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O espião russo Sergei Vladimirovich Cherkasov guardava um documento de quatro páginas em português com minúcias da história do personagem fictício Victor Muller Ferreira, identidade falsa que ele assumiu para viver como um brasileiro, fã de feijoada e mulheres curvilíneas.

O documento traz aspectos pessoais e familiares da "lenda", termo usado na espionagem para definir histórias fabricadas que encobrem a identidade de agentes. É um relato falso do início ao fim. A familiaridade com as informações ali descritas ajudou Cherkasov a se passar por brasileiro. Ele vivia em São Paulo e usou essa identidade para estudar na Universidade Johns Hopkins, nos EUA.

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O sotaque carregado era justificado por uma suposta ascendência alemã. Victor "nasceu" em Niterói (RJ), em 1989, e seus primeiros anos no Rio de Janeiro foram tristes. A mãe morreu no parto, mas ele só soube da perda aos 15 anos. Uma amiga de sua mãe assumiu a criação e ele viveu temporadas curtas em várias cidades.

Na obra de ficção, Victor chega a atuar como vendedor, com distribuição de panfletos e até em uma oficina mecânica. Para dar verossimilhança à história, há detalhes sobre personalidade, aparência de conhecidos e até descrição de cartazes pornográficos de modelos na parede da oficina. A morte de cada familiar é narrada com alguma especificidade, como enfarte ou câncer.

Volta

O documento narra um retorno ao Brasil, em 2010, após um período na Europa. Nesse ponto, há uma mescla de ficção e realidade. Os registros da imigração mostram que naquele ano Cherkasov entraria pela primeira vez no Brasil. Segundo a vida falsa, o regresso serviria para que ele passasse uma parte do passado a limpo com o pai, em Brasília.

O documento diz ainda que, na capital federal, ele se encantaria com os restaurantes a quilo. Um dos preferidos era da Asa Norte, onde seria vendida a "melhor feijoada da cidade". Tudo mentira.

O relato foi descoberto pela Holanda em 31 de março de 2022, quando Cherkasov desembarcou em Amsterdã para um estágio no Tribunal de Haia, que investiga crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia. Suspeita-se que um dos objetivos de Vladimir Putin seria infiltrar Cherkasov no tribunal para ter acesso a esses documentos.

Os oficiais da inteligência holandesa comunicaram às autoridades brasileiras que o espião havia sido barrado e seria mandado de volta ao Brasil. Ao chegar a Guarulhos, em 4 de abril de 2022, foi preso com documentos falsos. Dois meses depois, seria condenado a 15 anos de prisão.

A Rússia pediu a extradição de Cherkasov sob a justificativa de que ele é um traficante de drogas foragido. Em Cotia, região metropolitana de São Paulo, o russo tinha um esconderijo para deixar equipamentos e mensagens que poderiam ser recuperados por outros agentes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Serguei Cherkasov, o espião russo preso após tentar entrar na Holanda com identidade brasileira falsa, usava esconderijos para deixar dispositivos eletrônicos e mensagens que poderiam ser recuperados por outros integrantes de sua organização. Um dos pontos para ocultação de equipamentos era uma ruína localizada dentro de uma mata às margens da Rodovia Raposo Tavares, em Cotia, região metropolitana de São Paulo.

O espião vivia em São Paulo, usava o nome falso de Victor Muller Ferreira e se passava por brasileiro. Ele usou essa identidade para ir estudar na Universidade Johns Hopkins, nos EUA, onde tentou conseguir estágios em agências governamentais e internacionais. Ao obter um estágio no Tribunal Internacional, em Haia, foi descoberto por autoridades americanas e holandesas e deportado para o Brasil.

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Mapa

O esconderijo foi descoberto porque no celular de Cherkasov havia rascunhos de mensagens acompanhadas de um mapa com fotos do local exato onde objetos poderiam ser encontrados, em uma falha na junção de duas paredes da construção abandonada.

Com a descoberta do esconderijo de Cotia, policiais federais foram ao local e encontraram "equipamentos eletrônicos" no local indicado. O material foi entregue ao FBI. A dispensa de equipamentos de comunicação em locais remotos onde contatos podem recuperá-los é uma prática relativamente comum no mundo da espionagem, segundo relatórios de contrainteligência.

Às vésperas do embarque para a Holanda, Cherkasov esteve no esconderijo de Cotia. Ele fez uma viagem com carro de aplicativo até o local às 17h55 do dia 19 de março de 2022, menos de duas semanas antes de tentar deixar o Brasil.

O espião foi preso no aeroporto de Guarulhos no dia 3 de abril de 2022 após ser barrado na Holanda e deportado. Ele se preparava para um estágio no Tribunal de Haia, onde teria interesse em acessar informações sobre investigações relacionadas a crimes de guerra praticados pela Rússia no conflito com a Ucrânia.

O russo viveu como estudante brasileiro nos EUA e na Irlanda. Como mostrou o Estadão, um inquérito aberto na Polícia Federal de São Paulo mapeia "atos de espionagem" de Cherkasov também no Brasil. Há suspeitas de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

O espião foi condenado a 15 anos de prisão pela Justiça Federal de São Paulo pelo uso de documentação falsa. Desde dezembro ele está em um presídio federal de Brasília.

O governo da Rússia pediu a extradição de Cherkasov, alegando que se trata de um membro de uma organização de traficantes de heroína que fugiu para não cumprir a pena. Os crimes dele teriam sido cometidos entre 2011 e 2013. Os registros da imigração brasileira, porém, apontam que a primeira viagem dele ao Brasil ocorreu em 2010. Em 2011, entrou no País pela segunda vez.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), concordou com o pedido de extradição, mas frisou que só poderá ser atendido depois que a investigação da PF em São Paulo chegar ao fim.

Em uma audiência virtual no fim do ano passado, Cherkasov admitiu a identidade falsa e manifestou interesse em ser deportado o mais rápido possível. "Gostaria de permanecer em silêncio. Eu só gostaria de reiterar que quero ser extraditado para a Rússia. Concordo com as acusações que a Rússia fez e pretendo responder aos fatos dos meus crimes (...) o mais rápido possível", disse.

O passaporte original diz que Cherkasov nasceu em 11 de setembro de 1985. Os documentos falsos que obteve no Brasil têm 4 de abril de 1989 como data de nascimento. Como nome da mãe, ele usou a identidade de uma mulher que morreu em março de 2010 e não teve filhos.

Para as falsificações, o espião contou com a ajuda de uma mulher ligada a um cartório. Em agradecimento aos serviços chegou a presenteá-la com um colar Swarovski que custou cerca de US$ 400. Em uma mensagem recuperada por investigadores, Cherkasov disse que ela poderia ajudar com documentos falsos de outros espiões russos.

Além de eventuais ações de espionagem no Brasil, a polícia brasileira apura a existência de uma rede de apoio e de outros espiões russos em funcionamento no território nacional.

Outros espiões

Nos últimos meses, outros dois casos de espiões russos com identidades brasileiras falsas vieram à tona. Em outubro, o serviço de inteligência da Noruega deteve Mikhail Valeryevich Mikushin. Ele se apresentava como o pesquisador José Assis Giammaria, na Universidade de Tromso. E Gerhard Daniel Campos Wittich era o nome falso de um outro russo que morou no Rio por cinco anos e se dizia brasileiro com ascendência austríaca. Ele foi descoberto pela inteligência da Grécia, pois a mulher dele, também espiã, estaria atuando em Atenas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As autoridades russas anunciaram nesta segunda-feira (3) a detenção de uma mulher suspeita pelo atentado que matou um famoso blogueiro militar e defensor fervoroso da ofensiva contra a Ucrânia.

Os investigadores "detiveram no domingo Daria Trepova, suspeita de envolvimento na explosão no café de São Petersburgo", anunciou o Comitê de Investigativo da Rússia no Telegram.

