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O governo retorna do recesso legislativo focado na votação do novo Código do Processo Civil (CPC) e nas matérias com urgência constitucional, entre elas o Marco Civil da Internet, já pautado pelo presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). "Esta votação (Marco Civil da Internet) está há mais de um ano para acontecer e, portanto, é inevitável que ocorra agora", avaliou nesta quinta-feira, 30, o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Tema de atrito entre o PT e o PMDB, o Marco Civil da Internet é uma das matérias com urgência constitucional que trancam a pauta da Câmara. Os peemedebistas, liderados pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não aceitam a exigência do atual relatório de manter os datacenters em território nacional e também criticam a forma como o texto trata a questão da neutralidade da rede.

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Na pauta elaborada por Henrique Alves, o Marco Civil da Internet é o terceiro item, atrás do novo Código do Processo Civil e da Medida Provisória 625, que abre crédito de R$ 60 milhões para o Ministério de Minas e Energia.

De acordo com Chinaglia, que esteve reunido nesta manhã com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e com os líderes do governo no Senado e no Congresso, senadores Eduardo Braga (PMDB-AM) e José Pimentel (PT-CE), a ideia é aproveitar os próximos dias para intensificar as negociações com os demais partidos para discutir a votação do Marco Civil da Internet e das demais proposições.

Nesse sentido, na próxima segunda-feira, 3, após a sessão de abertura dos trabalhos legislativos de 2014, Chinaglia e Ideli devem realizar uma reunião com as lideranças da base aliada para tratar da pauta para este ano. "Nós temos na pauta o Marco Civil da Internet, mas sabemos que nem todos os partidos estão de acordo com o relator. Vou fazer isso até segunda-feira e, se algum partido não tem concordância, vamos tentar fazer aproximações", concluiu o petista.

Além do CPC e do Marco Civil da Internet, Chinaglia disse que o governo estará com suas atenções voltadas para as demais proposições que estão obstruindo a pauta. Entre elas está a vinculação dos recursos oriundos da multa adicional de 10% sobre o FGTS nos casos de demissão sem justa causa e a reserva de 20% das vagas do funcionalismo público federal para negros.

Também está prevista a votação, no retorno do recesso, de Medidas Provisórias editadas no final do ano passado. A mais polêmica, cuja votação, segundo Chinaglia, será "suada", é a MP 627, considerada pelo petista uma "minirreforma tributária" e que altera a legislação relativa ao Imposto Sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), entre outros.

Cenário econômico

Em coletiva de imprensa pouco depois de encerrado o encontro na Secretaria de Relações Institucionais, Chinaglia também disse que o governo e o Legislativo deverão manter a preocupação de evitar a análise de matérias que possam trazer impacto nas contas públicas, as chamadas "pautas bombas". "É natural que seja assim. Não só o Executivo como o Legislativo têm que ter essa preocupação frente à turbulência da economia mundial", justificou.

Esse argumento foi utilizado pelo governo federal no final do ano passado para evitar a votação de matérias que trouxessem mais gastos para a administração pública, entre eles uma proposta que visava à criação de um piso nacional para agentes comunitários de saúde e de endemias.

Entre os dias 23 e 24 de abril do próximo ano São Paulo será sede de um encontro global de líderes que vão discutir sobre governança no mundo virtual: a Reunião Multissetorial Global sobre Governança na Internet. Além de representantes da sociedade civil, estarão presentes empresas e acadêmicos, todos unidos em prol dos direitos dos cidadãos na rede.

A expectativa é que assuntos como o Marco Civil e a espionagem praticada pelos Estados Unidos, delatada por Snowden, sejam discutidos. Um dos motivos para a realização da conferencia foi a assinatura de uma resolução entre Brasil e Alemanha, tratando, justamente, do direito à privacidade. No documento, está previsto que todas as pessoas devem ter, na internet, os mesmos direitos que possuem fora dela.

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O relator do Marco Civil da Internet, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), apresentou nesta quarta-feira (11), uma nova versão do texto facilitando a retirada de conteúdos publicados na internet. Juizados especiais poderão ser acionados e, no caso de imagens e vídeos de nudez e sexo, a retirada poderá ser feita apenas com a notificação. Como o Estado já tinha antecipado, foi incluído um trecho para garantir a operadoras de telefonia modelos de negócio com vendas de pacotes por velocidade e com franquia de dados. Consta ainda a obrigação para provedores de aplicações guardarem registros de acesso.

Mesmo com a apresentação do novo relatório, a tendência é que a votação fique para 2014. O governo tem utilizado a proposta para trancar a pauta da Câmara e impedir a análise de propostas de alto impacto fiscal, como o estabelecimento de um piso nacional para agentes comunitários da saúde. O líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), tem ainda resistências quanto ao texto do Marco Civil e já discutiu o tema na noite de terça-feira com os ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).

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No texto original, a previsão era de que os provedores de aplicações só eram obrigados a retirar conteúdo por uma "ordem judicial específica". Na nova redação, permite-se acionar os juizados especiais em casos relacionados "à honra, à reputação ou a direitos de personalidade" para pedir tanto a retirada quanto a reparação econômica. É possível, inclusive, conseguir a retirada por meio de liminar.

