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O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, condenou neste sábado (21) os "ataques terroristas perpetrados pelo Hamas", mas cobrou que Israel respeite o direito internacional, em discurso na cúpula de paz promovida pelo Egito.

O evento reúne líderes de diversos países no Cairo, mas não conta com representantes de alto escalão de Israel nem dos Estados Unidos, que são contra a instituição de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza.

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"O governo brasileiro condena inequivocamente os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro, bem como a tomada de reféns civis. Brasileiros estão entre as vítimas, e três deles foram assassinados em Israel", declarou Vieira em sua intervenção na cúpula.

Em seguida, o chanceler disse que o Brasil também têm cidadãos que aguardam para ser evacuados de Gaza, "enquanto assistimos com alarme à deterioração da situação humanitária na região, especialmente a escassez de suprimentos médicos, comida, água, eletricidade e combustível".

"Israel, como potência ocupante, tem responsabilidades específicas no âmbito dos direitos humanos internacionais e do direito humanitário. Estas devem ser cumpridas em qualquer circunstância", alertou o ministro.

Segundo Vieira, "o impasse no processo de paz, a estagnação social e econômica que prevalece há muito tempo em Gaza, a contínua expansão dos assentamentos israelenses nos territórios ocupados, a violência contra civis, a destruição de infraestrutura básica e as violações do status quo histórico dos locais sagrados em Jerusalém" se combinam para "gerar um ambiente social e cultural que põe em risco a solução de dois Estados e gera ódio, violência e extremismo".

O chanceler também criticou indiretamente os Estados Unidos pelo veto a uma resolução apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU em defesa de "pausas humanitárias" na guerra.

"Lamentavelmente, o Conselho de Segurança foi incapaz de aprovar uma resolução em 18 de outubro. Apesar disso, os muitos votos favoráveis que a resolução recebeu - 12 de um total de 15 - são evidência do amplo apoio político para uma ação veloz do Conselho. Acreditamos que essa visão é compartilhada pela maioria da comunidade internacional", ressaltou.

O ministro representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se recupera de uma cirurgia no quadril.

*Da Ansa

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, classificou nesta sexta-feira, 20, os ataques do Hamas como "loucura e terrorismo", e disse que a reação de Israel é "insana" no conflito no Oriente Médio. Ele deu as declarações em cerimônia de comemoração dos 20 anos do Bolsa Família.

Lula segue se recuperando da cirurgia que fez no quadril para corrigir uma artrose, e participou da solenidade por videoconferência de dentro do Palácio da Alvorada.

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O presidente do Brasil dizia que o Bolsa Família protege crianças brasileiras da fome, e usou o assunto como gancho para falar sobre a guerra no Oriente Médio.

"Eu queria prestar solidariedade às crianças que morreram na guerra da Rússia e da Ucrânia e as que estão morrendo agora nessa luta insana entre o Hamas e o Estado de Israel. Não é possível tanta irracionalidade, tanta insanidade", disse Lula. "Eu fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza. Que não pediram para o Hamas fazer o ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel. Mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e matasse eles. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra", declarou.

E destacou: "Precisamos propor, em alto e bom som, em nome da vida das nossas crianças, a gente propor paz, a gente propor a racionalidade de que o amor possa vencer o ódio, de que a gente não resolve o problema com bala, a gente não resolve o problema com foguete."

Em ato no Centro do Recife, no final da tarde desta quinta-feira (19), manifestantes pró-Palestina pediram o fim do conflito no Oriente Médio, que está no seu 13º dia consecutivo. Entre as pessoas que marcaram presença na manifestação estavam integrantes da comunidade em Pernambuco, representantes de entidades de defesa dos Direitos Humanos, parlamentares e militantes de partidos da esquerda brasileira.

Os recentes acontecimentos na Faixa de Gaza e Israel já motivaram as mortes de mais de 5.200 pessoas, entre elas crianças, mulheres e idosos. Sendo assim, desde o último dia 7 deste mês, protestos, como o que se viu hoje no Recife, foram realizados em várias cidades espalhadas pelo mundo.

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Para a cofundadora da Aliança Palestina Recife, Angélica Reis, manifestações como essas deverão continuar até que o cessar fogo aconteça. Defendendo os civis que residem na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ela fez questão de pontuar que o conflito não pode ser chamado de guerra pois “o confronto não é entre militares”.

“O que acontece na Palestina é um genocídio. A gente não pode nunca classificar isso como uma guerra, pois não é um conflito de país contra país ou de militar contra militar. Israel está definindo o que entra e o que não entra na Faixa de Gaza. Cortaram a comida, eletricidade, combustível, e desde 2014 os palestinos só têm quatro horas de energia por dia. Mesmo com todos esses problemas, o mundo não faz nada. Não olham para as dores dessa população”, pontuou Angélica, bastante emocionada.

Em entrevista, Angélica ainda revelou que tem amigos na Faixa de Gaza, e desde que a região foi atacada por Israel, ela não consegue conversar com nenhum deles. “Desde o início desse caos, eu não consigo conversar com ninguém. Não sei se estão vivos”.

Ela ainda questionou: “Israel está se defendo de que? São eles que ocupam o território da Palestina há 75 anos. Eles roubam o território, matam palestinos, prendem moradores, destroem casas”.

Foto: Guilherme Gusmão/LeiaJá

O militante Pedro Galvão, que também participa da Aliança Palestina Recife, afirmou que o ato tem como objetivo informar as pessoas sobre os acontecimentos no Oriente Médio e os seus desdobramentos, “pois, além do que o mundo já sabe do confronto, existem civis que residem no território da Cisjordânia que também estão sendo atingidos por essas violências”.

“A Aliança convocou esse ato aqui no Recife, se juntando a outros coletivos, movimentos sociais, partidos e instituições que estão preocupadas com essa situação. A gente tem que lembrar que o conflito está acontecendo na faixa de Gaza, mas os palestinos que habitam a Cisjordânia também estão sendo mortos, perseguidos, presos e torturados. Então, nosso principal apelo é do cessar fogo e, de mais uma vez, se sentar para negociar uma solução para esse conflito”, revelou.

