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O governo federal publicou anteontem no Diário Oficial da União o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que prevê acabar com os lixões e aterros controlados nos próximos dois anos - ainda há cerca de 3 mil unidades desse tipo no País. Conforme o documento, a meta até 2040 será reciclar ou recuperar 48,1% dos resíduos sólidos urbanos. Hoje, pouco mais de 2% passam por reaproveitamento.

Esse plano era esperado desde 2010, quando foi instituída por lei a Política Nacional de Resíduos Sólidos. O Planares representa a estratégia de longo prazo para colocar a política em prática. Além de diagnóstico, o Planares traz metas, projetos e ações para as próximas duas décadas. O documento deve ser atualizado a cada quatro anos.

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Ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite diz que o Planares fortalece a relação do governo com o setor privado. Segundo ele destaca, em nota, a publicação traz "mais segurança jurídica e previsibilidade para o investidor desenvolver infraestrutura física e logística para melhorar a gestão de resíduos sólidos no País, como reciclagem, reutilização e transformação de tudo isso em uma atividade verde relevante para o Brasil".

O Brasil gera 217 mil toneladas de resíduo sólido urbano ao dia. - 79 milhões de toneladas por ano. A taxa de descartes secos que, no lugar de irem parar no solo, são recuperados para reciclagem é de pouco mais de 2% da massa total. Para orgânicos, que são quase metade do lixo, é de 0,2%. A decomposição do lixo orgânico é fonte de emissão do metano, gás de efeito estufa.

Tentativas de encerrar lixões são antigas e outras metas foram descumpridas. Leis dos anos 1980 e 1990 já falavam da obrigação de descarte ambientalmente correto com previsão de sanções penais e administrativas.

Em 2010, a Política de Resíduos Sólidos previa acabar com os locais de descarte irregular em quatro anos. O Marco Legal do Saneamento Básico, de 2020, prorrogou esse prazo em capitais e regiões metropolitanas para 2021, e em cidades com menos de 50 mil moradores, para 2024. Mais de 61% das cidades faziam descarte inadequado do lixo em 2010. Em 2019, essa proporção caiu para 56%.

DEMORA

Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Silva Filho diz que a espera de mais de uma década atrapalhou. "O país acabou estagnado", critica. "Quando não tínhamos esse plano, ficávamos no abstrato. Não tinha como cobrar, exigir e monitorar." Para ele, soluções neste setor devem ser conjuntas e envolver prefeituras, governos estaduais e União.

Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP, Pedro Côrtes avalia que a meta de extinguir lixões em 2024 não é "alcançável" para pequenos cidades que carecem de recursos e estrutura. "Em 2010, se previa formar consórcios entre pequenos municípios para a construção de aterros sanitários, prevendo uma gestão conjunta de resíduos urbanos. Esse tema pouco evoluiu em 12 anos", destaca.

RECICLAGEM E VERBA

Para bater a meta de quase metade dos resíduos reaproveitados, o Planares prevê recuperar 20% de recicláveis secos e 13,5% da fração orgânica. Para o último, a ideia é que todos o municípios tenham iniciativa de valorização do resíduo, "como coleta seletiva de orgânicos, compostagem e digestão anaeróbia (processo de degradação da matéria por microrganismos, que produz biogás e digestato, com propriedades fertilizantes) em escala piloto ou comercial".

Será preciso ainda aumentar o aproveitamento energético por meio do biogás e do tratamento térmico. A ideia é de que, em 20 anos, mais de 60% do biogás de aterros sanitários e de digestão anaeróbia virem eletricidade. Com isso, há potencial de abastecer 9,5 milhões de lares. Quase 15% dos resíduos devem ser destinados a locais com tecnologia térmica para virar energia.

Outro foco é a sustentabilidade financeira. A diretriz é que toda cidade tenha alguma forma de cobrança pelo serviço. A ideia é assegurar também que 72,6% da população tenha acesso à coleta seletiva até 2040. Hoje, essa taxa é inferior a 40%.

O documento reconhece ainda o papel de associações de catadores e dos autônomos. Mas destaca que só 3,7% das prefeituras têm contrato formalizado com esses trabalhadores. Para reduzir a insegurança e a vulnerabilidade da categoria, é proposto ter 95% de formalização de contratos com cooperativas e associações de catadores nos municípios onde atuam até 2040.

O governo também deu aval ao Programa Recicla+, que cria o Certificado de Crédito de Reciclagem. Esse título comprova a restituição da massa de produtos que podem ser reaproveitados no ciclo produtivo (logística reversa). Com o programa, o governo estima investimento potencial de R$ 14 bilhões ao ano.

O certificado pode ser adquirido pelas empresas para comprovar o cumprimento das metas de logística reversa. Reciclar parte dos produtos é obrigação legal para fabricantes, importadoras, distribuidoras e comerciantes de vários itens, como agrotóxicos e eletrônicos. Os operadores do programa podem ser cooperativas de catadores, agentes de reciclagem, titulares dos serviços públicos de limpeza urbana, consórcios, empresas e microempreendedores (MEI).