Em relação aos casos de nudez e sexo, o novo relatório prevê que os provedores devem retirar o material quando receberem notificação específica da vítima. Molon afirma que incluiu o tema para dar uma resposta sobre os casos recentes de jovens que chegaram a cometer suicídio após a divulgação de vídeos íntimos. O texto prevê que caso não realizem a retirada dos conteúdos os provedores passam a responder conjuntamente por eventual crime praticado.

Modelo de negócios - Para atender aos pedidos das teles, o relator apresentou na nova versão do texto garantindo expressamente a "liberdade de modelo de negócios". O tema é descrito como um dos princípios do projeto. As operadoras de telefonia demonstraram resistência ao Marco Civil da Internet por entender que o conceito de neutralidade da rede estava muito amplo.

O temor é de que fosse proibida a venda de pacotes com diferentes velocidades e modelos de negócios com franquias de dados. Molon sustenta que isso nunca esteve proibido, mas mudou o texto para atender ao desejo das teles. Não há alteração, porém, no artigo sobre neutralidade da rede, que impede a discriminação por conteúdo.

Contemplando recomendações de órgãos de seguranças, o novo texto estende para provedores de aplicação a exigência de guarda de registros dos usuários, antes restrita aos de conexão. As empresas que atuam na área e que tenham fim econômico são obrigadas a guardar os dados por seis meses, sob sigilo. O dado só pode ser repassado por ordem judicial ou requisição de autoridade policial ou Ministério Público.

Molon manteve no texto a possibilidade de o Executivo obrigar os provedores a instalar datacenters no País. A medida é tida pela presidente Dilma Rousseff como fundamental no combate à espionagem, mas encontra forte resistência no Congresso.

O Marco Civil da Internet ganhou ontem (6) o apoio que faltava para sua aprovação na Câmara. Durante reunião do Conselho Consultivo da Anatel, o diretor-executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy, afirmou que o "setor de telecomunicações" chegou a um acordo com o relator do projeto de lei nº 2126/11, Alessandro Molon (PT-RJ) sobre o princípio de neutralidade de rede, pacificando sua oposição ao texto.

"O texto já chegou à Casa Civil e, agora, o setor de telecomunicações é favorável à votação", disse Levy. O projeto tramita em regime de urgência a pedido da presidente Dilma Rousseff desde o fim de outubro e, após ser adiado diversas vezes, tinha sua votação esperada só para 2014. Com a conquista do apoio do setor, que representa a maior forte oposição ao projeto, há chances de o PL ser votado ainda em 2013.

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A maior reivindicação das teles era quanto a exigência expressa no novo texto apresentado no início de novembro pelo relator, de tratamento isonômico de dados pelas operadoras. Segundo Levy, a medida atrapalharia os negócios das empresas, barrando a oferta de pacotes de dados e velocidades variados. Apesar de o relator negar que o atual texto levante tais barreiras, com o acordo a redação será alterada e passará a manifestar explicitamente que o Marco Civil não trata de modelos de negócios - afirmação que já havia sido feita durante entrevista coletiva, em novembro.

Em entrevista ao Estado, o deputado Molon havia dito que tentaria adequar o texto às exigências dos setores opositores desde que não afetasse o que chama de "princípios", sendo a neutralidade um deles. Após ser aprovado pela Casa Civil, o projeto volta para a Câmara para ser apreciado pelo plenário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na contramão da expectativa de alguns parlamentares e do desejo do governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que a votação do projeto que estabelece o Marco Civil da Internet (PL 2.126/11) está longe de ser concluída e não deve ocorrer nesta terça-feira (26). O debate sobre a neutralidade da rede é o ponto de maior divergência.

“O impasse continua e não há viabilidade de votação. Mas vou reunir com líderes porque esta Casa não pode ficar com a pauta trancada por esse projeto, pelo projeto do FGTS [PL 328/13, que destina multa adicional de 10% do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para o Programa Minha Casa, Minha Vida], e do porte de armas [para agentes penitenciários, do PL 6.565/13]. Quero ver com líderes como desobstruir a pauta”, lamentou.

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Todos os projetos citados pelo presidente da Câmara trancam a pauta da Casa e serão assunto da reunião de líderes, marcada para o início desta tarde. Henrique Alves quer aproveitar a reunião com as lideranças partidárias para definir matérias que podem ser votadas mesmo com a pauta trancada, como o projeto do novo Código de Processo Civil (PL 8.046/10).

“A Casa sabe que tem pauta remanescente importante e não vejo sentido ficarmos com a pauta trancada nas semanas finais de trabalho legislativo. Tem uma pauta de projetos importantes que precisa ser votada antes do recesso”, argumentou.

O texto básico da proposta do novo CPC foi aprovado no início do mês, mas ainda há pontos polêmicos que precisam ser definidos. Não há consenso, por exemplo, em torno do dispositivo que determina o pagamento aos advogados públicos federais de honorários por causas ganhas para a União, como ocorre na iniciativa privada.

O líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), disse que a base aliada vai tentar votar o CPC na sessão extraordinária prevista para a tarde desta terça. Segundo ele, as lideranças que apoiam o governo na Casa querem apresentar um requerimento para esvaziar a pauta da sessão ordinária do início da tarde, para que a votação do novo código possa ser concluída.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, avaliou nesta segunda-feira, 18, que não existem justificativas técnicas ou políticas para que não se exija a construção de datacenters no País para o armazenamento de dados de navegação dos usuários de internet. Esse é o ponto que gera mais discussão em torno da proposta de marco civil da internet que tramita no Congresso. "Não queremos imputar custos altos para as empresas do setor, tanto que o governo já abriu mão dos tributos que incidem sobre esses equipamentos", afirmou.

O ministro voltou a comentar os casos de espionagem por agências internacionais de inteligência e disse que o governo dos Estados Unidos já foi convidado para a reunião global sobre o futuro da governança da internet que será realizada em São Paulo nos dias 23 e 24 de abril do próximo ano. Essas declarações, inclusive, foram feitas durante o anúncio da realização da Conferência Internacional sobre Governança Global da Internet, em abril do próximo ano, em São Paulo.

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"Sou a favor do monitoramento pode segurança para se evitar crimes cibernéticos, mas sou contra o fato de um país quebrar o sigilo do mundo inteiro. Espionar a presidente Dilma Rousseff e a chanceler Angela Merkel (da Alemanha), ou espionar a Petrobras, não tem nada a ver com segurança nacional", completou.

O jornal britânico Financial Times pede que a presidente Dilma Rousseff repense a adoção de novas regras para a internet. No principal editorial da edição desta quarta-feira, 13, a publicação argumenta que algumas ideias do Marco Civil da internet podem prejudicar economicamente o Brasil e ainda levariam outras nações a seguirem a regra brasileira. Com o título "Brasil indo longe demais na segurança na internet", o jornal classifica a proposta como "protecionista" e diz que o Brasil é "o único país que pode influenciar" o debate deflagrado pela denúncias de espionagem da Casa Branca.

"Mais que qualquer outro, o país que pode influenciar a forma como essa polêmica se desenvolve é o Brasil. A presidente Dilma Rousseff expressou fúria contra as revelações de espionagem dos Estados Unidos. Consequentemente, o governo reagiu com um extenso conjunto de medidas destinadas a proteger brasileiros do que se considera uma máquina de vigilância dos EUA fora do controle", diz o editorial.

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O principal ponto criticado pelo FT é a proposta que exige que todas as informações sobre o uso da internet pelos brasileiros fiquem armazenadas no País. "Esta medida teria grandes implicações. Exigiria que as empresas de internet dos EUA que operam no Brasil teriam de duplicar sua infraestrutura já existente com a criação de enormes e caros centros de dados no País. Isso, inevitavelmente, faria com que essas empresas se perguntassem se devem restringir suas operações no Brasil", diz o texto. "Isso seria ruim para competitividade e prejudicial para o setor de tecnologia brasileiro", completa o texto.

Além de prejudicar o Brasil, o FT argumenta que a adoção dessas medidas seria "ruim para a liberdade global da internet". Ao afirmar que o mundo pode ser dividido entre dois grupos - um com liberdade total na rede liderado pelos EUA e outro com controle da web reunindo China, Rússia e Irã -, o editorial diz que Brasil, Turquia e Indonésia compõem um grupo "que vacilou sobre qual caminho tomar". "Se o Brasil, o segundo maior mercado mundial do Facebook, se tornar um defensor do protecionismo na internet, outros o seguirão."

Apesar de criticar a proposta brasileira, o FT diz que a culpa da reação brasileira é dos EUA. "A presidente do Brasil tem direito de se sentir seriamente prejudicada", diz o texto, que pondera, porém, que o resultado das medidas propostas poderia ser negativo para o País. "É ruim para o Brasil, que pode sofrer economicamente, e isso é ruim para a rede mundial de computadores, que corre o risco de entrar em uma era de fragmentação e regulação. Dilma precisa pensar novamente", diz o texto.

O Projeto de Lei do marco civil na internet (PL 2.126/2011) que tramita na Câmara Federal dos Deputados divide opiniões de parlamentares, mas é defendido pelo deputado federal Mendonça Filho (DEM) mantendo o conceito de neutralidade da rede. Segundo o deputado, o principal obstáculo à proposta que balizará o uso da internet no País vem da própria base do governo que não fechou acordo para votação nessa terça-feira, 12/11, após reunião do colégio de líderes. 

De acordo com Mendonça Filho, a neutralidade é essencial para garantir o acesso igualitário ao conteúdo disponível na rede a todos os usuários. “A posição do Democratas é favor da neutralidade que assegura a democracia plena na rede mundial da internet. Ao mesmo tempo, defendemos princípios como liberdade de expressão e conceitos que oferecem e garantem ao internauta a condição de livre circular e livre receber ideias dentro do mundo da internet”, frisou o parlamentar.

