Os eventos de fim de ano já estão chegando e as lojas começam a lançar descontos e promoções surpreendentes que instigam os consumidores a comprar. A última sexta-feira de novembro, Black Friday, por exemplo, se tornou uma das datas mais importantes no Brasil e estimula o comércio a lançar descontos atraentes. Muitas pessoas se sentem tentadas a comprar por comportamentos compulsivos.
Aline Herculano sofre de compulsividade em comprar. Ela explica que, sempre que tem dinheiro, se sente tentada a comprar exageradamente, principalmente os produtos em promoçãos. Muitas vezes os produtos são abandonados após as compras.
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"Esses eventos são oportunidades que a gente se acostumou a praticamente comprar sem pensar. Eu sei que todo mundo vai estar comprando e me sinto mal de não comprar também. Eu particularmente fico muito tentada a comprar no Black Friday, por causa dos descontos e promoções. Eu faço compras com uma frequência grande e são várias vezes por mês. Geralmente, nas minhas idas ao comércio, ao shopping, eu trago um produto de lá", disse.
Aline relata que precisa se controlar para não comprar algo de que não precisa. "Muitos objetos que eu compro são sem necessidade e repetidos, como blusas, calças e sapatos que já tenho demais, mas eu compro mesmo assim. Sinto uma ansiedade, uma espécie de vazio que precisa ser preenchido. E nas saídas para espairecer a mente, a gente se encontra com os produtos e preços que nos levam a comprar, pensando que vai trazer a felicidade, mas não é bem assim", relata.
A psicóloga Danielle Almeida explica que o comportamento compulsivo é amplo e muitas vezes tem origem em diversos fatores, como estresse, ansiedade e baixa autoestima. Ela ressalta que o indivíduo compra compulsivamente para maquiar e valorizar a autoestima e autoconfiança, mas sempre com exageros.
"As pessoas apresentam a compulsividade como forma de camuflar um estresse e fugir de uma ansiedade. A ansiedade se torna tão grande que as pessoas passam a comprar para se sentirem bem. Chega o final de ano e, com os descontos, muita gente pensa em comprar, por exempl,o a mesma blusa em diversas cores, porque estava superbaratinho e com o preço ótimo, e depois não utilizam. Abrem o guarda-roupa e as mesmas blusas de várias cores estão lá com a etiqueta que nunca usaram", observa.
Segundo a psicóloga, as pessoas acham que o objeto vai ter o poder de levantar a autoestima, mas na verdade isso não acontece. "Porque precisam trabalhar o amor próprio e a autoconfiança sem ter a necessidade do objeto. Somente a terapia para entender o que está acontecendo e refletir nos comportamentos referentes aos objetos externos", ressalta.
Os exageros nas compras podem levar as pessoas a inadimplência e problemas financeiros. "A consequência maior é entrar na inadimplência e ficar com o registro do CPF nos órgãos de proteção de crédito e, com isso, uma limitação de acesso ao crédito. Perde cheque especial, perde a questão de acesso a cartão de crédito e isso pode ser ruim para quem precisa comprar alguma coisa no supermercado e os produtos do dia a dia", explica o economista Nélio Bordalo.
Ele ainda ressalta para as pessoas terem o costume de fazer um planejamento financeiro durante o ano todo. "As pessoas devem se preocupar principalmente com a capacidade de pagamento dos seus compromissos. O planejamento financeiro vai indicar qual é a capacidade mensal que as pessoas têm de absorver esses compromissos assumidos com cartão de crédito, o cartão de lojas, com despesas de viagens, de férias, compras de Natal etc.", finaliza o economista.
A psicóloga Danielle Almeida dá dicas para as pessoas não se endividarem. "Uma dica: antes de você comprar, pergunte para você mesmo se precisa daquele objeto. Por exemplo, as roupas. Muitas vezes, a moda se recicla e sempre você tem em casa algo que pode estar inovando. Você mesmo vai saber se há necessidade de fazer aquele gasto ou não. Você precisa sempre fazer esse questionamento", finaliza.