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O governo vai reorganizar a articulação no Congresso após a derrota na votação da proposta de emenda à Constituição que transformou o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) em programa permanente. Em reunião ministerial, anteontem, o revés sofrido na Câmara foi debitado na conta do ministro da Economia, Paulo Guedes.

A estratégia do Palácio do Planalto para o novo freio de arrumação prevê agora que nada seja negociado no Congresso sem aval do ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. Além disso, o presidente Jair Bolsonaro fará mais trocas em sua equipe de articuladores no Legislativo. Depois da destituição da deputada Bia Kicis (PSL-DF), ele planeja trocar o líder do governo na Câmara.

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A função é hoje ocupada por Major Vitor Hugo (PSL-GO), mas a ideia é que o deputado Ricardo Barros (PP-PR) - integrante do Centrão e ex-ministro da Saúde no governo Michel Temer - assuma a vaga. A mudança só não ocorreu ainda porque Bolsonaro procura um posto de destaque para encaixar Vitor Hugo, considerado um aliado fiel. Vitor Hugo e Ramos, porém, não se entendem. Além disso, o deputado é criticado por seus próprios pares.

A destituição de Bia Kicis da vice-liderança do governo no Congresso, publicada anteontem em edição extra do Diário Oficial da União, foi mais um movimento do presidente para se afastar da ala radical do bolsonarismo nesta fase em que precisa ampliar sua base de sustentação. A deputada é uma das mais ferrenhas apoiadoras de Bolsonaro e foi surpreendida com a dispensa.

"O simbolismo dessa troca é exatamente esse, porque, em um momento em que a gente começa a retomar o ritmo da questão legislativa, o presidente deixa claro que, sempre que precisar e achar correto, trocará o líder ou o vice-líder", disse o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO) ao Estadão/Broadcast. "O cargo de líder, e incluo o meu nisso, é de prerrogativa do presidente da República."

Estopim

Na prática, a gota d'água para a saída de Bia Kicis ocorreu após ela ter passado recibo da derrota do Planalto na votação do Fundeb, segundo apurou o Estadão/Broadcast. O governo articulou uma manobra para "vender" a imagem de que havia saído vitorioso em plenário. Chegou mesmo a mudar de posição na última hora, quando percebeu que perderia. Mesmo assim, a então vice-líder do governo fez questão de manter o voto contra a proposta que prorrogou o Fundeb, escancarando o racha.

Guedes, por sua vez, tentou destinar recursos do novo Fundeb ao Renda Brasil, programa que ainda está sendo desenhado pela equipe econômica para substituir o Bolsa Família. A negociação não deu certo e acabou "atropelando" a Secretaria de Governo. Nenhum dos ministros quis se manifestar.

Bia Kicis disse, depois, que votou de acordo com sua consciência, como sempre fez o próprio Bolsonaro quando era deputado. Na avaliação de aliados bolsonaristas, o presidente tenta se distanciar de políticos que vivem em atrito com o Supremo Tribunal Federal (STF). Alvo de inquérito das fake news na Corte, Bia Kicis ficou magoada com Bolsonaro, que ainda busca um nome para substituí-la.

O presidente foi aconselhado pelo núcleo militar do governo a arquivar o estilo de permanente confronto com as instituições depois que ele e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seu filho mais velho, entraram na mira de investigações. Flávio é suspeito de se beneficiar de um esquema de "rachadinha", quando era deputado estadual no Rio. Segundo o Ministério Público do Rio, o esquema era operado pelo ex-assessor Fabrício Queiroz, hoje em prisão domiciliar.

No início deste mês, o Planalto fez outras mudanças nos cargos de vice-liderança da Câmara para contemplar parlamentares do Centrão. Além disso, Bolsonaro oficializou a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) como interlocutora do governo. 

Em um momento de crescente tensão entre o Executivo e os demais poderes e após o presidente Jair Bolsonaro voltar a defender as manifestações do dia 15 de março, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Antonio Dias Toffoli, declarou ao Estado que "as disputas políticas que se aproximam não podem estar acima dos interesses nacionais". Para ele, "não adianta ficar pensando em disputas regionais" em um momento em que "o importante é o Brasil estar pacificado e voltar a crescer".

Toffoli não quis comentar especificamente a convocação feita por Bolsonaro ontem durante discurso em Roraima, quando estava a caminho da viagem de quatro dias aos Estados Unidos. "Não é papel do presidente do Supremo ser comentarista de falas dos presidentes dos outros poderes", afirmou.

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A fala de Bolsonaro foi publicada em suas redes sociais e na de seus filhos e apoiadores. O presidente do STF afastou a possibilidade de se juntar ao presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), para que, caso desejem se posicionar em relação à fala de Bolsonaro, o façam de maneira conjunta. "O papel do STF nunca é de tomar atitude ativa. É de ser árbitro e mediar e pacificar, quando chamado", afirmou Toffoli. Para ele, não cabe ao Supremo se unir a A, B ou C porque o papel da Corte "é de promover a harmonia entre os poderes".

A nova convocação de Bolsonaro desagradou a todos e subiu um tom na já turbulenta disputa entre Congresso e Executivo, após um breve período de arrefecimento no início da semana com a conversa entre Bolsonaro e Alcolumbre, quando uma pequena bandeira da paz foi acenada entre os dois. Um dos panos de fundo é a queda de braço em torno do controle sobre R$ 30 bilhões do Orçamento. O dito acordo assinado em torno do Orçamento, que deixaria R$ 19 bilhões desse total com o relator-geral do Orçamento e devolveria o controle sobre R$ 11 bilhões para o Executivo, ainda conta com resistência do Planalto.

No meio político, no entanto, há quem acredite que Bolsonaro tem um único objetivo: retirar do foco o resultado magro do crescimento do País. A atividade econômica avançou 1,1% em 2019, em desaceleração ante os dois anos anteriores. Ao convocar a população para as ruas, Bolsonaro chamaria a atenção para a disputa política, campo em que o presidente "sabe brigar", tentando colocar uma "cortina de fumaça" frente às cobranças e as preocupações manifestadas por integrantes da equipe econômica com o baixo crescimento.

Outro ponto por trás dessa polêmica, de acordo com a avaliação de lideranças políticas, é o embate entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Bolsonaro. A declaração do presidente vem um dia após Maia subir tom nas críticas ao governo. Ambos têm como base eleitoral o Rio, o que contribuiria para acirrar esse embate. Além disso, as articulações de Alcolumbre para alterar a Constituição e permitir a reeleição para as presidências na Câmara e no Senado, o que também beneficiaria Maia, seria um ingrediente a mais na tensão entre os poderes.

Embora o presidente tenha dito que a manifestação não é contra o Congresso ou o STF, a avaliação nos bastidores é que chamar um ato em defesa do Poder Executivo transmite a mensagem de que ele precisa ser defendido. Neste caso, levanta suspeitas sobre quem estaria atacando a instituição, fomentando o clima de tensão e polarização.

Críticas. O presidente foi criticado pelo líder do PSL no Senado. Major Olímpio (SP). "Esse discurso foi como apagar o fogo com gasolina. O presidente virou protagonista das manifestações." O líder dos Democratas na Câmara, Efraim Filho (PB), disse que Bolsonaro, em vez de "insuflar manifestações" deveria construir condições para a retomada do crescimento econômico." Líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que reunirá outros líderes para discutir uma resposta conjunta. "A gente precisa dar um basta." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Forças de segurança de ao menos 12 Estados pressionam os governos locais por aumentos salariais. Em cinco deles, policiais já realizaram atos ou paralisações neste mês. A situação é mais grave no Ceará, onde o senador licenciado Cid Gomes (PDT) foi baleado na quarta-feira (19), ao tentar entrar com um trator em um quartel amotinado. Políticos ligados à bancada da bala e ao bolsonarismo apoiam movimentos no Ceará, Espírito Santo e Paraíba, garantindo respaldo às demandas dos policiais.

O levantamento foi feito com base em redes sociais e informações de entidades de classe.

