Tópicos | Dia do Professor

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem especial destacando a importância dos educadores, em homenagem ao Dia do Professor, comemorado neste domingo (15). Em postagem nas redes sociais, Lula falou sobre a importância de valorizar os professores e enumerou medidas da sua gestão para área.

"A educação é o caminho do futuro do país. E os professores vão construir esse futuro. No dia deles, queremos lembrar da importância de valorizarmos o ensino e os profissionais da educação. Estamos recuperando o orçamento da área. Já reajustamos a merenda e as bolsas de pesquisa, e estamos lutando com união para consertar o estrago feito nos últimos anos pelo governo anterior e pela pandemia", escreveu.

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O presidente ainda prometeu ampliar a educação básica em tempo integral no país. "Vamos ampliar a educação de tempo integral e retomar as oportunidades de acesso ao ensino superior. Nesse Dia dos Professores, meu carinho e compromisso com essa categoria tão fundamental para nosso país".

Este ano, o Dia dos Professores, comemorado no dia 15 de outubro, cairá no sábado. Para garantir a folga desses profissionais, escolas da rede estadual e municipal vão cancelar suas aulas na segunda-feira (17), para que haja três dias de descanso: sábado, domingo e segunda.

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação de Pernambuco (Sintepe) informou em nota nas suas redes sociais que, em diálogo com o Governo, o feriado será na segunda-feira subsequente ao dia 15, no dia 17 de outubro. 

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As Secretarias de Educação dos municípios de Recife, Paulista, Olinda e Jaboatão dos Guararapes confirmaram que os colégios de ensino básico não terão aula no dia 17. A Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco também concordou com a transferência de datas.

Os donos de escolas particulares do estado possuem uma convenção coletiva que prevê a realocação do feriado para a segunda seguinte ao dia 15, no caso do Dia dos Professores cair em um sábado.

O Dia do Professor é celebrado anualmente no dia 15 de outubro e foi declarado em 1963, com intuito de celebrar o trabalho dos profissionais da educação.

O Governo de Pernambuco anunciou, nesta quinta-feira (13), que vai pagar o maior bônus de desempenho escolar de sua história no Dia do Professor, comemorado no próximo sábado, dia 15 de outubro. Serão cerca de R$ 130 milhões investidos no pagamento do Bônus de Desempenho Educacional (BDE) para os professores e funcionários das escolas que atingiram a meta do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).

Este ano, serão contemplados mais de 32 mil profissionais. Será o maior valor da história do BDE. Em 2021, o aporte foi de R$ 71,5 milhões. Com o pagamento, em média, cada servidor deve receber em torno de R$ 3,9 mil. “É um justo reconhecimento para aqueles que fazem a melhor educação pública do Brasil e que contribuem diariamente para colocar Pernambuco como referência nacional no ensino médio”, pontuou o governador Paulo Câmara (PSB).

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Para fortalecer ainda mais a educação em Pernambuco, nos últimos anos, diversas ações de valorização profissional foram anunciadas pelo Governo do Estado, como o reajuste salarial de toda a categoria, o pagamento do Valoriza Educação, a entrega dos computadores do Professor Conectado e a criação do Ganhe o Mundo Professor.

Neste 15 de outubro, Dia do Professor, vamos conhecer os desafios enfrentados e lições aprendidas, tanto no âmbito profissional quanto humanitário, do professor de ciências e biologia da rede pública de ensino de Pernambuco, Arthur do Nascimento Cabral. A pandemia de Covid-19 tem ocasionado desafios e na educação não foi diferente. O docente relata que, na primeira fase de suspensão das aulas presenciais, fechamento das escolas e discussão sobre uma possível utilização da internet como sala de aula, a ansiedade atacou muitos professores.

“Pelo menos eu senti ansiedade e conversei com colegas de trabalho que também sentiram a mesma coisa”, afirma. Além de situações como acúmulo de pensamentos e insegurança, o docente relata que não tinha computador e os preços estavam bem altos para adquirir o equipamento de imediato. “Boa parte do ensino remoto passei sem computador, não tinha o equipamento. Até o mês de junho eu estava me virando apenas com o celular ou pegando o equipamento emprestado com amigos, foi bem complicado, até que ganhei um de presente e deu para aliviar, após isso, meu celular quebrou por não ter suportado tantos arquivos, daí eu fiquei mais de duas semanas sem aparelho celular. Quero frisar que isso é uma realidade; todos os professores e professoras têm usado seu próprio aparelho e nem sempre dão conta do recado, assim como aconteceu comigo”, conta.

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A partir do momento em que o meio de aprendizagem passou a ser totalmente on-line, o professor conheceu situações de alunos que não tinham acesso à rede sem fio para acompanhar as aulas. Com isso, Arthur teve a iniciativa de levar as atividades para esses alunos de bicicleta.

Sobre a atitude, ele explica que antes de entrar na universidade, quando estava amadurecendo a ideia de ser professor,  teve contato com alguns educadores durante uma possivél pandemia da H1N1. “Os professores me deram palavras de incentivo e falaram que me ajudariam caso houvesse mesmo a pandemia, já que eu não iria ter condições financeiras para estudar; aquilo fez muita diferença, então acho que retribuí isso na sociedade hoje, da forma que fiz, através de um gesto simples que foi pegar a bicicleta e entregar as atividades pedalando 10 km, assim como seria um gesto simples o que fizeram comigo no passado”, diz Arthur.

“Ao ver que muitas famílias não tinham aparelho de telefone ou tinham para dividir entre quatro, cinco ou seis  pessoas, e não tinham internet, que é um direito básico que defendemos e muitas vezes achamos que todo mundo tem, e na verdade não tem, então, conhecer essas situações de perto me fez ter uma sensibilidade maior, acho que nem como profissional em si, mas acho que muito mais como ser humano que tem empatia com o próximo”, fala o docente.

No ensinamento on-line, Arhur promove lives nas terças e sextas-feiras durante o turno da manhã, para as turmas do sexto e sétimo ano da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio Deputado Oscar Carneiro, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR); já nos outros dias da semana, ele se dedica a cumprir obrigações burocráticas e pedagógicas da escola.

Sobre as solicitações que recebe dos estudantes, Arthur diz que ocorrem a todo instante. “A partir das 7h30 até as 22h, sempre tem algum estudante entrando em contato para tirar dúvidas. Costumo mandar a resposta por escrito, áudio ou vídeo. Tenho em mente que muitos alunos usam o celular do pai ou da mãe e boa parte dos responsáveis só chega à noite; é o tempo que se tem para entrar em contato e até fazer as atividades. Tem sido assim: tem horário para começar o trabalho, mas não tem hora para acabar”, comenta Arthur.

O educador demonstra ser um profissional compreensivo com os alunos e entende que todos vivem uma realidade diferente. “Profissionalmente falando, hoje eu me incomodo muito menos, quase nada, quando o estudante manda mensagem para mim, perguntando alguma algo ou pedindo algum material até tarde da noite. Vi uma realidade de perto e sei que não é maldade e sim necessidade, é um pai ou uma mãe que chegou naquele horário e só tem aquele momento para estudar e mesmo assim coloca seu filho para aprender”, explica.

Mesmo se mostrando forte, o professor revela que surgiram alguns questionamentos profissionais. "Com a crise que tem sido gerada por causa da doença, será que os empregos serão mantidos? Será que eu irei permanecer empregado quando acabar essa pandemia?”, questionou o educador. O professor afirma que sempre  busca tirar alguma lição dos desafios e dificuldades enfrentadas por ele, colegas de trabalho e alunos. Ele relata que o ensino remoto foi iniciado com desafios.

Arthur ainda acrescenta que começou a saber de informações de estudantes e de outros professores que sofreram impactos psicológicos oriundos dos efeitos da pandemia. Priscila Silva, psicóloga clínica e com especialidade em andamento em Terapia Cognitiva-Comportamental, explica que “a questão do novo assusta a pessoa que já estava adaptada a um comportamento no modelo das aulas presenciais, tanto os professores, quanto os alunos, ou qualquer outro profissional que passou por essa mudança".

“Para os professores retomarem as atividades presenciais, mesmo com toda a segurança, muitos não sabem como vai ser e emocionalmente não estão preparados para voltar”, acrescenta a especialista.

De acordo com a psicóloga, “o medo por si, o medo pela família, devido à pandemia, também causa essa insegurança". "Todos ficaram muito abalados, e o medo é algo emocional, o medo acaba desequilibrando as outras emoções, como o desejo e a alegria de voltar às atividades. Então, por causa do medo, eles não conseguem deixar que essa alegria se sobressaia”, analisa Priscila.

“Ter acompanhado essas realidades de perto fez com que a minha atuação como profissional pegasse cada vez mais esse meu lado humano, não que eu não trouxesse esse lado humano para a questão do ensino; é um objetivo que eu sempre trouxe para as minhas aulas, mas acho que agora isso ficou muito mais forte porque são muitos problemas estruturais na sociedade. Se você está em uma sala de aula com 40 alunos, são 40 cabeças, realidades e criações diferentes. Para você conseguir chegar em cada uma é preciso saber se comunicar da melhor forma possível, considerando a realidade de cada pessoa, então acho que vivenciar tudo isso reforçou muito a questão da humanidade como profissional”, comenta o professor Arthur.

“No processo de entrega das atividades, percebi que muitos estudantes, muitas famílias tiveram o fator alimentar abalado. Se formos olhar para a escola, pelo menos na que trabalho é uma escola semi-integral, os estudantes merendam e almoçam, então a perda de duas refeições para as famílias que vivem com muito pouco faz uma diferença absurda. Nesse contexto, percebo uma mudança de olhar para a escola, não só como aquele espaço de interação social, mas um espaço onde o estudante pode se alimentar e ter uma garantia nutricional melhor”, analisa Arthur.

