Tópicos | Beirute

O Líbano convive com uma enorme quantidade de refugiados. As explosões da semana passada terão um impacto forte sobre eles, explica a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Líbano, Rona al-Halabi.

Como está a situação dos refugiados que vivem no Líbano?

##RECOMENDA##

O Líbano acolhe a maior proporção de refugiados por número de habitantes e eles vivem em condições terríveis. As explosões afetaram todos que vivem aqui, especialmente porque o país enfrenta uma crise econômica e a luta para combater o coronavírus. A destruição do porto pode ter um impacto devastador na população refugiada por causa da capacidade de importar itens de primeira necessidade, como comida. Terá também um impacto grande na distribuição de ajuda humanitária, incluindo nosso trabalho aqui e na Síria.

Como estão as pessoas que chegam até vocês?

Cerca de 250 mil pessoas perderam tudo e estão sem onde morar. As casas agora são abrigos e, com a economia prejudicada, as famílias terão dificuldade para reconstruir seus lares e alimentar seus parentes. Nossa equipe realizou algumas viagens por Beirute para encontrar esses deslocados e entender suas necessidades.

Como foi o trabalho do CICV?

Logo após as explosões, entramos em contato com os hospitais e centros de atendimento para fornecer materiais. Levamos suprimentos médicos, cadeiras de rodas e muletas a 12 hospitais em Beirute e nos arredores. Alguns pacientes foram levados para o Hospital Rafic Hariri, do qual somos parceiros desde 2016 e atende pessoas mais vulneráveis.

Onde a senhora estava no momento da explosão?

Eu estava dirigindo, a caminho de casa. Havia passado pelo local das explosões 15 minutos antes, mas graças a Deus nem eu e nem minha família ficamos feridos. Mas o país ficou em chamas.

Qual é a maior dificuldade neste momento?

Ver as famílias que não sabem o que ocorreu com os parentes desaparecidos. Infelizmente, há centenas de pessoas desaparecidas. Socorristas trabalham dia e noite, incluindo integrantes da Cruz Vermelha do Líbano, com o apoio do CICV. Mas, infelizmente, conforme o tempo vai passando, as chances de encontrar sobreviventes diminuem bastante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Não quero morrer no Líbano. Eles não vão mandar meu cadáver para minha família, vão nos jogar no mar." Hana, uma mulher bengali, de 30 anos, começou a chorar enquanto falava, explicando o que sentiu quando Beirute explodiu, no dia 4 de agosto, levando pelos ares metade da cidade, matando 150 pessoas e deixando 300 mil desabrigados - ela, inclusive.

Mãe de dois filhos, Hana deixou sua terra natal para fugir da pobreza. "Não fiz faculdade e não encontrava trabalho. Achava que aqui no Líbano conseguiria ganhar algum dinheiro para alimentar meus filhos, minha família." Ela veio para o Líbano com um contrato para fazer faxina em casas, mas sofreu com um sistema que a privava dos direitos mínimos, disse ela.

##RECOMENDA##

Sua história é a mesma de milhares de pessoas que vivem no país. O Líbano tem aproximadamente 6,8 milhões de habitantes e quase 1,6 milhão de refugiados.

O país tem a maior população de refugiados per capita do mundo, segundo a ONU: um em cada seis habitantes. No total, o país abriga mais de 925 mil registrados, a maior parte (98%) chegou da Síria.

Vem sendo assim por anos. Os refugiados marcaram o país. A primeira onda em 1915, com a imigração armênia, fugindo do genocídio Otomano. À partir dos anos 1940 e 1950 os refugiados palestinos tomaram conta do país e seu acolhimento teve papel na guerra civil libanesa, entre 1975 e 1990.

Os refugiados no Líbano não têm status legal, o que significa que um quarto da população do país vive com acesso limitado a emprego remunerado, moradia, educação e saúde. Os refugiados precisam de uma autorização para trabalhar legalmente. Os que não a obtém costuma arranjar subempregos.

"Para onde vou agora, o que vou fazer? Até quando ainda vou dormir ao relento com meu filho?", pergunta Hana, relembrando seus primeiros pensamentos ao ouvir o estrondo da explosão. Ela agora vive com a família na escada do prédio onde era sua casa, esperando ajuda local e internacional para continuar viva.

"Estamos dormindo do lado de fora porque a construção pode desabar." Ela também disse que está recebendo água e comida dos voluntários que ajudam em Gemmayze e Mar Mikhael, as áreas mais afetadas pela explosão.

"Quem destruiu minha terra?", questiona o filho de Hana de 2 anos a todo momento. "Se você perguntar a ele qual é a sua terra, ele vai dizer que é o Líbano. Não sabe nada sobre Bangladesh, nasceu e foi criado nas ruas que agora estão em ruínas", explicou Hana.

Ela e sua família viviam com as mesmas dificuldades fundamentais que todos os libaneses sofrem, como cortes no abastecimento de água e de eletricidade, crise econômica e questões de segurança. Sete meses atrás, o contratante de Hana parou de pagar em dólares americanos, por causa da crise econômica pela qual o Líbano está passando.

Desde o fim do ano passado, ó país vinha passando por problemas: havia limitações para sacar dinheiro nos bancos e escassez de dólares. Em poucos meses, a libra libanesa perdeu 85% de seu valor. O Líbano importa cerca de 80% do que consome - e as importações são cotadas em dólar. Toda vez que há uma desvalorização da libra libanesa, os preços da comida sobem quase automaticamente.

Caminhando pelas ruas da cidade em ruínas, é possível se sentir dentro de um romance trágico. De um segundo para o próximo, os cidadãos de Beirute se viram juntando o que restava de suas memórias e pertences e atrás de parentes mortos.

Aluuel Biyar, do Sudão do Sul, por acaso estava no centro da explosão. Ela e sua família vieram para o Líbano em busca de refúgio, depois que a guerra civil do Sudão do Sul começou em 2013. Aluuel e a família estavam visitando amigos em Ashrafieh, uma área próxima à explosão.