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No Ceará, protestos de policiais por melhores salários começaram em dezembro. Mascarados depredaram viaturas e tomaram quartéis. A Associação das Praças do Estado (Asprace), que vinha negociando com o governo, publicou nota informando que, diante de decisão judicial, não estava "promovendo atos grevistas". Segundo policiais ouvidos pelo Estado, os PMs tiveram apoio de políticos locais para ocupar o 3º Quartel da PM na quarta-feira.

O vereador Sargento Ailton (SD) ficou dentro do prédio até a hora em que Cid foi baleado e publicou, na internet, entrevistas e vídeos em que destacava a paralisação das viaturas e negava a ilegalidade da ação. Apoiador de Bolsonaro nas eleições, o sargento não foi localizado.

Outro integrante da bancada da bala que tem acompanhado as negociações entre governo e policiais no Ceará, o deputado federal Capitão Wagner (Pros-CE) já liderou uma greve da PM em 2011. Segundo ele, as entidades de classe queriam assinar o acordo, mas os praças não aceitaram, o que levou ao motim. Em 2016, ele chegou ao segundo turno da eleição para prefeito de Fortaleza, cargo que é cotado para disputar novamente.

Apontado por autoridades cearenses como um dos principais apoiadores da greve, o deputado estadual André Fernandes (PSL), eleito com bandeiras de apoio a policiais e bombeiros, almoçou com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto na quarta. Ele não foi localizado para comentar.

No Espírito Santo e na Paraíba, políticos da bancada da bala também são acusados de inflar os protestos. Nesses locais, entidades têm até recusado propostas superiores às oferecidas ao restante do funcionalismo.

Um dos líderes do movimento de aquartelamento de PMs no Espírito Santo em 2017, o deputado estadual Capitão Assumção, também cotado para as eleições municipais, tem defendido os policiais na Assembleia e falado publicamente sobre a possibilidade de paralisação. Na semana passada, uma manifestação de policiais civis, militares e bombeiros reuniu 1,5 mil pessoas em Vitória.

A Polícia Militar recusou uma proposta do governo de aumentos salariais que somariam 35% em quatro anos. "Estamos tentando fazer com que as entidades entendam que não podem ser usadas como massa de manobra", disse o secretário estadual de Governo, Tyago Hoffmann. "Tem deputados que tentam obter ganhos políticos com isso." A Secretaria de Segurança Pública capixaba informou que mantém diálogo constante.

Na quarta-feira, PMs e civis da Paraíba fizeram uma paralisação de 12 horas. Mascarados circulavam entre os grevistas ameaçando quem queria trabalhar e furando pneus de viaturas. A Secretaria de Segurança Pública diz que se articula para manter o diálogo.

No Piauí, quarto Estado que já registrou protestos, cerca de cem servidores da área de segurança pública se reuniram em frente à sede do governo estadual há três dias. Em resposta, o governador Wellington Dias (PT) aumentou o pagamento de operações especiais de R$ 100 para R$ 150 em dias de semana, e R$ 200 nos finais de semana. "O porcentual de ajuste será acima da inflação", disse o governo, em nota. Também houve protestos em Sergipe.

Presidente da Associação Nacional de Entidades Representativas de Policiais Militares e Bombeiros Militares (Anermb), o sargento Leonel Lucas se diz preocupado com o acirramento de ânimos nos quartéis. "Os caras ficam revoltados: 'Olha, temos de fazer a mesma coisa lá do Ceará'."

Negociações

Levantamento feito com base em redes sociais e informações de entidades de classe aponta que há outros sete Estados em que policiais civis e militares travam embates públicos com o governo em busca de melhor remuneração, embora não tenham feito atos ou paralisações. Há demandas em Amazonas, Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins. 

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira (10) que mantém em cargos, "por enquanto", os responsáveis pela articulação política do governo. No Planalto, o diálogo com o Legislativo hoje é feito pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.

"Por enquanto continua. Quando 'falo por enquanto' dá a entender que pode mudar", disse Bolsonaro, que emendou uma comparação: Você é casado? Por enquanto continua casado. A gente não sabe amanhã", afirmou.

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Questionado se o ministro da Educação, Abraham Weintraub, pode assumir a articulação política do Planalto, Bolsonaro respondeu a um jornalista: "Não, não, não. Acho que você é mais simpático do que ele".

O governo tem sido criticado no Congresso pela articulação política. A Frente Parlamentar da Agricultura, conhecida como bancada ruralista, um dos pilares da eleição de Bolsonaro, reclama e promete endurecer relação com o Planalto.

"O que é interlocução. Eu converso com todo mundo. Fui parlamentar por 28 anos. Sei o sentimento do pessoal. Entendo que o parlamento mudou para melhor", disse Bolsonaro.

"Aprovamos muita coisa importante. Perdemos outras, é natural, infelizmente perdemos a 'MP dos balancetes' (que derrubava exigência de publicação em jornais de informações econômicas de empresas)". As declarações de Bolsonaro foram feitas em frente ao Palácio da Alvorada.

Imposto sindical

Bolsonaro voltou a negar intenção de retomar o imposto sindical. "Pelo amor de deus, como pode me acusar disso?", questionou o presidente. "O sindicalismo no Brasil é muito forte, negativamente falando, em que pese bons sindicatos. Tem organizações sindicais aqui que não ajudam em nada o Brasil", declarou.

Preço da carne

Bolsonaro voltou a afirmar que "preocupa" o preço da carne. "Mas estamos em uma política de livre mercado. No passado tivemos alta de outros produtos também, e é natural a oposição potencializar em cima disso", argumentou.

Na segunda-feira (9), Bolsonaro culpou a "entressafra" pelo aumento acima da média do preço da carne. Disse ainda que o valor deve cair.

Nesta terça-feira, em frente ao Alvorada, Bolsonaro afirmou que aumentar a produtividade e melhorar uso da tecnologia no campo deve contribuir para essa derrubada nos valores pagos.

Bem humorado, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a aprovação da reforma da Previdência no Senado, e ironizou as críticas de que o governo enfrenta problemas na articulação política. "Foram 60 votos para a gente", afirmou sobre o resultado do segundo turno, superior à primeira etapa de votação. O texto foi aprovado com o apoio de 60 senadores no segundo turno e 19 votos contrários. Na primeira votação no Senado, o placar foi de 56 a 19.

Ao cumprimentar jornalistas na chegada pela manhã no hotel, ele brincou que "não articulou nada" para chegar ao resultado e deu uma alfinetada no agora ex-líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO). "Eu não articulei nada, não sei articular. Quem articulou foi o Delegado Waldir", disse rindo.

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No Twitter, o presidente declarou que a aprovação "abre caminho para o País decolar de vez". "Nova Previdência aprovada em segundo turno no Senado. Parabéns, povo brasileiro! Essa vitória, que abre o caminho para nosso País decolar de vez, é de todos vocês! O Brasil é nosso! Grande Dia!", escreveu.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse esperar a mesma boa vontade do Congresso Nacional com as demais reformas que estão sendo preparadas pela equipe econômica. "Estamos muito felizes com o resultado. Agora vamos para o pacto federativo, com várias dimensões", afirmou o ministro ao deixar o plenário do Senado Federal de onde acompanhou a proclamação do resultado final da votação. "O sentimento é bom, é de que o Congresso fez um bom trabalho", disse Guedes que classificou o desempenho do Senado como "excepcional". O pacto federativo reúne um pacote de projetos e propostas para transferir mais recursos para Estados e municípios.

Apesar da comemoração, o ministro ressaltou que o ideal é que o Congresso aprove o texto paralelo da reforma da Previdência para incluir Estados e municípios nas mudanças.

Em relação às próximas reformas, que incluem o pacto federativo e as reformas administrativa e tributária, Guedes afirmou que serão os presidentes da Câmara e do Senado que farão o "processamento político" das propostas, isto é, a decisão de quem começa a discutir o quê.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira, 10, em evento na capital paulista que, ao contrário do que tem sido dito, de que há uma crise política, acordos políticos estão sendo feitos. "Nasceu uma nova política, extraordinariamente republicana", disse o ministro durante o Fórum de Investimentos Brasil 2019, ressaltando que a reforma da Previdência deve ser aprovada em segundo turno no Senado em mais duas semanas.