O docente ainda comenta que durante, o período da pandemia, percebeu que muitas famílias reconhecem o trabalho do professor. “Pensamos que não, mas as famílias estão reconhecendo todo o esforço dos professores e professoras. Muitos pais têm tido dificuldades para auxiliar os alunos nesse ensino remoto, muitos deles estavam afastados da escola, não estudavam muito tempo e agora se depararam com esse processo de ter que auxiliar os filhos e percebem o quanto é difícil com um, imagina com 40 crianças dentro de uma sala”, explica.

Vanuza Silva, 29 anos, mãe de José Carlos, 11 anos, relata que auxiliar o filho nos estudos tem sido difícil. “Antes eu já sabia e durante este período da pandemia tive a  certeza do quanto o papel do professor é importante para todos nós. Não é fácil, exige muita dedicação e paciência, o que não tenho. Algumas vezes, Carlos não entende um assunto e tem dificuldades para terminar alguma atividade, então esse processo de ajudar e fazer com que ele entenda como deve ser feito o exercício, além da explicação, também exige uma conversa para que ele se acalme e consiga finalizar”, relata a Mãe.

“Hoje sinto na pele um pouco da dedicação que os professores impõe para ajudar os nossos filhos a terem um futuro melhor, posso ver e também sentir que é mais do que cumprir um horário de trabalho, é estar junto e oferecer o melhor”, acrescenta.

”Percebo que tem mudado o olhar sobre o professor. Acho que esse resgate da importância do professor vem acontecendo e tem sido muito gratificante, porque virou comum abrir uma aula on-line e ter um pai ou uma mãe de algum estudante. Eles dizem ‘professor, muito obrigado, você está fazendo um trabalho muito bacana'", conta o educador.

O professor finaliza com uma reflexão. “Tem uma frase de Paulo Freire, grande educador pernambucano, que ele fala que a população precisa de esperança, mas não esperança do verbo esperar, esperança do verbo esperançar, que é se juntar com o outro para mudar uma realidade e criar oportunidades. Acho que é isso que o professor faz hoje, leva esperança para os alunos. Partindo desse princípio, eu fiquei com mais vontade de estar junto das comunidades, principalmente daquelas mais carentes para poder levar um pouco mais de esperança e mostrar que o estudo é o caminho, mostrar que assim como não desistiram de mim no passado e hoje eu pude terminar uma graduação, terminar um mestrado, essas crianças no futuro também podem fazer isso e vão fazer isso”, finaliza Arthur.

Reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

Especial Lições retrata rotina de professores na pandemia

Carinho, tecnologia e o novo olhar de uma educadora

Professores empreendedores e os desafios da pandemia

EAD e ensino remoto: as multi-habilidades de um docente

Pós-pandemia: o que o futuro reserva aos professores?

A pandemia de Covid-19 causou mudanças nos mais diversos setores da sociedade ao trazer a necessidade de distanciamento e isolamento social. Mesmo com o início do retorno às salas de aula em algumas partes do País, a educação segue sendo uma das áreas fortemente atingidas pela necessidade de fechar o espaço físico de escolas, universidades e cursos durante muitos meses, causando claras transformações na rotina de trabalho dos professores e na relação com os alunos. 

Com as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cada vez mais próximas, as atenções se voltam para estudantes e professores de ensino médio, bem como para cursos preparatórios. Há grande preocupação com as mudanças forçadas pela doença para quem busca uma vaga no nível superior de ensino em 2021. 

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Nesta quinta-feira, 15 de outubro de 2020, o Dia do Professor é celebrado diante de uma pandemia. Para exaltar a figura dos educadores, a série “Lições” traz, agora, reportagem sobre o trabalho de professores empreendedores que têm seus próprios cursos preparatórios e como tem sido desempenhar esse papel em um ano tão atípico, assustador e repleto de incertezas, tanto para quem estuda, quanto para quem ensina.

“O novo normal é valorizar o professor mais do que nunca”

Wagner Rocha é professor de geografia com 18 anos de experiência e sócio do curso preparatório para o Enem e vestibulares 'Oficina de Estudos', no Recife, há oito anos. Ele conta que dificuldades enfrentadas na infância o ajudaram a desenvolver uma “veia empreendedora” e a paixão pela educação aliou tal característica com o desejo de ensinar, surgindo assim a vontade de criar um curso diferente do que é tido como convencional nas escolas. 

“Sempre acreditei que o relacionamento professor-aluno poderia ser mais horizontal e não vertical, aquela coisa do professor no céu e o aluno lá embaixo. Olhando esses princípios, comecei a criar dogmas e assim surgiu a oficina. Um curso disruptivo, que nasceu da votação dos alunos para o nome do curso, que eu vejo que tem uma grande batida colaborativa. A gente sempre diz que os alunos não são concorrentes, mas amigos de sala. Eu queria um curso com um DNA mais humano e foi aí que deu esse ‘start’ para ser empreendedor e ter meu próprio negócio”, conta o professor. 

Mais do que um simples desejo ou um sonho pessoal, Wagner explica que ter um curso próprio, para ele, sempre foi um propósito de vida para apoiar e ajudar pessoas a ter uma vida melhor por meio da educação. “Eu sempre pedi a papai do céu que me abençoasse um dia para ter um curso. Não sabia como, mas eu queria ter. Vim de um bairro carente que tinha vários amigos e colegas com muito potencial de vencer na vida, querer estudar. Infelizmente, a educação no Brasil não é democrática e a forma que eu tinha de ajudar era ter meu próprio negócio. Então eu acredito que sempre quando eu quis ter um curso, não foi vaidade ou somente realização pessoal; eu acho que era mais do que um sonho, era um propósito”, afirma. 

O professor Wagner explica que há diferenças importantes na rotina e métodos de trabalho quando comparadas às situações de ser professor contratado ou concursado para ensinar em escolas e ter um curso próprio. “Quando eu era professor de colégio, ensinava em seis escolas. Muitas vezes saía correndo e não tinha tanta disponibilidade para o aluno. Bem que eu queria, mas professor e jovem a gente sabe que trabalha muito, tem que ralar. A gente sabe que o rendimento não é dos melhores. Cursinho, quando você é dono, você mora. A casa é sua, e quando a casa é sua, a gente é família. Vai tendo os erros e acertos, tentando dar soluções. A gente participa mais ativamente da vida do aluno, a gente conhece o que o aluno cresceu, onde pode chegar. Muitas vezes conhece a realidade do aluno. A gente sorri junto, chora junto. Tem uma grande simbiose de histórias, vários exemplos que deram certo e acabam inspirando o aluno”, descreve o educador.

Além da proximidade, maior tempo e intimidade com os estudantes, Wagner aponta para um aumento de responsabilidades e funções a exercer quando um professor também é empreendedor. “Não envolve apenas chegar, dar aula, tirar dúvida e ir embora. Você passa a estar dentro, vivendo, convivendo, escutando mais e tentando, na medida do possível, orientar da melhor forma", comenta.

A Covid-19 trouxe mudanças radicais e que precisavam ser feitas rapidamente. Nesse contexto, a adaptação ao ensino 100% remoto, segundo o professor Wagner Rocha, não foi uma tarefa fácil. “A gente teve que arrumar estratégias, aprender a mexer com apps ou sites que a gente nunca tinha visto. A gente encarou porque nosso desafio era encurtar a distância, a questão que antes era presencial e agora é remota, mas sem nunca perder o afeto, sem nunca deixar de ter o entusiasmo. E o principal, nunca deixar de estender a mão. O lema da gente era ‘precisamos acolher, precisamos abraçar os alunos’. Passei a chamar, inclusive, a casa de cada um de ‘casulos’. Cada um ficou enclausurado e eu sempre falava que o casulo também é uma escola. Foi desafiador, mas ao mesmo tempo, quando recebe feedback, percebe o quanto é gratificante ouvir alunos dizendo o quanto suas palavras abençoaram, ou que mesmo distante se sente acolhido, abraçado. Isso para o professor não tem preço”, explica ele. 

Ao ser questionado sobre o futuro da educação depois da crise global causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), o professor afirma que enxerga um cenário de fortalecimento do ensino com maior valorização da figura do professor. “Parabéns aos professores que foram desafiados e conseguiram vencer o desafio muitas vezes da maneira mais ‘raiz’ possível, muitas vezes dando aula em casa com ‘menino’ pequeno, vizinho gritando, gente escutando brega, confusão em casa, muitas vezes pai gritando com aluno em casa e a gente no ao vivo escutando tudo. Preparando aula, teve muita gente que nunca gravou nada e teve que editar pela primeira vez. É muita gente boa que a gente tem no nosso país, muitos professores que a gente tem que tirar o chapéu, então eu acredito que no pós-pandemia, o novo normal é valorizar o professor mais do que nunca e colocar o professor no lugar que ele merece, de valorização”, argumenta Wagner.

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“Sempre ganho ‘filho’ do coração”

Nilson Lourenço tem 58 anos de idade, dos quais 38 são dedicados ao ensino da física. A carreira começou com aulas para alunos de ensino médio em colégios, mas seguiu para o empreendedorismo com a abertura, 24 anos atrás, de um curso próprio que hoje leva o nome e sobrenome do professor. Atualmente, mais de mil alunos estudam no preparatório, situado no Recife. 

A vontade de ter um curso para chamar de seu, segundo Nilson, foi motivada pelo desejo de conduzir as aulas e outras dinâmicas do curso à sua maneira. “Na escola e em outro curso, você tem que seguir aquela diretriz. No seu curso você faz da sua maneira, do seu jeito, da maneira do seu sonho. No meu curso, toda aula tem chocolate para quebrar o clima”, conta o professor, que cita uma “total transformação” em seu dia a dia de trabalho a partir da abertura do curso. 