Outro manifestante que conversou com o LeiaJá foi Fabiano Falcão, que afirmou que Israel não está apenas enfrentando o grupo Hamas, mas também pessoas inocentes que lutam para sobreviverem diante os bombardeios.

“Eu estou aqui na manifestação porque eu acredito que o que está acontecendo com a Palestina não é uma guerra, porque uma guerra é quando existe paridade, quando as duas partes têm forças parecidas ou iguais. Então isso não é uma guerra, é um massacre, é um genocídio, são todas as palavras que embarcam nessa junção de sentimento”, pontuou.

Os pequenos corpos estão alinhados no chão do necrotério de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, todos pertencentes à mesma família, que perdeu dez membros, oito deles crianças, em um bombardeio israelense no enclave palestino.

Todos fazem parte da família Al-Bakri, de acordo com socorristas e testemunhas. No hospital europeu, os corpos das crianças foram envoltos em panos brancos, que cobrem seus rostos ensanguentados, constatou um fotógrafo da AFP.

A população está pagando um preço alto na guerra desencadeada em 7 de outubro após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas em solo israelense.

Mais de 1.400 pessoas morreram em Israel, a maioria civis, executados por comandos do Hamas. Na Faixa de Gaza, pelo menos 3.785 pessoas, incluindo mais de 1.500 crianças, morreram nos bombardeios israelenses.

O Exército israelense disse nesta quinta-feira (19) que realizou centenas de ataques a estruturas do Hamas nas últimas 24 horas.

No sul do enclave, Diyala, Ayman, Hamada, Zaher, Uday, Jamal, Nabil e Acil, com idades entre dois e cinco anos, todos de uma mesma família, "dormiam quando (os israelenses) destruíram sua casa e ela desabou sobre eles", explicou o patriarca da família Bakri, Abu Mohammad Wafi al-Bakri, de 67 anos.

Segundo testemunhas, eles estavam no térreo de uma casa de três andares, entre Khan Yunis e Rafah, no sul do enclave, e seus corpos foram encontrados uma hora após o bombardeio.

"Nenhum dos meus filhos tem ligação com organizações palestinas. Não havia homens na casa no momento do bombardeio", acrescentou.

Em Rafah, outro bombardeio tirou a vida de uma mãe, Arij Marwan al-Banna, e de suas duas filhas, Sarah e Samya, com menos de 10 anos, segundo fontes médicas palestinas. A mulher havia fugido de sua casa na cidade de Gaza, após um aviso de evacuação do Exército israelense, para se refugiar na casa de seus pais, em Rafah.

Ela estava grávida de sete meses. Os médicos do hospital induziram um parto pós-morte, mas o bebê já nasceu sem vida, de acordo com uma fonte médica.

- Sem remédios, água ou eletricidade -

O pessoal médico de Gaza afirma que não pode mais tratar os feridos devido à falta de remédios, água e combustível para os geradores.

O Ministério da Saúde do Hamas, grupo que governa Gaza, afirmou nesta quinta-feira que o hospital de Deir-al-Balah, no centro do enclave palestino onde vivem mais de dois milhões de pessoas, estava ficando sem material médico.

Uma parte da Faixa de Gaza está sob cerco total de Israel, que cortou o fornecimento de eletricidade, água e combustíveis.

Na cidade de Gaza, Ahmad al-Mulla carrega duas garrafas de plástico. Ele explica que sua mãe o enviou para um ponto de distribuição de água: "Às vezes, esperamos por duas horas para finalmente descobrir que não há mais água".

"Água é vida, nenhum ser humano pode sobreviver sem ela", conta o adolescente.

O governo Lula passou a orientar, informalmente, os servidores a tratarem com neutralidade a guerra em Israel. Nesta quarta-feira (18), Hélio Doyle foi demitido da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) por ter compartilhado uma postagem no seu perfil no X (antigo Twitter) que diz que apoiadores de Israel são "idiotas". A saída do então chefe da empresa pública do cargo ocorreu após o Estadão mostrar a postura dele na rede social.

A recomendação do governo é direcionada, principalmente, a ocupantes de cargos de chefia, segundo informação da CNN. Ao canal de TV, ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse que a orientação é apenas que os servidores usem o bom senso. "Não existe uma recomendação formal. A posição do governo é a posição do presidente. É bom senso", afirmou nesta quinta-feira, 19.

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Desde o ataque do Hamas a Israel no último dia 7, o governo tem recebido críticas por não classificar o grupo como terrorista. O Brasil tem adotado uma postura contrária ao conflito, porém com linguagem cautelosa.

Como mostrou o Estadão, o governo e o PT relutam em classificar o Hamas como terrorista e falham em alinhar o discurso sobre o tema, o que segundo especialistas se deve à influência ideológica do assessor de assuntos internacionais Celso Amorim e da própria legenda.

O presidente e alguns ministros usaram expressões como "ataques terroristas" e "atos terroristas", mas sem associá-las expressamente à organização responsável pelos ataques com assassinatos e sequestros de civis, incluindo crianças, em Israel nos últimos dias. O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA) foi o único integrante do primeiro escalão a classificar o Hamas diretamente como terrorista nas redes sociais.

Nesta quarta, ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou a posição do Brasil, afirmando que o País adota a classificação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para designar entidades terroristas, que não inclui o grupo palestino.

"O Hamas é um partido político também, tem um lado administrativo, e tem duas brigadas, que são o braço armado. Nem a organização como um todo, nem as brigadas foram consideradas organizações terroristas pelo Conselho de Segurança da ONU até agora. Portanto o Brasil segue essa orientação", disse.

No início desta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou a base no Congresso a focar na pauta econômica, como mostrou a Coluna do Estadão. O pedido ocorreu porque a guerra em Israel está sendo usada pela oposição para causar desgaste ao governo, além de dividir os governistas.

