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Uma bomba americana de 100 quilos da Segunda Guerra Mundial foi desativada na madrugada deste sábado (15), após sua descoberta no centro de Berlim, perto da icônica praça Alexanderplatz, informou a polícia.

"O detonador foi destruído com sucesso. Estamos retirando aos poucos os bloqueios. Em breve, vocês poderão retornar a suas casas", indicou a polícia em um tuíte.

Após a evacuação de 3.000 pessoas da área na sexta-feira, a polícia disse que encontrou alguns problemas técnicos para desarmar a bomba, mas que foram resolvidos rapidamente.

Um perímetro de segurança de 300 metros havia sido estabelecido.

Descoberta perto de um imponente centro comercial, a bomba teria sido largada por um bombardeiro americano, e seu detonador permaneceu intacto.

O tráfego de várias linhas de trens na zona foi suspenso para a operação.

A Alemanha tem grande experiência neste tipo de evento, uma vez que a descoberta de bombas da Segunda Guerra Mundial é relativamente frequente. As bombas lançadas pelos Aliados e que não explodiram ainda provoca grandes operações.

A maior evacuação do tipo desde 1945 foi em setembro de 2017, em Frankfurt, onde foi encontrada uma enorme bomba britânica com uma carga explosiva de 1,4 tonelada. Cerca de 65.000 habitantes tiveram que deixar suas casas.

Na maioria das vezes, as bombas podem ser desativadas. Em casos raros, uma explosão "controlada" se faz necessária.

Berlim sofreu durante a guerra pesadas campanhas de bombardeios, em particular na primavera de 1945, com um terço das casas da cidade destruídas e dezenas de milhares de mortes.

Milhares de bombas não detonadas já foram descobertas e cerca de 3.000 outras permanecem no subsolo de Berlim, segundo especialistas.

Em abril de 2018, as forças de segurança de Berlim desativaram uma bomba britânica de 500 kg. Cerca de 10.000 pessoas foram evacuadas.

O secretário americano de Estado, Mike Pompeo, viajou nessa quinta-feira (30) à Alemanha para compensar uma visita que cancelou de última hora no início do mês.

Berlim, um aliado de Washington que mantém difíceis relações com o presidente Donald Trump, será a primeira escala de Pompeo de uma viagem por quatro países: Alemanha, Suíça, Holanda e Grã-Bretanha.

Nesta sexta-feira, Pompeo deve se reunir em Berlim com o ministro das Relações Exteriores, Heiko Maas, e com a chanceler Angela Merkel, após cancelar abruptamente uma visita à Alemanha em 7 de maio.

"Estamos muito contentes de poder encontrar um momento, ainda em maio, que funcione tanto para o lado americano como para o alemão", disse um funcionário americano que pediu para não ser identificado.

O funcionário avaliou que é "um ano muito importante" diante do 70º aniversário de fundação da República Federal da Alemanha e da ponte aérea de Berlim.

Como outros aliados europeus de Washington, a Alemanha se mostra cética sobre o duro enfoque dos Estados Unidos em relação ao Irã e defende o acordo de 2015 sobre o programa nuclear de Teerã, do qual Trump se retirou.

Após semanas de uma escalada de tensões, Trump se distanciou de seus assessores ao dizer que quer dialogar com o Irã.

Pompeo declarou que os Estados Unidos têm canais para se comunicar com o Irã, mas não revelou detalhes.

A Suíça, segunda etapa da atual viagem, administra os interesses americanos no Irã diante da ausência de relações diplomáticas entre Teerã e Washington.

Berlim celebra neste domingo (12) o 70º aniversário do fim do bloqueio da cidade pela União Soviética, um importante episódio da Guerra Fria, com o seu herói da época, um dos primeiros pilotos que abasteceram a população do oeste da cidade com doces e provisões.

"Os heróis da ponte aérea de Berlim não eram as pessoas que traziam comida, mas as pessoas em solo, que se defendiam", conta Gail Halvorsen, de 98 anos.

Cinquenta mil pessoas são esperadas para assistir as comemorações no antigo aeroporto de Tempelhof, agora transformado em parque urbano, palco de uma operação aérea sem precedentes de 15 meses efetuada pelos Aliados.

Filmes serão exibidos, incluindo gravações originais da época, em telões e haverá shows, como da United States Air Forces in Europe Band e da cantora Susan Wheeler Martosko.

Mas, sem dúvida, a estrela deste dia será a ex-piloto da força área americana Gail Halvorsen, apelidado de "Tio que bate asas" ou "chocolate voador" pela população local.

Entre junho de 1948 e setembro de 1949, ele participou da famosa "Operação Víveres", a ponte aérea de Berlim.

Milhares de aeronaves, principalmente britânicas e americanas, atenderam às necessidades dos mais de dois milhões de habitantes de Berlim Ocidental, submetidos ao bloqueio terrestre e marítimo soviético.

Com essa medida, a URSS pretendia assumir o controle dessa parte da cidade, administrada pelos aliados, e assim dominar toda a Alemanha Oriental.

Paraquedas com caramelos

Desde então, Halvorsen se tornou uma figura emblemática do imaginário de Berlim, já que foi um dos primeiros pilotos dos "Rosinenbomber", os bombardeiros de uvas passas.

Esse foi o apelido dado aos aviões militares dos aliados que lançavam doces para as crianças em pequenos paraquedas carregados com caramelos, uvas passas e chicletes.

Na época, Gail Halvorsen explicou a algumas crianças perto do aeroporto que iria inclinar as asas de seu avião quando sobrevoasse a cidade, e que assim elas saberiam que ele jogaria comida. Isso lhe valeu o apelido de "Tio que bate asas".

No final, ele fez escola. Os paraquedas, originalmente feitos com lenços ou mangas de camisa, foram aperfeiçoados e os lançamentos aumentaram graças ao entusiasmo midiático gerado pela operação nos Estados Unidos.

O ex-piloto americano de 98 anos, vestido com seu uniforme militar da época voltou no sábado a Tempelhof para uma primeira cerimônia em sua homenagem e visitou um campo de beisebol que leva seu nome, localizado no antigo aeroporto.

Ele cumprimentou os berlinenses da época. "Foram os pilares do confronto com a União Soviética", disse, acompanhado por suas filhas Denise Williams e Marilyn Sorensen.

