Tópicos | indicação

Termina nesta sexta-feira (19) o prazo para que para que as lideranças partidárias indiquem relatores setoriais da proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2021. O texto, que deveria ter sido aprovado em dezembro, está com a tramitação atrasada.

Pelo novo cronograma, devem ser indicados, até esta sexta-feira, os 16 relatores setoriais de receitas e também das contas prestadas pelos chefes dos Três Poderes. A previsão é de que a proposta de Orçamento para 2021 (PLN 28/20) seja analisada no dia 24 de março por deputados e senadores em sessão conjunta do Congresso Nacional.

##RECOMENDA##

O prazo, informado pela presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputada Flávia Arruda (PL-DF), também é a data limite para para a indicação de membros e coordenadores dos comitês de avaliação da receita, das obras e serviços com indícios de irregularidades graves e da admissibilidade de emendas.

Entre outras funções, os relatores setoriais auxiliam o relator-geral do Orçamento, senador Marcio Bittar (MDB-AC), no exame das despesas sugeridas no texto enviado pelo Poder Executivo.

Ficarão a cargo de deputados, dez relatorias setoriais da despesa, nas áreas de Agricultura; Ciência, Tecnologia e Comunicações; Economia; Educação; Infraestrutura; Meio Ambiente; Mulheres, Família e Direitos Humanos; Presidência e Relações Exteriores; Saúde; e Turismo e Cultura.

As outras seis relatorias setoriais da despesa caberão ao Senado. As relatorias são nas áreas de Cidadania e Esporte; Defesa; Desenvolvimento Regional; Justiça e Segurança Pública; Minas e Energia; e Poderes (Judiciário, Ministério Público e Defensoria).

Indicações

Alguns relatores já foram indicados: o deputado Beto pereira (PSDB-MA) será o relator da receita. No caso dos comitês, o deputado Lucas Vergílio (Solidariedade-GO) foi escolhido para coordenar o Comitê Permanente de Admissibilidade de Emendas (CAE).

Já o deputado Ruy Carneiro (PSDB-PB) coordenará o Comitê de Avaliação das Informações sobre Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades Graves (COI). O colegiado orienta sobre a continuidade ou não dessas ações.

Pelo cronograma de votação do Orçamento, os parlamentares têm até o dia 1º de março para apresentar emendas ao texto. O parecer sobre a receita deverá ser votado pela CMO em 3 de março, e o relatório preliminar do Orçamento deve ocorrer no mesmo dia. Os relatórios setoriais da despesa serão votados entre os dias 15 e 19. O relatório geral, até o dia 23 e a votação pelo Congresso Nacional no dia 24 de março.

A deputada federal Marília Arraes (PT) deverá ser candidata a um dos cargos para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. A parlamentar pernambucana pleiteia internamente a vaga como indicação do PT, mas pode lançar uma postulação avulsa caso não seja aprovada.

De acordo com a assessoria de imprensa da parlamentar, ela é candidata à Mesa da Câmara, mas a formalização do pleito ainda passará pelo avanço da formação dos blocos partidários. O PT está reunido neste momento para deliberar sobre a composição diretória da Casa Legislativa e até o fim da tarde deve se posicionar oficialmente. Vale ressaltar que o PT tem a maior bancada e pode vir a ocupar a vice-presidência.

##RECOMENDA##

Ainda segundo a assessoria de Marília Arraes, ela votará no deputado federal Baleia Rossi (MDB) para presidente da Câmara, assim como orientou o partido.

A eleição para a Mesa Diretora da Câmara está prevista para iniciar às 19h, desta segunda-feira (1º).  

 

O Palácio do Planalto responsabilizou o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pela indicação de um funcionário do gabinete do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo a Secretaria-Geral da Presidência, órgão responsável por analisar atos jurídicos do governo, foi o próprio ministro quem encaminhou o nome, que não cumpre os requisitos previstos em lei para exercer o cargo, como revelou o Estadão/Broadcast. A pasta informou ainda que a indicação poderá ser retirada.

Pacheco, candidato escolhido por Davi Alcolumbre (DEM-AP) e pelo presidente Jair Bolsonaro para presidir o Senado em 2021, é o padrinho político da indicação de Arnaldo Silva Junior para a diretoria do órgão regulador - formalmente, no entanto, o envio do nome foi feito pelo Ministério da Infraestrutura. Silva Junior foi deputado estadual até 2019 e é presidente do DEM em Uberlândia (MG).

##RECOMENDA##

A Lei das Agências Reguladoras, no entanto, é clara ao proibir a indicação de "dirigentes partidários" e "pessoa que tenha atuado, nos últimos 36 meses, como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral".

Apesar do veto da lei, a Secretaria-Geral informou não ter competência para fazer a reanálise de "possíveis vedações" após o Ministério de Infraestrutura ter avalizado o nome de Silva Junior. "De todo modo, uma vez confirmada qualquer violação à Lei Geral das Agências, a Presidência da República publicará a retirada da indicação", disse a pasta após ser questionada pela reportagem.

Mesmo violando dois dispositivos da lei, o nome de Silva Junior foi aprovado no dia 14 de dezembro pela Comissão de Infraestrutura do Senado, que realizou a sabatina do candidato. O nome, no entanto, ainda precisa passar pelo plenário da Casa.

Nomeação

A pasta comandada pelo ministro Jorge Oliveira até a semana passada tentou afastar a indicação do presidente Jair Bolsonaro. Segundo nota da Secretaria-Geral, "a submissão do nome à sabatina não vincula a sua nomeação pelo presidente da República, podendo ser reavaliado em qualquer hipótese no âmbito do Poder Executivo federal". Amigo da família Bolsonaro, Oliveira deixou o cargo no dia 31 para assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU). Em seu lugar ficou, de forma interina, Pedro Cesar Sousa, ex-chefe de gabinete de Bolsonaro. Procurado, o ministério da Infraestrutura não respondeu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), anunciou, na noite de quarta-feira (23) três novos nomes que vão compor o secretariado de seu segundo mandato. As pastas da Cultura, Segurança Urbana e Desenvolvimento Econômico e Turismo ficarão nas mãos de duas mulheres e um ex-secretário, que volta ao cargo após deixar o governo em 2019.

Na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, mantém-se no cargo a atual secretária, Aline Cardoso. Formada em Relações Internacionais pela PUC-SP, Aline foi vereadora e desde julho de 2017 lidera a pasta.

