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Terminou nesta quarta-feira (17) o julgamento do primeiro caso confirmado de crime por homofobia em Pernambuco. Os dois acusados de matar o homossexual José Ricardo Pereira da Silva a pauladas no bairro de Jardim São Paulo, Augusto César Rodrigues, de 26 anos, e Windson Flávio de Melo, 25, foram condenados a 18 anos. O júri acatou por completo a acusação, de homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, meios cruéis e impossibilidade de defesa.

De acordo com o promotor do caso, Antônio Arroxelas, o julgamento terminou antes do tempo previsto por não ter havido necessidade de réplicas. "A defesa teve dificuldade porque as provas contra os réus eram muito fortes", explica o promotor. Ficou comprovado que as os presidiários que testemunharam contra os dois rapazes estavam certos ao afirmar que eles teriam assumido o crime na prisão.

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Homofobia no Brasil e em Pernambuco - Segundo a Secretaria Executiva de Direitos Humanos de Pernambuco, o índice de homicídios reportados pela imprensa, uma vez que não há registro oficial do órgão, reduziu nos últimos cinco anos. Em 2012 foram contabilizadas 34 mortes. Já no ano de 2014 o número chegou a 22 e até o mês de maio deste ano há 12 registros.

Mesmo com a perspectiva positiva, Pernambuco foi o local onde ocorreu o maior número de mortes de pessoas LGBT, segundo o levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) realizado em 2013. Ao todo foram identificados 312 assassinatos. Sendo mortes e suicídios de gays, travestis, lésbicas e transexuais brasileiros vítimas de homofobia e transfobia. Sendo 34 em Pernambuco, 29 em São Paulo, 25 em Minas Gerais e - empatados em quarto lugar - Bahia e Rio, com 20 mortes.

O primeiro homicídio registrado pela Polícia como caso de homofobia será, finalmente, levado a julgamento, nesta quarta-feira (17), às 9h. O júri popular estava programado para o mês de maio, mas, por problemas de saúde do Defensor Público que acompanha os dois acusados, precisou ser adiado. O processo sobre a morte do jovem José Ricardo Pereira da Silva será conduzido no Fórum Thomaz de Aquino, no centro do Recife.

Augusto César Rodrigues, de 26 anos, e Windson Flávio de Melo, 25, são acusados de espancar o jovem gay, em outubro de 2010, no bairro de Jardim São Paulo, levando a vítima à morte, no dia 17 do mesmo mês, no Hospital da Restauração. De acordo com o inquérito policial, os acusados seriam homossexuais, teriam se relacionado com a vítima e, com medo de tornarem o caso público, teriam decidido matar José Ricardo.

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A justiça recebeu a denúncia no dia 12 de fevereiro de 2012, em que o Ministério Público enquadra o crime como homicídio qualificado, praticado por motivo fútil e com uso de meios cruéis, sem possibilidade de defesa da vítima, de acordo com o artigo 121 do Código Penal. A mãe do jovem, Eleonora Pereira, é militante dos Direitos Humanos e luta ao longo dos anos para que o caso do seu filho se torne um marco no combate à homofobia no Estado e no Brasil.

No dia 28 de março de 2012, Windson foi preso preventivamente e seguiu detido no presídio Juiz Antônio Lins de Barros, no Complexo do Curado; Augusto Cesar cumpre também prisão preventiva, desde 2010, no presídio Marcelo Francisco de Araújo, também localizado no Complexo. 

A cicatriz no braço esquerdo do professor de 49 anos, Fábio Custódio, revela as marcas de intolerância que o levaram a sair com seu namorado de Campinas, no interior de São Paulo, para participar da 19ª Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) hoje (6), na capital paulista. Custódio e o chefe de cozinha, Marcelo Reis, 32 anos, estão juntos há 14 anos, e nesse período já sofreram duas agressões. Marcelo também tem cicatrizes decorrentes de violências sofridas por parte de skinheads e de torcedores de futebol.

“O preconceito do cotidiano nós sentimos sempre, mas somos militantes do movimento, e apesar das críticas sobre a Parada [LGBT] não cumprir mais seu papel, acredito que isso não seja verdade, pois este é o momento em que muitos homossexuais se assumem. É um momento especial para isso e para marcação política na sociedade, apesar da festa. A festa mostra que, mesmo com tudo o que sofremos, nós fazemos festa nesse dia”, disse Custódio.

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Sob o tema Eu Nasci Assim, Eu Cresci Assim, Vou Ser Sempre Assim: Respeitem-me!, o evento reuniu pessoas de diversos perfis e idades na Avenida Paulista e ruas próximas, na região central da capital. A Polícia Militar (PM) não estimou o público participante, pois alega que não faz mais esse tipo de cálculo em eventos dessa dimensão.