Também foi lançada a nova versão do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (SINIR+). Por meio de mapas 3D, painéis e relatórios, ele reúne dados sobre a gestão do lixo no País.

O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad, se encontrou com catadores de material reciclável em uma cooperativa em Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo e defendeu a substituição de lixões por aterros sanitários, além de investimento em reciclagem.

Haddad afirmou que no período em que foi prefeito da capital paulista, de 2013 a 2016, incentivou cooperativas para coleta de materiais recicláveis. "Nós entendemos que essa política, se somar tecnologia com a disposição dessa força de trabalho para reciclagem, vamos poder acabar com os lixões no Brasil que ainda são um problema muito grande. Nem toda cidade está conseguindo cumprir a lei que prevê a instalação de aterros sanitários", argumentou.

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A lei que o presidenciável se referiu foi a de número 12.305, de 2010, que determinou que até 2014 todos os municípios deveriam substituir lixões a céu aberto por aterros sanitários, porém a maioria ainda possui depósitos de lixo sem tratamento.

Haddad também afirmou que pretende investir em equipamentos e tecnologia para reciclagem. "Somos contra a incineração. Entendemos que a economia circular é o caminho para reaproveitamento desse material sustentável do ponto de vista ecológico. Vamos expandir a experiência de São Paulo, que é uma das mais exitosas, para todo país. Inclusive com estímulos federais para a aquisição desses novos equipamentos", explicou.

O candidato petista recebeu o apoio do movimento nacional dos catadores, que reivindicam medidas do governo para promover a inclusão social. Ele assinou um compromisso com 13 propostas feitas pelos trabalhadores, como incentivar os gestores das cidades a implantarem a coleta seletiva de lixo e cederem espaços públicos para associações e cooperativas da categoria.

A quantidade de resíduos enviadas para lixões teve um aumento pelo segundo ano consecutivo. Segundo o levantamento divulgado hoje (14) pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2017 foram enviados para depósitos de lixo, sem nenhum preparo, 12,9 milhões de toneladas de resíduos urbanos, um aumento de 4,2% em relação ao volume verificado em 2016.

A quantidade representa que 18% de todos os resíduos produzidos no país e estão sendo depositados sem nenhum tipo de cuidado. Cresceu também, ligeiramente, o número de municípios que encaminham o lixo para esses locais. Eram 1.559 em 2016 e em 2017 passaram para 1.610.

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Para o presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho, o fenômeno é preocupante. Ele lembrou que esse tipo de destinação do lixo é proibida desde 1981 e foi transformada em crime ambiental em 1998. “A pior forma de destinação ainda sobrevive e recebe mais lixo de um ano para o outro”, alertou.

Em junho, o prefeito de Murutinga do Sul, no interior paulista, Gilson Pimentel, chegou a ser preso por utilizar uma área interditada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) como depósito de resíduos da cidade. Após o episódio, o prefeito decretou emergência sanitária no município por falta de local para depositar o lixo.

Falta de dinheiro

De acordo com Silva Filho, o levantamento analisou as razões dos municípios para recorrerem aos lixões. “Falta de dinheiro no cofre municipal. A hora que o município deixou de ter esse recurso, para não cortar outros serviços que supostamente são mais perceptíveis para a população, cortou o custo com a destinação final”, explicou.

Proporcionalmente, os depósitos de lixo existem em maior quantidade nas regiões Norte, onde representa 56% dos locais de destinação, presente em 252 municípios, e Nordeste, onde 48% das cidades, um total de 861 enviam os resíduos para lixões. No Norte, 35,6% do volume de resíduos, 4,5 mil toneladas por dia vão para lixões. No Nordeste, o percentual é de 31,9%, que representa 14 mil toneladas por dia.

A destinação correta do lixo, segundo a legislação vigente, só atinge 59,1% dos resíduos urbanos no Brasil. Os aterros controlados, que apesar de terem algum cuidado na disposição, ainda são irregulares, recebem 22,9% dos resíduos.

Mais lixo

O estudo também constatou um aumento na quantidade de lixo produzida. Em 2017, foram geradas 214,8 mil toneladas de resíduos urbanos por dia, um crescimento de 1% sobre 2016 e um aumento de 0,48% no volume de lixo per capita.

Sobre a coleta seletiva, o levantamento indicou que cerca de um terço dos municípios brasileiros, 1,6 mil cidades, ainda não tem nenhum tipo de inciativa para separar os resíduos de forma a permitir o reaproveitamento.

Nos últimos oito meses houve o fechamento de 54 lixões a céu aberto em operação no estado de São Paulo. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), Carlos Fernandes, a ação só se deu por conta dos avanços no cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) por parte das autoridades paulistas.

Embora os órgãos ambientais de São Paulo tenham demonstrado maior disposição em equacionar a situação dos lixões na região, os estados e municípios brasileiros ainda carecem de soluções efetivas para o problema, “existem no Brasil cerca de 3,3 mil prefeituras que ainda utilizam lixões para destinar os resíduos domésticos, e o prazo de erradicação dado pela PNRS já venceu há dois anos”, comenta o presidente.

