Uma multidão alegre e variada, em meio à qual se destacavam muitos latino-americanos, festejou nesta quarta-feira (25), na Praça de São Pedro, no Vaticano, o primeiro Natal de Francisco, o Papa que denuncia guerras e injustiças.
Desde cedo lotada de peregrinos de várias nacionalidades para acompanhar a tradicional mensagem "Urbi et Orbi", para a cidade e o mundo, a imensa esplanada era um lugar ruidoso e festivo, onde bandeiras da Argentina se destacavam em meio às mais de 70 mil pessoas que desafiavam o frio e o céu nublado para assistir à bênção natalina.
Ao meio-dia em ponto, quando Francisco apareceu na sacada central da Basílica de São Pedro, a mesma de onde há nove meses ele se apresentou como o Papa vindo "do fim do mundo", um longo aplauso o acolheu.
"Bom dia, Feliz Natal", foram as primeiras palavras do pontífice, que falou em italiano e evitou pronunciar a bênção em sessenta idiomas, uma tradição iniciada no longo papado de João Paulo II e respeitada pelo emérito Bento XVI.
A voz do primeiro pontífice latino-americano e sua curta mensagem, transmitida nos telões instalados em vários cantos da praça, pareciam dirigidas diretamente ao coração de seus compatriotas ali presentes.
"É uma pena saber que há tantas vítimas de guerra, mas que bom que denuncie o drama das crianças soldados", disse a jovem argentina Gloria Ramírez, que chegou acompanhada da família, vinda de Buenos Aires, para ver o primeiro Natal do Papa portenho.
A família Ramírez, que levava uma garrafa térmica com água quente, brindou em plena praça com chimarrão, a famosa infusão que o primeiro Papa latino-americano tanto aprecia e que há alguns dias chegou a aceitar com agrado de um peregrino que lhe ofereceu durante uma audiência na Praça de São Pedro.
"Francisco, se sente, o Papa está presente"
Seiscentos estudantes do Colégio Internacional de Michigan, nos Estados Unidos, de 13 a 18 anos, vestidos com uniforme de gala e sentados nas primeiras filas, entre eles muitos provenientes de países hispânicos, diziam em inglês e espanhol: "Francisco, se sente, o Papa está presente" e "Esta é a juventude do Papa". "Sabemos que estar aqui é um privilégio e que há crianças que não ganham nem presentes de Natal", disse um deles.
Para o panamenho Cristóbal Gómez Gutiérrez, de 18 anos, entrevistado pela TV colombiana, o Papa "não é um homem de espetáculo, mas quer que sejamos mais sensíveis para que ninguém se sinta marginalizado".
A mensagem de Francisco "contra as guerras que geram ódio e vingança" e seu pedido para que não se esqueçam "das crianças sequestradas, feridas, assassinadas em conflitos armados, que se veem obrigadas a se transformar em soldados, que têm a infância roubada" emocionou o colombiano René de Jesús Gómez.
"As crianças são a esperança e não é justo usá-las para as guerras. Todos fomos crianças e todos temos direito à esperança. Os que vivemos um bom Natal no primeiro mundo temos que lembrar das crianças do último mundo", refletiu.
A bênção "Urbi et Orbi", que começou com os hinos da Itália e do Vaticano, terminou com a música tocada por várias bandas, inclusive as da Gendarmeria do Vaticano e do exército italiano.