"Melhor embaixador"

O veterano, que foi promovido a coronel e que na década de 1970 retornou a Berlim como comandante do aeroporto de Tempelhof, autografou fotos e distribuiu doces para as crianças.

"Peço aos jovens que mantenham a mente aberta para saber que alguns líderes conduzirão as pessoas livres na direção errada", alertou Halvorsen.

"A liberdade é importante e às vezes você tem que lutar por ela", acrescentou.

Ele continua sendo uma figura muito popular entre os berlinenses que viveram naquela época, como Mercedes Wild, de 78 anos, que tinha sete anos quando escreveu ao piloto para se queixar que ainda não tinha conseguido pegar nenhum paraquedas com doces.

Para sua surpresa, ela recebeu uma carta do aviador, acompanhada de chicletes e de um pirulito, no que foi o início de uma longa amizade entre as duas famílias.

"Ele se tornou uma figura paterna para mim [...] É o melhor embaixador que poderíamos ter para valorizar a amizade entre alemães e americanos", explicou.

No total, 277.000 voos contribuíram com cerca de dois milhões de toneladas de produtos básicos. Os pilotos teriam viajado 175 milhões de quilômetros e 78 pessoas perderam a vida. No final, o bloqueio foi levantado, sem condições.

O Parque Görlitzer é um ponto de encontro popular no sul de Berlim, onde crianças e cãezinhos costumam passear tranquilamente nas tardes de domingo. Mas, nos últimos anos, a área tem atraído cada vez mais traficantes. Como a polícia não consegue resolver o problema, o diretor do parque, Cengiz Demirci, tomou uma decisão radical: pintou o chão com uma linha rosa para determinar onde as drogas podem ser vendidas.

Demirci diz que as linhas servem para que os visitantes não se sintam intimidados pelos traficantes, que normalmente operam em gangues na entrada do parque. "A medida é puramente prática", disse o diretor esta semana a uma rádio local. "Não estamos legalizando a venda de drogas."

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No entanto, policiais e autoridades da Alemanha se irritaram com a decisão. Marlene Mortler, czar antidrogas da chanceler Angela Merkel, disse nesta quinta-feira, 9, que a linha rosa dá aos traficantes "uma licença para o crime". Andreas Geisel, que comanda a segurança de Berlim, garantiu que a cidade não adotará a ideia. "A polícia seguirá atuando contra o narcotráfico, inclusive no Parque Görlitzer."

O sindicato dos policiais (GdP) também reclamou. "Para limpar o parque das drogas e da criminalidade é preciso pressão permanente por parte da polícia, determinação da Justiça e apoio político", disse o porta-voz do GdP, Benjamin Jendro.

As últimas administrações de Berlim vêm reafirmando a mesma política de "tolerância zero" com o narcotráfico, especialmente no Parque Görlitzer. Mas os moradores até agora não viram resultado nenhum. E dificilmente verão. Segundo a imprensa local, até os traficantes reclamaram da linha rosa e disseram que não respeitarão a medida de jeito nenhum. (Com agências internacionais)

Participando de uma feira de turismo em Berlim, capital da Alemanha, o ministro do turismo da Malásia afirmou que não existem gays em seu país. Datuk Mohammaddin bin Ketapi deu essa afirmação após ter sido questionado se o país seria seguro para os turistas gays e judeus. "Eu acho que não temos algo assim no nosso país", respondeu o ministro da Malásia.

O país asiático pretende receber cerca de 30 milhões de visitantes neste ano, mas as autoridades, após a declaração de Datuk, estão receosos pela inviabilidade.

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De acordo com publicação do site Terra, a Malásia está enfrentando algumas críticas sobre suas atitudes em relação a certos grupos, que acusam o governo de ter políticas contra homossexuais e judeus. recomendações para que os LGBTs mantivessem suas identidades em segredo já foram dadas por ministros do país. Moahathir Mohamad, primeiro-ministro da Malásia, já afirmou que a homossexualidade é parte dos "valores ocidentais".

Relação homoafetiva

Em 2018, duas mulheres que admitiram terem mantido relações sexuais receberam seis golpes de chibata cada uma. A sentença foi proferida por um tribunal islâmico e a execução da punição desencadeou uma onda de críticas de organizações de direitos humanos, que denunciam uma deterioração da situação da comunidade LGBT na Malásia.

Exilado do Brasil após receber diversas ameaças de morte, o ex-deputado federal Jean Wyllys marcou presença na sessão de gala do filme “Marighella, o primeiro a ser dirigido por Wagner Moura, na última sexta (24), no Festival de Cinema de Berlim. Além de ter sido aclamado pelo público alemão, o ator recebeu um “selinho” de Wyllys.

Antes do cumprimento, a equipe do filme já havia homenageado a vereadora Marielle Franco, carregando réplicas das placas de uma rua batizada com seu nome e destruída em outubro do ano passado, por Rodrigo Amorim e Daniel Silveira, então candidatos a, respectivamente, deputado estadual e federal, ambos pelo Partido Social Liberal (PSL). O público acompanhou a entrada da equipe com gritos de “Marielle, presente”.

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A Berlinale revela neste sábado (16) o seu filme vencedor com duas produções favoritas: uma crônica chinesa sobre a antiga política de filho único e um drama israelense, que fala sobre um expatriado em Paris. Enquanto isso, o único filme ibero-americano, "Elisa y Marcela" (Espanha), não convenceu a crítica.

O júri liderado pela atriz francesa Juliette Binoche, e do qual também é membro o cineasta chileno Sebastián Lelio, escolherá qual longa-metragem levantará o Urso de Ouro, o primeiro grande prêmio do ano dos festivais europeus.

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Um filme ficou de fora da disputa alguns dias antes de sua estreia mundial, "One second", do consagrado cineasta chinês Zhang Yimou. A Berlinale informou que a retirada do filme, ambientado durante a Revolução Cultural - um período-chave para as autoridades chinesas - se deu por motivos "técnicos".

Enquanto isso, a também produção chinesa "So long, my son", de Wang Xiaoshuai, comoveu o público levando-o às lágrimas com um drama alegórico sobre duas famílias cujos destinos se cruzam durante 30 anos de mudanças radicais em seu país.

"A história pode ser lida como uma crítica mordaz à política de filho único no país, recentemente abandonada. Há também cenas poderosas que ilustram os efeitos dolorosos da mudança desenfreada ao capitalismo na década de 1980 e início de 1990", escreveu o South China Morning Post.