Entenda a demissão do presidente da EBC

A mensagem repostada por Hélio Doyle é de autoria do cartunista e ativista político Carlos Latuff, publicada às 21h22 de terça-feira, 17, na rede social. Latuff afirmou: "Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante".

Questionado pelo Estadão sobre a publicação, na manhã desta quarta, Doyle afirmou que defende a existência de Israel e de um Estado Palestino e a coexistência pacífica dos dois povos. Segundo ele, o compartilhamento da postagem representa um repúdio aos danos causados pela contraofensiva israelense.

"Defendo a existência de Israel e de um Estado Palestino, conforme resoluções da ONU, e a coexistência pacífica entre israelenses e palestinos. Condeno a ocupação de territórios palestinos por Israel, assim como qualquer violência contra civis praticada por qualquer um dos lados. Isso significa que, em relação aos fatos recentes, condeno tanto o Hamas quanto o governo de Israel. Ao compartilhar o post, o apoio a Israel ao qual me refiro é quanto aos ataques indiscriminados contra a população de Gaza", afirmou Doyle.

Após a demissão, também no X, Doyle afirmou que o ministro Paulo Pimenta disse que o compartilhamento do post e a repercussão na imprensa criaram "constrangimento ao governo".

"Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a presidência da EBC, agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses", escreveu.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, confirmou a demissão do presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Hélio Doyle, na quarta-feira (18), conforme antecipou a reportagem.

A saída do cargo ocorreu após o Estadão mostrar que Doyle compartilhou no seu perfil no X, antigo Twitter, uma postagem que dizia que apoiadores de Israel são "idiotas".

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Em publicação nas redes sociais, Pimenta citou a "larga experiência e reconhecida competência na área da comunicação brasileira" do agora ex-presidente da EBC. Segundo ele, o jornalista prestou "importante serviço" para a empresa de comunicação, a Secom e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (19) que a guerra contra o grupo terrorista Hamas será longa. "Esta é a guerra moderna contra os bárbaros, os piores do planeta. Será uma guerra longa", apontou Netanyahu, durante pronunciamento ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, que está em Israel.

Sunak reiterou apoio do Reino Unido a Israel em meio ao conflito com o grupo terrorista Hamas. "Quero que vocês saibam que o Reino Unido e eu estamos com vocês", disse ao desembarcar em Tel Aviv. O premiê também se encontrou com o presidente de Israel, Isaac Herzog. O líder britânico deve visitar outros países da região.

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O primeiro-ministro do Reino Unido ressaltou que Israel tem o direito de se defender de acordo com o direito internacional, além de reforçar a sua segurança. "Sei que vocês estão tomando precauções para evitar ferir civis, em contraste direto com os terroristas do Hamas, que procuram colocar os civis em perigo", completou o premiê britânico. Sunak também afirmou que os palestinos são vítimas do grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.

Antes de partir para a sua viagem, Sunak prometeu que o Reino Unido examinaria de forma independente a explosão no Hospital al-Ahli, em Gaza. "Qualquer perda de vidas inocentes é uma tragédia terrível. (…) Não devemos fazer julgamentos precipitados antes de termos todos os fatos sobre esta terrível situação", disse ele antes da visita.

Chanceler britânico viaja pelo Oriente Médio

O chanceler britânico, James Cleverly, está numa viagem de três dias pelo Oriente Médio, onde deverá realizar reuniões com líderes de toda a região para discutir a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, segundo informou o seu gabinete em um comunicado.

Cleverly, que visitou Israel na semana passada, tem um encontro marcado com autoridades governamentais no Egito, na Turquia e no Catar "para ajudar a evitar que o conflito se espalhe pela região e para buscar uma resolução pacífica", segundo o comunicado do chanceler. Ele disse que não era do interesse de ninguém que outros países entrassem na guerra.

"Estou me reunindo com homólogos de Estados influentes na região para pressionar pela calma e estabilidade, facilitar o acesso humanitário a Gaza e trabalhar em conjunto para garantir a libertação de reféns", disse Cleverly, que iniciou a sua viagem na quarta-feira (18).

Ajuda humanitária

Em pronunciamento na segunda-feira, 16, Sunak afirmou que o governo do Reino Unido aumentou em um terço a ajuda humanitária do país aos palestinos, com o fornecimento de 10 milhões de libras adicionais (61,2 milhões de reais).

"Devemos apoiar o povo palestino, já que também é vítima do grupo terrorista Hamas", declarou o líder do governo conservador perante o Parlamento.

Sunak também informou um novo número de pelo menos seis britânicos mortos e dez desaparecidos nos ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro. (Com agências internacionais).

O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) KC-30 procedente de Tel Aviv, em Israel, pousou na madrugada desta quinta-feira (19) no Rio de Janeiro com 219 brasileiros repatriados da zona de guerra no Oriente Médio. Eles trouxeram 11 animais de estimação no voo. Com isso, chegou a 1.135 o número de brasileiros atendidos pela Operação Voltando em Paz, do governo federal.  

De acordo com a lista mais atualizada do Itamaraty, restam 150 brasileiros ainda interessados em deixar a região, sendo cerca de 120 em Israel e cerca de 30 na Faixa de Gaza. 

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Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o próximo voo que deve trazer os brasileiros será feito por um KC-30, da FAB, com capacidade para mais de 200 pessoas. Isso vai permitir o transporte de todos os brasileiros em Israel mais 15 estrangeiros da Argentina, do Uruguai, Paraguai e da Bolívia que pediram ajuda ao Brasil para sair da região.  

O problema é o grupo de brasileiros na Faixa de Gaza, pois não há previsão para saída de pessoas do enclave palestino. Um avião presidencial já está no Cairo, capital do Egito, aguardando autorização para tirar os brasileiros pela fronteira com o Egito.  

“Depende um pouco de uma série de questões. Tanto do lado de Israel, também das autoridades de Gaza, quanto do lado do Egito, para se chegar a um acordo”, destacou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, nessa quarta-feira (18) em Brasília. 