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O líder em exercício do Democratas, irá propor algumas modificações ao relatório do deputado Alessandro Molon (PT-RJ). A principal delas refere-se ao artigo 12 que faculta ao Poder Executivo a permissão de obrigar empresas provedoras a instalarem data centers no Brasil. “Ao nosso ver, essa regra, só vai encarecer o custo de operação na internet no Brasil e, de certo modo, expor o país frente ao mundo porque nenhum país obriga um provedor de internet ou mesmo um provedor de conteúdo a ter data center no seu respectivo país.. Então, a gente vai lutar no plenário para a derrubada dessa obrigatoriedade  que é prejudicial ao interesses dos internautas brasileiros”, garantiu..    

O marco civil da internet tem como base três princípios: neutralidade da rede, garantia da liberdade de expressão e proteção da privacidade e dos dados pessoais Em virtude da pauta do PL ter urgência constitucional, as divergências em torno da apreciação impedem a votação de outras matérias no plenário da Câmara.

Neutralidade - O conceito de neutralidade garante que todos os usuários da internet tenham direito a acesso de todo o conteúdo disponível na rede de forma igual, sem privilegiar um conteúdo em detrimento de outro. Essa regra não impede, por exemplo, que as empresas provedoras de conexão continuem a oferecer pacotes diferenciados de velocidade. A liberdade de escolher a forma como o internauta vai usar seu pacote de velocidade é que fica assegurado pela neutralidade.

*Com informações da assessoria

O novo texto do relatório do Marco Civil da Internet, apresentado nesta terça-feira, (5), mantêm o princípio da neutralidade de rede e determina que a questão da criação de datacenters no País seja regulamenta por meio de um decreto do Executivo. Redigido junto com o Palácio do Planalto, o texto foi apresentado pelo relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), que ressaltou como pilares da proposta a neutralidade de rede, a privacidade do usurário e a liberdade de expressão. Quanto ao princípio da neutralidade da rede, principal ponto de controvérsia, o petista pontuou que não deverá recuar.

De acordo com a proposta, não deve haver qualquer tipo de privilégio na transmissão dos dados, independentemente de conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicativo. Dessa forma, ficaria impedido de se criarem "pacotes" para se ter acesso a determinados conteúdos da internet. As empresas de telecomunicação se queixam desse modelo, sob alegação de que a regra poderia engessar o crescimento das redes. "Se a neutralidade for derrubada, não estarão votando contra o relator mas contra 100 milhões e internautas" disse Molon, que ressaltou que o texto apresentado nesta terça foi discutido ponto a ponto com a presidente Dilma.

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Em relação à criação de datacenters para que os dados guardados estejam submetidos às leis brasileiras, foi colocado no texto que a regulamentação deverá ser feita posteriormente por meio de um decreto. "O Poder Executivo, por meio de decreto, poderá obrigar os provedores de conexão e de aplicações de internet que exerçam suas atividades de forma organizada, profissional e com finalidades econômicas a instalarem ou utilizarem estruturas para armazenamento, gerenciamento e disseminação de dados em território nacional", diz o artigo 12 do relatório. Neste ponto deverão ser considerados o porte dos provedores, seu faturamento no Brasil e a amplitude da oferta do serviço ao público brasileiro.

Ficou estabelecido, em relação à questão dos direitos autorias, que será aplicada a regra atual. Segundo Molon, o debate desse artigo deve ser feito em outra proposta. "Nunca dissemos que iríamos fazer o debate do direito autoral no Marco Civil", disse o petista. O texto apresentado pelo relator deverá ser distribuído para os líderes partidários da Casa. Ainda não há nenhuma previsão de quando a matéria irá a votação no plenário.

A Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) avalia que a obrigatoriedade de guarda de dados de brasileiros ou de atividades executadas no país em território nacional, prevista no Marco Civil da Internet, poderá aumentar os custos das empresas de tecnologia da informação (TI) e estimular a migração de atividades aqui desenvolvidas por empresas globais. Para a entidade, a mudança também poderá afetar a capacidade de expansão das companhias brasileiras.

“Tal obrigação poderá fazer com que os cidadãos, as empresas e outras instituições corram o risco desnecessário de ser excluídos do enorme potencial da economia digital, prejudicando a capacidade do país de criar, inovar, gerar emprego e arrecadar impostos a partir do bom uso da internet”, diz a Brasscom, em carta de posicionamento enviada a deputados, senadores e à presidenta Dilma Rousseff.  

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Segundo a entidade, a exigência de localização de dados poderia também estimular movimentos e políticas reativos em outros países, afetando as exportações de serviços e de tecnologias a partir do Brasil. “Em movimento inverso, pode-se estimular a mudança dos data centers aqui instalados, ou pelo menos de parte deles, para outros países, em possível prejuízo à arrecadação tributária e à criação de postos de trabalho”, aponta o documento.  

A Brasscom recomenda que o país aborde sem precipitações a questão da segurança de dados, sem enquadrá-la no Marco Civil da Internet. A entidade considera que a melhor forma de garantir a segurança da rede é com uma boa arquitetura de sistemas, medidas e mecanismos de segurança e que a obrigação de guarda de dados em território nacional não é necessariamente a medida que possa garantir essa segurança.