"Mas isso não distrai Wang de seu objetivo, que é mostrar como as pessoas comuns lidam com a dor e os dilemas morais".

- Sete diretoras na disputa -

"So long, my son" é favorito junto com "Synonyms", de Nadav Lapid. O filme, em grande parte autobiográfico e sexualmente explícito, conta a história de um israelense que se muda para Paris para escapar da situação política em seu país.

A crítica aplaudiu especialmente a atuação de seu protagonista, Tom Mercier, que estreou nesta produção e, segundo o Hollywood Reporter, lembra um "jovem Tom Hardy, incluindo a habilidade de atuar sem roupa".

Na disputa mais feminina das 69 edições da Berlinale, com filmes de sete mulheres cineastas, destacou: "Deus existe, o nome dela é Petrunya", da diretora da Macedônia do Norte Teona Strugar, muito aplaudida pelo público.

O filme é baseado na história real de uma mulher que se une a um ritual religioso reservado aos homens: uma imersão em um rio para retirar uma cruz de madeira.

Ao contrário, o filme "Elisa y Marcela", da espanhola Isabel Coixet, referência na Berlinale, onde a cineasta já foi nove vezes, decepcionou grande parte da crítica.

O filme em preto e branco, o primeiro produzido pela Netflix em competição na Berlinale, resgata o primeiro casamento homossexual na Espanha, ocorrido em 1901 entre duas professoras. "Esta história fascinante de um casal de lésbicas espanholas que enganou um padre para se casarem tem um tratamento chato e inadequado", criticou a Variety.

"Ao quere enviar uma mensagem" sobre os direitos dos homossexuais, "Coixet faz um filme privado de nuances emocionais que fizeram com que 'Brokeback Mountain' e 'Carol', para citar duas produções influentes sobre os homossexuais, fossem tão comoventes e que prendem", segundo o Hollywood Reporter.

- Chilena "Lemebel", premiada com Teddy Award -

A seção paralela Panorama também anunciará o prêmio que a cada ano o público entrega ao melhor filme e para o qual concorrem uma dezena de filmes latino-americanos, incluindo "Divino Amor", do brasileiro Gabriel Mascaro, e "Temblores", do guatemalteco Jayro Bustamante.

Na mesma seção, por sua vez, destaca-se "Lemebel", da chilena Joanna Reposi, premiada com o Teddy Award de melhor documentário sobre LGTBQ+, anunciado em paralelo à Berlinale.

Reposi, amiga pessoal do falecido artista chileno Pedro Lemebel, reconstituiu sua vida com base em arquivos, depoimentos e uma longa entrevista nos últimos anos de sua vida. Renomado escritor e artista plástico, Lemebel foi uma referência na luta pelos direitos dos homossexuais em seu país.

O Festival de Cinema de Berlim anuncia neste sábado (16) a produção vencedora do Urso de Ouro de sua 69ª edição. Veja a seguir a lista dos vencedores dos últimos 10 anos:

- 2009: "Fausta (A teta assustada)", de Claudia Llosa (Espanha/Peru)

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- 2010: "Bal", de Semih Kaplanoglu (Turquia/Alemanha)

- 2011: "A separação", de Asghar Farhadi (Irã)

- 2012: "César deve morrer", de Paolo e Vittorio Taviani (Itália)

- 2013: "Instinto materno", de Calin Peter Netzer (Romênia)

- 2014: "Carvão negro", de Diao Yinan (China)

- 2015: "Táxi Teerã", de Jafar Panahi (Irã)

- 2016: "Fogo no mar", de Gianfranco Rosi (Itália)

- 2017: "Corpo e alma", de Ildiko Enyedi (Hungria)

- 2018: "Não me toque", de Adina Pintilie (Romênia)

Embora o cinema conte mais e mais histórias de amor homossexual, alguns cineastas alertaram este ano, na Berlinale, que o que foi ganho nas telonas poderia se perder socialmente com a atual onda conservadora que invade o mundo.

A América Latina é um claro exemplo do crescimento significativo de filmes com essa temática. No festival de cinema de Berlim, há dois anos estreou "Uma Mulher Fantástica", do chileno Sebastián Lelio, a história de uma transexual que acabou recebendo o Oscar de melhor filme estrangeiro.

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Na última edição, o Paraguai fez história ao ser premiado por "As Herdeiras", sobre um casal de idosas lésbicas.

Neste ano, na seleção paralela Panorama, destacam-se três filmes nesta temática (de um total de 10 latino-americanos): o guatemalteco "Temblores", o brasileiro "Greta" e o documentário chileno "Lemebel".

Armando Praça, diretor de "Greta", filme sobre um homem gay mais velho, que trabalha em um hospital, interpretado por Marco Nanini, explicou à AFP que sua obra se baseia na peça teatral dos anos 1970 "Greta Garbo, quem diria, acabou no Irajá".

"Mas na época o Brasil estava sob a ditadura, e a única forma de tratar esses assuntos era de maneira cômica, superficial". A evolução da sociedade, disse, lhe permitiu retomar essa história, abordando-a de um ponto de vista dramático e humano.

Contudo, a recente guinada do país à direita, com a eleição de Jair Bolsonaro, representa para Praça uma "clara ameaça aos homossexuais e às minorias, em geral".

- 'Não não vamos voltar atrás' -

"Estamos em um momento de transição. Durante os últimos 20 anos, foram conquistados muitos direitos, batalhamos por tudo isso. Abrimos uma porta e, agora, os partidos de extrema direita querem fechá-la", declarou.

"Não não vamos aceitar voltar atrás. É mais importante que nunca continuar fazendo esses filmes".

Embora o Brasil seja um dos 25 países no mundo onde o casamento homossexual é legal, o presidente já fez diversos comentários homofóbicos.

Joanna Reposi, diretora do documentário sobre o escritor chileno Pedro Lemebel, ícone da luta a favor homossexuais, morto em 2015, explicou à AFP que nos últimos tempos, "com Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro no Brasil... houve um retrocesso no mundo".

"Por isso, politicamente, o discurso de Lemebel está mais vigente que nunca", disse a cineasta chilena, destacando que essa onda conservadora também acontece em seu próprio país.

O Chile adotou em dezembro passado uma legislação que permite realizar cirurgias de redesignação genital a partir dos 14 anos. Contudo, os "episódios de ódio" contra os transexuais cresceram 45% em 2017, segundo o Movimento de Integração e Libertação Homossexual.