##RECOMENDA##

Para a Cultura, Covas optou por reintegrar o ex-secretário Alê Youssef, ex-titular da pasta que deixou o cargo em março. À época, especulou-se que Youssef estivesse deixando o cargo para concorrer nas eleições municipais, uma vez que a saída ocorreu no limite do prazo legal de desincompatibilização para integrantes do Executivo que pretendiam disputar o pleito.

Já a pasta da Segurança Urbana ficará sob o comando da inspetora superintendente Elza Paulino de Souza. Comandante Geral da Guarda Civil Metropolitana (GCM), Elza é uma pioneira na instituição, tendo ingressado na primeira turma do corpo feminino, em 1986.

Com as indicações até o momento, são nove os secretários já confirmados no próximo governo. Os postos-chave, Saúde, Educação e Transportes, ainda seguem em negociações.

Veja a lista de confirmados no governo de Bruno Covas:

Eunice Prudente - secretária de Justiça

Rubens Rizek Jr - secretário de Governo

Guilherme Bueno de Camargo - secretário da Fazenda

Marta Suplicy - secretária de Relações Internacionais

César Azevedo - secretário de Urbanismo e Licenciamento

Juan Quirós - secretário de Inovação e Tecnologia

Marta Suplicy - secretária de Relações Internacionais

Elza Paulino de Souza - secretária de Segurança Urbana

Aline Cardoso - secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo

Alê Youssef - secretário de Cultura

Eduardo Tuma, de 39 anos, é advogado e professor de Direito e se elegeu neste ano para seu terceiro mandato como vereador de São Paulo. Foi o 12º na lista dos eleitos, com 40.270 votos. Ele entrou na vida política impulsionado pelo capital político do tio, o ex-senador e ex-delegado da Polícia Federal Romeu Tuma (1931-2010). Fiel da Igreja Bola de Neve, o tucano é um dos expoentes da bancada evangélica paulistana e auxiliou o prefeito Bruno Covas (PSDB) a se aproximar desse eleitorado durante a campanha.

Na Câmara, o parlamentar teve atuação voltada para obter isenções fiscais para templos religiosos e, ao longo da carreira, ocupou assentos nas Comissões de Constituição e Justiça e nas Comissões Parlamentares de Inquérito da Dívida Ativa e dos Alvarás.

##RECOMENDA##

Tuma teve envolvimento indireto em alguns escândalos durante sua passagem pela Câmara municipal. Em 2014, um de seus assessores foi flagrado cobrando propina de empresários para que suas empresas não aparecessem em uma lista de comércios irregulares da cidade. Em 2018, foi alvo de uma investigação do Ministério Público sobre a evolução incomum de seu patrimônio, e teve o sigilo quebrado. Em ambos os casos, negou ter praticado irregularidades. No primeiro, o assessor foi exonerado. No segundo, Tuma disse que a evolução de bens se deu em razão da herança recebida do pai. Nenhuma investigação resultou em denúncia.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, encaminhou ao Senado indicações de diplomatas para exercerem o cargo de embaixador do Brasil na Austrália e no México.

Para o país da Oceania, foi indicado Maurício Carvalho Lyrio, atual embaixador no México. Se aprovado, ele acumulará ainda o cargo de embaixador do Brasil nas Ilhas Salomão, na Papua Nova Guiné, na República de Vanuatu, na República de Fiji e na República de Nauru.

##RECOMENDA##

Para o cargo no México foi indicado Fernando Estellita Lins de Salvo Coimbra, que era embaixador do Brasil no Quênia, Ruanda, Uganda, Somália e Burundi.

Na reta final do ano legislativo, senadores discutem a possibilidade de uma nova rodada de votações de indicações de autoridades. Entre as pendências, estão nomes escolhidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, para agências reguladoras e para postos diplomáticos no Exterior. Apesar da demanda, ainda não há uma definição sobre o tema.

Segundo informações da Secretaria-Geral da Mesa, cerca de 23 nomes aguardam análise na Casa. Ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), disse que as votações são uma demanda do Executivo. Segundo ele, o tema deve ser discutido nesta terça-feira, 1º, na reunião do colegiado de líderes.

##RECOMENDA##

No caso das agências reguladoras e de embaixadas, as indicações são feitas pelo presidente da República, mas precisam ser confirmados pelo Senado. Os indicados passam por sabatina nas comissões e, depois, por votação secreta. Apesar de o plenário funcionar remotamente, não é possível garantir o sigilo de votos.

Na semana passada, durante sessão do plenário, a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES) questionou se a Casa iria analisar um nome para a diretoria da Agência Nacional de Mineração (ANM) ainda neste ano. O mandato do diretor Tomás Antônio Albuquerque de Paula Pessoa Filho chegou ao fim na última semana. O Executivo não enviou um nome para a vaga.

Na ocasião, o presidente da Comissão de Infraestrutura da Casa, senador Marcos Rogério (DEM-RO), disse que outras agências também estão com diretorias desfalcadas ou com mandatos prestes a vencer. Ele citou como exemplo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural (ANP) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

"No último esforço que nós fizemos, ficaram alguns nomes pendentes. E o Presidente Davi Alcolumbre, naquele momento, nos deu a informação de que faríamos um novo esforço para a recomposição das agências", respondeu. "O esforço é para que a gente faça, ainda este ano, mais uma votação para a escolha de diretores das agências."

Na lista de pendências também estão indicações para outros órgãos. Aprovados pela Câmara, os indicados para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Mario Henrique Nunes Maia, e para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Otavio Luiz Rodrigues Junior, aguardam aval dos senadores. Também caberá ao Senado escolher nomes para compor os órgãos.

A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), também aguarda a posição dos líderes. Ela disse, no entanto, não acreditar que a rodada aconteceria na próxima semana. "Só na semana do dia 14", afirmou.

Em setembro, o Senado aprovou 32 indicados para representações brasileiras no Exterior. Já em outubro, deram aval para indicações de diretores de agências, do agora ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques e do ministro da Secretaria-Geral, Jorge Oliveira, que assumirá vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).

O candidato Bruno Reis (DEM) aparece na frente na disputa pela prefeitura de Salvador com 63,76% dos votos válidos. Major Denice (PT) está em segundo lugar, com 18,83% dos votos válidos.

Até agora, foram apurados 16,56% das urnas.

##RECOMENDA##

Bruno Reis, candidato da coligação Salvador não Pode Parar (DEM/PDT/Republicanos/MDB/Solidariedade/Cidadania/PL/PSL/PSC/Patriota/PSDB/PV/DC/PMN/PTB), é advogado, de 43 anos de idade.

