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A Câmara aprovou, na noite desta quarta-feira, 18, projeto de reforma eleitoral que retoma a maior parte das benesses aos partidos aprovadas pelos deputados no início do mês e que haviam sido derrubadas pelo Senado na terça-feira, 17. Os deputados "resgataram" do texto original dois pontos que, segundo analistas, podem facilitar a prática de caixa 2. Um deles é a anistia a multas por desaprovação de contas de campanha. O outro é o que permite que o pagamento de advogados não entre no limite de gastos de campanha e possa ser quitado por doações de pessoas físicas sem limite de valor.

Entre as regras que beneficiam as legendas estão ainda uma brecha para aumentar o valor destinado ao fundo eleitoral, a autorização para usar recursos públicos na construção de sede partidária, a contratação de advogados para defender filiados investigados, a volta do tempo de propaganda em rádio e TV e a permissão para que dinheiro do fundo eleitoral seja usado para pagar multas e impulsionar conteúdo na internet, o que hoje é proibido.

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Em relação ao que foi aprovado pela Câmara no começo de setembro, foi retirado o trecho que permitia que cada partido utilizasse um sistema diferente para a prestação de contas. Assim, as siglas ficarão obrigadas a usar um sistema unificado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que ajuda a evitar fraudes. Também foi retirada a parte que determinava que as multas por desaprovação das contas partidárias só poderiam ser aplicadas se ficasse comprovada a conduta dolosa, ou seja, intencional, o que poderia dificultar a punição aos partidos.

O texto segue, agora, para sanção presidencial. Havia pressa para aprovação do projeto entre as lideranças da Câmara, porque, para que as novas regras possam valer já nas eleições municipais no ano que vem, a lei tem de ser publicada até, no máximo, um ano antes de 4 de outubro de 2020. O presidente Jair Bolsonaro tem até 15 dias úteis para decidir se sanciona ou veta o projeto.

Fundos

A questão do fundo eleitoral, principal fonte de recursos para o financiamento de campanhas, havia sido mantida pelos senadores, mas o valor dividiu a cúpula do Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), defendeu destinar um valor maior do que o R$ 1,7 bilhão utilizado na campanha do ano passado. Ao tratar do assunto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), discordou de Alcolumbre e defendeu destinar valor do fundo de 2018 para as eleições de 2020.

Uma emenda de redação alterou o trecho sobre o uso do Fundo Partidário para pagar advogados. A proposta aprovada inicialmente pela Câmara permitia pagar serviços referentes a processos criminais. Agora, essa parte foi retirada. Recursos do fundo poderão ser usados para pagar serviços advocatícios em processos individuais dos candidatos que tenham relação com as eleições. Outra proposta excluída pelos deputados foi o prazo maior para a prestação de contas dos partidos, além da possibilidade de corrigir essas prestações até o julgamento pela Justiça Eleitoral.

Para aprovar o texto nesta quarta, os deputados fizeram duas votações. Na primeira, analisaram os pontos nos quais havia concordância com o Senado e que deveriam ser retirados do texto. Foram 252 votos a favor e 150 contra. Na segunda, votaram pontos de discordância com o Senado, ou seja, quais trechos deveriam ser trazidos de volta. Essa votação foi simbólica.

A portas fechadas, deputados afirmavam nesta quarta que o Senado, na terça, "jogou para a plateia" e que vai receber o "troco" em breve, assim que houver algum projeto de seu interesse a ser apreciado na Câmara.

No último dia 11, uma quarta-feira, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente do Solidariedade, e outros líderes do Centrão atravessaram o Salão Verde e foram até o gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Pediram a ele que articulasse o mais rápido possível a aprovação do projeto como havia saído da Câmara. Disseram que o PSL de Jair Bolsonaro garantia que o presidente sancionaria o texto no dia seguinte.

Destaques

Sete destaques apresentados por partidos ao projeto foram rejeitados na Câmara. Três deles tratavam do Fundo Partidário. O PSL queria retirar a permissão para usar dinheiro do fundo para pagamento de consultoria e honorários de contadores e advogados e também impedir que o fundo fosse usado para compra de imóveis. O partido de Bolsonaro tentou ainda retirar a permissão para que candidatos concorram às eleições mesmo inelegíveis, desde que o prazo de inelegibilidade cesse até a data da posse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Relatório apresentado pelo deputado Wilson Santiago (PTB-PB) nesta quarta-feira, 18, no plenário da Câmara, retoma a maior parte das benesses aos partidos aprovados pelos deputados no início do mês, mas derrubados ontem pelo Senado. Entre eles estão autorização para usar recursos públicos para construção de sede partidária, contratação de advogados para defender filiados investigados, anistia a multas eleitorais, além da volta do tempo de propaganda partidária em rádio e TV.

Pressionado por entidades da sociedade civil e pelas redes sociais, o Senado aprovou ontem apenas o trecho que permite aumentar o valor destinado ao fundo eleitoral, principal fonte de recursos para as campanhas. Há um acordo de boca entre a Câmara e o Senado para que o valor do fundo para as eleições municipais do ano que vem seja de R$ 1,7 bilhão, mesmo valor destinado nas eleições de 2018.

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Ao retomar o texto aprovado na Câmara, Santiago retirou do projeto apenas quatro pontos que haviam sido acordados em reunião de líderes de partidos de centro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Foi retirado o trecho que permitia que cada partido utilizasse um sistema diferente para a prestação de contas, assim, as siglas ficarão obrigadas a usar um sistema unificado do Tribunal Superior Eleitoral, o que ajuda a evitar fraudes. Atualmente, o TSE adota o Sistema de Prestação de Contas Anuais que permite a padronização dos balanços, comparações e maior controle sobre os dados informados pelas legendas.

Também foi retirada a parte que determinava que as multas por desaprovação das contas partidárias só poderiam ser aplicadas se ficasse comprovada a conduta dolosa, ou seja, intencional, o que poderia dificultar a punição aos partidos. Hoje, as inconformidades nas prestações de contas, de forma intencional ou não, podem levar a sanções.

O relator aceitou também excluir do texto da Câmara o prazo maior para a prestação de contas dos partidos e a possibilidade de corrigi-las até o julgamento pela Justiça Eleitoral.