O Marco Civil da Internet estava na pauta de votação da última terça-feira, mas foi adiada para a próxima semana. A matéria define direitos e deveres dos usuários e dos provedores de internet, proibindo, por exemplo, que as empresas responsáveis pela conexão repassem registros de acessos dos internautas para outras empresas, garantindo o sigilo das comunicações exceto em casos de ordem judicial. O texto ainda exige a manutenção da qualidade dos pacotes vendidos e proíbe qualquer monitoramento, análise ou fiscalização do conteúdo dos pacotes de dados.

Com a previsão de ser apreciado e votado a partir desta terça-feira (29) pela Câmara dos Deputados, o Marco Civil da Internet será acompanhado de perto pela autoridade responsável pela coordenação mundial da rede – a Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (Icann, na sigla em inglês). Para a Icann, a experiência interna brasileira, em termos de legislação e de modelos de representatividade, poderá ajudar a entidade no desafio de democratizar a internet e de retomar a credibilidade perdida com as recentes denúncias de espionagem.

Segundo o vice-presidente da Icann para a América Latina e o Caribe, Rodrigo de la Parra, a importância brasileira no novo modelo de gestão mundial da internet ficou ainda maior após o discurso feito pela presidenta Dilma Rousseff na abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.

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“O discurso feito pela presidenta Dilma foi muito bom,e nossa intenção, no recente encontro dela com o presidente [da Icann] Fadi Chehadé, foi lembrar o que foi proposto, a fim de encontrar um ponto médio, uma posição neutra em relação à discussão sobre governança da internet. Queremos evitar posições extremas, centralizadoras, como as adotadas pela Rússia, Síria ou China, ou, no outro extremo, posições extremamente liberais que não preveem formas de regulamentação ou de promoção”, disse Parra à Agência Brasil.

A Icann tem se manifestado favorável a um modelo mais democrático de gestão da internet, com a participação “de todos os governos e de todos os atores” da rede mundial de computadores. Para avançar nessas discussões, Parra avalia que será fundamental o papel da conferência mundial sobre governança da internet, prevista para abril de 2014 no Rio de Janeiro.

A tendência, segundo ele, é que nessa nova forma de gestão haja a participação de “muitos stakeholder” [partes interessadas]. “Dessa forma, o Brasil tem muito a colaborar, até por ter um modelo similar interno: o CGI [Comitê Gestor da Internet], que é um modelo com multiatores, prática que é boa e pode ajudar o resto do mundo”, acrescentou. O comitê é o órgão responsável por coordenar e integrar todas as iniciativas de serviços de internet no Brasil. Formado por representantes da sociedade civil e por membros do governo, o grupo participa de debates e deliberações sobre implantação, administração e uso da rede.

“O Brasil tem muito o que aportar pela experiência interna, mas outros temas também devem ser discutidos na oportunidade. Entre eles, a neutralidade de rede, segurança e propriedade intelectual [a exemplo do que está sendo feito na tramitação do Marco Civil da Internet, no Legislativo brasileiro]. São temas que vão além da Icann, mas que precisam ser discutidos em um ambiente que inclua as diversas partes interessadas. Acreditamos que, nesse sentido, a discussão será muito ampliada no evento que ocorrerá no Brasil”, acrescentou.

Em discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), Dilma sugeriu um marco civil internacional. “Faz sentido o que foi dito por ela, não só para Brasil como para outros países. Mas isso precisa contar com a participação da sociedade, o que inclui atores múltiplos, inclusive do setor privado, usuários, comunidade técnica, acadêmica, científica, grupos de segurança da informação. A ideia é que sejam feitas consultas públicas e que sejam apresentadas propostas de desenvolvimento. As conclusões chegarão ao órgão máximo da Icann, que é o conselho diretivo”, disse Parra.

“Nesses 15 anos de existência, a Icann mudou, e agora a tendência é internacionalizar a gestão da internet. Se antes ela tinha mais participação dos Estados Unidos e da Europa, agora a tendência é dar maior participação a outros países, principalmente os grupos da África, Ásia, do Pacífico, da América Latina e do Caribe, incluindo sociedade civil e empresas”, acrescentou.

Segundo ele, as denúncias de espionagens feitas pelo governo norte-americano em diversos países prejudicaram a confiança que as pessoas depositavam na internet. “A preocupação com a espionagem é muito válida e, como disse Dilma na ONU, uma das consequências dela é a perda de confiança dos usuários. Essa será uma das nossas preocupações durante a reunião no Brasil”.

Parra acredita que é possível alcançar o objetivo de restabelecer a confiança dos usuários na grande rede. “Precisamos encontrar uma solução. Isso é possível. Até porque todos nos sentimos desapontados. O momento agora é de juntarmos a sociedade civil e buscar mecanismos para solucionar esses problemas por meio de um novo modelo de segurança, que envolva mais democracia e participação na gestão. A solução não virá pela blindagem da internet [como foi já foi sugerido por alguns países]”, argumentou o representante da Icann na América Latina e no Caribe.

O início da discussão e votação em plenário do Marco Civil da Internet e do Código de Processo Civil (CPC) são os destaques do plenário da Câmara desta semana. As discussões e votações das duas propostas devem começar na terça-feira (29). Inicialmente, às 11h, será realizada sessão extraordinária para o inicio das discussões do marco civil. O relator da matéria, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), defende a votação do projeto mesmo sem consenso.