"Acordos políticos estão sendo costurados em bases orgânicas", afirmou Guedes. O ministro ressaltou que o Senado demorou "um pouco mais" para votar a Previdência, "mas está trazendo entes federativos" para as medidas que alteram as aposentadorias. O presidente Jair Bolsonaro também participou do evento em São Paulo.

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À frente da articulação do Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, trata a nomeação de apadrinhados por deputados e senadores como uma espécie de dote do presidente Jair Bolsonaro para o "casamento" com o Congresso. O governo federal tem cerca de 15 mil cargos comissionados nos Estados. Ramos cobra "fidelidade" como contrapartida. A seguir os principais trechos da entrevista:

O que fez o governo passar a aceitar indicação política para cargos de confiança?

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Após seis meses, o presidente identificou que havia muitas pessoas nomeadas que não estavam alinhadas com governo, inclusive de esquerda. Ao constatar isso, da necessidade de se nomear pessoas alinhadas, ele tomou a decisão de, republicanamente, baseado em critério técnico e na necessidade de cada Estado, aceitar indicação de parlamentar.

Como?

Estamos construindo uma nova articulação, uma adaptação cultural de um processo que havia no passado para o atual, que também é baseado em cargos e emendas, mas com muito critério e com banco de dados.

Qual é o processo?

O cronograma do processo, desde que o parlamentar apresenta a demanda dele, não pode ser para a semana seguinte. Ele passa por um processo criterioso, com consulta à Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Talvez essa seja a nova cultura que eles não estão entendendo.

E se o indicado tiver processo na Justiça, ainda que não julgado?

Não vai ser nomeado.

E se já estiver no cargo, pode perdê-lo?

Pode, claro.

Tem parlamentar que indicou familiar, esposa, tio...

Para mim, não pediram, parente de político, não. Isso aí está exposto à opinião pública. Quem estiver nessa situação está correndo risco.

O sr. está mais sensível a essa questão dos cargos?

Muito. Eu tenho tentando conversar com o nosso presidente, que é uma pessoa muito firme. O posicionamento dele está claro. Nos outros governos o ‘toma lá, da cᒠera assim: ‘Quem quer cargo?’ Era à vontade e tal. O Bolsonaro disse ‘não tem’. Aí está o problema. O parlamentar que não está lá nem cá fica perdido. O cargo é uma política republicana. Para que eu possa aplicar minhas políticas públicas, saneamento, escolas, o elemento que está lá tem de estar alinhado com o governo. E não adianta dizer ‘ministro, mas ele é funcionário de carreira’. Sim, mas é petista. Assim como tem funcionário de carreira de direita. Tem. Não é o ‘toma lá, da cá’. Eu preciso ter pessoas de minha confiança que vão fazer o que o governo central quer nesses cargos. Mas ainda não conseguimos descobrir todos. Os mais claros são Codevasf, Sudene, Banco do Nordeste...

Quem conseguir cargo tem de dar contrapartida?

Sim. Eu considero uma fase de namoro. E gostaria de casamento. É a gente ter uma relação sincera, duradoura, leal, de confiança. Eu não posso a cada votação, a cada projeto, ter que fazer um programa. Eu até brinquei: parece até que a gente está namorando, "agora quero uma joia ou, então, um diamante". Não. Eu quero casamento.

E quem não corresponder?

Eu sou casado, se minha mulher descobrir que eu tenho uma amante, acabou o casamento. Gostaria de fidelidade ao governo nas pautas para o País. Vou criar um caso estapafúrdio: o governo passou a adotar o aborto. O deputado evangélico não vai votar a favor do aborto. Ele pode ter dez mil cargos. A gente quer que o deputado esteja conosco nas reformas estruturantes, como foi a da Previdência, a tributária, a liberdade econômica, o saneamento básico, pacto federativo.

Isso envolve o Senado?

Claro, o Senado também. É com o Congresso.

Pode ser de qualquer partido, menos de esquerda?

Se a esquerda me procurar... Você acha que a esquerda vai votar no Bolsonaro? Muito difícil. Coitado do pessoal do PDT que foi votar a favor da reforma (da Previdência). Está sendo expulso.

E o Centrão?

Eu não uso esse nome, eu uso pessoal alinhado com a postura do governo. Pessoal, exatamente, do meio.

São só os cargos nos Estados ou também nos ministérios?

Ministério, não. Há uma regra, determinação do presidente: em Brasília, não.

No Senado, passa por apoio à indicação do Eduardo Bolsonaro como embaixador nos EUA?

Sendo sincero, a indicação do Eduardo em nenhum momento houve contato comigo. Eu sei que o (Davi) Alcolumbre (presidente do Senado) tem conversado, isso aí tem me chegado. Eu até agora não fui chamado para isso.

 

‘Manobra’ que altera projetos gera embate entre Câmara e Senado

A tramitação de pautas recentes na Câmara e no Senado, como a reforma da Previdência e a Medida Provisória da Liberdade Econômica, reacendeu uma discussão antiga sobre o papel de cada uma das Casas no processo legislativo. De um lado, senadores reclamam do tempo exíguo para analisar as matérias, e afirmam que não são meros "carimbadores" do que é analisado pela Câmara. De outro, deputados criticam manobras feitas pelo Senado para garantir que alterações feitas na Casa não precisem de uma nova análise da Câmara.

Os deputados Arthur Lira (PP-AL), Baleia Rossi (MDB-SP) e Elmar Nascimento (DEM-BA), líderes de seus partidos na Câmara, entraram com uma ação no Supremo para questionar a votação do Senado que aprovou a Medida Provisória da Liberdade Econômica. O argumento é que o conteúdo texto foi alterado, o que obrigaria a matéria a ser analisada novamente pela Câmara.

Os senadores aprovaram o texto aprovado pelos deputados, mas derrubaram a autorização para o trabalho aos domingos e feriados, considerando que o item era estranho ao conteúdo da medida, ou seja, um "jabuti". O ministro do Supremo Gilmar Mendes, no entanto, negou o pedido e liberou o texto para sanção do presidente Jair Bolsonaro.

Os únicos casos que não exigem o retorno à Câmara de um projeto alterado pelo Senado são os de ajustes que excluem artigos de propostas ou para fazer mudanças de redação de melhoria do texto. Teoricamente, essas alterações podem ser feitas para corrigir distorções técnicas, mas, recentemente, tem sido usadas para alterar o conteúdo das matérias.

Ao apresentar o relatório do novo marco legal de telecomunicações, no final de agosto, a senadora Daniella Ribeiro (PP-PB) fez uma alteração no texto da Câmara: a inclusão de uma linha inteira de pontos, sem letras, na redação. A alteração, mesmo que sutil, provocou questionamentos de técnicos do setor e até o risco de o projeto ser judicializado.

Nas normas técnicas da legislação, uma linha pontilhada significa que o restante do texto continua válido. Assim, a decisão da senadora de recuperar a linha de pontos garantia também três parágrafos que haviam sido eliminados pela Câmara. Esses itens previam que empresas fizessem pagamentos à União na prorrogação de contratos de telefonia fixa, gerando despesas extras para as companhias. Diante do impasse, a relatora recuou. "Nós tivemos o cuidado necessário para que não houvesse em nenhum momento a possibilidade de que isso ocorresse, a judicialização", disse Daniella Ribeiro.

Outro impasse ocorreu com a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda o rito de medidas provisórias. Senadores reclamavam de votar MPs em um prazo apertado antes que as matérias perdesse a validade. O Senado fez mudanças no texto aprovado anteriormente na Câmara, mas os deputados não receberam a proposta de volta. Por conta do impasse, a PEC está há três meses pendente de promulgação do Congresso.

