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Com pouco mais de três meses de legislatura, o Congresso enviou para a apreciação do presidente Jair Bolsonaro um projeto de lei que prevê anistia a multas aplicadas a partidos que não destinaram devidamente os recursos para promover a participação feminina na política. Em um contexto no qual o Legislativo intensificou as faturas ao Executivo como condição para aprovar projetos do Planalto, Bolsonaro terá de decidir nos próximos dias se atende ou não à demanda que costuma unir boa parte do Congresso, da situação à oposição.

Neste tema, são recorrentes os casos em que os parlamentares legislam em causa própria. Desde a criação da Lei dos Partidos, em 1995, pelo menos outras 19 alterações trouxeram benefícios às siglas, segundo levantamento do Movimento Transparência Partidária: a média é de uma aprovação a cada 14 meses. Além disso, pelo menos nove projetos de lei foram apresentados desde então para tentar anistiar multas de candidatos e legendas - apenas um foi aprovado. O presidente terá de decidir até sexta-feira, 17, se veta ou sanciona o atual projeto. Estimava-se, quando ele foi apresentado, que a anistia prevista poderia chegar a R$ 70 milhões, valor dos débitos de diretórios municipais de quase todas as siglas com o Fisco.

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O deputado Delegado Waldir (PSL-GO), líder do partido de Bolsonaro na Câmara, aposta que o texto será sancionado. "Não vejo nada que indique que o presidente será contrário à medida", disse. "A liderança liberou a bancada para votar da forma que desejar sobre o tema, o que mostra a total vontade do governo em não intervir na questão."

A principal medida do texto aprovado, relatado pelo deputado Paulinho da Força (SD-SP), é a anistia para os partidos que não tenham aplicado o mínimo de 5% das verbas do Fundo Partidário para promover participação política das mulheres entre 2010 e 2018, mas que tenham direcionado o dinheiro para candidaturas femininas.

O projeto de lei prevê ainda outras mudanças que, apesar de não envolverem diretamente dinheiro público, abrandam exigências aos partidos. Uma delas, segundo analistas, reduz a democracia interna nas siglas ao permitir que comissões provisórias funcionem por até oito anos.

Caso vete o texto, a decisão do presidente pode ser derrubada pelo Congresso. "A Constituição garante ao Legislativo, em caso de eventual veto presidencial, a prerrogativa de apreciação do referido veto", disse o líder do Cidadania (antigo PPS) na Câmara, Daniel Coelho (PE).

Em 2000, o Congresso derrubou o veto do então presidente Fernando Henrique Cardoso e levou adiante uma anistia que custou aos cofres públicos, em valores corrigidos, cerca de R$ 80 milhões. Se optar pela sanção, Bolsonaro será o primeiro presidente desde 1995 a autorizar anistia a multas das siglas.

O governo teve uma semana conturbada no Congresso, sofrendo derrotas em matérias importantes, como a medida provisória que redefiniu a Esplanada.

Relação

Para o líder do PSB na Câmara, Tadeu Alencar (PE), faltam ao governo base sólida e agenda convergente para melhorar a relação com o Congresso. "Não acredito que o projeto tenha um potencial inibitório de uma relação positiva. A relação já não é positiva."

A mobilização dos partidos contra punições é permanente. O Estado mostrou que, na Câmara, parlamentares discutem lei para inibir ação do Tribunal Superior Eleitoral que endureceu penas impostas às siglas. Para Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a atual tentativa de anistia se dá num cenário em que os partidos precisam de dinheiro, após o fim do financiamento empresarial de campanhas. "Estão buscando o máximo que podem. Qualquer anistia que garanta recursos é fundamental."

"Cerca de 80% dos recursos dos partidos vêm dos cofres públicos. Os mecanismos de fiscalização e controle sobre o uso desse dinheiro deveriam ser mais rigorosos", avaliou Marcelo Issa, presidente do Transparência Partidária. "Bolsonaro não está em situação de enfrentar o Congresso", disse o especialista em direito eleitoral Alberto Rollo. Procurados, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), e Paulinho da Força não responderam ao Estado.

Punições mais leves

Aprovada em 1995, a Lei dos Partidos estabelecia uma série de penalidades às siglas. A falta de apresentação de contas, por exemplo, poderia levar à suspensão de repasses e até ao cancelamento do registro do partido. Sucessivas alterações aliviaram o peso dessas punições.

Em 1998, uma mudança fez com que a reprovação das contas não pudesse mais ser motivo para perda do registro. Também estabeleceu que a suspensão do repasse de verba só poderia ser aplicada à esfera partidária responsável pela irregularidade. Ainda na ocasião, foi definido que não poderia haver punição das instâncias nacionais dos partidos por atos irregulares praticados nas esferas inferiores.

Com a proibição de doações empresariais a campanhas, em 2017 o Congresso Nacional aprovou a criação do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (ou fundo eleitoral), que distribuiu R$ 1,7 bilhão em recursos públicos para as siglas usarem nas eleições do ano passado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) endureceu as penas impostas aos partidos no julgamento das contas anuais e proibiu a contratação de advogados para a defesa de filiados investigados. A restrição tem como objetivo impedir que o dinheiro público do Fundo Partidário seja usado para defender políticos na mira da Lava Jato.

Na Câmara, deputados e dirigentes de partidos já discutem, nos bastidores, a possibilidade de criar uma lei para inibir a ação da Corte, sob o argumento de que os magistrados estão legislando. No mês passado, o Congresso aprovou a anistia a partidos que não seguirem regras para aplicação do Fundo Partidário, como o porcentual mínimo para promover mulheres na política.

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O valor que o TSE mandou as siglas devolverem aos cofres públicos, por irregularidades encontradas na aplicação do fundo, aumentou em quase 40% em relação ao ano anterior. O número de partidos punidos também passou de 11 para 14 no mesmo período.

O fundo é uma espécie de "mesada" com dinheiro público destinado a bancar despesas do dia a dia dos partidos, como aluguel de imóveis, passagens aéreas, realização de eventos e contratação de pessoal. Anualmente, o TSE analisa as prestações de contas para saber se o dinheiro foi aplicado de forma correta.

Com uma nova composição - considerada mais linha dura, com a entrada do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal -, o TSE mudou de entendimento sobre a contratação de advogados, proibindo que o dinheiro do fundo seja usado para custear a defesa de políticos em ações eleitorais. O tribunal também reforçou a posição de rejeitar contas de partidos que reiteradamente não aplicarem no mínimo 5% dos recursos na participação feminina na política.

Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o cerco sobre a contratação de advogados tem o objetivo de impedir que verbas públicas sejam direcionadas para a defesa de políticos corruptos. Na avaliação de um ministro do TSE que pediu para não ser identificado, seria uma contradição "alguém lesar os cofres públicos e a sua defesa ser patrocinada pelos fundos partidários, também dinheiro público".

Advogados

As restrições foram discutidas no julgamento das prestações de contas do PSDB e do PP. No caso dos tucanos, as contas foram aprovadas com ressalvas pelo plenário, que, mesmo assim, determinou a devolução de R$ 1,1 milhão por uma série de irregularidades.

Na lista está a contratação de um escritório de advocacia, por R$ 187,7 mil, para defender o então governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) em uma ação eleitoral. A decisão do TSE, por 4 a 3, de mandar devolver o dinheiro contrariou até mesmo o Ministério Público Eleitoral, que considerou o pagamento legal.