Santiago esclareceu também que os deputados não deliberarão sobre o fundo eleitoral já que ele foi aprovado pelo Senado. Ele reiterou o compromisso dos parlamentares de manter o mesmo valor das eleições do ano passado. Para o relator, as mudanças garantem a transparência da prestação de contas.

Um dia após o Senado ter votado um projeto com o compromisso de não engordar o fundo eleitoral, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), defendeu um valor maior para as eleições municipais do ano que vem. Na terça-feira, 17, o Senado deu aval a um projeto que abre margem para que a quantia a ser usada por partidos para as eleições de 2020 ultrapasse o montante utilizado no pleito de 2018, ou seja, R$ 1,7 bilhão.

O presidente do Senado negou que tenha havido um acordo para que o valor do fundo eleitoral no ano que vem seja o mesmo de 2018. Ele declarou que isso foi uma "manifestação política" feita por senadores ao votar o projeto e revelou que, em reunião de líderes partidários, se posicionou contra manter o fundo com a mesma quantidade de recursos. "Não é assim, um acordo. Há uma manifestação dos senadores em manter o orçamento que foi utilizado na eleição passada, mesmo eu me posicionando contrário em relação a isso, pessoalmente."

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Ontem, Alcolumbre declarou que "achava" que o Congresso iria manter o fundo eleitoral com o mesmo valor de 2018. Nesta quarta-feira, 18, porém, ele declarou que, sem um fundo com valor suficiente, aumentam as possibilidades de campanhas com gastos ilegais.

"Eu não defendendo nada, eu defendo coerência porque, se os vereadores e prefeitos não tiverem o apoio do partido necessário para fazer campanha com responsabilidade, a gente acaba criando um caminho para as pessoas não trabalharem ou agirem nas suas campanhas dentro da legislação porque você não vai dar condições para ele disputar", declarou.

Para Alcolumbre, bancar a eleição municipal em 5.570 municípios com o mesmo valor da eleição presidencial é "desproporcional". O projeto do fundo eleitoral está de volta à Câmara. Em 2018, o fundo eleitoral teve valor determinado por, no mínimo, 30% das emendas de bancadas estaduais, além da compensação fiscal de propaganda partidária na TV e rádios. A proposta deixa o montante indefinido com um valor a ser determinado pela Lei Orçamentária Anual (LOA)- possibilitando, assim, que a quantia ultrapassasse os valores utilizados no pleito anterior.

A senadora Juíza Selma (PSL-MT) apresentou uma emenda ao projeto de lei dos partidos que abria brecha para beneficiá-la em processo eleitoral que pode resultar na cassação do seu mandato. Após ser questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre a inclusão, a senadora recuou e retirou a sugestão da emenda.

Se a proposta da senadora fosse acatada, não apenas os partidos, mas também os candidatos seriam beneficiados com regras mais brandas de punições e fiscalização pela Justiça Eleitoral. Os candidatos, por exemplo, poderiam refazer suas prestações de contas enquanto eventual processo contra eles não tiver sido julgado em última instância.

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A senadora teve o mandato cassado pelo TRE do Mato Grosso por suspeita de caixa 2 no valor de R$ 1,2 milhão na última campanha eleitoral. O caso, porém, ainda não foi julgado pelo TSE, o que permite que ela continue exercendo o mandato. Na semana passada, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, chegou a dar parecer pela cassação da senadora - que é juíza aposentada e se elegeu com a alcunha de "Moro de saias".

'Sem sanção'

A reportagem consultou dois advogados, dois procuradores eleitorais e um especialista em contas partidárias sobre a emenda proposta pela senadora. Todos disseram que, da forma como foi a apresentada, a emenda poderia favorecê-la, uma vez que as novas regras alcançariam contas já prestadas, mas que ainda não tiveram julgamentos encerrados. Uma autoridade a par do processo, sob condição de anonimato, traduziu: "É como se tudo que fosse considerado caixa 2 pudesse ser incluído como caixa 1 'sem cominação de sanção a partido ou candidato'".

Selma negou que a mudança teria impacto no processo que responde no TSE. Segundo a assessoria de imprensa da ex-juíza, ela havia sugerido a inclusão da emenda "com o objetivo de dar um sentido geral ao texto". A deputada afirmou, ainda, que o fato de apresentar uma emenda não significa concordância com o conteúdo do polêmico projeto de lei. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Senadores recuaram da tentativa de aprovar um projeto que beneficia partidos políticos. Com o compromisso de fixar o fundo eleitoral em R$ 1,7 bilhão para as eleições municipais do ano que vem, mesmo montante utilizado para o pleito presidencial de 2018, o relator da proposta no Senado, Weverton Rocha (PDT-MA), retirou todos os demais trechos do texto em uma nova versão de seu parecer.

Dessa forma, a Câmara terá de novamente se debruçar sobre a proposta. O parecer de Weverton foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e deve ser votada pelo plenário da Casa ainda nesta terça-feira, 17. Partidos têm pressa para a aprovação do projeto e pedem que o texto esteja sancionado até o dia 3 de outubro, valendo para as eleições de 2020.

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Na versão aprovada pela CCJ, o único ponto que sobrou no projeto foi aquele relativo à verba do orçamento para as eleições. Em 2018, o fundo eleitoral teve valor determinado por, no mínimo, 30% das emendas de bancadas estaduais, além da compensação fiscal de propaganda partidária na TV e rádios.

A proposta deixa indefinido o montante das emendas que comporão esse fundo - determinado pela Lei Orçamentária Anual (LOA) -, possibilitando, assim, que a quantia ultrapassasse os valores utilizados no pleito anterior. O compromisso, disse o relator, é que a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso fixe para as eleições de 2020 o valor de R$ 1,7 bilhão do fundo eleitoral.

Entre outros pontos, o projeto afrouxava regras para sanções a partidos, dificultava a fiscalização - abrindo brecha para o caixa dois - e flexibilizava normas de prestação de contas. A proposta permitia, ainda, que advogados e escritórios de contabilidade fossem pagos com dinheiro dos partidos. O relator retirou esses itens da proposta.

"Esse é o tipo de entendimento que não é maioria por si só, tem que ser construído com uma unidade, e não tinha uma unidade", afirmou Weverton quando perguntado sobre a reviravolta na proposta.