Vieira acrescentou que os guichês de atendimento para sair da Faixa de Gaza são poucos e que existem cerca de 5 mil estrangeiros querendo sair de lá. “Por todas essas questões práticas ainda não foram abertas as passagens e não pôde haver a saída dos brasileiros e dos outros nacionais”, acrescentou.

Israel autorizou nesta quarta-feira (17) a entrada de ajuda humanitária em Gaza a partir do Egito, após pressão de aliados internacionais, principalmente do presidente dos EUA, Joe Biden, que esteve ontem em Tel-Aviv reunido com o premiê, Binyamin Netanyahu. A decisão acaba com dez dias de cerco total ao enclave em um conflito que já matou 4,6 mil pessoas - 1,4 mil israelenses e 3,2 mil palestinos.

O governo de Israel, porém, impôs uma condição: carregamentos limitados que não devem chegar às mãos do Hamas - embora não se saiba como os militares israelenses fariam esse controle. O acordo foi anunciado por Biden. Antes de embarcar de volta para os EUA, ele falou por telefone como presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, que deu sinal verde para a operação.

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Segundo Biden, o Egito permitiria a entrada de 20 caminhões de ajuda humanitária como um teste, mas sem dizer quando. "Se os militantes do Hamas interceptarem a ajuda, ela será encerrada. Mas, se não o fizerem, o Egito deixará entrar mais suprimentos", disse o presidente americano.

Apoio

O Egito é o único país - além de Israel - que faz fronteira com Gaza, por isso qualquer decisão deve passar necessariamente pelo aval do Cairo. O governo egípcio, por enquanto, se mantém irredutível quanto a abrir a passagem para refugiados. Sissi teme que os palestinos sejam impedidos de voltar futuramente ao enclave.

Ontem, Sissi afirmou que a presença de palestinos no Sinai, do lado egípcio da fronteira, criaria um outro problema: caso eles disparassem foguetes contra Israel, o Egito estaria sujeito a eventuais bombardeios israelenses. O presidente do Egito, no entanto, sugeriu que não se oporia à criação de campos de refugiados de Gaza no Deserto de Negev, dentro de Israel, para esvaziar o enclave e facilitar uma invasão por terra.

A decisão de permitir a entrada de ajuda humanitária foi tomada horas depois de um foguete destruir o hospital Al-Ahli, em Gaza, matando cerca de 500 palestinos. Israel diz ter provas de que a explosão foi causada por um artefato defeituoso lançado pela Jihad Islâmica, que atua muitas vezes em coordenação com o Hamas.

Ontem, Biden endossou a versão israelense. "Fiquei profundamente indignado com a explosão do hospital em Gaza", disse o presidente americano, ao lado de Netanyahu. "Mas, com base no que vi, parece que ela foi causada pelo outro time, não por você."

Os palestinos responsabilizam um ataque aéreo de Israel pela destruição do hospital. A Jihad Islâmica diz que não fez lançamentos no momento da explosão.

No passado, foguetes palestinos já falharam e atingiram civis em Gaza. Israel afirma que, desde que a guerra começou, mais de 400 caíram dentro do enclave. Ao mesmo tempo, funcionários da ONU e médicos afirmaram que o hospital Al-Ahli já havia sido atacado antes por Israel. Nenhuma das versões pode ser verificada de maneira independente.

Despedida

Antes de deixar Israel, Biden fez um discurso emocionado sobre o conflito e a alertou para o risco de deixar a indignação coletiva influenciar as decisões dos israelenses. "Vocês sentem raiva, mas não se deixem consumir por ela. Depois do 11 de Setembro, nós ficamos com raiva nos EUA. Enquanto buscávamos justiça, também cometemos erros." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou, pela primeira vez, sobre o ataque ao Hospital Baptista Al-Ahli, na cidade de Gaza. Na avaliação do presidente, o episódio é uma "tragédia injustificável" e reforçou apelo contra agressões a civis.

"O ataque ao Hospital Baptista Al-Ahli é uma tragédia injustificável. Guerras não fazem nenhum sentido. Vidas perdidas para sempre. Hospitais, casas, escolas, construídas com tanto sacrifício destruídas em instantes", escreveu Lula, em publicação no X, antigo Twitter. "Refaço este apelo. Os inocentes não podem pagar pela insanidade da guerra."

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O ataque aéreo ocorreu nesta terça-feira (17), e de acordo com o Ministério da Saúde do território palestino, governado pela ala política do grupo Hamas, deixou pelo menos 500 mortos no hospital da Faixa de Gaza. Vários hospitais na Cidade de Gaza tornaram-se refúgios para centenas de pessoas, na esperança de serem poupadas dos bombardeios, depois de Israel ter ordenado que todos os residentes da cidade se retirassem para o sul da Faixa de Gaza.

O Exército israelense disse que o hospital não estava entre os seus alvos e responsabilizou, sem provas, a Jihad Islâmica, um outro grupo palestino, pelo bombardeio. As forças armadas israelenses também questionaram a credibilidade das autoridades civis em Gaza, ligadas ao Hamas, ao informarem sobre o ataque. Israel costuma afirmar ainda que lideranças do Hamas usam hospitais para se esconder e os pacientes como escudos humanos.

Na semana passada, Lula fez um apelo para que a Organização das Nações Unidas (ONU) faça uma intervenção humanitária internacional na Faixa de Gaza. Ele ainda condenou o ataque a civis e pediu um cessar-fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas.

Centenas de palestinos morreram nesta terça-feira (17) após um míssil atingir um hospital de Gaza onde milhares de civis se abrigavam. Autoridades palestinas culparam Israel, que rejeitou a acusação e atribuiu a explosão a um foguete com defeito lançado pela Jihad Islâmica - grupo aliado do Hamas. Autoridades palestinas registraram mais de 500 mortes no local.

Enquanto os dois lados tentavam vencer a guerra de narrativas, a notícia da destruição do Hospital Al-Ahli - fundado na década de 1880 por missionários anglicanos - teve efeitos diplomáticos. O líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, declarou luto de três dias e cancelou a reunião marcada para hoje com o presidente dos EUA, Joe Biden, em Amã.