Major Denice, candidata da coligação Que Cuide de Gente (PT/PSB), tem 49 anos de idade e é policial militar.

Indicado para uma vaga de conselheiro no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de cúpula da administração do Judiciário, o advogado Mário Nunes Maia, de 44 anos, filho do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Napoleão Nunes Maia, se nega a detalhar a pouca experiência que possui no Direito. Segundo documento obtido no site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Mário Nunes Maia foi aprovado no exame da ordem no ano passado. A obtenção da carteira da OAB é requisito indispensável para a atuação em processos como advogado.

Por meio de uma articulação iniciada em julho, com apoio direto de seu próprio pai, Mário Nunes Maia teve seu nome aprovado pela Câmara dos Deputados na terça-feira. O indicado ainda precisa ser aprovado no Senado. Se confirmado, assumirá o posto de conselheiro do CNJ por dois anos, com remuneração mensal de R$ 37,3 mil, quase o teto do Judiciário.

##RECOMENDA##

Procurado por telefone pelo Estadão, o advogado encerrou a chamada abruptamente após ser perguntado sobre informações de seu currículo de uma página entregue à Câmara, e não atendeu às novas ligações. A reportagem, então, enviou perguntas por escrito, mas o advogado não respondeu.

A despeito dos elogios dos líderes partidários que referendaram sua indicação, o currículo de Mário Nunes Maia, nas poucas linhas que possui, traz informações incompletas, que não permitem concluir se ele tem o notável saber jurídico exigido pela Constituição para a vaga de conselheiro do CNJ. O conselho é responsável por fiscalizar a conduta de juízes no País e formular resoluções para pautar a atuação dos magistrados.

No campo "atividades", o advogado listou duas informações: "secretário da câmara cível do Tribunal de Justiça do Ceará" e "escritório de advocacia em Fortaleza e Brasília". Ele não informa, porém, o período de cada uma dessas atividades, o nome dos escritórios, nem as funções desempenhadas. Em consulta à base de processos do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Regional Federal da 1ª (TRF-1) e da 5ª Região (TRF-5)_, além do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), foram encontrados apenas três processos em que Mário Nunes Maia consta como advogado.

Ele informou à Câmara que está cursando mestrado na Universidade de Lisboa e, ao mesmo tempo, três pós-graduações na PUC Minas. A instituição mineira confirmou a informação. A portuguesa não respondeu. O filho do ministro menciona cinco livros em seu currículo que têm sua participação - três deles escritos em coautoria com o pai. Os outros dois livros, As origens das leis escritas e do método de sua aplicação literal e Direito Fundamental de Acesso à Justiça, não foram encontrados registros na internet. Seu currículo, atualizado em 2016, informa que ele era advogado desde 2010.

O currículo entregue à Câmara não informa a instituição de ensino e o ano em que concluiu o curso de Direito. Há um registro, no entanto, na plataforma Lattes, de um currículo acadêmico em seu nome, que aponta a graduação na Faculdade Faria Brito, em Fortaleza, concluída em 2012, quando ele tinha 36 anos. Entre a graduação e uma cadeira no CNJ, portanto, são oito anos de experiência.

"Só vou me manifestar após a sabatina do Senado", disse ele. "Vou aguardar, porque ainda tem a sabatina do Senado e prefiro não me pronunciar."

Conversa. Um deputado federal de um partido com bancada relevante na Câmara disse à reportagem que o ministro Napoleão Nunes Maia lhe fez um pedido para que ele conversasse com o filho sobre a indicação ao CNJ. Essa conversa ocorreu em julho, segundo o parlamentar, que falou sob condição de anonimato. Outros parlamentares ouvidos pela reportagem disseram que foram procurados diretamente pelo advogado.

O deputado Denis Bezerra (PSB-CE), que estudou com Mário Nunes Maia em uma disciplina do curso de Direito no Ceará, disse que sua escolha foi pela relação pessoal. "Acredito que tenham pessoas ainda muito mais qualificadas que poderiam ser avaliadas", disse. "Mas a gente acabou fazendo opção enquanto bancada, apenas no dia."

A reportagem questionou Napoleão, por meio da assessoria de imprensa do STJ, se conversou com parlamentares para ajudar na indicação do filho. O STJ afirmou que o ministro não foi localizado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Planalto já definiu a estratégia para substituir o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, indicado para o Tribunal de Contas da União. A ideia é que, uma vez aprovado pelo Senado, Oliveira dê início imediato à transição na Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), uma das áreas mais importantes do governo e que está sob seu comando.

Oliveira será sabatinado nesta terça-feira (20), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. A votação no plenário deve ocorrer amanhã. Até agora, o nome mais cotado para substituir Oliveira na SAJ é o de Pedro Sousa, chefe de gabinete de Jair Bolsonaro. Já o comando da Secretaria-Geral só deverá ser trocado no fim do ano.

##RECOMENDA##

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) minimizou as inconsistências no currículo do desembargador Kassio Nunes Marques, indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar apresentou, nesta quarta-feira (14), o relatório que vai embasar a avaliação da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, responsável por sabatinar o escolhido.

O parecer do relator não é um voto, mas serve para subsidiar a decisão dos senadores. A sabatina está marcada para o próximo dia 21, quando também deve acontecer a votação em plenário. Kassio Marques precisa de no mínimo 41 votos favoráveis entre os 81 senadores para ser confirmado como novo ministro do STF. Conforme o Estadão/Broadcast antecipou, o magistrado tem maioria favorável na CCJ - inclusive com o voto de Eduardo Braga -, cenário que deve se repetir no plenário.

##RECOMENDA##

O Estadão revelou inconsistências no currículo do desembargador. Marques apresentou uma pós-graduação em "Contratación Pública", pela Universidad de La Coruña. A instituição espanhola informou que não oferece esse curso e que o desembargador passou cinco dias na instituição. O magistrado disse que foi um "erro de tradução" e que não quis se referir a pós-graduação.

Eduardo Braga atribui a polêmica a uma confusão semântica. "Primeiro, uma confusão semântica no uso de uma palavra em espanhol no currículo do indicado foi reverberada como se grave inautenticidade fosse. Depois, uma suposta sobreposição cronológica nos cursos que frequentou foi divulgada como indicativo de falsidade", escreveu.

O termo "postgrado", porém, significa pós-graduação, nos moldes definidos pelo entendimento no Brasil ou no exterior, título que a universidade nega ter dado. Para o relator no Senado, as polêmicas do currículo não levantam dúvidas sobre o saber jurídico do indicado e também não comprometem sua reputação. A Constituição exige que um ministro do STF tenha "notável saber jurídico e reputação ilibada."