Uma professora de 36 anos, que também preferiu não ter o nome revelado, disse que foi ao evento para “curtir”, mas disse que a Parada do Orgulho LBGT é importante, por se tratar de uma festa para promover a liberdade de expressão. Ela ressaltou que dá aula para crianças e sofre preconceito por parte dos pais, que não aceitam que seus filhos tenham uma professora homossexual.Sem querer ser identificada, uma analista de planejamento, de 27 anos, contou que apesar de se relacionar com uma mulher de 42 anos há dois anos, foi sozinha à parada. O motivo é o preconceito do filho da namorada, que tem 18 anos e também é homossexual. “Ele não aceita nosso relacionamento, apesar de também ser homossexual. Mas estou firme e forte, esperando o dia em que ele vai aceitar e nós vamos nos casar. Acho que a parada contribui para que os pais possam se conscientizar e educar as crianças desde cedo para aceitar essa realidade da sociedade e entenderem que vivem em um mundo de diversidade”.

“Os pais chegam ao extremo de tirar o filho da escola, insultar, cobrar atitudes do dono da escola. São inúmeras formas de manifestação. Eles acham que vai acontecer alguma coisa com os filhos. Mas eu não tenho como combater isso sozinha onde trabalho. Sou um grão de arroz em uma batalha muito grande, porque o preconceito é muito forte. Acho difícil conseguir mudar por mais que se tente. A parada ajuda, mas não muda a cabeça das pessoas”, comentou.

Júlio César, 31 anos, trabalha como cabeleireiro, maquiador e também faz shows como drag queen em festas fechadas. Na parada, Júlio se caracterizou com seu personagem e destacou que o ato serve para as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais mostrarem que não são apenas imagem e têm essência. “Nós temos conteúdo, temos alguma coisa para passar para as pessoas. Vivemos em uma cultura muito restrita na qual atá a mulher é muito discriminada. As coisas estão evoluindo e espero conseguir ver a aceitação antes de ficar velhinha”, enfatizou.

De manhã, na coletiva de imprensa que abriu o evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, destacou o papel do Poder Público para garantir os direitos dessa população. “O Poder Público tem que ir além da tolerância. Tem que defender a tolerância, combater a intolerância, mas tem que ter um componente social de resgate da cidadania também”, disse. Ele prometeu ouvir mais os militantes e dar mais transparência aos recursos investidos na parada.

A Secretaria Especial da Mulher e Direitos Humanos de Caruaru, agreste pernambucano, emitiu uma nota de repúdio à agressão sofrida pelo procurador Jailson Claudino da Silva, sua irmã e namorado, na saída de uma festa, por volta das 2h30 do último domingo (31). 

O grupo de amigos estava voltando da festa de São João no município e foram abordados por 20 rapazes e agredidos com socos e pontapés. Um taxista que se aproximou para prestar socorro também foi vítima do ataque, levando um corte na cabeça que resultou em 16 pontos. Os jovens prestaram queixa na 1ª Delegacia da cidade e fez exames traumatológicos no IML. 

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De acordo com Claudino, as agressões foram motivadas por homofobia. 

Confira a nota da prefeitura:

A atitude nefasta desses sujeitos demonstra a persistente truculência do ideário homofóbico e o quanto ainda se precisa avançar para que todas e todos possam exercer seus direitos com respeito e igualdade. A homofobia direta e indireta não só atinge a população LGBT, mas também outras pessoas que de alguma maneira se comportam fora dos padrões heterossexuais.

A HOMOFOBIA irradia-se por todas as classes, segmentos, instituições e espaços sociais. Este episódio atesta o quanto a luta da população LGBT permanece imprescindível para avançarmos numa sociedade democrática. Dessa forma, a Secretaria Especial da Mulher e Direitos Humanos de Caruaru ratifica seu repúdio à violência homofóbica, bem como seu compromisso incondicional com a causa da igualdade de direitos das populações LGBTs e as iniciativas de enfrentamento e prevenção de todas as formas de violência. Assim convidamos vocês a fazerem parte da luta contra a homofobia e em defesa de mundo com mais igualdade. Com essa firmeza, nos colocamos à disposição da família daqueles que tiveram seus direitos violados e persistiremos na cobrança firme para que as investigações ocorram com seriedade e justiça. Nosso desejo é o de que possamos  viver de fato um ambiente livre de todas as formas de violência, tipificando atitudes como essas como uma grave violação aos direitos humanos da população LGBT.

O Disque-Denúncia Pernambuco está oferecendo recompensa de até R$ 2 mil para quem tiver informações que levem aos agressores do procurador do município de Salgadinho, Jailson Claudino da Silva. A vítima foi atacada, no último domingo (31), por um grupo de cerca de 20 pessoas, nas proximidades do pátio de eventos de Caruaru.