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Em seguida, a Jordânia cancelou o encontro, que teria a presença do presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e do rei Abdullah, da Jordânia. Os governos egípcio e jordaniano emitiram um comunicado condenando "nos termos mais fortes possíveis" o ataque "bárbaro" ao hospital em Gaza. Irã e Turquia usaram tons parecidos para demonstrar indignação.

A explosão que deixou mais de 500 mortos complicou os planos de Biden. O americano deve se reunir hoje com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para transmitir seu apoio. Mas o presidente americano parece ter poucos argumentos para convencer os aliados árabes. Na Arábia Saudita, um conselheiro da família real afirmou que as negociações para normalização das relações com Israel estavam mortas.

Crise

Protestos eclodiram ontem em diversas cidades do Oriente Médio e do Norte da África. Os mais intensos foram registrados no Líbano, Tunísia, Turquia, Irã e na Cisjordânia. Em sua maioria, os atos se concentraram diante de embaixadas de Israel, EUA e França.

Em Amã, na Jordânia, manifestantes tentaram incendiar a embaixada de Israel. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram uma multidão diante do prédio, cercado por forças de segurança. Segundo o governo jordaniano, o ato foi contido e não houve invasão.

A repercussão, no entanto, não ficou restrita ao Oriente Médio. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que o ocorrido no hospital não era "aceitável". "Existem regras nas guerras e não é aceitável atingir um hospital." Biden também se disse horrorizado com as mortes no hospital.

Escola

Uma escola da ONU foi bombardeada ontem, deixando pelo menos seis mortos e dezenas de feridos. O local atacado é um complexo de oito escolas em Al-Maghazi, região central de Gaza. Segundo a ONU, cerca de 4 mil pessoas se abrigavam nas instalações.

Palestinos que se deslocaram para o sul de Gaza após ordem do Exército de Israel cogitam voltar para suas casas no norte, em razão dos bombardeios israelenses ao sul. Israel admite os ataques, que alega terem como alvo líderes do Hamas. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou nesta quarta-feira (18) a Israel, para expressar solidariedade ao país, que está em guerra com o grupo palestino Hamas, que governa a Faixa de Gaza.

Biden desembarcou no país um doa após uma explosão em um hospital de Gaza, que deixou centenas de mortos e provocou uma troca de acusações entre Israel e as milícias palestinas.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recebeu Biden na pista do aeroporto Ben Gurion, Os dois governantes se abraçaram.

Biden e Netanyahu conversaram rapidamente na pista, cercados por guardas, sob medidas de segurança rigorosas mesmo para o presidente americano, antes que as comitivas partissem para um hotel em Tel Aviv, onde acontecerão reuniões.

Centenas de policiais e soldados armados estão posicionados nos arredores do hotel, com atiradores nos telhados dos edifícios próximos.

Tel Aviv fica a apenas 65 quilômetros da Faixa de Gaza, que Israel bombardeia sem trégua desde o ataque executado por milicianos do movimento palestino Hamas, que governa o pequeno enclave, em 7 de outubro.

O Ministério da Saúde de Gaza disse que um ataque aéreo israelense atingiu um hospital da cidade de Gaza lotado de feridos e outros palestinos em busca de abrigo, matando centenas de pessoas. Se confirmado, o ataque será, de longe, o aéreo israelita mais mortífero em cinco guerras travadas desde 2008.

Fotos do Hospital al-Ahli mostraram fogo consumindo os corredores, vidros quebrados e partes de corpos espalhadas pela área.

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O ministério disse que pelo menos 500 pessoas foram mortas.

Vários hospitais na Cidade de Gaza tornaram-se refúgios para centenas de pessoas, na esperança de serem poupadas aos bombardeamentos depois de Israel ter ordenado que todos os residentes da cidade e áreas circundantes evacuassem para o sul da Faixa de Gaza.

O porta-voz militar israelense, contra-almirante Daniel Hagari, disse que ainda não há detalhes sobre as mortes no hospital. "Vamos obter os detalhes e atualizar o público. Não sei dizer se foi um ataque aéreo israelense." Fonte: Associated Press.

A Embaixada do Brasil na Palestina ajudou a fornecer alimentos, água e remédios para os brasileiros que estão na Faixa de Gaza enquanto aguardam liberação do Egito para embarcarem de volta ao País. Ao todo, o grupo é formado por 28 pessoas (14 delas, crianças).

Desde o início do conflito entre Israel e os terroristas do Hamas, o território palestino sofre uma escassez de recursos devido ao bloqueio feito pelos israelenses. A água é racionada - boa parte dela está contaminada -, e os suprimentos estão acabando, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

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"Todo este tempo, a gente estava sem água para beber", diz o palestino Hasan Rabee, que tem nacionalidade brasileira, em um vídeo compartilhado com o Estadão pelo embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas.

Hasan Habee mora em São Paulo e foi visitar a família em Gaza. Ele recebeu suprimentos na casa onde está hospedado- Frame de Vídeo/Arquivo Pessoal

"(Tem) comida, bastante água, dá para bastante dias. Agradeço muito por essa alimentação, a gente estava louco para beber água boa", afirma Rabee, enquanto suas duas filhas pequenas abrem as garrafas de água mineral.

De acordo com o relato de Rabee nas redes sociais, suas duas filhas estão bem, mas assustadas com a situação em Gaza. Segundo ele, há dois dias uma bomba caiu próximo ao local onde estão alojados. Rabee afirmou ainda que não conseguia comprar pão e tinha que se deslocar para carregar o aparelho celular.

Em um dos vídeos compartilhados pelo embaixador, a jovem brasileira Shahed Al Banna aparece em um mercado, acompanhada de seu pai, comprando mantimentos com a ajuda da Embaixada. "Estamos conseguindo comprar alimentação, água, remédios. Estamos conseguindo comprar tudo", diz. "Obrigado a todos por estarem conosco."