Além disso, a dissertação de mestrado defendida por Kassio Marques em 2015 na Universidade Autônoma de Lisboa, em Portugal, tem mais de 17 páginas de conteúdo idêntico ao que está escrito em três artigos publicados anos antes pelo advogado Saul Tourinho Leal. Os dois negaram que houve plágio.

No relatório, o senador afirmou que explicações dadas por Marques aos senadores afastaram qualquer questionamento sobre a boa-fé do indicado e as informações curriculares. "Ainda que se verificasse alguma inconsistência concreta - o que não ocorreu e admite-se apenas para argumentar -, isso influiria muito pouco no exame dos requisitos constitucionais que adstringem esta Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania."

Eduardo Braga escreveu que não se deve apenas olhar o currículo do escolhido, mas a biografia do indicado. Também declarou não ter informações sobre qualquer defeito em decisões e na conduta do magistrado. "Despreza o exemplo de garra e perseverança que o piauiense Kassio Nunes Marques representa aquele que se apega às notas de rodapé e às entrelinhas de sua produção bibliográfica com o objetivo de impingir-lhe críticas vazias de conteúdo."

O senador chegou a evocar Rui Barbosa, tido como patrono do Senado, para minimizar as questões curriculares. O notável saber jurídico, nas palavras de Braga citando o senador histórico, tem menos a ver com diplomas e mais com "sementes do conhecimento" e "causas". "Para aferir isso não se deve olhar apenas o currículo, mas o conjunto da biografia do indicado", disse Braga.

A indicação do desembargador Kassio Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF) causou insatisfação, segundo mensagens publicadas em grupos bolsonaristas do WhatsApp, e quebrou o silêncio habitual diante das polêmicas envolvendo o presidente Jair Bolsonaro. A conclusão é do pesquisador David Nemer, da Universidade da Virgínia, nos EUA, que monitora a atuação de bolsonaristas no aplicativo de troca de mensagens desde 2017. Segundo Nemer, foi possível identificar uma série de críticas nos grupos, principalmente após a publicação de notícias sobre inconsistências no currículo de Marques.

O pesquisador notou que foram compartilhadas, nos últimos dias, notícias sobre suspeitas de cursos não realizados por Marques e sobre a dissertação de mestrado que tem trechos idênticos a passagens de artigos de outro advogado. Como o Estadão mostrou, a Universidade de La Coruña, na Espanha, negou a existência de um "Postgrado en Contratación Pública", informado pelo magistrado em seu currículo entregue ao Tribunal Regional Federal da 1ª. Região (TRF-1), onde atua desde 2011. Em resposta, o desembargador disse que houve um erro de tradução na hora de montar o currículo. Além disso, cerca de 13% da dissertação que Marques entregou à Universidade Autónoma de Lisboa, em Portugal, é igual a trechos de artigos publicados, antes, pelo advogado Saul Tourinho Leal, sem qualquer referência. Tanto Marques quanto Leal negam o plágio e alegam que, embora haja "coincidências" entre os textos, as conclusões são diferentes.

##RECOMENDA##

De acordo com Nemer, o link de um site que citou reportagem do Estadão sobre o currículo circulou em pelo menos 12 grupos. Também houve reproduções de um texto intitulado "País de falsários? Kassio Nunes mentiu sobre curso e plagiou dissertação", publicado por um site conservador. Além disso, um texto do site bolsonarista Brasil Sem Medo exibia um questionamento: "como pode alguém que conseguiu o doutorado há apenas 10 dias já ter no currículo dois pós-doutorados?".

"Em um espaço em que Bolsonaro é intocável, o presidente começa a receber críticas como antes não se via. Isso abre espaço para que ele possa ser ainda mais questionado. Uma vez que você se acostuma a um posicionamento crítico, ele pode voltar mais forte na próxima vez. Antes eles ficavam em silêncio", afirmou o pesquisador.

Em um grupo denominado "Bolsonaro Eleito", um integrante chamou a escolha de Marques de "o pior erro de Bolsonaro". No mesmo grupo, outra postagem dizia que um site que o autor da mensagem considera "progressista" (Diário do Centro do Mundo) estava defendendo Marques e que isso era "preocupante".

Os apoiadores, no entanto, afirmaram em diversas postagens que o presidente mostrou ter razão em outros momentos em que foi questionado. Os exemplos foram a indicação de Augusto Aras para a Procuradoria-Geral da República, em setembro do ano passado, e a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça, em abril. Também alegaram que Bolsonaro não poderia indicar um conservador radical, pois o Senado não aprovaria. Desde 1894, os senadores aprovaram todos os indicados para o Supremo.

Um vídeo do YouTube, checado pela reportagem, denota a preocupação dos bolsonaristas com o estrago em potencial da polêmica do currículo. "Sabe essas pessoas que estão falando que a escolha do presidente foi equivocada, que estão decepcionadas? São tantas falácias e mentiras que saem na imprensa que acabam realmente interferindo. O Kassio Nunes acabou de explicar mais uma mentira que foi contada contra ele, que ele mentiu em seu currículo", diz o autor do vídeo.

Questionamentos

Antes mesmo da polêmica do currículo, porém, já havia questionamentos a Marques, por parte de bolsonaristas que esperavam um ministro "terrivelmente evangélico" no STF, ou simplesmente conservador. Outra parte se incomodou com notícias sobre ligações de Marques com o Centrão e com a esquerda.

Segundo Nemer, foram os evangélicos e os blogueiros da ala mais radical bolsonarista que impulsionaram as críticas a Marques. O professor havia feito um levantamento em 75 grupos no dia 5, três dias após Bolsonaro indicar Marques ao STF. Ele identificou 132 mensagens críticas à escolha - como a de que Nunes seria esquerdista, teria votado contra a extradição de Cesare Battisti e liberou a compra de lagostas para os eventos de ministros da corte. Outras 151 criticavam a escolha por não ser Nunes "terrivelmente evangélico". Nemer identificou até mensagens de integrantes que demonstram mais simpatia a Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, do que ao nome indicado por Bolsonaro ao STF. "Pelo menos não é comunista", disse um usuário.

Espaço aberto para críticas

Em entrevista ao Estadão, o pesquisador David Nemer falou sobre as reações de bolsonaristas aos temas envolvendo a indicação de Kassio Marques.

Como foi a reação nos grupos quando surgiram as suspeitas sobre o currículo do desembargador Kassio Marques?

