A disputa acirrada entre os candidatos à presidência da República Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) configuram um duelo permanente pelo comando do Estado brasileiro. Desde o pleito de 1994, a polarização partidária PT x PSDB marca as eleições gerais no país. Este ano a expectativa, inicialmente, girava em torno de que uma terceira força surgisse e rompesse com o quadro. Isso até aconteceu com a postulação do PSB – primeiro com o ex-governador Eduardo Campos, falecido em agosto, depois sucedido pela ambientalista Marina Silva –, no entanto ela não obteve forças o suficiente para conquistar uma vaga no 2° turno.
Até o dia do pleito, em 5 de outubro, a disputa PT-PSB-PSDB era considerada a mais acirrada desde 1989 - quando o cargo era concorrido por Fernando Collor (PRN), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Leonel Brizola (PDT) -, mas o resultado nas urnas reforçou, mais uma vez, a polarização. Dilma Rousseff saiu do 1° turno com 41,59% dos votos válidos e Aécio obteve 33,55%. Já Marina Silva configurou o terceiro lugar, com 21,32%. Era a sexta vez seguida que o comando do Palácio do Planalto voltaria a ser definido entre petistas e tucanos.
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“Embora tenhamos uma pluralidade partidária quando o assunto é presidência da República, o bipartarismo se sobressai, fazendo com que o PT e PSDB predominem a disputa. O PSB tentou quebrar esta polarização este ano, em alguns momentos até assuntou. Mas não manteve o favoritismo”, observou o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Hely Ferreira.
De acordo com ele, o retorno para a polarização entre Dilma e Aécio se deu porque a candidata do PSB perdeu a identidade e, por isso, não conquistou êxito no pleito. “Faltou ela ser Marina. Ela foi tudo, menos ela mesma. Perdeu com isso”, reforçou.
Até hoje o placar da disputa PT x PSDB é favorável aos petistas, com três vitórias contra duas dos tucanos. Com a máquina na mão, a probabilidade, segundo Hely Ferreira, é que a vantagem do PT sobre o PSDB amplie. “O PT está no poder e tem muito mais chances de vitória”, avaliou. Entretanto, a 11 dias do pleito as pesquisas apontam um empate técnico entre Aécio e Dilma. Na última, divulgada pelo Vox Populi, a petista aparecia como a preferida com 45% das intenções e o tucano ficou atrás com apenas um ponto de diferença, ele obteve 44% da preferência.
O histórico do quase “Fla x Flu”
Na primeira disputa entre os líderes das legendas, em 1994, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito no primeiro turno, com 54,28% dos votos válidos. Ele postulou o cargo contra o então militante sindicalista, Lula (PT). O petista obteve naquele ano 27% da preferência dos brasileiros. Esta já era a segunda eleição disputada por Lula, à primeira foi em 1989, quando perdeu no 2° turno para o ex-presidente Fernando Collor (PRN).
De lá para cá, vinte anos se passaram e com eles já se contabiliza a sexta eleição geral. Em 98, o cenário FHC versus Lula foi repetido com uma nova vitória do tucano que disputava a reeleição. No seu primeiro governo, Cardoso conseguiu aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que instituía a possibilidade do chefe do executivo em exercício disputar duas eleições seguidas, beneficiando os tucanos com um novo mandato. Naquele ano, FHC teve 53,06% de votos e o petista 31,71%.
A partir de 2002, o “clássico FlaxFlu” foi revertido. O PT iniciara ali uma série de três vitórias consecutivas. A primeira, em 2002, quando Lula, que postulava o cargo de presidente pela quarta vez, disputou contra o tucano José Serra. O petista conquistou o pleito, no 2° turno, por 61,27% contra 38,72% dos votos. Em 2006, pleiteando a reeleição e mesmo em meio a denúncias de corrupção na gestão do PT, com o Escândalo do Mensalão em foco, o líder sindicalista venceu novamente a disputa, desta vez contra Geraldo Alckmin (PSDB). Lula foi reconduzido ao cargo com 60,83% dos votos válidos, enquanto Alckmin obteve 39,17%.
Na última eleição, em 2010, o PSDB trouxe José Serra novamente ao páreo. Com Lula impedido de uma nova reeleição, o PT indicou a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para disputar o pleito. Sem antes exercer nenhum cargo político, Dilma venceria ali a primeira postulação com 56,05% da preferência, no 2° turno, contra 43,95% de Serra. No 1° turno, Marina Silva também disputou o Executivo. Ela conquistou 19,33% dos votos válidos.