Relator do projeto que beneficia partidos políticos, o senador Weverton Rocha (PDT-MA) aceitou alterar pelo menos dois trechos polêmicos da proposta, entre eles um que abriria margem para o caixa dois em campanhas eleitorais. Ele ainda admitiu que a votação do texto poderá ser feita na quarta-feira, 18, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no mesmo dia no plenário. Uma terceira alteração negociada pelo relator, em relação à Lei da Ficha Limpa, dependerá de um compromisso com veto presidencial.

O relator insiste, no entanto, em manter o trecho que abre brecha para que o valor do fundo eleitoral seja ampliado nas próximas eleições. A proposta estava na pauta do plenário nesta terça-feira, 17. Um grupo de senadores, porém, exigiu que o tema fosse discutido por pelo menos uma comissão, como é de praxe. O assunto vai ser discutido em reunião de líderes partidários, na tarde desta terça.

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Nas eleições de 2018, o fundo eleitoral teve valor determinado por, no mínimo, 30% das emendas de bancadas estaduais, além da compensação fiscal de propaganda partidária na TV e rádios. A proposta aprovada deixa indefinido o montante das emendas que comporão esse fundo - determinado pela Lei Orçamentária Anual (LOA) -, possibilitando, assim, que a quantia ultrapasse os valores utilizados no pleito anterior. Na prática, caberá ao Congresso estabelecer o valor.

Caixa dois

O projeto permite que advogados e contadores que prestam serviços para filiados - inclusive aqueles acusados de corrupção - sejam pagos com verba partidária. Um grupo formado por entidades que defendem a transparência partidária emitiu uma nota técnica avaliando que o dispositivo abre margem para práticas de caixa dois e lavagem de dinheiro.

O relator anunciou que vai aceitar uma emenda apresentada pelo líder do PSDB, Roberto Rocha (MA), alterando esse item. Com o ajuste, os processos que podem acarretar inelegibilidade ficam excluídos da possibilidade de pagamento com a verba pública. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encaminhou um ofício assinado por líderes da Casa concordando com a modificação.

A segunda alteração anunciada pelo relator diz respeito à prestação de contas, outro ponto polêmico da proposta. O texto aprovado pela Câmara permite que um partido apresente a prestação de contas por meio de qualquer sistema de contabilidade disponível no mercado.

A permissão afrouxa a legislação atual, que exige informações padronizadas em um sistema preparado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na nova redação, proposta por Weverton Rocha, serão aceitos somente sistemas "homologados pelo TSE". Ou seja, se nenhum outro programa tiver aval do tribunal, permanece o sistema utilizado atualmente.

"Isso é longe de facilitar ou tentar fugir das normas para não prestar contas do dinheiro do fundo ", declarou o relator. "Não podemos permitir de maneira nenhuma a criminalização da atividade política e partidária nesse País, principalmente no momento difícil que estamos vivendo", comentou o senador.

De acordo com o relator, os ajustes não farão o texto retornar à Câmara, pois serão feitos por meios de ajustes na redação do texto, e não no conteúdo dos artigos aprovados pelos deputados.

Ficha Limpa

Outras alterações costuradas pelos senadores, porém, envolvem o conteúdo do projeto. Para essas, o relator quer ter um compromisso do governo de vetar os itens. O acordo, no entanto, ainda não foi fechado. Um dos itens que o relator busca um compromisso de veto é em relação à alteração no prazo para que um candidato seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Atualmente, um candidato não pode disputar eleições se ficar inelegível na data do registro da candidatura. O projeto aprovado pela Câmara adia esse impedimento para a data de posse do cargo, permitindo que um candidato condenado durante a campanha eleitoral, por exemplo, possa ser eleito. O relator quer isolar esse item, permitindo que o trecho seja vetado pelo presidente Jair Bolsonaro após a aprovação no Senado.

O governo avalia um compromisso com vetos ao projeto que beneficia partidos políticos para fazer com que as novas regras sejam válidas para as eleições municipais do ano que vem.

A proposta vai ser discutida nesta quarta-feira, 18, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, de acordo com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Líderes partidários querem votar a proposta no mesmo dia no plenário.

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Os congressistas querem evitar que o texto retorne para a Câmara. A intenção é aprovar e sancionar até dia 3 de outubro, permitindo que as regras alcancem as eleições de 2020.

"Se for necessário (poderá haver vetos). A ideia é não voltar para a Câmara, então estamos tentando construir", disse o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Alguns ajustes anunciados nesta terça-feira, 17, pelo relator do projeto, Weverton Rocha (PDT-MA), não seriam feitos no Senado e dependem de compromisso com vetos - o acordo ainda não está fechado.

Um dos itens tem relação com o prazo para que um candidato seja enquadrado na Lei da Ficha Limpa. Atualmente, um candidato não pode disputar eleições se ficar inelegível na data do registro da candidatura. O projeto aprovado pela Câmara adia esse impedimento para a data de posse do cargo, permitindo que um candidato condenado durante a campanha eleitoral, por exemplo, possa ser eleito. O relator quer isolar esse item, permitindo que o trecho seja vetado pelo presidente Jair Bolsonaro após a aprovação no Senado.

O Senado pode votar, nesta terça-feira, 17, um projeto de lei que afrouxa regras para partidos políticos, abrindo margem para aumentar a quantidade de dinheiro público às legendas e flexibilizando normas de prestação de contas. Além disso, a proposta permite que advogados e escritórios de contabilidade sejam pagos com dinheiro dos partidos.

A proposta foi aprovada na Câmara no último dia 4 e entrou na pauta do Senado na quarta-feira, 11. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), tentou votar o texto no mesmo dia no plenário, mas cancelou a votação após ser pressionado por um grupo de senadores contrários ao projeto. A matéria está na pauta novamente da sessão desta terça-feira, 17. Uma reunião de líderes partidários no meio da tarde deve definir os rumos do projeto. Se entrar diretamente no plenário, a votação vai de encontro a um acordo de Alcolumbre com líderes que prevê a análise de qualquer projeto em pelo menos uma comissão.