Os questionamentos que vieram no dia da indicação já tinham diminuído. O discurso era de 'vamos ter paciência e acreditar no presidente'. Mas, com o tema do currículo e suspeita de plágio na imprensa, os sites bolsonaristas começaram a copiar essas matérias e compartilhar nesses grupos. E isso reacendeu as discussões. Aí, já não era mais a reclamação de que ele seria comunista e permitiu lagosta para o Supremo, mas que ele pode ter cometido plágio, e isso é inaceitável. Foi assim que voltou a crítica ao indicado.

Bolsonaro não entrou na polêmica e mantém apoio ao desembargador. Isso causa impacto nos grupos?

O WhatsApp bolsonarista não fica muito preso a uma coisa só, principalmente se Bolsonaro não focar nessa coisa. O Bolsonaro não está querendo discutir o Kassio Marques porque ele sabe que é polêmico. Essa questão é quase inédita. Por isso que, quando eu falei que houve um ressentimento em relação ao (Sergio) Moro, com pessoas perguntando se ele de repente não seria melhor, isso não é um movimento dentro do WhatsApp bolsonarista, é uma coisa que antes não existia. Então, por mais que não seja representativo de um movimento, é um sinal de que se abre um espaço para críticas a Bolsonaro.

O líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM), será o relator da indicação do desembargador Kassio Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado será sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado no dia 21.

A nomeação para o STF depende de aprovação do Senado. A indicação do presidente Jair Bolsonaro ainda não começou a tramitar oficialmente na Casa. A escolha do relator, porém, foi antecipada para agilizar a apreciação. Em consulta feita pelo Broadcast Político/Estadão, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Eduardo Braga declarou ser favorável à indicação.

##RECOMENDA##

Braga é alvo de investigações que podem cair nas mãos do novo integrante da Corte. O emedebista foi denunciado junto com a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) em fevereiro de 2019 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por "caixa 3" nas eleições de 2012, quando a então senadora foi candidata à Prefeitura de Manaus. O caso é um desdobramento da Operação Lava Jato.

Além disso, Braga é um dos alvos de um inquérito sigiloso que apura o repasse de R$ 43,6 milhões da empresa JBS a políticos do MDB na campanha de 2014, quando ele foi candidato ao governo do Amazonas. Na época das acusações, a defesa do senador negou irregularidades nos dois casos.

Apesar de inconsistências encontradas no currículo de Kassio Marques, das suspeitas envolvendo sua dissertação de mestrado e da pressão de alas do bolsonarismo contra sua indicação, senadores dão como favas contadas a aprovação do desembargador para o Supremo Tribunal Federal (STF). O Estadão apurou o posicionamento de todos os 27 membros permanentes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Marques já conta com pelo menos 14 votos, número mínimo necessário para receber o sinal verde do colegiado. Até agora, apenas dois parlamentares da CCJ disseram ser contra a indicação.

O parecer da comissão não tem poder para derrubar a indicação, que vai ao plenário de qualquer forma. Aponta, no entanto, cenário bastante favorável dentro do Senado ao indicado do presidente Jair Bolsonaro para a vaga a ser aberta com a aposentadoria do ministro Celso de Mello, na próxima terça-feira. No plenário, as inconsistências e suspeitas também são minimizadas. Governistas avaliam que o desgaste não é suficiente para afetar a "reputação ilibada" do indicado e apostam na aprovação com algo entre 60 e 65 votos do total de 81 senadores.

##RECOMENDA##

Na CCJ, o desembargador Kassio Marques contará, inclusive, com o voto favorável de integrantes da oposição. "Nem sempre as referências curriculares são as melhores referências. A experiência, a vivência, a prática são. Neste momento, tenho inclinação a votar favorável", afirmou Rogério Carvalho (PT-SE). "Acho que é um fortalecimento da Região Nordeste, que nunca foi agraciada com nenhum ministro. Eu preferia um baiano. Já que não foi baiano, me contento com um piauiense, nordestino", disse Ângelo Coronel (PSD-BA), membro do colegiado e presidente da CPI das Fake News.

Em geral, senadores buscam estabelecer pontes e relações amistosas com os novos integrantes da Corte. Pelos ministros do Supremo passam assuntos de interesse dos políticos e decisões desses magistrados podem ser determinantes para o futuro de parlamentares. As sabatinas regimentais que antecedem a votação no plenário são longas, mas não costumam descambar para confrontos duros.

De um lado, senadores cortejam o novo juiz. Por outro, o indicado faz "campanha" para consolidar os votos de que necessita. Desde que foi confirmado por Bolsonaro, Marques cumpre extensa agenda de conversas informais com senadores. Uma delas foi na terça-feira, quando foi recebido para um jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PP-TO), no qual também sentaram à mesa líderes como Davi Alcolumbre (DEM-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Jader Barbalho (MDB-PA).

Histórico

Desde 1889, apenas em cinco oportunidades o Senado disse não à escolha do presidente. Todas foram no século 19, no governo de Floriano Peixoto, segundo as "Notas sobre o Supremo Tribunal (Império e República)", publicadas em 2014 por Celso de Mello, exatamente o ministro que está a caminho da aposentadoria e deve ser substituído por Marques.

Um dos barrados, Barata Ribeiro teve um constrangimento adicional. Conforme os ritos da época, ele tomou posse em novembro de 1893, depois de ser nomeado por decreto de Floriano Peixoto. A análise pelo Senado só ocorreu em setembro do ano seguinte. Depois de dez meses e quatro dias como ministro da Suprema Corte, foi retirado do cargo após a votação do Senado, que considerou não ter sido contemplado o requisito de "notável saber jurídico".

De lá para cá, a tradição do Senado é acolher de forma relativamente pacífica o indicado pelo chefe do Executivo. Em 2009, a indicação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a vaga que era do ministro Carlos Alberto Direito, no STF, também foi vista com muitas ressalvas. O então advogado-geral da União, Dias Toffoli, era criticado pela forte ligação com o PT e pela suposta falta de "notório saber jurídico", um dos requisitos constitucionais para o cargo. Mesmo assim, sem mestrado ou doutorado, Toffoli teve o nome aprovado com folga na CCJ, por um placar de 20 votos a três.