Fotos dos carrinhos de supermercado mostram que foi possível conseguir ovos, legumes, leite, biscoitos e macarrão.

Brasileiros aguardam liberação do Egito

Ao todo, 28 pessoas (14 delas, crianças) que nasceram no Brasil, são filhos de brasileiros ou possuem a cidadania brasileira aguardam a abertura da fronteira entre Gaza e Egito. Algumas delas chegaram ao Brasil pela primeira vez como refugiados de conflitos anteriores na região, moraram por algum tempo no País e retornaram à sua terra natal quando a tensão na região parecia ter se acalmado. Agora têm de sair às pressas novamente.

Todos serão trazidos ao Brasil por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que está, neste momento, em Roma, na Itália, aguardando a liberação do Egito. No sábado, 14, a embaixada do Brasil disponibilizou ônibus para levar o grupo para cidades ao sul de Gaza, próximo à fronteira com o Egito. O objetivo do governo era mantê-los seguros contra bombardeios de Israel, que têm sido mais intensos no norte - apesar de já afetarem o sul também, como relatou Rabee - e acelerar o processo de saída deles de Gaza.

Três homens, três mulheres e quatro crianças estão hoje em Rafah, cidade palestina de onde se pode ir andando até a fronteira. Outros três homens, cinco mulheres e dez crianças estão em Khan Younes, há 10 quilômetros do Egito. Eles estão alojados em casas alugadas pela embaixada.

O governo brasileiro já tem um esquema preparado para levar os brasileiros, por ônibus, ao aeroporto egípcio. Segundo Candeas, isso será feito o mais rápido possível, assim que houver a liberação da fronteira. O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e a Embaixada do Brasil no Egito negociam com o País africano, assim como outros países, como Estados Unidos, a abertura da fronteira para estrangeiros.

Filha e neta de brasileiros, a israelense Tchelet Fishbein Za'arur (ou Celeste, como a família a chamava em português) foi encontrada morta. A informação foi confirmada ao Estadão pela familiar Rinat Balazs e pela mãe de Celeste, nas redes sociais. Ela tinha 18 anos e havia sido sequestrada pelo Hamas.

"Meu azul agora é um anjo. Uma mulher jovem e pura cuja vida inteira estava diante de mim", escreveu a mãe de Celeste, Gladys Fishbein, em uma publicação feita no Facebook nesta terça-feira (17).

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Celeste, que morava em kibutz próximo da Faixa de Gaza, estava desaparecida desde 7 de outubro, quando os terroristas invadiram Israel e deram início a uma série de ataques. Diversas casas foram invadidas.

Na sexta-feira à noite, dia 6, um dia antes do atentado, ela jantou com a avó de 94 anos, a mãe e o irmão. Em seguida, foi para a casa. De acordo com relatos de familiares, em meio aos ataques do Hamas, Celeste chegou a se esconder em um bunker com o namorado, mas depois não deu mais notícias a família.

No sábado passado, dia 14 o exército israelense confirmou que ela estava na lista de sequestrados pelo Hamas. Não havia DNA compatível com o de Celeste entre as vítimas do atentado. O namorado dela segue desaparecido.

Celeste não tinha nacionalidade brasileira - o pai é israelense - e trabalhava como babá. A mãe dela, Gladys Fishbein, e a avó, Sarah Fishbein, são brasileiras.

A mãe de Celeste é prima-irmã de Flora Rosenbaum, brasileira que, em 2001, ficou ferida num atentado, depois que um terrorista suicida detonou uma bomba no momento em que ela passava com a família na frente da pizzaria Sbarro, em Jerusalém. Um dos mortos no episódio foi o marido de Flora, Jorge Balazs, de 69 anos.

Na segunda-feira, 16, Flora publicou um vídeo em suas redes sociais fazendo um apelo pela vida de Celeste. "Mais uma brasileira no meio deles. Ela tem 18 anos, cuida de crianças. Não está fazendo o exército porque ela tem trauma de 12 anos atrás, ela também foi ferida por um foguete que atiraram de Gaza. Ela ainda tem os estilhaços no corpo. Eu peço que alguém interceda em favor dela", declarou.

O exército de Israel disse, na segunda-feira, que 199 pessoas foram sequestradas pelo grupo terrorista Hamas no ataque violento de 7 de outubro, segundo um balanço atualizado. O número anterior citava 155 pessoas. Também na segunda-feira, o Hamas divulgou o vídeo de uma refém israelense de 21 anos capturada em Gaza, a primeira prova viva de um refém. Nas imagens, ela afirmou que "eles" estavam cuidando dela e dando remédios.

O odor é insuportável no Centro Nacional de Medicina Forense de Tel Aviv, que está lotado de corpos carbonizados, mutilados, em decomposição. O local recebe os restos mortais dos israelenses massacrados pelo Hamas que passam pelo processo de identificação.

Os corpos estão em todos os lados, em muitos casos apenas pedaços. Os legistas tentam montar as peças do quebra-cabeça macabro.

Antes dos exames, os cadáveres são colocadas em macas, dentro de sacos plásticos grossos. Alguns são pequenos, do tamanho de uma criança.

Cada resto mortal recebe um número, e os corpos chegam de todos os lados, em macas empurradas por homens, a maioria voluntários, e muitos deles judeus ortodoxos.

Na religião judaica, um corpo só pode ser enterrado quando está inteiro.

"Decidimos expor este horror, porque há pessoas que nos acusam de mentir, de inventar histórias e de mostrar ossos de cães", afirmou o diretor do centro, o médico Hen Kugel, que não consegue conter as lágrimas.

Ele mostra um emaranhado de ossos e carne unidos por um cabo elétrico. Com o exame de imagem, explica, "vemos claramente que há duas colunas vertebrais. De um homem ou uma mulher, não sabemos, e a de uma criança. A postura dos dois corpos mostra que o adulto tentou proteger a criança. Foram amarrados e queimados vivos".