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), porém, fez uma alteração que diminui a possibilidade de uma Medida Provisória perder os efeitos. Anastasia tirou o item sobre a tramitação na comissão mista de um artigo e o colocou em outro. "Comissão mista não aprecia, porque apreciar significa deliberar, votar. Na verdade, a comissão mista faz instrução e conclui por um parecer", justificou Anastasia.

Se não houver um entendimento, o Senado poderá ter de refazer a votação. "A proposta pode ser novamente votada no Senado ajustando a redação, enviada para a outra Casa ou é possível simplesmente convencer a Câmara que a emenda foi de redação", comentou o consultor-geral da Consultoria Legislativa do Senado, Danilo de Aguiar.

Mudanças na reforma da Previdência

Duas mudanças feitas no texto da Reforma da Previdência pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foram questionadas por técnicos do Congresso e podem atrasar a promulgação da medida, apontada como a principal reforma econômica do País. Tasso manteve a emenda sobre os informais no texto principal - com ajustes - e não se posicionou sobre a alíquota extraordinária. O senador disse estar seguro de que o texto está blindado de questionamentos formais.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), chegou a anunciar que as duas alterações ficariam para a chamada PEC paralela, um texto diferente que começou a tramitar, evitando qualquer possibilidade de a proposta principal retornar à Câmara.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Sem articulação ou votos suficientes no Congresso, partidos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro elegeram o Supremo Tribunal Federal como campo para atuar contra medidas tomadas pelo governo federal.

Levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo aponta que nos nove primeiros meses deste ano o STF já recebeu 45 pedidos de derrubada de algum tipo iniciativa determinada pelo Palácio do Planalto. O número supera com folga as contestações apresentadas, no mesmo período, contra os antecessores de Bolsonaro desde a primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva.

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O levantamento foi feito com dados do Supremo e abrange ações julgadas, arquivadas e ainda em tramitação desde 2003. Este ano, foram 29 ações diretas de inconstitucionalidade (ADIs) e 16 arguições de descumprimento de preceito fundamental (ADPFs), instrumentos jurídicos usados para contestar leis e atos normativos (mais informações nesta página).

A maioria delas (27) tem a assinatura de partidos políticos, mas há também iniciativas de entidades de classe (12) e da Procuradoria-Geral da República (6). Entre os partidos, o destaque fica para a Rede. Com apenas uma deputada eleita em 2018 e três senadores, a sigla protocolou sozinha 11 ações, como a que questionou a transferência da gestão de demarcação de terras indígenas para o Ministério da Agricultura e a competência da Secretaria de Governo para supervisionar ONGs.

"Quem não tem cão, caça com gato", resume o cientista político Cláudio Couto, da FGV, sobre a estratégia de "judicializar" a oposição ao governo. "A oposição toma isso como principal estratégia". Couto vê ainda um segundo motivo para os números de contestações no Supremo: o alto grau de polarização política no País, que não deu trégua desde a campanha eleitoral do ano passado. "É um governo de posições mais radicais e isso acaba produzindo uma judicialização, é a consequência natural", afirmou.

'Quem não tem voto, judicializa', diz líder do governo no Senado

Para o também cientista político Kleber Carrilho, da USP, a judicialização se transformou em uma opção "racional" para a oposição no Congresso. "Quem não tem voto, judicializa", resumiu o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Com dificuldades de construir uma base de apoio no Congresso, Bolsonaro tem recorrido, em grande parte, à edição de decretos e medidas provisórias para colocar em prática os seus projetos - principais alvos de quem recorre aos ministros do Supremo.

Entre os decretos baixados pelo governo e contestados na Corte estão o que flexibilizou o acesso a armas de fogo e o que promoveu cortes no orçamento de institutos de pesquisas e universidades federais. No caso das medidas provisórias, uma das ações pede a derrubada da reestruturação da administração federal, que englobou a extinção de ministérios (como o do Trabalho) e a criação de superpastas, como a da Economia.

Apesar do alto número de contestações, o Supremo tem mantido uma postura cautelosa no julgamento das ações e foram poucas, até agora, as consideradas inconstitucionais.

Barroso derrubou MP que transferia Funai para Agricultura

Em junho passado, decisão do ministro Luís Roberto Barroso derrubou a MP que transferia da Funai para o Ministério da Agricultura a atribuição de demarcar terras indígenas. O tribunal também barrou a tentativa do governo Bolsonaro de extinguir todos os conselhos federais. As demais ações ainda não foram julgadas.

Além das ações propostas pela oposição, o governo Bolsonaro ainda enfrenta ações propostas pela PGR. Na semana passada, no último dia antes de deixar o cargo, a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apelou ao Supremo para pedir a revisão do decreto das armas, uma das principais bandeiras de Bolsonaro. Também contestou o projeto Escola Sem Partido e mudanças nos conselhos nacionais do meio ambiente (Conama) e dos direitos da criança e do adolescente (Conanda), determinadas pelo governo federal.

A Advocacia-Geral da União (AGU), responsável por defender o governo, afirmou que o questionamento judicial de políticas públicas é "consequência do estado democrático de direito". "Nesse sentido, a AGU vem desempenhando seu papel institucional nessas ações, defendendo as políticas públicas perante quaisquer instâncias do Poder Judiciário nacional", diz o órgão.

'Não basta lacrar na internet', diz Randolfe

Líder da Rede no Senado, Randolfe Rodrigues (AP) afirmou ter montado uma assessoria jurídica para monitorar e preparar ações em resposta ao que chama de "excessos" do governo Bolsonaro. "Mais do que ficar berrando no plenário, precisamos de ações concretas e, por isso, recorremos ao Judiciário. Não adiantar ficar 'lacrando' na internet."

Randolfe critica a forma de atuação de parte da oposição ao Planalto no Congresso, segundo ele focada em "palavras de ordem". "Se a oposição não baixar as vaidades, não daremos as respostas certas para o momento."

O cientista político Kleber Carrilho, da USP, vê na "falta de unidade discursiva" uma dificuldade para a articulação dos partidos que fazem oposição ao governo Bolsonaro. "Não houve ainda uma unificação de discurso (da oposição). O 'Lula Livre' é uma bandeira do PT, não dos outros. E isso acaba sendo um problema para afinar o discurso e desenvolver um planejamento", afirmou.

O senador petista Humberto Costa (PE) rebate as críticas. "O 'Lula Livre' é uma pauta não só do PT, mas de muitos setores da nossa sociedade", disse. "Temos uma série de outras causas que defendemos ao lado das oposições." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A rara vitória célere do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Supremo Tribunal Federal (STF) contou com um peso: a articulação de lideranças e partidos políticos. De acordo com especialistas ouvidos pelo LeiaJá, apesar do respaldo constitucional que o STF tinha para garantir a continuidade de Lula na chamada Sala de Estado Maior, a movimentação nos bastidores de partidos e o apoio de lideranças como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi levado em consideração na urgência de apreciação do caso. 

Nessa quarta-feira (7), uma decisão do STF - por 10 votos a um - derrubou a determinação da juíza da 12ª Vara de Execuções Penais, Carolina Lebbos, de transferir o ex-presidente da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba para um presídio em São Paulo

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Na manhã do mesmo dia, a magistrada tinha decidido que Lula poderia cumprir a pena, apesar do direito à prisão especial, em presídio comum e em cela coletiva. E a Justiça Federal de São Paulo já havia designado que a transferência ocorresse para o presídio de Tremembé, famoso por alojar presos de crimes com grande repercussão.

“O fato de manter Lula na carceragem é mais política do que garantismo penal, no sentido de resguardar o ex-presidente. Do ponto de vista da celeridade do julgamento e do trâmite pesou a articulação política, mas havia e há embasamento jurídico”, avaliou o advogado e especialista em direito criminal, César Sales, ouvido pelo LeiaJá

“O direito do ex-presidente de ficar em uma sala de Estado Maior é constitucional, mas comumente os presídios do país não têm esse tipo de espaço, por isso a manutenção dele em uma sala improvisada em Curitiba”, acrescentou o jurista. 