Não há acordo para a votação do Marco Civil da Internet porque o assunto é polêmico e encontra resistência de algumas empresas atingidas pela legislação, como telefônicas e proprietárias de provedores de conexão. O projeto tramita com urgência constitucional e passa a trancar a pauta de votação da Câmara de Deputados a partir de amanhã (28).

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Segundo o deputado Molon, as empresas que estão contra a matéria não querem o princípio da neutralidade da rede, que impede que as operadoras definam quais os tipos de acesso por parte do usuário teriam maior ou menor velocidade dentro dos pacotes oferecidos. Por outro lado, os debates para a votação do CPC estão marcados para a noite de terça-feira, também em sessão extraordinária.

O governo brasileiro quer aprovar logo a proposta, no contexto do questionamento das ações de espionagem dos Estados Unidos no ambiente virtual. No início de outubro, a presidenta Dilma Rousseff disse que, assim que for aprovado pelos parlamentares, o projeto do Marco Civil da Internet será enviado como proposta à Organização das Nações Unidas (ONU).

Na tarde de terça-feira, às 15h, a Câmara fará uma sessão solene para a entrega da medalha Suprema Distinção da Câmara ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A homenagem ao ex-presidente foi proposta pelos deputados Simão Sessim (PP-RJ) e Eduardo da Fonte (PP-PE).

A medalha foi instituída em 2002 para homenagear governantes e personalidades brasileiros e estrangeiros que tenham prestado relevantes serviços ao Brasil. O distintivo já foi entregue a 15 pessoas, entre elas o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o poeta Carlos Drummond de Andrade e a coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.

Também estão na pauta de votações desta semana, algumas propostas de emenda à Constituição (PECs). Entre elas, a que dá prazo de 360 dias ao Supremo Tribunal Federal (STF) para enviar ao Congresso projeto de lei instituindo o Estatuto dos Servidores do Judiciário, que precisa ser votada em segundo turno, e a que efetiva sem concurso público os atuais titulares de cartórios de notas ou de registro, a chamada PEC dos Cartórios.

O presidente da Telefônica Brasil, Antônio Carlos Valente, defendeu, nesta terça-feira, 22, mais tempo para o setor debater o projeto do Marco Civil da Internet,que está sendo discutido no Congresso. "Um dos pontos que houve concordância é que precisamos discutir mais esse tema", avaliou o executivo ao lembrar que os parlamentares têm entendimentos diferentes a respeito dos mesmos pontos. "Isso para mim foi um sinal de que precisamos pacificar o entendimento. Talvez seja prudente ter um tempo adicional", completou

A presidente Dilma Rousseff pediu em setembro regime de urgência para a votação do projeto, cujo relator é o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), após as denúncias de espionagem norte-americana contra empresas e autoridades brasileiras. Um dos temas debatidos no projeto é a garantia de neutralidade da rede, cujo significado é interpretado de forma diferente pelas empresas de telecomunicações e por ativistas que defendem a liberdade da rede.

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Valente pondera que a lei é um instrumento perene, por isso, diante de tantas interpretações diferentes, o melhor seria alongar mais o prazo de debate do tema no Congresso. "Se não temos entendimento correto, possivelmente não deveríamos propor algo perene", disse.

Diante de novas denúncias de que o governo do Brasil foi alvo de espionagem dos Estados Unidos e de outros países, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou nesta segunda-feira (7), que a presidente Dilma Rousseff deverá se reunir com a base aliada no dia 14 para tratar, especificamente, do marco civil da internet.

"Vamos fazer uma próxima reunião na segunda-feira só pra discutir o marco civil da internet", afirmou. Pelo microblogue Twitter, Dilma afirmou que o novo marco civil da internet "irá ampliar a proteção da privacidade dos brasileiros" e será enviada à Organização das Nações Unidas (ONU) assim que for aprovado. "A votação do nosso projeto do marco civil da internet deve ocorrer nas próximas semanas", escreveu, no Twitter.

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A presidenta Dilma Rousseff disse que assim que for aprovado pelos parlamentares, o projeto do Marco Civil da Internet no Brasil será enviado como proposta à Organização das Nações Unidas (ONU). A iniciativa foi divulgada ontem (6) pela presidenta na rede social Twitter. Ela se mostrou confiante na aprovação do projeto nas “próximas semanas”.

No último dia 24, Dilma participou da abertura da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York (Estados Unidos), em que criticou a espionagem de cidadãos e autoridades, como a promovida por agências norte-americanas, e defendeu a adoção de medidas que impeçam essas ações. Para ela, é essencial a criação de uma governança global para a internet.

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“Nossa proposta para um marco civil internacional será enviada à ONU assim que nosso marco civil for aprovado. A votação do nosso projeto deve ocorrer nas próximas semanas. Enviei ao Congresso um novo Marco Civil da Internet, iniciativa que irá ampliar a proteção da privacidade dos brasileiros”, disse a presidenta.

Dilma reiterou sua indignação com a espionagem de dados privados de brasileiros. “Denunciei o caso na ONU em defesa dos direitos humanos e de nossa soberania. Exigimos explicações e mudanças de comportamento por parte dos americanos”, lembrou no Twitter.