“Na escola, você entra e dá aula. No curso, não. Eu chego duas horas antes e saio três horas depois das aulas justamente para fazer diferente. Nas escolas, praticamente nenhum professor faz isso, chegar antes para tirar dúvidas e sair depois. Por isso, as matérias isoladas fazem tanto sucesso. Dá prazer em você ver o aluno aprender. Hoje eu tenho, só na área de medicina, mais de 6.400 alunos que são médicos ou estão na universidade. E isso não tem preço”, afirma Nilson. 

A adaptação ao cenário de pandemia, segundo o professor, foi menos difícil diante do fato de que seu curso já tinha algumas atividades remotas, como plantões para tirar dúvidas on-line. No entanto, a necessidade de passar a funcionar exclusivamente a distância trouxe outras questões, como a saudade dos alunos e a preocupação ainda maior com o elo entre estudante e professor. 

“A pior parte é a falta o olho no olho, do abraço. Entrar no curso e não encontrar os alunos é muito triste, não tem vida. Eu fiz entrega de apostilas em drive thru, alguns alunos choraram. Às vezes, a gente trabalha não só a parte pedagógica, de conhecimento. Você trabalha também a parte emocional. Minha relação com meus alunos sempre foi muito próxima, todos os anos sempre ganho ‘filho’ do coração. Me comunico com eles nos grupos de WhatsApp, no privado, falo com os pais, faço reunião de pais on-line e mantenho toda semana em todas as turmas um horário específico para aulas ao vivo. Somente a aula gravada não gera vínculo, é monótono e desmotivador tanto da parte do professor como do aluno”, conta o educador. 

Dificuldades à parte, a digitalização forçada pela pandemia também acabou funcionando como um acelerador para o processo de dar aulas virtualmente, o que ocasionou uma expansão no alcance do curso para outras regiões além do Recife. O crescimento foi significativo, de modo que Nilson já afirma que os conhecimentos sobre tecnologias aplicadas à educação e o ensino on-line permanecerão mesmo após a retomada presencial. “A partir de agora, o curso terá que ser sempre no formato híbrido: on-line e presencial. Essa mudança será nossa nova realidade”, diz o professor. 

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“As mudanças já aconteceram, vão apenas perpetuar-se”

Fernando Beltrão, mais conhecido como Fernandinho, tem 57 anos de idade e 30 de sala de aula, ensinando biologia para os níveis fundamental e médio em seu curso “Academia de Estudos”. Ele ainda é docente de anatomia no curso de medicina da Universidade de Pernambuco (UPE).

O professor conta que sua formação em medicina e a necessidade de trabalhar durante o período de graduação o fizeram começar a ensinar na década de 1980, quando os cursos pré-vestibulares no Recife estavam em grande expansão. “Dividi-me entre professor e médico nos primeiros três ou quatro anos de formado, mas o sucesso como professor veio até rapidamente com a chegada do vestibular da Universidade Federal de Pernambuco em duas etapas. Em 1987, criou uma prova de biologia muito pesada e o fato de ser médico me ajudava a ter uma visão consistente e eu criei um curso de segunda fase. Me tornei um professor conhecido, não melhor que os outros, mas conhecido. Esse curso ganhou força, em pouco tempo eu tinha mil alunos”, conta Fernandinho. 

A adaptação dos professores do curso foi facilitada pelo hábito de fazer aulas transmitidas ao vivo ainda antes da chegada da Covid-19. No entanto, o processo de tornar um curso completamente digitalizado para atender à necessidade imposta pelo momento trouxe outras questões que vão além de estar acostumado a ensinar em lives. 

“Tenho professora, por exemplo, que está em casa com o filho pequeno, pode fazer aula virtual em todo horário? Não. Mas tem que fazer ao vivo. Não pode fazer sem ser ao vivo, tudo da gente é ao vivo. É um problema, faz parte. A família em casa que não dá apoio ao menino, acha que a aula ele pode pausar quando quiser é outro evento. (...) Tem um monte de dificuldades naturais. A dificuldade de alguns professores de lidar com a tecnologia, dificuldade de algumas pessoas de lidar com a solidão”, revela.

A própria Covid-19 e o medo que ela causa também são fatores de dificuldade no momento de pandemia, assim como a letalidade da doença e sua capacidade de transmissão, que afetam professores e suas famílias. O professor Fernandinho citou, durante entrevista ao LeiaJá, adversidades que a doença impôs tanto em termos de saúde física como emocional a professores de seu curso. 

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Além das dificuldades humanas, houve a necessidade de lidar com questões técnicas, como a escolha de uma plataforma de ensino que atendesse a todas as necessidades dos alunos e professores da forma mais ampla possível. A interatividade, por exemplo, era um ponto importante para manter a proximidade com os estudantes durante todo este período de pandemia. 

“Encontrar uma plataforma deu trabalho. Que pudesse permitir muita proximidade. O estudante que quiser pode botar a carinha dele, o professor falando, debate real. Que o professor possa ter um convidado, dois, três, quatro, sejam alunos ou outros professores. Aulas compartilhadas com outros professores. Era uma dificuldade conseguir uma plataforma que fizesse isso, permitir um chat, mas ao mesmo tempo silenciar quem quiser falar isoladamente, banir quem quiser falar isoladamente, atrapalhar. Ou permitir que o aluno simplesmente assista, que o pai fiscalize. Tudo isso era plataforma, essa parte a gente não tinha, teve que pesquisar”, diz o professor. 

A preocupação com a saúde emocional dos estudantes se reflete em ferramentas que foram incluídas na plataforma on-line com o objetivo de permitir um contato mais próximo com os estudantes, apesar da distância física. “Desde março, a gente criou um tira dúvidas on-line para o aluno perguntar e o professor responder 24 horas depois. Percebemos que, no meio das dúvidas, na entrelinha, havia algumas inseguranças. Uma semana depois a gente criou outro botão chamado chegue mais perto, onde o aluno escolhia para qual professor ia mandar, e já não era mais uma dúvida, era um sentimento, uma questão, uma conversa. Passaram a acionar professores diretamente para conversas pessoais”, relata Fernandinho. 

No que diz respeito ao curso no futuro, pós-pandemia, o professor aposta no modelo híbrido e avalia que as mudanças nos cursos e escolas já estão em curso e serão consolidadas. “Eu acho que as mudanças já aconteceram, vão apenas perpetuar-se. Eu acho que a tendência é a escola híbrida, porque uma parcela bem grande de pessoas conseguiu se adaptar muito bem e vai se sentir órfãs disso se tivermos de dizer ‘agora tudo é presencial’. Acho que as aulas encurtam, as aulas perdem a importância, a internet ganha muito, YouTube ganha muito, Google ganha muito, a interatividade eletrônica ganha muito, os grupos de estudos ganham muito e a sala de aula em si vai diminuir um pouquinho a ação dela”, opina Fernando Beltrão.

Reportagem integra o especial "Lições", produzido pelo LeiaJá. O trabalho traz histórias sobre os aprendizados dos professores em meio aos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Veja, a seguir, as demais reportagens:

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No caminho da bicicleta, há quilômetros de sonhos

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Pós-pandemia: o que o futuro reserva aos professores?

O Brasil ocupa, hoje, a penúltima posição no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), exame coordenado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para avaliar a educação em 40 países. O desafio de melhorar os índices educacionais do país, no entanto, enfrentam diversos obstáculos, como a falta de interesse de estudantes jovens pela carreira de professor: uma pesquisa que também foi realizada pela OCDE constatou que entre 2006 e 2015, a taxa de adolescentes brasileiros com 15 anos de idade que desejam seguir a carreira de professor caiu de 7,5% para 2,4%. 

Nesta terça (15), dia em que é celebrado o Dia do Professor, o LeiaJá ouviu profissionais com mais de 20 anos de docência para entender como eles avaliam os rumos que a educação brasileira e a carreira de professor seguiu nas últimas décadas e o que a categoria deseja para o futuro. 

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“A escola pública segue a mesma”

André Luiz Vitorino de Souza tem 34 anos de carreira como professor de Biologia nos ensinos fundamental, médio e superior. Ao decidir qual profissão seguiria, décadas atrás, ele conta que o que o moveu em direção às salas de aula foi a percepção de que o Brasil necessita de mais pessoas ensinando para poder se desenvolver. “Eu percebi que o país precisava muito de profissionais de educação, foi por perceber uma necessidade social. Como eu gostava muito de biologia, segui por aí”, disse. 

Em sua percepção, houve alguns avanços nos rumos e na estrutura da educação e da carreira docente durante os seus anos de trabalho até agora, mas sem apresentar melhoras muito significativas, fazendo com que, para André, a situação do trabalho com ensino seja a mesma de 30 anos atrás: precarização. 

“Houve avanços, o ensino superior entrou pelo interior [dos Estados], a escola pública deu uma ligeira melhorada, algumas já têm ar-condicionado e quadro piloto, na época em que eu comecei tudo isso era mais raro. No entanto, a escola pública segue a mesma de sempre e a particular também”, afirmou o professor.

Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na avaliação de André, apesar dos avanços que houve em algumas escolas no que diz respeito à estrutura, o exercício da profissão vem ficando mais difícil com o passar do tempo. “Hoje é mais difícil exercer o ofício, o respeito de aluno por professor está abalado e a sociedade, ao avesso. A violência escolar tem piorado, antes o aluno vinha mais educado de casa e hoje a gente tem que fazer junto educação de casa e do colégio. Nunca tive problemas (com violência) mas conheço muitos colegas que já (tiveram)”, contou ele. 