Para o cientista político Elton Gomes, a situação da prisão de Lula é “muito particular” porque ele detém, como ex-chefe de Estado, informações que extrapolam o seu governo. “Qualquer pessoa que tenha exercido a Presidência já dirigiu o serviço secreto brasileiro e foi comandante das Forças Armadas. Ex-altas autoridades da República que são levadas a prisão são colocados em um regime penitenciário à parte, como acontece com Lula”, observou o especialista. 

“Mesmo aprisionado em uma cela individual, no presídio de Tremembé, ele teria como vizinhos chefes do PCC, homicidas contumaz e outros criminosos. Seria um desprestígio muito grande. O poder político que ele ainda tem parece ter contado para a decisão do STF neste caso. Inclusive, dos ministros que o julgaram ontem ele indicou alguns, como o atual presidente Dias Toffoli”, completou o estudioso.

Ao argumentar diante do Supremo, a defesa de Lula considerou a transferência para o estabelecimento prisional comum de Tremembé como "descabida" e "ilegal". Antes do julgamento no plenário, assim que tomaram ciência da decisão da juíza Carolina Lebbos, parlamentares de diversos partidos foram até a Alta Corte solicitar a intervenção jurídica. 

O despacho de Carolina Lebbos foi interpretada por alguns como um método para frear os impactos das revelações de conversas da Lava Jato envolvendo procuradores e o ministro da Justiça, Sérgio Moro, na imprensa. As mensagens, inclusive, apontaram para articulações investigações contra membros do STF. Questionados se interpretavam a votação no Supremo como uma resposta aos integrantes da Lava Jato, os especialistas disseram que não.  

“Quem pedia a transferência do preso era a Polícia Federal. A polícia foi feita para realizar as funções de investigação e manter o preso provisoriamente, não para o cumprimento de pena. Só seria retaliação a Lava Jato se a Procuradoria tivesse dito que era ilegal que ele cumpra pena em uma delegacia”, ponderou Elton Gomes.

“Não foi retaliação a Lava Jato. É uma questão procedimental de uma outra fase, que é o cumprimento de pena. Já está numa fase extraprocessual”, corroborou César Sales.

Esperança 

A sinalização positiva do STF contra a transferência de Lula para Tremembé trouxe também aos petistas um ânimo quanto à futuras avaliações da Corte sobre o caso do ex-presidente - que vinha acumulando derrotas, muitas delas apertadas, na Segunda Turma do tribunal.

Apesar disso, alerta o advogado César Sales, é “temerário dizer que Lula terá um cenário mais positivo [no STF] pelo simples fato de ter conseguido esse congelamento de transferência”. “O julgamento se tratou de um procedimento, não diz respeito ao mérito do processo enfrentado por ele. Não se estava discutindo cumprimento de pena, mas onde ele está cumprimento de pena”, salientou o jurista.

A ponderação foi reforçada pelo cientista político. “Em relação ao mérito da causa não [há otimismo]. Além do triplex, já está avançado o caso do Sítio de Atibaia, que produz argumentos mais contundentes contra o ex-presidente. Mas do ponto de vista das medidas de progressão de penas sim, porque ele é cardiopata, tem mais de 70 anos. A tendência é que ele seja colocado em prisão domiciliar em breve. A grande questão que pode pesar, neste sentido, é se os processos não vão se avolumar produzindo o acúmulo de penas”, considerou Elton Gomes. 

Após experimentar derrotas em série no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu ontem que seu governo enfrenta problemas na articulação política. Ele atribuiu as dificuldades à "inexperiência" e admitiu que teve de adotar o modelo que era usado no Palácio do Planalto de Michel Temer.

O mea-culpa veio ontem, mas as mudanças já haviam sido oficializadas na quarta-feira por medida provisória. Nela, o presidente tirou a articulação política da Casa Civil, chefiada por Onyx Lorenzoni (DEM). "Quando montamos aqui, no primeiro momento, por inexperiência nossa, tivemos algumas mudanças nas funções de cada um que não deram certo", disse o presidente em entrevista. "Em grande parte, retornamos ao que era feito em governo anterior."

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Bolsonaro se referia ao arranjo vigente até 2018, onde a Secretaria de Governo cuidava simultaneamente da articulação política e da liberação de emendas aos parlamentares. No governo Temer, o posto foi ocupado por Geddel Vieira Lima (MDB-BA), que hoje está preso, por Antônio Imbassahy (PSDB-BA) e por Carlos Marun (MDB-MS).

Agora, a Secretaria de Governo será comandada pelo general da ativa Luiz Eduardo Ramos, recém-nomeado por Bolsonaro para o cargo. Ao anunciar sua chegada ao governo, na semana passada, o presidente enfatizou que o auxiliar tivera experiência como assessor parlamentar e que, por isso, ajudaria muito no trato com o Congresso. O anúncio da ampliação dos poderes da Secretaria de Governo veio depois.

Em entrevista à revista Veja, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que "o problema da articulação política não é do ministro, mas do governo". "A gente sabe que isso não é tão fácil sem a participação direta do presidente", afirmou.

A condução da articulação política por Onyx era alvo de críticas por parlamentares de diferentes matizes. Na abertura dos trabalhos legislativos, ele se indispôs com Maia ao tentar costurar uma candidatura alternativa e bloquear sua reeleição. Fracassou. Ao mesmo tempo, ganhou fôlego ao apoiar a eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) contra Renan Calheiros (MDB-AL).

Os problemas, porém, foram se avolumando. Na semana passada, houve uma derrota emblemática. O Senado derrubou decretos que flexibilizam o porte de armas, promessa de campanha de Bolsonaro. Ele chegou a fazer um apelo aos deputados, em 'live' no Facebook, para que não enterrem a iniciativa.

Líderes do Centrão costumavam desferir as críticas mais contundentes, argumentando que o governo tinha dificuldade de dialogar e tentava "criminalizar" todo tipo de negociação política. Mas, até integrantes do PSL, partido do governo, vez ou outra disparavam contra o Planalto.

"O presidente percebeu que não estava funcionando. Deve ter recebido muitas reclamações e tenta dar outro norte ao governo", disse o líder do PSL na Câmara dos Deputados, deputado Delegado Waldir. Segundo ele, mais do que ajustar o desenho, é importante encontrar "a pessoa certa para o lugar certo", porque o Parlamento "gosta de respeito". "Para articulação política, tem que ter jogo político, humildade, respeitar os parlamentares, tem de ser amado pelo Parlamento ou não vai dar conta do serviço, não", disse Waldir.

Bolsonaro tem tentado preservar Onyx e evitou culpá-lo pelos resultados ruins no Congresso. "Onyx está fortalecido pelo PPI", disse, referindo-se ao Programa de Parceria em Investimentos, que cuida de concessões e privatizações e passou para a Casa Civil. Onyx é aliado de primeira hora de Bolsonaro e já integrava seu time antes de ele se firmar nas pesquisas.

Outras mudanças

 

O presidente anunciou ontem outro rearranjo na equipe, com a promoção de Jorge Antonio de Oliveira, que é major da PM do DF, para o cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Ele ocupava a subchefia de Assuntos Jurídicos. Segundo Bolsonaro, Oliveira é uma pessoa que o acompanha há 15 anos, está acostumado com a burocracia e atua como "prefeito do Planalto". A subchefia de Assuntos Jurídicos ficava subordinada à Casa Civil e passou para alçada da Secretaria-Geral da Presidência. Foi mais um movimento de esvaziamento dos poderes de Onyx.

Formado em 1992 no Colégio Militar de Brasília, Oliveira serviu por mais de 20 anos na Academia de Oficiais da PM do DF. Com formação em Direito, foi transferido em 2013 para a reserva, iniciando atividade de advocacia, consultoria e assessoria jurídica. O novo ministro atuou no Congresso como assessor parlamentar da PM do DF, assessor jurídico no gabinete de Bolsonaro e também como chefe de gabinete e assessor jurídico do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro decidiu que a Casa Civil de Onyx Lorenzoni não cuidará mais da articulação política do Planalto. O desafio agora ficará a cargo da Secretaria de Governo, comandada pelo recém-nomeado general Luiz Eduardo Ramos. A mudança, antecipada esta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi confirmada em medida provisória publicada nesta quarta-feira, 19, e ocorre depois de sucessivas derrotas e desencontros do Planalto com o Congresso.

Para assumir a interlocução, a Secretaria de Governo terá em sua estrutura a Secretaria Especial de Assuntos Parlamentares, que substitui a Subchefia de Assuntos Parlamentares antes abrigada na Casa Civil. A pasta de Onyx, por sua vez, extinguiu a secretaria voltada para o Senado e transformou a secretaria criada para tratar com a Câmara na Secretaria Especial de Relacionamento Externo.

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Como o Estado mostrou, o ministro da Economia, Paulo Guedes, sugeriu a Bolsonaro que puxe o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, para a coordenação política de sua equipe. Ex-deputado do PSDB, Marinho é considerado por seus pares um hábil negociador e, até a votação da Reforma da Previdência, poderia acumular as funções. Ontem, no entanto, Bolsonaro sinalizou que, pelo menos por ora, ainda não está definido se Marinho irá despachar no Planalto. "Não vamos criar o 23º ministério, não pretendemos criar ministério. Mas, havendo possibilidade, ele sabe que mora no meu coração", disse. "Acabando a reforma da Previdência e, havendo possibilidade, nós vamos dar o posto de destaque que ele merece", completou.

Em nota distribuída à imprensa, o governo disse que a edição da nova medida provisória teve como "objetivo principal dar cumprimento a alguns acordos específicos que ocorreram na tramitação da MP 870", como a vinculação do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Economia. A MP foi editada logo depois da sanção da chamada MP dos Ministérios, que foi convertida em lei ontem por Bolsonaro, com alguns vetos. Dentre eles, pontos relacionados ao Coaf e a registro sindical. Esses vetos, no entanto, não terão efeito prático. A nova MP confirma que o Coaf ficará mesmo na estrutura do Ministério da Economia, como querem os parlamentares, assim como o registro sindical, que volta a ser uma área de competência da Economia.

Além de recompor trechos vetados, a MP desta quarta-feira faz, nas palavras do Planalto, "algumas readequações administrativas", em especial nos órgãos da Presidência da República, como é o caso da reformulação na articulação política. O novo texto transfere a Secretaria do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) para a estrutura da Casa Civil. Antes, o PPI estava na Secretaria de Governo. Além disso, a MP remaneja a Subchefia para Assuntos Jurídicos e a Imprensa Nacional para a Secretaria-Geral da Presidência. Os dois departamentos pertenciam à Casa Civil.

Com as mudanças, diz o Planalto, a "Casa Civil coordenará e acompanhará as atividades dos ministérios e a formulação de projetos e políticas públicas", a "Secretaria de Governo passará a concentrar a articulação política do governo" e a "Secretaria-Geral estará focada na boa condução da Administração Pública, assegurando a legalidade e constitucionalidade dos atos presidenciais, bem como participando do diálogo a respeito da modernização do Estado".

Ao mencionar na semana passada, de forma elogiosa, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, afirmando que ele "tem feito política", o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não jogou palavras ao vento. Integrante de um governo que se mantém avesso à articulação com o Congresso, o sisudo ex-juiz da Lava Jato que mandou prender nomes de peso da política nacional não poupa esforços para aprovar o seu pacote anticrime e manter a estrutura de "superministério" da sua pasta.

Em menos de cinco meses de governo, ele já se reuniu com 106 parlamentares, segundo levantamento do jornal O Estado de São Paulo com base apenas em sua agenda oficial. O ministro teve encontros com mais de um sexto do Congresso e rivaliza no governo com o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, responsável pela articulação política do Palácio do Planalto. Onyx, deputado federal licenciado, esteve com 125 deputados e senadores.

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Moro mostra empenho em deixar uma marca na sua passagem pelo Executivo. O ministro já colecionou constrangimentos e derrotas no governo - a última delas no dia 9 deste mês, quando a comissão especial que analisa a medida provisória da reforma administrativa decidiu devolver o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Economia. Ter o comando do órgão tinha sido um dos pedidos de Moro ao presidente Jair Bolsonaro antes de assumir a pasta.

Após o revés, Moro intensificou ainda mais os encontros com parlamentares, que já haviam marcado presença de forma massiva no seu gabinete em abril, com média de mais de uma audiência por dia. Nesses quatro meses e meio de governo, o ministro reservou mais espaço em sua agenda para reuniões com integrantes da chamada "bancada da bala", como é conhecida a Frente Parlamentar da Segurança Pública. Foram 44 encontros com deputados ligados à frente, que tem algumas reivindicações abarcadas no pacote anticrime. O presidente do grupo, deputado Capitão Augusto (PR-SP), foi quem mais visitou o gabinete de Moro no período: quatro vezes, empatado com o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP).

"(O pacote) É uma bandeira dos parlamentares, não tem nada a ver com o governo. Então, esse problema de articulação que hoje existe do Executivo com o Legislativo não vai afetar a votação do pacote porque ele é uma bandeira nossa", disse Capitão Augusto, que renunciou à vice-liderança do governo em abril com críticas à relação entre o Planalto e o Congresso.

Entre parte dos parlamentares, no entanto, persiste a resistência à figura de Moro. Deputados mais experientes costumam dizer que o ministro da Justiça ainda não abandonou o estilo de juiz, que o faz querer impor ao Parlamento, sem muita paciência para o processo de tramitação, suas ideias para o combate à criminalidade.

"Moro deveria ter tido um diálogo anterior com vários setores da sociedade, inclusive dentro do próprio Ministério da Justiça, antes de formular esta proposta. Agora fica recebendo parlamentares", afirmou o deputado Rui Falcão (PT-SP).

"O governo utiliza ele como instrumento de propaganda. O governo não fez um gesto, não moveu uma palha para manter o Coaf no Ministério da Justiça", disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que se encontrou com o ministro uma vez e conversou sobre o pacote anticrime e a permanência do Coaf na pasta. "O governo está perdendo apoio popular e ele está indo junto. Se ele ainda quer salvar a biografia, acho que deveria cair fora do governo", declarou.

No início da semana passada, Moro foi obrigado a negar uma declaração do presidente e disse que não assumiu compromisso com Bolsonaro para ser indicado futuramente a uma cadeira no Supremo Tribunal Federal - a primeira vaga será aberta em novembro de 2020. O presidente recuou da declaração dias depois e negou que a ida do ex-juiz para o governo foi fechada com essa condição.

Uma condição, porém, admitida em público por Moro para encarar o trabalho é a recusa a se tornar um "advogado" do governo. O ministro costuma dar essa resposta quando questionado sobre as investigações que envolvem o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, e Fabrício Queiroz, ex-assessor do parlamentar na época em que ele ocupava cargo de deputado estadual no Rio de Janeiro.

Além dos parlamentares, Moro já se reuniu até o momento com oito governadores - é nos Estados que a maioria das políticas de segurança pública é adotada. Mas o ministro mantém o foco de atuação no seu pacote anticrime no Congresso.

Para analista, articulação de Moro é ‘natural’

Para a cientista política Lara Mesquita, da FGV, a articulação do ministro é natural, já que ele optou por fazer parte do mundo da política. "Como o ministro tem uma agenda que depende do apoio legislativo, ele está fazendo o que me parece razoável, que é conversar com parlamentares e apresentar as propostas que tem."

Antes de intensificar as reuniões políticas em sua agenda oficial, Moro foi alvo de Maia, que o chamou de "funcionário do Bolsonaro" e desqualificou o projeto anticrime ("copia e cola" do ex-ministro da Justiça e ministro do Supremo Alexandre de Moraes). O ministro havia cobrado mais celeridade à tramitação do pacote, o que irritou o presidente da Câmara.