No momento, a polícia trabalha com a possibilidade de que a agressão tenha tido motivações homofóbicas, mas não descarta outras linhas de investigação. Quem tiver informações sobre o caso pode telefonar para (81) 3421-9595, na Região Metropolitana do Recife e Zona da Mata Norte, ou (81) 3719-4545, no interior do Estado.

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Também é possível repassar informações através do site da central www.disquedenunciape.com.br, que permite o envio de fotos e vídeos. O serviço funciona durante 24 horas, todos os dias da semana. O anonimato é garantido.

Com informações de assessoria

A página da presidente Dilma Rousseff no Facebook postou mensagem pedindo a criminalização da homofobia, cujo projeto foi arquivado pelo Senado em janeiro. "A presidenta Dilma tem compromisso com o combate a todo tipo de violência, seja contra mulheres, negros ou homossexuais", diz o texto publicado neste domingo, 17 de maio, Dia Internacional Contra a Homofobia. "Não podemos viver com processos de discriminação que levem à violência", acrescenta a mensagem.

A criminalização da homofobia foi defendida por Dilma durante a campanha pelas eleições do ano passado. Já eleita, a presidente foi cobrada por movimentos sociais e garantiu, em janeiro, que lutaria por um projeto a respeito.

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Olhares críticos, comentários maldosos e atos de violência que resultam em morte. Estas são algumas das situações que o público LGBT enfrenta diariamente. De acordo com a Secretaria Executiva de Direitos Humanos de Pernambuco, o índice de homicídios reportados pela imprensa, uma vez que não há registro oficial do órgão, reduziu nos últimos cinco anos. Em 2012 foram contabilizadas 34 mortes. Já no ano de 2014 o número chegou a 22 e até o mês de maio deste ano há 12 registros.

Mesmo com a perspectiva positiva, Pernambuco foi o local onde ocorreu o maior número de mortes de pessoas LGBT, segundo o levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) realizado em 2013. Ao todo foram identificados 312 assassinatos. Sendo mortes e suicídios de gays, travestis, lésbicas e transexuais brasileiros vítimas de homofobia e transfobia. Sendo 34 em Pernambuco, 29 em São Paulo, 25 em Minas Gerais e - empatados em quarto lugar - Bahia e Rio, com 20 mortes.

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A Região Nordeste concentrou 43% das mortes, seguida de Sudeste e Sul com 35%, e Norte e Centro Oeste, com 21%. A média é de uma morte a cada 28 horas. Neste domingo (17) é comemorado o Dia Mundial contra Homofobia e Transfobia. Essa data foi definida em 1992 quando a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. Desde então a luta contra o preconceito foi intensificada em várias nações.

O promotor de justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Maxwell Vignole ressaltou que ainda é muito difícil mensurar, de forma precisa, as mortes motivadas pela homofobia e transfobia. "Não existe uma lei federal, aprovada, que defina o que é considerado um crime por homofobia. Na prática vai depender muito de cada juiz e da jurisprudência aplicada. Sendo assim, nos casos que são identificados há apenas o aumento da pena", lamentou.

Em entrevista ao Portal LeiaJá, Vignole explicou porque é difícil identificar esses tipos de motivações que resultam em assassinatos. "Na maioria das vezes, durante as investigações, a família não informa a orientação sexual do parente por inúmeros motivos, inclusive pelo preconceito. Dessa forma as mortes não são contabilizadas", contou. Ainda de acordo com o promotor, a grande dificuldade dos LGBTs é ter o apoio da família. "O MMPE ouviu várias pessoas em Pernambuco e identificou que a principal luta dos homossexuais começa dentro de casa", revelou.

Foi o caso da transexual Betina Mel. Durante depoimento concedido à equipe de reportagem, Mel revelou em que momento ela se descobriu mulher, como sua família recebeu a sua orientação sexual e ainda os momentos vividos na tentativa de assassinato, motivado pela homofobia. Assista ao vídeo:

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Este não é um caso isolado. Outra situação de violência relatada por Rivânia Araújo, integrante da Articulação Brasileira de Lésbicas no Recife,  diz respeito ao "corretivo lésbico". "Muitas vezes, o homem estupra a mulher lésbica para mostrar para a vítima o que é considerado certo para ele. Nessas ocasiões, em certas circunstâncias, muitas mulheres se submetem a ficar e aceitar esse tipo arbitrariedade", criticou a militante que ainda revelou um caso recente de corretivo. "Uma moça de 22 anos foi violentada no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, e agora vive apavora com receio de sair de casa", finalizou.

Conforme o coordenador de projetos do Instituto Papai, Thiago Rocha, o preconceito contra os homossexuais ainda é muito latente. "Infelizmente é triste afirmar que a discriminação ainda existe. São olhares, gestos e o pior: atos de violência que ratificam a presença do preconceito e acabam em morte. Mesmo com tantos esclarecimentos, a sociedade ainda é muito machista e não sabe respeitar a orientação sexual do outro", confidenciou. Ainda em entrevista, ele desabafou. "É triste não podermos demonstrar o que sentimos e queremos de forma livre para a sociedade", concluiu.

