O ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, chegou ao Marrocos nesta quarta-feira (11), em sua primeira visita oficial ao país, sete meses depois da normalização das relações entre Rabat e o Estado hebreu - informou seu gabinete no Twitter.
"Aterrissamos em Marrocos. Orgulhoso de representar Israel nesta visita histórica", tuitou Lapid, logo que o avião pousou.
Lapid se reúne hoje com o chanceler marroquino, Nasser Burita, e, na quinta-feira (12), inaugura uma representação diplomática israelense em Rabat. Nestes dois dias de viagem ao país, Lapid também deve visitar a sinagoga Beth-El, em Casablanca.
Antes do encontro ministerial, a delegação israelense deve ir ao mausoléu real, onde estão enterrados os reis Hassan II e Mohamed V.
Conforme o Ministério das Relações Exteriores do país anfitrião, esta visita será a ocasião para assinar três novos acordos de cooperação.
Depois de Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Sudão, o Marrocos foi o quarto país árabe a anunciar, em 2020, a normalização de suas relações com Israel, após mediação do governo americano. Em troca, ganhou o reconhecimento, por parte dos Estados Unidos, de sua "soberania" sobre a ex-colônia espanhola do Saara Ocidental.
A comunidade judaica do Marrocos é a maior do Norte da África (cerca de 3.000 pessoas). Os quase 700.000 israelenses de ascendência marroquina mantiveram laços muito fortes com seu país de origem.
Esta primeira visita oficial acontece pouco mais de duas semanas após o lançamento de voos comerciais diretos entre Israel e Marrocos.
Em junho, Lapid esteve nos Emirados Árabes Unidos, onde inaugurou uma embaixada israelense em Abu Dhabi.
- Cooperação -
Antes da pandemia da covid-19, entre 50.000 e 70.000 turistas israelenses, a maioria deles de origem marroquina, visitavam o reino anualmente. Para chegar, porém, precisavam transitar por terceiros países.
Em dezembro de 2020 aconteceu o primeiro voo direto, levando funcionários israelenses de Tel Aviv para Rabat. Na data, foram assinados acordos bilaterais, em particular sobre cooperação econômica.
Em julho passado, em Rabat, Marrocos e Israel também assinaram outro acordo, desta vez em matéria de ciberdefesa. O pacto engloba "cooperação operacional, pesquisa, desenvolvimento e troca de informações", informou a Direção Nacional de Cibersegurança israelense em seu perfil no Facebook.
Recentemente, o reino foi acusado de usar o software espião "Pegasus", desenvolvido pela empresa israelense NSO. Rabat negou, de forma categórica, "acusações falsas e infundadas" e iniciou ações judiciais.
Os palestinos denunciaram, por sua vez, os acordos de normalização entre Israel e os países árabes, chamando-os de "traição". Até então, a solução do conflito palestino-israelense sempre foi considerada uma condição prévia para qualquer normalização das relações.
Depois de anunciar a retomada das relações bilaterais, o rei Mohamed VI assegurou ao presidente palestino, Mahmud Abbas, a continuidade do "compromisso permanente e sustentado do Marrocos com a justa causa palestina".
De fato, no Marrocos, a causa palestina continua a mobilizar a sociedade civil, e alguns partidos islâmicos e de extrema esquerda se opõem à normalização das relações entre seu país e o Estado judeu. Para muitos, "esta visita é uma ofensa ao povo marroquino e uma traição aos palestinos".