"Não acredito que estou viva", foram as poucas palavras que Aluuel proferiu antes de cair no choro. "Eu estava sentada no sofá quando ouvimos a primeira explosão. Naquele momento, pensamos que era só um terremoto. Levei meu filho ao banheiro e ouvi a segunda explosão. Quando fugi do lugar onde estava, vi todos os cacos de vidro no sofá, a janela caída. Eu ainda estaria sentada lá se não fosse pelo meu filho".

Aluuel, que fugiu de seu país por causa da guerra, se viu em outro lugar sem segurança, bem ali onde esperava que sua nova cidade pudesse ser um pouco mais tranquila. "Não consigo descrever a sensação quando veio a explosão. Sinto que queria voltar para o Sudão do Sul, porque era mais seguro. Lá você sabe que as pessoas estão lutando com armas de fogo e evita sair de casa. O que aconteceu aqui é que a explosão atingiu todas as casas. Ninguém estava seguro!".

A história que levou à trágica explosão no porto de Beirute na terça-feira começou há mais de 6 anos, a 1.300 quilômetros da capital libanesa. O navio Rhosus, de bandeira moldava, deixou o porto de Batumi, na Geórgia, com 2.750 toneladas de nitrato de amônio a bordo. Nunca chegou a seu destino, Moçambique, onde a carga deveria ser vendida a uma fábrica de explosivos para uso civil.

A carga ficou estocada de maneira inapropriada em um armazém portuário. Inúmeras autoridades tentaram alertar para o risco. Reportagens da rede de TV Al-Jazira mostraram que autoridades portuárias escreveram ao menos seis cartas alertando sobre o perigo desde 2014.

No dia 4, o telhado do armazém pegou fogo e houve uma grande explosão, seguida por uma série de explosões menores que, segundo algumas testemunhas, soaram como fogos de artifício. Trinta segundos depois, houve uma explosão colossal, que soltou uma nuvem em forma de cogumelo para o ar.

Essa onda pôs no chão os edifícios próximos ao porto e provocou danos imensuráveis em grande parte do resto da capital, que abriga 2 milhões de pessoas.

Quando Aluuel voltou para casa, em Sin El Fil, ela descobriu que a explosão atingira a área com tanta força quanto à casa de sua amiga. Os vidros estavam estilhaçados, as portas, quebradas e os móveis, cobertos de cacos e sujeira. Ela ajudou a amiga a se mudar para sua casa e juntas limparam e consertaram tanto quanto puderam.

(TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Papa Francisco enviou 250 mil euros para ajudar a Igreja no Líbano, atingida pela explosão no porto da capital, na terça-feira, informa o Vatican News, site de notícias do Vaticano. A ajuda foi enviada pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral através da Nunciatura Apostólica, em Beirute.

De acordo com a publicação, o dinheiro será usado para auxiliar as pessoas afetadas pelo desastre, que deixou várias mortes e milhares de feridos e desalojados, destruindo ao mesmo tempo edifícios, igrejas, mosteiros, instalações civis e de saúde.

##RECOMENDA##

"Diante das necessidades urgentes, uma imediata resposta de socorro foi dada pelas estruturas católicas, através de centros de acolhimento para pessoas deslocadas, junto com a ação da Cáritas Líbano, Cáritas Internationalis e várias Cáritas irmãs", afirma.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou, neste domingo (9), o envio de uma ajuda humanitária e técnica ao Líbano para auxiliar no combate às consequências da explosão na região portuária de Beirute, que matou mais de 100 pessoas e espalhou destruição por quilômetros. Em conferência com outros chefes de Estado, Bolsonaro disse que convidou o ex-presidente Michel Temer para chefiar a missão brasileira ao país árabe. Temer é filho de libaneses.

"Neste momento difícil, o Brasil não foge à sua responsabilidade", afirmou Bolsonaro durante a teleconferência, organizada pelo presidente da França, Emmanuel Macron. O presidente brasileiro voltou a manifestar condolências às famílias das vítimas e disse que uma união internacional é necessária para enfrentar as consequências da explosão.

##RECOMENDA##

O Brasil anunciou na reunião o envio de medicamentos e insumos básicos médicos em um avião da Força Aérea Brasileira. Pelo mar, o País prometeu destinar quatro mil toneladas de arroz para atenuar os efeitos da perda de cereais. Bolsonaro também afirmou que negocia com o governo libanês o envio de uma equipe técnica para colaborar na perícia que investiga a explosão.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, participa na manhã deste domingo (10) de videoconferência internacional com líderes globais de apoio a Beirute. O encontro virtual estava previsto para iniciar às 9 horas, conforme informou ele em post no seu perfil no Twitter.

"Às 09hs videoconferência internacional de Apoio Beirute e ao povo Libanês", informou o presidente, em seu perfil.

##RECOMENDA##

Bolsonaro mencionou ainda outros participantes da videoconferência. Dentre eles, estão o presidente do Líbano, Michel Aoun, o presidente da França, Emmanuel Mácron, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Além disso, também está prevista a participação de representante da Organização das Nações Unidas (ONU) e ainda do Egito, Catar e Jordânia.

A videoconferência de apoio a Beirute é co-organizada pela ONU e pela França. O objetivo é obter doações para ajudar o Líbano, cuja capital foi devastada por uma explosão na última terça-feira, dia 04.

Milhares de libaneses se preparam, neste sábado (8), para uma grande manifestação contra a classe política que eles culpam pelas terríveis explosões que devastaram parte de Beirute, matando mais de 150 pessoas, enquanto cerca de sessenta ainda estão desaparecidas.

Dois dias após a visita histórica do presidente francês Emmanuel Macron, a atividade diplomática se intensifica em Beirute para organizar o apoio internacional ao país, na véspera de uma conferência de doadores.

Pelo quarto dia consecutivo, Beirute acordou ao som de vidro quebrado recolhido nas ruas pelos moradores e um exército de voluntários, equipados com vassouras e mobilizados desde o amanhecer.

