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Duas variantes do novo coronavírus potencialmente mais transmissíveis já estão circulando pela cidade do Rio de Janeiro e, provavelmente, em Nova Iguaçu, na baixada fluminense. A conclusão é das secretarias estadual e municipal de Saúde do Rio, que analisaram o histórico de quatro das cinco pessoas contaminadas pelas cepas P.1 (de Manaus) e B.1.1.7 (do Reino Unido).

Segundo as autoridades, apenas um dos pacientes contaminados pelas novas linhagens é proveniente de Manaus. Os demais não têm histórico de viagem ou de contato com pessoas que tenham passado por locais com circulação das novas variantes. "Dessa forma, a avaliação confirmou que as novas cepas já estão circulando em pelo menos um município do Estado", diz a nota.

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O Estado afirma que existe a possibilidade de as novas cepas estarem circulando também por outras cidades, "uma vez que a capital tem grande atividade econômica e alta circulação de pessoas de várias cidades da Região Metropolitana". O alerta foi feito pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SVS).

Para confirmar a suspeita, o governo disse estar "reforçando e apoiando" os municípios em ações de monitoramento e vigilância de casos suspeitos.

As secretarias também reforçaram a necessidade de prevenção contra a covid-19 e pedem que a população intensifique o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social.

Casos

Na quarta-feira, 17, o Rio informou que estava monitorando cinco casos relacionados às variantes do coronavírus. Dos infectados com a cepa de Manaus, dois são moradores da capital, um é paciente transferido da capital amazonense e outro é de Belford Roxo. A pessoa contaminada com a cepa britânica mora na capital.

O paciente transferido de Manaus ainda está internado no Hospital Federal do Servidor e o morador de Belford Roxo morreu. Os demais já estão recuperados.

Um profissional de saúde do hospital de L'Aquila, na Itália, foi infectado com a variante brasileira do novo coronavírus Sars-CoV-2, mesmo depois de ter recebido a vacina da Pfizer/BioNTech.

A nova cepa foi identificada durante exames periódicos realizados em todos os operadores sanitários e analisada pelos institutos de zooprofilaxia experimental de Abruzzo e Molise.

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As autoridades sanitárias da Itália estão fazendo novas avaliações detalhadas, mas acreditam que a vacina pode ter protegido o paciente contra sintomas graves. O profissional é assintomático e está em isolamento domiciliar.

Segundo relatos, ele teria contraído o vírus de sua mãe, após a família registrar um surto com pelo menos seis casos positivos. Todos não apresentam sintomas. Os médicos de L'Aquila realizam testes para verificar se as pessoas também foram contaminadas com a variante brasileira.

Nesta sexta-feira (19) está prevista uma reunião com as autoridades de saúde e a prefeita do município, Cinzia Torraco, para debater a situação.

Nos últimos dias, na cidade de Poggio Picenze já haviam sido descobertos três casos da cepa brasileira em três brasileiros residentes na região central.

Da Ansa

Araraquara, município no centro do Estado de São Paulo com 238 mil habitantes, viu seu sistema de saúde colapsar nesta terça-feira (16), um dia após a cidade ter decretado lockdown. Segundo a prefeitura, 100% dos leitos para Covid-19 em UTI e enfermaria estavam ocupados e 16 pacientes com necessidade de oxigênio aguardavam pela manhã uma vaga de internação.

No início da tarde, os secretários estaduais de Saúde, Jean Gorinchteyn, e de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, estiveram no hospital de campanha com o prefeito Edinho Silva (PT) e anunciaram que o Estado abrirá 70 leitos para covid-19 na cidade, com um investimento de R$ 1,5 milhão. "Araraquara é uma das cidades que mais preocupa no Estado de São Paulo", disse Gorinchteyn. Antes, os secretários estiveram em Jaú, outra cidade da região central de São Paulo que registrou a variante de Manaus em pacientes e confirmou ontem seis mortes. Jaú receberá R$ 7,5 milhões do Estado, para montagem também de um hospital de campanha.

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Araraquara tem 212 pacientes internados, 63 deles em UTI. Há um total de 973 pessoas em quarentena. O número de mortes por covid-19 confirmadas nos primeiros 15 dias de fevereiro equivale a um terço do óbitos registrados pela doença em 2020. Com mais cinco mortes confirmadas ontem, a cidade - que chegou a ter a menor taxa de mortalidade em 2020 - passou a 153 óbitos, 37 deles confirmados em fevereiro.

Dos 16 pacientes que aguardavam atendimento pela manhã, a prefeitura informou que 11 conseguiram vaga de internação na cidade, um foi transferido para Matão, município vizinho, e os outros quatro ficaram aguardando na UPA Vila Xavier. "O único mecanismo que a gente tem neste momento, já que não há vacina para todos, é distanciamento social", disse ao Estadão a secretária de Saúde de Araraquara, Eliana Honain.

Toque de recolher

Ontem, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), afirmou, em entrevista à TV Bahia, que estuda adotar toque de recolher no Estado. "Vamos, sim, adotar medidas restritivas para outras atividades e até analiso a possibilidade, se mantiver ao longo dessa semana essas mesmas taxas, de implementarmos o toque de recolher em todo o Estado da Bahia para evitar o pior."

Perto dos 100%

Outra cidade que enfrenta dificuldades no atendimento a pacientes com covid-19 é Goiânia (GO). Com alta de contaminados e mortos, o município teve ontem 100% dos leitos ocupados no Hospital de Campanha de Goiânia e 90% da rede como um todo. Em Goiás já passam de 8 mil os mortos por covid-19 desde 26 de março. Até agosto eram 3 mil. Em cinco meses e meio, o número mais que dobrou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Estado de São Paulo registrou até esta segunda-feira, 15, 25 casos da variante da covid-19 do Amazonas, dos quais 16 são de transmissão local (autóctone). A maior parte dos casos (12) foi detectada em Araraquara, que decretou "lockdown" para conter a propagação da doença. A preocupação tem se estendido entre prefeitos do interior do Estado, onde as medidas de combate tem sido endurecidas diante do temor de colapso do sistema de saúde.

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, os casos da nova variante brasileira foram detectados em Araraquara (12), São Paulo (9), Jaú (3) e Águas de Lindoia (1). Um caso relatado em Campinas ainda não foi confirmado pelo governo do Estado. Há ainda outros sete relatos confirmados da variante britânica, todos de janeiro: cinco na capital e dois em Sorocaba. Todos também são de pessoas que tiveram contado com alguém de Londres, o que descarta, por ora, a transmissão comunitária.