- 'Cura gay' -

"Certas coisas conquistadas em alguns países estão voltando atrás", concordou a cineasta espanhola Isabel Coixet, que disputa o Urso de Ouro com "Elisa y Marcela", baseado na história real de duas professoras lésbicas que se casaram em 1901 na Espanha.

Por outro lado, "Temblores" lança luz sobre o estigma social dos homossexuais na Guatemala, onde no ano passado foi debatido um projeto de lei que expressamente proibia o casamento gay.

"Não tenho medo da reação em meu país. Interpretar esse papel é uma necessidade, para mostrar o sofrimento desta gente que não pode viver sua vida pela pressão social", disse o ator Juan Pablo Olyslager, que interpreta Pablo, um pai de família que se dá conta de que é gay.

"Muitos se perguntarão se o filme é real. E, sim, é uma mistura de histórica dos diferentes Pablos que eu fui conhecendo. E reproduzi apenas as mais críveis", explicou ao público antes de projeção o diretor, Jayro Bustamante, que traz às telas, por exemplo, terapias evangélicas para que os gays "se curem de sua doença".

O Festival de Berlim inicia nesta quinta-feira sua 69ª edição, com a maior seleção de diretoras em sua história na disputa pelo Urso de Ouro.

Fora de competição, o destaque é "Marighella", primeiro filme dirigido pelo ator brasileiro Wagner Moura, famoso em todo o mundo por interpretar Pablo Escobar na série "Narcos".

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Protagonizado pelo ator e cantor Seu Jorge, o longa-metragem é baseado na biografia do guerrilheiro Carlos Marighella.

Entre as diretoras, uma das mais aguardadas é a espanhola Isabel Coixet, com "Elisa y Marcela", filme que conta a história do primeiro casamento homossexual registrado na Espanha. Além disso, a produção é a primeira da Netflix a disputar o Urso de Ouro.

Além de Coixet, outras seis diretoras foram selecionadas pela Berlinale para a competição oficial, de um total de 17 cineastas, ou seja 41%, um recorde para o evento e um percentual muito maior que o registrado na última edição do Festival de Cannes (14%).

O vencedor do Urso de Ouro será anunciado em 16 de fevereiro. No ano passado, a romena Adina Pintilie venceu a competição com "Touch me not".

- Binoche no júri -

O tapete vermelho da Berlinale, o mais político e socialmente engajado dos festivais europeus, receberá Christian Bale, Diane Kruger, Tilda Swinton, Catherine Deneuve, Jonah Hill, Chiwetel Ejiofor e Casey Affleck, além de Juliette Binoche, presidente do júri.

A atriz francesa, à frente de outros cinco jurados, incluindo o cineasta chileno Sebastián Lelio, celebrou a forte presença feminina.

"Muitos homens não percebem que as mulheres tiveram que ficar na segunda fila durante gerações", disse Binoche em uma entrevista à revista alemã Der Spiegel.

O diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, "garantiu que selecionou bons filmes, não porque foram dirigidos por mulheres", completou.

O longa-metragem "The kindness of strangers", dirigido pela dinamarquesa Lone Scherfig, abre o festival nesta quinta-feira. Rodado em Nova York, o filme mostra uma mulher (Zoe Kazan) que tem dois filhos e depende da ajuda de amigos para seguir adiante.

Outro filme muito aguardado é "Grace à Dieu", do francês François Ozon, sobre a história real de um padre processado na França por ter abusado sexualmente de crianças.

Pessoas exploradas no trabalho e o avanço do extremismo são alguns dos temas recorrentes no programa da Berlinale, que inclui 400 filmes de todo o mundo.

- Forte presença do Brasil -

As mostras paralelas terão uma presença marcante de filmes brasileiros.

Na mostra Panorama serão exibidos "Divino Amor", de Gabriel Mascaro, e "Greta", de Armando Praça. Entre os documentários estão "Estou me guardando para quando o carnaval chegar", de Marcelo Gomes, e "La Arrancada", de Aldemar Matias.

Depois de 18 anos esta será a última edição de Kosslick à frente do festival.

Carlo Chatrian, atualmente diretor do Festival de Locarno, e Mariette Rissenbeek, diretora holandesa do German Film, instituto que promove os filmes alemães no exterior, assumirão o comando do Festival de Berlim.

Em sua despedida, além do maior número de filmes dirigidos por mulheres na história da mostra oficial, Kosslick também ofereceu ingressos aos líderes do partido de extrema-direita Alternativa para Alemanha para que assistam o documentário "Who will write our history?", sobre o gueto de Varsóvia.

 Terceiro filme do cineasta pernambucano Gabriel Mascaro, ‘Divino Amor’ será exibido na mostra Panorama do Festival Internacional de Cinema de Berlim, que acontece entre os dias 7 e 17 de fevereiro, na capital da Alemanha. O longa é um dos três filmes selecionados, até o momento, para participar do festival.

“Será uma honra imensa exibir Divino Amor num festival que já consagrou vários filmes que fizeram parte da minha formação”, comenta Gabriel sobre sua estreia em Berlim.

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A trama se passa em 2027 e conta a história da escrivã de um cartório altamente religiosa, que através do seu trabalho, busca salvar o relacionamento dos casais que chegam para se divorciar, até ser confrontada com uma crise no seu próprio casamento que termina por deixá-la ainda mais perto de Deus.

Nomes como Dira Paes, Emílio de Melo e Júlio Machado integram o elenco.

*Com informações da Assessoria de Imprensa

Domitila Barrios de Chungara foi uma líder operária que entrou para a história da Bolívia por sua intensa luta em defesa dos que mais precisavam e pela liberdade democrática. Uma das suas frases mais marcantes foi passada por gerações: “As injustiças não serão para sempre”. Não muito longe, uma jovem da periferia do Recife, mais exatamente nas redondezas do bairro conhecido como Linha do Tiro, receberia não somente o nome da bolivariana, mas também tomaria para si os ensinamentos deixados: a pernambucana Domitila Barros de Oliveira Nascimento, nascida no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, transformou os obstáculos em superação e conquistou o que para muitos pode parecer quase impossível.