O incidente de terça-feira no porto, cujas circunstâncias ainda não estão claras, teria sido causado por um incêndio que afetou um enorme depósito de nitrato de amônio, um produto químico perigoso.

As imagens do momento da catástrofe mostram uma deflagração que muitos compararam às bombas atômicas sobre o Japão em 1945, enquanto as equipes de resgate comparavam as cenas de destruição às resultantes de um terremoto.

O desastre deixou pelo menos 154 mortos, mais de 5.000 feridos, incluindo 120 em estado crítico, de acordo com o ministério da Saúde libanês, além de quase 300.000 desabrigados.

Mais de 60 pessoas continuam desaparecidas, enquanto a esperança de encontrar sobreviventes diminui.

- Dia do Julgamento -

Ainda em estado de choque após as explosões de violência sem paralelo na história do país, muitos libaneses exigem prestação de contas de uma classe política que denunciam como negligente e corrupta.

Na Praça dos Mártires, epicentro da contestação popular desde outubro passado e onde está programado um protesto na parte da tarde, sob o lema "Dia do Julgamento", os ativistas já ergueram uma forca.

"Depois de três dias limpando os escombros e curando nossas feridas, é hora de deixar nossa raiva esvair e puni-los por matar pessoas", declarou Farès al-Hablabi, de 28 anos.

"Devemos nos levantar contra todo o sistema (...) a mudança deve ser compatível com a escala do desastre", acrescentou este militante que saiu às ruas no momento da eclosão do levante popular em 17 de outubro de 2019.

Se o movimento perdeu força nos últimos meses, especialmente devido à pandemia de coronavírus - que continua se agravando no Líbano - a tragédia pode reanimá-lo.

"Não temos mais nada a perder. Todos devem ir para as ruas", disse Hayat Nazer, uma militante por trás de muitas iniciativas de solidariedade.

O presidente Michel Aoun, cada vez mais criticado, deixou claro na sexta-feira que se opõe a uma investigação internacional, dizendo que as explosões poderiam ter sido causadas por negligência ou por um míssil.

Cerca de vinte funcionários do porto e da alfândega foram presos, segundo fontes judiciais e de segurança.

- Assistência imediata -

Dois dias após a visita de Macron, que criticou severamente a classe política, uma videoconferência de doadores em apoio ao Líbano acontecerá no domingo, co-organizada pela ONU e pela França, segundo informou a presidência francesa à AFP.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que participará. "Todo mundo quer ajudar!", tuitou.

O Líbano atravessa uma severa crise econômica, depois de não pagar sua dívida, e seus líderes não conseguiram chegar a um acordo sobre um resgate econômico com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, é esperado neste sábado em Beirute, para mostrar a "solidariedade" dos europeus. A UE já liberou 33 milhões de euros.

O chefe da Liga Árabe, Ahmad Aboul Gheit, junto com o vice-presidente turco, Fuat Oktay, e o ministro das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, também visitarão Beirute para assegurar seu apoio.

Sem demora, vários países despacharam equipamentos médicos e sanitários, bem como hospitais de campanha.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está preocupada com a saturação dos hospitais, já em situação complicada pela pandemia de coronavírus, escassez crônica de medicamentos e de equipamentos médicos.

Enquanto as autoridades estrangeiras se sucedem e a ajuda internacional chega, os governantes do Líbano tentam claramente tirar vantagem da situação, segundo o analista Nasser Yassin, do Instituto Issam Fares.

"O temor é que as autoridades aproveitem este desastre e a atenção árabe e internacional para se manter na superfície", disse.

Neste contexto, o líder do partido Kataeb, Samy Gemayel, anunciou neste sábado sua renúncia junto com outros dois deputados do histórico partido cristão após o desastre no porto, dizendo que havia chegado a hora de construir um "novo Líbano".

Sua renúncia acontece após uma decisão semelhante por dois outros parlamentares nesta semana.

O trigo está espalhado pelo chão, misturado às cinzas, escombros e cimento. A explosão do porto de Beirute afetou os maiores silos de armazenamento de cereais do Líbano, provocando o pânico entre a população pelo medo de escassez de pão.

A destruição do porto da capital libanesa limitou ainda mais o acesso à comida em um país que importa 85% de seus alimentos, como o trigo necessário para a produção de pão, um alimento imprescindível na dieta libanesa e que atualmente é vendido com preço subsidiado de 2.000 libras libanesas (1,20 euro) o pacote de 900 gramas.

"Quando vimos os silos, entramos em pânico", admite Ghasan Bu Habib, presidente da rede de padarias Wooden Bakery.

Quase 15.000 toneladas de trigo, milho e cevada armazenadas em silos antiquados, de mais de 50 anos, foram destruídos na gigantesca explosão, assim como uma fábrica de farinha que ficava ao lado.

Os libaneses temem que a destruição dos silos, com capacidade para armazenar 120.000 toneladas, acentue a escassez de trigo no Líbano, que já era grave pela profunda crise econômica no país.

As importações foram reduzidas nos últimos meses pela falta de liquidez e as restrições bancárias.

As atividades nos contêineres de cereais já havia diminuído 45% no primeiro semestre de 2020 na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Blominvest Bank, enquanto os preços aumentaram de maneira expressiva devido à desvalorização da libra libanesa.

"Já tínhamos dificuldades com a pouca farinha e trigo disponíveis", reconhece Ghasan Bu Habib. "As fábricas de farinha não tinham o trigo ou combustível necessários para funcionar", explica o presidente da Wooden Bakery: as 50 unidades da rede recebiam apenas dois terços da farinha necessária por dia.

Após a explosão, o medo tomou conta dos habitantes de Beirute e centenas de pessoas correram para uma padaria no bairro comercial de Hamra, onde compraram cinco pães ao invés de apenas um pelo temor de uma eventual escassez, afirma Haidar Mussaui, funcionário do estabelecimento.

"O pão é a única coisa que pode saciar os pobres, já que não podemos sentar para comer um bife com faca e garfo", lamenta.