LGBT e seus direitos:

Recentemente, o MPPE publicou uma cartilha com os Direitos da População LGBT. No encarte, a população pode tirar dúvidas e obter informações sobre os órgãos e instituições que atendem os casos relacionados a população LGBT. O livreto pode ser acessado através do  site do MPPE.  Além disso, a instituição também está com a campanha "Mãe contra a Homofobia". A iniciativa, que busca sensibilizar as famílias e a sociedade contra a homofobia, pode ser conferida na mesma plataforma digital.

Projeto de Lei contra Homofobia

O Projeto de Lei 122, nomeado como PL da Homofobia foi arquivado pelo Senado após passar oito anos parado, no mês de janeiro de 2015. Para continuar em tramitação, o PL teria que atingir o apoio de pelo menos um terço dos senadores, o que não ocorreu. Sendo assim, a tentativa de criminalizar homofobia poderá voltar por outras propostas legislativas.

Às 14h desta terça-feira (12), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) realiza uma audiência pública para debater o direito à segurança pública da população de lésbicas, gays, bissexuais e pessoas trans (LGBT). O evento acontece na sede das promotorias de Justiça de Olinda, na Avenida Pan Nordestina. A audiência tem como objetivo angariar subsídios e solidificar informações sobre a atuação dos policiais civis e militares de Pernambuco em relação à população LGBT.

Coordenado pelo promotor de Justiça Maxwell Vignoli, o debate também visa propor alternativas ao modelo de atuação da Polícia em locais de vulnerabilidade do público LGBT, nas vistorias individuais (os populares 'baculejos'), entre outras situações, como demonstrações de afeto ou ato obsceno em vias públicas. Segundo o MPPE, representantes de diversas entidades foram convidados: Secretaria de Defesa Social (SDS PE), Centro de Combate à Homofobia, entidades da sociedade civil organizada.

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A audiência desta terça-feira é fruto da recomendação conjunta expedida pela SDS, Comando da Polícia Militar e chefia da Polícia Civil de Pernambuco, no dia 12 de fevereiro de 2015, após repercussão negativa da repressão a dois jovens que, apenas por se beijarem, foram autuados por ato obsceno e agredidos por PMs no Sítio Histórico de Olinda, no dia 11. 

Assinada pelos promotores Maria Célia da Fonseca, Rosângela Padela e Maxwell Vignoli, a recomendação orienta a Polícia a não intervir ou proibir o direito à expressão de afeto entre casais homossexuais. O MPPE também garante que a proteção ao direito à livre expressão afetiva dos casais deve ser cumprida, em acordo aos artigos 1°, 2°-I e 3° da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Acontece nesta quinta-feira (7), no Fórum Thomaz de Aquino, a partir das 8h, o julgamento dos acusados de assassinarem José Ricardo Pereira, jovem gay de 24 anos que foi morto a pauladas em 2010. Segundo inquérito policial, o crime teve motivações homofóbicas, mas também pode ter ocorrido como forma de retaliação à mãe da vítima, Eleonora Pereira, pela sua atuação em defesa dos direitos humanos. Segundo o assistente de acusação, Luís Emanuel, este é o primeiro caso que a Polícia de Pernambuco reconhece o homicídio com motivação homofóbica. 

O jovem sumiu no dia 14 de outubro de 2010 em frente a sua casa e foi encontrado um dia depois no Hospital da Restauração, em coma, até falecer no dia 17 do mesmo mês. Segundo o laudo, José sofreu golpes violentos na cabeça e no peito, o que é comum em casos de assassinato de grupos socialmente vulneráveis, segundo Luciano Freitas, gerente de promoção e defesa dos direitos humanos do estado de Pernambuco. “Os crimes de homossexuais têm certas nuances em termos de como se mata a vítima. Sempre há tortura e crueldade”.

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Os dois suspeitos que serão julgados nesta quinta já se encontram presos por cometerem sete assaltos no mesmo período do assassinato. Segundo o advogado de Eleonora, Luís Emanuel, eles têm boas chances de serem condenados por mais esse crime devido a provas obtidas pela quebra de sigilo por telefone que permitiram que a polícia ouvisse conversas no celular de José Ricardo no dia do acontecido, e também de testemunhas. Além disso, ele destacou a importância que a mãe da vítima teve no processo  “Se dona Eleonora não tivesse feito pressão, provavelmente o caso não teria toda essa visibilidade, e o caso teria sido registrado como um homicídio normal”, destacou o advogado. 