No caso do PP, que teve suas contas reprovadas, o partido usou dinheiro público na contratação de escritórios para defender o ex-deputado João Pizzolatti Júnior em ação de improbidade administrativa, além de outros membros do partido investigados. "Percebe-se o desvio na utilização dos recursos do Fundo Partidário, uma vez que voltados à defesa de particulares, por atos estranhos à vida partidária", destacou o relator, ministro Luís Roberto Barroso.

Nos dois casos, as contas julgadas pelos ministros do TSE foram as referentes aos gastos dos partidos em 2013. Na prática, os partidos temem ser punidos pelas prestações de contas - já fechadas, mas ainda não julgadas - de 2014 a 2018, quando a Lava Jato teve sua fase ostensiva e prendeu diversos políticos.

Contas

 

Na análise das contas feitas pelo TSE, houve penalidades por uma série de irregularidades, como o fretamento de aeronaves sem comprovação de quem eram os passageiros - caso do PT, que terá de devolver R$ 5,2 milhões -, não comprovação de serviços prestados e o não cumprimento da cota feminina.

"O reiterado descumprimento das normas de incentivo à participação política da mulher caracteriza falha grave, apta a ensejar a desaprovação das contas", disse o ministro Og Fernandes, ao determinar que o DEM devolvesse R$ 398,6 mil.

Para a professora da FGV Direito Rio Silvana Batini, é importante que o TSE seja mais rigoroso, mas a Justiça Eleitoral ainda falha ao não dar respostas rápidas. "Estamos vendo o TSE julgando contas ainda de 2013. Isso é uma sinalização ruim, especialmente quando nós vimos o STF recentemente considerar que a Justiça Eleitoral está apta a julgar crimes conexos aos eleitorais", afirmou ela. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em reunião na quarta-feira, em Brasília, dirigentes de partidos como Solidariedade, PP, PSD e PRB - acompanhados de advogados - reclamaram do novo entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos julgamentos das prestações de contas. Para o deputado Paulo Pereira da Silva, presidente do Solidariedade, o TSE tem cometido exageros, que precisam ser corrigidos.

"Não dá para julgar por precaução ou por suposição, imaginando o que vai acontecer lá na frente", disse ele. "Se o partido usar advogados para defender uma pessoa física, o TSE tem razão de multar, mas o tribunal não pode aplicar multa se a legenda estiver usando o profissional para defender questões partidárias. Isso é um absurdo."

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O presidente do PRB, deputado Marcos Pereira (SP), sugeriu uma reunião com ministros do TSE para discutir o assunto. "Deveríamos fazer um diálogo institucional entre ministros do TSE e os principais partidos para debater essas questões político-eleitorais, que têm sido conflitantes nos últimos tempos", afirmou Pereira, que também é vice-presidente da Câmara.

O senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, destacou, por sua vez, que todos os partidos contratam advogados. "Então, se todos foram julgados, o mesmo procedimento que foi para nós tem de ser para os outros", argumentou ele.

Contas

Procurada, a equipe jurídica do PSDB disse que respeita a decisão do TSE, mas vai recorrer. Na avaliação dos tucanos, o veto à contratação de advogados para a defesa de políticos filiados é uma "guinada jurisprudencial", que "fere a segurança jurídica".

O DEM informou que já começou a cumprir as sanções aplicadas pelo não investimento de 5% do fundo na cota feminina.

O deputado estadual Emídio de Souza, tesoureiro do PT, disse que o partido recorreu em todos os níveis da pena de R$ 5,2 milhões. "Não vamos questionar a decisão do TSE e estamos tomando medidas para melhorar nossos sistemas de controle, inclusive com a adoção de compliance."

Segundo o TSE, todos os esforços da Corte são para "promover melhorias constantes nos serviços prestados". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) finalizou, na noite dessa segunda-feira (29), o julgamento das contas partidárias relativas ao exercício financeiro de 2013. Do total de 32 partidos existentes naquele ano (atualmente são 34), 14 tiveram as contas reprovadas e 18 foram aprovadas com ressalvas.

Foram seis decisões monocráticas (PCdoB, PRB, PSTU, PEN, PSB e PROS) e outras 26 decididas pelo colegiado no Plenário da Corte (DEM, PCB, PCO, PDT, PHS, PMDB, PMN, PP, PPL, PPS, PR, PRP, PRTB, PSC, PSD, PSDB, PSDC, PSL, PSOL, PT, PTB, PTC, PTdoB, PTN, PV e SD).

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Os partidos com contas reprovadas foram DEM, PCB, PCO, PDT, PHS, PMN, PR, PPS, PPL, PP, PRTB, PSD, PSDC, PT e PTC. Já os aprovados foram PMDB, PRP, PSC, PSOL, PSDB, PSL, PTdoB, PTB, PTN, PV e SD.

A aprovação com ressalvas ocorre quando são verificadas impropriedades de natureza formal, falhas ou ausências irrelevantes. Já a reprovação - ou desaprovação - surge nas seguintes hipóteses: quando há irregularidades que comprometam as contas; nos casos em que documentos e informações são apresentados parcialmente e de forma que não seja possível atestar a movimentação financeira do órgão partidário; e quando ficar comprovado que as informações declaradas não correspondem à verdade.

Com esses resultados, todos os partidos serão obrigados a devolver valores aos cofres públicos, uma vez que não conseguiram comprovar, em sua totalidade, o uso regular do Fundo Partidário durante o ano de 2013. A soma dos valores a serem devolvidos alcançou R$ 18.461.124,09, devidamente atualizados com juros e correção monetária, desde o exercício financeiro de 2013.

Caso transcorra o prazo de 15 dias após a decisão judicial sem o pagamento devido, caberá à Secretaria Judiciária do TSE encaminhar cópia digital do processo à Advocacia-Geral da União (AGU) para que promova as medidas cabíveis visando à execução do título judicial. A partir daí deverá ser emitida uma petição de cumprimento de sentença, nos termos do Código de Processo Civil (CPC).

Conforme prevê os artigos 60 e 61 da Resolução TSE nº 23546, caso os partidos não cumpram a determinação de devolver tais valores, passarão a constar como inadimplentes no Cadastro Informativo dos Créditos não Quitados de Órgãos e Entidades Federais (Cadin).

Pelo menos 25 partidos deixaram de cumprir a cota mínima de 5% do total de recursos recebidos do Fundo Partidário para programas que incentivem a participação feminina na política, conforme prevê a Lei dos Partidos Políticos (Lei nº 9.096/1995).

Em alguns casos, as legendas têm descumprido essa regra reiteradamente desde 2009, quando a norma entrou em vigor a partir da edição da reforma eleitoral (12.034/2009).

Conforme prevê a norma, os ministros determinaram que os valores a serem utilizados para esta mesma finalidade em 2020 deverão ser acrescidos de 2,5% dos recursos do Fundo Partidário a que terão direito. Além disso, os partidos que descumpriram o percentual mínimo terão os respectivos valores descontados das próximas parcelas do Fundo Partidário a que têm direito.

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Termina no próximo dia 30 de abril o prazo para que os partidos políticos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apresentem à Justiça Eleitoral as respectivas prestações de contas referentes ao exercício financeiro de 2018.

 As mencionadas prestações de contas deverão ser, obrigatoriamente, geradas a partir do Sistema de Prestação de Contas Anual (SPCA), disponível na página da Justiça Eleitoral.

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O Sistema deve ser utilizado de forma online, mediante prévio cadastramento, no próprio site, pelos dirigentes partidários. Os diretórios partidários regionais do Estado de Pernambuco deverão apresentar as suas prestações de contas ao Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), via Processo Judicial Eletrônico (PJe), conforme determinado na Portaria TRE-PE nº 226/2018, publicada no Diário de Justiça Eletrônico do TRE-PE.