O blogueiro Maxim Fomin, conhecido pelo pseudônimo Vladlen Tatarsky, morreu no domingo em um atentado com bomba em um café de São Petersburgo, onde discursava em uma conferência de uma organização de apoio à ofensiva russa na Ucrânia, a Cyber Z Front.

O café atacado pertenceu ao fundador do grupo paramilitar Wagner, Yevgueni Prigozhin, que informou ter disponibilizado o local para a organização.

De acordo com vários meios de comunicação da Rússia, Daria Trepova é suspeita de levar para a conferência uma bomba camuflada em uma estatueta que foi entregue ao blogueiro durante o evento.

O balanço atualizado divulgado pelas autoridades locais afirma que o ataque deixou 32 pessoas feridas, oito delas em estado grave.

A mulher detida tem 26 anos. De acordo com a agência estatal de notícias Tass, a jovem passou 10 dias presa em 2022 por protestar contra a ofensiva russa na Ucrânia.

Um popular blogueiro militar russo que era uma das vozes mais influentes de apoio à invasão da Ucrânia por Moscou morreu neste domingo, 2, após uma explosão em um café no centro de São Petersburgo, disse o Ministério do Interior da Rússia. O governo russo ainda não informou as causas da explosão ou conectou imediatamente à guerra.

O blogueiro, conhecido como Vladlen Tatarski, estava no Café Street Food Bar Nº1 para um evento na segunda maior cidade da Rússia, no qual ele falava sobre sua experiência como repórter militar, informou a mídia estatal.

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Pelo menos 19 outras pessoas ficaram feridas, disse o comunicado do ministério. Vídeos postados nas redes sociais mostraram vidros quebrados e móveis espalhados pelo café.

Não ficou imediatamente claro o que provocou a explosão, mas relatos na imprensa russa citando outros blogueiros presentes no evento dizem que uma mulher presenteou Tatarski com uma caixa contendo uma pequena estátua que aparentemente explodiu.

Um grupo patriótico russo que organizou o evento disse ter tomado precauções de segurança, mas acrescentou que "lamentavelmente, elas se mostraram insuficientes".

Desde que os combates na Ucrânia começaram em 24 de fevereiro de 2022, vários incêndios e explosões ocorreram na Rússia sem nenhuma conexão clara com o conflito.

Desde a invasão da Rússia, Tatarski, 40, cujo nome verdadeiro era Maksim Fomin, emergiu como uma das principais vozes pró-guerra no aplicativo de mensagens Telegram, que tem sido amplamente usado na Rússia, em meio às restrições à imprensa, para disseminar notícias, opinião e propaganda pró-guerra.

Ele acumulou mais de 550.000 seguidores no aplicativo, publicando vídeos diários nos quais descrevia a situação na linha de frente, os problemas enfrentados pelo exército russo e as possíveis perspectivas da guerra.

Em novembro passado, quando um comandante russo anunciou que as tropas de Moscou seriam retiradas da estrategicamente importante cidade de Kherson, na Ucrânia, Tatarski estava entre os blogueiros e comentaristas militares russos que responderam com desespero, angústia e negação. Tatarski reagiu à notícia dizendo em um post que o plano geral da Rússia para a guerra era "idiota" e "baseado em desinformação".

Natural de Makiivka, perto de Donetsk, na Ucrânia, Tatarski se considerava russo. Ele argumentava que a Rússia deveria vencer a guerra contra a Ucrânia a todo custo e pedia a eliminação do estado ucraniano. "Precisamos acabar com esse Estado mais cedo ou mais tarde", disse Tatarski no sábado em seu último vídeo. "Esta deve ser a nossa política."

Ele também denunciou ativistas russos e figuras culturais que se opunham à guerra.

Tatarski frequentemente criticava a forma como o exército russo estava conduzindo a guerra, incluindo a má coordenação entre as unidades e a falta de armas avançadas como drones. Em outro vídeo recente, ele argumentou que o exército de Moscou era profundamente falho e sugeriu que nada mudaria se "você substituísse o ministro da Defesa ou o chefe do Estado-Maior".

"Precisamos mudar o sistema", disse ele.

Após a anexação ilegal de quatro regiões da Ucrânia pelo Kremlin no ano passado, Tatarski postou um vídeo no qual jurava: "É isso. Vamos derrotar todo mundo, matar todo mundo, roubar todo mundo que precisarmos. Vai ser tudo do jeito que a gente gosta. Deus esteja com vocês.

Um alto funcionário do governo ucraniano especulou que russos opositores que são contrários à invasão estariam por trás da explosão. "As aranhas estão comendo umas às outras em uma jarra", escreveu o conselheiro presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak em inglês no Twitter. "A questão de quando o terrorismo doméstico se tornaria um instrumento de luta política interna era uma questão de tempo."

Em agosto passado, Daria Dugina, uma comentarista de 29 anos de um canal nacionalista de TV russo, morreu quando um dispositivo explosivo controlado remotamente colocado em seu SUV explodiu enquanto ela dirigia nos arredores de Moscou.

Ela e seu pai - um filósofo, escritor e teórico político pró-Kremlin - apoiaram fortemente a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de enviar tropas para a Ucrânia. As autoridades russas culparam a Ucrânia pelo ataque, mas Kiev negou envolvimento. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, elogiou neste domingo (2) os ucranianos que resistiram à "maior força contra a humanidade de nosso tempo", no primeiro aniversário da descoberta do massacre em Bucha.

A cidade, um subúrbio ao norte de Kiev que tinha 37.000 habitantes antes da guerra, tornou-se um símbolo das atrocidades atribuídas às tropas invasoras.

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Moscou nega qualquer envolvimento nas mortes de civis e afirma que foi uma "encenação" de Kiev e seus aliados.

O aniversário ocorre um dia depois que a Rússia assumiu a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que Kiev chamou de "tapa na cara" da diplomacia.

"Povo ucraniano! Eles resistiram à maior força contra a humanidade de nosso tempo. Eles pararam uma força que eles desprezam e que quer destruir tudo o que é importante para o povo", escreveu Zelensky no Telegram.

"Libertaremos todas as nossas terras. Colocaremos a bandeira ucraniana de volta em todas as nossas cidades", acrescentou. Moscou ainda controla mais de 18% do território ucraniano.

O chefe do Exército, Valery Zaluzhny, afirmou que os soldados vão continuar a "lutar pela independência da nossa nação".

Em 2 de abril, um grupo de repórteres da AFP entrou em Bucha e encontrou nas ruas os corpos de vinte homens com roupas de civis, um deles com as mãos amarradas nas costas, veículos carbonizados e casas destruídas.

A cena comoveu o mundo. A Ucrânia e as potências ocidentais denunciaram execuções sumárias de civis e "crimes de guerra" que, segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, serão "reconhecidos pelo mundo como genocídio".

- "Vitória estratégica" -

Para o comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandre Syrsky, a retirada dos russos da região de Kiev há um ano constituiu "uma vitória estratégica" que permitiu "novas operações bem-sucedidas".

O Exército russo retirou-se de Bucha e de toda a região ao norte de Kiev em 31 de março de 2022, pouco mais de um mês após o início da invasão.

Desde então, quase todos os líderes estrangeiros ocidentais que visitaram a Ucrânia em demonstração de apoio também passaram por Bucha.

Marcando o aniversário da libertação da cidade na sexta-feira, Zelensky disse esperar que a cidade se torne um "símbolo de justiça".

"O mal russo cairá, precisamente aqui na Ucrânia, e não poderá mais se levantar", declarou ele junto com os primeiros-ministros da Croácia, Eslováquia e Eslovênia e o presidente da Moldávia.

Kiev estima o número de civis mortos no distrito durante a ocupação russa em "mais de 1.400", incluindo 37 crianças.

A adesão da Finlândia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) adiciona um poderoso exército à aliança e uma peça estratégica que pode ajudar a defender melhor o flanco oriental de um possível ataque russo, dizem autoridades e analistas.