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A pasta diz que a confirmação de novas variantes ocorre por meio de sequenciamento genético, "além da investigação epidemiológica dos casos, como históricos de viagens e contatos". No caso de Araraquara, os 12 casos confirmados são autóctones, ou seja, não foram trazidos por pessoas que estiveram em Manaus recentemente. Parte dos casos na cidade chegou a ser classificada como sendo da cepa britânica, mas a classificação foi retificada com um ressequenciamento, aumentando o total da variante brasileira.

A secretaria pontuou que as medidas já conhecidas devem continuar, como uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social. "Até o momento, não há comprovações científicas de que sejam variantes mais transmissíveis ou provoquem quadros mais graves."

O que especialistas têm apontado, no entanto, é que a nova variante, primeiramente detectada em Manaus, tem maior potencial de transmissão. Esse foi um achado de um estudo do Centro Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (grupo Cadde) divulgado em janeiro.

A situação tem preocupado prefeituras no interior de São Paulo. Além do "lockdown" em Araraquara, outras cidades repetiram a restrição máxima ou endurecimento das medidas, com toques de recolher, por exemplo. Em Guapiara, no sudoeste paulistas, o toque de recolher vigente vale das 14 às 6 horas, com multa para quem descumprir a medida. Em Américo Brasiliense, o "lockdown" adotado vale por 15 dias.

Após confirmar três casos da variante de Manaus do novo coronavírus, a prefeitura de Jaú, região central do Estado, enfrenta um novo desafio. A Santa Casa, único hospital de referência para covid-19 na cidade, estava ontem com todos os leitos de UTI lotados e tinha nove pacientes à espera de internação. A cidade, de 151 mil habitantes, registra média de cinco mortes por dia.

Conforme o secretário de Saúde local, Rodrigo Brandão, na primeira semana de fevereiro foram 41 mortes e, do dia 8 ao dia 14, mais 30 pessoas morreram. Ele acredita que a mortalidade maior pode estar relacionada à circulação da variante. A prefeitura se reuniu com a direção da Santa Casa para definir ações de enfrentamento ao novo cenário.

Na capital, o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, disse que a rede tenta investigar a procedência do paciente detectado desde o primeiro contato com as unidades de saúde. No Hospital de Pirituba, informou, há uma ala com dez leitos voltados para internação de casos ligados à nova variante.

"Não tem como baixar a guarda, fazemos o acompanhamento dia a dia. O que a gente tem de informação é que a variante tem um grau de transmissibilidade maior, mas não teria agravamento. Precisamos ver o reflexo disso nos casos e internações", afirmou o secretário.

Araraquara

O "lockdown" de 15 dias passou a vigorar ontem em Araraquara. O decreto municipal determina que só serviços essenciais podem funcionar e limita horários: supermercados até 20 horas, postos de combustíveis até 19. Em qualquer horário, as pessoas devem justificar porque estão na rua. No primeiro dia, houve pouco movimento na cidade de 238 mil habitantes. No centro, apenas alguns estabelecimentos considerados essenciais atenderam, em meio a uma sequência de lojas com as portas abaixadas. Poucos carros e pessoas circularam. Até o início da tarde de ontem, 217 pessoas foram abordadas pela fiscalização da prefeitura em diferentes pontos.

O prefeito Edinho Silva (PT) afirma que o comitê local relacionado à covid submeteu amostras para sequenciamento de cepas após verificar mudanças no perfil da doença na cidade. "Com ritmo de contaminação muito forte. Um vírus mais agressivo e que agrava o quadro em jovens", detalha. "Se não fizermos isso ("lockdown"), nas próximas duas semanas nosso sistema entra em colapso", reforçou o gestor, que teme que o mesmo ocorra em diferentes partes do Estado. Ele diz que o intuito é, com o distanciamento, fazer a curva de contaminação cair e, por ora, não cogita prorrogar o "lockdown".

A medida teve o apoio da população. "A pessoa só se conscientiza quando acontece na família dela ou próximo", afirmou o segurança Marco Antonio Bernardo, de 53 anos. "Tem de restringir mesmo, ainda mais no carnaval", disse o empresário José Walter Verzola. "É só sair quem precisa", comentou o taxista Edvaldo Ferreira da Silva, de 62. Ontem, não havia leitos disponíveis na cidade (100% de ocupação em enfermaria e em UTI) - os internados eram 197. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador de Nova York, Andrew Cuomo, anunciou nesta segunda-feira (15) que um paciente testou positivo para a variante sul-africana do coronavírus no Estado, sendo o primeiro caso confirmado na região. O infectado, por sua vez, havia sido transferido de Connecticut.

Segundo o governador, ainda não há indícios de transmissão local da nova cepa em Nova York. No entanto, "a variante da África do Sul é algo para se observar de perto. Há indícios sobre uma letalidade maior e sobre sua relação com as vacinas", afirmou. Os posicionamentos foram feitos em uma declaração sobre a covid-19.

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Sobre a imunização, Cuomo afirmou que quase dois milhões de pessoas receberam a primeira dose das vacinas em Nova York. No entanto, lamentou que, no último dia, 6.623 pessoas tenham sido hospitalizadas em virtude da covid-19, e que 103 morreram no Estado.

Três cidades do interior de São Paulo já confirmaram a circulação de variantes do novo coronavírus e estão adotando medidas mais drásticas para conter a disseminação. Em Araraquara, norte do Estado, a prefeitura decretou lockdown por 15 dias, depois de detectar duas variantes do vírus - a de Manaus e a do Reino Unido - em 11 pacientes. Já a prefeitura de Jaú, região central do estado, confirmou a mesma variante de Manaus em amostras de três pacientes com a Covid-19. Um caso da variante também foi registrado em Águas de Lindoia.

Decreto da prefeitura de Araraquara restringe a circulação de carros, bicicletas e pessoas pela cidade de 283 mil habitantes a partir desta segunda-feira, 15, até o próximo dia 30. O deslocamento só é permitido para acesso a serviços essenciais ou em caso de necessidade comprovada. Igrejas, templos, clubes recreativos e desportivos estão proibidos de abrir as portas nesses 15 dias.

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O comércio essencial só pode abrir até as 20 horas e atender com o uso de senhas. Postos de combustível fecham a partir das 19 horas. Os infratores ficam sujeitos a multas que variam de R$ 120 a R$ 6 mil reais.

Devido ao aumento de casos de Covid-19, a prefeitura estendeu o horário de atendimento em seis unidades de saúde, que fechavam às 17h, para até as 20 horas. "Araraquara vive o pior momento da pandemia. Mutações do coronavírus foram identificadas em nosso município. O alerta é de grau máximo", disse o prefeito Edinho Silva (PT).