Os gerentes da padaria tentaram acalmar os libaneses assegurando uma reserva de trigo suficiente para um mês e que novas importações devem chegar esta semana aos portos de de Trípoli (norte) e Saida (sul), menores que o de Beirute.

"Nada é comparável ao porto de Beirute, onde cargas de cereais desembarcavam as 24 horas do dia", recorda Musa Khury, empresário agrícola que administrou um armazém de cereais em Beirute entre 2014 e 2017.

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) também afirmou que teme "a curto prazo um problema de abastecimento de farinha".

"Já enfrentamos a Covid-19 e a crise econômica, agora esta catástrofe", lamenta Suha Zeaiter, diretora executiva do banco de alimentos libanês que organiza programas de distribuição de alimentos para as famílias pobres.

Diante da espera angustiante de parentes, as equipes de resgate procuravam, nesta sexta-feira (7), sobreviventes entre os escombros do porto de Beirute, depois que vários diretores do terminal foram detidos após as explosões que deixaram mais de 150 mortos.

A tragédia provocou a revolta da população do Líbano, que em outubro de 2019 iniciou um grande movimento de protesto contra a classe política.

A indignação é cada vez maior com um governo que não consegue justificar a presença de nitrato de amônio, um químico altamente inflamável, no porto sem medidas de prevenção, como admitiu o próprio primeiro-ministro.

Perto da área das explosões, ao lado dos silos gigantes de cereais destruídos, socorristas franceses, italianos, alemães e de outras nacionalidades coordenam os esforços.

"Espero que me digam que tiraram você com vida dos escombros, habibi (meu amor)", escreveu no Twitter Emilie Hasrouty, irmã de um funcionário do porto de 39 anos, desaparecido nos silos.

Na manhã desta sexta-feira, quatro corpos foram recuperados pelos socorristas no porto, praticamente destruído pelas explosões de terça-feira, que deixaram mais de 5.000 feridos e centenas de milhares de desabrigados nos bairros próximos, o que intensifica a raiva da população contra os políticos, acusados de incompetência e corrupção.

A ajuda internacional começou a chegar a Beirute, visitada na quinta-feira pelo presidente francês Emmanuel Macron, que pediu uma investigação internacional sobre a explosão provocada, segundo as autoridades, por um incêndio em um depósito que armazenava 2.700 toneladas de nitrato de amônio há seis anos.

Macron se reuniu com as autoridades libanesas e políticos, incluindo membros do Hezbollah, e representantes da sociedade civil. Ele pediu uma mudança profunda no país e anunciou uma conferência de ajuda de doadores para arrecadar recursos para o Líbano, que enfrenta uma grave crise econômica.

A videoconferência acontecerá no domingo, anunciou a Comissão Europeia, ao confirmar sua participação. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, visitará o Líbano no sábado.

As agências da ONU fizeram um apelo urgente à solidariedade internacional e já liberaram nove milhões de dólares de fundos humanitários da organização.

- "Tudo foi pulverizado" -

Ao contrário de um terremoto, na catástrofe do porto, "o epicentro está a poucos metros de nós, enquanto em um terremoto fica a centenas de metros de profundidade", declarou à AFP o coronel Vincent Tissier, que dirige uma equipe de 55 membros da segurança civil francesa.

"As coisas tendem a cair em camadas por andares. Aqui, tudo foi pulverizado".

Os socorristas russos, que se movimentam com dificuldades, procuram sobreviventes enquanto máquinas retiram contêineres destruídos.

As equipes da defesa civil libanesa observam com ansiedade um cão que deu a volta em uma cratera provocada pela queda de um guindaste. Uma calma angustiante reina no porto, quebrada apenas pelo som das máquinas que retiram os escombros, grandes montes de ferros retorcidos.

- Hospital de campanha russo -

Em uma capital com cenário apocalíptico - as autoridades não anunciaram nenhum dispositivo para ajudar os cidadãos -, centenas de libaneses estão mobilizados em uma enorme onda de solidariedade, para prosseguir com as operações de retirada dos escombros ou ajudar os desabrigados.

Vários países enviaram material médico e hospitais de campanha. A União Europeia liberou 33 milhões de euros em caráter de emergência e o exército dos Estados Unidos enviou três carregamentos com água, alimentos e medicamentos.

Irã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita também prometeram ajuda. Na grande cidade esportiva de Beirute, a Rússia instalou um hospital de campanha, que já começou a receber pacientes - os hospitais da capital estão em colapso.

- 16 funcionários detidos -

Na quinta-feira à noite, as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo no centro da cidade para dispersar dezenas de manifestantes revoltados com a incompetência e a corrupção das autoridades.

Nas redes sociais, um protesto contra o governo foi convocado para sábado com o lema "Enforquem eles".

As autoridades libanesas afirmam que o depósito explodiu após um incêndio. As autoridades do porto, os serviços de Alfândega e parte das forças de segurança sabiam da presença de produtos químicos perigosos armazenados, mas trocam acusações sobre a responsabilidade.

Além do nitrato de amônio, o procurador militar citou a presença de "materiais altamente inflamáveis de combustão lenta".

Dezesseis funcionários do porto e da autoridade portuária foram detidos no âmbito da investigação.

Mesmo não mantendo relações diplomáticas com o Líbano, Israel entrou para a lista de nações que ofereceram ajuda ao país do Oriente Médio. A medida aconteceu após as explosões na capital libanesa, Beirute, em uma zona portuária da região, na última terça-feira (04).

Reuven Rivlin, presidente de Israel, usou sua rede social para declarar seu apoio ao Líbano e também lamentou o ocorrido: “Compartilhamos a dor do povo libanês e, sinceramente, oferecemos nossa ajuda neste momento difícil", escreveu Rivlin.

##RECOMENDA##

De acordo com as últimas informações divulgadas pela Cruz Vermelha do Líbano, a explosão em Beirute deixou mais de 100 pessoas mortas, 4 mil feridos e 100 desaparecidos, além de causar uma superlotação dos hospitais da capital libanesa.