 Já as direções municipais precisam entregá-las de modo físico nas Zonas Eleitorais designadas na Portaria TRE-PE n.º 40/2019, publicada no Diário de Justiça Eletrônico do TRE-PE.

Os diretórios partidários de nível municipal que não tenham movimentado recursos financeiros ou arrecadado bens estimáveis em dinheiro, devem apresentar à Justiça Eleitoral sua Declaração de Ausência de Movimentação Financeira, impressa dentro do ambiente do SPCA.

Se a legenda não prestar contas dentro do prazo definido em lei, a Presidência do respectivo Tribunal (ou o juiz eleitoral) será informada sobre a inadimplência, e o partido, então, será intimado a apresentar as contas em um prazo de 72 horas.

 Encerrado esse prazo, se a sigla permanecer inadimplente, o presidente do Tribunal ou o juiz eleitoral deverá determinar a suspensão imediata da distribuição ou repasse de novas cotas do Fundo Partidário, sujeitando-se, ainda, o partido ao julgamento de contas não prestadas, devendo o órgão partidário ser inativado e novas anotações indeferidas até que seja regularizada a situação.

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O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) deve apresentar, na próxima semana, uma lista de cargos regionais do segundo escalão federal aos partidos do chamado Centrão e outras legendas que ele quer aproximar da gestão.

Já no quarto mês de administração, Bolsonaro ainda não conseguiu consolidar uma base governista no Congresso Nacional, o que tem prejudicado o andamento de algumas prioridades do presidente.

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De acordo com a coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo, a lista está sendo organizada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM) e as nomeações devem acontecer a partir de critérios já estabelecidos.

Os cargos devem ser de estatais e autarquias como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf),  Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Banco do Nordeste.

O levantamento dos cargos que podem ser ofertados aos partidos já teria sido comunicado aos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

O presidente Jair Bolsonaro retoma o diálogo com dirigentes de partidos políticos em busca de apoio para a aprovação de medidas no Congresso Nacional, especialmente a reforma da Previdência. Nesta terça (9) e quarta-feira (10), Bolsonaro deve se reunir com representantes de seis legendas: PSL, PR, Novo, Avante, Podemos e Solidariedade.

"O presidente Jair Bolsonaro acredita que o encontro com os presidentes de partidos, na semana passada, e os que vão ocorrer esta semana, significam um reforço muito importante, sob o ponto de vista político, à reforma da Previdência”, afirmou o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros.

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Na agenda presidencial de hoje constam reuniões com o PR e o Solidariedade. Às 11h30, Bolsonaro receberá o senador Jorginho Mello (PR/SC) e o deputado Wellington Roberto (PR/PB).

Na sequência, irão ao Palácio do Planalto os deputados Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade, e Augusto Coutinho (PE), líder do partido na Câmara. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, participa das reuniões com os partidos.

Conselho

Na semana passada, após se reunir com seis partidos (PRB, PSD, PSDB, DEM, PP e MDB), o presidente propôs a criação do conselho de governo para viabilizar a interlocução entre o governo, os partidos e o Parlamento.

“Ele anunciou inclusive a intenção de criar um conselho político, para aproximar o governo dos partidos e do Congresso, como um novo modelo de articulação", afirmou Rêgo Barros. 

Antes das reuniões com os partidos, Bolsonaro participará hoje da marcha dos prefeitos, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios. À tarde o presidente dará posse ao ministro da Educação, Abraham Weintraub, e depois comandará a reunião do conselho de governo, integrada pela equipe ministerial.

Viagens

Bolsonaro também deve iniciar uma série de viagens pelo país ao longo dos próximos meses. Na quinta-feira (11), o presidente almoça com pastores no Rio de Janeiro. No dia seguinte, embarca para Macapá, onde inaugura a obra do aeroporto da cidade.

Estão previstas ainda visitas a Campina Grande (PB), onde Bolsonaro deve prestigiar um projeto local sobre dessalinização da água do mar, e a Manaus, ainda sem datas definidas. 

"O presidente está buscando também uma agenda de aproximação com essas regiões do país, fazendo sempre alguma entrega quando venha a realizar essas viagens", informou o porta-voz.  

Na quinta-feira, Bolsonaro comanda a cerimônia de 100 dias de seu governo, no Palácio do Planalto. "Teremos aqui um evento coordenado pela Casa Civil para apresentar algumas dessas realizações, que atingiram mais de 90% das metas finalísticas previstas, e que servirá para prestar contas à sociedade sobre o que já fizemos. E já fizemos muito", acrescentou Rêgo Barros.  

Um dia após o embate entre deputados e o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro abriu a agenda para receber líderes e presidentes de sete partidos. À exceção do DEM, no entanto, dirigentes das outras legendas saíram das reuniões mostrando ceticismo em relação ao governo e disseram não pretender entrar na base de sustentação do Planalto no Congresso, ao menos por enquanto. O mais duro foi o ex-governador Geraldo Alckmin, que preside o PSDB e concorreu com Bolsonaro na eleição do ano passado.

Nos encontros com PSDB, DEM, PSD, PP, PRB e MDB, Bolsonaro pediu ajuda para aprovar a reforma da Previdência na Câmara, pediu desculpas por "caneladas" e expôs a ideia de criar um "conselho político", com quem pretende se reunir a cada 15 dias para sentir a temperatura do Congresso. Disse que, quando era deputado, errou ao votar contra mudanças na aposentadoria e admitiu que agora precisa conversar mais com os partidos para formar uma ampla aliança. Na prática, as rodadas de conversa marcam uma mudança na estratégia adotada pelo governo, uma vez que a prioridade de Bolsonaro eram as negociações com frentes temáticas, como as bancadas da segurança, ruralista e evangélica.

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Após ser avisado de que o mal-estar com o Congresso havia piorado por causa de suas críticas à "velha política", Bolsonaro prometeu deixar a expressão de lado. Até agora, porém, ele sempre vinculara negociações com partidos a irregularidades e corrupção. Em "live" nesta quinta-feira, 4, no Facebook, disse não ter conversado sobre espaço no governo com os partidos. As siglas que estiveram no Planalto representam 196 deputados.

"Nada foi tratado sobre cargos, nem da parte deles, nem da nossa parte", afirmou. "O Parlamento vai fazer sua parte não só na reforma da Previdência como em todas as nossas reformas." O vice-presidente Hamilton Mourão disse na quarta-feira que, se o convite do Planalto para que as legendas integrem a base aliada for aceito, é "óbvio" que os partidos terão algum tipo de "participação".

Apesar de afirmar que a reunião foi agradável, Alckmin assegurou que o PSDB não integrará a coalizão governista. "Não há nenhum tipo de troca. Não participaremos do governo, não aceitamos cargo", disse o ex-governador de São Paulo ao deixar o encontro com Bolsonaro e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. "Não existe nova e velha, existe boa e má política. A boa política não envelhece."

Base

Bolsonaro pretende erguer uma base no Congresso que pode chegar a 313 deputados e 57 senadores. Hoje, ele só tem o apoio de seu partido, o PSL. Para aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), como a da reforma da Previdência, o governo precisa do aval de 308 deputados e 49 senadores, em duas votações.

Na tentativa de agradar a Alckmin, o presidente contou ter votado nele em outras campanhas. Nem assim convenceu o tucano a aderir à base. O ex-governador destacou, no entanto, que defende a reforma da Previdência, embora tenha "senões" à proposta. "Somos contra o Benefício de Prestação Continuada e achamos que, se há diferença na área urbana, por que não na rural?"