As variantes britânica e brasileira do coronavírus foram identificadas em 11 das 16 amostras enviadas ao Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, vinculado à Universidade de São Paulo (USP). Os exames foram encaminhados ao Instituto Adolfo Lutz para confirmação. O prefeito já informou o achado ao Centro de Contingência da Covid-19 do governo de São Paulo.

Segundo ele, a investigação foi motivada pelo aumento da transmissão do vírus nas últimas semanas e a mudança no perfil dos internados, que são mais jovens. "Pelo histórico da pandemia desde março de 2020, nós estranhamos a velocidade das contaminações e a agressividade do vírus, a forma como os pacientes evoluíam. Sabemos que houve um relaxamento do distanciamento social, muita gente viajou, muitas festas familiares no fim do ano. Tudo isso ajudou no processo de contaminação, mas a doença apresentava uma característica diferente", disse o prefeito.

Nos 12 primeiros dias de fevereiro, a cidade teve o maior número diário de mortes pela Covid-19 desde o início da pandemia. O maior registro aconteceu na sexta-feira, 12, com seis óbitos em 24 horas. Também houve recorde de casos (123,5 em média por dia) e em número de pacientes internados (184). No sábado, 13, houve mais duas mortes e 201 casos. Neste domingo, 14, foram 167 casos e três mortes. A cidade atingiu 100% de ocupação de leitos de enfermaria e 96% em UTI. Araraquara soma 12.127 casos e 146 mortes pelo coronavírus.

Variantes preocupam outras cidades

Em Jaú, a prefeitura confirmou neste sábado, 13, a nova variante do coronavírus em amostras colhidas e analisadas pelo Adolfo Lutz, na capital. Das cinco amostras analisadas, três tiveram resultado positivo para a mutação chamada de P.1 detectada inicialmente em Manaus. O prefeito Ivan Cassaro (PSD) usou as redes sociais para fazer um alerta à população. "Venho aqui com muita preocupação e tristeza anunciar que, infelizmente, nossa cidade está passando o vírus que contagiou Manaus. Peço a população para ter cuidado triplicado. É um momento difícil para nós", disse.

Segundo ele, houve a suspeita porque a doença passou a ter um curso mais rápido, mais virulento e com mortes de pessoas que estavam fora do grupo de risco. A prefeitura já estuda um endurecimento nas regras de isolamento social. A cidade de 152 mil moradores registra 7.242 casos positivos e 231 mortes pela Covid.

A prefeitura de Águas de Lindoia, na região de Campinas, confirmou na sexta-feira, 12, que uma moradora de 61 anos testou positivo para a nova variante do vírus causador da Covid-19. Ela havia hospedado um visitante de Manaus, que apresentou sintomas da doença após chegar ao município paulista.

A paciente cumpriu isolamento domiciliar e já se recuperou. O viajante de Manaus foi atendido em um hospital particular de Mogi Guaçu, mas teve o quadro agravado e morreu. A prefeitura informou que a vigilância sanitária seguiu todos os protocolos de saúde para a condução do caso e que as recomendações para a prevenção da doença foram reforçadas.

O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Marco Vinholi, disse que os técnicos da pasta da Saúde acompanham e monitoram o surgimento de mutações do vírus no interior. O comitê de contingência estadual se reúne, na manhã desta segunda-feira (15), para discutir os rumos da pandemia e estratégias para conter a disseminação das novas variantes.

O Ministério da Saúde informou nesta sexta-feira, 12, que a variante brasileira da covid-19, chamada P.1, foi identificada em ao menos dez Estados brasileiros: Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraíba, Piauí, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. Quinze outros países - nas Américas, na Europa e na Ásia - também já identificaram a mesma mutação.

A pasta também disse que a variante do Reino Unido foi detectada no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Como mostrou o Estadão, o Brasil reduziu o número de exames de sequenciamento genéticos do vírus durante a pandemia, o que dificulta a identificação das mutações. O ministério afirma que validou dados até 10 de fevereiro.

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Estes números ainda estão sendo atualizados dentro do próprio governo. A Fiocruz aponta a variante brasileira em somente 7 Estados. Pernambuco também afirma ter registrado dois casos desta cepa. E a Bahia, 10.

Segundo apurou o Estadão, o Ministério da Saúde considera hoje que há pelo menos 170 casos da cepa brasileira identificados: Amazonas (110 casos), Espírito Santo (17), Pará (11), Paraíba (10), São Paulo (9), Roraima (7), Ceará, Piauí (1), Rio de Janeiro (1) e Santa Catarina.

Já a variante do Reino Unido foi encontrada em São Paulo (9 casos), Distrito Federal (2) e Rio de Janeiro (1), conforme dados internos do governo federal. Em nota, o governo do DF negou a identificação destes casos.

A Saúde também considera que há 5 casos de reinfecção por cepa variante, sendo 4 pela linhagem P.1. Outra reinfecção seria pela variante E484K. O ministério não quis se manifestar sobre os números de casos por Estados obtidos pela reportagem.

Secretários estaduais ouvidos pela reportagem dizem que os números ainda estão sendo avaliados pela Fiocruz antes de serem todos divulgados. Segundo um secretário, a distribuição de casos já identificados pode não refletir a circulação do vírus nos Estados, mas sim a capacidade de realizar os sequenciamentos genéticos.

Pressionado por investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suposta omissão na ajuda ao Amazonas, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello tem apontado a variante brasileira como culpada pela explosão de internações pela covid-19 no Estado. Em audiência no Senado, o ministro disse que essa cepa pode ser três vezes mais contagiosa.

OMS destaca preocupação com nova variante

Relatório semanal da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta a cepa amazônica (denominada P.1) como uma das que mais preocupam hoje, junto das variantes britânica e sul-africana. Investigações preliminares da entidade apontam que a mutação de Manaus pode reduzir a neutralização de anticorpos, mas ainda são necessários estudos adicionais.

Cientistas também se preocupam com o impacto das variantes na eficácia das vacinas contra a covid-19. A África do Sul, por exemplo, suspendeu uso do imunizante Oxford/AstraZeneca após estudo preliminar mostrar baixo grau de proteção da vacina em relação à cepa achada naquele país. Testes conduzidos pela Pfizer apontam que o produto da farmacêutica americana neutraliza as variantes do Reino Unido e da África do Sul, mas ainda não há dados sobre a brasileira.