Dois meses depois, Maia avalia "que a política tem de olhar o ministro Moro, hoje, de outra forma". "A gente está reclamando muito que o governo não faz política, e esse ministro, por mais que alguns tenham restrição ou não a ele, ele fez política, tem feito política."

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou em nota que as audiências são solicitadas pelos deputados e senadores para tratar de pautas como a "segurança pública em suas bases, investimentos, apoio para projetos de autoria dos parlamentares, contribuições para melhorias legislativas (o que inclui o pacote anticrime) e ações do ministério". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ter pedido o afastamento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, à presidente Dilma Rousseff. Em entrevista a Mário Kertész, da Rádio Metrópole, de Salvador, Lula disse que tal movimento seria "desleal". Ele também disse que não indicou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles para o cargo.

"Eu não seria desleal com a Dilma, não seria desleal com o Levy e não seria desleal com o Meirelles. Eu não sou o presidente e não tenho o direito de indicar ninguém. Eu tenho o direito de torcer para que a presidenta Dilma escolha as pessoas mais corretas", disse, na entrevista realizada na manhã desta sexta-feira (23).

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Lula afirmou que, quando Levy foi indicado para o ministério, ele argumentou que era a "melhor notícia" que Dilma havia dado desde a vitória da reeleição. "Foi o primeiro momento que a imprensa falou com carinho de uma indicação da Dilma", destacou. "E ele (Levy) tem a responsabilidade de fazer o ajuste, agora ele também não tem o controle do Congresso Nacional", ponderou.

"Se a Dilma quiser ficar com Levy, ela fica; se quiser tirar, ela tira. Eu vou continuar apoiando, torcendo para o governo dar certo. Porque, se o governo não der certo, quem perde não é a Dilma, quem perde sou eu, é você, é o povo brasileiro", completou o ex-presidente.LL

O ex-ministro da Fazenda e ex-governador do Ceará Ciro Gomes, criticou no sábado (17) em Fortaleza, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por sugerir a demissão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

"Não posso concordar é com o jeito que o Lula está fazendo as coisas. Hoje ele é uma figura perniciosa ao Brasil. Ninguém pode sugerir demissão de ministro a presidente da República pelos jornais. Isso avacalha a autoridade da Dilma, que já é quase nenhuma", disse Ciro ao jornal O Estado de S. Paulo após a Convenção do PDT cearense - partido ao qual se filiou recentemente.

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Segundo, ele, "boa parte da destruição da autoridade da presidente parte dessa tutoria pública descabida do Lula". Para o ex-ministro, "Lula tem que voltar para uma posição de recato".

Ciro, contudo, fez críticas à condução da atual política econômica. "A economia brasileira está basicamente administrada no rumo estratégico errado", afirmou. "Simplesmente, o povo inteiro está perdendo para a inflação", disse.

A assessoria do Ministério da Fazenda informou nesta sexta-feira (16) que não há uma carta de demissão do ministro Joaquim Levy. Há rumores de que o ministro tenha redigido uma carta de demissão. Hoje, o ministro cancelou sua ida à São Paulo e está, nesta tarde, reunido com a presidente Dilma Rousseff e a Junta Orçamentária (Casa Civil e Planejamento).

Em jantar com a presidente Dilma Rousseff na noite de quinta-feira (15), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a dizer que Levy, tem "prazo de validade". No encontro com Dilma, ele pediu mudanças na política econômica para sair da crise e defendeu o afrouxamento do ajuste fiscal.

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Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do ex-presidente. O Diretório Nacional do PT vai se reunir no próximo dia 29, em Brasília, e cobrará, mais uma vez, a substituição do ministro da Fazenda, além de um "novo eixo" para a política econômica, com crescimento e distribuição de renda.

No mercado financeiro, os investidores reagiram negativamente hoje às notícias de que Levy poderia ser demitido. Ainda mais porque não se sabe quem poderia substituí-lo e, pior, se a atual política de ajuste fiscal continuaria. O dólar à vista negociado no balcão subiu 1,05%, aos R$ 3,8400, interrompendo uma série de duas sessões de perdas, influenciado também pelo exterior. Na semana, houve alta acumulada de +2,64%.

Em jantar com a presidente Dilma Rousseff na noite dessa quinta-feira (15) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mudanças na política econômica para sair da crise, defendeu o afrouxamento do ajuste fiscal e voltou a dizer que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem "prazo de validade".

Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do ex-presidente. O Diretório Nacional do PT vai se reunir no próximo dia 29, em Brasília, e cobrará, mais uma vez, a substituição do ministro da Fazenda, além de um "novo eixo" para a política econômica, com crescimento e distribuição de renda.

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Na avaliação Lula, não adianta o PT brigar para derrubar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se o governo não arrumar sua base parlamentar de apoio no Congresso e promover mudanças na economia.

Nos últimos dias, o Palácio do Planalto e Lula promoveram negociações de bastidores para tentar salvar o mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Em troca, queriam que o presidente da Câmara barrasse a abertura do processo de impeachment contra Dilma. Diante do agravamento das denúncias que pesam sobre Cunha, porém, a situação do deputado está sendo considerada "insustentável" pelo Planalto e por petistas.

Na noite de quinta-feira, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar Cunha, suspeito de desviar recursos da Petrobras para contas secretas mantidas por ele e seus familiares na Suíça.

As articulações para livrar Cunha da cassação abriram uma guerra entre as correntes do PT e, após o vazamento da notícia, o Instituto Lula divulgou nota para desmentir que o ex-presidente tenha feito articulações para proteger o deputado no Conselho de Ética.

Pesou para a revolta de grupos do PT, ainda, o fato de Cunha ter sugerido a emissários de Dilma a demissão de Cardozo. Em público, o presidente da Câmara nega essa exigência. Lula e integrantes da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, também avaliam que Cardozo não controla a Polícia Federal e deveria deixar o cargo. Para eles, a Operação Lava Jato não pode se transformar na agenda do País.

Cardozo disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Cunha "deve ter as suas razões" quando pede a saída dele da pasta. "Muitas pessoas têm ficado desgostosas com a minha postura de garantir a autonomia das investigações da Polícia Federal e de só atuar em caso de evidências de abusos e ilegalidades", afirmou Cardozo. "Se é verdade que o presidente da Câmara quer a minha saída, deve ter as suas razões. Cabe a ele explicitá-las", afirmou.

Além do assessor especial da Presidência, Giles Azevedo, que já vem atuando informalmente como articulador político do governo, o Palácio do Planalto escalou o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, para assumir as negociações com o Congresso Nacional e atender as demandas dos parlamentares. Os dois nomes do PT vão dividir a função enquanto o peemedebista Eliseu Padilha estiver no exterior com o vice-presidente Michel Temer, e até a presidente Dilma Rousseff anunciar a reforma administrativa na próxima semana. A ideia, no entanto, é que a articulação política receba ajuda também de outros ministros do governo. Mas o modelo de como será a articulação política não está ainda fechado pela presidente Dilma.

Em reunião com líderes do governo na Câmara, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, anunciou que as negociações em torno do pacote de medidas do governo para cobrir o rombo do Orçamento poderiam ser tratados com os dois interlocutores, neste período que Eliseu Padilha, que estava à frente da articulação e já anunciou sua saída, está viajando. Da mesma forma, os dois estão autorizados a receber as demandas dos parlamentares.

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"Neste período que o Padilha está viajando, todas as demandas de vocês (parlamentares) devem ser encaminhadas ao Berzoini, que já ajudou bastante e até já foi da SRI, e ao Giles, que também está trabalhando nisso", disse Mercadante aos deputados, ao final da reunião desta terça-feira, 15, no Planalto.

"Todas as demandas que vocês tiverem neste período encaminhem ao Berzoini e ao Giles, que os dois vão se dedicar, em tempo integral, a esta tarefa", afirmou Mercadante aos deputados, depois de lembrar que Padilha já havia dito que ia sair da articulação e que iria fazer esta transição.

A necessidade de designar Berzoini e Giles para atender a todas as demandas dos deputados, justificou Mercadante a eles, é que "este período (de envio das medidas ao Congresso) é, para nós, fundamental". Na conversa, Mercadante fez questão de ressaltar ainda que não há uma definição sobre qual será o desenho da articulação política depois da reforma administrativa, que será anunciada pela presidente, na semana que vem.

No primeiro mandato da presidente Dilma, Berzoini já ocupou o cargo de articulador político do governo, conduzindo a Secretaria de Relações Institucionais. Com a reforma política e a necessidade de enxugar ministérios, a SRI poderá deixar de existir. Uma das possibilidades que está sendo estudada é que as funções de articulação política passassem a ser exercidas pela Secretaria Geral da Presidência, que hoje é comandada por Miguel Rossetto. Mas esta nova secretaria geral não ficaria com Rossetto. A presidente Dilma não pensa em passar a articulação política para a Casa Civil. Vários nomes são cotados para este novo modelo de articulação. Um deles é o de Aldo Rebelo, que hoje está no Ministério da Ciência e Tecnologia.

O vice-presidente da República Michel Temer é um dos homens públicos mais experientes da política brasileira. Aos 74 anos, exerceu por seis mandatos consecutivos o cargo de deputado federal, tendo sido por três ocasiões presidente da Câmara dos Deputados. No ano de 2009 foi considerado pelo DIAP o melhor parlamentar do Congresso Nacional.

Hoje o vice-presidente é considerado um dos homens mais importantes do país. Não só pelo cargo que ocupa como também pela sua característica conciliadora e por nunca ter se envolvido em nenhum escândalo de corrupção. A qualquer momento Temer pode ser alçado ao posto de presidente da República, sobretudo se prosperar o impeachment de Dilma Rousseff.

Está evidente que a presidente Dilma Rousseff perdeu as condições políticas para continuar no cargo e liderar o país para a saída desta crise política e econômica que o Brasil se envolveu. Também é inaceitável que no bojo de uma crise econômica seja cogitada a realização de novas eleições, haja vista que o custo de um novo pleito seria astronômico. Além do mais, o clima de acirramento no país depois da disputa de 2014 não é propício para uma nova eleição.

Um governo Michel Temer seria completamente legítimo porque fora eleito pelo povo brasileiro e poderia fazer um ministério de notáveis, entregando as pastas a pessoas que tivessem know-how pra isso, dos mais variados partidos, realizando assim um governo de união a favor do Brasil. Essa saída é a mais plausível e menos tortuosa para o nosso país. Qualquer outra poderá gerar traumas e seqüelas difíceis de serem superados.

Homenagens - A semana será repleta de homenagens ao ex-governador Eduardo Campos. Hoje no Arcádia terá o lançamento de um livro com seus discursos. Se estivesse vivo Eduardo completaria hoje 50 anos de idade. À noite terá uma missa em São Lourenço da Mata também em sua homenagem.

Aécio Neves - O senador Aécio Neves estará hoje em Pernambuco para homenagear Eduardo Campos. Nas eleições passadas eles fizeram um pacto de não-agressão visando derrotar a presidente Dilma Rousseff num eventual segundo turno. Além disso, Aécio foi responsável pelo apoio do PSDB ao governador Paulo Câmara.

Rodrigo Novaes - Na próxima quarta-feira a partir das 9 horas, a Comissão de Saúde da Alepe estará discutindo a proibição de alguns agrotóxicos em Pernambuco, em especial o Glifosato. Especialistas afirmam que existem centenas de casos de câncer em agriculturores por conta da utilização do produto, bem como de algumas pessoas que chegaram a falecer por inalarem o produto. A audiência foi solicitada pelo deputado Rodrigo Novaes (PSD).

Encontro - O vice-presidente Michel Temer teria convidado o deputado Jarbas Vasconcelos para uma conversa sobre os rumos da política nacional. Na semana passada surgiu a informação de que Jarbas estava bem cotado para assumir a presidência da Câmara caso Eduardo Cunha seja destituído do cargo.

RÁPIDAS

Redução - Ganha força no Palácio do Planalto a redução do número de ministérios, mas em vez de cortar pela metade, seriam reduzidos dos atuais 38 ministros para 31. Portanto, apenas sete pastas perderiam o status de ministério, sendo incorporadas a outros que já existem.

Eduardo da Fonte - Após ser alvejado pela Operação Lava-Jato e ter o nome do seu pai envolvido na Operação Zelotes, o deputado Eduardo da Fonte perdeu parte significativa do prestígio político que possuía em Brasília. Ele, inclusive, deu uma sumida estratégica do cenário local e nacional.

Inocente quer saber - Augusto Coutinho apoiará Jarbas Vasconcelos para prefeito a fim de herdar o seu mandato em Brasília?

Após reconhecer que o cenário atual é grave e receber críticas da base governista pela declaração, o vice-presidente da República, Michel Temer, negou que esteja deixando a articulação política do governo, função que assumiu há alguns meses.

“São infundados os boatos de que deixei a articulação política. Continuo”, confirmou. “Tenho responsabilidades com meu país e com a presidente Dilma", escreveu ele, no Twitter.

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Na quarta-feira (5), Temer passou o dia numa série de reuniões para tratar da pauta de votações no Congresso Nacional, a fim de derrubar a chamada pauta bomba, com propostas que podem provocar efeitos nas contas públicas. Ao final, entre outras coisas, ele disse: “Não vamos ignorar que a situação é razoavelmente grave, não tenho dúvidas de que é grave porque há uma crise política se ensaiando, uma crise econômica que está precisando ser ajustada mas, para tanto, é preciso contar com o Congresso Nacional, com os vários setores da nacionalidade brasileira", em claro apelo aos parlamentares.

Para os governistas, o reconhecimento da crise por parte de Temer contradisse as falas da própria presidente Dilma Rousseff, que ameniza a crise e tem insistido em dizer que o Brasil passa por um “período de transição, em que o país voltará a crescer”. Esse impasse fez surgir, inclusive, boatos de que o ex-presidente Lula voltaria ao governo como articulador político, também na tentativa de frear a queda na popularidade do governo e aproximar os partidos aliados. Há quem diga que ele poderia ir para a Casa Civil ou para os ministérios das Relações Exteriores ou Defesa, mas o governo nega qualquer reforma ministerial no momento.

Nessa quinta (6), o vice-presidente amenizou o discurso, mas voltou a pressionar o Congresso. "A crise econômica muitas vezes ocorre e é logo superada. Uma eventual crise política, no Congresso, é imediatamente superada ou será superada ao longo do tempo", frisou. "Nós vamos continuar dialogando", disse, afirmando que o alerta feito no dia anterior era indispensável.

 

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, disse nesta quinta-feira (2) que o presidente da República em exercício, Michel Temer, desempenha um "papel fundamental na governabilidade". O comentário foi feito depois de o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), defender a saída do peemedebista da articulação política do governo.

"O Michel entrou para tentar melhorar essa articulação política e está claramente sendo sabotado por parte do PT. Eu acho que, a continuar desse jeito, o Michel deveria deixar a articulação política", disse Cunha.

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Em um discurso de pacificação, Edinho disse a jornalistas que, numa democracia, "temos de respeitar as opiniões". "O presidente da Câmara tem o direito de se posicionar, de ter as suas opiniões, todos que acompanham o dia a dia do governo sabem que o governo da presidente Dilma valoriza o vice-presidente Michel Temer. O vice-presidente Michel Temer tem papel fundamental na governabilidade", comentou o ministro.

Desde o agravamento do "caos político", Temer passou a acumular as funções da Vice-Presidência com as da Secretaria de Relações Institucionais (SRI). No mês passado, os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Defesa, Jaques Wagner, sugeriram a escalação de um titular exclusivamente para a SRI, o que provocou desconforto entre peemedebistas, que viram no gesto um esvaziamento das funções de Temer.

O ministro da Secom e Temer se reuniram nesta quinta-feira no anexo I do Palácio do Planalto, onde funciona o gabinete da Vice-Presidência. Segundo um auxiliar, Edinho tratou com Temer sobre a liberação de campanhas da Secretaria.

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