativa de auxiliar o paciente no seu melhor desenvolvimento (em suas questões terapêuticas e patológicas), segundo relata o especialista. “A toxina botulínica vem como algo para agregar no tratamento das pessoas que têm algumas limitações e não conseguem andar com independência, que são cadeirantes; que não conseguem comer ou se vestir sozinhos, ou seja, são totalmente dependentes de terceiros”, pondera a médica fisiatra da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), Letícia Gomes de Barros.
Na AACD o uso do botox é feito com o complemento de outros tratamentos de reabilitação (PauloUchôa/LeiaJáImagens)
Na AACD, a questão "estética" se dá pela "autoestima que é devolvida para os pacientes que conseguem se sentir mais livres por conta dessa medicação que auxilia no relaxamento dos músculos, fazendo com que um simples ato de pentear o cabelo seja feito pela primeira vez", aponta a Fisiatra. Letícia indica que na instituição em que trabalha, o uso do botox é feito com o complemento de outros tratamentos de reabilitação como fisioterapia, terapia ocupacional, sempre acompanhado de uma equipe multiprofissional. Órteses também são utilizadas juntamente com a toxina para evitar as deformidades, e até tratá-las.
“O botox atua na junção neuromuscular, que é a comunicação dos nervos, no ponto motor muscular ao qual é responsável pelos movimentos dos membros. Com isso, há um relaxamento muscular e atuam como bloqueadores dos modeladores das contrações dos músculos”, informa Letícia. Com esse medicamento, para além da estética, o paciente consegue executar funções que, até então, não estava conseguindo por conta da hipertonicidade muscular (aumento anormal do tônus da musculatura).
O uso do botox no combate a cefaleia aguda
Na enxaqueca de cunho tensional, onde se tem a musculatura tensa, com o passar do tempo isso acaba se agravando e trazendo um desconforto que culmina com a dor. O cirurgião plástico Eduardo Magalhães explica que no procedimento "realiza-se algumas aplicações do botox na região da cabeça onde serão diminuídas as tenções e a força do músculo, trazendo uma resposta positiva para o paciente". Com esse tratamento, ele consegue se livrar ou amenizar sua cefaleia aguda, já que a ação do botox é na contração muscular. Mas o profissional chama a atenção de que nem sempre que tiver uma dor tensional é indicado o uso da toxina. "Deve-se sempre passar por médicos que tenham experiência e, se necessário, ele indicará o uso do botox", pondera o cirurgião.
Disponibilização da Toxina Botulínica em Pernambuco
A Farmácia de Pernambuco informou que no Estado são disponibilizadas toxinas botulínicas para pacientes com as seguintes patologias: distonias focais, disfunções neuromusculares da bexiga e espasticidade (enrijecimento muscular) mediante apresentação de laudo médico que comprove a doença. Em Pernambuco, o Hospital da Restauração (HR) e Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) são as unidades que mais recebem o medicamento para realização de tratamento, de forma gratuita.
Segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (CREMEPE), o Hospital do Câncer é pioneiro na utilização da toxina no estado. Desde 1995, centenas de pessoas já foram atendidas no Ambulatório de Toxina Botulínica do hospital.
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