"Por isso teríamos de ter um controle maior da porcentagem de quantos casos de covid-19 são por essa variante P.1, que é de preocupação. Ela pode ter comportamento semelhante à variante encontrada na África do Sul, sendo mais resistente aos anticorpos tanto de quem já teve a doença quanto de quem está sendo vacinado", diz Monica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. A capacidade de reinfecção pela variante de Manaus ainda é alvo de estudos.

A Paraíba informou na quarta-feira que a variante P.1 está em circulação no Estado, com três pacientes identificados. Só um deles era de Manaus. Conforme a Secretaria da Saúde, os casos não estão relacionados e apontam para circulação comunitária (não importada) da variante amazônica. O Ceará confirmou, no dia 8, a circulação da cepa - em dois homens, viajantes, e um terceiro, que mora no Estado. Mais 90 casos suspeitos estão em análise. Para a pasta, provavelmente já há transmissão comunitária no Ceará.

Piauí registrou caso de paciente transferido do Amazonas

No Pará, oito pacientes foram diagnosticados em Belém com a variante P.1 em 5 de fevereiro. Destes, cinco são de Manaus. Um manauara morreu, dois belenenses tiveram sintomas leves e outros cinco, o estágio mais grave da doença.

O Piauí registrou, no dia 2, um caso, detectado em um dos 23 pacientes transferidos de Manaus para realizar tratamento contra a covid-19 em Teresina. Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, ao chegar em Teresina, o paciente já não transmitia mais a doença, pois apresentou forma leve, e já estava com mais de 15 dias do início dos sintomas. O paciente já teve alta médica, foi curado e voltou para Manaus.

Com problemas de insuficiência de insumo hospitalar e falta de leitos de UTI no Amazonas, mais de 500 pacientes foram transferidos para leitos em outras regiões do País. Segundo o governo piauiense, também foram realizados procedimentos médicos de isolamento e proteção das equipes de saúde, assim como foram feitos testes na equipe que atendeu o paciente e não foi registrada infecção nem transmissão a terceiros.

Em São Paulo, em 26 de janeiro, a secretaria paulista da Saúde confirmou os três primeiros casos importados de covid-19 no Estado causados pela variante originária de Manaus, os primeiros registros da nova variante fora do Amazonas. A confirmação foi feita pelo Instituto Adolfo Lutz. A cepa P.1 foi identificada pela primeira vez no Japão, em 10 de janeiro, em quatro pacientes vindos do Amazonas.

É preciso rastrear para tomar medidas de restrição ou vacinação, diz médica

"Precisamos de mais sequenciamento genético, principalmente nos Estados mais afetados, para vermos se essa variante está tomando conta, até para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Seja de restrição ou de priorizar vacinação", diz a médica Monica Levi, da Sociedade Brasileira de Imunizações. Segundo levantamento feito pelo Estadão, em meio ao avanço da cepa amazônica, o Brasil reduziu o número de exames de sequenciamento genético do vírus. Entre março e maio de 2020, foram 1.823 sequenciamentos. Já entre novembro e janeiro, foram 585.

"O Brasil precisa testar mais e mais, saber o que está acontecendo em termos de circulação do vírus e saber qual a eficácia dos anticorpos de quem já teve a doença e dos vacinados", alerta Monica. Estudos apontam que a nova cepa surgiu no Amazonas entre dezembro e janeiro.

Além do Japão, a Coreia do Sul e o Catar foram os outros dois países asiáticos que identificaram essa cepa. Nas Américas, os vizinhos Argentina, Colômbia e Peru já têm registro, além de Estados Unidos e Canadá. A Europa já identificou a variante em Portugal, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha e Holanda. O governo britânico proibiu voos vindos do Brasil após a descoberta dessa linhagem.

Dois pacientes do Amazonas, que vieram para Pernambuco dar continuidade ao tratamento da Covid-19, tiveram confirmação laboratorial para a variante P1 do novo coronavírus. O sequenciamento genético foi feito no Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz PE) e o resultado foi informado à Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) na tarde desta quinta-feira (11).

Ambos eram do sexo masculino e estavam na faixa etária dos 50 anos. Um deles veio a óbito no Hospital das Clínicas (HC) em janeiro. Já o outro também foi internado inicialmente no HC e, após agravamento do caso, transferido para o Hospital de Referência à Covid-19 (antigo Alfa), onde veio a falecer neste mês de fevereiro.

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Ao todo, até o momento, a Fiocruz PE analisou 44 amostras biológicas que tinham confirmação para o novo coronavírus. Desse total, quatro eram de pacientes do Amazonas (dois com a nova variante e dois não). Outras 36, todas negativas, foram escolhidas de forma aleatória e contemplam pernambucanos de todas as 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres), inclusive do arquipélago de Fernando de Noronha. Em outras quatro, também de pernambucanos, não foi possível realizar o trabalho devido às condições das amostras.

"Nós conseguimos identificar duas variantes P1, que são aquelas que estão sendo relatadas em Manaus e é considerada uma variante de preocupação. Mas, nas amostras aqui do Estado, não encontramos", ratifica a vice-diretora de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Serviços de Referência da Fiocruz PE, Constância Ayres.

Nos últimos dias, outros Estados nordestinos como Paraíba e Bahia já confirmaram a identificação dessa nova linhagem. Apesar do achado atual envolver pacientes do Amazonas, Constância reforça a possibilidade de circulação da variante P1 em território pernambucano.

"Pode acontecer dessa variante ser introduzida aqui em Pernambuco. Não significa que vamos ter um aumento de casos. Pode ser que sim, mas ainda não está comprovado laboratorialmente que essa variante tem uma transmissibilidade maior", aponta.

Já a secretária executiva de Vigilância em Saúde da SES-PE, Patrícia Ismael, destaca o trabalho de monitoramento que vem sendo realizado com todos os pacientes do Amazonas. 

"Os hospitais que receberam esses pacientes vindos de Manaus fizeram o isolamento deles durante todo o tratamento. A SES-PE, junto ao município do Recife, monitorou, também, os profissionais e trabalhadores da saúde que estavam juntos a esses pacientes e também não foi detectada nenhuma contaminação posterior", destaca. A secretária lembra que o translado dos corpos dos pacientes que vieram a óbito, feito pelo Governo do Amazonas, seguiu todas as medidas de segurança.

*Da assessoria

A Universidade Oxford afirma em comunicado nesta sexta-feira (5) que um estudo em andamento mostrou que a vacina contra a Covid-19 elaborada pela instituição e pela AstraZeneca tem eficácia "similar" contra a cepa encontrada inicialmente no Reino Unido, a chamada variante "Kent", ou B.1.1.7.