Eleonora Pereira foi militante dos direitos humanos desde jovem, e apesar de ter sido perseguida por diversas vezes, inclusive no caso da morte do seu filho, não se arrepende de defender o que acredita. “É aí que a gente vê o quão difícil é estar na luta por esses direitos. É por isso que são poucas as pessoas que se envolvem nessas questões. Mas eu não me arrependo”. Depois da morte do  filho, ela passou a integrar também o Mães pela Igualdade, movimento nacional de mulheres que lutam contra a homofobia e pelos direitos dos filhos gays, lésbicas, travestis e transexuais. 

Outros casos de homicídios de LGBT no Estado, conforme dados do Centro Estadual de Combate a Homofobia:

2012 - 34 mortes

2013 - 42 mortes

2014 - 23 mortes

Até maio de 2015, 11 casos de homicídios da comunidade LGBT foram notificados. 

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o ex-candidato do PRTB à presidência da República Levy Fidelix ao pagamento de R$ 1 milhão, em indenização por danos morais, a movimentos ligados à população LGBT (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros).

A decisão foi tomada com base em declarações feitas pelo então presidenciável durante debate pré-eleitoral transmitido pela Rede Record em setembro do ano passado, quando Levy Fidelix usou expressões como “dois iguais não fazem filho” e “aparelho excretor não reproduz” ao se referir a casais homossexuais.

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O valor da indenização, corrigido, será destinado a ações de promoção de igualdade da população LGBT. A sentença é em primeira instância e ainda cabe recurso.

A assessoria de imprensa de Levy Fidelix informou que ainda não tem um posicionamento sobre a sentença. Já a defesa do ex-candidato à presidência da República informou que não recebeu nenhuma intimação e que não conhece o teor da sentença.

A Diretoria de Articulação Social e Direitos Humanos, a Companhia Independente de Policiamento com Motos (CIPMoto-ROCAM) e entidades representativas do movimento LGBT se reuniram na quinta-feira (12), em encontro promovido pela Polícia Militar (PM). O evento ocorreu dois dias depois de uma polêmica envolvendo uma abordagem policial contra dois homens em Olinda, que estariam se beijando durante uma prévia carnavalesca.

Segundo a Polícia Militar, a reunião serviu para reafirmar o compromisso da Corporação com a proteção dos direitos das pessoas do movimento LGBT e no combate a qualquer tipo de discriminação. A DASDH informou que intensificará as palestras para tratar questão relacionadas à homofobia nos batalhões policiais.

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Sobre o caso de Olinda, a PM alegou que o casal homossexual estavam expondo e manuseando os órgãos genitais em via pública. A ONG Leões do Norte enviou a denúncia de homofobia para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Edilson Silva.

Com informações da assessoria 

Um casal gay de turistas alega ter sido vítima de homofobia, na última quarta-feira (11), durante uma prévia em Olinda, nas proximidades do Mercado da Ribeira. O baiano Magno da Costa Paim, de 21 anos, e o paraense Hector Zapata, 22, que vieram passar o Carnaval em Pernambuco, teriam sido abordados por policiais militares por causa de um beijo.

Segundo Magno, os policiais interromperam ele e o namorado para uma revista. Depois, o casal teria se beijado e, por isso, foi levado para a Delegacia de Plantão de Casa Caiada.

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De lá, os jovens foram encaminhados para Central de Flagrantes, no Recife, onde responderam a um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por atentado violento ao pudor. 

Em nota, a Polícia Militar (PM) afirmou que os jovens Hector e Magno encontravam-se juntos, manuseando e expondo os órgãos genitais em via pública. Ainda segundo a PM, um terceiro envolvido, diante da intervenção dos policiais, afrontou o policiamento e proferiu contra eles palavras de baixo calão, além de ter tentado agredi-los.

O Comando da Corporação determinou o encaminhamento da denúncia a Diretoria de Articulação Social e Direitos Humanos (DASDH), que avaliará as circunstâncias da ação policial. 

A ONG Leões do Norte, entidade que atua em defesa da livre orientação afetivo-sexual, afirma já ter encaminhado a denúncia para o Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Edilson Silva.

O caso já virou evento do Facebook, onde usuários pretendem protestar contra o acontecido com um “beijaço” com a comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais) e simpatizantes nas ladeiras de Olinda, às 20h desta quinta-feira (12).

 

A Secretaria-Geral da Mesa Diretora do Senado deve concluir este mês o processo de arquivamento definitivo do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/2006). A proposta, apresentada na Câmara em 2001 e em tramitação há oito anos no Senado, será arquivada de acordo com as regras do Regimento Interno da Casa.

De acordo com a presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), senadora Ana Rita (PT-ES), os movimentos sociais não devem se opor ao arquivamento, por considerarem que o projeto acabou estigmatizado com o nome de "PLC 122", o que poderia atrapalhar o andamento. Segundo Ana Rita, o caminho é um novo projeto, com outro número e melhorias na redação.

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"A ideia é manter o 122 arquivado e construir uma nova proposta. Uma proposta que, inclusive, atenda melhor o próprio movimento LGBT", explicou.