Perguntado sobre as razões que vê para a queda do interesse de estudantes jovens pela docência, o professor afirma que “a propaganda de que é uma profissão qualquer e a remuneração é muito baixa” contribuem para esse cenário de desinteresse pelo ensino. 

André também destaca o acúmulo de dificuldades que os alunos têm para aprender ao longo dos anos de escola como um dos problemas que derrubam os índices de educação do Brasil cada vez mais para baixo. “No ensino fundamental é onde está a dificuldade maior. No médio, o aluno já traz vícios e no ensino superior há uma cultura de fazer o curso de qualquer jeito. Pouquíssimos vão pra faculdade para estudar de fato. Se fossem, teríamos alunos melhores, instituições melhores e profissionais melhores”, afirmou o professor. 

Ensino e empreendedorismo lado a lado

Erotides Marinho é diretor de uma escola e se tornou professor de matemática há 35 anos, oficialmente. Mas desde cedo já percebia que gostava de ajudar as pessoas a aprender e dava aula aos colegas para ajudá-los, mesmo sem pensar em ser professor naquela época. Marinho começou de vez sua carreira na educação durante a década de 80, quando ainda cursava engenharia. 

“O que me motivou, e tem sido assim até hoje, é ver como transferir conhecimento para o outro é algo libertário, que ao mesmo tempo traz uma alegria diferenciada para quem aprende. Surgiu a oportunidade de ensinar em cursinho e aí eu vi que poderia tentar com as habilidades que eu já tinha desenvolvido dando aula particular em casa”, explicou Marinho, como é conhecido o professor. 

 

Foto: Lara Torres/LeiaJáImagens

Ele explica que sua experiência ajudando os colegas na escola o ajudou nessa nova fase. “Já deu, logo de início, muito certo, porque eu já vinha com uma bagagem de entender como as pessoas aprendiam. Eu via que aquilo dava certo e eu comecei a me desenvolver aí. Havia uma crise na engenharia e eu comecei a migrar para a educação. Com apenas cinco anos de sala de aula, eu já tinha sido convidado para ser diretor de ensino de uma rede educacional cheia de professores de primeira linha”, contou Marinho, que fez a maior parte de sua carreira no ensino médio, cursinhos, matérias isoladas e preparação para concursos públicos. 

O professor explica que se tornar diretor foi um grande desafio pois, na época, ainda era muito jovem e estava trabalhando com profissionais mais experientes que ele. Alguns anos depois, Marinho foi convidado para ser sócio da escola. “Quando me foi dada a condição de me tornar sócio, tive que assumir as responsabilidades na mão. Quando encabecei, vi que eram desafios muito grandes e também muito convidativos e atrativos. Empreender, multiplicar isso seria muito bom porque víamos resultado de transformação de vidas. Decidi mergulhar nessa área, empreender em desenvolvimento humano através de mecanismos facilitadores para uma educação diferenciada”, contou o diretor.

Nesse sentido, Marinho fala de sua experiência e aponta o empreendedorismo na educação como um caminho possível para profissionais de educação que também têm conhecimentos sobre gestão e desejam iniciar um projeto pedagógico.

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No que diz respeito à situação educacional dos últimos anos no ensino público e privado e focando na carreira fora de uma lógica de empreendedor, Marinho analisa que o quadro de qualidade educacional e as condições de trabalho docente têm sofrido mudanças radicais para pior.

“O agravamento de problemas na educação tem crescido tanto em intensidade como em diversidade. Muitas famílias estão passando por uma progressiva disfunção, e essa carga termina sendo transferida para o professor, que não foi preparado academicamente para lidar com tal sobrecarga”, afirmou o diretor. 

Na avaliação de Marinho, há também “uma crescente banalização da absorção do conhecimento escolar” que leva a “crises de respeitabilidade às figuras de autoridade”. A causa desse problema, para o diretor, são os “direitos desenfreados dos estudantes, respaldados por familiares, que neutralizam de forma impactante a capacidade de gerar modelagem evolutiva através da educação” e, segundo ele, têm levado muitos professores a mudar de área ou ir migrar para funções que não exigem contato direto com o estudante em sala. 

A reversão dessa situação, de acordo com Marinho, deve aliar “um investimento realista, maciço no professor com ferramentas como inteligência emocional, neurociência, otimização dos currículos” com investimentos na valorização da figura do professor, “estabelecer níveis de exigência adequados para que se possa alcançar a qualificação de professor” e  “atrelar, via legislação, a participação dos familiares passando por cursos de capacitação em gestão familiar”. 

“Nossas conquistas estão ameaçadas pelo governo Bolsonaro”

Carmem Dolores Alves faz parte do Fórum Municipal Popular de Educação, é da Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco - Uiala Mukaji, onde atua como pesquisadora e militante de uma educação antirracista. Ela se aposentou depois de uma carreira construída na Rede Municipal de Ensino do Recife e, atualmente, dá aulas no ensino superior. 

A carreira de Carmem no ensino teve início cedo, quando ela tinha 15 anos e foi convidada a dar aulas a crianças com deficiência e outras necessidades especiais em decorrência de paralisia cerebral. “Depois passei no concurso da rede municipal e trabalhei como professora, gestora, coordenadora e fui da equipe de formação”, contou ela. 

Na opinião de Carmem, apesar de haver problemas e precariedade também na rede privada de ensino, a situação das escolas e da carreira docente é mais grave - e vem piorando - no ensino público. “O professor recebe uma exigência muito grande, além de ensinar, acabamos assumindo a tarefa de educar, que não é nossa tarefa principal. A falta de materiais, salas de aula inadequadas e carga de trabalho sobre humana porque o salário é precarizado, então o professor tem que trabalhar três ou dois horários, isso faz com que não dê tempo de preparar material, planejar a aula, trazer algo diferente. As salas estão cada vez mais lotadas, e a violência, a falta de apoio e sensibilidade da prefeitura do Recife faz com que muitos professores adoeçam no seu trabalho”, conta a professora. 

Carmem explica que, na busca da categoria por valorização da carreira, as maiores demandas dos professores hoje estão diretamente ligadas à garantia de direitos já instituídos por lei. “O Plano Nacional da Educação determinou determinou que o professor da educação básica iria ganhar pela sua formação, se você tiver doutorado, por exemplo, deveria ganhar igual a um professor da universidade, mas isso não acontece. A educação básica e infantil, que é a base, não é valorizada. O professor faz um mestrado, um doutorado, e não recebe por esse curso”, explicou ela. 

Foto: Cortesia

A professora também cita o não cumprimento do piso salarial determinado por lei federal anualmente, a falta de garantia da aula-atividade, tempo reservado para que os professores possam preparar aulas e planejar o projeto pedagógico e a não-inclusão de gratificações salariais por dedicação exclusiva na aposentadoria dos professores da rede pública. A falta de uma boa rede de atendimento de saúde e o adoecimento mental e vocal frequentes devido às condições de trabalho e a falta de liberação dos professores para que possam estudar e melhorar sua formação também não passam despercebidas pela categoria. 

Para Carmem, a instituição desses direitos são conquistas muito importantes dos professores, mas que nunca foram integralmente garantidos e estão ameaçadas devido a questões políticas. “No entanto, todas essas nossas conquistas estão ameaçadas pelo governo Bolsonaro, que infelizmente escolheu os professores e a educação como inimigos. Tenta, inclusive, influenciar a sociedade a essa postura. A sociedade acha que o professor é vagabundo, não quer trabalhar e é inimigo devido a esse discurso pela escola sem partido, dizendo que o professor doutrina os estudantes são posturas que nos afetam, abalam e nos deixa desgostosos da nossa profissão. Você não pode ensinar sem contextualizar a realidade, como eu vou falar de Pernambuco sem falar da população indígena e sem detalhar as condições dessa população?” questiona a professora. 

Na análise de Carmem, a maior dificuldade que os jovens que desejam seguir carreira no ensino enfrentam “é lidar com esse processo de desvalorização e criminalização da profissão”. Ela explica que o professor “trabalha tanto em dois esforços porque o trabalho não é só na escola. Você tem que se formar, se atualizar e se informar, então tudo leva a um esforço sobre-humano para pouca recompensa financeira e reconhecimento social. O grande desafio é lidar com essa contradição do interesse pelo compromisso histórico de ensinar com a desvalorização galopante da nossa profissão”, contou Carmem.

Mas nem tudo é tristeza no dia-a-dia profissional dos professores. Questionada sobre qual é a maior gratificação que teve em todos esses anos trabalhando em sala de aula, Carmem apontou a consciência de que contribuiu para que muitas pessoas mudassem de vida e pudessem ter uma carreira através da dedicação aos estudos. “Sou uma professora com compromisso político e social, sou daquelas que se precisar faço visitas à casa do estudante e converso com a família. Através da minha persistência, compromisso e animação eu contribuí para que muita gente seguisse o caminho dos estudos, pudesse acreditar na superação e que é possível uma pessoa pobre, em um bairro pobre, conseguir estudar. Com certeza a professora, diretora e gestora Carmem Dolores contribuiu muito para mudar a vida de muitos jovens”, disse ela. 

A professora analisa que, para melhorar o quadro de rejeição dos jovens à carreira de professor, é necessário e urgente criar medidas e políticas públicas de valorização profissional na educação. “Essa carreira precisa ser mais prestigiada socialmente, reconhecida pelos poderes públicos. Nós não podemos ter um presidente da república que considera o professor seu inimigo e considera a profissão como sendo exercida por pessoas que vão repassar outras coisas que não seja conhecimento. Infelizmente, na atual conjuntura, é desanimador ser professor no Brasil. Resolvi antecipar minha aposentadoria em função da falta de valorização profissional”, afirmou ela.