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O relator da proposta, Weverton Rocha (PDT-MA), apresentou um parecer dando aval ao texto aprovado na Câmara e rejeitando todas as emendas no Senado. "A cada eleição, o Congresso Nacional deve buscar aprimorar o processo eleitoral, de modo que ele traduza, da melhor forma possível, a vontade do eleitor. Nosso papel, como legisladores, é o de fixar regras claras e transparentes para o processo, ao mesmo tempo em que se garanta igualdade de oportunidades aos candidatos e o fortalecimento dos partidos políticos", escreveu o senador no parecer.

Atualmente, o fundo eleitoral tem valor determinado por, no mínimo, 30% das emendas de bancadas estaduais, além da compensação fiscal de propaganda partidária na TV e rádios. O texto aprovado deixa indefinido o montante das emendas que comporão esse fundo - determinado pela Lei Orçamentária Anual (LOA) -, abrindo margem para que a quantia ultrapasse os atuais 30%. Caberá ao relator do projeto de lei da LOA estabelecer o valor.

Outro ponto que causa polêmica é a permissão para que advogados e contadores que prestam serviços para filiados - inclusive aqueles acusados de corrupção - sejam pagos com verba partidária. O projeto retira do limite de gastos das campanhas eleitorais esses pagamentos. Um grupo de entidades que defendem transparência partidária emitiu uma nota técnica avaliando que o dispositivo abre margem para práticas de caixa dois e lavagem de dinheiro.

O líder do PSDB no Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA), apresentou uma emenda para alterar o trecho, retirando os processos que podem acarretar inelegibilidade da possibilidade de pagamento com a verba pública. "Acho que, com essa emenda, resolve o problema e tiramos a infecção que estava gerando essa febre. Não tem porque não aprovar", disse o senador ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, fazendo referência à polêmica em torno do projeto.

Outro ponto do projeto permite que o partido político apresente a prestação de contas por meio de qualquer sistema de contabilidade disponível no mercado. A permissão afrouxa a legislação atual, que exige as informações padronizadas em um sistema de prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Pressa

Para que as regras sejam válidas nas eleições municipais do ano que vem, a nova lei precisa estar aprovada e sancionada um ano antes do pleito, cujo primeiro turno ocorre em 3 de outubro. "Melhorias pontuais no PL nº 5.029, de 2019, terão o condão de colocar a perder os benefícios de todo o projeto para o processo eleitoral do ano que vem", escreveu o relator no parecer.

Grandes partidos querem que o projeto seja aprovado imediatamente. "Os partidos estão muito preocupados porque a eleição municipal pressupõe uma eleição em cada uma das cidades brasileiras, é talvez a eleição mais cara que o País tenha. Tirando o autofinanciamento, que poucos podem fazer, a única forma de financiar essa eleição é com fundo partidário e fundo eleitoral. Não tem outro mecanismo", comentou o líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM). "Todos nós estamos sendo procurados pelas nossas bases em função dessa eleição."

O líder do MDB contesta o argumento de que o projeto abriria margem para caixa dois eleitoral. "Claro que terá sempre exceção à regra, mas eu acho muito difícil. O problema não está no recurso oficial, o problema está em recriar o caixa dois. Para ter um financiamento transparente, ele precisa ser previsto em lei e da forma como está posta."

Contrariando o líder do partido, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) se posicionou contra a proposta. "Você concordaria com um projeto que dificulta a transparência e a fiscalização dos recursos dos fundos partidário e eleitoral e que permite o uso, sem limite de valor, desse dinheiro público na contratação de advogados para a defesa de partidos e políticos?", escreveu no Twitter, declarando em seguida ser contra o texto.

Um grupo de senadores, formado pelo núcleo conhecido como "lavajatista" e por legendas do bloco da oposição, como Rede e Cidadania, tenta barrar o projeto. Esse grupo calcula ter 22 votos contra a proposta, o que não seria suficiente para impedir a aprovação. A estratégia, então, é tentar obstruir a votação e arrastar a tramitação até que o Senado não consiga mais aprovar as regras a tempo para a próxima eleição. "Vamos trabalhar para fazê-lo prescrever", disse o líder da minoria na Casa, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Partidos do Centrão e de oposição articulam a aprovação de um projeto que abre uma brecha para aumentar o valor do dinheiro público usado para financiar campanhas eleitorais. O texto deixa indefinido o montante das emendas que irá compor o fundo eleitoral, o que terá de ser determinado pela Lei Orçamentária Anual (LOA), abrindo brecha para que seja mais do que os atuais 30%. O projeto pode ser votado pelo plenário ainda hoje.

A medida começou a ser discutida nas últimas semanas e tem o aval de líderes de outras siglas do chamado Centrão - bloco informal formado ainda pelo PP, PL, Republicanos (ex-PRB) e DEM - e do PT.

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Em 2018, partidos tiveram R$ 1,7 bilhão de fundo eleitoral. Na sexta-feira, o Ministério da Economia divulgou uma previsão de R$ 2,5 bilhões para 2020, mas o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que esse valor deve ser corrigido para R$ 1,8 bilhão.

A proposta no Congresso, articulada pelo presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), surgiu como um "plano B" para que o Congresso conseguisse aumentar o fundo. Durante a negociação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), o deputado Cacá Leão (PP-BA) anunciou a retirada da proposta de aumento do fundo que poderia chegar a R$ 3,7 bilhões. O recuo foi motivado pela reação das redes sociais e também por crítica do presidente Jair Bolsonaro a Maia.

Líderes partidários se reuniram ao longo desta terça-feira para fechar os últimos detalhes do texto. A retirada do porcentual de 30% foi uma das últimas mudanças acatadas. A proposta encontra forte resistência ainda em parlamentares do PSL e do partido Novo.

A medida afrouxa também regras para os partidos e retoma ainda propostas que podem trazer novos custos indiretos à União, como a volta do programa partidária no rádio e na TV, extinto em 2017 para criação do fundo eleitoral. A proposta permite ainda que as siglas usem o dinheiro para impulsionar postagens na internet, hoje previsto apenas como gastos eleitorais.

Outra regra que deve ser flexibilizada é a que trata sobre o pagamento de advogados em defesa de filiados. Em maio, o TSE endureceu as penas impostas aos partidos no julgamento das contas anuais e proibiu que partidos paguem a defesa de investigados.