Já a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que foi relatora da proposta na CDH em 2011 e 2012, afirmou que vai lutar para incluir o tema na discussão do novo Código Penal (PLS 236/2012). Assim que retornou ao Senado, depois de exercer o cargo de ministra da Cultura, Marta apresentou emendas à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) visando tornar a identidade de gênero e a orientação sexual agravantes de vários crimes.

"Vou buscar apoio dos senadores para manter as emendas e levar ao Plenário um Código Penal que puna a homofobia tanto quanto já prevemos punições a outras discriminações, como a racial, étnica, regional, de nacionalidade. É um escândalo ao crime de homofobia ser ignorado como preconceito", afirmou.

O PLC 122 altera a Lei 7.716/1989, que tipifica “os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O projeto inclui entre esses crimes a discriminação por gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.

A proposta enfrenta resistências, principalmente de lideranças religiosas, que afirmam que a matéria viola o direito à liberdade de expressão e temem ficar sujeitas a penas que vão de um a cinco anos de reclusão.

De autoria da ex-deputada federal Iara Bernardi (PT-SP), o PLC 122 foi aprovado na Câmara em dezembro de 2006. Enviado ao Senado, foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) em 2009, mas não chegou a ser votado pela Comissão de Direitos Humanos (CDH), por falta de acordo entre os senadores.

"Infelizmente, o PL 122 não foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos e numa manobra dos opositores ao projeto de combate à homofobia foi incorporado à discussão do Código Penal. Nessa comissão, ele sumiu, como se nunca tivesse existido. Quando levado à CCJ, o relator manteve essa omissão", lamentou Marta.

O regimento determina que todas as propostas tramitando há mais de duas legislaturas sejam arquivadas. Entretanto, essas proposições ainda podem tramitar por mais uma legislatura, caso seja aprovado em Plenário por requerimento de pelo menos 27 senadores. Ao final da terceira legislatura, se não houver decisão, a proposta deve ser arquivada definitivamente, situação em que se encontra o PLC 122/2006.

*Com informações da Agência Senado

O projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia, tramita há oito anos no Congresso. Visto por especialistas como principal instrumento para diminuir o número de assassinatos e atos violentos contra homossexuais, a mobilização de grupos religiosos fez o texto parar no Senado. A expectativa dos parlamentares é de que só retorne à pauta em 2015.

Apresentada em 2006 na Câmara dos Deputados, a proposta prevê penas de até 5 anos de prisão para quem cometer atos diretos ou indiretos de discriminação ou preconceito motivado pela orientação sexual. O texto já foi aprovado na Câmara dos Deputados. Após uma grande negociação no Senado, o termo homofobia até foi excluído do texto. A proposta era enquadrar o delito como crime de ódio, com as mesmas regras válidas para o racismo. Mesmo assim, a discussão não avançou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Um grupo de cerca de 150 pessoas, de acordo com a Polícia Militar, interditou na tarde deste domingo, 16, trechos da Avenida Paulista e da Rua da Consolação, na região central de São Paulo, em protesto contra a discriminação sexual.

Batizado de "A Revolta da Lâmpada", o ato marca os quatro anos da agressão, com lâmpadas fluorescentes, a três jovens - sendo dois homossexuais - na Avenida Paulista. Eles foram atacados porque "a expressão de seus corpos foi percebida e categorizada pelos agressores como inadequadas", de acordo com a descrição da página no Facebook que chama para a manifestação.

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O grupo luta pela "libertação de todos os corpos" e fez uma carta de reivindicações que inclui a legalização do aborto, a igualdade à lei do racismo de crimes de discriminação por identidade de gênero e orientação sexual e a realização de campanhas a nível federal contra o assédio sexual e intimidação da mulher. O ato também passou pela Rua Augusta e terminaria da Praça Dom José Gaspar, no centro da capital.

A Polícia Civil solicitou as imagens de câmeras das plataformas da Linha 1-Azul, do Metrô de São Paulo, para tentar identificar os suspeitos de terem espancado um casal gay dentro de uma das composições. Como o trem pertence a uma frota antiga e, por isso, não tem circuito interno de segurança, os policiais terão de cruzar informações, como horário e número do trem, para tentar chegar até os agressores.

Segundo o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, titular da Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur), que registrou o caso, as vítimas também serão convocadas para tentar identificar os suspeitos a partir de fotografias de pessoas envolvidas em casos anteriores. "Já existe um levantamento das pessoas que atuam nesse sentido (homofobia)", disse o delegado. As investigações vão ser conduzidas pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).

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O caso aconteceu na tarde do último domingo (9) quando cerca de 15 homens espancaram o metroviário Danilo Putinato, de 21 anos, e o bancário Raphael Martins, de 20. De acordo com as vítimas, as agressões começaram após o bando mandar que o casal parasse de se beijar e se retirasse do trem. Após negar as exigências, o casal foi expulso a socos, pontapés e empurrões da composição.