O doutor Kugel volta a chorar. "Nunca vi tanta barbárie, tanta crueldade, algo tão implacável. É simplesmente atroz".

- Corpos sem cabeça -

As autoridades israelenses informaram que mais de 1.400 pessoas morreram no ataque executado em 7 de outubro por centenas de islamitas do Hamas, que partiram da Faixa de Gaza e entraram nas localidades israelenses próximas do enclave palestino.

Desde então, Israel bombardeia sem trégua a Faixa de Gaza, onde mais de 2.750 pessoas morreram, segundo as autoridades.

Além dos sete legistas do centro de Tel Aviv, um antropólogo, um radiologista e sete geneticistas participam do processo de identificação, auxiliados por quase 30 voluntários.

Todos afirmam que é surpreendente que os pulmões das vítimas estivessem repletos de fumaça. Outros corpos estavam com marcas de tiros nas costas. Alguns tinham as mãos perfuradas por lâminas, ou projéteis, o que mostra que lutaram corpo a corpo contra os agressores.

"Não sabemos quantos bebês morreram, nem quantos idosos. Também há muitos corpos sem cabeça. Ainda levará algum tempo para identificar todas as pessoas", admite o doutor Kugel.

Todos os integrantes de uma família ucraniana - que fugiram da guerra em seu país - morreram no ataque.

Também há cidadãos americanos e "talvez de outras nacionalidades", afirmou o legista Hagar Mizrahi.

Atrás dele, uma porta é aberta: em uma longa mesa de metal está um corpo de tom acinzentado. É impossível dizer se a vítima é homem ou mulher, mas é possível observar tatuagens nas costas e membros inchados. A vítima não foi queimada viva, mas os impactos dos tiros são visíveis.

- "Odor" -

Nurit Boublil, diretor da unidade de identificação genética, explica que centenas de corpos foram enviados ao centro, e muitos foram identificados.

"Tudo fica mais difícil, porque muitas vezes os torturados foram amarrados juntos. É possível que em um único saco tenhamos dois corpos, talvez três", disse.

Antes da transferência para o centro médico, alguns corpos passaram pela base militar de Shura, perto de Ramla (centro), onde estavam em contêineres refrigerados para aguardar o processo de identificação.

Entre os médicos e legistas, o ex-grande rabino do Exército Israel Weiss comparece ao local para prestar ajuda.

"Abro as portas dos contêineres, vejo os corpos, sinto o odor, deixo que encha meus pulmões e o meu coração, mas o que sinto é sua dor e desaparecimento", disse Weiss.

O rabino e outros integrantes da equipe que examinaram os corpos afirmam que muitas vítimas foram torturadas, estupradas, ou sofreram outros tipos de maus-tratos.

"Nunca em minha vida observei tais horrores", declarou o rabino diante dos contêineres, que recebem até 50 corpos.

O grupo terrorista Hamas divulgou nesta segunda-feira (16) o vídeo de uma refém israelense de 21 anos levada para Gaza. Segundo o jornal israelense Haaretz, a jovem foi reconhecida pela família. O governo de Israel disse ontem que 199 pessoas foram sequestradas e estariam presas no enclave palestino.

"Eles estão cuidando de mim, me dando remédios. Só peço que me levem de volta para casa o mais rápido possível, para minha família, meus pais, meus irmãos. Por favor, me tirem daqui o mais rápido possível", disse a jovem franco-israelense.

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A refém, que acrescentou ter 21 anos e ser natural da cidade israelense de Shoham, aparece no vídeo em um determinado momento também deitada em uma cama com o braço ferido, enquanto um profissional de saúde cuida e faz um curativo nela.

A jovem, identificada como Maya Sham, foi raptada no início da manhã do dia 7 quando saía da festa perto de Gaza, onde pelo menos 260 pessoas foram massacradas e outras capturadas durante o ataque terrestre, marítimo e aéreo do Hamas que apanhou Israel de surpresa.

Ferimentos

Ela acrescentou que foi "ferida gravemente no braço" no momento em que foi sequestrada. Após ser levada para Gaza, Maya disse ter sido tratada em um hospital durante três horas.

Em resposta à divulgação do vídeo, Daniel Hagari, porta-voz do Exército israelense, afirmou ter informado à família de Maya há uma semana que ela tinha sido sequestrada pelo grupo terrorista. Ele acusou o Hamas de tentar se "apresentar como uma organização humana, quando é uma organização terrorista responsável pelo assassinato e sequestro de bebês, mulheres, crianças e idosos".

Ontem, Israel informou que notificou as famílias sobre a identidade de 199 pessoas mantidas em cativeiro em Gaza e outras milícias palestinas, segundo Hagari. "Os esforços relacionados aos reféns são uma prioridade nacional", disse o porta-voz. "O Exército e Israel trabalham dia e noite para libertá-los."

No entanto, forças israelenses lançaram bombardeios intensos no enclave palestino nos últimos dez dias, nos quais pelo menos 26 reféns teriam morrido, de acordo com o Hamas, embora o grupo não tenha fornecido provas disso.

O vídeo com o curto depoimento de Maya foi divulgado pouco depois de o Hamas ter divulgado imagens de seu porta-voz, Abu Obeida, anunciando que o grupo planeja libertar reféns estrangeiros detidos em Gaza. Obeida afirmou que os reféns são considerados seus "convidados" e serão libertados quando as "condições no terreno" forem cumpridas.

Negociação

Segundo ele, o Hamas capturou cerca de 200 pessoas, enquanto outras milícias têm pelo menos mais 50 reféns. Os grupos palestinos exigiram a libertação de milhares de prisioneiros nas prisões israelenses em troca dos sequestrados na Faixa de Gaza.

Em Israel, o número de vítimas do ataque do dia 8 chegou a 1,4 mil. A identificação dos mortos está progredindo lentamente. Segundo o governo israelense, equipes forenses trabalham sem parar para recolher provas de DNA de parentes dos desaparecidos para comparar informações.

De acordo com os últimos dados disponíveis, dos 936 corpos de civis recebidos pelos peritos, 615 foram identificados e 494 entregues às famílias para sepultamento.