Aos 34 anos, Domitila é empresária e dona de uma marca de biquínis, a Sheisfromthejungle, uma brincadeira com a expressão “ela é da selva”. A designer conseguiu um marco único na história da moda do Estado: pela primeira vez as peças produzidas em Pernambuco serão destaques em um dos maiores eventos da área no mundo, a Semana de Moda de Berlim, que acontece a partir da próxima segunda-feira (14). Todas as peças são elaboradas por um grupo de mulheres que moram na Linha do Tiro e comunidades próximas.

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O LeiaJá foi até a comunidade da Linha do Tiro conhecer com detalhes a história de Domitila. O local de encontro foi no Centro de Atendimento a Menino e Meninas (CAMM). A entrevista foi marcada na ONG não de forma aleatória. O CAMM foi fundado há 35 anos pelos seus pais, Roberta e Ademilson Barros, que são professores. Foi exatamente nesse mundo social e sabendo da importância da educação na vida de uma pessoa que Domitila nasceu e foi criada. Sua mãe chegou até a conhecer Domitila Chungara, em um encontro no Brasil sobre empoderamento.

“Já nasci dentro do projeto. Quando nasci já moravam 30 crianças praticamente dentro da minha casa. Eu não conheço outra realidade, eu me criei nessa coisa do mundo social, de trabalho social e da revolução. O meu próprio nome diz tudo e ele veio com muita força. Antes de eu nascer, todas essas coisas já estavam, entre aspas, ao menos no âmbito social, premeditadas”, contou.

Domitila contou que aos 13 anos começou a dar aula de leitura às crianças do CAMM por incentivo dos seus pais de modo que aprendessem a ler e escrever, mas ela fazia em um formato lúdico e até mesmo teatral, que despertava ainda mais atenção. Aos 15 anos, foi convidada pela Unesco para ir até Flórida, nos Estados Unidos, representar o Brasil no Fórum Social Sonhadores do Milênio, onde foram convidados jovens de todos os países do mundo, que faziam algo para mudar a realidade da comunidade que morava. Domitila se tornou, a partir daí, uma embaixadora da periferia do Recife pelo mundo.

Dali em diante despertaria cada vez mais o desejo de ajudar sua comunidade. “Fiquei encantada com a possibilidade de ser uma diplomata da minha realidade porque os EUA não foi para mim só outro país, foi outro mundo. Tive esse desejo de continuar fazendo alguma coisa não só social, mas também de estar representando a minha comunidade em outros mundos, até mesmo outros mundos dentro do Brasil porque dentro do nosso país tem muitos universos paralelos”, observou.

Começaria aí a trajetória de crescimento por meio da educação. Aos 17 anos, ela iniciou o curso de Serviço Social e aos 21 anos, já formada, um passo maior foi dado: conseguiu uma bolsa de estudo em Berlim, capital da Alemanha, para fazer um mestrado na Freie Universität Berlin. Na época, a bolsa havia sido concedida apenas a cinco estudantes estrangeiros entre candidatos do mundo todo. Mais um sonho que parecia impossível para uma jovem residente em um bairro periférico se tornaria realidade: fez mestrado em Ciências Políticas e Sociais.

Falante, vaidosa, entusiasta da vida, seria na faculdade que Domitila descobriria outra paixão: o mundo da televisão e da moda. “Chamava a atenção não só por ser negra, ter cabelo volumoso, mas também pelas minhas sardas. Andando no corredor, uma menina que estava fazendo estágio em uma agência que  selecionava elenco para novelas alemãs me parou e me convidou. Eu passei na seleção, fiz a novela por dois anos e comecei a trabalhar como modelo. No Brasil, quando eu era pequena, o meu sonho era ser Chiquititas”, recordou.

Domitila, que conseguiu a nacionalidade alemã há 10 anos, chegou a ser funcionária pública por um tempo naquele país, mas o desejo artístico no coração sempre foi muito grande. “Quando a menina me chamou na faculdade, eu vi ali a possibilidade de desenvolver um sonho, que para mim era fora da realidade no Brasil e trabalhando nessa área comecei a entender o sistema, o mercado de moda, como as coisas funcionavam e se organizavam: da foto à venda, da comercialização à marca”, disse.

Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Da periferia para o mundo

Depois do aprendizado, há cerca de dois anos, Domitila iniciou a transição para um passo ainda maior: se tornar empreendedora criando sua própria marca. Mais um objetivo estava traçado: trabalhar sem perder as raízes de forma a ajudar as colegas da comunidade em que nasceu.

“Surgiu a ideia de falar com as minhas amigas do Brasil, que sempre gostaram de moda e praia. Muitas tiveram filhos e não podiam ir trabalhar fora, outras se aposentaram, mas não têm direito ao benefício, foi aí que pensei em inventar a marca no qual elas pudessem trabalhar sendo suas próprias chefas, ou seja, de forma autônoma”, explicou.

A proposta teve resultados rápidos e funciona da seguinte forma: Domitila explica o design do biquíni que está precisando sendo alguns feitos na máquina e outros à mão, que pode levar dias até ficarem prontos. Já outras artesãs possuem modelos exclusivos, que só são repassados para a empresária. Depois, ela vê como o mercado funciona no exterior e pede outras remessas.

A primeira remessa pedida foi de apenas 10 peças enviadas para a Alemanha: em 24 horas todas foram vendidas com a divulgação das amigas e de uma importante ferramenta de trabalho: as redes sociais. Já a segunda, foi de 50 peças e assim foi crescendo cada vez mais.

Para quem pensa que parou por aí, o céu parece não ser o limite para Domitila. Ela expandiu a marca e agora para o segmento de biojoias, todas feitas de capim dourado. Hoje, os produtos de Domitila já ultrapassaram a Alemanha e também são vendidos na Suíça e nos Estados Unidos em lojas de multimarcas, mas o foco principal é a venda online, que envia para todos os países com frete gratuito. Ao todo, são 12 meninas que trabalham com Domitila em uma forma de parceria que ganhou o mundo.

Pés no chão na Semana de Moda de Berlim

O convite para que as peças produzidas na periferia de Pernambuco sejam destaque na Semana de Moda de Berlim, no encerramento do evento também conhecido como Berlim Fashion Week, no dia 18 próximo, pode e deve ser um divisor de água na vida do grupo. O desfile será com as peças novas da coleção Primavera-Verão 2019. “As modelos, incluindo eu, vão desfilar com os biquínis e biojoias e todas vão desfilar descalças. É a forma que encontrei de representar que a gente é pé no chão. A gente crê que depois da Semana de Moda de Berlim há a possibilidade de outras lojas multimarcas se interessarem pelos produtos”, previu Domitila.