Com três ministérios no governo (Casa Civil, Saúde e Agricultura), o DEM adotou um discurso de pacificação ao sair do almoço com Bolsonaro e Onyx. O partido, porém, ainda está dividido em relação a um apoio formal ao governo, principalmente após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), protagonizar um embate público com Bolsonaro. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, se a Executiva Nacional do DEM fosse consultada hoje, a maioria votaria contra a adesão ao governo.

"Ser base, formalmente ou não, é algo que pode ocorrer com absoluta naturalidade e que vai acontecer no momento em que houver uma deliberação da Executiva", afirmou o presidente do DEM, ACM Neto, que é prefeito de Salvador. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado - que participou da reunião desta quinta, no Planalto - é um dos maiores defensores da entrada do DEM na base aliada. "Não há nenhum obstáculo", insistiu ele.

O presidente do MDB, Romero Jucá, disse que o partido não fará parte da base aliada. "Nós queremos ter uma agenda com temas caros à sociedade, como as reformas tributária e da Previdência e o equilíbrio fiscal. Não estamos atrás de cargos", afirmou o ex-senador. "Ainda é cedo para falar que tudo mudou. Acho que agora a gente começa uma nova etapa no relacionamento", concordou o presidente do PRB, Marcos Pereira, que é primeiro-vice-presidente da Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente nacional do MDB, o ex-senador Romero Jucá, disse hoje (4) que o partido apoia a reforma da Previdência, mas vai propor alterações no texto enviado pelo governo. Ele se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Bolsonaro reservou a agenda desta quinta-feira para conversar com dirigentes de seis partidos políticos.     

"Nós somos favoráveis a uma reforma, à construção de uma nova Previdência, agora questões específicas serão discutidas. O Benefício de Prestação Continuada [BPC], nós não concordamos da forma que está, a questão da aposentadoria rural, não concordamos do jeito que está. A questão dos professores queremos discutir. A questão da capitalização, o modelo não está claro, não é possível pedir capitalização de quem ganha um salário mínimo e meio ou dois salários mínimos. Isso não está ajustado e acho que deve ser discutido com mais profundidade", disse.

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Equivalente a um salário mínimo, o BPC é pago a idosos de baixa renda a partir dos 65 anos. A proposta de reforma da Previdência do governo prevê a redução do valor para R$ 400, com pagamento a partir de 60 anos, atingindo o salário mínimo a partir dos 70 anos. No caso da aposentadoria rural, a proposta do governo é elevar de 15 para 20 anos o tempo de contribuição e instituir a idade mínima de 60 anos para homens e mulheres. 

Jucá disse também que o partido ainda não decidiu se fechará questão (quando há a obrigação de votar conforme a orientação) a favor da reforma e descartou participar do governo federal, reforçando que o partido atuará com independência nas votações do Parlamento.  

"O MDB não quer cargo, não quer ministério, não vai pedir nada. O que nós queremos é construir uma agenda que faça com o que partido possa votar, o governo sabendo da nossa posição, da nossa contribuição e o povo sabendo das posições do MDB para construir um Brasil melhor", disse. 

Segundo Jucá, o MDB, que possui uma bancada de 34 deputados na Câmara, pretende atuar a favor de uma agenda específica, apresentada ao presidente da República. "Essa questão de ser ou não ser base é uma questão passada. A discussão agora é temática, é por projetos, por leis, por dispositivos, por posições que possam melhorar o povo brasileiro. Nosso compromisso é com a agenda econômica e social, com a criação de empregos, com a responsabilidade fiscal", disse.

Após uma visita oficial a Israel, o presidente Jair Bolsonaro está de volta ao Brasil e vai se dedicar, ao longo das próximas semanas, às articulações em favor da aprovação da reforma da Previdência.

A agenda do presidente inclui nesta quinta-feira (4) reuniões com lideranças de seis partidos políticos. Será a primeira rodada de diálogo com as legendas visando constituir uma futura base de apoio parlamentar ao governo no Congresso.

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As audiências começam a partir das 8h30, no Palácio do Planalto, quando ele recebe o presidente nacional do PRB, deputado Marcos Pereira (SP). Na sequência, Bolsonaro conversa com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, seguido pelo ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, presidente nacional do PSDB.

A agenda prevê, em seguida, um almoço com a participação de lideranças do DEM, incluindo o presidente nacional do partido, ACM Neto, prefeito de Salvador, e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. À tarde, Bolsonaro receberá o ex-senador Romero Jucá, do MDB, e o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, essas reuniões abrirão o diálogo do governo com os partidos para a construção de uma base de apoio.

"Estamos abrindo a porta à construção dessa base que vai se expressar na votação da nova Previdência em junho”, afirmou na última terça-feira (2). Na semana que vem, Bolsonaro se reunirá com presidentes de outras cinco legendas, incluindo o PSL, Solidariedade (SD), PR e Podemos.

CCJ

Na última quarta-feira (3), o ministro da Economia, Paulo Guedes, participou de uma audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados e voltou a argumentar que o atual modelo de Previdência é uma "fábrica de desigualdades" e que a proposta do governo pretende retirar privilégios.

A CCJ da Câmara é a porta de entrada da reforma da Previdência no Legislativo. A comissão analisará se a proposta está em conformidade com a Constituição. Depois, o texto segue para discussão em comissão especial e, se aprovado, será votado pelo plenário. Para ser aprovada, a medida precisa de apoio de dois terços dos deputados por se tratar de Proposta de Emenda à Constituição - PEC. Dessa forma, precisa ser aprovada por 308 deputados, em dois turnos de votação, para seguir para o Senado.

O relator da reforma da Previdência na CCJ, deputado Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), afirmou que deve apresentar parecer sobre a medida no dia 9 de abril.

A previsão de Freitas é que os dias 10 e 11 próximos fiquem destinados a eventuais pedidos de vista, e no dia 17 de abril, o relatório seja votado no colegiado.

Os partidos na Câmara já preparam sugestões de alterações na proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo ao Congresso. O texto ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) - marcada para o dia 17 - mas líderes, inclusive do PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, já engatilham emendas para quando a proposta estiver na comissão especial.

A retirada do texto das mudanças previstas para a aposentadoria rural e para o BPC (benefício assistencial pago a idosos e pessoas com deficiência carentes) é praticamente consenso, mas há outras sugestões de mudanças, como a redução na idade mínima e no tempo de contribuição para as mulheres.

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O Podemos prepara seis emendas que serão apresentadas pela legenda na comissão especial. Segundo o líder da sigla, José Nelton (GO), as emendas serão assinadas por toda a bancada e vão tratar também sobre mudança do porcentual de contribuição patronal na capitalização, idade mínima para mulheres em 60 anos (a proposta fixa em 62 anos) e tempo de contribuição de professoras em 30 anos (a reforma estipula 35 anos).

O PSL também prepara emendas. O líder na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), prepara com sua equipe técnica um texto que pede que a guarda municipal seja incluída na mesma categoria dos outros membros da segurança pública. O partido quer que a guarda municipal não cumpra a regra propostas para os segurados do INSS, que exige idade mínima de 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres), com 20 anos de tempo de contribuição, no mínimo. A intenção é que para eles também valham as regras dos policiais federais e civis: idade mínima de 55 anos com tempo de contribuição de 30 anos (homens) e 25 anos (mulheres).

Já o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), afirma que o partido pretende apresentar apenas uma emenda na comissão especial, mas vai propor modificações em vários pontos da reforma enviada - o que significa que a emenda será quase uma sugestão de substitutivo à proposta. O partido quer que a idade mínima seja de 62 anos homem e 59 para mulheres, além de baixar para 17 anos o tempo de contribuição, entre outras mudanças.