Família afirma que neta de brasileiros está entre os sequestrados

A jovem Tchelet Fishbein Za'arur (ou Celeste, como a família a chama em português), de 18 anos, de família brasileira, está entre os sequestrados pelo Hamas, de acordo com parentes.

No dia do ataque, Celeste chegou a se esconder em um bunker com o namorado, mas logo depois não deu mais notícias a família.

No sábado, um dia após o ataque, depois de a família não ter encontrado DNA compatível com o da jovem entre as vítimas, o Exército israelense confirmou que ela está na lista de sequestrados pelo Hamas. Celeste não tem nacionalidade brasileira - o pai é israelense - e trabalha como babá. Ela mora em um kibutz perto de Gaza. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Intensos bombardeios foram registrados na manhã desta terça-feira (17), no sul da Faixa de Gaza, nas cercanias das cidades de Khan Younis e Rafah. O governo de Israel ordenou que os palestinos buscassem refúgio na região, após a ordem para a evacuação do norte do enclave palestino, na quinta-feira (12) passada.

Relatos de testemunhas indicam que o ataque israelense teve como alvos o oeste e o sudeste de Khan Younis e o oeste de Rafah, onde milhares de palestinos e estrangeiros estão reunidos à espera da liberação da passagem para o Egito.

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Fonte: Associated Press.

Em meio a temores de uma incursão de Israel contra o Hamas em Gaza, estrangeiros aguardam há dias a movimentação diplomática para que o Egito abra a passagem fronteiriça de Rafah, no sul do enclave palestino, para deixar o local, que é alvo de um cerco das Forças Armadas israelenses.

Pelo menos 28 brasileiros sofrem há dias para deixar Gaza em segurança. O grupo conseguiu chegar ao sul e está concentrado entre as cidades de Rafah e Khan Younis, perto do Egito, mas se deparou com a fronteira fechada. Junto com eles, o governo tenta resgatar mais seis palestinos que têm residência no Brasil, mas ainda não conseguiu embarcá-los.

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Hasan Rabee está na lista de resgate e conta que a situação é dramática. Em vídeo nas redes sociais, ele relatou que saiu para procurar pão e carregar o celular quando se deparou com uma explosão. "Atacaram uma casa de civis, tem bastante gente ferida, o resgate ainda não está funcionando, os hospitais colapsaram, pessoas feridas estão correndo na rua. Está muito difícil."

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) aguarda em Roma, na Itália, a abertura da fronteira para buscar os 28 brasileiros. O grupo tem 14 crianças, 8 mulheres e 6 homens - 22 deles nasceram no Brasil, 3 são imigrantes palestinos e 3 são palestinos que possuem cidadania brasileira.

Apoio

Assim que autorizada a passagem dos brasileiros, o avião da FAB deve se deslocar até o Egito para fazer o resgate, informou ontem o Itamaraty. Enquanto isso, os brasileiros têm recebido apoio psicológico da embaixada. Uma profissional foi contratada em Gaza para fazer o acompanhamento das famílias. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Brasileiros repatriados têm tentado afastar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da operação de resgate no Oriente Médio, atribuindo a ação a outros políticos. Desde o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, no último dia 7, 916 pessoas foram retiradas da região de conflito pelo governo federal, em viagens organizadas pelos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa.

Até esta segunda-feira (16), cinco voos da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxeram brasileiros, a maioria turistas, para o País. O governo também lidera a saída da zona de guerra por meio de voos comerciais.

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O pastor Felippe Valadão, líder da Igreja Batista Lagoinha, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, um dos resgatados em Israel, afirmou que Lula "nada tem a ver" com a sua repatriação. Ele voltou ao País na última quarta-feira (11) em um voo comercial. Valadão havia ficado preso com um grupo de 103 fiéis em Jerusalém.

Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Valadão afirmou em culto e nas redes sociais que o responsável por seu resgate foi o deputado federal Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ).

"Eu quero agradecer publicamente à pessoa responsável por ativar a FAB. Tem gente aí achando que é o Lula que está fazendo isso, mas não é não. A pessoa que é responsável por isso é o deputado Áureo", disse o pastor nas redes sociais.

Outra brasileira atribuiu ao prefeito de Sorocaba, Rodrigo Maganhato (Republicanos), aliado do ex-presidente, o resgate em Tel Aviv. "Graças a Deus a gente saiu. A FAB colocou o nosso nome na lista graças ao prefeito Rodrigo Maganhato e sua equipe de Sorocaba", disse em entrevista para a TV Globo. A mulher, que fazia turismo religioso em Jerusalém, voltou ao Brasil no primeiro voo organizado pelo governo.

O primeiro avião enviado pela FAB para resgate dos brasileiros em Israel chegou a Brasília na madrugada do dia 11, quatro dias após o primeiro ataque do grupo terrorista Hamas contra o território israelense. A operação foi conduzida de forma conjunta entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa e contou também com outras cinco aeronaves. Com um novo voo previsto para quarta-feira (18), mais de mil brasileiros terão sido repatriados.

A operação de resgate recebeu elogios do assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que parabenizou o ministro da Defesa de Lula, sem citar o presidente. "Como brasileiro e judeu reconheço e agradeço a impecável atuação do ministro da Defesa, José Múcio - e da FAB - que comanda com eficiência a repatriação de brasileiros que estavam em Israel, como já ocorrido no conflito Rússia-Ucrânia", afirmou na plataforma X (antigo Twitter).

O conflito entre Hamas e Israel resultou na morte de três brasileiros: Ranani Nidejelski Glazer (24), Bruna Valeanu (24) e Karla Stelzer Mendes (41). Como mostrou o Estadão, uma filha e neta de brasileiros, a jovem Tchelet Fishbein Za'arur (ou Celeste como a família a chama em português), de 18 anos, está em poder dos terroristas após ser sequestrada no último dia 7. Segundo Israel, cerca de 150 pessoas são mantidas como reféns em Gaza.

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