A presidenta também se referiu ao livro The Shadow Factory: The Ultra-Secret NSA from 9/11 to the Eavesdropping on America, do jornalista James Bamford, sobre o sistema de espionagem norte-americano. Segundo Dilma, o livro mostra os métodos de espionagem da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (cuja sigla em inglês é NSA).

O livro é de 2008. "[O livro] mostra o que vem ocorrendo há mais  tempo e o que apareceu agora: espionagem a cidadãos brasileiros [inclusive eu], companhias e ministérios”, disse Dilma no Twitter. “Relata  a terceirização desse serviço de inteligência, com a contratação de milhares de empresas  e trabalhadores”, acrescentou.

O texto original do Projeto de Lei do Marco Civil da Internet, em tramitação no Congresso Nacional, recebeu o apoio de representantes do Google, do Facebook e da Microsoft. As duas primeiras empresas, no entanto, manifestaram preocupação com a possibilidade de inclusão, no texto, da obrigatoriedade de instalar suas centrais de tráfego de dados (data centers) em território brasileiro. A Microsoft informou já ter instalado uma central no Brasil.

Diretor de Políticas Públicas do Google Brasil, Marcel Leonardi manifestou apoio ao Marco Civil da Internet, mas "da maneira em que ele se encontra", sem obrigação de instalação de data centers no país.

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O gerente de Relações Governamentais do Brasil Facebook, Bruno Magrani, lembrou que o marco civil “foi construído por meio de um processo democrático” e que, por diversas vezes, sua empresa manifestou-se a favor do projeto.

“Temos preocupações com as [possíveis] mudanças, como exigir a manutenção de dados no Brasil. [Fazer isso] é desafio enorme e extremamente técnico, que degradará o serviço de internet porque dificultará a circulação [de dados]. Essa exigência acarretaria  enormes custos e ineficiências nos negócios online no país, pois causará impacto em pequenas e novas empresas de tecnologia que queiram prestar serviços a brasileiros”, disse o gerente do Facebook.

Para o diretor-geral jurídico e de Relações Institucionais da Microsoft Brasil, Alexandre Esper, o Marco Civil da Internet “colocará o Brasil entre as legislações mais modernas do mundo”.

A empresa já tem data center no Brasil. “No nosso caso, a localização dos dados é irrelevante”, afirmou.

Os representantes das três empresas participaram hoje de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado para debater denúncias de espionagem norte-americana a e-mails e ligações telefônicas de brasileiros.

Adiado por diversas vezes no ano passado por falta de acordo, o projeto de lei do Marco Civil (PL 2126/2011) enfrenta impasse para chegar a uma nova proposta do documento antes de ir à votação no Plenário da Câmara dos Deputados. De um lado, empresas de telecomunicação querem garantir a venda de pacotes de dados personalizados para usuários. Do outro, ativistas contestam o acréscimo de um parágrafo sobre direitos autorais no artigo 15, que trata sobre a responsabilização civil dos provedores.

Durante debate no Congresso Internacional de Software Livre (Consegi) nesta terça-feira (13), o relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT/RJ), ouviu críticas da sociedade civil sobre mudanças no artigo 15.  O item estabelece que os provedores só serão responsabilizados civilmente se não retirarem um conteúdo do ar após receberem ordem judicial. Os ativistas discordam do parágrafo segundo, que prevê que a regra não é válida para infrações relativas a conteúdos protegidos por direitos de autores.

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Na avaliação do integrante do Coletivo de Comunicação Social Intervozes, Pedro Ekman, o Marco Civil não deveria especificar a ressalva. “Essa excessão torna a Lei de Direitos Autorais um direito superior até mesmo de outras como a que trata da pedofilia na internet”, exemplifica. Já o sociólogo e ciberativista Sérgio Amadeu completa que a discussão de direitos autorais não tinha sido levantada, até então, pelos ciberativistas. Para o especialista, já existe uma lei própria que protege os direitos autorais.

Em sua defesa, o deputado Alessandro Molon afirmou que inseriu o trecho para evitar entraves com a indústria autoral, deixando claro que o Marco Civil não afetaria a lei de direitos vigente. “Nós queriamos explicitar que não pretendíamos fazer qualquer alteração na disciplina de proteção de direitos autorais. Só com as brigas atuais, já está difícil votar o projeto, imagina se misturarmos os debates", afirmou.

Neutralidade da rede

Recentemente, a SindiTelebrasil (sindicato das operadoras de telefonia) defendeu que o Marco Civil possa permitir a oferta de pacotes personalizados aos usuários com diferentes velocidades e perfis de acesso. Contudo, ciberativistas, grupos da sociedade civil e o próprio relator se colocaram contra qualquer medida que possa afetar a neutralidade da rede. Esse conceito é utilizado internacionalmente para definir que todas as informações na rede devem ser tratadas  da mesma forma, na mesma velocidade.