O PDT que já se posicionou contra a reforma estuda uma forma de sugerir uma nova proposta para a reforma da Previdência. Uma alternativa é apresentação de um texto substitutivo, também na comissão especial que ainda está sendo estudado. E o PSDB, que é a favor da reforma, acredita que há pontos no texto para serem aperfeiçoados. "A partir dessa semana estaremos discutindo vários tópicos da Nova Previdência", disse o líder do partido na Câmara, Carlos Sampaio (SP).

O relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o deputado Marcelo Freitas (PSL-MG), afirmou nessa segunda-feira, 1º, que regimentalmente é possível que alguns pontos sejam modificados no colegiado, primeira etapa da tramitação da reforma no Congresso. No entanto, ele reforçou que, neste momento, o ideal é que a CCJ se encarregue apenas de debater a admissibilidade da proposta - ou seja, se o texto respeita a Constituição - e que mudanças devem ser analisadas na comissão especial. / COLABOROU RENATO ONOFRE

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Grupos políticos rivais iniciaram uma disputa com a esperança de formar um governo na Tailândia, depois de eleições legislativas marcadas por denúncias de irregularidades.

A junta militar atualmente no poder tem as principais cartas na mão para virar um governo civil, já que os resultados preliminares indicam que seu partido conseguiu uma inesperada maioria do voto popular.

A Comissão Eleitoral informou que, com 94% das urnas apuradas, o partido Phalang Pracharat recebeu 7,6 milhões de votos.

O resultado dá ao partido e a seu candidato, o atual primeiro-ministro e líder da junta militar Prayut Chan-O-Cha, uma forte legitimidade, embora a legislação tenha sido projetada para favorecer o candidato governista.

Se o resultado for confirmado, representaria uma vantagem de 400.000 votos sobre o partido Pheu Thai, que foi afastado do poder pela junta militar no golpe de 2014.

O Pheu Thai, no entanto, deve confirmar o posto de maior partido na Câmara dos Deputados, com quase 40 cadeiras a mais que o partido do governo.

Neste cenário, os analistas preveem dias e até semanas de negociações, já que os dois partidos reclamam o direito de formar um novo governo.

Prayut, um rígido comandante militar, protagonizou inesperadas propagandas durante a campanha. "Se você quer alguma coisa, tem que fazer você mesmo", disse Prayut a um grupo de estudantes.

"Eles dizem que se lançarmos esperanças e sonhos no ar isto é como soltar uma pipa no céu", acrescentou, sem oferecer explicações sobre o significado da frase.

Além das frases enigmáticas, agora resta definir como e quem formará o novo governo. O Pheu Thai afirmou na segunda-feira que como partido majoritário tem o direito de formar uma coalizão no lugar da junta militar.

Para conquistar o objetivo precisa do apoio do partido Future Forward, que recebeu quase cinco milhões de votos e se consolidou como a terceira maior formação do país.

Este último partido conseguiu uma forte adesão dos mais jovens, atraídos por sua plataforma de reformas econômicas e no segmento militar.

"Estamos dispostos a formar uma coalizão com o partido com o maior número de cadeiras", afirmou o jovem candidato Thanathorn Juangroongruangkit.

Outro pequeno partido, Bumjaithai, que representa a milionários que alternam sua lealdade, deve ser crucial para definir a situação a favor ou contra da junta militar.

Este partido propôs para o cargo de primeiro-ministro Anutin Charnivirakul, 52 anos, quem prometeu reforçar a arrecadação no setor rural com o cultivo de maconha medicinal. Charnivirakul era um alto funcionário do governo que foi destituído pelo golpe de 2014.

As eleições também foram marcadas por questionamentos. Milhões de votos anulados, controle irregular dos centros de votação e críticas às autoridades eleitorais marcaram o processo.

Várias províncias anunciaram um número de votos superior ao número de eleitores registrados, algo que a Comissão Eleitoral atribuiu a uma "falha humana".

Partidos saíram em defesa do presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), após a crise instalada com o governo de Jair Bolsonaro que fez com que ele ameaçasse se afastar da articulação para a reforma da Previdência. O líder do PPS no parlamento, Daniel Coelho (PE), disse que o governo não pode gerar ruídos. "Temos um assunto que já é muito difícil por si só que é a Previdência", disse. "Algumas declarações em redes sociais, seja do presidente ou do filho dele, não contribuem", afirmou ao Broadcast, plataforma de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Em um gesto de apoio a Maia, o PPS recebeu o presidente da Câmara em sua convenção nacional realizada hoje em Brasília. Ele passou rapidamente pelo evento, acompanhado do deputado Alex Manente (PPS-SP), com quem tem agenda em São Paulo ainda hoje.

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Mais cedo, o PSD emitiu uma nota com apoio enfático a Maia e para expressar "seu veemente repúdio aos ataques desferidos nas mídias sociais" contra ele. "Para a bancada do PSD na Câmara, os ataques gratuitos à pessoa do presidente Rodrigo Maia, além de agredir covardemente a sua dignidade pessoal e política, buscam erodir, sobretudo, o Poder Legislativo, esteio do regime democrático e fundamento da República", diz o partido.

O líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), acompanhou de perto a movimentação de Maia nos últimos dias e disse que ele foi "cirúrgico e correto". "Maia tem a previdência como foco. Não é reforma do presidente, ele tem essa defesa desde sempre", afirmou Lira ao Broadcast. Para o líder do PP, falta ao governo deixar mais claro quais são suas metas, "para onde ele vai", disse.

Alheios ao discurso de renovação política que permeou a eleição do ano passado, partidos ignoram as denúncias de corrupção contra seus quadros. Das 25 legendas com representação no Congresso e que possuem parlamentares investigados ou denunciados, apenas uma analisou formalmente o caso que chegou à direção do partido. Mesmo assim, não houve punição.

A exceção foi o PDT, do senador Acir Gurgacz (PDT-RO), que dorme no Complexo Penitenciário da Papuda, mas segue trabalhando no Senado entre 8h e 19h. Condenado a quatro anos e seis meses de prisão em regime semiaberto por crime contra o sistema financeiro, ele foi considerado inocente por unanimidade pelo Conselho de Ética do seu partido.

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"Mergulhei no caso do senador Acir, que foi o único condenado por um empréstimo feito pela empresa da família dele. Não houve corrupção nem dolo. Por unanimidade, entendemos que ele é inocente e que o julgamento foi equivocado", afirmou o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Segundo levantamento feito pelo Estado envolvendo casos em andamento em todas as instâncias do Judiciário no País, um terço do novo Congresso é acusado de crimes como corrupção, lavagem, assédio sexual e estelionato ou é réu em ações por improbidade administrativa com dano ao erário ou enriquecimento ilícito. No total, são 160 deputados e 38 senadores.

Na maioria dos casos, os conselhos de ética nem sequer foram acionados. É o que aconteceu no caso do deputado Valdevan Noventa (PSC-SE). Preso preventivamente em 7 de dezembro na Operação Extraneus, que apura crimes de falsidade eleitoral e organização criminosa durante a campanha, ele foi diplomado na cadeia pública de Estância (SE). No dia 12 de janeiro, foi liberado por decisão do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal. A Procuradoria-Geral da República recorreu da decisão.

Apesar da prisão, o PSC diz que "não vai convocar o Conselho de Ética se antecipando e condenando alguém" e ressaltou que a Justiça deu ao deputado o direito de ser diplomado e empossado.