Quando o presidente Vladimir Putin lançou sua ofensiva contra a Ucrânia em fevereiro do ano passado, um dos argumentos apresentados foi que ele precisava impedir a expansão contínua da Otan em direção às suas fronteiras.

No entanto, 13 meses depois, a decisão da Finlândia de ingressar na Otan significa que a aliança agora dobra sua fronteira com a Rússia, em um movimento que muda o equilíbrio militar do Báltico para a região do Ártico.

"Agora a Finlândia precisa da Otan, mas a Otan também precisa da Finlândia diante de uma Rússia mais agressiva", disse Jamie Shea, ex-funcionário da Otan e membro associado do grupo de pesquisa Chatham House.

Para a Otan, será "mais fácil defender-se coletivamente contra a Rússia, agora que tem acesso ao território finlandês e às capacidades que a Finlândia traz para a mesa".

Os estrategistas da Otan procuraram durante anos uma maneira eficiente de defender seus três membros bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia) de um possível ataque russo.

A preocupação centrou-se no corredor de Suwalki, uma faixa de 65 quilômetros entre o enclave russo de Kaliningrado e Belarus, e de onde um ataque fulminante poderia interromper os contatos entre esses três aliados bálticos e o resto da Otan.

Assim, a adesão da Finlândia poderia ajudar a Otan a dominar a região do Mar Báltico e - como Helsinque fica a menos de 70 quilômetros da capital da Estônia, Tallinn - fornecer uma nova rota para reforços.

"A adesão da Finlândia fortalecerá a defesa avançada da Otan e contribuirá para a dissuasão", disse o ministro da Defesa da Estônia, Hanno Pevkur, à AFP por e-mail.

No entanto, ele alertou que "a importância do corredor de Suwalki para a Otan permanece, já que Belarus se tornou um distrito militar de fato da Rússia", insistindo que a aliança ainda precisa seguir em frente com planos para fortalecer os países bálticos.

- Vantagens e vulnerabilidades -

Ao norte, ter a Finlândia na Otan ajudará a aliança a defender a estreita faixa de território norueguês ligada à Rússia, onde Moscou poderia ter realizado um ataque, disse o analista Jan Kallberg.

Pesquisador do Centro para Análise de Políticas Europeias, Kallberg acrescentou a importância da Finlândia para a Força Aérea.

"Até agora, as Forças Aéreas da Otan contavam com alguns aeródromos noruegueses que poderiam ser atacados no início de um conflito. A Finlândia adiciona mais bases e pistas de pouso", disse ele.

Acrescentar 1.300 quilômetros adicionais à sua fronteira terrestre com a Rússia também inevitavelmente traz vulnerabilidade, e descobrir como defendê-la representará um desafio para os estrategistas da Otan.

Mas com os militares da Rússia atolados na Ucrânia, analistas dizem que provavelmente levará anos para que Moscou reconstrua sua capacidade de ameaçar essa fronteira.

Por enquanto, espera-se que a Finlândia siga o exemplo de sua vizinha Noruega e opte por não ter forças aliadas da Otan permanentemente estacionadas em seu território.

"A Finlândia é um dos poucos países europeus que nunca parou de se preparar para uma possível guerra", disse Minna Alander, pesquisadora do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais.

Enquanto outros exércitos da Europa Ocidental diminuíram após a Guerra Fria, a Finlândia manteve um modelo de recrutamento criado a partir da amarga experiência da invasão da União Soviética em 1939.

"Isso agora dá à Finlândia uma força de guerra de até 280.000 soldados e uma reserva total de 870.000", acrescentou.

A adesão iminente da Finlândia destaca uma lacuna que ainda precisa ser resolvida para a Otan: a adesão da vizinha Suécia, cujo pedido de adesão é bloqueado por Turquia e Hungria.

A Rússia anunciou nesta quinta-feira (30) a detenção por "espionagem" do jornalista americano Evan Gershkovich, do The Wall Street Journal, em um contexto de repressão desde o início da ofensiva contra a Ucrânia.

Sua prisão marca uma grave escalada nos esforços do Kremlin para censurar aqueles que considera críticos, uma repressão que ganhou força após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia no ano passado.

O Kremlin garantiu, sem revelar detalhes, que Evan Gershkovich foi "pego em flagrante" e alertou Washington para não adotar represálias contra a mídia russa nos Estados Unidos.

O Serviço Federal de Segurança (FSB) russo indicou que "frustrou as atividades ilegais do cidadão americano Evan Gershkovich (...) correspondente do escritório de Moscou do jornal americano The Wall Street Journal", a quem acusa de "espionar para o governo dos EUA" .

O Wall Street Journal, que afirmou estar "profundamente preocupado com a segurança" de Gershkovich, negou as acusações contra seu repórter e pediu sua "libertação imediata".

A ONG Repórteres Sem Fronteiras declarou-se "preocupada" com "o que parece ser uma medida de represália". "Jornalistas não devem ser alvos de ataques!", exortou.

O crime de espionagem pode ser punido na Rússia com penas de 10 a 20 anos de prisão, de acordo com o artigo 276 do código penal.

- "Informações sigilosas" -

As autoridades russas confirmaram que Evan Gershkovich, de 31 anos, estava trabalhando com uma credencial emitida pelo Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

Também afirmaram que ele foi detido por coletar informações "sobre uma empresa do complexo militar-industrial russo".

"O estrangeiro foi preso em Yekaterinburg quando tentava obter informações sigilosas", detalhou o FSB, referindo-se a uma cidade do centro da Rússia localizada a 1.800 quilômetros a leste de Moscou.

"O problema é que a nova legislação russa (...) permite que qualquer pessoa simplesmente interessada em assuntos militares seja presa por 20 anos", disse a analista política independente russa Tatiana Stanovaya nas redes sociais em reação à prisão do repórter.

Mas a analista também apontou que o FBS pode ter feito o jornalista "como refém" para uma possível troca de prisioneiros.

O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, descartou a hipótese nesta quinta-feira e disse que é muito cedo para falar sobre uma troca de prisioneiros com os Estados Unidos.

"Eu não colocaria a questão desta forma agora porque, como vocês sabem, essas trocas que ocorreram no passado eram para pessoas que já estavam cumprindo sentenças, incluindo cidadãos americanos sob acusações bastante graves", disse Riabkov, citado pelas agências de notícias russas.

Antes de trabalhar para o Wall Street Journal a partir de 2022, Gershkovich, que fala russo com fluência, trabalhou para a AFP em Moscou e anteriormente para o The Moscow Times, um site de notícias em inglês.

Sua família emigrou da Rússia para os Estados Unidos quando ele era criança.

A prisão por espionagem de um jornalista estrangeiro não tem precedentes na história recente da Rússia.

- Intensificação da repressão -

Vários cidadãos americanos estão atualmente presos na Rússia e Washington e Moscou acusam-se mutuamente de realizar prisões por motivos políticos.

Entre eles está Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval de 53 anos preso em 2018, que cumpre pena de 16 anos de prisão por espionagem.

No ano passado aconteceram várias trocas de prisioneiros de alto nível entre os dois países.

Em dezembro, Moscou libertou a estrela do basquete americano Brittney Griner, detida por contrabandear óleo de cannabis no país, em troca do traficante de armas russo Viktor Bout.

A imprensa russa e os jornalistas críticos ao Kremlin estão frequentemente sujeitos a processos criminais na Rússia, algo que os jornalistas estrangeiros geralmente eram poupados, porque Moscou optava por expulsá-los ou endurecer as regras de credenciamento.

No entanto, desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, as autoridades russas intensificaram a repressão à oposição e à mídia independente.

Ao mesmo tempo, as condições para emissão de credenciais, das quais dependem os vistos, foram reforçadas para jornalistas estrangeiros.