De acordo com Pedro Ekman, “as empresas telefônicas são as principais a atacar a aprovação do marco civil por terem interesses comerciais nos dados usuários", aponta. Por sua vez, o deputado Alessandro Molon afirmou  que está "lutando para fechar todas as  brechas contra a quebra da neutralidade da rede". Para Molon, não há razões para adiar mais a votação no plenário da Câmara dos Deputados. Se aprovado, projeto ainda irá para discussão no Senado.

O Marco Civil da Internet é uma iniciativa legislativa para regular o uso da Internet no Brasil por meio de princípios, garantias, direitos e deveres dos usuários da rede, além de determinar a atuação do Estado no setor.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, recebeu nesta terça-feira (23) o apoio do presidente da Google Brasil, Fábio Coelho, para a aprovação do Marco Civil da Internet. A matéria tramita no Congresso Nacional. Segundo o ministro, o único ponto que preocupa a Google é relativo à exigência de construção de datacenters (servidores de dados) o que a obrigaria a armazenar dados no Brasil. “Essa parte da conversa foi um pouco mais seca”, informou Paulo Bernardo.

Entre os argumentos apresentados pelo ministro para estimular a empresa a fazer o investimento, está o de que a Google é a segunda empresa em receita publicitária no Brasil e que, levando isso em consideração, ficaria "difícil acreditar" que venha reclamar deste tipo de gasto. Segundo Paulo Bernardo, a Google diz que o problema “não é só a questão financeira, mas de arquitetura da rede”.

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Paulo Bernardo sugeriu que a empresa aproveite algumas tecnologias que dispõe para investir também no provimento de internet na Região Amazônica. “Eles têm balões que podem prover internet na Amazônia. Tanto com balões fixos, como com os que voam a mais de 30 quilômetros de altitude. Eles sugeriram que eu visite a empresa nos Estados Unidos para dizer isso pessoalmente a seus chefes”. A previsão é de que a viagem ocorra no segundo semestre deste ano.

Paulo Bernardo avalia que as recentes denúncias feitas pelo ex-consultor Edward Snowden sobre espionagem promovida pelo governo dos Estados Unidos alterou, no Congresso Nacional, a atenção dos parlamentares sobre o assunto, e que, por isso, o governo estuda a possibilidade de pedir urgência à tramitação do marco civil.

Segundo o ministro, algumas divergências pontuais persistem, mas há uma avaliação de que o projeto é importante e precisa ser votado. “A situação mudou, e há melhores condições para a votação. Por isso, sugerimos à Casa Civil e à Secretaria de Relações Institucionais que o governo peça urgência constitucional ao projeto. Se for acatado, mandaremos uma mensagem e, então, se estabelecerá o prazo de 45 dias para a votação em cada uma das casas”, disse.

“Há possibilidade de aprovar, mas temos de trabalhar. Vamos conversar com os parlamentares e discutir com eles os pontos que ainda têm divergências mas que, na minha opinião, podem ser resolvidos com poucos ajustes, sem mudanças radicais”, acrescentou Paulo Bernardo.

Ao sair da reunião com o ministro, o presidente da Google se recusou a responder perguntas dos jornalistas, limitando-se a apresentar a posição de apoio ao Marco Civil da Internet e informar sobre o convite feito ao ministro para que visite a sede da empresa nos Estados Unidos.

A regulamentação da internet na votação do Marco Civil está dependendo da aprovação da neutralidade por parte da Câmara dos Deputados. No entanto, essa dependência tem atrasado a resolução dessas questões, por isso, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve se adiantar à Câmara na decisão.

De acordo com o jornal Estado de São Paulo, a isonomia obrigatória aos provedores para o fornecimento de conteúdo e acesso a qualquer cliente é um dos itens mais questionados no Marco Civil e por isso, a falta de posicionamento da Câmara para a votação que já foi adiada três vezes. 

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Por conta disso, a Anatel pode querer tomar a frente da questão e se adiantar para que a regulamentação não precise ficar esperando a decisão da Câmara, como contou Marcelo Bechara, relator do texto sobre a regulamentação, afirmando que o documento não pode ficar esperando a decisão dos legisladores.

Mais uma vez a votação do Marco Civil foi adiada pela Câmara dos Deputados. Alessandro Molon, relator do projeto, disse que está tentando marcar a votação para a próxima terça-feira (11), quando líderes políticos se reunirão para deliberar sobre a proposta. 

“Vou lutar bastante para que a matéria seja aprovada este ano. Enquanto isso não acontecer, é o usuário que está sendo desrespeitado, é a privacidade na internet que está ameaçada e é a neutralidade da rede que está sendo violada”, declarou Molon, que confirmou a manutenção dos principais pontos do Marco Civil. 

Não houve nenhuma explicação formal sobre o cancelamento da apreciação do projeto. Com esse cancelamento, a votação do projeto passa por um momento crucial. A Casa Legislativa entra em recesso no próximo dia 22, logo há apenas duas semanas para a votação do projeto, caso contrário, apenas em 2013, a partir do mês de fevereiro. 

Se a votação do projeto for adiada para o próximo ano, passará por mais dificuldades.

No próximo ano, a presidência da Câmara será do PMDB, forte opositor de trechos da proposta. Além desse partido, também se opõem ao projeto de lei o PSD, PPS, PDT, PTB e PSDB.

 

 

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