No mês passado, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu a decretação da perda de mandato imediata em caso de parlamentares condenados a cumprir pena em regime fechado por um prazo superior a quatro meses. A manifestação foi feita no processo que envolve o ex-deputado Paulo Feijó (PR-RJ), condenado a 12 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O argumento de que é preciso aguardar o trânsito em julgado dos processos contra os políticos, não importa a gravidade da acusação ou se já houve condenação, é recorrente nos partidos. Os conselhos só são acionados nos casos de infidelidade partidária, ou seja, quando o parlamentar apoia ou vota contra a decisão da executiva.

O PT, que tem o maior número de deputados processados, não aciona sua Comissão de Ética há dez anos, quando suspendeu por um ano os direitos políticos dos deputados federais Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), por se posicionarem contra a orientação da sigla sobre a questão da descriminalização do aborto. A única expulsão relacionada a caso de corrupção no partido foi a do ex-secretário nacional de Finanças Delúbio Soares, em 2006, após ele ter admitido a prática de caixa 2 nas eleições de 2004.

Dirigentes

A inação pode estar relacionada à situação jurídica dos próprios dirigentes partidários. Dez das 25 legendas representadas no Congresso têm presidentes respondendo a processos ou sendo investigados, sendo que cinco deles têm mandato.

Promessa recorrente dos partidos em momentos de crise de imagem, o "compliance" - instrumento criado no mundo corporativo com mecanismos para o cumprimento de normas éticas - voltou ao "radar" dos grandes partidos. Trata-se, porém, um serviço que custa caro. O presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, levou um susto quando recebeu o orçamento: R$ 400 mil. Alckmin pretende deixar a ideia na gaveta até maio, quando será eleita a próxima executiva tucana, e anunciou a criação de uma comissão para elaborar um código de ética, o primeiro do PSDB.

Atingido pelas denúncias de uso de candidatos "laranja", o PSL também encontrou na promessa do compliance um caminho para tentar aliviar sua crise de imagem e evitar que ela contamine o desempenho eleitoral nas eleições municipais. "Independente do partido, sempre tem algum engraçadão querendo fazer o que não deve. Com compliance, a gente começa a separar o joio do trigo", disse a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso e autora da ideia.

O MDB segue a mesma trilha. "O MDB é um dos partidos pioneiros em aprovar em convenção nacional a implantação do compliance, que está em análise e implementação", afirma o ex-senador Romero Jucá (RR), presidente do partido.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) propôs um projeto de lei para obrigar todas as legendas a incluírem em seus estatutos medidas de compliance, que ele chama de "programa de integridade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Insatisfeitos com a falta de interlocução no Palácio do Planalto, líderes de partidos que reelegeram Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara já começam a cobrar a fatura política. Sob o argumento de que a demora do governo para liberar cargos e emendas pode se refletir no placar de votação, deputados pressionam Maia para que ele consiga convencer o presidente Jair Bolsonaro a "destravar" pelo menos as nomeações.

Nem mesmo o anúncio de que nos próximos dias o Executivo criará uma plataforma virtual, na qual deputados e senadores da base aliada poderão fazer indicações para o segundo escalão, serviu para acalmar os parlamentares. Nos bastidores, muitos deles tratam com ironia o novo modelo para selecionar quem ocupará as vagas nos Estados, batizado no Planalto de "banco de talentos".

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"Isso vai virar um show de calouros", provocou o deputado Jhonatan de Jesus (RR), líder do PRB na Câmara. A plataforma a ser lançada pelo governo foi desenvolvida pela Controladoria-Geral da União (CGU) e estabelecerá critérios para as nomeações, como formação acadêmica e experiência na área. O discurso oficial é de que todo indicado precisará ser "ficha-limpa" para entrar na equipe. A seleção para a ocupação dos cargos será feita pelos ministros.

"O problema é que esse governo não tem traquejo político e é muito enrolado", afirmou o líder do PP, Arthur Lira (AL). "Se for para ministros escolherem as pessoas, nem precisa nada. Se vai para a subjetividade do ministro, tudo vai continuar do mesmo jeito."

Em conversas reservadas, deputados dizem que, se o endurecimento das exigências para nomeação valesse para todos, o ex-chefe da Secretaria-Geral da Presidência Gustavo Bebianno - demitido na segunda-feira - e o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, não teriam sido escolhidos. Os dois são alvo de investigação sobre financiamento irregular de candidaturas.

A recondução de Maia ao comando da Câmara teve apoio de 19 partidos, separados em dois blocos. O maior deles, chamado de "blocão", reúne DEM, PP, PR, PSD, MDB, PRB, PSDB, PTB, PSC, PMN e o próprio PSL de Bolsonaro. Líderes dessas siglas observam que Maia só ganhou novo mandato, há 21 dias, graças à robusta aliança - que lhe rendeu uma vitória no primeiro turno, com 334 votos - e agora precisa retribuir o apoio.

Embora não tenha bom relacionamento com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Maia é amigo do ministro da Economia, Paulo Guedes, conta com a simpatia de militares, como o chefe da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, e está ganhando a confiança de Bolsonaro. Nos corredores da Câmara, o presidente da Casa tem sido tratado como "primeiro-ministro".

A ameaça de derrubar no plenário projetos importantes, se o governo não ceder, é feita a portas fechadas por congressistas descontentes e atinge até mesmo a reforma da Previdência, classificada pela equipe econômica como prioritária para o ajuste das contas públicas.

Derrota

Um exemplo de que os deputados estão dispostos a dar o troco no Planalto se não forem atendidos foi dado na terça-feira. Na ocasião, a Câmara anulou decreto editado pelo vice-presidente Hamilton Mourão que ampliava o rol de servidores aptos a classificar documentos ultrassecretos. Foi a primeira derrota do Executivo no Legislativo.

"O DEM tem três ministérios e a nossa preocupação é fazer com que o governo dê certo, porque, se não der, quem sofrerá as consequências somos nós", afirmou o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do partido e do "blocão". No seu diagnóstico, é natural que Maia e até mesmo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), também do DEM, façam a "ponte" do Congresso com o Planalto.

"O presidente Bolsonaro precisa ter na política a mesma sensibilidade que teve na economia, quando deu carta branca ao ministro Paulo Guedes para tocar a reforma da Previdência", disse Elmar. "No governo Temer, o interlocutor era Carlos Marun. Hoje, o presidente não empoderou ninguém, Gustavo Bebianno saiu e se diz que a articulação política está dividida entre Onyx e Santos Cruz. Mas quem tem dois não tem nenhum."

Até o PSL de Bolsonaro reclama de estar sendo preterido na distribuição dos cargos. Em reunião da bancada com o presidente, na quarta-feira, 20, coube ao líder do partido no Senado, Major Olímpio (SP), fazer a queixa. Bolsonaro, porém, não gostou. "(...) Nada pedimos, apenas não sermos preteridos, desconsiderados e tratados como inimigos. Se exagerei, mais uma vez me penitencio", escreveu Major Olímpio, em mensagem postada em grupo de WhatsApp.

Bolsonaro adiou para terça-feira da semana que vem uma reunião prevista para esta quinta-feira, 21, com líderes de partidos que podem compor a base aliada na Câmara, ainda indefinida. Nenhum deles gostou do fato de o presidente ter enviado ao Congresso a proposta de mudança na aposentadoria antes de consultá-los. Procurado pelo Estado, Maia não quis se manifestar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após três décadas ditando os rumos da política no País, MDB, PT e PSDB viram-se apeados não apenas da presidência das duas Casas legislativas, mas também dos cargos da Mesa Diretora da Câmara. É a primeira vez desde a redemocratização que as três siglas, que concentram o maior número de filiados, ficam de fora dos postos de comando da Casa.