Integrantes de 16 partidos que vão da centro-direita à centro-esquerda do espectro político devem participar nesta segunda-feira, 2, do ato público inaugural do grupo Direitos Já! Fórum Pela Democracia, no Tuca, em São Paulo.

Entre os nomes confirmados estão Fernando Haddad (PT) e Flavio Dino (PCdoB). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) gravou um vídeo em apoio ao movimento. O objetivo do grupo criado em maio, durante um encontro no apartamento do advogado Pedro Serrano, é ser uma plataforma comum que sirva como ponto de unidade para a oposição ao governo Jair Bolsonaro.

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Durante o ato, será lido um manifesto. Ciro Gomes, que disputou a presidência pelo PDT, foi convidado, mas não deve comparecer. De acordo com o presidente do partido, Carlos Lupi - que confirmou presença --, Ciro alegou ter outros compromissos. Guilherme Boulos (PSOL) e Rodrigo Maia (DEM), também receberam convites e não devem participar.

Desde a reunião no apartamento de Serrano, em maio, marcado por um inédito encontro entre petistas como Haddad, Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante e os tucanos José Gregori e José Anibal, o Direitos Já! saltou de 200 para aproximadamente 2 mil apoiadores e o número de partidos representados de 10 para 16.

Ao longo destes três meses, o grupo realizou reuniões com Haddad, Boulos, Dino, Ciro e FHC, além do deputado Roberto Freire (Cidadania), Eduardo Jorge (PV) e o ex-governador Marcio França (PSB), entre outros, para discutir as bases do manifesto e aspectos da conjuntura política e do governo Bolsonaro.

A ideia dos organizadores é ampliar o fórum para setores relevantes da sociedade civil contrários às políticas do governo. Por isso, as 670 poltronas do Tuca serão reservadas para convidados. Algumas centrais, como a CUT e a Força Sindical, devem enviar representantes.

"O lançamento vai reunir expressivas lideranças da sociedade civil e da política brasileiras em um amplo espectro da esquerda à direita em convergência pela defesa do estado democrático de direito", disse o sociólogo Fernando Guimarães, líder do grupo PSDB Esquerda Pra Valer, que enfrenta um processo de expulsão do PSDB movido por setores que se incomodaram com a criação do fórum.

Haddad, Dino, Ciro, Boulos e o governador da Bahia, Rui Costa (PT), estão entre os principais nomes vistos hoje pela esquerda como possíveis candidatos à sucessão de Bolsonaro em 2022. O evento será transmitido pela internet.

Um grupo de políticos, economistas e representantes de movimentos de renovação organizou um discurso e ações para a construção de uma alternativa de centro no persistente cenário polarizado da política nacional. A defesa de uma agenda liberal na economia e, ao mesmo tempo, "progressista" na área social vem sendo reiterada por nomes como o economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e líderes políticos como o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (sem partido) e o presidente do Cidadania, Roberto Freire. Como na tentativa frustrada de lançar um "outsider" na disputa presidencial do ano passado, esta articulação tem como peça central o apresentador Luciano Huck.

O empresário recuou dos apelos para entrar na corrida pelo Planalto em 2018, mas mantém atividade intensa em grupos de renovação política como o RenovaBR e o Agora! - surgidos a partir de 2016 na esteira do impeachment de Dilma Rousseff (PT) e do desgaste dos partidos. Estes movimentos elegeram, juntos, 17 parlamentares. Em outra ação concreta, Armínio desenvolveu um instituto para desenhar políticas públicas na área de saúde - ainda sem lançamento oficial, mas já em funcionamento no Rio.

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Antigo PPS, o Cidadania incorporou nomes de três dos principais grupos de renovação política - Livres, Acredito e Agora!. Por essa proximidade, é considerado, até o momento, um provável destino para uma experiência eleitoral do "novo centro".

No campo teórico, a defesa do "liberalismo progressista" tem sido apresentada como uma recuperação do centro político do País que, mais identificado com a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), fracassou na eleição presidencial do ano passado. "Dos liberais reformistas aos militantes da centro-esquerda, esse eixo da política brasileira está se recompondo", disse Hartung ao Estado.

Para Huck, "o povo está cada vez com mais dificuldade em rotular as posturas e pensamentos entre direita, esquerda ou centro". Mas é preciso "chutar com as duas pernas". "Enxergo a eficiência da agenda liberal e do Estado no tamanho necessário, sempre atribuída ao pensamento de direita, como o melhor caminho. Ao mesmo tempo, o olhar social, inclusivo e de redução de desigualdades, sempre atribuído à esquerda, é prioridade absoluta se quisermos colocar o Brasil em outro nível de desenvolvimento econômico e social", afirmou ao Estado.

Contraponto

A articulação que envolve uma eventual candidatura de Huck considera que há, ainda, "uma eternidade" até as eleições de 2022, mas o apresentador já vem assumindo o papel de contraponto a Jair Bolsonaro. E é tratado como eventual adversário pelo presidente, que declarou publicamente a intenção de concorrer a um segundo mandato.

Em meados do mês passado, durante um evento em Vila Velha (ES) com Hartung, Huck fez seu pronunciamento mais enfático sobre o presidente. Reiterou bandeiras como investimento em educação, combate à desigualdade social e defesa da ética na política. Indiretamente, criticou Bolsonaro ao dizer que quem alega que não há fome no Brasil "não está vendo". Afirmou ainda que o País não está vivendo "o primeiro capítulo da renovação", mas, sim, "o último capítulo do que não deu certo".

Bolsonaro reagiu mandando o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgar lista com mais de cem financiamentos de compra de jatinhos executivos da Embraer, com juros subsidiados, durante os governos petistas. Uma das empresas do apresentador foi beneficiária, captando R$ 18 milhões. O presidente criticou a operação e atacou quem "fica arrotando honestidade".

O episódio recolocou Huck na cena política e reavivou a discussão sobre um projeto situado entre o discurso radical de Bolsonaro e a agenda do PT, dominada pelo mote "Lula livre". "Como os extremos, em ambos os lados, fazem muito barulho, pouco conteúdo e nenhum diálogo, acabam contribuindo muito pouco", observou o apresentador.

"Huck está fazendo política", afirmou o analista da XP Investimentos Richard Back. "O Cidadania tem a ideia de viabilizar a candidatura do Luciano Huck. Como ele tem bom trânsito com esses movimentos, melhor ainda", disse Freire.