A entidade diz que os resultados mostram que o imunizante mostra sucesso em reduzir a carga viral, o que pode se traduzir em transmissões reduzidas da doença. O estudo coloca a taxa de eficácia da vacina contra a cepa do Reino Unido em 74,6%. Em relação à variante mais antiga, essa eficácia está em 84%.

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O comunicado destaca que essas são as primeiras conclusões sobre a eficácia da vacina de Oxford contra as novas variantes do vírus. Há estudos em andamento sobre eventuais mudanças na vacina para garantir proteção mais rápida e simples contra as novas cepas, diz a nota.

O comunicado ressalta que as conclusões do estudo são preliminares e que ele ainda será submetido a uma publicação científica para revisão e publicação.

O Peru informou nesta quinta-feira (4) ter detectado a presença da variante brasileira do coronavírus em três regiões, incluindo Lima.

"Em nosso país, em Loreto, Huánuco e em parte de Lima, a variante brasileira foi encontrada", disse a ministra da Saúde, Pilar Mazzetti.

“Portanto, temos neste momento duas variantes: a britânica (detectada em 8 de janeiro em Lima) e a brasileira”, acrescentou a ministra em declaração no Congresso peruano. Ambas são mais agressivas, segundo especialistas.

A presença da variante brasileira explica porque as infecções por Covid-19 aumentaram rapidamente nas últimas semanas no Peru, apontou Mazzetti.

Loreto, cuja capital é a cidade de Iquitos, é a remota e extensa região de selva peruana onde nasce o rio Amazonas. Ela faz fronteira com o Brasil, além da Colômbia e do Equador.

O Peru e o Brasil compartilham 2.800 km de fronteira na Amazônia. Os voos entre os dois países foram suspensos pelo governo peruano em 26 de janeiro.

Mazzetti não especificou a quantidade de pacientes com a cepa brasileira no Peru, onde a quarentena obrigatória está em vigor desde domingo nas regiões mais afetadas pela segunda onda da pandemia, incluindo Lima.

Huánuco não faz fronteira com o Brasil, embora esteja na selva peruana central, na encosta leste dos Andes, 350 km a nordeste de Lima.

Em Loreto, há 225 pacientes hospitalizados com covid-19, incluindo 36 em terapia intensiva, de acordo com a imprensa local. As autoridades de saúde locais sugeriram fechar a fronteira para evitar a entrada de pessoas infectadas.

O país andino, que enfrenta escassez de oxigênio para pacientes com covid-19, acumula 1.158.337 infecções e 41.538 mortes, segundo dados oficiais.

Variantes do coronavírus SARS-CoV-2 têm levado países a restringir voos oriundos de onde essas variações estão sendo registradas, como o Brasil e o Reino Unido. Colômbia, Alemanha e Portugal anunciaram recentemente a restrição de voos internacionais.

Colômbia

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O governo da Colômbia vai suspender, a partir desta sexta-feira (29), por 30 dias, os voos de e para o Brasil, como medida preventiva perante a variante do novo coronavírus oriunda do país. Em dezembro, as autoridades colombianas já haviam suspendido os voos de e para o Reino Unido, após identificar no país de uma outra variante do coronavírus.

"Como medida preventiva e por um período de 30 dias, enquanto são feitas todas as análises, são suspensos os voos da Colômbia para o Brasil ou do Brasil para a Colômbia", a partir de sexta-feira, anunciou o presidente colombiano, Iván Duque, em um programa de televisão no qual relata diariamente as medidas do governo para combater a pandemia.

A medida será aplicada apenas ao transporte de passageiros e não de cargas, que continuará como até aqui, com o cumprimento de todos os protocolos de biossegurança.

Portugal

Também a partir desta sexta-feira estão suspensos os voos entre Brasil e Portugal. A suspensão vai até o dia 14 de fevereiro. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil informou que o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, conversou ontem com o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, e que a decisão de Portugal "se dá como resposta ao aumento do número de casos de covid-19 naquele país e não em função da situação no Brasil".

Alemanha

Já a Alemanha proibiu a entrada em seu território de viajantes de Portugal, do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil. A informação foi confirmada hoje pelo ministro do Interior do país, Horst Seehofer. Segundo ele, a restrição também se deve às mutações do novo coronavírus.  

"Neste momento, estamos na fase de coordenação entre os ministérios para proibirmos a entrada de [pessoas provenientes] destes países. Quero dizer, de regiões onde se apresentam as mutações [do SARS-CoV-2], disse o ministro antes da reunião informal dos ministros do Interior da União Europeia que ocorrerá hoje através de vídeoconferência".

Seehofer admite que a lista de quatro países pode ser ampliada nas próximas semanas. 

No domingo (24), entraram em vigor na Alemanha restrições à entrada no país de viajantes provenientes de zonas de "alta incidência acumulada" em sete dias: superior a 200 casos por 100 mil habitantes.

Desses países já fazem parte cerca de 20 Estados, entre os quais, Portugal, Espanha, República Checa, Bolívia e Colômbia.

Turquia

Na semana passada, o ministro da Saúde da Turquia, Fahrettin Koca, anunciou a suspensão temporária de voos do Brasil, também devido ao aumento de casos da nova variante do coronavírus.

Ancara já havia suspendido voos do Reino Unido, Dinamarca e África do Sul devido à nova variante.

*Com informações da Reuters e da RTP - Rádio e Televisão de Portugal

O monitoramento da circulação de novas variantes do coronavírus pelo País esbarra na falta de centros especializados em análise genômica e na dificuldade de obter financiamento e insumos para as análises. Não à toa, a nova variante brasileira do coronavírus foi identificada em outro Estado somente ontem, após ao menos quatro países já terem detectado a cepa em seus territórios: Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido, países com mais centros de pesquisa na área.

Desde o início da pandemia, o Brasil depositou cerca de 2,5 mil genomas sequenciados no site Gisaid, banco online de sequenciamentos que traz dados do mundo inteiro. Em comparação, o Reino Unido, que no mês passado identificou uma nova variante no sudeste da Inglaterra, já submeteu ao banco mais de 150 mil genomas.

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"Desde o início da pandemia, eles organizaram todos os polos e universidades para fazer sequenciamento de SARS-CoV-2, conseguiram financiamento e montaram essa estrutura. Além disso, eles têm fabricantes locais de reagentes. A gente depende da importação de insumos", explica Paola Cristina Resende, pesquisadora do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e membro da Rede Genômica Fiocruz, responsável por receber amostras de todos os Estados para sequenciamento.