As legendas tiveram de se contentar com vagas de suplência para que não ficassem totalmente alijadas do arranjo capitaneado por Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em outro lance, o PT ainda corre o risco de perder a liderança da minoria na Casa, por força de pressão de bloco encabeçado por PDT e PCdoB.

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No Senado, o desenho final costurado por Davi Alcolumbre (DEM-AP) ajudou a atenuar a perda de espaço do PSDB, que conquistou a 1ª vice-presidência. O MDB, que mirava a presidência com Renan Calheiros, acabou ficando com uma das secretarias. Já o PT perdeu a 1ª secretaria e passou a ter a 3ª suplência da Mesa.

Cabe à Mesa Diretora dirigir os trabalhos legislativos. Esses cargos também concentram poderes como examinar ressarcimentos de despesas médicas, pedidos de passagens áreas e emissão de passaportes diplomáticos. Além de conferir prestígio, são vagas importantes para os partidos tendo em vista os cargos de assessoria a que têm direito.

O ocaso de PT, MDB e PSDB na Câmara é visto como reflexo do desempenho que tiveram nas urnas e de erros de estratégia após a eleição, segundo parlamentares ouvidos pela reportagem. "Novas forças políticas emergiram. Estamos na Legislatura do 'se vira nos trinta', diversas bancadas com cerca de 30 deputados. Isso alterou também o peso de cada partido na hora da negociação", diz Marcos Pereira (PRB-SP), deputado em primeiro mandato e que foi eleito 1º vice-presidente da Câmara.

O MDB, que já teve a maior bancada da Casa, foi o que mais minguou na última eleição: saiu de 66 eleitos, em 2014, para 34 em 2018. Hesitou em unir-se ao bloco costurado por Maia, selando o apoio somente às vésperas da eleição, quando as principais vagas da Mesa já haviam sido negociadas. Ficou com uma suplência e ainda disputa nos bastidores a presidência de uma comissão importante. Desde a Constituinte, o partido jamais ficara sem um posto na Mesa Diretora. "Tinham a fonte a seu lado, não deram bola, e agora terão de se contentar com um copo d'água", diz o deputado Hugo Leal, do PSD, um dos primeiros partidos a fecharem com Maia.

Acordos

Maia começou a costurar acordos para se manter na presidência ainda no ano passado. Entrou em 2019 com acertos adiantados com Gilberto Kassab (PSD) e Valdemar Costa Neto (PR). Sem um nome competitivo, o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, desistiu de tentar a presidência e fechou acordo com Maia em troca de um lugar na mesa e da presidência das comissões de maior relevo da Casa. Foi a senha para que outras siglas, como o PRB, se unissem ao bloco.

O PSDB até correu para se acertar com Maia logo nos primeiros dias do ano, mas seu poder de fogo estava limitado. Com 54 deputados e a 3ª maior bancada na Legislatura passada, os tucanos chegaram em 2019 com 29 parlamentares, a 8ª maior bancada. "A negociação política permitiu que o PSDB não perdesse tanto espaço", diz Carlos Sampaio, líder do partido na Câmara. Segundo ele, o PSDB terá nomes em comissões e outros cargos da Casa. Desde sua fundação, em 1988, o PSDB só ficara uma vez sem cargo na mesa, na presidência de Ibsen Pinheiro, em 1991.

Mesmo tendo eleito a maior bancada no ano passado, com 56 deputados, o PT ficou apenas com uma vaga de suplente na mesa e deve ter o comando de uma comissão de menor importância. Manteve, assim, situação da legislatura passada. Desde 1997, quando passou a ter cargo na Mesa Diretora, o PT experimentara dois hiatos: de 2005 a 2007, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito, alijando o partido do então governo do comando, e de 2015 para cá, com as eleições de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Maia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo após uma eleição marcada pelo discurso de nova práticas política, 12 senadores já trocaram de partidos desde outubro do passado até este mês fevereiro, quando se iniciou a nova legislatura no Senado Federal. O troca-troca partidário acabou por mudar a dinâmica de forças nas bancadas da Casa, diminuindo a importância de siglas tradicionais como o PSDB e colocando em destaque novos grupos partidários como o Podemos e o PSD.

A forte renovação no Senado - das 54 cadeiras em disputa, 46 foram entregues a novos senadores - não evitou que uma parcela significativa desses parlamentares trouxesse à tona o já conhecido fisiologismo e protagonizasse "traições" ou acordos envolvendo 12 partidos. Entre os nomes, figuras tradicionais como o ex-presidente Fernando Collor (AL) e estreantes como Jorge Kajuru (GO) e Capitão Styvenson (RN).

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As mudanças, inclusive, "expulsaram" cinco siglas do Senado - PTC, PRP, PHS, PTB e Solidariedade. Todas tinham ou saíram das urnas com pelo menos um senador, mas começaram o ano legislativo abandonadas por seus parlamentares. O caso mais simbólico entre os que saíram prejudicados é o do PTB, partido do ex-deputado Roberto Jefferson, conhecido pelo envolvimento no caso do mensalão.

O partido elegeu dois novos senadores em outubro e, como já tinha um em meio de mandato, terminou 2018 projetando uma bancada de três parlamentares, o que garantira direito até a uma estrutura de liderança partidária, ou seja, mais espaço físico, por meio de um gabinete, e cargos em comissão. Nesses 90 dias, a sigla perdeu os três, sendo dois deles para o PSD, e deixou de sequer ter representação na Casa. O Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, apurou que a "traição" irritou Roberto Jefferson, que tentou reverter as saídas, mas não conseguiu.

Na outra ponta está o PSD, de Gilberto Kassab. O ex-ministro articulou mesmo durante o recesso e conseguiu fazer seu partido saltar de sete senadores para dez nesse mesmo período: trouxe Nelsinho Trad (MS) e Lucas Barreto (AP), ambos do PTB, além do Carlos Viana (MG), do PHS. Em compensação, a sigla perdeu o senador Lasier Martins (RS) para o Podemos. Ainda assim, o PSD ultrapassou o PSDB em tamanho e força. Os tucanos não conseguiram seduzir nenhum novo senador e permaneceram com uma bancada de oito parlamentares, contra nove do PSD.

A ofensiva de Kassab serviu para que o partido pudesse requisitar mais espaço no Senado, devido à regra da proporcionalidade, que dá direitos dos maiores partidos escolherem mais e melhores cargos. Nas negociações, a sigla conseguiu garantir a Primeira-Secretaria do Senado, além da Presidência de uma das mais importantes comissões, a de Assuntos Econômicos (CAE).

O outro exemplo foi o Podemos, partido do senador Alvaro Dias (PR). A sigla trouxe, além de Lasier Martins, os senadores Eduardo Girão (CE), que era do PROS, e Capitão Styvenson (RN), que veio da Rede Sustentabilidade. Com isso, a legenda subiu de cinco parlamentares, após as eleições, para oito nomes agora. O crescimento fez com que Alvaro Dias garantisse a indicação para a Segunda Vice-Presidência do Senado, um dos cargos mais importantes da Mesa Diretora.

O assédio foi tanto que houve quem atuasse para evitar uma "debandada". A articulação de Alvaro Dias representou um duro golpe, por exemplo, para o partido de Marina Silva, a Rede Sustentabilidade. A saída de Styvensson foi a segunda baixa na sigla, que já havia perdido o senador Delegado Alessandro Vieira (SE) para o PPS. Com isso, a Rede deixou de ter cinco senadores, como havia eleito em outubro, e passou a ter uma bancada com apenas três parlamentares no Senado.