À reportagem, Putinato contou que as agressões duraram cerca de três minutos, tempo que o trem levou para se deslocar entre as Estações Tiradentes e Luz, no sentido Jabaquara. Ele disse ainda que o grupo havia embarcado na Estação Armênia. Os agressores teriam xingado os dois de "viadinhos", "bichinhas" e que "deveriam ter respeito".

Atingidos no rosto e no corpo, Martins teve o nariz quebrado e Putinato não sofreu ferimentos graves. Os dois receberam os primeiros socorros de agentes do Metrô e foram levados para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na região central.

Um casal gay foi espancado por um grupo de cerca de 15 homens dentro de um trem da Linha 1-Azul do Metrô de São Paulo, na tarde do domingo (9). O metroviário Danilo Ferreira Putinato, de 21 anos, e o bancário Raphael Almeida Martins de Oliveira, de 20, foram agredidos com socos e chutes no percurso entre as Estações Tiradentes e Luz, no sentido Jabaquara, e expulsos a pontapés da composição pelo grupo, após se negarem a sair espontaneamente.

De acordo com Putinato, as agressões foram iniciadas após o bando exigir que o casal parasse de se beijar dentro do trem. Na ocasião, o metroviário seguia para o trabalho na companhia do namorado. "Eles se mostraram indignados com o fato de nós estarmos juntos, mandaram parar de nos beijar, mandaram sair do trem, mas não respondemos nada, deixamos eles falando sozinhos e aí começaram a nos bater", comenta Putinato.

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Segundo a vítima, o grupo, que havia embarcado na Estação Armênia da Linha 1-Azul, xingava o casal gay de "viadinhos" e "bichinhas" e dizia que eles "deveriam ter respeito" e parar de trocar carinhos em público. Putinato e Martins foram agredidos no rosto e no corpo com chutes, socos e empurrões.

Após a expulsão do trem, as vítimas procuraram agentes de segurança do Metrô, que cuidaram dos primeiros socorros e levaram os jovens para a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na região central.

O bancário teve o nariz quebrado e terá de passar por uma cirurgia para reparar a fratura. O metroviário não sofreu ferimentos graves. "Acho que ficamos apanhando por uns três minutos. Se não tivessem nos colocado para fora, não sei o que teria acontecido", diz o jovem, que afirmou ter ficado desapontado com o fato de nenhum dos passageiros da composição ter agido para socorrê-los.

"O trem estava mais ou menos cheio, mas ninguém fez nada. Eu tenho absoluta certeza de que eles tiveram medo dos caras. Mas também acho que pelo fato de sermos gays isso não incentivou muito (a ajudarem). Lá fora um homem se voluntariou para ser testemunha, só isso", relata.

Investigação

Após passarem por atendimento médico, os dois registraram a ocorrência na Delegacia do Metropolitano (Delpom). "A polícia tem tudo para identificar os homens. Aquela frota infelizmente não tem câmeras, mas como indiquei aos policiais qual era o trem e o horário, eles podem pegar as gravações das estações", conta Putinato. A investigação deverá ser conduzida pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). A reportagem não conseguiu contato com a Polícia Civil na noite de ontem para verificar como estão as investigações do caso.

Putinato defende punições mais rígidas para qualquer um que cometer atos homofóbicos. "O sentimento é de revolta. Tudo isso tem origem no machismo que é tão disseminado em toda parte. O diferente não é aceito. Não só os gays sofrem com isso, mas as lésbicas, transexuais, e todos os outros que ousam ser 'diferentes'", afirma o metroviário. "Enquanto não existir uma campanha ainda mais ampla, e o ódio contra nós não for criminalizado, mais casos como este vão acontecer", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ator do grupo Nós do Morro, Max do Nascimento Andrade, o Maxie Maya, de 29 anos, foi agredido na manhã de domingo, 19, no centro do Rio quando voltava para casa de uma festa destinada ao público LGBT. Ele disse que foi xingado com expressões homofóbicas antes de levar um soco no olho direito, por volta de 7h30, quando caminhava com um grupo de amigos em direção à estação de metrô da Cinelândia O caso foi registrado na 5.ª DP como lesão corporal. A Polícia Civil informou apenas que a investigação "está em andamento".

Max não foi localizado pela reportagem nesta terça-feira. Em entrevista ontem ao jornal O Dia, ele disse desconhecer o agressor: "Ele veio em minha direção e, sem motivo algum, gritou: `Veado!' Depois, me deu soco tão forte que caí no chão. Atordoado, fui levado por amigos para o Hospital Souza Aguiar. Exames complementares vão dizer se terei sequelas. Não estou enxergando nada com o olho direito." Ao jornal carioca, Max disse que a "dor moral é pior do que a física".