A participação no disputado evento também pode realizar mais um sonho: abrir portas para à venda no Brasil. “Porque somos brasileiras, produzimos no Brasil, mas ainda não tivemos oportunidade de trabalhar no Brasil, seria um sonho da gente também”, disse.  

Para ela, o sonho não pode parar. O objetivo, no futuro, é criar na comunidade um ateliê que poderia ter no comando uma das artesãs, a já escolhida Elba Severina, que seria uma espécie de multiplicadora ensinando e engajando mais meninas da área. Na casa de Elba, já há cinco máquinas de costura, o que pode parecer pouco para alguns, mas para elas é o início de uma trajetória que está sendo construída com otimismo e muita força de vontade.

“Nós somos seres humanos e precisamos de outros seres humanos em vários âmbitos. Meu pai falava ninguém é uma ilha que sobrevive ali só rodeado de água. Então, se não fosse as meninas isso não poderia ser possível porque muitas vezes pensei em desistir porque trabalho ainda como modelo para poder financiar a marca. É muito importante ver que nós enquanto mulheres apoiamos umas as outras. Somos mais fortes unidas porque se não fosse a equipe eu não conseguiria”, agradece Domitila.

Elba, que costura desde os 13 anos, conta que tudo é feito com a maior perfeição possível. “Domitila apresenta sempre os modelos e a gente vai executando a medida que ela vai comandando. É um sonho da gente, da nossa comunidade, de saber que as peças criadas na comunidade estão indo para tão longe e sendo muito bem feitas. Com certeza, o sonho pode ser realizado correndo atrás, com foco, força, fé, disposição e união. Domitila, com certeza, é uma mulher muito guerreira, nem eu acreditava tanto assim nela, mas ela realmente é show”, ressaltou, também falando orgulhosa que tudo o que tem desde o básico até a casa no alto da comunidade foi conquistado por meio da confecção e amor ao trabalho.

Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Os convites não param. Uma empresária eleita como uma das 10 designers revelação da Europa, de acordo com a revista Vogue do Reino Unido, convidou Domitila para que suas biojoias sejam destaques na Semana de Moda de Londres. O evento acontece no dia 16 de fevereiro.  

CAMM 

O Centro de Atendimento a Meninos e Meninas (CAMM) fundado pelos pais de Domitila é uma organização não-governamental. Funciona por meio de doações não só de organizações internacionais, como também da ajuda de grupos que realizam eventos solidários. Além disso, toda a família se envolve no projeto. O espaço foi um presente de uma doutora suíça que veio ao Brasil realizar um estudo sobre as crianças que moravam na rua. Ao conhecer a proposta do centro, doou a casa. Domitila também destina 10% do lucro de sua marca para o centro.

A princípio, o CAMM realizava cursos profissionalizantes e, depois, foi expandido para o Jardim de Infância. “Começou na casa dos meus pais quando três crianças bateram na porta e perguntaram por comida e minha mãe perguntou a eles se não queriam aprender a ler, foi assim que tudo começou”, lembrou Domitila.

Na ONG, com paredes pintadas de forma divertida em um ambiente sereno, muitos jovens conseguiram ter a vida transformada e continuam a trabalhar no local: Elisangela, que iniciou no projeto aos três anos de idades, hoje é pós-graduada e coordena o Jardim de Infância. Ao todo, cerca de 80% dos educadores do projeto são jovens que se formaram no local.

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Paralelo ao ensino, também há outras atividades como aprender instrumentos musicais como repercussão, além de capoeira, dança e até mesmo grafitagem, teatro e oficinas de educação ambiental. O objetivo maior é que seja um espaço onde as crianças possam viver uma infância saudável, sem medo e, principalmente, com segurança. Atualmente, são 70 crianças atendidas diretamente e mais de 300 famílias beneficiadas indiretamente..

Para Domitila, que perdeu a melhor amiga assassinada na sua frente quando tinha 12 anos de idade e que sabe da violência que ainda existe no bairro, muitas vezes esquecido pelo poder público, o sentimento é de esperança. “Eu me sinto melhor na Linha do Tiro até mais do que em muitos lugares da Europa. A comunidade mudou e me sinto orgulhosa e contente quando subo aqui e vejo muita gente que passou pelo CAMM, que hoje em dia trabalha em shopping, universidades e como office-boys. São pessoas que conseguem ter dignidade de vida e, muitos, uma nova vida”, finalizou.

A embaixada do Brasil em Berlim foi alvo de protesto. A fachada do prédio acordou neste sábado, 5, pichada. Em fotos que circulam pelas redes sociais e entre diplomatas brasileiros pelo exterior, pode-se ler nos vidros da entrada do prédio a frase "Lutaremos contra o fascismo no Brasil".

Procurado, o serviço de atendimento emergencial da embaixada afirmou que não estava em condições de dar informações sobre o ocorrido. Roberto Jaguaribe, o embaixador que assume o posto na capital da Alemanha, ainda não está na cidade. A página oficial da embaixada também está sem acesso.

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O serviço de imprensa do Itamaraty não deu respostas ao ser questionado pelo Estado. O ato ocorreu um dia depois de outro protesto. Na sexta-feira, um grupo de jovens invadiu a embaixada do Brasil na Nova Zelândia, também em manifestação contra o fascismo.

Pelas redes sociais, o grupo OA apenas explicou que exigia "a expulsão do embaixador brasileiro na Nova Zelândia e a retirada do embaixador neozelandês no Brasil. Não nos relacionamos com nações fascistas! #nobolsonaro"

Essa não é a primeira vez que a embaixada é alvo de um protesto. Em 2014, às vésperas da Copa do Mundo, pessoas encapuzadas lançaram de pedras contra as mesmas janelas que agora foram alvo de pichadores.

Naquele momento, a polícia de Berlim não excluiu uma motivação política para o ataque, enquanto a imprensa local apostava em uma relação entre o evento no Brasil e os ataques. A suspeita, naquele momento, apontava para grupos anarquistas.

Dezenas de milhares de pessoas tomaram neste sábado (13) as ruas de Berlim, capital da Alemanha, para protestar contra o avanço da extrema direita, do racismo e da xenofobia no país.