Um dos principais aliados de Marina, o senador Randolfe Rodrigues atuou para evitar que a debandada fosse maior. Se perdesse três senadores, a Rede não teria direito, por exemplo, a uma estrutura de liderança na Casa. O motivo que explica essas saídas do partido da ex-ministra do Meio Ambiente é fato da sigla não ter atingido a cláusula de barreira. Quando isso acontece, na prática, o partido perde o direito de ter acesso a fundos públicos com verbas para financiais as atividades partidárias e eleitorais.

Renovação histórica

Em outubro, o Senado renovou 2/3 de seu plenário - 54 parlamentares foram eleitos. Foi a maior renovação desde o fim da ditadura militar, com a entrada de 46 novos senadores. Dos 32 parlamentares que tentaram a reeleição, somente oito conseguiram novo mandato, entre eles Renan Calheiros, do MDB de Alagoas, Ciro Nogueira, do PP do Piauí e Humberto Costa, do PT de Pernambuco.

Nomes tradicionais como Romero Jucá (MDB-RR), Valdir Raupp (MDB-RO), Eunício Oliveira (MDB-CE), Roberto Requião (MDB) do Paraná, Lindbergh Farias (PT-RJ) e Magno Malta (PR-ES) ficaram de fora.

A composição do atual Ministério, em comparação com os últimos seis governos eleitos, é a que menos têm relação com o tamanho dos partidos na Câmara dos Deputados. As legendas representadas no primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro têm apenas 24% das vagas de deputados.

Ao tomar posse, em 1995, Fernando Henrique Cardoso contemplou com cargos em seu ministério partidos que dominavam 57% da Câmara, um pouco menos do mínimo necessário para aprovar mudanças constitucionais (60%). No segundo mandato de FHC, a base de deputados com correligionários em cargos-chave ficou ainda mais ampla: 80%.

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Na era petista, Luiz Inácio Lula da Silva começou a governar com uma taxa de 42%, e ao ser reeleito a ampliou para 66%. Sua sucessora, Dilma Rousseff, manteve margens semelhantes - 63% e 64% no início do primeiro e do segundo mandatos, respectivamente.

Tanto FHC como os presidentes petistas, que tinham uma agenda de reformas dependente do aval do Congresso, distribuíram ministérios como forma de cooptar aliados e garantir deles fidelidade. Ainda que essa fidelidade nunca tenha sido absoluta, a história recente ensina que a participação no Executivo influencia o comportamento das bancadas em votações no Legislativo.

O presidencialismo de coalizão, sistema que marcou a política brasileira no último quarto de século, é rejeitado por Bolsonaro. Seu desafio será garantir apoio no Congresso Nacional mesmo sem compartilhar o poder. Nem sequer essa base de 24% da Câmara é sólida. Atualmente há partidos com cargos no primeiro escalão que não se sentem representados, já que não participaram da indicação do ministro - caso do DEM, MDB e Novo.

Bolsonaro, no entanto, tem a seu favor a afinidade ideológica com a maioria da Câmara. As chamadas bancadas da Bíblia, do boi e da bala (religiosos, representantes do agronegócio e defensores da liberação das armas) estão alinhadas com o discurso e algumas as metas do Executivo.

Essas bancadas temáticas, porém, se dividem quando o tema em votação escapa de suas esferas imediatas de atuação. Nos partidos, onde existe orientação do líder em cada voto, costuma haver mais unidade.

A reforma da Previdência, prioridade da nova administração, deve mostrar até que ponto é para valer a ruptura com o modelo de cooptação de partidos por meio da distribuição de cargos.

A Câmara dos Deputados escolheu também na noite dessta sexta-feira (1º), a composição da sua Mesa Diretora. O PRB e o PSL ficaram com as vice-presidências, como já era esperado devido ao acordo fechado entre o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e as legendas que o apoiaram em sua reeleição.

O presidente nacional do PRB, Marcos Pereira (SP), ficou com a 1ª vice-presidência e o presidente do PSL, partido de Jair Bolsonaro, deputado Luciano Bivar (PE) ficou com a 2ª vice. Ele teve que disputar um segundo turno com Charlles Evangelista (PSL-MG).

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A deputada Soraya Santos (RJ) disputou a 1ª secretaria contra outro deputado do seu próprio partido, o PR, e venceu. Após construir uma aliança com a bancada feminina da Casa e com integrantes de outros partidos, ela derrotou o deputado Giacobo (PR), que era o nome oficial da sigla.

A 2ª secretaria ficou com o deputado Mario Heringer (PDT-MG) e a 3ª, com Fábio Faria (PSD-RN). O deputado André Fufuca (PP-MA) foi eleito para a 4ª secretaria.

As suplências dos cargos da Mesa Diretora ficaram com Rafael Motta (PSB-RN), Isnaldo Bulhões (MDB-AL), Geovania de Sá (PSDB-SC) e Assis Carvalho (PT-PI).

O PT, o PSB e o PSOL anunciaram nesta terça-feira (22) a formação de um bloco de oposição ao governo federal na Câmara dos Deputados.

"É importante unir forças para que possamos fazer o enfrentamento e honrar a condição de oposicionistas que os eleitores nos colocaram", disse o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

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Ainda está em em negociação a adesão de PDT, PCdoB e Rede. Caso se concretize,o bloco pode chegar a 136 deputados a partir de fevereiro: PT (56), PSB (32), PSOL (10), PDT (28), PCdoB (9), Rede (1).

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffman, afirmou que a sigla será responsável pela articulação entre PDT e PCdoB. Já o PSOL se reunirá com lideranças da Rede. As atividades do Congresso Nacional começarão no dia 1º de fevereiro. Também nesta data será realizada a eleição da Mesa Diretora, responsável pela condução dos trabalhos legislativos e administrativos na Câmara. 

Para o vice-líder do PSOL na Câmara, deputado Ivan Valente (SP), esse é o momento mais adequado para consolidar o bloco opositor ao governo atual. A sigla é a única dos partidos do bloco que já anunciou candidatura para a presidência da Câmara. "Por isso, a proposta inclusive, de recolocar o PCdoB e o PDT, aliados históricos, que venham para o bloco para que tenhamos uma agenda comum, que vai ser depois a nossa agenda”, afirmou. 

Presidência da Câmara

Inicialmente, o bloco não definiu posicionamento único sobre as eleições da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Além da presidência da Câmara, estão em disputa a primeira e segunda vice-presidência da Casa, quatro secretarias e as respectivas quatro suplências. 

Até agora, oito deputados já anunciaram candidatura à Presidência da Câmara: Alceu Moreira (MDB-RS), Capitão Augusto (PR-SP), Fábio Ramalho (MDB-MG), JHC (PSB-AL), Kim Kataguiri (DEM-SP), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ). 

O atual presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não oficializou a candidatura à reeleição, mas já conta com o apoio de 12 siglas para permanecer no cargo, incluindo o PSL, do presidente Jair Bolsonaro. O deputado João Campos (PRB-GO) havia anunciado candidatura, mas voltou atrás e decidiu integrar o bloco em formação que apoia Maia. O bloco já reúne 262 deputados. 

A votação para Mesa Diretora é secreta. Para eleição em primeiro turno, é necessária maioria absoluta entre os presentes na sessão, o correspondente a 257 deputados. Se ninguém atingir este número, há segundo turno com os dois mais votados. A eleição dos demais integrantes da mesa só ocorre quando o presidente é eleito.

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