Com origem no "Partidão", referência ao velho Partido Comunista Brasileiro (PCB), fundado em 1922 e de linha pró-soviética, o Cidadania negocia uma fusão com Rede e PV. "Isso está em aberto. Com essa cláusula de desempenho não podemos descartar essa hipótese", afirmou Freire. O partido acredita que poderá ser o "destino natural" de jovens com atuação de destaque no Legislativo nestes primeiros meses de mandato e ameaçados de expulsão em suas siglas, como os deputados Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tabata Amaral (PDT-SP).

A crença em um projeto de centro passa também pela análise de que Bolsonaro tende a se isolar num extremo da direita. Oito meses após tomar posse, o presidente ainda não conseguiu criar uma base partidária consistente de apoio e afastou potenciais aliados como o DEM - que, embora possua filiados em três ministérios, procura se afastar do bolsonarismo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), faz acenos ao PSDB de João Doria e ao próprio Huck.

Pesquisa CNT/MDA divulgada na segunda-feira passada, 26, mostrou que o índice de desaprovação do desempenho pessoal de Bolsonaro aumentou significativamente, chegando a 53,7%, ante 28,2% em fevereiro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sem ambiente político para elevar em R$ 2 bilhões o dinheiro para campanhas eleitorais no ano que vem, líderes de bancadas na Câmara preparam um "plano B", que inclui um aumento menor no chamado fundo eleitoral - usado para financiar as candidaturas - e regras mais brandas para uso de recursos públicos pelos partidos. A previsão é de que as legendas tenham de R$ 2 bilhões a R$ 2,5 bilhões para as disputas municipais, valor maior que o R$ 1,7 bilhão destinado em 2018.

A articulação está sendo conduzida pelo presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), e já recebeu o aval de líderes de outras siglas do chamado Centrão - bloco informal formado ainda pelo PP, PL, Republicanos (ex-PRB) e DEM - e do PT. Juntos, eles formam maioria na Câmara. Num almoço, nesta quarta-feira, 28, na residência oficial, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acertou os principais pontos da proposta.

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Durante a negociação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO), o deputado Cacá Leão (PP-BA) anunciou a retirada da proposta de aumento do fundo. O recuo foi motivado pela reação das redes sociais e também por crítica do presidente Jair Bolsonaro a Maia.

O presidente da Câmara pediu ao governo o uso de um fundo com recursos recuperados da Lava Jato para ajudar no combate às queimadas na Amazônia. Bolsonaro rebateu afirmando que, se o deputado estivesse tão preocupado com a preservação ambiental, que utilizasse recursos do fundo eleitoral.

Tanto parlamentares do Centrão quanto do PT não descartam elevar o valor destinado ao fundo, mas admitem, reservadamente, que a manobra está mais difícil agora. De acordo com Paulinho, o acordo já tem maioria da Casa.

"Não temos acordo na redistribuição do fundo eleitoral. Nós queremos travar a possibilidade de virar um balcão de negócios. Queremos que o fundo eleitoral seja distribuído baseado na proporção de deputados e senadores de cada partido de acordo com a última eleição", disse.

Atualmente, as campanhas são financiadas com recursos públicos de duas formas. A principal é o fundo eleitoral, que tem uso exclusivo nas disputas, e o outro é o Fundo Partidário, que é uma espécie de "mesada" com dinheiro público destinado a bancar despesas do dia a dia dos partidos, como aluguel de imóveis, passagens aéreas, realização de eventos e contratação de pessoal, mas que também pode usar para bancar gasto de candidato.

A mudança defendida por Paulinho tem como base a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento impositivo, aprovado em junho no Congresso. Isso porque o fundo eleitoral é composto por recursos de emendas de bancadas estaduais, que teve seu valor atrelado a 0,8% da receita corrente líquida da União com a PEC.

Partidos na TV. A medida retoma ainda propostas que podem trazer novos custos indiretos à União, como a volta do programa partidária no rádio e na TV, extinto em 2017 para criação do fundo eleitoral. Essas inserções são revertidas em benefícios fiscais às emissoras.

A proposta permite ainda que as siglas usem o dinheiro para impulsionar postagens na internet, hoje previsto apenas como gastos eleitorais.

Outra regra que deve ser flexibilizada é a que trata sobre o pagamento de advogados em defesa de filiados. Em maio, o TSE endureceu as penas impostas aos partidos no julgamento das contas anuais e proibiu que partidos paguem a defesa de investigados.

A restrição tem como objetivo impedir que o dinheiro público do Fundo Partidário seja usado para defender políticos na mira da Lava Jato, por exemplo.

A proposta tem sido tratada na Câmara como uma minirreforma eleitoral, já que uma mudança mais ampla nas regras já para o ano que vem é dada como improvável. No início do mês, Maia chegou a afirmar que iria pautar uma mudança na forma de eleger vereadores no ano que vem e adotar o sistema distrital misto. O modelo, porém, sofre resistência de algumas siglas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plenário da Câmara deve votar nesta terça-feira, 27, um projeto de lei que altera regras para partidos políticos. O projeto que está na pauta é uma matéria de 2018 apresentada pelos deputados Domingos Neto (PSD-CE), Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP) que trata sobre remunerar funcionários das legendas com recursos do fundo partidário.

No entanto, o texto que deve ir à votação hoje será um substituto de autoria do deputado Paulinho da Força (SD-SP), que ainda não está concluído. Segundo fontes, Paulinho deve avançar em outras mudanças que vão beneficiar o caixa dos partidos. O texto deve tentar mudar ainda critérios de distribuição do fundo eleitoral.

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Um acordo para que o substituto de Paulinho seja aprovado foi costurado mais cedo na reunião entre as lideranças da Câmara. A matéria deve ir à votação depois que os deputados concluírem o projeto que trata sobre os peritos do INSS.

Outros projetos que estão na pauta são a urgência do projeto sobre pagamento por serviços ambientais e a medida provisória que trata sobre o Programa de Parceria e Investimentos (PPI), a 882.

O projeto que trata sobre porte e posse de armas deve ficar para semana que vem.

As lideranças partidárias continuam a orientar votos para a votação do texto-base da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. Cada líder tem entre 3 e 10 minutos para falar. O encaminhamento começou às 17h16 e ainda pode levar mais uma hora.

O líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), orientou os parlamentares a votarem sim pela reforma da Previdência. O líder do DEM, Elmar Nascimento (BA), encaminhou voto favorável à reforma.

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O líder da PP, Arthur Lira (AL), orientou voto favorável à reforma em nome também dos partidos MDB e PTB. O líder do Patriota, Fred Costa (MG), orientou voto favorável à reforma. O líder do Solidariedade, Augusto Coutinho (PE), e o líder do Podemos, José Nelto (GO), também orientaram votos favoráveis à reforma.

O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), discursou por alguns minutos, mas deu a palavra final para a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), a quem coube a orientação contrária à reforma. O líder do PCdoB, Daniel Almeida (BA), orientou voto contrário à reforma.

Mais cedo, falaram lideranças do PSL, PSD e PRB, favoráveis à reforma, e do PT e PSB, contra a proposta.

Ainda podem se pronunciar as lideranças do PROS, PL, PSC, Cidadania, Novo, Avante, PV, PMN, PHS, Rede, Maioria, Minoria, Oposição e Governo.

O Ministério Público Eleitoral quer a adesão de partidos políticos a um termo de "boas práticas". A discussão envolve se comprometer com regras de compliance, cota feminina nos cargos de direção das siglas e contratação de pessoas com deficiência, temas ausentes na legislação em vigor. As conversas estão mais adiantadas com MDB, PSL e Podemos, mas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, há resistências de legendas.

Um dos receios das siglas é de que a adesão ao acordo se assemelhe a um termo de ajustamento de conduta, que é uma espécie de acerto fechado pelo Ministério Público para corrigir irregularidades. Dirigentes partidários temem virar alvo de eventuais ações por improbidade administrativa caso não consigam cumpri-lo.

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A iniciativa é considerada uma das prioridades da reta final do mandato da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que já se colocou à disposição do presidente Jair Bolsonaro para ser reconduzida ao cargo por mais dois anos.

O objetivo do termo é adotar medidas de transparência e maior democracia interna nos partidos, consideradas "zonas cinzentas" nas regras atuais. A lei, por exemplo, prevê uma cota mínima de 30% de candidaturas femininas nas eleições, mas não há menção à composição dos quadros internos das próprias agremiações.

O diretor executivo do movimento Transparência Partidária, Marcelo Issa, considerou a iniciativa positiva, mas se disse cético quanto ao sucesso do acordo. "Os partidos já têm grande dificuldade hoje para cumprir o básico determinado pela legislação", afirmou Issa.

É o caso da obrigação para que as legendas apliquem no mínimo 5% dos recursos do Fundo Partidário (caixa das siglas abastecido com dinheiro público) na participação feminina na política. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) endureceu a pena imposta aos partidos que não cumprirem a regra.

Em maio, no entanto, Bolsonaro sancionou uma lei que anistia as multas aplicadas às legendas que desobedecerem à determinação. A estimativa é de que esse perdão possa alcançar R$ 70 milhões, valor dos débitos dos diretórios municipais de quase todas as legendas com o Fisco.

Só no ano passado, foram R$ 780,4 milhões em dinheiro público destinado aos partidos via Fundo Partidário.

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Para o presidente do MDB, o ex-senador Romero Jucá (RR), um dos que já iniciaram tratativas com o Ministério Público Eleitoral, o acordo pode ser positivo para melhorar a imagem dos partidos. "Acho que esses procedimentos (propostos pelo MPE) são importantes para desmistificar qualquer pensamento de irregularidade. O ônus da prova se inverteu - agora você tem de provar que você é certo", afirmou Jucá.

Na avaliação da presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP), as siglas passam por uma crise de representatividade, o que as obriga a "olhar para dentro". "Somos cidadãos do século 21 lidando com instituições políticas concebidas no século 18", disse Renata.

A advogada do PSL, partido de Bolsonaro, Karina Kufa, afirmou que "as boas práticas partidárias devem ser regra". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O PSB se manifestou por meio de nota sobre o bloqueio nas contas imposto ao partido no âmbito da Operação Lava Jato. "O Partido Socialista Brasileiro vem a público prestar os seguintes esclarecimentos sobre a informação veiculada nesta sexta-feira (24) acerca do bloqueio de bens determinado cautelarmente pela Justiça Federal do Paraná. A medida decorre de ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal contra inúmeros agentes políticos, empresas e partidos políticos, unindo supostos fatos absolutamente antigos e completamente desconexos entre si".

"O juiz da 1ª Vara Federal de Curitiba havia indeferido o bloqueio de bens diante das falhas da acusação, o que foi reconsiderado pela Desembargadora do TRF da 4ª Região em sede liminar. O tema, portanto, ainda pende de apreciação do Colegiado".

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"A única acusação contra o PSB baseia-se na suposição de que as doações eleitorais recebidas durante a campanha eleitoral de 2010, e regularmente declaradas à Justiça Eleitoral, consistiriam em vantagem ilícita para a campanha de reeleição de Eduardo Campos ao Governo do Estado de Pernambuco. Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, no Inquérito n. 4005, já rejeitou denúncia contra o Senador Fernando Bezerra exatamente por esses mesmos fatos, a indicar que o resultado dessa ação também será pela improcedência".

"O valor de bloqueio pleiteado pelo Ministério Público Federal - utilizando-se de todas as possíveis sanções em seus graus máximos - mostra-se, portanto, indevido, precipitado e exorbitante.

O PSB reitera o seu total apoio às investigações, confiando que a condução isenta e equilibrada da apuração resultará no pleno esclarecimento dos fatos, isentando o partido e o ex-governador e ex-presidente do PSB Eduardo Campos - que infelizmente não está mais entre nós para se defender - de qualquer acusação", finaliza a nota do partido, assinada por Carlos Siqueira,

presidente nacional da legenda.

Eduardo da Fonte (PP/PE) também se manifestou sobre o bloqueio de bens. "Fiquei surpreso pelo absurdo. Esse caso já foi rejeitado pelo STF. Confiamos na justiça para que possamos esclarecer esses fatos. A verdade prevalecerá", disse.