“O governo dá com uma mão e tira com a outra” 

Fernando Melo é presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe). Ele afirma que a valorização é sempre utilizada como bandeira política e eleitoral, mas que essas afirmações por parte dos candidatos em campanha normalmente fica apenas no discurso e promessas que não se cumprem. Fernando explica que mesmo questões básicas de garantia do pagamento do reajuste no piso salarial dos professores gera a necessidade anual dos professores irem brigar com o governo por meio de paralisações e greves. 

“Esse ano, os professores que ganhavam abaixo do valor determinado em 1º de janeiro só tiveram os salários atualizados em setembro, pago em outubro com valor retroativo a janeiro. Já os que ganhavam acima lutam pela atualização salarial em respeito ao plano de carreira. Nessa briga, o governo dá com uma mão e tira com a outra, alegando que não pode ajustar os salários por causa da Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou o professor e sindicalista, que também citou questões como a aula-atividade, a sobrecarga de trabalho, estrutura das escolas e a baixa remuneração como problemas que afetam negativamente a categoria. 

“Falta estrutura tecnológica na maioria das escolas. Existem aquelas escolas que são postas na vitrine de propaganda do Governo e muitas outras em situação precária, sem segurança, sem internet, nem espaço adequado. Tudo isso causa estresse e leva ao adoecimento mental de muitos professores”, explicou Fernando. 

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Ao destacar o Dia do Professor, comemorado nesta terça-feira (15), a senadora Zenaide Maia (Pros-RN) disse em Plenário que a reforma da Previdência (PEC 06/2019) representa uma das maiores violências contra as mulheres, já que representam mais de 70% do corpo docente do país.

Zenaide mencionou dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) segundo os quais há 30,5 milhões de lares do Brasil chefiados por mulheres que ganham menos de dois salários mínimos por mês. A senadora observa que a reforma (PEC 6/2019) condena essas mulheres a mais sete anos de trabalho para se aposentarem com a idade mínima exigida, que conforme o texto, passará a ser de 62 anos.

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"Essas mulheres, 30,5 milhões, que trabalham 44 horas semanais, cuidam da família, cozinhando, lavando, passando, a grande maioria faz o almoço do dia seguinte para deixar pronto para os filhos. E aqui — já foi aprovado na Câmara em duas instâncias e aqui já na primeira instância — estão condenando 30,5 milhões de lares deste país que são chefiados por mulheres e que ganham, no máximo dois salários mínimos. Essas mulheres estão condenadas a trabalharem mais sete anos, mesmo que elas trabalhem dia e noite sem parar", afirmou.

Zenaide Maia também criticou o aumento da idade mínima para aposentadorias de profissionais que atuam em atividade de risco como mineiros e trabalhadores da petroquímica, além da mudança das regras para aqueles que trabalham na área da saúde.

*Da Agência Senado

O dia 15 de outubro marca o dia do professor. No futebol, é assim que os treinadores são carinhosamente chamados pelos 'boleiros'. Pernambuco teve vários 'professores' marcantes nas equipes ao longo da sua história.

O LeiaJá aproveitou a data para lembrar de títulos, de brigas, rei do acesso e até um certo 'pofexô' que inovou no 'pojeto cerveja trainnig' por aqui.

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E vamos começar com ele. Um dos maiores vitoriosos treinadores da história do futebol brasileiro. Luxemburgo teve uma breve passagem por aqui. Em maio de 2017 assumiu o Sport, subiu a equipe na tabela, mas caiu de rendimento no Brasileiro. A eliminação na Sul-Americana marcou sua queda, mas o maior legado deixado no Recife foi o "cerveja trainning".

 

Seguindo a linha dos treinadores raiz, fica muito difícil de competir com o "rei do acesso". Givanildo de Oliveira tem seis acessos na carreira, um com Sport e um com Santa, além de três com América-MG e um com Paysandu. No Leão foram quatro estaduais, além da Copa do Nordeste. Com o Santa, mais um estadual. Mas vamos lembrar de outra coisa. O Santa enfrentava o Guarani e o professor avisou a Derley para não marcar o adversário: "Eu já conheço essa Desgraça".

 

"Ah é Lisca Doido". O caricato, polêmico e 'bailarino' treinador não conquistou títulos nas suas passagens pelo Náutico. Mas suas polêmicas com Neto Baiano, que 'frescava' sempre que marcava contra o Náutico com a camisa do Sport, foram respondidas com uma dancinha. A partida foi na Arena, contra o Criciúma.

 

Com passagem pelos três clubes, Santa, Sport e Náutico, Zé Teodoro tem seu nome marcado no futebol pernambucano. O professor conquistou três estaduais, dois com o Santa Cruz e um com o Sport. Zé ainda impediu que o Leão se sagrasse hexacampeão, para alegria dos rivais. O professor tem moral.

 

Foto: Reprodução/Facebook/SantaruzFC

Já Hélio dos Anjos não tem mais tanta moral depois do recente episódio com o Náutico. No jogo do acesso contra o Paysandu, equipe treinada por ele, o professor afirmou ter agredido um torcedor que invadiu o gramado. Mas o treinador tem seu nome marcado por aqui. O professor havia conquistado o ultimo acesso nos Aflitos em 2006, levando o timbu para a elite. Além disso são três estaduais com Sport.

Hélio dos Anjos agora segue a vida no Paysandu, mas como podem ver na foto, sempre esbravejando com alguém. Foto:Jorge Luiz/Paysandu

O nome de Nelsinho Baptista está marcado no Sport e em Pernambuco. Foram três vezes que o professor comandou o leão. O resultado foram títulos expressivos. Dois estaduais e a histórica Copa do Brasil. Mas nesse dia do professor nós vamos relembrar uma bronca recente. Foi na sua última passagem 2018 quando Nelsinho pistolou ao deixar o clube e afirmou que a diretoria do clube mentiu em várias ocasiões. Sobrou para todo mundo.

 

É muita polemica com esses professores da bola. E claro que a gente vai encerrar com mais uma. Roberto Fernandes tirou o timbu da fila e venceu o estadual em 2018, mas o que marcou mesmo foi a broca com zagueiro que agora é campeão brasileiro da Série C. "Camutanga..."

 

O dia 15 de outubro é marcado por homenagens aos mestres da educação. Preparados para ajudar a moldar o futuro de crianças, jovens e adultos, os professores possuem o dom de plantar ensinamentos que ultrapassam o território da sala de aula. Na ficção, os docentes divertem e emocionam quando reproduzem o que basicamente ocorre nas escolas.

Recentemente, a Globo estreou a série "Segunda Chamada". Interpretando a professora Lúcia, Debora Bloch vem ganhando o carinho do público pela sua atuação marcante. Lutando pelos alunos, a personagem da atriz atesta que a educação precisa ser conduzida com ética, seriedade e garra. Para celebrar a data nesta terça-feira (15), o LeiaJá relembra os professores memoráveis da TV e do cinema.

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Professor Girafales

O ator mexicano Rubén Aguirre fez parte da vida de muitas crianças na década de 1980. Febre no Brasil, o seriado "Chaves" contava com a sabedoria cômica do Professor Girafales, que fazia de tudo para os alunos prestarem atenção nas aulas. Morto em 2016, Rubén Aguirre deixou saudade entre os fãs que acompanham o seu trabalho até hoje, nas reprises do SBT e nos episódios inéditos do canal pago Multishow.

 

Professor Raimundo

Os brasileiros que ligavam a TV no final da tarde se deparavam com a postura engraçada do Professor Raimundo, vivido pelo ator Chico Anysio. Tentando acalmar os ânimos de uma turma da pesada como Dona Cacilda, Seu Boneco, Seu Peru, Baltazar da Rocha, Paulo Cintura, Catifunda, João Canabrava, entre outros alunos, Professor Raimundo não se conformava com o salário baixo. Sempre disposto a ajudar, Raimundo Nonato trouxe para a ficção críticas bastante atuais sobre a educação do país.

Professora Helena

Na década de 1990, toda criança que sintonizava a televisão e colocava no SBT, do nada, ficavam presos com a doçura da Professora Helena. Interpretada pela mexicana Gabriela Rivero, a professorinha meiga e atenciosa de "Carrossel" era o sonho de qualquer aluno que acompanhava suas histórias de ensinamento na trama infantil.

 

Professora Catarina

Vivendo atualmente a blogueira Vivi Guedes em "A Dona do Pedaço", Paolla Oliveira fez a criançada lotar os cinemas para ver o filme "Uma Professora Muito Maluquinha". Baseado na obra de Ziraldo, o longa-metragem encantou o público infantil ao abordar histórias lúdicas e que toda pessoa sonha em aprender quando está na escola.

 

Minerva Mcgonagall

A atriz Maggig Smith tinha a artimanha de prender a atenção de jovens e adultos quando surgia nos filmes de Harry Potter. Na pele da feiticeira Minerva McGonagall, a professora de transfiguração era bastante severa, mas possuía um coração encantador. Poderosa, Minerva McGonagall é uma personagem da obra de J. K. Rowling que sempre é lembrada quando as aventuras da trupe de Harry invadem os canais de televisão.

A dura realidade enfrentada por profissionais do ensino no Brasil, que envolve violência, baixa remuneração e altos índices de adoecimento mental, vem fazendo a quantidade de jovens interessados na carreira de professor cair. Dados levantados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em 2018 apontaram que o número de jovens com 15 anos que querem seguir a carreira de professor no Brasil é de apenas 2,4%, contra 7,5% registrados 10 anos antes. 

Em meio a um cenário tão desanimador, bons professores que estão atentos às necessidades de seus alunos podem ser importantes para inspirar crianças, adolescentes e jovens que consideram levar a vida ajudando outras pessoas a construir conhecimento. Foi o que aconteceu com Josicleide Guilhermino, hoje com 30 anos, que decidiu ser professora de língua portuguesa ainda na adolescência, em grande parte por causa do apoio de sua professora, Fátima, como era conhecida por Guilhermino. 