Às vezes, repórteres estrangeiros também são seguidos por serviços de segurança durante suas reportagens, especialmente fora de Moscou.

Nesse contexto, muitos veículos de comunicação ocidentais reduziram consideravelmente sua presença na Rússia desde a entrada das forças russas na Ucrânia em fevereiro de 2022.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) recomendou às federações internacionais que autorizem atletas com passaporte da Rússia e de Belarus a participarem de competições internacionais como atletas neutros em modalidades individuais. O anúncio foi feito nesta terça-feira (27) pelo comitê executivo do COI, que ainda decidirá se os atletas russos e bielorrussos poderão ou não disputar a Olimpíada de Verão de Paris (2024) e a de Inverno na Itália (2026).

A proibição de atletas de Rússia e Belarus em competições estava em vigor desde fevereiro do ano passado, em decorrência da invasão militar russa na Ucrânia.  Ao retornarem aos torneios internacionais, os atletas russos e bielorrussos voltarão a ter chances de classificação para Paris 2024.

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Em coletiva nesta terça (27), o presidente do COI Thomas Bach defendeu o retorno de russos e bielorrussos às competições.

“Vemos isso quase todos os dias em vários esportes, principalmente no tênis, mas também no ciclismo, em algumas competições de tênis de mesa.”, afirmou o dirigente na sede da sede da entidade, em Lausanne (Suíça). "Em nenhuma dessas competições incidentes de segurança aconteceram", completou Bach,

De acordo com a agência de notícias Reuters, Bach disse ainda que a política não pode fazer parte das competições esportivas e que os atletas não devem ser punidos por seus passaportes.

Com a aproximação dos Jogos de Paris 2024, é cada vez mais intensa a campanha da Ucrânia para que atletas da Rússia e Belarus sejam excluídos do maior evento esportivo do planeta. Recentemente, o Mundial de Boxe Feminino, que terminou no último domingo (26) – com ouro da baiana Beatriz Ferreira, nos 60 quilos - sofreu boicote de potências como Estados Unidos, Canadá, Suécia e Grã-Bretanha, contrários a participação de russos e bielorrussos.

Segundo a Reuters, nesta terça (27)  mais de 300 esgrimistas escreveram a Bach para pedir ao COI que reconsiderasse a permissão do retorno,  chamando de "erro catastrófico" caso Rússia e Belarus possam voltar às competições.

Depois da declaração do presidente russo, Vladimir Putin, no sábado, 25, quando disse que pretendia enviar armas nucleares táticas para Belarus, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) chamou sua retórica nuclear de "perigosa e irresponsável" neste domingo, 26.

A porta-voz da Otan, Oana Lungescu, disse que a organização está vigilante, monitorando a situação de perto. "Não vimos nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia que nos leve a ajustar a nossa. Estamos comprometidos em proteger e defender todos os aliados da Otan", garantiu.

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Oana falou que a Rússia tem constantemente quebrado os compromissos internacionais de controle de armas e, recentemente, suspendeu sua participação no novo tratado nuclear New Start. "A Rússia deve voltar a respeitar (os tratados) e agir de boa fé", declarou.

Belarus é uma ex-república soviética localizada na fronteira com a Ucrânia e principal aliada da Rússia na região. O tipo de armamento descrito por Putin tem potencial destrutivo inferior às bombas normais, no entanto, ainda pode provocar danos em larga escala.

Putin disse à TV estatal que a decisão não é diferente do que os estadunidenses fazem há anos. "Não é nada anormal. Os americanos fazem isso há décadas: mandam armas nucleares táticas para o território de seus aliados há muito tempo", falou.

Segundo o líder russo, o presidente de Belarus, Alexander Lukachenko, apoia a decisão.

Outras críticas e alertas

O chefe do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, afirma que o acordo de Putin compromete a estabilidade da vizinhança e irá transformar Belarus em "refém nuclear". Este é "um passo para a desestabilização interna do país", publicou em sua conta no Twitter.

Danilov alerta que a medida maximiza o nível de percepção negativa e rejeição pública da Rússia e de Putin na sociedade bielorrussa.

A decisão de Putin também foi criticada por Mykhailo Podolyak, outro conselheiro sênior do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. "Putin é muito previsível", disse em tuíte, apontando que ao declarar o envio de armas nucleares táticas para Belarus, o presidente russo "admite que tem medo de perder e tudo o que pode fazer é assustar com táticas".

A líder da oposição bielorrussa, Sviatlana Tsikhanouskaya, também se posicionou. Ela escreveu em sua conta no Twitter que a medida russa viola diretamente a Constituição do país.

A líder ainda apontou que a decisão de Putin contradiz a vontade do povo bielorrusso. "Este desenvolvimento inaceitável torna Belarus um alvo potencial para ataques preventivos ou de retaliação", complementou.

Sviatlana pede que a comunidade internacional exija que a Rússia "pare com essa implantação ameaçadora". A líder também defende a retirada imediata dos militares russos no país e pede o fim da "participação de Belarus na agressão russa contra a Ucrânia".

Embora Putin tenha feito ameaças nucleares ou aumentado a retórica nuclear após a invasão total da Ucrânia, esta é a primeira vez desde os anos 1990 que Moscou cogita colocar armas nucleares em outro país, fora do território russo.

Sob um céu cinzento e chuva incessante, a cidade russa de Bogoroditsk, 240 quilômetros ao sul de Moscou, deu seu último adeus ao jovem soldado Igor Skubko, um "herói" caído na Ucrânia.

O corpo do soldado de 23 anos jaz em um caixão fechado, coberto por um pano vermelho, sob antigos afrescos com representações de santos em uma igreja ortodoxa desta cidade de cerca de 30 mil habitantes.

Igor Skubko morreu em 11 de março na Ucrânia, onde a Rússia conduz uma ofensiva militar há mais de um ano.

"Rezamos pelo descanso da alma do falecido soldado Igor e que seus pecados, voluntários ou involuntários, sejam perdoados", diz um velho padre com voz quase inaudível.

A pequena igreja está lotada de pessoas e alguns familiares foram deixados do lado de fora na chuva.

Um microônibus, escoltado por uma viatura e uma ambulância, leva o caixão até o cemitério, nos arredores da cidade.

Em um dos becos do cemitério já existem cinco túmulos cobertos com coroas de flores artificiais, com fotos de jovens sorridentes em uniforme militar.

Muitas cidades agora têm "becos da glória", como são chamados.

Uma procissão de cerca de cinquenta pessoas segue o caixão, caminhando na lama.

O prefeito de Bogoroditsk, Vadim Igonin, faz um breve discurso, evitando cuidadosamente a palavra "guerra", que é proibida pelas autoridades sob pena de processo.

Para Igonin, o jovem soldado foi vítima do "destino".

“Acompanhamos Igor Skubko em sua última viagem, na qual morreu cumprindo seu dever militar, participando de uma operação militar especial”, conta. “Ele era feliz, forte e ambicioso. Tinha que viver, mas o destino decidiu o contrário”, acrescenta o prefeito.

- "Graças a homens como ele" -

"Nosso país resiste graças a homens como ele, sua coragem e seu heroísmo", proclamou o comissário militar regional, Alexei Shakhov.

Igor recebe uma condecoração póstuma, a Ordem da Coragem, que as autoridades entregam em uma caixa de madeira para sua jovem viúva, que começa a chorar.

Nenhum dos parentes quis falar durante a cerimônia. Apenas seus soluços podiam ser ouvidos, que se misturavam ao som da chuva.

O caixão foi colocado na sepultura ao som do hino russo e três salvas de canhão.

Em outra pequena cidade, Efremov, 80 quilômetros ao sul de Bogoroditsk, Vadim Artyushkov e sua esposa Elena foram visitar o túmulo de seu filho Alexei.

Ele morreu aos 42 anos, no dia 6 de novembro, perto de Bakhmut, no leste da Ucrânia, onde se trava a mais dura e longa batalha desde o início da operação militar.