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Carlos ressalta que o problema dos lixões é mais uma questão econômica do que exclusivamente ambiental. Ele ainda cita um estudo da Associação Brasileira de Limpeza Pública (ABLP) e mostra que para acabar com os lixões bastaria investir cerca de R$ 5,8 bilhões na construção de novos aterros sanitários, os quais teriam um custo de operação de R$ 2,6 bilhões por ano. “É um montante pequeno em relação ao total do gasto público, e equivale a R$ 2,60 por habitante por mês, o valor de um refrigerante. Mas o problema é que 80% dos municípios brasileiros estão em situação crítica”, explica Fernandes.

“Desta forma, como qualquer serviço público, a gestão de resíduos domésticos deveria ser tarifada, ter receita vinculada e atuação privada e os municípios precisam criar mecanismos que garantam arrecadação para manter os serviços essenciais de coleta e destinação de resíduos. No Estado de São Paulo, por exemplo, aproximadamente 75% dos resíduos domiciliares já vão para aterros privados”, acrescenta.   

Segundo dados da Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo ainda possui 43 lixões que estão sob intensa sindicância da nova gestão da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, Cetesb.

Os órgãos ambientais do governo paulista estão apertando o cerco contra os 43 lixões que ainda restam no Estado. Aterros inadequados de cinco municípios do interior estão fechados desde dezembro pela Secretaria do Meio Ambiente. Outros dez estão em processo de interdição.

O objetivo é eliminar os depósitos ao ar livre até o fim do ano. "Aterro que não está adequado é lixão e será fechado", disse o secretário Ricardo Salles. Na sexta, houve o fechamento do aterro de Santa Cruz do Rio Pardo, no sudoeste paulista. Vistoria da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) constatou vazamento de chorume - líquido que resulta da decomposição de material orgânico -, liberação de gases poluentes e operação acima da capacidade.

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A prefeitura vinha sendo advertida e multada desde 2004. A ação do governo estadual irritou o prefeito Otacílio Assis (PSB), que inicialmente ameaçou deixar lixo acumulado nas ruas. Em seguida, ele decretou emergência ambiental e sanitária e contratou empresa para levar os resíduos para aterro particular. A cidade de 46,3 mil habitantes produz 34 toneladas de resíduos por dia.

Em 26 de janeiro, foi interditado o aterro de Cafelândia, na região de Bauru. O lixo está sendo levado para um empreendimento particular. Com autuações desde 2011, as multas do município somam R$ 150 mil. A prefeitura informou que entrou com pedido de licença prévia para instalar aterro em área vizinha.

Na semana anterior, foi lacrado um espaço em Vargem, que funcionava em área de preservação ambiental. A prefeitura, que já havia sido multada, vai recorrer. Os aterros de Leme e Ourinhos também foram fechados. Em Leme, a prefeitura foi multada em R$ 40 mil. A de Ourinhos conseguiu liminar na Justiça para seguir colocando lixo no terreno, até obter um novo. E também recorre de multas no valor de R$ 1,5 milhão.

O próximo da lista é o lixão de Itapeva, no sudoeste paulista, que deve ser fechado ainda este mês. Também foram abertos processos de interdição dos depósitos de lixo nos municípios de Dolcinópolis, Urânia, Batatais, Serra Azul, Caconde, Santa Maria da Serra e Apiaí.

Em Itapeva, a dona de casa Rosa Maria do Carmo, de 62 anos, é vizinha há duas décadas do lixão. Ela atribui o agravamento do seu problema de saúde à poluição. "Faço tratamento contra leucemia e sofro com o mau cheiro, a fumaça e os insetos."

Segundo ela, o antigo aterro foi cercado e está com a capacidade esgotada. Por isso, os caminhões passaram a despejar lixo do lado de fora. "É um monte de entulho, misturado com garrafa plástica, pneu, restos de árvores, cachorro morto. Jogaram até restos mortais do cemitério, com pedaços de caixões."

Os dois filhos, diz a idosa, se mudaram por causa do lixo. "Tinha uma nascente onde a gente pegava água limpa e tanquinho onde as crianças brincavam, mas agora está tudo podre."

A prefeitura de Itapeva informou que a atual gestão desenvolve com a Cetesb e entidades civis um plano de trabalho para solucionar o problema. Está em andamento o projeto do novo aterro sanitário da cidade.

Regularização

Segundo Salles, em 2016, alegando dificuldades econômicas na reta final dos mandatos, os prefeitos descuidaram da operação e manutenção dos aterros sanitários. "Quando chegamos à pasta, em julho do ano passado, nos deparamos com 97 aterros inadequados. No fim do ano, esse número tinha caído para 43." O passo seguinte da secretaria estadual será fazer um pente-fino nos aterros privados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nesta terça-feira (7), o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) divulgou um balanço sobre a destinação do lixo nos municípios do estado. Constatou-se que 128 cidades (68,5%) ainda utilizam lixões a céu aberto para despejar seus resíduos sólidos.