A decisão

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) determinou o bloqueio de valores e bens de acusados em ação de improbidade administrativa da Operação Lava Jato. A decisão alcança o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), além de Eduardo da Fonte, entre outros políticos.

O bloqueio foi determinado pelo Tribunal, que reconheceu a procedência de um recurso contra decisão em ação civil pública de improbidade administrativa movida pela força-tarefa da Lava Jato.

Na decisão, o Tribunal ressaltou a necessidade de "garantir a efetividade do resultado final da ação - em que apurada a existência de um amplo esquema criminoso, com prejuízos expressivos para toda a sociedade". O TRF-4 apontou "fortes indícios da prática de atos de improbidade por líderes de partidos e agentes públicos em prejuízo ao erário".

A defesa do senador Fernando Bezerra Coelho de manifestou, por meio de nota sobre o bloqueio nas contas do político no âmbito da Operação Lava Jato. A defesa "esclarece que as acusações que constam na ação de improbidade administrativa, ajuizada na 1ª Vara Federal de Curitiba como desdobramento da Operação Lava Jato, não se sustentam".

"Estes mesmos elementos instruíram o Inquérito Criminal 4005, cujo arquivamento foi determinado pelo Supremo Tribunal Federal em 11 de dezembro de 2018, ante o reconhecimento de que as provas não eram suficientes para justificar nem sequer o início de uma ação penal contra o Senador. Além disso, a ação de improbidade administrativa está prescrita em relação ao Senador Fernando Bezerra Coelho, circunstância reconhecida pelo próprio MPF na petição inicial".

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"A defesa lembra que o Juiz da 1ª Vara Federal de Curitiba, Friedmann Anderson Wendpap, determinou a extinção liminar do processo com relação a todo o núcleo político, tendo em vista que aquele não era o juízo competente para processar a ação. E que a decisão proferida neste momento pela desembargadora Vivian Josete Pantaleão Caminha, do TRF da 4ª Região, tem caráter provisório, e o mérito do agravo de instrumento ainda será submetido ao colegiado da 4ª Turma do TRF da 4ª Região, após a apresentação de defesa pelas partes".

"A defesa do Senador já ingressou com as medidas jurídicas cabíveis para que sejam reconhecidos os equívocos da decisão monocrática proferida, demonstrando, assim como foi evidenciado no Inquérito 4005, que não existem elementos probatórios capazes de vincular o Senador Fernando Bezerra Coelho às acusações de improbidade administrativa da Operação Lava Jato".

O caso

Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), está entre os alvos da Operação Lava Jato que tiveram R$ 3 bilhões bloqueados por ordem do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em ação de improbidade contra o MDB e o PSB e políticos do partido, por desvios em negócios relacionados ao esquema de corrupção na Petrobras.

Fernando Bezerra terá congelado até R$ 258 milhões, junto com o espólio do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, candidato a presidente pelo PSB em 2014 morto em acidente de avião durante a campanha.

A ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede), teceu comentários nesta segunda-feira (20) sobre o projeto sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que anistia partidos que não investiram mínimo exigido em candidaturas femininas.

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 “É vergonhosa a anistia aos partidos por infrações como o não cumprimento do repasse dos recursos para candidaturas de mulheres”, opinou a ambientalista através de seu perfil oficial no Twitter.

 O projeto do presidente também beneficia diretórios municipais que não prestaram contas de acordo com a legislação. A proposta também determina que as legendas não podem ter suas contas rejeitadas por não terem investido o mínimo exigido na promoção de participação feminina.

 “Ao sancionar a lei, o governo legitima os muros que impedem a ampliação da participação das mulheres na política”, finalizou Marina Silva.

 

O Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira traz publicada a Lei 13.831, de 17 de maio de 2019, que, entre outros pontos, anistia multas aplicadas a partidos políticos. O texto foi sancionado na sexta-feira, dia 17, pelo presidente Jair Bolsonaro com um veto.

A norma estabelece que as siglas que não tenham aplicado o mínimo de 5% das verbas do Fundo Partidário para promover a participação política de mulheres entre 2010 e 2018, mas que tenham direcionado o dinheiro para candidaturas femininas não poderão ter suas contas rejeitadas nem poderão sofrer qualquer outra penalidade.

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A estimativa é que essa anistia possa chegar a R$ 70 milhões, montante devido à Receita Federal por diretórios municipais de quase todas as legendas.

Bolsonaro vetou o trecho que permitia a anistia em caso de doações de servidores públicos que exerçam função ou cargo público de livre nomeação e exoneração, desde que filiados a partidos políticos.

O presidente em exercício, Rodrigo Maia, deve sancionar o projeto de lei que anistia multas aplicadas a partidos políticos aprovado pelo Congresso em abril. O texto - previsto para ser publicado até amanhã no Diário Oficial da União - pode sofrer alguns vetos. Esta deve ser a primeira vez desde 1995 que um presidente autoriza a anistia a multas das siglas, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na edição de domingo.

A estimativa é de que anistia pode chegar a R$ 70 milhões, valor dos débitos dos diretórios municipais de quase todas as legendas com o Fisco.

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Presidente da Câmara, Maia assumiu a Presidência da República por algumas horas nesta quinta-feira, 16. O presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos e o retorno está previsto para 21 horas. Já o vice, Hamilton Mourão, viajou hoje à tarde com destino à China.

A principal medida do texto aprovado, relatado pelo deputado Paulinho da Força (SD-SP), é a anistia para os partidos que não tenham aplicado o mínimo de 5% das verbas do Fundo Partidário para promover participação política das mulheres entre 2010 e 2018, mas que tenham direcionado o dinheiro para candidaturas femininas.

O projeto de lei prevê ainda outras mudanças que, apesar de não envolverem diretamente dinheiro público, abrandam exigências aos partidos. Uma delas, segundo analistas, reduz a democracia interna nas siglas ao permitir que comissões provisórias funcionem por até oito anos.

Mesmo que Maia vete algum trecho do projeto aprovado, deputados e senadores podem derrubar e voltar ao texto original. Em 2000, o Congresso derrubou o veto do então presidente Fernando Henrique Cardoso e levou adiante uma anistia que custou aos cofres públicos, em valores corrigidos, aproximadamente R$ 80 milhões. /COLABORARAM PAULO BERALDO e CAIO SARTORI

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