Colegiado

A favor

- Angelo Coronel (PSD-BA)

- Cid Gomes (PDT-CE)

- Ciro Nogueira (PP-PI)

- Esperidião Amin (PP-SC)

- Fabiano Contarato (Rede-ES)

- Fernando Collor (PROS-AL)

- Jorginho Mello (PL-SC)

- José Maranhão (MDB-PB)

- Marcos Rogério (DEM-RO)

- Roberto Rocha (PSDB-MA)

- Rodrigo Pacheco (DEM-MG)

- Rogério Carvalho (PT-SE)

- Weverton (PDT-MA)

- Eduardo Braga (MDB-AM)

Contra

- Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

- Major Olimpio (PSL-SP)

Indecisos

- Alvaro Dias (Podemos-PR)

- Humberto Costa (PT-PE)

- Marcos do Val (Podemos-ES)

- Nelsinho Trad (PSD-MS)

- Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)

Não responderam

- Jader Barbalho (MDB-PA)

- Antonio Anastasia (PSD-MG)

- Simone Tebet (MDB-MS)

- Tasso Jereissati (PSDB-CE)

- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)

- Veneziano Vital do Rêgo (licenciado)

Contratos entre a Companhia Energética do Piauí (Cepisa) e o antigo escritório de advocacia de Kassio Marques foram alvo de processos no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Justiça.

Em 2006, quando Marques ainda era sócio da firma de advocacia, o TCU apontou problemas em contratos emergenciais, por dispensa de licitação.

##RECOMENDA##

Dois anos depois, a Lex vendeu dois lotes de licitação aberta pela Cepisa. A decisão foi contestada pelo escritório concorrente, Audrey Magalhães, Ferraz e Souza Advogados, que alegou irregularidades no edital e impedimento da Lex porque, naquele ano, Marques virou juiz eleitoral e não podia mais constar como sócio. Embora Marques já estivesse na magistratura havia quatro anos, seu nome constava em procuração da Cepisa de 2012.

Enquanto a Justiça debatia o caso, a Lex teve cinco prorrogações de contrato até 2010. Em julho daquele ano, o Audrey Magalhães, Ferraz e Souza Advogados conseguiu na Justiça Federal um mandado de segurança que obrigava a Cepisa a inabilitar o escritório Lex Advocacia. A ordem de exclusão cita impedimento do "advogado Kassio Nunes Marques, sócio e representante legal da sociedade", conforme acórdão do TCU.

A decisão não impediu que a Cepisa voltasse a contratar o antigo escritório de Marques de forma emergencial por seis meses e

R$ 180 mil em setembro de 2010. Em acórdão, o TCU informou que faltava amparo legal para o novo acordo.

O ministro Raimundo Carreiro recomendou, em 2011, que a Cepisa invalidasse todo o processo que culminou com a nova contratação emergencial por dispensa de licitação da Lex Advocacia. Determinou ainda que a Cepisa deveria consultar o "maior número possível de fornecedores", antes de fazer um contrato emergencial.

Defesa

Marques informou que "não se trata de nenhuma investigação a respeito de contrato, e, sim, questionamento entre concorrentes de uma licitação". Em nota, o desembargador informou que deixou de integrar a sociedade quanto ingressou na magistratura".

Karine Marques, irmã do desembargador e sócia da Lex Advocacia, não atendeu a reportagem, nem respondeu aos questionamentos enviados ao escritório. A Equatorial Energia, que comprou a Cepisa em 2018, afirmou que os contratos ocorreram antes de assumir a estatal.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nessa quinta-feira (8), que o ministro Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral, teve "ampla aceitação" no Tribunal de Contas da União (TCU). Na quarta (7), Bolsonaro anunciou que havia escolhido Oliveira para substituir o ministro José Múcio no TCU.

"Ele trabalha comigo há mais dez ano. Ele vai para o Tribunal de Contas da União. A origem dele é a Polícia Militar do Distrito Federal. Um advogado conhecido em Brasília. Nome que teve ampla aceitação no Tribunal de Contas da União", disse Bolsonaro durante transmissão ao vivo em suas redes sociais.

##RECOMENDA##

O chefe do Executivo comentou que caso tivesse indicado Oliveira para uma vaga no Supremo Tribunal Federal teria tido "bronca" também. Na sequência, ele voltou a defender o desembargador Kassio Marques, seu escolhido para assumir a vaga de Celso de Mello no Supremo. O presidente tem feito ampla defesa de Kassio, que tem sido alvo de críticas inclusive das bases de apoio evangélica e militar.

Bolsonaro rebateu críticas e pediu "o mínimo de inteligência" para críticas direcionadas a Kassio Marques. Bolsonaro repetiu que tinha "dez bons nomes" para escolher ao STF , mas precisou fazer uma escolha. "Quem bota dentro do Supremo não sou eu. É o Senado Federal." O mandatário voltou a comentar que o ex-ministro Sergio Moro era o mais cotado para a vaga antes de se demitir do governo.

"Se Moro não tivesse tido problema conosco, hoje estaria o pessoal fazendo uma onda terrível 'Moro no Supremo ou não tem voto em 2022'", disse. O chefe do Executivo também voltou a dizer que não sabe se será candidato à reeleição. "Não sei se vou ser candidato. Se tiver muita coisa acontecendo, se eu estiver bem, a chance de vir candidato à reeleição existe, mas se eu estiver mal estou fora", afirmou.

Indicações

Bolsonaro respondeu críticas sobre Kassio Marques ser ligado ao PT por ter sido indicado durante o governo de Dilma Rousseff ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Ele comentou que a escolha ocorreu por lista tríplice e aproveitou para comparar que tem assinado listas com nomes de partidos da esquerda para cargos de reitor em universidades públicas.

"Pessoal que me critica, vocês estão perdendo a chance de me bater em mim. Vejam os reitores que estou assinando. Estou indicando caras do PCdoB. Tem faculdade que estou indicando cara do PSOL. Tem universidade que é do PT", ressaltou. A indicação para o cargo de reitor é prerrogativa do presidente da República e ocorre após envio de uma lista com três nomes por cada instituição.

O Cidadania fechou questão contra a indicação do desembargador federal para vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A sigla divulgou resolução política nesta quinta-feira, 8, em que se manifesta contrária à aprovação do nome escolhido por Jair Bolsonaro para ocupar a vaga do decano Celso de Mello.

O diretório nacional do Cidadania também se manifestou contra a possibilidade de reeleição nas presidências da Câmara e do Senado. A recondução no cargo é almejada por Davi Alcolumbre (DEM-AP), que tem atuado como um dos principais interlocutores do governo. O Cidadania, contudo, reforça que a Constituição impede a recondução de cargos da mesa do Senado e da Câmara na mesma legislatura.