Agora, Israel faz parte da longa lista de países que se dispuseram a ajudar o Líbano — que além de enfrentar grandes danos por conta da explosão, também passa por uma crise econômica.

O chefe-maior corporativo do Exército Italiano, Roberto Caldarulo, se disse "sortudo" ao ter sobrevivido às explosões na área portuária de Beirute, no Líbano, ocorridas na última terça-feira (4).

"Lembro de um estrondo fortíssimo, indescritível. Os fatos ocorriam sucessivamente e muito rapidamente. Logo após a explosão, houve um momento de perplexidade e fizemos um controle entre nós para ver se alguém estava pior que os outros e nos acalmamos. Eu nem percebi que tinha me cortado. Tinha um pouco de sangue nas mãos, mas nada muito grande. Não foi uma boa experiência, mas nós fomos sortudos. Infelizmente, outras pessoas não foram", disse o líder dos militares italianos no país.

##RECOMENDA##

Assim como ocorre com outras nações, os italianos fazem parte da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), que ajuda no processo de pacificação do país desde os anos 2000. Conforme dados do governo, apenas dois militares italianos - um deles, Caldarulo - ficaram feridos sem gravidade.

"Os socorros foram quase imediatos mesmo que as estradas não estivessem muito praticáveis. A coisa bonita foi ver a coluna do contingente italiano da Unifil vindo nos buscar. Foi belíssimo. Uma viagem um pouco longa, chegamos na base já ao amanhecer", disse ainda.

Caldarulo ainda ressaltou que os militares estavam tendo "um dia normal" no âmbito das atividades da Unidade Conjunta de Operações Multimodais (JMUT, na sigla em inglês). Eles atuam na entrada e saída de equipamentos e transportes para locais de operações da Unifil e estavam em um "dia de máxima serenidade".

Até o momento, o governo do Líbano confirma quase 140 mortos e mais de cinco mil feridos nas explosões que atingiram o porto da capital libanesa. Ainda há cerca de 300 mil desabrigados e os danos financeiros estão estimados em US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15,8 bilhões). 

Da Ansa

O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou nesta quinta-feira (6) que deseja "organizar a ajuda internacional" para o Líbano, para onde viajou dois dias após as devastadoras explosões no porto de Beirute que deixaram pelo menos 137 mortos e destruíram muitos bairros da capital.

"Ajudaremos a organizar nos próximos dias apoio adicional no nível francês, no nível europeu", afirmou Macron.

"Quero organizar a cooperação europeia e, mais amplamente, a cooperação internacional", acrescentou o presidente, que foi recebido no aeroporto internacional de Beirute pelo presidente libanês Michel Aoun.

A França já enviou equipes de resgate, pessoal de primeiros socorros e medicamentos para a capital libanesa.

Macron, que se reunirá com os líderes libaneses em sua visita de um dia, pediu que eles implementassem imediatamente as reformas exigidas pela comunidade internacional.

O Líbano, afetado por uma grave crise política e econômica, "continuará afundando" se não houver reformas, alertou o presidente francês.

"A prioridade hoje é a ajuda, apoio incondicional à população. Mas há reformas indispensáveis em certos setores que a França exige há meses, anos", acrescentou o chefe de Estado francês.

Macron indicou que deseja "um diálogo sincero" com as autoridades libanesas "porque, além da explosão, sabemos que a crise aqui é grave e implica uma responsabilidade histórica dos dirigentes".

As explosões ocorridas na terça-feira, segundo as autoridades, por 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenadas em um depósito, devastaram quase completamente o porto de Beirute, causando danos significativos na capital.

Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas, mas um coronel francês da Defesa Civil, envolvido nas buscas no porto de Beirute, disse nesta quinta-feira que havia "esperança de encontrar pessoas vivas".

A indignação dos libaneses é cada vez maior, já que o carregamento de nitrato de amônio, uma substância altamente inflamável, está no porto há seis anos "sem medidas de precaução", segundo admitiu o primeiro-ministro libanês.

Uma mulher arriscou a própria vida para proteger uma criança da explosão que ocorreu no porto de Beirute, no Líbano, e deixou centenas de mortos nessa terça-feira (4). Ela seria a babá da garotinha e passava aspirador de pó na casa quando percebeu o tremor.

Imagens da câmera de monitoramento mostram que a menina brincava próximo à janela, enquanto a mulher limpava a residência com o equipamento. No momento da explosão, as janelas parecem explodir e ela corre para pegar a criança no colo. Com a garota a salvo em seus braços, ela foge às pressas para outro cômodo. 

##RECOMENDA##

Confira

[@#video#@]

LeiaJá também

--> Vídeo: noiva fazia ensaio quando explosão atingiu Beirute

--> Vídeo: repórter é arremessada por explosão em Beirute

Ao ver feridos ensanguentados caídos nas ruas e enchendo os hospitais de Beirute, o cirurgião Antoine Qurban, machucado na cabeça, teve a impressão de reviver as cenas apocalípticas de seus anos no Afeganistão.

O sexagenário tomava café com um amigo nesta terça-feira (4), quando foi lançado a 20 metros de distância pela onda expansiva das explosões que destruíram o porto de Beirute e arredores. Ao receberem mais de 100 mortos e 4 mil feridos, os hospitais da cidade ficaram rapidamente saturados.

Com a cabeça sangrando, Qurban buscou atendimento em vários locais, até que um desconhecido o transportou de moto até o hospital Geitawi, onde cenas "apocalípticas" o aguardavam. "Vi feridos ensanguentados na beira de estradas e caídos no chão no pátio do hospital. Um médico suturou minha ferida quando eu estava sentado na rua, e depois de horas de espera", contou.

"Lembrei do que me acostumei a ver anos atrás, durante minhas missões humanitárias no Afeganistão", descreveu o médico. Na manhã de hoje, quando ele realizou exames no Hôtel-Dieu de Beirute, presenciou uma situação caótica. Nos corredores, viam-se mães preocupadas com crianças feridas. Aparentando estar perdido, um idoso procurava a mulher, que havia sido transferida para outro centro médico.