Alexei "se alistou como voluntário" e "dirigia um veículo blindado, e estava muito orgulhoso", diz Vadim.

Os habitantes de Efremov ficam sabendo das vítimas "com dor e pesar, mas ninguém poderá dizer que 'não era necessário fazer isso'", acrescenta.

No cemitério de Efremov existem pelo menos 11 sepulturas de soldados mortos na Ucrânia.

E os coveiros cavam uma nova, "para um militar", explicam.

Na entrada da cidade há dois grandes cartazes com fotos e nomes dos falecidos, os mesmos do cemitério, e a inscrição: "Glória aos heróis da Rússia!"

As autoridades não divulgam o balanço de baixas desde setembro de 2022, quando o Ministério da Defesa estimou em 5.937 soldados mortos.

De acordo com avaliações ocidentais, o número de mortos e feridos nas forças russas ultrapassaria 150.000.

A Guerra na Ucrânia ultrapassou os 390 dias e soma mais de US$ 143,8 bilhões, o equivalente a R$ 756,9 bilhões de perdas aos cofres ucranianos, segundo levantamento da Escola de Economia de Kiev (KSE) divulgado nesta quarta-feira (22).

Financiado pelo governo do Reino Unido e com o apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o relatório analisou os principais setores impactados pelos ataques russos. Os três segmentos mais atingidos pela guerra são o parque habitacional, a infraestrutura e a indústria/empresas.

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Em primeiro lugar, o parque habitacional supera 150 mil prédios residenciais danificados ou destruídos, que causaram US$ 53,6 bilhões (R$ 282,1 bilhões) em danos. As intentonas russas atingiram três prédios residenciais na quarta-feira, um em Zaporizhzhia e dois em Kiev.

Em segundo lugar está a esfera da infraestrutura, mais de 25 mil quilômetros de estradas estaduais e locais e 344 pontes e cruzamentos foram destruídos ou danificados. As perdas neste segmento são estimadas em US$ 36,2 bilhões (R$ 190,5 bilhões).

O terceiro setor mais prejudicado pela guerra envolve a indústria e empresas, no entanto, os pesquisadores reduziram a estimativa de perdas de US$ 13 bilhões (R$ 68,4 bilhões) em dezembro de 2022 para US$ 11,3 bilhões (R$ 59,4 bilhões) no final de fevereiro de 2023. "A queda ocorreu devido à reavaliação da situação das empresas após o recebimento de informações atualizadas sobre os resultados dos danos aos ativos após o bombardeio", explica o relatório.

Com as constantes explosões às instituições de ensino, como a desta quarta-feira, em Kiev, a educação também foi uma área bastante impactada pela guerra. As perdas nesse setor aumentaram em cerca de 30 vezes em comparação com os cálculos de dezembro, passando de US$ 300 milhões (R$ 1,5 bilhão) para US$ 8,9 bilhões (R$ 46,8 bilhões).

'A Rússia pagará'

O relatório é uma iniciativa do projeto ‘A Rússia pagará', uma plataforma que estimula cidadãos, empresários e organizações a relatarem os danos materiais causados pela guerra. "Conte-nos sobre suas perdas - faça a Rússia pagar", diz o site.

O projeto foi implementado pelo Instituto KSE (um centro analítico da Escola de Economia de Kiev) em parceria com o Gabinete do Presidente da Ucrânia, o Ministério da Economia, o Ministério da Reintegração dos Territórios Temporariamente Ocupados e o Ministério das Infraestruturas da Ucrânia.

Com os registros dos danos, o projeto se configura como um grande banco de dados que categoriza e analisa as perdas materiais. Diversos órgãos apoiam a iniciativa, entre eles, a Transparência Internacional.

Xi Jinping e Vladimir Putin destacaram nesta segunda-feira (20) a força de sua aliança bilateral, momentos antes do desembarque do presidente da China em Moscou para uma reunião com o homólogo da Rússia, isolado no cenário internacional após a invasão da Ucrânia.

A visita de Estado de três dias à Rússia, país com o qual a China tem importantes vínculos diplomáticos e econômicos, é a primeira do governante chinês em quase quatro anos.

"Espero trabalhar com o presidente Putin para adotar, em conjunto, uma nova visão nas relações", escreveu Xi em um artigo publicado no jornal Rossiyskaya Gazeta e também divulgado pela agência estatal chinesa Xinhua.

"É uma viagem de amizade, cooperação e paz", acrescentou o presidente chinês.

Após a participação na recente reconciliação diplomática entre Arábia Saudita e Irã, a China deseja atuar na mediação do conflito entre Rússia e Ucrânia, com um apelo de diálogo entre os dois países.

Em um artigo publicado nesta segunda-feira por um jornal chinês, Putin elogia "a vontade da China de ter um papel construtivo na resolução" do conflito e afirma que "as relações Rússia-China alcançaram o ponto mais elevado".

Antes da viagem de Xi a Moscou, as autoridades ucranianas reiteraram o pedido para que a Rússia retire as tropas de seu território.

"Fórmula para o sucesso da aplicação do 'Plano de Paz' chinês. A primeira e principal cláusula é a rendição ou a retirada das forças de ocupação russas do território ucraniano", afirmou no Twitter o secretário do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksiy Danilov.

- "Padrões duplos" -

A visita de Xi acontecerá poucos dias após o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitir uma ordem de detenção contra Putin devido à deportação ilegal de menores de idade ucranianos, ato considerado um crime de guerra.

Ao ser questionado sobre o tema, o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, afirmou que o tribunal deveria "manter uma postura objetiva e imparcial e respeitar a imunidade de jurisdição dos chefes de Estado com base no direito internacional. Também pediu ao TPI que "evite a politização e os padrões duplos".

Após o anúncio do TPI, o ex-presidente russo Dmitri Medvedev, atual vice-presidente do Conselho de Segurança Nacional, declarou que o tribunal poderia ser alvo de um míssil russo.

"Alguém poderia muito bem imaginar um ataque de alta precisão com um míssil hipersônico russo Oniks a partir de um navio russo no Mar do Norte contra o edifício do tribunal em Haia", escreveu no Telegram o ferrenho defensor da ofensiva na Ucrânia.

A viagem do presidente chinês ajudará a reforçar a posição de Putin, que está isolado no cenário internacional e que visitou no domingo a cidade ucraniana de Mariupol, seu primeiro deslocamento a um território capturado de Kiev desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022.

Xi, que tomou posse para o terceiro mandato presidencial recentemente, mencionou Putin como um "velho amigo".

Pequim e Moscou se aproximaram nos últimos anos com uma aliança "sem limites", que serviu de barreira diplomática diante das potências ocidentais.

A China critica o que considera uma campanha liderada pelos Estados Unidos contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia e pediu uma mediação "imparcial" no conflito.

O Kremlin acusou o governo dos Estados Unidos de fomentar o conflito na Ucrânia.

O governo dos "Estados Unidos segue firme em suas posições, que consistem em atiçar o conflito, impor obstáculos à redução da intensidade das hostilidades e continuar fornecendo armas à Ucrânia", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

- "Posição objetiva e imparcial" -

Pequim apresentou em fevereiro um documento de 12 pontos para pedir o diálogo e respeito à soberania territorial de todos os países.

"Nenhum país individualmente deve ditar a ordem internacional", escreveu Xi no artigo publicado na Rússia nesta segunda-feira.

"A China sempre defendeu uma posição objetiva e imparcial baseada no teor do problema e impulsionou ativamente as negociações de paz", acrescentou.

A postura de Pequim foi criticada pelos países ocidentais, que consideram que o país oferece cobertura diplomática à guerra russa e que suas propostas não apresentam soluções práticas.

O governo dos Estados Unidos já afirmou que não apoiaria um novo pedido chinês de cessar-fogo durante a visita de Xi a Moscou.