A participação popular superou a expectativa dos organizadores, que esperavam apenas 40 mil pessoas no protesto. Segundo sua estimativa, o ato reuniu 240 mil manifestantes, mas a polícia não forneceu números.

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A marcha percorreu seis quilômetros, da Alexanderplatz à Coluna da Vitória, gritando contra o racismo, o preconceito e os cortes em políticas sociais. O protesto teve o apoio do ministro das Relações Exteriores da Alemanha, o social-democrata Heiko Maas, que falou em um "grande sinal" de que "a maioria do país defende a tolerância e a abertura".

A União Democrata-Cristã (CDU), liderada pela chanceler Angela Merkel, por sua vez, não aderiu. O ato também foi uma resposta às manifestações neonazistas realizadas em Chemnitz entre o fim de agosto e o início de setembro, que geraram reprimendas inclusive do governo.

Da Ansa

Milhares de pessoas se manifestaram neste sábado (13) no centro de Berlim contra o ódio e o racismo, depois das recentes demonstrações de xenofobia no leste da Alemanha que abalaram o país.

Ao menos 150.000 manifestantes participaram do protesto, afirmou o coletivo #unteilbar ("indivisível"), que anunciou esperar o comparecimento de 40.000 participantes. 

"Já é um sucesso", celebrou sua porta-voz, Theresa Hartmann. A polícia de Berlim, por sua vez, não deu as suas cifras oficiais.

"Digo forte, digo claramente, todos somos indivisíveis!", diziam os participantes que marcharam sob o sol e temperaturas de verão no centro da capital, antes de chegarem à famosa Porta de Brandeburgo.

"Não há lugar para os nazistas", "O resgate no mar não é um crime", "Mais amor, menos ódio", podia-se ler nos cartazes.

O coletivo #unteilbar, formado por várias ONGs, artistas e particulares, já reuniu, uma semana antes, milhares de pessoas nas ruas de Hamburgo e Munique.

Também estiveram presentes sindicatos e organizações religiosas, de caridade, ou representantes políticos de esquerda.

Sob o lema "Por uma sociedade livre e aberta; contra a exclusão, solidariedade!", os manifestantes protestaram particularmente contra o racismo dirigido pela extrema direita, que chegou há um ano à Câmara dos Deputados.

O partido anti-imigração Alternativa para Alemanha (AfD) construiu seu sucesso alimentando o medo dos alemães após a chegada de um milhão de refugiados entre 2015 e 2016 ao país.

No fim de agosto, uma manifestação de simpatizantes da extrema direita acabou se convertendo em uma "caça" aos estrangeiros nas ruas da cidade de Chemnitz (leste).

O membro do grupo Pussy Riot Piotr Verzilov, que havia sido detido na Rússia após invadir o gramado durante a final da Copa do Mundo da Rússia, chegou à Alemanha, onde foi internado em um hospital de Berlim pela família, que denuncia uma tentativa de assassinato por envenenamento.

Verzilov, de 30 anos, que também tem nacionalidade canadense, chegou a Berlim a bordo de um avião-ambulância no sábado à noite, acompanhado por membros de sua família e proveniente do hospital de Moscou, onde deu entrada na terça-feira em estado grave.

"Era importante para a família que ele fosse internado o mais rápido possível fora da Rússia", indicou ao jornal alemão Bild Jaka Bizilj, responsável pela ONG alemã Cinema for Peace, que organizou a transferência de avião e que apoia há anos o movimento Pussy Riot.

"Essa é a razão pela qual enviamos um avião-ambulância a Moscou e esperamos que em Berlim possam ajudá-lo rapidamente, e possamos saber se foi envenenado na Rússia e como", acrescentou.

Tentativa de assassinato

Segundo a esposa de Piotr Verzilov, de quem vive separado, não há dúvidas sobre o envenenamento.

"Parto do princípio de que foi vítima ou de um ato de intimidação ou, inclusive, de uma tentativa de assassinato" por envenenamento, declarou ao Bild Nadeja Tolokónnikova em sua chegada a Berlim junto com ele.

Tolokónnikova publicou imagens da aterrissagem em sua conta do Facebook.

"Três vivas a todos os que escreveram, ligaram, visitaram, choraram e cantaram. Estamos em Berlim, está tudo bem", escreveu em sua conta a parceira atual de Piotr Verzilov, Veronika Nikulshina.

Junto com Verzilov, esta última faz parte do grupo contestatório e feminista russo, cujos ativistas foram condenados em muitas ocasiões pela Justiça russa.

Piotr Verzilov ficou conhecido ao invadir, junto com outros três ativistas, o campo durante a final da Copa do Mundo da Rússia, em julho, usando uniformes de policiais.

Todos foram condenados por essa ação a 15 dias de prisão.

- Alucinações -

O ministro alemão das Relações Exteriores esteve em contato com os parentes de Verzilov para a sua transferência no avião-ambulância e sua internação em Berlim, organizada de maneira privada.

Verzilov foi hospitalizado primeiro em Moscou ao fim de uma visita judicial. Depois entrou em coma e durante um tempo também perdeu a visão.

Pouco depois, recobrou a consciência, mas continua tendo alucinações e delírios, segundo pessoas próximas.

Verzilov é o fundador do MediaZona, um site que informa sobre os julgamentos de defensores dos direitos humanos.

No Canadá, o primeiro-ministro Justin Trudeau disse nesta semana que estava preocupado pelas informações sobre Piotr Verzilov.

A sua internação e as acusações de seu entorno com relação ao poder russo chegam em meio ao caso Skripal.

O governo britânico acusa dois agentes da Inteligência militar russa (GRU), Ruslan Boshirov e Alexandre Petrov, de terem envenenado o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha na Inglaterra, em março, o que Moscou nega.

Em fevereiro de 2017, o opositor Vladimir Kara-Murza, que coordenava as atividades na Rússia do movimento Open Rusia, entrou em coma após ser intoxicado por uma "substância desconhecida", segundo seu advogado. Os médicos encontraram em seu sangue rastros de uma intoxicação com metais pesados.

Para muitos consumidores, rebobinar cassetes, colocar cuidadosamente uma agulha em um disco ou sacudir uma foto Polaroid para secá-la podem parecer gestos há muito esquecidos de uma época passada.

Mas eles estão em toda parte para serem vistos novamente na exibição de tecnologia da Feira Internacional de Eletrônica (IFA) de Berlim, ainda que com um toque digital inconfundível.