Os celulares não param de tocar. A cada conversa, vozes anônimas em meio à multidão repetem a mesma história. "Sobreviveu por milagre", diz uma mulher. Angustiado com as chamadas incessantes, um ferido passa o telefone para a irmã: "Não consigo falar."

- Anunciar as mortes -

Apenas o Hôtel-Dieu recebeu durante a noite 300 feridos e 13 mortos, segundo seu diretor médico, George Dabar. "Durante a guerra civil, fazia minha residência aqui. Nunca vi cenas como a de ontem", contou à AFP o médico, instalado em frente ao seu computador. "É difícil dizer a um pai que tenta salvar a filha que ela já morreu."

Para os hospitais libaneses, já afetados pela crise econômica e a pandemia do novo coronavírus, o drama de ontem representa uma catástrofe. Em outros dois centros médicos, cinco enfermeiras morreram enquanto trabalhavam, com a queda do teto e o impacto de estilhaços.

"As equipes médicas estão esgotadas com tudo o que acontece no país e o coronavírus. Mas frente à crise de ontem, a solidariedade é excepcional", assinalou Dabar.

- 'Hospital ferido' -

Localizado próximo ao porto, o Hospital das irmãs do Rosário está fora de serviço, após ser devastado pelas explosões, assim como o hospital Saint-George, onde a noite foi infernal. O prédio, de vários andares, é apenas uma estrutura de cimento vazia, com tetos destruídos, que deixam à mostra a fiação elétrica.

Por todo lado, há vidros quebrados e escombros. As portas dos elevadores estão retorcidas. Quatro enfermeiras morreram no local. Até o amanhecer, funcionários trabalharam para transferir os pacientes, entre eles 20 com Covid-19. Hoje, os últimos instrumentos e equipamentos médicos eram removidos dos escombros.

"Não há nada mais difícil do que esvaziar um hospital cheio de pacientes quando, ao mesmo tempo, chegam feridos", disse à AFP o diretor Eid Azar. "Somos um hospital ferido."

Enfermeiras descreveram sua noite terrível, durante a qual o jardim e o pátio se tornaram um hospital de campanha para receber pacientes perdidos, obrigados a abandonar os leitos que ocupavam. Porque os elevadores não funcionavam, eles foram obrigados a descer vários andares de escada. "Temos que suturar os ferimentos dos pacientes e atendê-los com a lanterna dos nossos celulares", contou a enfermeira Lara Daher.

A embaixadora do Líbano na Jordânia, Tracy Chamoun, anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (6), após a explosão que devastou Beirute esta semana, em protesto contra a "negligência" das autoridades do país, e pediu uma mudança de liderança.

É o segundo pedido de demissão no alto escalão libanês desde a dupla explosão de terça-feira (4), que causou quase 150 mortes e mais de 5 mil feridos, além de destruir bairros inteiros da capital.

O parlamentar Marwan Hamadeh renunciou na quarta-feira após o desastre, causado pela explosão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenado sem medidas de segurança no porto de Beirute.

Em um comunicado transmitido na televisão libanesa independente MTV, a embaixadora disse que não pode mais tolerar a incompetência do governo.

"Anuncio minha renúncia como embaixadora ... em protesto contra a negligência, o roubo e as mentiras do Estado", declarou Chamoun, nomeada para o cargo em 2017 com o apoio do presidente libanês Michel Aoun.

Um movimento de protesto lançado em outubro do ano passado exige reformas amplas e uma mudança de governantes, há muito acusados de incompetência e corrupção. O pequeno país mediterrâneo também mergulhou na pior crise econômica desde a guerra de 1975 a 1990, reforçando o ressentimento das pessoas contra o governo.

Enfurecidos, os libaneses consideram a explosão um novo símbolo trágico da incompetência de seus líderes. Muitos se perguntam como um carregamento enorme e altamente explosivo de nitrato de amônio pode ser armazenado na capital sem medidas de segurança por anos.

O presidente francês Emmanuel Macron, que visitou Beirute na quinta-feira, pediu uma investigação internacional, como muitos já exigiram no Líbano.

Pouco antes do anúncio da renúncia de Chamoun, um promotor libanês disse que havia detido 16 pessoas que trabalhavam no porto, incluindo antigos e atuais responsáveis pela autoridade portuária e aduaneira, funcionários de manutenção e seus chefes de equipe.

O Ministério das Relações Exteriores confirmou nesta quarta-feira, 5, que a Embaixada do Brasil em Beirute foi duramente atingida pelo impacto das duas explosões na terça-feira, 4, na região portuária, mesmo estando a representação localizada no centro da capital. Uma brasileira, a mulher de um adido de Defesa da embaixada, segundo o ministério, sofreu ferimentos, foi internada, mas passa bem.

Na terça-feira, duas explosões na região portuária de Beirute deixaram ao menos 100 mortos, milhares de feridos e um clima de consternação no Líbano, que já há meses passa por uma crise econômica sem precedentes em sua história recente. As autoridades do país disseram que um curto-circuito causou incêndio e explosão em um depósito de fogos e em outro onde estavam 2,7 mil toneladas de nitrato de amônia. Testemunhas no Chipre relataram ter sentido o impacto das explosões.

##RECOMENDA##

Segundo o governo brasileiro, o impacto não causou danos estruturais ao prédio da representação, apesar da destruição. "De modo geral, as salas voltadas para o local da explosão foram mais afetadas, com janelas estilhaçadas, desabamento do forro do teto, mobília e computadores seriamente danificados. Por outro lado, salas e escritórios voltados para a cidade foram poupados. Os sistemas de comunicações, incluindo internet, eletricidade e água, funcionam normalmente. Garagem e veículos oficiais não foram afetados", esclareceu o Itamaraty ao Estadão.