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O início de tudo

Maria de Fátima de Oliveira Silva tem 53 anos de idade e 26 de carreira. Josicleide estudava na Escola Estadual Maciel Pinheiro, no Recife, e foi aluna de Fátima nos anos de ensino médio. Ela explicou que sua decisão por seguir a mesma carreira que sua mentora começou como uma forma de enfrentar a realidade em que vivia. Sua professora foi uma importante aliada nesse processo. 

“[A decisão de ser professora veio] Inicialmente como um meio de rebeldia ao sistema. Quando se é adolescente, a gente acha que pode mudar o mundo de forma abrupta e, na minha cabeça, ainda imatura, lá pelos 15, 16 anos. Entrei no ensino médio sem muita perspectiva de futuro, realidade comum na escola pública e na comunidade periférica de onde vim”, conta Josicleide, que também sofria com uma auto-estima muito baixa devido à baixa renda de sua família e ao bullying que sofreu.  

“Meu timbre de voz sempre foi muito grave, o que contrastava com meu tipo físico, franzino, então recebia muitos apelidos. Eu implorava a Deus na hora da chamada pra professora me olhar e assim eu não ter que usar a voz para responder à chamada. No Ensino Médio me deparei com uma professora que fez diferença porque me notou”. A professora em questão era Fátima. 

“Eu tive outros professores igualmente bons, mas a professora Fátima me mostrou uma outra perspectiva da carreira docente. Ela não deixava de criticar os aspectos negativos, em termos de salários, condições de trabalho, mas ainda mantinha nos olhos e acreditava no que fazia. Me incentivava a ler; escrever e isso derrubou uma barreira que eu havia construído em torno de mim. Minha autoestima ia sendo trabalhada porque eu me sentia importante. Ela dizia que eu tinha potencial e de tanto me dizer, eu passei a acreditar também” contou Josicleide. 

Conforme os anos passaram no ensino médio, a certeza de que queria ser professora também, inspirada por Fátima, cresceu e se concretizou na jovem estudante. “Eu queria fazer o que ela fazia: dar aulas e ir além, fazer diferença na vida dos alunos, principalmente da rede pública, mostrando que era possível sonhar”, contou a, hoje, professora. 

O caminho que a conduziria à realização de seu sonho, no entanto, tinha ainda outra dificuldade: o vestibular. “Faltava uma boa base. Muitos conteúdos, de diversas disciplinas não pude ver por motivos diversos: falta de professor, material didático... Tentei três anos”, explicou Josicleide. Após seu ingresso na universidade, a aluna acabou se distanciando da professora que havia lhe apoiado e inspirado, mas os caminhos delas terminaram se cruzando outra vez. 

“Nos reencontramos na universidade: eu cursando Letras e ela fazendo uma pós-graduação. Criamos um vínculo de amizade que perdura até hoje e atualmente fazemos parte de um ‘clube do livro’. Ela usa meu vigor e eu a vasta experiência dela”, afirmou Josicleide, de modo bem humorado e sorridente. 

A aluna destaque entre os demais

De acordo com Fátima, que construiu toda a sua carreira em escolas públicas, é aposentada por um de seus vínculos empregatícios com o Estado de Pernambuco e há dez anos trabalha na Escola Estadual Pintor Lauro Villares, no bairro dos Torrões, no Recife, o empenho de Josicleide, junto à sua bagagem de conhecimentos e senso crítico a tornaram uma aluna de destaque, diferente da maior parte da sua turma. 

“Ela estudou comigo na Escola Estadual Maciel Pinheiro em 2006. Na escola pública, infelizmente é um percentual pequeno de alunos de destaque; às vezes você encontra pedrinhas preciosas e tentamos fazer com que eles prosperem. Josicleide tinha dificuldades financeiras e na família, a mãe dividia cadernos para os filhos poderem estudar. A maioria das famílias não dão valor à educação e muitos alunos não têm interesse porque nunca viram ninguém prosperar por meio dela”, explicou Fátima. 

A professora salientou que sua ex-aluna estudava em dois turnos e também fazia estágio, sendo uma menina jovem e cheia de objetivos. O senso crítico de Josicleide, característica importante e muito valorizada por Fátima, também não passou despercebido. “Sempre tento fazer meus alunos serem críticos, entender que a opressão não vai durar para sempre e buscar quebrar isso. Falava a Josicleide e falo aos demais que eles têm que entender a linguagem do opressor para lutar contra ele e estudar para que sejam cidadãos críticos em suas profissões. Mesmo no ensino médio, o aluno geralmente não fala e se posiciona em sala, mas Josicleide tinha apoio da família dando estímulo para a educação transformar a vida dela. Eu via que essa menina ia prosperar em qualquer que fosse a área”, contou a professora.

Durante um aulão realizado apenas por mulheres pelos Caras de Pau do Vestibular, cursinho preparatório para provas de vestibulares em que a professora Josicleide Guilhermino trabalha, em setembro, a docente relata como sua relação com sua ex-professora proporcionou que ela estivesse mudando a vida de jovens nas salas de aula atualmente. Confira abaixo o vídeo.

O papel da professora contra o bullying

Perguntada sobre como conseguiu ajudar Josicleide a superar as agressões promovidas por outros alunos, Fátima explica que ao detectar uma situação de bullying, a primeira atitude para auxiliar a vítima é ajudá-la a reencontrar sua auto-estima e conversar com o agressor para que ele aprenda a exercitar a empatia. 

“Primeiro você mostra que de perto ninguém é normal e tenta estimular os bons sentimentos do aluno mostrando o que essa pessoa tem de melhor. Em Josicleide, era a capacidade intelectual. Quando ela não estava na sala, eu pegava grupos de alunos para mostrar que temos que cultivar respeito e não fazer ao outro o que você não quer para si, explicou Fátima. 

No entanto, ela ressalta que às vezes não são apenas outros estudantes que causam problemas à auto-estima de um aluno. “Quando Josicleide sofria isso e dizia que ia ser professora, alguns professores disseram: 'meus pêsames você vai ser pobre para o resto da vida' e ela ficava triste. Eu tentava dar todo o afeto, carinho, abraçar essa aluna”, lembra a docente. 

Uma carreira de sonhos

Hoje, tendo como colega de profissão e amiga aquela que um dia foi sua aluna, Fátima segue dando apoio para que Josicleide não pare e siga se especializando, apesar das dificuldades, em busca de seus sonhos. 

“Ela quer fazer mestrado, fico incentivando que faça, ela tem muitas condições de ser uma excelente professora também na universidade. Cada vez mais os estudantes querem menos ser professores, mas ela ama muito o que faz. Josicleide é um orgulho para mim, eu sou uma pessoa realizada por ter tido esses alunos que valorizaram a educação, pois meu sonho como professora é ver reduzir a desigualdade social”, explicou Fátima.

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Independente de década ou de emissora, os professores são indispensáveis nas histórias que envolvem drama, humor e emoção no mundo da ficção. No Brasil, os profissionais da educação já foram retratados de inúmeras formas, passando por alcoolismo até relacionamento com aluno. Mas o que se tornou inesquecível foi a intensidade dos atores ao se entregarem nos papéis de mestres, que mudaram completamente suas carreiras dentro e fora da arte.

Para celebrar o Dia do Professor nesta segunda-feira (15), o LeiaJá separou cinco personagens que fizeram bastante sucesso na televisão brasileira por meio de interpretações memoráveis.

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Professor Girafales

O ator Rubén Aguirre marcou a vida das crianças na década de 1980. Na pele do Professor Girafales, o ator mexicano mostrava no seriado "Chaves" que o seu papel era fundamental para o desenvolvimento da educação de um país. Conhecido também como "Professor Linguiça", o docente tinha que ter muita paciência ao lidar com as respostas afiadas de Kiko, Chiquinha, Ñoño e do próprio Chaves, responsável pelo apelido.

 

Professora Helena

Quando tinha 25 anos, Gabriela Rivero começou a gravar a novela "Carrossel". Sucesso mundial, Gabriela encantou o público infantil pela doçura ao interpretar a professora, depositando emoção nas situações que enfrentava em sala de aula e na vida pessoal dos seus alunos.

 

Professor Raimundo

"E o salário, ó!". De cabelo loiro, e com corte chanel, Raimundo Nonato não perdoava nenhum dos alunos. A "Escolinha do Professor Raimundo" imortalizou bordões e personagens, mas fez do personagem de Chico Anysio um marco do humor brasileiro.

 

Professor Tibúrcio

Em 1990, o programa "Rá-tim-bum" tinha a missão de prender a atenção da criançada quando surgiu com uma proposta educacional na TV Cultura. A atração era regada por experiências e contos, e responsável por uma figura que é lembrada até hoje. A presença do Professor Tibúrcio, interpretado por Marcelo Tas, era um dos fatores que movimentavam o programa. Com o seu "Olá, classe!", Tibúrcio encantava o público infantil com a sua entrada acelerada.

Professor Pasquelete

No começo dos anos 2000, a novela teen "Malhação" deixava para trás a imagem de academia de ginástica. Aos poucos, a trama foi se adaptando ao formato de uma escola. Abordando mais diversas experiências vividas pelos jovens, o Professor Pasquelete, interpretado pelo ator Nuno Leal Maia, foi peça-chave para conduzir as histórias. Ensinando Língua Portuguesa, Pasquelete era dominado pela firmeza em sala de aula e por ser autoritário em todo o colégio "Múltipla Escolha".

Foto: Reprodução/YouTube/Globo/SBT/TV Cultura

“Meu sonho mesmo é dar aula para o ensino médio, pode ser em escola estadual, municipal ou particular”, diz Lucas dos Anjos Castro, 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio da Escola Estadual Professor Botelho Reis, em Leopoldina, Minas Gerais. “Eu me vejo como professor, igual aos meus, na correria, rodando para lá e para cá, entrando em uma sala e outra. É o que eu gosto”.

O sonho com a carreira docente, como o de Castro, é cada vez mais raro. De acordo com levantamento feito pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com base nos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2015, apenas 3,3% dos estudantes brasileiros de 15 anos querem ser professores. Quando se trata daqueles que querem ser professores em escolas, na educação básica, esse percentual cai para 2,4%.

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Nesta segunda-feira (15), no Dia do Professor, a Agência Brasil, mostra as ideias de quem quer seguir a carreira docente e de professores que não abrem mão da profissão.

“Quando eu contei para a minha mãe, ela me disse: ‘você pode ganhar mal, como será o seu futuro?’ Eu falei que queria e que se eu não trabalhar no que quero, não vou ser feliz”, diz Castro.

Um dos professores que influenciou a decisão do estudante foi João Paulo de Araújo que, além de lecionar história na Escola Estadual Professor Botelho Reis, trabalha também na Escola Estadual Doutor Pompilio Guimarães e no Colégio Equipe, que é particular. “Acho que no primeiro momento, os alunos não escolhem porque a própria família recrimina, a sociedade julga muito. Eu tenho buscado ser um professor melhor, que inspire, que mostre que a profissão é tão boa quanto qualquer outra, que tem desafio como qualquer outra”.

Araújo foi um dos vencedores do prêmio Educador Nota 10, em 2013. “É a forma que posso retribuir tudo que educação fez por mim. Venho de família humilde. Meu pai é ex-presidiário e minha mãe era doméstica. A oportunidade que eu tive foi graças à educação”.

Carreira pouco ativa

O estudo elaborado pelo Iede mostra que a carreira docente não atrai os alunos que têm um melhor desempenho no Pisa. A avaliação internacional da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é aplicada a estudantes de 15 anos que fazem provas de leitura, matemática e ciências. Entre os 70 países e regiões avaliados, o Brasil ficou na 63ª posição em ciências, 59ª em leitura e 65ª em matemática. Os estudantes que disseram que pretendem ser professores obtiveram 18,6 pontos a menos da média do país em matemática, 20,1 pontos a menos em ciências e 18,5 a menos em leitura.

Dentre os países participantes do Pisa, a Alemanha é o que apresenta a maior diferença entre a nota dos alunos que esperam ser professores e a média geral do país. Aqueles que querem seguir a carreira docente obtiveram 42,9 pontos a mais em matemática, 52,5 em ciências e 59,1 em leitura.

Os países com os maiores percentuais de estudantes que querem ser professores são Argélia, onde 21,7% dos estudantes querem ser professores, e Kosovo, onde esse percentual chega a 18,3%. Nesses países, no entanto, o desempenho desses alunos não é bom, "mas é muito similar ao desempenho geral dos estudantes do país, que é baixo", diz o estudo. Coreia e a Irlanda estão também entre os países com os maiores percentuais, respectivamente 13,8 e 12,6%. Ao contrário da Argélia e Kosovo, o desempenho dos alunos é bom, chegando, na Coreia, a ser superior à média nacional.

“O que o dado brasileiro revela é o fato que a ocupação de professor está com problemas de atratividade. As pessoas que têm notas mais altas escolhem outras profissões”, diz o professor de economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Fábio Waltenberg, um dos autores do estudo Ser ou não ser professor da Educação Básica? Salário esperado e outros fatores na escolha ocupacional de concluintes de licenciaturas. Segundo Waltenberg, o salário é um dos entraves para a escolha da profissão.

Equiparação salarial

Professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep)Essa porcentagem subiu desde 2012, quando era 65,2%. Por lei, pelo Plano Nacional de Educação, esse salário deve ser equivalente ao de outros profissionais com formação equivalente até 2020.

De acordo com o diretor do Iede, Ernesto Martins Faria, três aspectos contribuem para a atratividade da profissão. “Planos de carreira para professores e educadores, ações específicas de valorização, que geram estímulo e permanência, e coesão escolar. O funcionamento da escola tem a ver com visão consistente, semelhante de gestor, coordenador pedagógico e educadores”, diz.

Segundo ele, o fato de os professores serem muitos e estarem ligados a estados e municípios, muitas vezes com orçamentos restritos, dificulta sobretudo a existência de planos de carreira atrativos. “Estamos falando da carreira de 2 milhões de professores, [não apenas o Brasil], o mundo sofre para oferecer uma carreira atrativa”.

Apesar das dificuldades, a estudante de licenciatura em ciências sociais Aniely Silva, 20 anos, não desiste do sonho de ser, assim como Castro, professora de ensino médio. Ela conta que a vontade ficou mais forte após participar das ocupações de escolas em São Paulo.

“Durante as ocupações das escolas, percebi o quanto de informação não chega para nós, que somos de periferia e de escola pública. Queria conseguir levar informação para as pessoas. Quando a informação chega como conhecimento, muda a realidade das pessoas, como mudou a minha”.

Aniely arremata: “Não escolhi a profissão pelo salário e não me desmotiva. Quero estudar muito para ser muito boa no que eu faço e lutar para melhorar a educação, por mais investimento e valorização dos professores”.

A falta de reconhecimento e de condições de trabalho tem atraído cada vez menos alunos para uma profissão que já esteve entre as mais valorizadas no país: a de professor. O Dia do Professor é hoje, mas há motivo para comemorar?

A cada 100 jovens que ingressam nos cursos de pedagogia e licenciatura no país, apenas 51 concluem o curso. Entre os que chegam ao final do curso, só 27 manifestam interesse em seguir carreira no magistério. As informações foram levantadas pelo movimento Todos Pela Educação, com base em dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

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“Temos um apagão de professores, principalmente pela desvalorização. A gente já atrai pouco e, dos que vão para a formação inicial, poucos permanecem na carreira. E não se consegue ter uma área de atuação que consiga atrair os melhores alunos do ensino médio”, diz a presidente executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz.

Na opinião de Priscila, entre as políticas de atratividade necessárias para aumentar o interesse na profissão está a melhoria dos salários. Segundo Priscila, atualmente o professor ganha metade do que os profissionais de outras áreas com ensino superior completo. “Realmente fica difícil atrair os melhores alunos do ensino médio para a carreira se a gente não conseguir fazer com que o salário melhore”, acrescenta.

Priscila destaca que é preciso melhorar também as condições de trabalho do professor. A proximidade dos jovens com a profissão faz com que eles vejam de perto a realidade dos professores, que nem sempre é atrativa. “O fato de o jovem verificar no seu dia a dia que os professores não são valorizados, e muitas vezes são atacados pelos próprios jovens, pelas famílias, pela sociedade, pelo governo, isso faz com que o jovem desista da profissão”, lamenta Priscila.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, a falta de políticas que valorizem os profissionais da educação desmotiva os profissionais. Segundo Heleno, existe atualmente um processo de disputa muito grande com outras profissões, que oferecem melhor remuneração.

“Até os profissionais de pedagogia estão fugindo dessa profissão, porque os salários são diferentes, e vão fazer o seu trabalho em outros espaços, que têm uma valorização maior”.

Ele ressalta que, apesar de alguns avanços nos últimos anos no processo de valorização dos profissionais da educação, como a lei do piso nacional do magistério, ainda há dificuldades, como o descumprimento, em alguns estados e municípios, da legislação que define o mínimo a ser pago a profissionais em início de carreira, além do achatamento da carreira de professor.  “Há estados que pagam o piso para o professor do nível médio e o mesmo valor para nível superior”, diz Heleno Araújo.

De acordo com a CNTE, em 2004 o salário dos professores no país representava cerca de 60% da média salarial de outras profissões – atualmente é 52% da média. “Este é o movimento inverso do Plano Nacional de Educação, que diz que, até 2020, o salário médio dos professores deve ser equiparado ao salário médio de outras profissões”, afirma.

Plano nacional

O Ministério da Educação (MEC) deve lançar nos próximos dias uma política nacional de formação de professores, já articulada à Base Nacional Comum Curricular, que vai focar na valorização dos profissionais. Segundo o MEC, está em estudo a ampliação das oportunidades das licenciaturas para a nova geração de docentes da educação básica e também para os que já estão em sala de aula.

Para o MEC, a valorização do professor é fundamental para a educação. “Existe a clareza de que o professor tem um papel central no desenvolvimento educacional de nossos estudantes e de que, para exercer essa profissão, ele precisa ser valorizado em todas as suas dimensões”, diz o ministério, em nota.

O Dia do Professor, comemorado nesta quinta-feira (15), é o momento em que estes profissionais recebem homenagens e o carinho daqueles que já passaram e dos que ainda estão nas cadeiras escolares. Porém, com o cenário da educação estadual e nacional bastante 'maltratado', com baixos salários e difíceis condições de trabalho, esta não é uma das profissões mais fáceis de se abraçar. O Portal LeiaJá conversou com os presidentes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Fernando Melo, e do Sindicato dos Professores da Rede Particular, Hemilton Bezerra, sobre a tarefa de cuidar da educação no Estado de Pernambuco.   

Para Fernando Melo, uma das maiores dificuldades para o exercício da profissão, atualmente, é o piso salarial: "Em média, nosso piso é 60% do que ganha um outro profissional com o mesmo nível de formação". Ele lembrou do último embate que os professores da rede travaram com o Governo em busca de melhorias neste sentido. No primeiro semestre de 2015, a categoria deflagrou uma greve para pressionar o governo, mas conseguiu garantir apenas um reajuste de 7,1% para os profissionais com magistério. Também não houve uma proposta satisfatória em relação ao plano de carreiras: "Este debate já indica a dificuldade em relação ao piso salaraial", disse o presidente.

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Além disso, outras dificuldades como falta de segurança, longas jornadas (muitos professores chegam a trabalhar os três expedientes por dia, fora o trabalho feito fora do ambiente escolar), condições precárias (como escolas sem estrutra, falta de climatização, salas pequenas e superlotadas, etc) e falta de uma formação continuada, comprometem o desempenho dos profissionais da educação e tornam a profissão cada vez menos valorizada. Segundo Fernando, os cursos de licenciatura têm sido os menos procurados nos últimos anos tamanha a desvalorização da área: "Não é uma carreira atraente", afirma. 

Na rede privada, os problemas não são muito diferentes. Insegurança, salas superlotadas e a alta rotatividade de professores nas escolas costumam atrapalhar o desempenho dos docentes. Apesar disso, Hemilton Bezerra, presidente do Sinpro, comemora a entrada da educação na pauta de discussões da sociedade e citou a elaboração do Plano Nacional de Educação como uma importante ferramenta em busca da valorização do professor passando pela melhoria na formação e questão salarial: "Nosso sistema não é articulado, embora seja um país de proporções continentais, temos questões inerentes a todas regiões. Estamos caminhando para a construção de um sistema, temos isso a comemorar". 

Porém, mesmo diante tamanhas dificuldades, ainda existe um outro 'lado da moeda'. O reconhecimento e apoio dos alunos, pais e comunidade são os fatores o que garantem a manutenção do desejo destes profissionais em acreditar e continuar atuando na educação: "Essa é a parte que nos conforta", diz o presidente do Sinpro. Ele lembra como é grande a responsabilidade dos profesores, que formam os jovens para serem os futuros cidadãos do país e salienta que as nações que investiram em educação são aquelas que conseguiram melhorar sua qualidade de vida. Hemilton também ratifica a importância do professor no crescimento do ser humano e da sociedade: "O conhecimento é uma força motriz no crecimento da humanidade. O professor cumpre um papel fundamental na nossa humanização". Neste Dia do Professor, e em todos os outros em que a categoria árduamente exerce sua função, esta é a mola propulsora dos profissionais que decidiram trilhar este caminho: "O que nos move é saber que a sociedade precisa da gente", finaliza Fernando. 

Esta quarta-feira (15), data que comemora o Dia do Professor, deveria ser um momento de exaltação dos trabalhadores que lutam para disseminar conhecimento. Entretanto, a desvalorização da carreira e a falta de condições para o desempenho da atividade, mancham o que deveria ser uma comemoração. Para agravar a situação, a Universidade de Pernambuco (UPE) divulgou hoje a concorrência do Vestibular 2015 e os cursos de licenciatura são os menos procurados, como acontece também em outras instituições de ensino.

Na concorrência do Sistema Seriado de Avaliação (SSA 3), cursos de licenciatura tiveram mais vagas oferecidas do que candidatos inscritos. Pedagogia é o menos procurado com 0,34 feras para uma vaga. Seguem na lista das graduações desprezadas licenciatura em letras - português / espanhol – (0,38) e licenciatura em geografia (0,55), todos os cursos oferecidos em Petrolina. No mesmo campus, a graduação de ciências biológicas tem apenas 1,34 concorrentes por oportunidade.

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No Vestibular Tradicional a história se repete também nas licenciaturas oferecidas em Petrolina. Letras teve apenas 1,92 candidatos por vaga, seguido de pedagogia (2,10), geografia (2,18) e ciências biológicas (3,14). Para o reitor da UPE, Carlos Calado, o problema é sério e a própria sociedade precisa enxergar com mais atenção a necessidade de se valorizar a carreira do professor.

“Infelizmente, por falta de uma carreira valorizada do professor, os jovens não estão ingressando nas licenciaturas. Eles estão correndo para outras áreas. Dizer que educação é prioridade todo mundo diz. Não adianta comprar tablet e mandar aluno viajar para o exterior sem valorizar o professor. A culpa não é só dos gestores. É também da sociedade. O povo precisa cobrar mais valorização dos professores”, disse Calado, durante a divulgação da concorrência do Processo de Ingresso 2015.

De acordo com o reitor, a evasão dos cursos de licenciatura não é grande. “A evasão ocorre na entrada dos estudantes na universidade”, comentou. Segundo ele, é preciso que ocorra investimento na educação. “O futuro do país depende da educação do povo”, opina o reitor.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Heleno Araujo, o principal motivo da pouca procura pela carreira de professor é o baixo salário. Segundo ele, os próprios pais incentivam os filhos a procurarem outras profissões. “Há uma falta de atenção muito grande com o salário. Além disso, o jovem vai enfrentar as dificuldades do ambiente de trabalho, como falta de estrutura e a violência que ocorre nas salas de aula. Se o salário fosse atrativo, a situação seria outra. Os próprios pais incentivam os filhos a escolherem outras carreiras”, declarou Araujo.

 

As dificuldades que enfrentou na escola por ser surda despertaram o interesse de Adriana Gomes Batista em seguir o magistério para tornar mais fácil o aprendizado de crianças na mesma condição. Atualmente, ela é professora da rede pública de ensino do Distrito Federal e dá aulas na Escola Bilíngue Libras e Português Escrito.

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Quando estudou, a professora Adriana sofreu com a falta de material adequado e de intérprete em sala de aula. “Eu precisei me esforçar muito para avançar nos estudos. Foi muito exaustivo. Não tinha intérprete na sala de aula, eu não tinha o recurso visual. Quando criança, aprendi o português lido e isso era mais difícil. Por isso, tive o sonho de estudar para trabalhar com as crianças que tinham dificuldade”, relatou Adriana em linguagem de sinais, traduzida a Agência Brasil pela coordenadora da escola.

Para o futuro, ela quer mais. A intenção é ter material filmado para fazer avançar o trabalho em sala. “A linguagem de sinais envolve expressões e o ideal é material filmado”, explica. A educadora relata que quando ingressam na escola muitos alunos surdos ainda não entraram em contato com a linguagem de Libras. Além de ensinar os alunos, a escola tem também cursos voltados para a família, destinados a facilitar a comunicação dos estudantes em casa. 

Na Escola Bilíngue onde a professora Adriana ensina, as aulas são ministradas diretamente na linguagem de sinais, com o uso frequente de datashow e em turmas formadas por surdos. O modelo é diferente do adotado nas escolas inclusivas, onde as turmas são mistas e o professor dá aula oral com a presença de um intérprete de Libras.

“Antes, existia apenas o modelo de inclusão. O aluno tinha um limite de conteúdo e ele acabava perdendo muito”, avalia a professora. “O principal desafio é vencer as limitações dos alunos surdos. Queremos que eles ultrapassem as limitações que existiam no modelo de inclusão”, acrescenta.

Mestre, professor, docente, educador, disseminador de conhecimento. Na frente de um quadro e diante de pessoas com sede de aprender, ele coloca para fora anos e anos de formação para formar os outros. Se você é médico, advogado, jornalista ou qualquer outro tipo de profissional, já mais conseguiria chegar à função sem ter passado por um professor. Esta terça-feira (15) é data em que é comemorado o Dia do Professor. Na realidade brasileira, greves, protestos e movimentos deixam claro que a situação ainda não é das melhores para os profissionais da educação.

Representante da categoria, o coordenador geral do Sindicato dos Professores do Estado de Pernambuco (Sinpro-PE), Jackson Bezerra (foto à esquerda, de crédito "Divulgação/Sinpro-PE), acredita que a data não é para ser comemorada. Refletir, segundo ele, é o que se deve fazer, além de debater a atual situação dos professores e dos patrões e governantes que conduzem os postos de trabalho desses trabalhadores.

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“Ser professor é um desafio. Não somos coitados, somos professores com orgulho, mas, ainda tem muito que melhorar. Hoje não temos boas condições de trabalho, plano de carreira para a rede privada não existe, sem contar que outros profissionais de nível superior têm salários bem mais altos. Um professor da rede pública ganha hoje R$ 8,40 a hora aula. Na educação superior o valor é de R$ 20. É muito pouco. Isso é um absurdo”, opina Bezerra.

De acordo com o coordenador do Sinpro, a sociedade como um todo e os políticos que acreditam que a educação é um instrumento essencial para o desenvolvimento social, devem atuar e buscar melhorias para a categoria. “Não existe educação sem professor. Educação é um instrumento transformador”, acrescenta o professor.

O que algumas pessoas não sabem é o motivo do “15 de outubro” ser dedicado aos professores. Trata-se de uma questão histórica, que aconteceu no ano de 1827, quando o imperador Dom Pedro I decretou que toda cidade, vila ou lugarejo do Brasil criassem as primeiras escolas primárias da nação. Elas receberam o nome de Escolas de Primeiras Letras.

 

Com o tema “A valorização docente em questão”, o I Seminário Internacional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) será realizado no próximo dia 19 de outubro, no Auditório do Centro Social da Soledade, na Avenida Oliveira Lima, 1209, no bairro da Boa Vista, Recife.

Além de debates sobre o papel dos professores na educação, será lançada a coleção “Trabalho Docente na Educação Básica no Brasil”, coordenada pelo grupo de estudos sobre política educacional e trabalho docente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

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As atividades fazem parte das ações em comemoração ao Dia de Mobilização Estadual pela Valorização dos Professores. Apenas os sócios do Sintepe podem participar do evento. As inscrições podem ser feitas pelos telefones (81) 2127-8852 ou 2127-8876. 

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