##RECOMENDA##

"Abrir essa porta (de reeleição) no Congresso Nacional é respaldar a tese equivocada de que há homens mais importantes do que instituições. Também ofensiva à Constituição seria a nomeação para o Supremo Tribunal Federal de um nome que não cumpra os requisitos mínimos exigidos pela Constituição: ter 35 e menos de 65 anos de idade, notável saber jurídico e reputação ilibada", informou nota assinada pelo presidente nacional do partido, Roberto Freire.

A Executiva Nacional do Cidadania avaliou que o desembargador "não reúne as condições necessárias para o cargo". O Estadão revelou nesta semana inconsistências encontradas no currículo acadêmico de Marques, como a inexistência de um curso de pós-doutorado, além de suspeitas de plágio em sua dissertação de mestrado. "A cada dia que passa, a biografia de Kassio Nunes Marques diminui", cita a nota.

Apesar da resolução do partido, a tendência é que o nome de Marques seja chancelado no Senado. Reportagem do Broadcast/Estadão mostrou mais cedo que o desembargador já tem a maioria dos votos para que sua indicação seja aprovada na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que deverá sabatinar Marques no dia 21 de outubro. Ao menos 14 senadores são favoráveis à indicação dele enquanto o Cidadania conta com apenas uma cadeira no colegiado.

TCU

No dia 20, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado deve sabatinar o atual ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. Ele foi indicado por Bolsonaro para vaga de José Múcio no Tribunal de Contas da União (TCU). A sigla questionou a discussão em "pacote" das sucessões no STF e TCU ao mesmo tempo. "O partido alerta, por fim, para o grave risco que o aparelhamento de órgãos de Justiça e Controle significa para a preservação dos valores constitucionais e das funções que a Carta lhes atribui, sobretudo para a separação de Poderes", relatou.

A nota assinado por Freire também cita que Oliveira "não tem qualificação" para a função a qual foi indicado. "Seu grande feito é ter sido secretário particular do presidente mesmo quando exercia outros cargos. A especulação é de que ficaria no Tribunal até vagar nova posição no STF. É inaceitável que o Senado Federal seja transformado em banca de concursos para cadastro de reserva de indicados do presidente".

O desembargador Kassio Marques admitiu ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) que não fez um curso de pós-graduação na Universidad de La Coruña, na Espanha. Como o Estadão revelou, a universidade afirmou que não oferece o curso informado pelo magistrado e destacou que ele foi aluno apenas de um curso com duração de cinco dias, em 2014.

O desembargador tenta agora atribuir a informação, porém, a um "erro", um problema na tradução. O curso rápido feito seis anos atrás seria, segundo Marques, um "postgrado", o que ele diz ser um tipo de especialização sem paralelo com a pós-graduação nos moldes brasileiros.

##RECOMENDA##

"No entender dele é uma compreensão que não é correta, de ser pós-graduação. O que ele disse e está realmente no currículo dele é que ele fez um 'postgrado', em espanhol. É um curso que não é pós-graduação, na argumentação dele", disse Randolfe, após o encontro com o desembargador.

O fato é que "postgrado" é, sim, pós-graduação, nos mesmos moldes definidos pelo entendimento no Brasil ou no exterior. Como mostra o dicionário de Cambridge, por exemplo, ao esclarecer que se trata de um grau "mestre" de formação universitária. O dicionário explica ainda que se trata de um curso acadêmico em que estudantes podem levar mais de um ou dois anos para concluírem, após terem feito a graduação.

Mais do que isso, o fato é que a própria Universidad de La Coruña foi clara em sua resposta, referindo-se exatamente ao mesmo termo - "postgrado" - para afirmar que não houve o curso. "Informamos que a Universidade da Coruña não ministrou nenhum curso de pós-graduação com o nome de Pós-Graduação em Contratos Públicos", declarou a entidade, em resposta enviada ao Estadão.

Randolfe Rodrigues recebeu Marques em sua casa em Brasília na noite dessa terça-feira (6). O magistrado vem fazendo conversas informais com senadores antes da sabatina formal que antecede a confirmação para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Ele destacou que, no currículo que ele distribui, na documentação que ele distribuiu, não está relatado como pós-gaduação, mas como 'postgrado', que é um curso e não é propriamente pós-graduação, em português, na formatação que conhecemos no Brasil", acrescentou Randolfe.

O currículo que Marques enviou ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) e está publicado no site da corte afirma que o desembargador fez curso de "postgrado" em "Contratación Pública", pela Universidad de La Coruña. A instituição, porém, informou que não oferece nenhuma pós-graduação deste curso e esclareceu que Marques participou apenas, e como visitante, de um curso de cinco dias, realizado em 2014.

Pró-reitor de pós-graduação da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, disse ao Estadão que, em geral, pós-graduação quer dizer mestrado ou doutorado. "Você pode chamar de especialização, estágio, curso de extensão, mas no meio acadêmico você não utiliza a expressão 'pós-graduação' para um curso tão pequeno como esse, a menos que você fale que é um curso de pós-graduação sensu lato", disse.

Carlotti também disse que o termo "pós-doutorado" se refere, em regra, a cursos que vem após a conclusão de doutorado. "Se você fez algum estágio no exterior antes do doutorado, não é habitual você chamar de pós-doutorado. O termo pós-doutorado implica que é posterior ao doutorado."

O Palácio do Planalto minimizou o fato de o desembargador Kassio Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ter citado em seu currículo a realização de um curso de pós-graduação não confirmado pela Universidad de La Coruña, na Espanha. A informação foi antecipada nesta terça-feira (6), pelo Estadão/Broadcast.

Interlocutores de Bolsonaro disseram que Marques não foi escolhido por ter ou não esse curso no currículo. Um deles chegou mesmo a afirmar que o presidente não indicou o desembargador por esse "predicado". A escolha, de acordo com auxiliares do presidente, foi fruto de uma articulação de Bolsonaro com líderes do "Centrão" e diversas forças políticas.

##RECOMENDA##

A falta de reação diante das revelações sobre o currículo de Marques difere do comportamento adotado por Bolsonaro no caso de Carlos Alberto Decotelli, que chegou a ser nomeado para o Ministério da Educação, em junho, mas caiu antes de tomar posse. Na ocasião, Decotelli também teve a formação acadêmica questionada.

No Planalto, a avaliação é a de que se trata de caso completamente diferente e não há risco de o nome de Marques sofrer um revés na sabatina do Senado, marcada para o próximo dia 21. "É prego batido e ponta virada", comparou um interlocutor de Bolsonaro.

