O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, garantiu à Ucrânia, nesta sexta-feira (31), o inequívoco apoio dos Estados Unidos, país imerso no processo de julgamento político do presidente Donald Trump, devido às pressões que teria exercido sobre o presidente ucraniano.
"Estou aqui com uma mensagem clara: os Estados Unidos consideram a luta ucraniana pela liberdade, pela democracia e pela prosperidade uma guerra corajosa", disse.
Washington "não vai hesitar em apoiar" a Ucrânia neste aspecto, declarou Pompeo em Kiev, junto ao presidente Volodimir Zelenski.
Ele ressaltou que a Ucrânia é um "país importante", depois que a jornalista americana Mary Louise Kelly, da NPR, afirmou que Pompeo declarou, com os microfones desligados, que os americanos não se importavam com a antiga república soviética.
Pompeo perdeu a paciência após ser pressionado durante uma entrevista com perguntas da repórter Mary Louise sobre o caso ucraniano, no centro do processo de impeachment contra Donald Trump.
Segundo o relato dessa jornalista, após a entrevista, com os microfones desligados, o secretário de Estado "gritou" com ela e a insultou por dez minutos.
Na mesma coletiva ao lado de Pompeo, nesta sexta, Zelenski reivindicou de Washington mais envolvimento na resolução do conflito com os separatistas pró-russos no leste do país e nos assuntos relativos à anexação da Crimeia, por parte de Moscou, em 2014.
"Expressei minha esperança de que os Estados Unidos se envolvam mais no processo de paz no leste da Ucrânia e na [libertação] da Crimeia", declarou.
No processo de paz, que avança muito lentamente, estão envolvidos França, Alemanha, Rússia, Ucrânia, os rebeldes e a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).
Desde que Zelenski chegou ao poder em 2019, houve trocas de prisioneiros entre ambos os lados, mas a solução política do conflito está em ponto morto.
As relações entre Estados Unidos e Ucrânia passam há meses por um momento delicado pelo escândalo do telefonema de Donald Trump para Zelenski. O presidente americano é acusado de ter chantageado Kiev, ao condicionar a retomada da ajuda militar a algumas demandas.
Trump está sendo processado por abuso de poder pelo Congresso, porque, segundo seus adversários, teria congelado uma ajuda crucial para Kiev para conseguir que se investigasse seu rival democrata, Joe Biden, e a seu filho, Hunter, membro durante um tempo da direção do grupo de gás ucraniano Burisma.
Segundo os democratas, Trump tentou "armar" para conseguir um segundo mandato, estimulando a Ucrânia a "manchar" a imagem de Biden, servindo-se dos meios do Estado para consegui-lo.