Xi e Putin devem ter uma reunião "informal" nesta segunda-feira e um jantar antes das negociações de terça-feira, informou o conselheiro de política externa do presidente russo, Yuri Ushakov.

Também assinarão um acordo sobre o "fortalecimento da ampla associação e das relações estratégicas" dos dois países, informou o Kremlin, além de uma declaração conjunta sobre cooperação econômica até 2030.

O The Wall Street Journal informou que Xi pode estar planejando a primeira conversa por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, desde o início do conflito.

Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Xangai, na etapa final da viagem à China, será recebido por uma velha conhecida. A essa altura, a ex-presidenta Dilma Rousseff estará no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), nome oficial do Banco do Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com US$ 32 bilhões em projetos aprovados desde 2015, o banco atualmente investe US$ 4 bilhões no Brasil, principalmente em rodovias e portos.

Previsto para ocorrer entre 29 e 31 de março, o encontro com Lula em Xangai, onde fica a sede do NDB, deverá ser marcado pela posse oficial de Dilma no banco que ela própria ajudou a fundar, em 2014.

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Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a nova comandante da instituição tem a oportunidade de ampliar a inserção internacional no banco, mas terá dois grandes desafios: impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores.

Em relação à economia verde, o principal desafio de Dilma, que enfrentou conflitos com a área ambiental do governo nos dois mandatos de Lula, não será a adaptação às novas exigências ambientais dos projetos de infraestrutura. Na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-27), no Egito, o NDB assumiu o compromisso de aumentar o financiamento a projetos ambientalmente sustentáveis, mas o sucesso dessa missão depende da vontade da China e da Rússia e injetarem dinheiro nesse tipo de empreendimento.

“Nesse ponto, vai depender mais de quem coloca o dinheiro e financia os projetos, principalmente a Rússia e a China, que não têm esse perfil ambientalista, decidir colocar valores em projetos mais ambientais. A adaptação da Dilma ao perfil de economia verde é o menor dos problemas”, diz Carla Beni, economista e professora de MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo. Ela, no entanto, lembra que a China pode usar o banco para suavizar a imagem de grande emissor de carbono e financiar esses projetos.

Articulação

Doutor em relações internacionais na Universidade de Lisboa e membro da Associação Portuguesa de Ciência Política, o economista Igor Lucena concorda. Para ele, a articulação entre os países-membros do Banco do Brics será importante para que os sócios apresentem projetos de sustentabilidade verde no médio e no longo prazo.

“A gente sabe que esses projetos não são simples, demoram para emplacar, como o hidrogênio verde no Ceará, mas são projetos importantes e que pode ser para a presidente Dilma um legado e uma marca da sua gestão dentro do banco. Então, isso vai ter que ser feito em parceria com os países-membros e, talvez, colocar como requisito para os novos países que querem entrar no banco a possibilidade e a necessidade de investir capital dentro desse projeto verde”, sugere.

Rússia

Outro desafio que Dilma terá de enfrentar no comando do NDB será a resistência dos países ocidentais em relação à Rússia. Segundo Lucena, as sanções por causa da guerra na Ucrânia estão impedindo o banco de emitir títulos no mercado financeiro europeu e norte-americano. A nova presidenta da instituição terá de encontrar opções para captar recursos fora do Brics.

“Haverá uma maior necessidade de a presidente Dilma articular com países não atrelados às sanções contra a Rússia para que o banco possa emitir títulos, dívida em estados e regiões que sejam capazes de absorver esses papéis e dar capilaridade de financiamento ao banco. Talvez esse seja o maior desafio da ex-presidente Dilma dentro do Brics: a situação internacional da Rússia e como isso impacta dentro do próprio banco”, diz Lucena.

Carla Beni reconhece as dificuldades trazidas pela guerra na Ucrânia e pela alta nos juros internacionais, mas diz que Dilma tem um elemento a seu favor: a restauração da imagem do Brasil no exterior após a posse de Lula.

“A gestão de Dilma pode melhorar a imagem e a relevância do banco e isso fortalece a posição, porque o governo anunciou e está deixando bem claro que quer fortalecer a aliança do Brasil com o mundo. O presidente Lula abriu o governo dizendo que o Brasil voltou à mesa de negociações”, explica.

Experiência

Outro elemento importante apontado pelos dois especialistas está no próprio currículo da nova comandante do NDB. Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, comandavam os países quando Dilma era presidenta da República. Isso, segundo eles, dá traquejo político à Dilma.

“Um ex-presidente [de um país], seja ele quem for, tem relevância porque tem acesso a outros chefes de Estado. Para o próprio banco, a indicação da Dilma teve uma sinalização positiva. Tem um detalhe a que as pessoas não se atentam muito. A Dilma foi uma das fundadoras do Banco do Brics em 2014, então ela tem uma representação interna lá dentro e um trânsito muito bem visto sob a ótica do banco”, relembra Beni.

“Dilma tem dois pontos fundamentais que podem marcar sua gestão. Primeiro, há uma disposição muito maior da China em avançar com o NDB, mas também de trazer novos sócios ao banco. Ou seja, a possibilidade de novos recursos entrarem no banco e isso também alavancar também a capacidade das empresas brasileiras, o que é um fator positivo”, destaca Lucena.

Troca de poder

No último dia 10, o banco comunicou oficialmente que o atual presidente, o brasileiro Marcos Troyjo, deixará a instituição em 24 de março. Secretário especial de Comércio Exterior e Relações Internacionais do antigo Ministério da Economia, Troyjo ocupava a presidência do NDB desde julho de 2020. Segundo o comunicado oficial, a sucessão foi mutuamente acordada com o atual governo e obedece à governança e aos procedimentos da instituição.

Dilma presidirá o banco até julho de 2025, quando acaba o mandato rotativo entre os países fundadores da instituição financeira. Após o presidente Lula tomar posse, o governo articulou a troca de poder, consultando todos os sócios. Na próxima sexta-feira (24), no mesmo dia em que Troyjo deixa o cargo, Dilma será eleita formalmente para assumir o posto em Xangai, mas uma cerimônia oficial de posse está prevista durante a viagem de Lula à China.

No comunicado emitido no último dia 10, o NDB enumerou conquistas na gestão de Troyjo, como a ampliação da carteira de crédito para US$ 32 bilhões que financiam quase 100 projetos e a melhoria da nota do banco pelas agências de risco, com nota AA+ para operações de longo prazo. Essa classificação é mais alta que a dos quatro principais bancos norte-americanos.

O presidente russo, Vladimir Putin, chegou à Crimeia neste sábado (18), dia do nono aniversário de anexação da península ucraniana por parte da Rússia – anunciou a televisão pública russa.

Em uma viagem surpresa à cidade portuária de Sebastopol, no Mar Negro, Putin visitou uma escola de arte, acompanhado do governador local, Mikhail Razvojayev, segundo imagens transmitidas pela televisão.

"Nosso presidente Vladimir Vladimirovich Putin sabe surpreender. No bom sentido dessa palavra", escreveu Razvojaev no Telegram.

Segundo ele, uma escola de arte infantil seria inaugurada hoje com a participação do presidente russo por videoconferência.

"Mas Vladimir Vladimirovich veio em pessoa. Ele mesmo. Porque, em um dia histórico como hoje, ele está sempre com Sebastopol e seus habitantes", acrescentou Razvoyev.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou nesta sexta-feira, 17, que emitiu um mandado de prisão contra o presidente da Rússia, Vladimir Putin, por crimes de guerra por causa de seu suposto envolvimento em sequestros e deportação de crianças de partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia durante a guerra.

A Corte disse em um comunicado que Putin "é supostamente responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população (crianças) e transferência ilegal de população de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa". Grupos de direitos humanos celebraram o movimento, mas a probabilidade de um julgamento enquanto Putin permanecer no poder é pequena, já que o tribunal não pode julgar réus à revelia e a Rússia disse que não entregará seus próprios cidadãos.

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Um pedido também foi emitido, pelo mesmo motivo, contra a Comissária Presidencial para os Direitos da Infância na Rússia, Maria Alekseievna Lvova-Belova, informou o tribunal de Haia. A Presidência da Ucrânia reagiu, afirmando que essa ordem de prisão contra Putin é apenas o começo, enquanto a Rússia chamou o pedido de sem sentido.

O presidente do tribunal, Piotr Hofmanski, disse em uma declaração em vídeo que, embora os juízes do TPI tenham emitido os mandados, caberá à comunidade internacional aplicá-los. O tribunal não tem força policial própria para cumprir os mandados. "O TPI está fazendo sua parte do trabalho como um tribunal. Os juízes emitiram mandados de prisão. A execução depende da cooperação internacional."

Limitações

O TPI não reconhece imunidade para chefes de Estado em casos envolvendo crimes de guerra, crimes contra a humanidade ou genocídio.

Mas as limitações do tribunal são bem conhecidas - embora possa indiciar chefes de Estado em exercício, não tem poder para prendê-los ou levá-los a julgamento, ao invés disso, depende de outros líderes e governos para agir como seus policiais em todo o mundo. O caso mais proeminente foi o do presidente do Sudão, Omar Hassan al-Bashir , que foi indiciado pelo tribunal, mas não foi preso em outros países para onde viajou.

Além disso, Moscou não reconhece a jurisdição do tribunal e não extradita seus nacionais. Essa posição foi reafirmada hoje pela porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em uma primeira reação aos mandados. "As decisões do Tribunal Penal Internacional não têm nenhum significado para o nosso país, inclusive do ponto de vista jurídico", disse ela.

A Ucrânia também não é membro do tribunal, mas concedeu ao TPI jurisdição sobre seu território e o promotor do TPI, Karim Khan, visitou o país quatro vezes desde que abriu uma investigação há um ano.

Deportações

Uma investigação do New York Times publicada em outubro identificou várias crianças ucranianas que foram levadas sob os esforços de reassentamento da Rússia. Eles descreveram um processo de coerção e, ao chegarem à Rússia ou aos territórios ocupados pela Rússia, eram frequentemente colocados em locais voltados para torná-los cidadãos russos e submetidos a esforços de reeducação. A Rússia defendeu as transferências por motivos humanitários.

O TPI disse ter concluído que havia "motivos razoáveis para acreditar que cada suspeito é responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população e de transferência ilegal de pessoas de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa, especialmente crianças ucranianas".

E acrescenta que "Putin tem responsabilidade criminal individual pelos sequestros de crianças por ter cometido os atos diretamente, em conjunto com outros ou por meio de outros e por sua falha em exercer o controle adequadamente sobre subordinados civis e militares que cometeram os atos".

Após sua visita mais recente, no início de março, o promotor do TPI disse que visitou uma casa de repouso para crianças a dois quilômetros das linhas de frente no sul da Ucrânia.

"Os desenhos pregados na parede falavam de um contexto de amor e apoio que já existiu. Mas esta casa estava vazia, resultado da suposta deportação de crianças da Ucrânia para a Federação Russa ou sua transferência ilegal para outras partes dos territórios ocupados temporariamente", disse ele em um comunicado. "Como observei ao Conselho de Segurança das Nações Unidas em setembro passado, esses supostos atos estão sendo investigados pelo meu escritório com prioridade. As crianças não podem ser tratadas como despojos de guerra".

Mensagem

E enquanto a Rússia rejeitou as alegações e mandados do tribunal como nulos e sem efeito, outros disseram que a ação do TPI terá um impacto importante.

"O TPI fez de Putin um homem procurado e deu seu primeiro passo para acabar com a impunidade que encorajou os perpetradores na guerra da Rússia contra a Ucrânia por muito tempo", disse Balkees Jarrah, diretor associado de justiça internacional da Humans Rights Watch. "Os mandados enviam uma mensagem clara de que dar ordens para cometer, ou tolerar, crimes graves contra civis pode levar a uma cela de prisão em Haia."

O professor David Crane, que indiciou o presidente da Libéria Charles Taylor há 20 anos por crimes em Serra Leoa, disse que ditadores e tiranos em todo o mundo "estão agora cientes de que aqueles que cometem crimes internacionais serão responsabilizados, incluindo chefes de estado".

Taylor acabou sendo detido e levado a julgamento em um tribunal especial na Holanda. Ele foi condenado e sentenciado a 50 anos de prisão. "Este é um dia importante para a justiça e para os cidadãos da Ucrânia", disse Crane em um comentário por escrito à Associated Press na sexta-feira.

Na quinta-feira, uma investigação apoiada pela ONU citou ataques russos contra civis na Ucrânia, incluindo tortura sistemática e assassinato em regiões ocupadas, entre questões potenciais que equivalem a crimes de guerra e possivelmente crimes contra a humanidade.

A investigação também encontrou crimes cometidos contra ucranianos em território russo, incluindo crianças ucranianas deportadas que foram impedidas de se reunir com suas famílias, um sistema de "filtração" destinado a selecionar ucranianos para detenção e tortura e condições de detenção desumanas.

Mas na decisão de hoje, o TPI colocou o rosto de Putin nas acusações de sequestro de crianças. (Com agências internacionais)

A Polônia planeja enviar caças Mig-29 de fabricação soviética à Ucrânia, tornando-se o primeiro país da Otan a fornecer aviões de guerra ao país. O anúncio foi feito ontem pelo presidente polonês, Andrzej Duda, e os quatro primeiros caças devem chegar nos próximos dias.

Até agora, os governos ocidentais haviam rejeitado enviar caças à Ucrânia, como vinha insistindo o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, por temer a escalada das tensões entre Otan e Rússia.

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"Inicialmente, vamos entregar, nos próximos dias, quatro aeronaves totalmente operacionais para a Ucrânia. Outros dispositivos estão em manutenção e serão entregues depois", afirmou Duda. Ele especificou que a Polônia tem cerca de 15 caças MiG, herdados na década de 90 da Alemanha Oriental.

Com o aumento gradual da sofisticação e da letalidade das armas enviadas à Ucrânia, a discussão sobre caças de combate deixou de ser tabu entre os governos ocidentais. Se por um lado o americano Joe Biden recusou a ideia, por outro, na Europa, França, Reino Unido e Suécia se mostraram abertos a ela. A Rússia respondeu com ameaças de retaliação política e militar.

Fabricação soviética

O MiG-29 é um caça utilizado em combate aéreo, criado no início da década de 70 na então União Soviética. Ele se mantém operacional até os dias de hoje na Força Aérea russa, assim como em países para onde foi exportado. Mas, em razão de seu elevado custo de manutenção, a Rússia e países aliados, como a Hungria, tentam se livrar de seus caças.

O armamento padrão do MiG-29 é constituído de um canhão interno com 150 munições, além de seis estações para armamentos sob as asas, para mísseis de curto alcance. O caça também é capaz de realizar ataques utilizando bombas e foguetes não guiados. Apesar disso, o MiG-29 não foi tão bem sucedido em combates reais, como na Guerra do Golfo e na guerra entre Eritreia e Etiópia, em 1999.

Os caças que a Polônia entregará à Ucrânia serão substituídos por aeronaves sul-coreanas FA-50 adquiridas recentemente e, posteriormente, por F-35s americanos.

Ao longo de 12 meses, os países ocidentais não só aumentaram as promessas de ajuda militar, com as dezenas de tanques que despacharam à Ucrânia, como também enviaram centenas de veículos blindados, sistemas de defesa aéreos, drones, armas de longo alcance e muito mais.

Receber caças, na visão de Kiev, seria o próximo passo. A relutância do Ocidente, segundo analistas, se explica pelas dificuldades técnicas e principalmente pela escalada que o conflito pode ganhar. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS; COM RENATA TRANCHES)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Rússia afirmou nesta segunda-feira (27) que o plano proposto na semana passada pela China para soluciona o conflito na Ucrânia "merece atenção", mas que as condições necessárias para uma solução "pacífica" não estão reunidas no momento.

"Consideramos o plano de nossos amigos chineses com grande atenção (...) É um processo longo. No momento, não vemos as premissas para que o assunto possa seguir uma via pacífica", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.

"A operação militar especial (na Ucrânia) continua", acrescentou.

Na sexta-feira, quando a ofensiva russa completou um ano, a China publicou um documento de 12 pontos que pede a Moscou e Kiev o início de negociações de paz.

Enquanto a China busca o espaço de mediação no conflito, sua posição de aliada da Rússia a desqualifica aos olhos das potências ocidentais, que apoiam a Ucrânia.

Rússia e Ucrânia não demonstraram até o momento nenhuma vontade séria de iniciar negociações e reagiram com prudência à proposta chinesa.

Ao mesmo tempo, o Kremlin chamou nesta segunda-feira de "absurdo" o novo pacote de sanções imposto pela União Europeia (UE) à Rússia na sexta-feira, que afeta 121 indivíduos e instituições.

"Tudo isto é absurdo. Vemos que impõem sanções a qualquer um (...) apenas para elaborar novas listas", afirmou Peskov, antes de acrescentar que as medidas não devem afetar as pessoas citadas.

Jogador estava sendo substituído no momento em que a banana foi atirada. (Reprodução)

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Durante partida pela Copa da Rússia neste sábado (25), uma banana foi atirada contra o brasileiro Wendel, ex-fluminense, que atualmente defende o Zenit. O ato racista aconteceu nos últimos minutos da partida contra o Volga, quando o jogador era substituído.

Em manifestação sobre o caso, o Volga repudiou o ato racista e informou que trabalha para identificar e punir o torcedor responsável por atirar a banana. O Zenit venceu a partida por 3 a 0, com assistência de Wendel no primeiro gol. O brasileiro Douglas Santos também foi titular.

 

Os combates entre as tropas russas e ucranianas prosseguem neste sábado (25) na Ucrânia, em particular no leste do país, no momento em que a China avança em seus esforços de mediação em busca de uma solução para um conflito que completou um ano.

A China, aliada da Rússia, não adotou uma posição sobre a invasão, mas na sexta-feira publicou um documento de 12 pontos em que pede um diálogo às partes, insiste no respeito à integridade territorial e expressa oposição ao uso de armas nucleares.

Os países ocidentais receberam a intervenção diplomática chinesa com ceticismo, mas o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, se declarou disposto a "trabalhar" com Pequim e anunciou a intenção de ter uma reunião com o chefe de Estado da China, Xi Jinping.

A Rússia afirmou que "aprecia" os esforços chineses, mas insistiu na necessidade de reconhecimento da anexação de quatro regiões ucranianas reivindicadas por Moscou.

Sem levar em consideração os questionamentos de Alemanha e Estados Unidos, o presidente da França, Emmanuel Macron, considerou o fato de a China se comprometer com os esforços de paz algo muito bom". Ele anunciou que viajará a Pequim no início de abril.

Lukashenko em Pequim na terça-feira

Aliada estratégica da Rússia, a China optou pela abstenção na quinta-feira na votação de uma resolução da Assembleia Geral da ONU que exige uma retirada "imediata" das tropas russas

Macron, cujo país é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, considerou que a paz "só é possível se incluir o fim da agressão russa, a retirada das tropas e o respeito à soberania territorial e do povo ucraniano".

O presidente francês pediu à China que "não entregue armas à Rússia" e "ajude a pressionar a Rússia para que, evidentemente, não utilize nunca (armas) químicas nem nucleares, e que interrompa esta agressão antes de uma negociação".

As autoridades chinesas anunciaram neste sábado a visita em 28 de fevereiro do presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, aliado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, e que cedeu o território bielorrusso para o início da ofensiva russa.

O Cazaquistão, país de forte influência econômica da Ásia central e aliado da Rússia, mas que até o momento havia adotado uma posição neutra no conflito, expressou apoio à proposta chinesa.

- "Vitória inevitável" -

No campo de batalha, a Ucrânia anunciou que está monitorando a atividade da frota russa no Mar Negro. De acordo com a porta-voz do Comando Sul do exército ucraniano, Natalia Gumenyuk, as forças russas mobilizaram nove navios, incluindo um lançador de mísseis.

"Desde ontem, eles dobraram a presença, o que pode indicar preparativos para uma expansão ainda maior. Um alerta aéreo já foi acionado duas vezes hoje em todo o território da Ucrânia", disse.

O Parlamento ucraniano aprovou o aumento para dois quilômetros de largura de uma faixa ao longo das fronteiras Ucrânia-Rússia e Ucrânia-Belarus que serão "campos minados".

Na sexta-feira, dia em que a invasão completou um ano, o presidente ucraniano afirmou que considera a vitória de seu país contra a Rússia algo "inevitável" este ano.

O número dois do Conselho de Segurança russo, o ex-presidente Dmitri Medvédev, também prometeu a "vitória" e afirmou que a Rússia está disposta a seguir "até as fronteiras da Polônia".

Em uma visita a Kiev, o primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, anunciou a entrega de quatro tanques Leopard 2 e afirmou que outros blindados chegarão em alguns dias.

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também mencionou a entrega de quatro Leopard 2 adicionais, o que eleva o total a oito.

A União Europeia aprovou na sexta-feira o 10º pacote de sanções para atingir a economia russa e empresas iranianas acusadas ajudar na invasão.

As medidas afetam 121 pessoas e instituições, incluindo fabricantes iranianos de drones.

Zelensky reiterou neste sábado o pedido por "aumentar a pressão" sobre Moscou.

Além das novas restrições às exportações russas para o território comunitário, no valor de 11 bilhões de euros (11,63 bilhões de dólares, 60,2 bilhões de reais), a UE pretende congelar os ativos de três bancos russos e de várias instituições, incluindo empresas iranianas acusadas de fornecer drones a Moscou, segundo fontes diplomáticas.

O governo dos Estados Unidos anunciou, em coordenação com os países do G7, uma nova série de sanções dirigida especialmente contra cidadãos e empresas russas dos setores de metalurgia, mineração, equipamentos militares e semicondutores.

O Canadá vai enviar quatro tanques de combate adicionais à Ucrânia, dobrando o seu compromisso inicial, e sancionará outras 192 pessoas e entidades russas, anunciou o primeiro-ministro Justin Trudeau nesta sexta-feira (24).

"O Canadá se solidarizou com a Ucrânia desde o começo do conflito", disse Trudeau em entrevista coletiva, no dia em que a invasão russa da Ucrânia completa um ano.

"Vamos continuar fazendo isso", afirmou o premiê aos jornalistas em Toronto, onde participará de uma vigília noturna pelas vítimas da guerra.

Também denunciou a "guerra de agressão" do presidente da Rússia, Vladimir Putin, a quem chamou de "perigoso, covarde e fraco", mas reconheceu: "Sabemos que a luta não acabou."

As novas sanções são voltadas contra legisladores russos que apoiaram a invasão da Ucrânia e incluem vice-primeiros-ministros, ministros, outros integrantes do gabinete de Putin, além do setor militar e de defesa russo, assim como familiares de pessoas que já figuram na lista de sanções do Canadá.

O governo Trudeau disse que os quatro tanques de combate Leopard 2, de fabricação alemã, que haviam sido anunciados anteriormente, já foram entregues à Polônia, onde os soldados ucranianos estão sendo treinados para usá-los.

Além dos quatro novos tanques Leopard 2, o Canadá está enviando um veículo blindado e munições.

O novo pacote de ajuda e as sanções foram divulgados quando os Estados Unidos anunciavam, em coordenação com os aliados do G7, uma nova rodada de sanções contra a Rússia.

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