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Ele sofreu ferimentos em volta o olho, que ficou muito inchado. Procurado pela reportagem, o Metrô Rio informou que as câmeras de monitoramento da estação não registraram a agressão na manhã de domingo. Max nasceu no Sergipe e mora no Rio há cinco anos. Ele já foi ouvido pela polícia, que tenta identificar o agressor.

O Nós do Morro foi fundado em 1986 pelo jornalista e ator Guti Fraga, com o objetivo de criar acesso à arte e à cultura para as crianças, jovens e adultos do Morro do Vidigal, na zona sul do Rio. O projeto foi ampliado e hoje oferece cursos de formação nas áreas de teatro (atores e técnicos) e cinema (roteiristas, diretores e técnicos) não apenas para moradores do Vidigal.

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, voltou a defender nesta segunda-feira, 29, a criminalização da homofobia. A declaração foi dada após ser questionada sobre os comentários considerados preconceituosos do candidato a presidente Levy Fidelix (PRTB) no debate da Rede Record de Televisão no domingo, 28. "Meu governo e eu, tanto publicamente quanto pessoalmente, somos contra a homofobia e acho que o Brasil atingiu um patamar de civilidade no qual todos nós não podemos conviver com processos de discriminação que levem à violência", disse durante entrevista coletiva, em São Paulo.

Dilma lembrou ainda que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao reconhecer a união estável entre casais do mesmo sexo, garantiu os direitos civis a todos os cidadãos. "O STF foi claro e definitivo. Isso não está mais em discussão", afirmou. Ela, no entanto, evitou responder se aceitaria o apoio de Fidelix num eventual segundo turno. "Estou no primeiro turno e não vou fazer precipitação. Só falo em segundo turno depois do voto depositado na urna e computado."

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Liderada pelo Brasil, uma resolução foi aprovada nesta sexta-feira (26), na ONU introduzindo de forma definitiva o debate sobre a violência contra homossexuais na agenda das Nações Unidas. O projeto apenas pede que a entidade faça uma avaliação a cada dois anos sobre as violações contra gays, mas já era suficiente para ser atacado por diversos governos como "imperialismo cultural". Na prática, o documento transforma a ONU em um instrumento para expor e denunciar governos que criminalizam o homossexualismo.

O jornal O Estado de S.Paulo revelou com exclusividade há duas semanas o projeto que, além do Brasil, era patrocinado por Chile e Uruguai. A esperança de Brasília era de que o projeto não exigisse uma votação e que o documento fosse aprovado por consenso. Mas, diante da resistência de africanos e árabes, o Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, foi obrigado a chamar um voto.

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A resolução acabou passando por 25 votos a favor, 14 contra e sete abstenções, em um reflexo de como o assunto divide a comunidade internacional. O texto orienta a ONU a realizar levantamento da violência e ataques contra homossexuais a cada 2 anos, além de "expressar a grave preocupação contra atos de violência e discriminação cometidos contra indivíduos por causa de sua orientação sexual e identidade de gênero".

Apoio

Ao lado do Brasil votou o governo dos Estados Unidos. Nesta semana, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, havia declarado que daria "todo seu apoio" à iniciativa. No início do ano, Washington chegou a ameaçar cortar a ajuda ao governo de Uganda diante de medidas contra homossexuais no país africano.

Nesta sexta, uma aliança de governos latino-americanos e europeus garantiu votos suficientes para aprovar o texto. Já no campo contrário estavam Argélia, Botswana, Costa do Marfim, Etiópia, Gabão, Indonésia, Quênia, Kuwait, Marrocos e Arábia Saudita.

As críticas mostraram o racha entre Ocidente e o mundo islâmico. "O termo orientação sexual pode ser destrutivo e é um inimigo à fé muçulmana e aos jovens", declarou a delegação do Paquistão, em um documento enviado à ONU.

"Esta resolução é uma violação aos direitos humanos e é uma imposição cultural", atacou a delegação saudita.

Os Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - não votaram em bloco. A surpresa para muitos foi a rejeição do governo de Vladimir Putin pela proposta. A esperança era de que Moscou pelo menos se abstivesse. Já a Índia preferiu se abster.

Também estava sendo observado com atenção o voto sul-africano. O país toma a defesa de homossexuais, mas estava sendo pressionado pelo bloco africano a seguir a linha do continente, contrária à resolução. Pretória acabou votando ao lado do Brasil.

Para a Human Rights Watch, a aprovação da resolução proposta pelo Brasil é "um marco" na defesa dos direitos dos homossexuais. Segundo a entidade, um total de sete emendas foram apresentadas para tentar "aguar" o documento. "Esse é um momento significativo para o movimento LGBT", declarou MonicaTabengwa, representante da entidade. "O documento manda uma mensagem forte", declarou Jonas Bagas, da entidade TLF, das Filipinas.

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