A nota de esclarecimento do ministério explica que o Centro Cultural, localizado no Bairro de Achrafieh, próximo do porto, teve fachada, portas e janelas seriamente afetadas. Já o setor consular, situado em bairro mais distante, não sofreu danos substantivos.

A maioria dos membros do corpo diplomático, bem como da audiência, reside no Bairro de Achrafieh e arredores, seriamente afetados, em razão da proximidade com o porto, como explica o ministério. "Há relatos de janelas, mobília e paredes gravemente danificados."

Segundo o governo, vivem no Líbano cerca de 20 mil brasileiros, principalmente na região conhecida como Vale do Bekka. A equipe de trabalho da embaixada é formada por 53 pessoas, entre diplomatas, funcionários locais e militares. Na força especial da Marinha, que opera na missão da ONU no Líbano, a Unifil, servem aproximadamente 200 militares brasileiros.

Na terça-feira, a Marinha do Brasil esclareceu que todos os militares brasileiros da missão estavam bem. "A Fragata Independência encontra-se operando no mar, normalmente. O navio estava distante do local onde ocorreu a explosão", esclareceu a Marinha.

Jandira Feghali usou as redes sociais para falar sobre a explosão causada em um armazém, em Beirute, no Líbano. Nesta quarta-feira (5), a deputada federal (PCdoB-RJ) lamentou o ocorrido na capital libanesa, dizendo que ficou em choque com as imagens do acidente.

"Meu pai era libanês, veio para o Brasil com 18 anos... minha mãe também era filha de libanês. Minha tia foi uma artista super conhecida no país, faleceu recentemente. Tenho família no Líbano e vi a tragédia de Beirute, ontem, horrorizada. Pelos relatos da comunidade libanesa ficamos todos estarrecidos. O Consulado do Líbano no Brasil tem informado e mantido a rede da comunidade mais unida neste momento, inclusive tenho postado aqui para vocês", escreveu a parlamentar.

##RECOMENDA##

E completou: "Não tem muito tempo que estive por lá, visitando e conhecendo mais gente da família Feghali, andando por aquelas ruas, visitando pontos históricos e admirando a força daquele povo que também corre no meu sangue. Desejo muita força e presto minha integral solidariedade às famílias dos mortos e feridos na explosão".

Além de Jandira, o senador pernambucano Humberto Costa também repercutiu o assunto. "Temos 12 milhões de libaneses no Brasil, quase 3 vezes mais do que no próprio Líbano. Nosso país também sentiu essa explosão", escreveu o político. O presidente Jair Bolsonaro foi até a sua conta do Twitter para falar da tragédia em solo libanês.

Bolsonaro declarou: "Profundamente triste com as cenas da explosão em Beirute. O Brasil abriga a maior comunidade de libaneses do mundo e, deste modo, sentimos essa tragédia como se fosse em nosso território. Manifesto minha solidariedade às famílias das vítimas fatais e aos feridos". Até o momento, foram registrados em Beirute cerca de 100 mortos e pouco mais de 4 mil feridos.

[@#video#@]

Uma pequena parte das explosões que aconteceram na área portuária de Beirute, capital do Líbano, foi filmada enquanto uma noiva realizava o ensaio fotográfico para o seu casamento nesta terça-feira (4). 

No vídeo, é possível ver a normalidade que pairava pelo local segundos antes da catástrofe e como tudo ficou depois que as explosões aconteceram. Vidros das janelas explodiram, portas e plantações foram arrancadas devido a magnitude do incidente.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Segundo a cruz vermelha, mais de 100 mortos e quatro mil feridos foram registrados até a madrugada desta quarta-feira (5). A mídia do país cita que ao menos 100 pessoas continuam desaparecidas.

Os hospitais da capital já estão atuando no limite da capacidade devido aos casos de coronavírus, que já vinham sendo registrados, e agora com as vítimas da catástrofe. 

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (5), que o Brasil "está solidário" ao Líbano após as explosões que deixaram pelo menos 78 mortos e quase 4 mil feridos na capital do país. Segundo Bolsonaro, o governo brasileiro deve fazer "algo de concreto para atender, em parte, aquelas dezenas de milhares de pessoas que estão em situação bastante complicada". Em evento no Ministério de Minas e Energia (MME), o presidente contou que conversou pela manhã com o embaixador do Líbano no Brasil, Joseph Sayah.

"O Brasil vai fazer mais do que um gesto, algo de concreto, para atender, em parte, aquelas dezenas de milhares de pessoas que estão em uma situação bastante complicada, porque além de feridas, muitas residências foram atingidas. O Brasil está solidário. Em nome, obviamente, do governo brasileiro, manifestamos esse sentimento ao povo libanês e estaremos presentes na ajuda àquele povo que tem alguns milhões de seus dentro do nosso país", disse Bolsonaro.

##RECOMENDA##

De acordo com o presidente, desde esta terça (4), os representantes do Ministério da Defesa e de Relações Exteriores estão em contato com autoridades libanesas. Bolsonaro lembrou que o Brasil tem em torno de cinco milhões de libaneses. "Agora de manhã, por intermédio do presidente do Senado, Davi, liguei para o embaixador do Líbano no Brasil", afirmou.

Na saída do evento, Bolsonaro citou que um avião KC-390 pode ser colocado à disposição dos libaneses. O presidente também falou que o governo brasileiro teve informações de que não há nenhum brasileiro com ferimentos graves após o episódio.

Além das vítimas e dos danos estruturais em residências e prédios, as explosões ocorridas na área portuária em Beirute, no Líbano, nesta terça-feira (4) podem causar uma outra crise grave no país: a falta de alimentos.

O alerta foi feito pela Agência das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) nesta quarta-feira (5) porque diversos silos foram destruídos com o incidente de ontem e se teme que "em curto prazo, haverá um problema no abastecimento de farinha para o Líbano".

##RECOMENDA##

"Tememos que uma grande quantidade das reservas do grão no porto foram atingidas ou destruídas com a explosão. Os estoques foram gravemente danificados e tememos que, no curto prazo, teremos um problema com a disponibilidade da farinha", disse o responsável por Emergências da FAO, Dominique Burgeon, em entrevista à agência francesa AFP.