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A seção "novas tendências" da feira, que muitas vezes exibe os artigos que serão sucessos de venda na temporada de Natal, é dominada por um estande pertencente à Polaroid, famosa empresa de câmeras que pouco tempo atrás parecia perto do fim.

Conhecida como One Step+, a nova câmera instantânea se parece exatamente com uma Polaroid tradicional por fora, mas oferece conectividade Bluetooth para sincronizar com aplicativos de Android e iPhone.

A concorrente Kodak também tem uma câmera instantânea, a Printomatic, em oferta, afirmando que leva menos de 40 segundos para revelar uma foto colorida ou em preto e branco.

"Para a nova geração, isso é totalmente novo. Eles não têm ideia de como tirar uma foto como essa, sem uma tela, ou esperar uma semana para que ela seja revelada", disse o porta-voz da Polaroid, Tobias Henze.

Ao contrário das fotos digitais presas na tela do smartphone, "você pode enquadrá-las, colocá-las na parede, oferecê-las ou colocá-las em um álbum de recortes", ressalta.

Audiostalgia

No mundo da música, os puristas do áudio e os que procuram uma maneira mais "instagrammable" de ouvir são recebidos com mais opções para tocar cassetes e discos de vinil.

Os fabricantes têm dados concretos para respaldar sua volta ao passado, com discos de 33 rpm respondendo por cerca de 14% das vendas de álbuns dos EUA em 2017, em comparação com 11% no ano anterior.

É por isso que os visitantes da IFA podem cobiçar o toca-discos Vinyl 500 da Yamaha, que acena para a modernidade com uma conexão Wi-Fi que também permite que os usuários façam streaming de músicas.

Enquanto isso, uma série de start-ups oferece toca-discos portáteis que podem ser carregados em uma bolsa ou inclusive presos na borda de um alto-falante ou prateleira.

Para aqueles com enormes coleções digitais, a Sony alardeia a capacidade de seu player de áudio DMP-Z1 - que custa US$ 13.000 - de reproduzir a qualidade de som e o "grão" de um antigo 33 rpm.

O debate pode durar para sempre, no mundo dos audiófilos, em relação a se os discos tradicionais realmente oferecem um som superior.

Mas a tendência em direção ao disco de vinil está firmemente estabelecida na Europa, com editores em pequena escala surgindo em prédios de fábricas desativadas em todo o continente.

Fora dos salões climatizados da IFA, jovens berlinenses descolados encontram lojas que oferecem vinis e cassetes.

"Formatos antigos, em áudio, vídeo, negativos de foto ou discos têm uma base de usuários muito grande, quase 50% do mercado", diz Klaus Boehm, da consultoria Deloitte.

"Nosso uso multimídia coexistirá nos próximos anos com esses formatos mais antigos, e eu aconselharia as pessoas a não jogarem fora seus dispositivos antigos", afirmou.

No último sábado, dia primeiro, a banda U2 precisou cancelar um show que estava fazendo na cidade de Berlim, na Alemanha.

Segundo informações do TMZ, o vocalista Bono Vox estava sentindo dificuldades para cantar desde o começo do show, e em certo momento, sentiu que não dava mais para continuar. O cantor se desculpou com a platéia, dizendo que a banda faria uma pausa de cerca de 15 minutos, mas como sua voz continuou ruim, eles acabaram não retornando para o palco.

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Em um vídeo gravado durante a música Beautiful Day, é possível ver Bono forçando bastante sua voz para cantar, e desapontado no término da canção por conta disso.

A banda emitiu um comunicado se desculpando pelo ocorrido:

Nós sentimos muito pelo cancelamento de hoje. Bono estava bem e com a voz boa antes do show, e estávamos animados para nossa segunda noite tocando em Berlim, mas depois de algumas músicas, ele sofreu uma perda completa de sua voz. Não sabemos o que houve e estamos buscando ajuda médica.

Como forma de se redimir, Bono ainda disse que o público presente poderá retornar e assistir a um show da banda que será marcado.

O documentário “O processo", que conta os bastidores do julgamento que resultou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016, conquistou o terceiro lugar durante a Panorama, mostra paralela 68º Festival Internacional de Cinema de Berlim. A produção da brasileira Maria Augusta Ramos ficou atrás apenas de The Silence of Others (1º lugar) e Partisan (2º lugar). A escolha foi por voto do público.

O anúncio dos vencedores aconteceu neste sábado (24). "O Processo" foi exibido em Berlim na última quinta-feira (22) e ao final foi ovacionado e acompanhado de gritos com "Fora Temer". 

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Maria Augusta Ramos comemorou o reconhecimento do público. “Quando a gente escolhe um tema pra investigar e fazer um filme, existe um desejo de dividir esse mergulho com o público. E depois, quando o filme fica pronto e recebe um prêmio do júri popular, eu arrisco dizer que talvez seja uma das maiores realizações como diretora. E é muito relevante também pelo filme ser sobre um episódio histórico do Brasil e estar sendo compreendido por audiências de outras latitudes”, disse em entrevista ao UOL. O filme deve estrear em junho no Brasil. 

O filme "Touch me not", uma exploração sobre o sexo e a intimidade dirigida pela romena Adina Pintilie, ganhou o Urso de Ouro neste sábado (24) no Festival de Berlim.

"Touch me not" é um longa no meio do caminho entre a ficção e o documentário, baseado em personagens que tentam penetrar na intimidade de formas inesperadas.

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A 68a edição do Festival de Cinema de Berlim também premiou "Las herederas", do paraguaio Marcelo Martinessi, com o Urso de Prata de melhor atriz para Ana Brun e com o Urso de Prata Alfred Bauer, como filme que abre novas perspectivas.

A produção de Martinessi, que retrata uma mulher homossexual burguesa já na idade madura em busca de um novo começo, fez história, já que é o primeiro filme do Paraguai em competição na Berlinale.

Wes Anderson ganhou o Urso de Prata de melhor diretor por "Ilha de cachorros", um dos favoritos da crítica, e o francês Anthony Bajon foi recompensando com a estátua de melhor ator por seu trabalho em "La Prière".

"Museo", do mexicano Alonso Ruizpalacios, com Gael García Bernal, levou o prêmio de melhor roteiro.

Já a polonesa Malgorzata Szumowska conquistou o Grande Prêmio do Júri por "Twarz".

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