Em apenas 17,9% há aterros sanitários para o descarte de lixo e 13,6% encontram-se no que o Tribunal chama de "situação intermediária", ou seja, jogam lixo em aterros cujas exigências ambientais não são completamente atendidas.  

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Realizado pelo Núcleo de Engenharia do TCE, a pesquisa foi feita entre janeiro e dezembro do ano passado. “A situação salta aos olhos quando se conclui que mais de 4 mil toneladas de dejetos ainda são lançadas em lixões a céu aberto todos os dias em Pernambuco", disse o auditor responsável pelo estudo, Pedro Teixeira. 

O quadro não apresenta evolução significativa se comparado aos resultados de 2014 e 2015. Há dois anos, 129 municípios (70,1%) despejavam os resíduos em lixões, praticamente o mesmo percentual registrado em 2016. 

Lei jogada no lixo

Em vigor há mais de seis anos, a Lei 12.305/2010, sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, determina a extinção de todos os lixões existentes no país. Pernambuco dispõe de dez aterros sanitários licenciados, um número bem abaixo do considerado ideal pelo Plano Estadual de Resíduos Sólidos (que seria de 54 aterros). 

As informações contidas no levantamento feito pelo Tribunal de Contas serão disponibilizadas na sua página (clique para acessar) e enviados ao Ministério Público de Pernambuco para auxiliar no monitoramento da regularização da destinação do lixo.

Com informações da assessoria

 

Uma em cada quatro cidades paulistas tem lixões a céu aberto, aponta fiscalização do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A inspeção inédita constatou que dezenas de prefeituras "descumprem amplamente" a legislação que regula o tratamento de resíduos sólidos, mantendo lixões a céu aberto e ignorando normas específicas para gestão dos rejeitos dos setores da construção civil, da saúde e agropecuária.

O Tribunal fiscalizou 163 municípios ao longo do mês de setembro. A fiscalização observou 43 itens relacionados à Lei 12.305, de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, e outras regras do setor.

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A Corte de Contas aponta que somente 51,54% dos municípios avaliados implantaram um plano de gestão integrada dos resíduos sólidos e que 19,63% nem sequer iniciaram sua elaboração.

Quase um quarto dos municípios (23,31%) ainda acumula os resíduos sólidos orgânicos e inorgânicos a céu aberto nos lixões - proibidos por lei desde 1981-, que atraem catadores expostos à contaminação, aves de rapina e outros animais, destaca nota divulgada pelo Tribunal nesta terça-feira, 1º de novembro.

Segundo o TCE, mesmo entre os municípios que levam os resíduos para aterros, poucos fazem algum tipo de tratamento no material antes de descartá-lo, como reciclagem (11,73%),reutilização (1,23%) ou compostagem (2,47%).

Além disso, 13,58% dos aterros não possuem licença de operação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

A fiscalização apontou ainda que não há qualquer tipo de coleta seletiva em 36,20% das cidades avaliadas. Nas demais, a coleta seletiva atende uma parte do serviço de recolhimento do lixo. Apenas 3,11% das prefeituras conseguem selecionar entre 75% e 100% do material.

Somente 62,58% dos municípios gerenciam o material descartado pelos serviços de saúde e 71,17% não dispõem de área específica para armazenamento.

Na parte de resíduos da construção civil - que demandam gestão especial por conterem substâncias perigosas à saúde, como amianto -, 58,28% dos municípios não possuem plano para coleta, transporte e destinação final.

Em relação aos empreendimentos do setor agropecuário e de florestas plantadas, que são obrigados a elaborar plano específico, 88,96% das prefeituras não fiscalizam sua execução e 85,89% não preveem qualquer punição para aqueles que o descumprem.

O tratamento de doenças relacionadas ao descarte inadequado do lixo pode custar US$ 370 milhões por ano ao sistema de saúde pública do Brasil, de acordo com um novo estudo que avaliou o impacto dos mais de 3 mil lixões do País sobre a saúde o meio ambiente. Divulgado na segunda-feira (28), o trabalho inédito foi realizado pela International Solid Waste Association (ISWA), em parceria com o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana e com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza.

Segundo o levantamento, cerca de 75 milhões de brasileiros têm seus resíduos destinados a lixões ou outros locais impróprios. De acordo com o coordenador do estudo, o grego Antonis Mavropoulos, da ISWA, pessoas que moram perto dos lixões, catadores de materiais recicláveis e trabalhadores de limpeza urbana são os principais afetados. "As doenças se propagam por contaminação de água, solo, ar, fauna e flora", disse.

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O trabalho analisou a produção de resíduos sólidos no Brasil entre 2010 e 2014 e concluiu que cerca de 1% da população desenvolve doenças. "O custo para o SUS no tratamento dessas doenças é de US$ 500 por pessoa", afirma Mavropoulos. "Nossa estimativa é de custos anuais de US$ 370 milhões por ano, totalizando US$ 1,85 bilhão em cinco anos".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plenário do Senado aprovou na noite desta quarta-feira um projeto que prorroga até julho de 2018 o prazo para que capitais de Estados encerrem os lixões. A proposta, que seguirá para a Câmara dos Deputados, cria cinco prazos diferentes para o fim dos lixões, conforme o tipo de município.