"São dez amostras por mês de cada Estado, mas, com a emergência das novas variantes, pedimos o envio de 30 a 40 amostras de dezembro e janeiro para verificar se a cepa está circulando em algum outro local", diz. Parte dos Estados não tem estrutura própria para sequenciamento genético e depende de parcerias com centros de excelência como a Fiocruz para ter amostras analisadas.

Essa desigualdade regional fica clara na análise dos genomas submetidos ao Gisaid. A maioria é de amostras do Sul e Sudeste. Estados do Centro-Oeste, por exemplo, têm menos de dez genomas sequenciados cada.

Além da rede da Fiocruz, referência para o País, o sequenciamento genético de amostras do SARS-CoV-2 é feito principalmente pelas redes Coronaômica, coordenada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), e pela rede do Ministério da Saúde da qual o Instituto Adolfo Lutz faz parte.

"As redes em si são relativamente bem estruturadas, muitas universidades têm equipamentos, mas a maioria dos reagentes e equipamentos é importada, ou seja, cotada em dólar. Com essa situação cambial terrível, temos dificuldades na compra desses insumos", diz o virologista Fernando Spilki, coordenador da Rede Coronaômica e professor da Universidade Feevale.

"O aparelho que usamos para o sequenciamento completo custa R$ 400 mil, mas mesmo se formos usar outra técnica mais simples, a de MinION, o aparelho sai muito mais caro no Brasil. Fora, sai por U$ 900. Se formos importar, fica por R$ 17 mil", conta Adriano Abbud, diretor de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz.

Os pesquisadores ressaltam que, mesmo sem uma estrutura mais ampla de sequenciamento, a emergência de novas variantes preocupa e deve motivar medidas restritivas mais rígidas. "Deveríamos ter um controle maior de deslocamento entre Estados, dentro das cidades. As variantes são resultado de deixar o vírus se disseminar livremente", diz Spilki.

Governo

A reportagem procurou os Ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia para falar sobre os investimentos feitos na rede genômica, mas não recebeu resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Departamento de Saúde do Estado americano de Minnesota (MDH, na sigla em inglês) confirmou nesta segunda, 25, a primeira infecção, no país, pela variante do coronavírus registrada no Brasil. De acordo com comunicado publicado no site da entidade, o paciente, que realizou teste para a covid-19 em 9 de janeiro, tem "histórico recente" de viagens ao País.

A confirmação vem no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, restaurou uma ordem executiva que proíbe a entrada em solo americano de cidadãos não-americanos vindos de Brasil, União Europeia e Reino Unido. A África do Sul também foi adicionada à lista, justamente de olho nas novas cepas do coronavírus. Estudos preliminares indicam que as mutações são muito mais transmissíveis. Ainda não se sabe, porém, se elas aumentam a mortalidade pela doença.

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"Sabemos que, embora trabalhemos duro para derrotar a covid-19, o vírus continua a evoluir, como todos os vírus. Essa é outra razão pela qual queremos limitar a transmissão do Sars-cov-2 - quanto menos pessoas tiverem a covid-19, menos oportunidades o vírus terá de evoluir", afirma, em nota, o comissário de saúde de Minnesota, Jan Malcolm. Ele reforça a necessidade de utilizar máscaras e manter o distanciamento social neste momento de salto de casos da doença nos EUA e no mundo.

A nova variante do coronavírus identificada em outubro por pesquisadores na África do Sul contribui para um aumento sem precedentes das contaminações no país mais afetado da África, complicando a tarefa das autoridades que tentam conter sua progressão.

Conhecida pelo nome de 501Y.V2, a variante sul-africana não parece causar as formas mais graves da doença, mas os cientistas estão preocupados com o fato de ser mais contagiosa e mais difícil de combater.

A bioinformática Houriiyah Tegally, 27 anos, que trabalha em vigilância genômica na equipe de ponta que identificou a variante sul-africana, respondeu a perguntas da AFP.

O que se sabe sobre esta variante?

Parece mais contagiosa do que o vírus anterior. E isso se vê cada vez mais nos nossos dados da África do Sul, não tínhamos visto um crescimento semelhante antes.

Tem uma mutação na proteína spike, um 'espinho' capaz de penetrar nas células e infectar humanos. É exatamente essa mutação que faz o vírus mais resistente a anticorpos.

Essa nova variante também pode apresentar maior risco de reinfecção. Estamos aguardando mais informações, mas isso é motivo de preocupação.

Qual é a sua origem e qual é a sua porcentagem de presença atual?

Ainda não está totalmente claro. Todos os vírus evoluem naturalmente e acumulam mutações, mas essa variação parece ter evoluído muito mais rápido.

A teoria mais provável é a infecção de pacientes imunodeprimidos, cujo sistema imunológico tem mais dificuldade em combater infecções. O vírus se reproduz muito mais nesses pacientes e assim pode ser transmitido com mais facilidade.

Na África do Sul existe um alto percentual de imunodeprimidos, principalmente no sudeste do país onde surgiu essa variação do novo coronavírus, durante a segunda onda de contaminações.

Inicialmente representou 20% das amostras positivas, depois 30% e depois 40%. Hoje representa entre 60% e 75% dos casos. É uma curva rápida.

No ponto mais alto, estávamos em 80%, mas continuamos analisando os casos em janeiro e não ficaríamos surpresos se chegássemos perto de 90% ou mais.

As vacinas serão eficazes contra esta variante?

Enviamos cópias do vírus para laboratórios em todo o mundo para testes. A Pfizer publicou dados indicando que sua vacina funciona, mas foi uma experiência muito limitada.

No entanto, estamos esperançosos, porque as vacinas devem ser de amplo espectro, mas, por enquanto, temos que esperar para ver o que acontece.

Outros países podem ser afetados?

A resposta da comunidade internacional foi bastante estigmatizante. É compreensível, as pessoas estão com medo.

Mas, sem os cientistas sul-africanos, talvez nunca tivéssemos ouvido falar dessa nova variante do vírus. As pessoas continuariam adoecendo e não saberíamos por quê.

Não é culpa de ninguém que essa mutação exista na África do Sul. Pode haver outras no mundo, ainda não detectadas.

O vírus evolui e quanto mais se espalha, maior é a probabilidade de infectar pacientes imunodeprimidos e sofrer mutações.