Um outro dano grave será o aumento dos preços dos produtos, que já estavam muito elevados antes da explosão por conta da séria crise econômica no país. Segundo dados do Programa Mundial de Alimentos da ONU, a inflação dos itens alimentares foi de 109% entre os meses de setembro de 2019 e maio de 2020.

Já a fundadora da ONG Food Blessed, Maya Terro, lembrou que o Líbano importa 80% de toda a sua alimentação e a principal porta de entrada desses produtos é, justamente, o porto de Beirute.

Uma informação dada pela empresa de importação e exportação Mena Commodities, e que foi repercutida pela mídia local, dá conta que os silos que estavam no porto continham cerca de 85% do estoque de cereais de todo o país.

O ministro da Economia e Comércio do Líbano, Raoul Nehme, destacou que todos os grãos que não foram destruídos também serão inutilizados e descartados porque estão "contaminados" pelo nitrato de amônio - que é apontado com a principal causa das explosões. No entanto, Nehme garantiu que as reservas nacionais de alimentos ainda são capazes de abastecer o população.

Porém, a ONG Save the Children alertou que, mesmo antes da tragédia, quase um milhão de pessoas na área metropolitana de Beirute dizia não poder comprar com regularidade produtos de primeira necessidade - incluindo comida - por conta das graves dificuldades econômicas da profunda recessão e por causa do lockdown imposto pela pandemia do novo coronavírus.

Ainda conforme a entidade, entre essas pessoas, estão também 500 mil crianças. "Começaremos a ver crianças morrendo de fome antes do fim do ano", alertou o vice-diretor da Save The Children no Líbano, Jad Sakr.

Da Ansa

As explosões na área portuária de Beirute deixaram "mais de 100 mortos e quatro mil feridos", informou a Cruz Vermelha do Líbano em um comunicado oficial na madrugada desta quarta-feira (5).

"As nossas equipes continuam empenhadas na operação de busca e salvamento nas zonas próximas", diz ainda a nota sem precisar a quantidade de desaparecidos. No entanto, a mídia do país cita que são ao menos 100 pessoas que não entraram em contato com os familiares e amigos desde o incidente ocorrido nesta terça-feira (04).

##RECOMENDA##

Os hospitais da capital, que estavam lotados por conta dos pacientes que contraíram o novo coronavírus (Sars-CoV-2), estão além do limite da capacidade, com relatos de inúmeros feridos sendo atendidos nas áreas externas dos centros hospitalares.

Além das perdas humanas, o governador de Beirute, Marwan Abboud, informou que mais de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas após as explosões por conta de danos que tornaram suas residências inabitáveis em cerca de metade da capital libanesa.

Abboud estimou ainda um prejuízo econômico de, no mínimo, US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15,8 bilhões), o que deve afetar ainda mais não são a cidade, mas o país inteiro que atravessa uma gravíssima crise econômica.

A situação é tão grave que o ministro da Saúde, Hamad Hasan, fez um apelo para quem tiver condições deixar Beirute já que, além dos danos materiais, há o risco das substâncias químicas que ainda estão no ar serem perigosas para a saúde a longo prazo.

Até o momento, o que se sabe sobre o incidente, é que ele ocorreu em um galpão que armazenava há seis anos cerca de 2.750 toneladas de nitrato de amônia, que haviam sido apreendidos em uma operação e não foram devidamente isolados. No entanto, nenhuma hipótese está sendo descartada - desde acidente até um atentado terrorista. As investigações estão em andamento.

Conforme dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), as explosões foram tão intensas que foram equivalentes a um terremoto de 3,3 graus de magnitude.

- Ajuda: Desde esta terça-feira, inúmeros governos e organizações internacionais se colocaram à disposição para ajudar o governo libanês tanto nas investigações como financeiramente para a reconstrução.

"A União Europeia está pronta para fornecer assistência e apoio. Sejam fortes", escreveu no Twitter o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel. Também o alto representante europeu para a Política Externa, Josep Borrell, exprimiu "plena solidariedade e apoio total às famílias das vítimas, ao povo e às autoridades libanesas".

Na noite desta terça, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também afirmou que seu governo irá ajudar o Líbano neste momento. Durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, o republicano disse que "as explosões são muito semelhantes a um terrível atentado". No entanto, Trump não deu detalhes do que o faz crer que tenha sido um ataque.

Também a chanceler alemã, Angela Merkel, ofereceu ao Líbano "todo o seu apoio". "Os nossos pensamentos são por aqueles que perderem seus companheiros. Aos feridos, desejamos rápida recuperação", disse o porta-voz do governo, Ulrike Demmer, em nome de Merkel.

A Turquia informou que está pronta a enviar ao Líbano "qualquer ajuda que esteja apta a fornecer" depois das trágicas explosões.

"Todas as nossas agências governamentais estão prontas para intervir", destacou ainda a presidência turca.

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, publicou uma mensagem oficial dizendo ter visto "com profunda tristeza a notícia das explosões". "Desejo as mais sinceras condolências. Nessa dolorosa circunstância, nos volvemos com afeto ao amigo povo libanês. O nosso pensamento estão com as numerosas vítimas da tragédia e às suas famílias", escreveu o mandatário.

O papa Francisco também fez uma oração especial pelas vítimas durante as orações desta quarta-feira no Vaticano. "Rezemos pelas vítimas e por seus familiares e rezemos pelo Líbano para que com o compromisso de todos os seus componentes sociais , políticos e religiosos possam enfrentar esse momento tão trágico e doloroso", disse o líder católico.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, usou o Twitter para lamentar a tragédia. "Profundamente triste com as cenas da explosão em Beirute. O Brasil abriga a maior comunidade de libaneses do mundo e, deste modo, sentimos essa tragédia como se fosse em nosso território. Manifesto minha solidariedade às famílias das vítimas fatais e aos feridos", escreveu.

Da Ansa

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando