Na tarde desta terça-feira (9), um grupo de cadeirantes realizou um protesto no centro do Recife pedindo que o Governo de Pernambuco repasse verba para a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), o que possibilitaria o acesso às cadeiras de rodas. Além disso, a mobilização pediu melhorias na acessibilidade dos transportes públicos do Grande Recife. Durante o ato, a Avenida Guararapes, no bairro de Santo Antônio, foi interditada.
Segundo Messias Manoel Antônio da Silva, 28 anos, representante do grupo Direito dos Cadeirantes, pessoas aguardam há mais de dois anos por uma cadeira de rodas no Estado. “A minha cadeira de rodas está quebrada e para chegar aqui [no protesto] foi difícil. Sem o dinheiro não tem cadeira de rodas, muleta, nada. A gente está aqui porque a gente precisa”, diz.
##RECOMENDA##Esta é a terceira vez que o grupo se mobiliza pedindo que o governo estadual realize os repasses necessários. “No primeiro protesto, o governador mandou o assessor dele assinar [a carta de reivindicação] porque ele não veio atender a gente. Eu gostaria muito de ir ao Palácio do Campo das Princesas e o governador atendesse a gente, mas ele não faz isso”, critica.
Outro manifestante, Luciano Brayner, diz estar na fila por uma cadeira de rodas há dois anos e conta no momento com uma emprestada. “Eu estou lutando pelo meu direito, que é garantido por lei, mas na prática não funciona. Nós estamos lutando pelo direito de ir e vir, mas infelizmente a sociedade nos discrimina. Nós não somos vândalos, somos trabalhadores, estudantes, pais de família e queremos mostrar para a sociedade que nós existimos, temos força e vamos lutar pelos nossos direitos”, comenta Brayner.
Orlando reclama da falta de acessibilidade nos transportes públicos. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens
O manifestante Orlando Soares, 45 anos, assevera que o Estado está negligenciando as necessidades básicas dos deficientes. “É para a nossa locomoção. Se ele [o governo] não faz o papel dele para aqueles que mais precisam, eles vão prover mais para quem dessa sociedade? Nós estamos debaixo do sol quente protestando porque precisamos, mas o governo está segurando um repasse que já foi feito pelo governo federal”, diz.
A luta se estende à melhoria da acessibilidade nos transportes públicos da Região Metropolitana do Recife. Segundo Soares, o Grande Recife Consórcio de Transportes está permitindo a circulação de ônibus com elevadores quebrados. “Você junta isso à carga do motorista que não tem mais cobrador para ajudá-lo. O motorista que tem que pegar um ônibus velho, quebrado, sucateado. Quem paga o preço no final das contas somos nós, sendo xingados e deixados no meio da rua”, pontua Orlando.
O LeiaJá pediu um posicionamento do Governo de Pernambuco sobre os repasses e do Grande Recife sobre as denúncias da falta de acessibilidade, mas até a publicação desta reportagem as assessorias não haviam retornado às demandas.