Dezenas de incêndios assolavam nesta sexta-feira (17) o sul da Austrália, escurecendo o céu e causando a morte de uma pessoa, enquanto muitos habitantes deixaram as áreas mais expostas aos perigos provocados pelo forte calor. Após uma semana de temperaturas acima de 40 graus, temperaturas mais amenas foram sentidas pela primeira vez nesta sexta à noite.
A onda de calor tem causado milhares de incêndios florestais desde o final da semana passada. Um incêndio que se espalhou pela vegetação rasteira atingiu um bairro no subúrbio de Perth (oeste) no domingo destruindo 56 casas e matando um homem.
Nesta sexta-feira, a polícia anunciou a morte de uma segunda pessoa na região dos montes Grampians, a oeste do estado de Victoria (sul), também vítima do incêndio. Melbourne, a capital deste estado, registrou esta semana temperaturas excepcionalmente elevadas, mesmo para o verão, o que provocou a suspensão de alguns dos jogos do Aberto de tênis da Austrália, um dos quatro principais torneios da modalidade.
O fogo na parte norte dos montes Grampians, uma cadeia de montanhas a oeste de Melbourne destruiu mais de 21.000 hectares e forçou o deslocamento de centenas de moradores e turistas, especialmente no resort turístico de Halls Gap, perto do parque nacional.
"Eles começaram a partir ontem (quinta-feira) à noite, quando viram a luz vermelha no topo das colinas", declarou ao Australian Associated Press Rohan McDonald, proprietário do acampamento Halls Gap Lakeside Tourist Park.
"Havia fumaça por toda parte, uma espessa nuvem que dava a impressão de que uma bomba atômica havia explodido no topo da montanha", acrescentou. "O fogo continua muito intenso e irregular no período da tarde", advertiu Craig Lapsley, chefe do serviço de combate aos incêndios em Victoria.
Nesta sexta à tarde, um incêndio particularmente violento gerou uma coluna composta de gases quentes, fumaça, cinzas e outros detritos transportados pelos ventos, que por sua vez acenderam outros incêndios na área. Testemunhas compararam a fumaça espessa a uma neblina.
Craig Lapsley estima que os quatro dias consecutivos de calor intenso criaram as condições semelhantes às que precederam o imenso incêndio mortal de fevereiro de 2009, em que 173 pessoas foram mortas. As autoridades locais contabilizaram 57 incêndios que continuavam no estado de Victoria, incluindo sete listadas como de "emergência".
O ministro das Situações de Emergência desse estado, Kim Wells, pediu aos moradores para que permaneçam atentos a possíveis chamadas de evacuação. "Se o alerta for grave, extremo ou passar para o vermelho, você estará arriscando sua vida e a de sua família, se optar por ficar. A mensagem é muito clara: é preciso partir para sobreviver", alertou.
No vizinho estado de Austrália Meridional, duas casas foram destruídas em uma região de vinhedos e os bombeiros temiam tempestades durante as próximas horas. Em ambos os estados, o calor causou mal-estar, desidratação e insolação. "Durante uma hora esta manhã, recebemos casos de desconforto pericárdio a cada seis minutos", indicou o chefe dos serviços de ambulância em Victoria, Paul Holman.
O termômetro chegou a marcar 43,9º C nesta sexta-feira à tarde, mas baixou para os 30º no início da noite. Em Adelaide, a capital do estado da Austrália Meridional, chegou a 42,7º, mas baixou lentamente à noite.