Isso demonstra a importância de investir na vigilância e na pesquisa do genoma, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Ministério da Saúde do Japão anunciou neste domingo (19) que uma nova variante do coronavírus foi detectada em quatro viajantes do Estado do Amazonas. Este é mais um caso que mostra a evolução do vírus que provocou a pandemia da Covid-19. Os brasileiros chegaram em Tóquio pelo aeroporto Haneda, no dia 2 de janeiro.

Dos quatro viajantes, um homem na faixa dos 40 anos de idade apresentou problemas respiratórios, uma mulher de cerca de 30 anos relatou dor de cabeça e garganta e um adolescente teve febre. Segundo o governo do Japão, a outra brasileira, uma adolescente, não apresentou sintomas.

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Um oficial do ministério disse que estudos estão em andamento para determinar a eficácia das vacinas contra a nova variante, que é diferente das encontradas no Reino Unido e na África do Sul e levaram à disparada de novos casos.

"Até o momento, não há indícios que mostram que a nova variante encontrada nos brasileiros é altamente infecciosa", disse Takaji Wakita, chefe do Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão.

Após o crescimento no número de novos casos de coronavírus, o Japão declarou estado de emergência em Tóquio e cidades ao redor da capital nesta quinta-feira, 7. O país já soma quase 290 mil casos de covid-19, com 4.061 óbitos em decorrência da doença.

Outras variantes

As variantes do coronavírus originárias do Reino Unido e da África do Sul compartilham uma mutação comum chamada N501Y, uma leve alteração na proteína spike que envolve o vírus. Acredita-se que essa mudança é a razão pela qual eles se disseminam tão rapidamente. A variante já foi detectada em São Paulo, em dezembro. A maior parte das vacinas sendo lançadas no mundo treina o corpo para reconhecer essa proteína e combatê-la.

Nesta semana, a farmacêutica Pfizer divulgou os resultados de um estudo que mostrou a eficácia da vacina da empresa contra 16 novas variantes. No entanto, a pesquisa ainda precisa incluir outras mutações. Na África do Sul, por exemplo, a variante tem uma mutação adicional, chamada E484K, já identificada em amostras no Rio de Janeiro e Bahia. A A E484K não estava entre as testadas na pesquisa. A farmacêutica diz que ela é a próxima da lista.

O caso registrado na Bahia é de uma profissional de saúde que foi reinfectada pelo coronavírus em outubro. Ela não tinha histórico de viagem à África do Sul e também revelou aos pesquisadores não saber se alguém com quem teve contato esteve no país.

A variante do novo coronavírus, detectada inicialmente no Reino Unido, já está no Brasil. A confirmação foi feita na tarde desta segunda-feira (4) pela Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, após análise de amostras no Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz. 

Dois casos foram confirmados em São Paulo. Uma das pessoas com resultado positivo é uma mulher de 25 anos, residente em São Paulo, que se infectou após contato com viajantes que passaram pelo território britânico. O outro é seu contactante, um homem de 34 anos, também morador da capital. A secretaria ainda não informou sobre o estado de saúde dos dois pacientes.

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Segundo a secretaria, ambos os casos são da Linhagem B.1.1.7, nova cepa não se mostra mais letal, mas pode ser mais transmissível.

Na última quinta-feira (31), o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de São Paulo foi notificado pelo laboratório de medicina diagnóstica Dasa da suspeita de dois casos de uma variante do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no estado de São Paulo. A confirmação da cepa em dois pacientes foi feita por meio de sequenciamento genético realizado em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Após a confirmação do laboratório Dasa sobre essa suspeita, as amostras foram enviadas para o Instituto Adolfo Lutz, que deu início ao trabalho de análise e sequenciamento genético para identificar se a nova cepa teria mesmo chegado ao Brasil. Essa análise foi concluída hoje e confirmou a suspeita.

Os sequenciamentos de amostras realizados pelo Adolfo Lutz mostraram-se, segundo a secretaria, mais completos que o do Reino Unido e foram então depositados no banco de dados online e mundial GISAID, uma Iniciativa Global de Compartilhamento de Todos os Dados sobre Influenza.

 

Dois casos da nova variante do coronavírus foram encontrados pelo laboratório de diagnóstico Dasa, em São Paulo. A variante da Covid-19 já foi registrada em pelo menos outros 17 países.

No Reino Unido, essa variante chamada de B.1.1.7 representa mais de 50% dos novos casos diagnosticados, segundo aponta a Organização Mundial da Saúde. Ela é considerada 56% mais contagiosa do que o vírus 'normal' da Covid-19.

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Segundo o G1, não há evidência de que a variante provoque casos mais graves ou com maior índice de mortes, nem mesmo se é resistente à vacina. O laboratório Dasa apontou ao site que foram analisadas 400 amostras do teste RT-PCR de saliva - a confirmação da mutação foi feita por meio de sequenciamento genético -. 

A preocupação atual é de que os testes possam apresentar falsos negativos, com o exame não apresentando a presença do vírus. Para controlar isso, o laboratório brasileiro trabalha, em parceria com o Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), para gerar material que permita os testes mais eficazes.

O Colorado, nos Estados Unidos, registrou o que supostamente é o primeiro caso da variante do coronavírus particularmente infecciosa que surgiu recentemente no Reino Unido, revelou o governador do estado, Jared Polis, nesta terça-feira (29).

"Hoje descobrimos o primeiro caso do Colorado da variante B.1.1.7 da Covid-19, a mesma variante descoberta no Reino Unido", tuitou o governador Polis.

Ele anexou um comunicado oficial de seu escritório e de autoridades de saúde estaduais dizendo que o indivíduo é um "homem na casa dos 20 anos que está atualmente isolado no Condado de Elbert e não tem histórico de viagens".

O indivíduo não teve contatos próximos, disse o comunicado, mas a situação continuará a ser monitorada "de perto" e as autoridades estão trabalhando para identificar outros casos potenciais por meio de rastreamento de contatos.

O Washington Post relatou que o caso do Colorado é a primeira infecção conhecida da variante do vírus a ser registrada nos Estados Unidos. Os dois primeiros casos da nova cepa no continente norte-americano foram descobertos no Canadá no fim de semana.

Temores foram levantados pela nova cepa de Covid-19, que os especialistas dizem ser potencialmente mais transmissível.

Mais de 3.000 casos da variante já foram relatados no Reino Unido e em dezenas de países em todo o mundo, de acordo com a agência de saúde da UE ECDC.

Na África do Sul, mais de 300 casos de outra variante foram registrados. Três casos dessa variante da cepa foram confirmados na Europa - dois no Reino Unido e um na Finlândia - mas todos os três foram relacionados a pessoas retornando da África do Sul.

O Reino Unido registrou nesta terça-feira (29) um novo recorde diário de casos do coronavírus, enquanto luta contra uma nova cepa, que chegou ao Chile e à Índia, enquanto vários países já iniciaram campanhas maciças de vacinação.

Todos os países lutam contra um aumento repentino de infecções, que elevou o total de casos em todo o mundo para cerca de 81 milhões e as mortes para mais de 1,78 milhão.

A agência de saúde da União Europeia (UE), ECDC, alertou nesta terça-feira que há um alto risco de que as variantes recém-descobertas da Covid-19 possam causar ainda mais mortes e aumentar a pressão sobre os cuidados de saúde devido a uma "maior transmissibilidade".

Na África do Sul, mais de 300 casos de uma nova variante foram registrados, levando o país a uma série de novas medidas nesta terça-feira. O governo proibiu a venda de álcool e tornou obrigatório o uso de máscaras em público, depois de se tornar o primeiro país africano a registrar um milhão de casos.

"Baixamos a guarda e, infelizmente, agora estamos pagando o preço", disse o presidente Cyril Ramaphosa, culpando a nova cepa e uma "extrema falta de vigilância durante o período de férias" pelo aumento das infecções.

O Chile se tornou o primeiro país latino-americano na terça-feira a detectar a nova cepa inicialmente encontrada no Reino Unido, em uma mulher que voltou ao país de Madri depois de viajar também para a Grã-Bretanha e Dubai.

As autoridades sanitárias responderam anunciando que, a partir de 31 de dezembro, todos os que chegarem ao Chile deverão passar 10 dias em quarentena.

Os Emirados Árabes Unidos também anunciaram que detectaram a nova cepa em "pessoas do exterior".

A Índia, segundo país em número de casos no mundo, também registrou infecções pela nova cepa, mas não alterou suas diretrizes quanto à pandemia. O governo britânico está sob pressão para intensificar as restrições, com 53.135 novas infecções anunciadas em 24 horas, um recorde.

A Inglaterra está "de volta ao olho" do furacão do coronavírus, disse o diretor-geral do Serviço de Saúde Pública (NHS), Simon Stevens, em um vídeo postado no Twitter.

De acordo com as autoridades de saúde, a quantidade de pacientes atualmente em hospitais ingleses equivale à do pico inicial da pandemia, em abril.

Samantha Batt-Rawden, especialista em terapia intensiva e presidente da Associação Médica, disse que as equipes médicas estão em "ponto de colapso" e "adoecem em massa com a nova variante", tuitou.

- Campanhas e preocupações sobre vacinas -

Governos em todo o mundo correm para iniciar campanhas de vacinação para tentar evitar o tipo de bloqueio prejudicial à economia estabelecido no início da pandemia há pouco menos de um ano.

Argentina e Belarus lançaram suas campanhas nesta terça-feira, ambas com doses da Sputnik V desenvolvidas pela Rússia.

A inoculação do Sputnik V é criticada por ter começado antes do início dos testes clínicos da vacina em grande escala.

Mas alguns argentinos que a receberam preveem o fim de uma epidemia que mudou inesperadamente seus hábitos de vida.

"Chegou o começo do fim! Temos fé que agora vai aliviar um pouco tudo isso", comemorou Sandra Juárez no hospital de Buenos Aires.

Nos países da UE, a imunização começou no fim de semana com as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna.

A BioNTech e a Pfizer confirmaram nesta terça-feira a entrega de 300 milhões de doses de sua vacina à UE. Mas as autoridades temem que as dúvidas e a rejeição às vacinas possam prejudicar seus esforços.

Uma nova pesquisa da Ipsos Global Advisor mostrou que o Brasil é o segundo país do mundo em que as pessoas se dizem mais dispostas a se vacinar (78%), superado apenas pela China (80%) e seguido do Reino Unido (77%).

Segundo a mesma pesquisa, apenas quatro em cada dez pessoas na França querem se vacinar, o que coloca o país atrás até da Rússia, onde a rejeição chega a 43%, e da África do Sul, com 53%.

A França planeja adiar o toque de recolher das 20h às 18h nas áreas mais afetadas a partir de 2 de janeiro, disse o ministro da Saúde, Olivier Veran, ao canal France 2 nesta terça-feira.

Na esperança de aumentar a confiança do público nas vacinas, a vice-presidente eleita dos EUA, Kamala Harris, recebeu a vacina da Moderna ao vivo pelas câmeras de TV.

O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou o plano de vacinação de Donald Trump, de quem deve receber o poder em 20 de janeiro.

"O plano ... está atrasado, muito atrasado", disse Biden em um discurso no qual prometeu "mover céu, mar e terra para ir na direção certa".

O governo Trump planejou vacinar 20 milhões de americanos antes do final do mês.

No entanto, após três dias, apenas 2,1 milhões receberam a primeira dose, de acordo com dados oficiais.

Biden alertou que as próximas semanas podem ser as mais difíceis "de toda a pandemia".

A variante britânica do coronavírus Sars-CoV-2 já circula na Alemanha desde novembro, informa a mídia do país citando diversas autoridades de saúde nesta terça-feira (29). Segundo os estudos, ela foi identificada em um paciente contaminado e que faleceu naquele mês na Baixa Saxônia.

Em uma nota repercutida pela imprensa local, a filha de um casal de idosos havia viajado para Londres recentemente e foi, provavelmente, a responsável por contaminar os pais. O homem, de idade avança e com outras doenças, não resistiu e faleceu. Já a mãe da jovem se curou.

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O genoma foi sequenciado pela Faculdade de Medicina de Hannover e os resultados foram confirmados pelo hospital Charitè de Berlim. Até hoje, a Alemanha havia confirmado apenas um caso da nova cepa, mas é provável que existam mais casos no país.

A mutação descoberta no Reino Unido provocou o fechamento de fronteiras por mais de 50 países porque, segundo os britânicos, a cepa é transmitida mais rapidamente. Londres e o sudeste da Inglaterra, por exemplo, tem essa variante como a principal responsável pelos casos locais.

- Vacinados e casos:

Também nesta terça-feira, a emissora "NTV", citando fontes do Instituto Robert Koch informou que 41.964 alemães já foram vacinados contra a Covid-19 desde o último sábado (26).

O boletim diário de casos e mortes, porém, mostra que a segunda onda da pandemia continua com números bastante altos: foram 852 óbitos e 12.892 novos casos nas últimas 24 horas.

Com isso, a Alemanha contabiliza 1.675.277 contágios e 31.238 mortes desde fevereiro.

Da Ansa

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