O prazo previsto na Lei 12.305 de 2010 determinava que os lixões seriam todos fechados no País até o dia 3 de agosto de 2014. Contudo, o prazo encerrou-se e uma subcomissão temporária do Senado propôs a extensão dessa exigência até o dia 3 de agosto de 2016.

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O Senado, porém, por meio de uma comissão especial que discute o pacto federativo, apresentou uma nova proposta de transição. Segundo o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), relator do projeto, a prorrogação do prazo por um ano seria insuficiente para a o encerramento dos lixões.

Pela proposta aprovada em plenário, capitais e municípios integrantes de regiões metropolitanas (RM) ou de regiões integradas de desenvolvimento (RIDE) têm até 31 de julho de 2018 para acabar com as atividades do lixão; municípios com população superior a 100 mil habitantes até 31 de julho de 2019; municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes até 31 de julho de 2020; e municípios com população inferior a 50 mil habitantes até 31 de julho de 2021.

O texto também prorrogou o prazo para que Estados e municípios elaborem seus respectivos planos de gestão integrada de resíduos sólidos. O prazo havia sido prorrogados até 2012. Agora, Estados e municípios com população igual ou superior a 50 mil habitantes terão até 31 de julho de 2017 para apresentá-los; e municípios com população inferior a 50 mil habitantes até 31 de julho de 2018.

"A elaboração desses planos constitui condição para os Estados, o Distrito Federal e os municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos fiscais ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade", explicou Bezerra, em seu parecer.

A presidente Dilma Rousseff (PT) vai vetar um dispositivo aprovado na Medida Provisória 651 que prorroga o prazo para as prefeituras transformarem os lixões em aterros sanitários. A medida trata de questões tributárias, mas veio da Câmara dos Deputados para o Senado com um artigo que joga de agosto deste ano para agosto de 2018 o prazo para os municípios cumprirem a legislação aprovada em 2010.

Embora a MP tenha sido aprovada pelos senadores, o líder do governo, José Pimentel (PT-CE), avisou que a presidente Dilma Rousseff está decidida a vetar o artigo no momento de transformar o projeto em lei (sanção). A aprovação do dispositivo aconteceu após um acordo firmado entreo governo e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). 

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O adiamento em dois anos, associado à ajuda orçamentária, seria, de acordo com Jucá, uma solução para contemplar as reivindicações dos municípios que afirmam não terem condições de cumprir o que determina a Lei 12.305/2010, conforme uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A maioria dos municípios não instalou ou tem dificuldades em instalar aterros sanitários para a destinação adequada dos resíduos sólidos.

A presidente Dilma Rousseff vai vetar o dispositivo aprovado na Medida Provisória 651 que prorroga até 2018 o prazo para as cidades transformarem os lixões em aterros sanitários, dando destino adequado a resíduos sólidos. "Há a decisão de vetar", anunciou nesta quarta (29), o líder governista no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE).

Um acordo foi costurado pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) para que a MP 651 fosse aprovada. A medida regulamenta a desoneração da folha de pagamento e reabre o programa de parcelamento de débitos tributários de empresas e pessoas físicas (Refis da Crise). A inclusão dos lixões causou atrito entre a oposição e a base aliada do governo. Por isso, definiu-se que Dilma vetaria o trecho e resgataria o tema em outra medida provisória.

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"Para esse artigo, vamos apresentar na MP 656 um dispositivo que prevê a prorrogação por dois anos e garante recursos federais para a implementação da política de resíduos sólidos do Brasil", afirmou Jucá. O senador sinalizou que a decisão virá acompanhada de mais recursos da União para as prefeituras. "Se nós apenas prorrogarmos o prazo, sem nenhum tipo de ajuda aos municípios para realizarem esses aterros sanitários, nós estaremos apenas postergando o cumprimento de uma lei que não será cumprida."

Os prefeitos pressionam pela extensão do prazo. A data limite era 2 de agosto deste ano, causando insegurança jurídica para os municípios que descumprissem a determinação de instalar aterros sanitários.

Educação

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado também aprovou ontem um projeto de lei que determina que Estados e municípios só terão acesso a recursos da União para limpeza urbana ou a incentivos e financiamentos de bancos federais se incluírem em seus planos de tratamento de resíduos sólidos campanhas educativas para a população.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Prefeitos de 147 municípios de Pernambuco não assinaram o Termo de Ajustamento Ambiental (TCA) proposto pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), sobre a situação dos lixões do Estado. Nesta quinta (2), a entidade judicial deu um ultimato aos gestores municipais que devem, entre outras ações, substituir os depósitos de resíduos sólidos irregulares por aterros sanitários. 

Até o momento, só assinaram o documento os seguintes municípios: Afrânio, Amaraji, Araripina, Barra de Guabiraba, Buenos Aires, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Camutanga, Carpina, Chã Grande, Condado, Cortês, Dormentes, Escada, Ferreiros, Ibimirim, Jatobá, João Alfredo, Lagoa do Carro, Lagoa Grande, Lagoa de Itaenga, Limoeiro, Orocó, Pesqueira, Petrolândia, Petrolina, Pombos, Primavera, Ribeirão, Salgadinho, São Caetano, São Lourenço da Mata, Tacaratu, Taquaritinga do Norte, Timbaúba, Trindade e Vitória de Santo Antão.

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De acordo a Lei Federal 12.305/2010, todos os lixões do País deveriam ter sido extintos até o dia 2 de agosto de 2014. Em Pernambuco, de todos os 184 municípios, apenas seis têm aterro sanitário: Jaboatão dos Guararapes, Rio Formoso, Igarassu, Garanhuns, Arcoverde e Petrolândia. No total, 26 cidades são beneficiadas com os aterros já existentes, mas o restante continua a depositar resíduos de forma equivocada. A lei determina a construção de um Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos (PGIRS).

Segundo o procurador-geral do MPPE, Aguinaldo Fenelon, os prefeitos precisam aderir ao documento o mais rápido possível. “Os que quiserem evitar problemas têm que procurar o MPPE com a máxima urgência. No início da próxima semana, as denúncias começarão a ser assinadas e formalizadas”, determinou Fenelon. Caso não procurem o Ministério, os prefeitos serão alvos de medidas judiciais cíveis e criminais.

O embate para solucionar a situação dos lixões em Pernambuco parece ter chegado ao fim. Na próxima terça-feira (26), às 9h, na sede da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), acontecerá a assinatura do Termo de Compromisso Ambiental (TCA) que tem o intuito de atender as políticas nacional e estadual de Resíduos Sólidos. O documento foi elaborado em conjunto com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

Desde o dia 2 de agosto os municípios estão atrasados enquanto o prazo para extinção dos lixões e construção de aterros sanitários licenciados. Para erradicar a prática e impedir o surgimento de lixões ou locais de descarte inadequado de resíduos sólidos, o MPPE propôs o TCA que amplia o prazo, por tempo indeterminado, para início da “aplicação e indução, contínuas e ininterruptas, das Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos”. 

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Previsto no documento também está a necessidade de adotar solução consorciada ou compartilhada na gestão do lixo, além da implementação de coleta seletiva e fomenta à separação dos resíduos. Os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos devem se manter atualizados e em operacionalização. É dever da Prefeitura estimular um sistema de compostagem descentralizada pela população. 

Os gestores que não assinarem o Termo de Compromisso Ambiental, segundo o MPPE, serão “responsabilizados mediante ajuizamento de ação civil pública, ação de improbidade administrativa e ação penal por crime ambiental”. Outra incumbência de cada município é fomentar as organizações de catadores de lixo, peças fundamentais em todo o processo sustentável dos resíduos sólidos. 

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) deu mais um voto de confiança aos prefeitos dos municípios do Estado em relação ao prazo para regularização dos lixões a céu aberto. Em reunião realizada na Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), nesta terça-feira (5), o Termo de Compromisso Ambiental proposto pelo MPPE foi novamente debatido e novos encontros agendados. 

De acordo a Lei Federal 12.305/2010, todos os lixões do País deveriam ter sido extintos até o dia 2 de agosto de 2014. Em Pernambuco, de todos os 184 municípios, apenas seis têm aterro sanitário: Jaboatão dos Guararapes, Rio Formoso, Igarassu, Garanhuns, Arcoverde e Petrolândia. No total, 26 cidades são beneficiadas com os aterros já existentes, mas o restante continua a depositar resíduos de forma equivocada. A lei determina a construção de um Plano de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos (PGIRS).

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Pressionados, os prefeitos pediram ao Ministério Público novos prazos para o cumprimento das demandas. Nesta fase ainda de diálogo e acerto de contas, a Justiça garantiu que nenhum gestor público será multado. No Termo de Compromisso, o MPPE apresenta 80 ações divididas em 13 eixos principais. A principal preocupação é, de fato, em relação aos prazos e aos custos operacionais de algumas ações, como a destinação correta do lixo, implantação de coleta seletiva e remediação das áreas degradadas pelos lixões. 

Dos 13 itens, apenas quatro foram revistos na última reunião. Para continuar o processo de avaliação, a equipe técnica da Amupe agendou uma nova discussão com o Ministério Público para o dia 12 de agosto, porém determinou para o dia 19 uma assembleia geral na qual os prefeitos do Estado devem estar presentes. O objetivo é a assinatura do Termo de Compromisso Ambiental com todas as formatações atualizadas. 

Audiência no Agreste

Na manhã desta quarta-feira (6), a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) realiza uma audiência pública sobre o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental da Central de Tratamento de Resíduos (CTR) de Caruaru. A opção está sendo proposta para ser implantada no 4º Distrito caruaruense, dentro de uma área de 82,11 hectares, correspondente à antiga Fazendo Cachoeira da Onça. 

A concepção da CTR Caruaru se baseia na implementação de um aterro sanitário e um aterro industrial para recebimento de rejeitos da classe I, considerados mais perigosos ao ambiente. Os recursos para o projeto devem ser todos provenientes da iniciativa privada e a sua operação se espelha nos modelos da CTR Candeias, já instalado em Jaboatão, e a CTR Pernambuco, em Igarassu. 

Preocupado com a possibilidade de prefeitos virarem alvo de ações judiciais em pleno ano eleitoral, o Palácio do Planalto decidiu dar aval à iniciativa de parlamentares de estender o prazo do fim dos lixões, fixado para 2 de agosto deste ano, neste sábado.

Considerado um marco na legislação ambiental, a lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos prevê punições como detenção e multa de até R$ 50 milhões para os gestores que cometerem infrações, como não implementar aterros sanitários para a destinação final adequada dos rejeitos.

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É justamente para evitar essas punições que o governo e o Congresso Nacional se mobilizam. Por meio de uma emenda a Medida Provisória 651, o deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) tenta viabilizar o adiamento por oito anos do fim dos lixões - ou seja, para 2022. "A grande maioria dos municípios brasileiros, pela situação financeira que enfrentam, ainda não conseguiu se adequar às exigências da lei", comentou o deputado. A MP trata de uma série de assuntos, como isenção de imposto e tributação de operações de empréstimos, e só deverá ser votada em setembro.

O governo, por sua vez, concorda com o adiamento, mas não por oito anos. Segundo o Estado apurou, o Palácio do Planalto vê com bons olhos a possibilidade de se fixar prazos variados para o fim dos lixões, conforme a economia e o número de habitantes do município. Segundo um auxiliar da presidente Dilma Rousseff, o ideal seria não estabelecer um prazo "leniente" nem "draconiano" para os gestores municipais.

Dentro do Planalto, considera-se que a questão precisa ser resolvida pelo próprio Congresso Nacional, já que o projeto de lei que fixou o prazo para o fim dos lixões tramitou por quase duas décadas no Legislativo, antes de ser sancionado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto de 2010.

"Precisamos garantir que os prefeitos não sejam criminalizados e que se cumpra a lei dentro de um prazo mais razoável", disse uma fonte ao Estado, descartando a possibilidade de o governo optar por um decreto ou medida provisória para tratar do tema. Mesmo assim, o Planalto cogita usar bancos públicos para abrir linhas de crédito e financiar a construção de aterros sanitários.

Desafios

A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos esbarra numa série de dificuldades no Brasil. A coleta seletiva, um dos pilares na gestão do lixo, não é plenamente difundida no País: 40,2% dos municípios não têm iniciativas desse tipo, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza (Abrelpe).

Levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) constatou que 46,5% dos municípios pesquisados de até 100 mil habitantes não têm plano de gestão integrada de resíduos sólidos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A cinco meses de entrar em vigor, a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) ainda provoca debates sobre os prazos estipulados e sobre a responsabilidade de diferentes setores da sociedade no reaproveitamento dos resíduos.

"É uma dificuldade porque, quando a lei fala de responsabilidade compartilhada, ela está inserindo a indústria, o comércio, o consumidor e o poder público. Resta definir qual é a parcela de responsabilidade de cada um desses atores", disse o diretor vice-presidente da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), Nelson Bugalho, no seminário realizado nesta quarta-feira, 26, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio SP).

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Além do reaproveitamento, foi discutida no evento a possibilidade de não cumprimento de prazos. Entre os exemplos, está a erradicação dos lixões - que deveria, segundo a lei, ocorrer também em agosto. "A nossa missão é cumprir a lei. Sabemos, entretanto, que os municípios estão legitimamente preocupados com isso. O que vai acontecer agora é um processo político de negociação com o Congresso e com a Casa Civil",disse o Secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério de Meio Ambiente, Ney Maranhão.

Em entrevista ao Estado, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CFN), Paulo Ziulkoski, disse que eles pediram na segunda-feira a prorrogação do prazo para erradicação. "Deixamos claro que não é apenas a questão da data. Os municípios precisam de financiamento, mão de obra e estrutura técnica para que a lei seja efetivamente cumprida." De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea), divulgado em 2012, o País ainda tem 2.906 lixões em 2.810 municípios.

O Brasil tem 2.906 lixões em atividade e das 189 mil toneladas de resíduos sólidos produzidas por dia apenas 1,4% é reciclado. Mudar esse quadro –  acabando com os lixões até 2014 e aumentando o percentual de reciclagem – é uma das principais metas da 4ª Conferência Nacional de Meio Ambiente, que este ano vai discutir a geração e o tratamento dos resíduos sólidos. O evento ocorre em Brasília, de 24 a 27 de outubro.

O tema ganhou relevância após a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305, de 2010, que determina que todos os municípios tenham um plano de gestão de resíduos sólidos para ter acesso a recursos financeiros do governo federal e investimento no setor.

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Os 1.352 delegados debaterão a PNRS com base nas propostas apresentadas nas 26 etapas estaduais e na etapa distrital e nas 643 conferências municipais e 179 regionais que mobilizaram 3.602 cidades e 200 mil pessoas. A conferência terá quatro eixos temáticos: produção e consumo sustentáveis, redução dos impactos ambientais, geração de emprego e renda e educação ambiental.

Na etapa nacional, será produzido um documento com 60 ações prioritárias, sendo 15 por eixo. “O governo vai deter sua atenção nessas ações demandadas pela conferência para implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos,” disse o diretor de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Geraldo Abreu. Esses resultados constarão na carta de responsabilidade compartilhada da 4ª CNMA.

Pela Lei 12.305, após 2014 o Brasil não poderá mais ter lixões, que serão substituídos pelos aterros sanitários. Além disso, os resíduos recicláveis não poderão ser enviados para os aterros sanitários e os municípios que desrespeitarem a norma podem ser multados.

O desafio é grande: existem quase 3 mil lixões no Brasil para serem fechados no prazo fixado na PNRS, apenas 27% das cidades brasileiras têm aterros sanitários e somente 14% dos municípios brasileiros fazem coleta seletiva do lixo. “Precisamos transformar os resíduos em matéria-prima para que o meio ambiente não seja tão pressionado. Perdemos potencial econômico com a não reutilização dos produtos”, explicou Abreu. Segundo o MMA, se os resíduos forem reaproveitados podem valer cerca de R$ 8 bilhões por ano.

“A gestão de resíduos sólidos, até a publicação da lei, se deu de forma muito desordenada, trazendo uma série de prejuízos à população. Vimos proliferar lixões por todo o Brasil, com desperdício de recursos naturais que, pela ausência de um processo de reciclagem, acabam indo para esses locais inadequados”, disse Abreu.

A conferência vai discutir, entre outras medidas, o fortalecimento da organização dos catadores de material reciclável por meio de incentivos à criação de cooperativas, da ampliação da coleta seletiva, do fomento ao consumo consciente e da intensificação da logística reversa, que obriga as empresas a fazer a coleta e dar uma destinação final ambientalmente adequada dos produtos.

Os 2.906 lixões oficialmente existentes no País precisam ser fechados até agosto de 2014, segundo determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos, mas a situação atual nos municípios é "dramática, em muitos casos de abandono, por falta de investimento público", avalia o procurador Sávio Bittencourt, presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa).

Segundo ele, a questão foi definida como prioritária pela entidade, que realiza seu congresso anual a partir do próximo dia 17, em Vitória (ES). Lá, promotores da área ambiental de todo o País serão incentivados a priorizar o tema dos resíduos sólidos e do saneamento básico em seus Estados. "Há prazos e esses prazos serão cobrados dos gestores públicos", diz Bittencourt. "O que estamos querendo é fomentar soluções. Os municípios que quiserem terão o Ministério Público como parceiro numa articulação. Não dá para deixar tudo para a última hora e dizer que não deu tempo."

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A promotora Isabela Cordeiro, dirigente do Centro de Apoio de Meio Ambiente e Urbanismo do MP do Espírito Santo, diz que foi preparada em conjunto com o Tribunal de Contas uma portaria definindo metas para revisão dos contratos de lixo, implementação de coleta seletiva e destinação final adequada no Estado. Há 105 lixões mapeados no Espírito Santo. O objetivo é discutir com as prefeituras um modelo a ser adotado.

Segundo Isabela, o foco da estratégia do MP é evitar a judicialização. "O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) é um instrumento extra judicial em que as partes acordam prazos para sanar uma não conformidade. Nosso foco será assinar esses termos. Obviamente o município não pode ser obrigado a fazer isso. Se não assinar, aí vamos ter de entrar com ações de improbidade e criminais." Segundo a Abrampa, haverá treinamento para as comarcas e distribuição de kits para fundamentar as ações.

Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), existem 2.906 lixões distribuídos em 2.810 municípios do País, mais da metade do total. O problema é mais grave em cidades de pequeno porte e na Região Nordeste. De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), são necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões do País em aterros sanitários até 2014. A entidade reclama da "falta auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações da lei".

Paralelamente à questão da recuperação dos lixões, os municípios precisam começar a fazer a coleta seletiva, que é ínfima no País. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 17,9% das cidades a realizam, principalmente no Sul e no Sudeste. Mas isso na maioria das vezes só ocorre em alguns bairros e precariamente. "Um grande volume de resíduos vai para o lixo desnecessariamente. Não adianta ser uma coisa impositiva. Precisamos mobilizar a sociedade a aderir. Teremos campanhas de educação ambiental", diz a promotora capixaba.

No caso do Rio, o governo promete acabar com os lixões dentro do prazo, mas até o fim do ano passado apenas 4 dos 92 municípios fluminenses tinham concluído seus planos de resíduos sólidos. Em novembro, o secretário do Ambiente, Carlos Minc, comemorou no Twitter: "Fechamos todos os lixões da Baía de Guanabara, retirando um Maracanã de chorume por semana de suas águas." Nesta terça-feira, porcos fuçavam detritos em um lixão na Praia da Luz, em São Gonçalo, em um manguezal às margens da baía. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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