A indicação de Marques revoltou apoiadores do presidente nas redes sociais. Muitos disseram que o magistrado é ligado ao PT, pois foi nomeado pela então presidente Dilma Rousseff para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) em 2011, é próximo do governador do Piauí, Wellington Dias, também petista, e não defende a agenda conservadora do governo. Bolsonaro demonstrou descontentamento com as críticas. "Acusaram o cara de tudo, parecia até que ele era um dos bandidos mais procurados do Brasil", protestou.

Um dos aliados do presidente previu uma nova "onda" contra Marques. Afirmou, no entanto, que isso em nada mudará o apoio construído ao nome do magistrado no Senado. A recomendação do governo é para que o desembargador prossiga com seu périplo pelo Congresso, em busca de votos, com o objetivo de assegurar uma aprovação expressiva na sabatina do dia 21.

O currículo acadêmico apresentado pelo desembargador Kassio Nunes Marques, indicado de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), traz um curso de pós-graduação que não é confirmado pela Universidad de La Coruña, na Espanha. Nos últimos dias, o Estadão consultou universidades citadas no currículo apresentado por Marques sobre os cursos que ele afirma ter feito.

No documento que enviou ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1), e publicado no site da Corte, Marques menciona que concluiu pós-graduação em "Contratación Pública", pela Universidad de La Coruña. A instituição, porém, ao ser questionada pela reportagem, informou que não oferece nenhuma pós-graduação deste curso. "Informamos que a Universidade de La Coruña não ministrou nenhum curso de pós-graduação com o nome de Postgrado en Contratación Pública", declarou a universidade, em resposta ao Estadão.

##RECOMENDA##

Ao ser questionada diretamente se Kassio Marques participou, ao menos, de alguma atividade com o nome de "Contratación Pública", a Universidade enviou uma cópia de um certificado de Marques, mostrando que o desembargador participou apenas de um curso de quatro dias, entre 1 e 5 de setembro de 2014. "Kassio Nunes Marques participou como ouvinte do "I Curso Euro-Brasileiro de Compras Públicas’, organizado pela Universidade da Coruña, o Programa Ibero-Americano de Doutorado de Direito Administrativo, a Rede Ibero-americana de Compras Públicas, o Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos de Infraestrutura e Grupo de Pesquisa de Direito Público Global, realizado na Escola de Direito da Corunha entre 1 e 5 de setembro de 2014", informa o certificado.

Os questionamentos ao currículo já chegaram ao conhecimento de Kassio Marques. Na audiência virtual que teve nessa terça-feira (6), com sete senadores, o desembargador chegou a fazer comentários aos parlamentares sobre os cursos de pós-graduação. Segundo um senador presente na reunião, o desembargador teria demonstrado preocupação com a repercussão que esse tema poderia ganhar, mas disse aos senadores que, caso ocorresse qualquer polêmica, ele já tinha as justificativas. Em dado momento, Marques chegou a mencionar, inclusive, que não há exigência de formação em Direito para que alguém assuma o posto de ministro do STF, mas sim reputação ilibada.

O currículo de Marques cita também dois cursos de pós-graduação feitos na Universidade de Salamanca, na Espanha: o primeiro, um doutorado em Direito, com especialização em Administração, Fazenda e Justiça; o segundo, um pós-doutorado em Direitos Humanos. Questionada pela reportagem, a universidade afirmou que as informações públicas de alunos estão disponíveis no site da instituição. O doutorado aparece, de fato, na página da universidade - com um detalhe: a tese foi defendida há apenas 11 dias, em 25 de setembro. O pós-doutorado em Direitos Humanos, no entanto, não consta no banco de dados públicos da Universidade de Salamanca.

Mais um curso de pós-doutorado consta no currículo de Kassio Marques, o de Direito Constitucional, pela Universidade de Messina (Universitá Degli Studi di Messina), na Itália. Questionada pela reportagem há quatro dias, a universidade ainda não respondeu sobre a atuação do desembargador neste curso.

Chama ainda a atenção o fato de Kassio Marques, com 48 anos de idade, ter concluído o doutorado apenas 11 dias atrás e já possuir dois pós-doutorados consumados em sua carreira acadêmica. O desembargador também não faz uso de um instrumento regularmente utilizado para comprovar a experiência acadêmica, o currículo Lattes, ferramenta básica usada para atestar, com detalhes, a formação e vida acadêmica.

No Brasil, Kassio Marques informou, em seu currículo, que possui mais uma pós-graduação, dessa vez em Ciências Jurídicas, pela Faculdade Maranhense - MA. A reportagem não localizou nenhuma instituição de ensino superior com esse nome que ofereça essa pós-graduação. A Faculdade Maranhense (FAM), contatada pela reportagem, informou que não tem cursos relacionados ao Direito. A Faculdade Maranhense São José dos Cocais, contatada pela reportagem nesta segunda-feira, 6, ainda não respondeu se o curso é ofertado e ou se Kassio Marques foi aluno da instituição.

Com relação à graduação de Marques, em Direito, pela Universidade Federal do Piauí, a universidade confirmou que ele finalizou o curso em 1994 e disse que ele teve obteve Índice de Rendimento Acadêmico de 8.3704 pontos, "sem qualquer registro que desabone sua conduta acadêmica".

Cada uma dessas informações foram enviadas, por meio de mensagens, a Kassio Marques, pedindo esclarecimentos sobre os cursos citados, ano e tempo de duração. Até o momento, não houve nenhuma resposta. O Estadão enviou as mesmas perguntas ao TRF-1 nesta terça-feira. A assessoria de imprensa do tribunal informou que "não está autorizada a falar em nome do desembargador federal Kassio Marques, que, por ora, não está respondendo às demandas da imprensa". O TRF declarou que, conforme informado pelo gabinete do magistrado, o currículo oficial atualizado está disponível no portal do tribunal.

Nesta terça-feira, durante visita a senadores no Congresso, Kassio Marques chegou a lembrar que a formação acadêmica, de fato, não seria um fator decisório na escolha de um ministro do STF. Ao comentar sua postura de defesa contra a corrupção, ele afirmou que "ficaria perplexo se fosse indicado qualquer cidadão brasileiro, seja ele advogado, magistrado, ou outro cidadão, pois a Constituição não exige que seja sequer bacharel em Direito para ser ministro do Supremo Tribunal Federal, que fosse contra o combate à corrupção".

De fato, não é preciso ser formado em Direito para ser ministro do STF. O requisito do "notável saber jurídico", conforme previsto em lei, pode ser alcançado por qualquer pessoa com qualquer formação, e reputação ilibada.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando