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Mais de um quarto das mortes de crianças com menos de cinco anos pode ser atribuído à poluição ambiental, indica a Organização Mundial da Saúde (OMS) em dois relatórios divulgados nesta segunda-feira (6).

A cada ano, os riscos ambientais - poluição do ar, fumo passivo, água contaminada, falta de saneamento e higiene deficiente - causam a morte de 1,7 milhão de crianças menores de cinco anos anos no mundo, aponta a OMS em um comunicado.

Entre elas, 570.000 crianças morrem de infecções respiratórias (como, por exemplo, pneumonia), devido à poluição do ar interior e exterior e ao tabagismo passivo, e 361.000 outras morrem de doenças diarreicas, devido à falta de acesso a água potável e meios de higiene e saneamento básico.

"Um ambiente poluído é mortal, especialmente para crianças muito novas", lamenta a Dra. Margaret Chan, diretora-geral da OMS, citada no comunicado.

"As crianças muito novas são particularmente vulneráveis ​​à poluição do ar e da água, porque seus corpos e sistemas imunes ainda estão em processo de desenvolvimento e seu corpo, incluindo suas vias aéreas, são menores", acrescenta.

Segundo a OMS, muitas das doenças que são as principais causas de mortes de crianças com idade entre um mês a cinco anos - diarreia, malária e pneumonia - poderiam ser evitadas através de intervenções "simples e eficazes para reduzir os riscos ambientais, tais como o acesso à água potável e ao uso de combustíveis limpos para cozinhar".

A OMS explica que, por exemplo, as mortes por malária poderiam ser evitadas pela redução do número de criadouros de mosquitos ou cobrindo os reservatórios de água.

Novos perigos também ameaçam a saúde das crianças. Assim, os novos riscos ambientais, como resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos - como telefones celulares usados - que não são descartados de forma apropriada ou reciclados, expõem as crianças a toxinas que podem levar à diminuição da capacidade cognitiva, déficit de atenção, danos nos pulmões ou câncer, de acordo com especialistas.

Segundo a OMS, a quantidade de resíduos eletrônicos e de equipamentos elétricos terá aumentado em 19% entre 2014 e 2018, atingindo 50 milhões de toneladas.

Por sua vez, as mudanças climáticas elevam as temperaturas e os níveis de dióxido de carbono, que promove a produção de pólen associado com o aumento das taxas de asma em crianças.

Em 2016, a OMS já havia indicado que quase um quarto das mortes em todo o mundo, entre todas as populações, resultava de causas relacionadas ao ambiente, indo da poluição aos acidentes rodoviários.

Partículas invisíveis de produtos como roupas sintéticas e pneus de carros representam até um terço dos plásticos que poluem os oceanos, afetando os ecossistemas e a saúde humana, alerta um órgão conservacionista.

Essas partículas microplásticas constituem uma parte significativa da "sopa de plástico", que representa entre 15% e 31% das 9,5 milhões de toneladas de plásticos lançadas nos oceanos a cada ano, de acordo com um relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), que será divulgado na quarta-feira (22).

A organização descobriu que em muitos países desenvolvidos da América do Norte e da Europa, que têm uma gestão eficaz de resíduos, minúsculas partículas plásticas são uma fonte maior de poluição plástica marítima do que os resíduos plásticos.

"Os resíduos plásticos não são tudo o que há para os plásticos nos oceanos", disse a diretora da IUCN, Inger Andersen, em um comunicado, alertando que "devemos olhar muito além da gestão de resíduos para enfrentar a poluição oceânica na sua totalidade".

"Nossas atividades diárias, como lavar roupas e dirigir, contribuem significativamente para a poluição que asfixia nossos oceanos, com efeitos potencialmente desastrosos para a rica diversidade de vida dentro deles e para a saúde humana", afirmou.

Os microplásticos, que são difíceis de detectar, podem prejudicar gravemente a vida selvagem marinha e, conforme penetram no fornecimento global de alimentos e água, podem representar um risco significativo para a saúde humana.

A IUCN pediu aos fabricantes de pneus e vestuário, especialmente, que mudem seus métodos de produção para fazer produtos menos poluentes.

Karl Gustaf Lundin, que lidera o Programa Marinho e Polar Global da UICN, disse à AFP que os fabricantes de pneus poderiam, por exemplo, voltar a usar principalmente borracha, enquanto os fabricantes de têxteis poderiam parar de usar revestimentos de plástico em suas roupas.

Essas medidas são vitais para limitar os danos, disse Lundin, alertando que a situação é particularmente preocupante no Ártico - a maior fonte de frutos do mar da Europa e da América do Norte.

"Parece que o microplástico está congelando dentro do gelo marinho, e visto que o ponto de fusão do gelo diminui quando há pequenas partículas nele, isso provoca um desaparecimento mais rápido do gelo marinho", acrescentou.

Lundin apontou, ainda, que quando o gelo derrete, ele libera o plâncton que atrai os peixes, permitindo que as partículas plásticas "entrem diretamente na nossa cadeia alimentar".

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) inaugurou nesta terça-feira, 17, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, um novo laboratório para análise das emissões de veículos movidos a diesel.

Similar aos mais modernos do mundo, o laboratório vai permitir que a agência realize pesquisas sobre as emissões geradas por automóveis e vai dar subsídios ao governo na formulação de medidas públicas de controle da poluição veicular. Irá permitir que os protótipos feitos pelas montadoras sejam testados para que se saiba se eles atendem aos parametrôs da legislação.

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O laboratório tem uma área total de 663 metros quadrados, capacidade para analisar 120 veículos e está instalado em um terreno de 15 mil metros quadrados. O valor de implantação de R$ 12 milhões, pago com dinheiro do governo do estado, do governo federal e da indústria automobilística.

Foi lançado, nesta segunda-feira (26), o Plano de Redução de Gases de Efeito Estufa (GEE). Por meio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade e apoio da Organização das Nações Unidas, um documento de 96 páginas foi elaborado com medidas a serem adotadas na cidade com o intuito de combater as mudanças climáticas. 

Alguns setores entrarão nesta ação e a escolha foi feita em observação a função e grau de importância. São eles: transporte e mobilidade urbana, resíduos e saneamento, energia e desenvolvimento urbano sustentável. 

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De acordo com a secretária de meio ambiente e sustentabilidade do Recife, Inamara Mélo, foram utilizados três inventários com dados que quantificam as emissões do Recife. Os números podem identificar quais setores mais contribuem para as alterações do clima na cidade. 

Inventários

Ainda não foi publicado, mas o documento 2016 - que traz dados dos dois anos anteriores - já está concluído. Em 2014, a conclusão foi de uma emissão de 3.175.075 tCO2e - significa toneladas de CO2 equivalente e inclui não apenas o dióxido de carbono, como também outros gases de efeito estufa convertidos em CO2. Já os dados de 2015 apontam 2.908, uma redução de 8%. 

De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente, a metodologia utilizada desta vez difere das anteriores. O novo método não inclui as emissões resultantes da utilização de biocombustíveis (etanol e biodiesel). A mudança se deu devido à revisão da metodologia adotada pelo Iclei - rede global de Governos Locais pela Sustentabilidade.

Copa do Mundo contribuiu negativamente

De acordo com os dados, fa Copa do Mundo FIFA 2014 promoveu um crescimento de 4,3% (128.828 tCO2e) nas emissões desses gases. Esse número foi comparado ao ano de 2013. O acréscimo se deu, principalmente, pelo aumento de números de voos, afinal o transporte aéreo emitiu 714.106 tCO2 (49% do setor) em 2014, enquanto no ano anterior a quantidade foi de 595.207 tCO2e (31% do total do setor). 

O setor de eletricidade contribuiu em 25,2% do total das emissões nos anos 2014 e 2015. Neste tipo de serviço houve uma redução de menos de 8% das emissões em uma relação entre os dois anos. Isso aconteceu pela queda no consumo dos recifenses.

Em relação às emissões em todo o Brasil, a capital pernambucana representou, nos anos de 2014 e 2015, aproximadamente 0,1% de todo o país e apresenta queda, de acordo com a Secretaria. 

O episódio de poluição maciça que há seis dias asfixia grande parte do norte da China gerou uma grande polêmica nesta quarta-feira na cidade mais afetada, onde as autoridades demoraram para fechar as escolas.

Desde sexta-feira, uma novem tóxica e cinzenta cobre grande parte do país mais populoso do planeta (1,3 bilhão de habitantes), afetando ao menos 460 milhões de pessoas que vivem na grande região em torno de Pequim.

Shijiazhuang, capital da província de Hebei (norte), decretou na sexta-feira, como outras 20 cidades, um "alerta vermelho". Este status implica a ativação de medidas de emergência, entre elas o fechamento de empresas poluentes e o rodízio de veículos. Hebei, onde se localizam numerosas indústrias pesadas, costuma ser acusada de causar a poluição que atinge Pequim, situada a cerca de 300 km.

Embora Shijiazhuang tenha sido duramente afetada por esta nuvem tóxica, o departamento de educação da cidade esperou até a noite de terça-feira para ordenar o fechamento das escolas primárias e dos jardins de infância, uma medida que já tinha sido tomada pelas metrópoles vizinhas de Pequim e Tianjin.

O anúncio acrescentou, porém, que o fechamento das escolas secundárias não era obrigatório. O comunicado municipal gerou indignação nas redes sociais. "Os corpos dos alunos do ensino médio têm purificadores de ar?", questionou um internauta, acrescentando: "Vocês vão esperar que todos nós fiquemos doentes para resolver isso?

Uma foto da cidade de Linzhou, na província vizinha de Henan, que mostra mais de 400 alunos fazendo uma prova sentados em um campo de futebol após a escola ter sido forçada a fechar, foi amplamente divulgada nas mídias sociais. A agência de educação e esportes da cidade suspendeu o diretor da escola por organizar as provas ao ar livre, informou a agência estatal de notícias Xinhua.

Em Shijiazhuang, os registros de poluição dispararam nas últimas 48 horas. A concentração de partículas de 10 micrômetros de diâmetro superou 1.000 microgramas por metro cúbico, informou a Xinhua. O índice é tão alto que fez com que os captores ficassem bloqueados na cifra máxima que são capazes de registrar, 999.

Já os níveis de partículas de 2,5 micrômetros de diâmetro - ainda mais perigosas, já que são absorvidas na corrente sanguínea e causam doenças respiratórias e cardiovasculares -, chegou a 733 microgramas/m3, mais de 29 vezes o nível máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 25.

"Tenho que trabalhar"

Nesta quarta-feira, as ruas de Shijiazhuang - com uma população de 10,7 milhões de pessoas - estavam impregnadas de um forte cheiro de carvão, enquanto os pedestres e ciclistas circulavam sob uma espessa névoa que esfumava a silhueta dos edifícios.

Só alguns deles usavam máscaras, que são habituais na capital, Pequim, desde que o governo lançou em dezembro pela primeira vez um alerta vermelho por poluição. "Não gosto desta poluição, mas tenho que trabalhar" diz à AFP o gari Dong Xiai, de 44 anos, acrescentando que seus colegas não usam máscaras porque as autoridades municipais não as fornecem.

Na internet, os habitantes se divertem comparando as fotos batidas antes e durante a poluição. Em uma foto do "antes", o céu limpo permite ver as montanhas ao fundo. Agora, a fumaça esconde inclusive o edifício que está na frente. "As partículas provocam câncer. É pior que fumar, mas o governo não faz nada", lamenta Wu Zhiwei, de 28 anos.

A Samarco informou em nota que ainda está "analisando" a deliberação do Comitê Interfederativo (CIF) que rejeitou o projeto de construção dos três diques e cobrou solução definitiva para conter a poluição no Rio Gualaxo do Norte, em Mariana (MG), e não deu detalhes sobre o estudo envolvendo a técnica de flotação.

Em fevereiro deste ano, a mineradora concluiu a construção de três diques (S1, S2 e S3) nas áreas das barragens de Fundão e Santarém para tentar impedir que os rejeitos remanescentes chegassem até o Rio Gualaxo, mas as estruturas não deram conta da lama nos períodos chuvosos. Agora, constrói um quarto dique em Bento Rodrigues, distrito devastado pela tragédia.

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"A Samarco reitera que já foi concluído o alteamento do dique S3, estrutura implementada para ajudar na contenção dos rejeitos remanescentes na barragem de Fundão.O dique S4, que é a última estrutura de contenção da empresa antes do rio Gualaxo do Norte, está em fase de obras e será concluído até janeiro de 2017. A empresa continuará com suas ações para contenção dos rejeitos e controle dos processos erosivos", afirmou.

Pressionada pelos órgãos ambientais a acabar com a poluição do Rio Gualaxo do Norte, o mais afetado pelo trágico rompimento da Barragem de Fundão há um ano, em Mariana (MG), a Samarco estuda implantar um sistema de flotação (técnica de remoção de sujeira) semelhante ao que foi testado e descartado há menos de dez anos no Rio Pinheiros, em São Paulo, para impedir que a lama de rejeitos de minério de ferro continue chegando até o Rio Doce, provocando danos ambientais e sociais.

O Estado apurou que a flotação virou a principal alternativa em análise pela Samarco depois que o projeto de construção de três diques em série ao longo do Rio Gualaxo apresentado pela mineradora foi rejeitado há menos de um mês pelo Comitê Interfederativo (CIF), criado para orientar e validar as ações de recuperação do desastre que matou 19 pessoas e deixou 1.500 pessoas desabrigadas.

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A proposta de construir três diques galgáveis e filtrantes entre as cidades de Mariana e Barra Longa para impedir que a lama do Gualaxo chegue até o Rio do Carmo, um dos formadores do Rio Doce, foi feita em agosto pela Samarco. Após sete reuniões, os técnicos dos governos federal, de Minas, do Espírito Santo que compõem o comitê reprovaram a medida emergencial, alegando ineficiência.

No dia 24 de novembro, o CIF publicou uma deliberação na qual afirma que "a documentação apresentada pela Samarco foi considerada tecnicamente insuficiente para demonstrar a eficiência dos diques para a melhoria da qualidade da água do Rio Gualaxo do Norte". Segundo o despacho, "os produtos químicos propostos para serem aplicados nas bacias dos diques não possuem registro no Ibama e seus efeitos ecotoxicológicos ainda são desconhecidos".

O CIF recomendou que a Samarco apresente aos órgãos ambientais "soluções eficazes e definitivas visando a cessação dos danos ambientais na calha e margens do rio Gualaxo do Norte" que sejam "adotadas antes do próximo período chuvoso", que começa em outubro de 2017, "não sendo admitida a continuidade da poluição gerada em decorrência do desastre ambiental".

De acordo com Marcelo Belisário, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Belo Horizonte, os três diques até poderiam reter sedimentos maiores, mas não conseguiriam impedir a passagem de partículas menores de óxido de ferro, por exemplo, que dão o tom alaranjado à água e provocam turbidez, comprometendo a vida aquática.

"Os diques do Gualaxo não são eficientes para a contenção de todos os rejeitos, principalmente para recuperação da água. Eles não eliminam o DNA da mineração que ainda está na água. E pelo prazo de sete meses para execução proposto pela Samarco (a previsão inicial era de quatro meses), eles perdem a característica de emergência", afirma Belisário. "Agora, a alternativa analisada é a da Unidade de Tratamento de Rio, da flotação, como é feito no Zoológico de São Paulo. Já existem exemplos no País de estações de tratamento instaladas no leito do rio e isso está em estudo pela Samarco", completou.

A flotação é uma técnica de remoção de sujeira que utiliza produtos químicos para agrupar os detritos em blocos e depois suspendê-los na água por meio de injeção de bolhas de ar, formando um lodo que pode ser removido com mais facilidade. O método já é utilizado há anos nos lagos dos parques do Ibirapuera e Aclimação, em São Paulo, na Lagoa da Pampulha, em Minas, e no Rio Arroio do Fundo e Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro.

Em 2001, o governo de São Paulo anunciou a flotação como solução para limpar o Rio Pinheiros e poder bombeá-lo para a Represa Billings, aumentando o potencial energético na Usina Henry Borden, em Cubatão. Após paralisação motivada por ação judicial movida pelo Ministério Público Estadual (MPE), testes chegaram a ser feitos entre 2007 e 2010, mas foram considerados insuficientes para eliminar todos os poluentes, como o nitrogênio amoniacal, encontrado no esgoto.

Técnica em SP voltou à pauta na crise hídrica

Início: Em 2001, o governo Alckmin anuncia projeto para despoluir o Rio Pinheiros com a flotação, mas liminar obtida pela Promotoria barra a medida em 2003.

Testes: Após acordo, testes são feitos de 2007 a 2010, mas laudos apontaram que técnica não barrava todas substâncias do esgoto. Em 2011, Alckmin desiste da ação.

Retorno: Em 2015, no auge da crise hídrica, Alckmin retoma discurso da flotação para poder captar mais água da Billings, mas ideia fica no papel após volta das chuvas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governo da capital da China alertou nesta quarta-feira (16) que a forte poluição que paira sobre a cidade irá persistir esta semana, suspendendo a realização de atividades escolares ao ar livre e também a atividade nos canteiros de obras.

Autoridades locais emitiram um alerta laranja, o segundo mais alto na escala de quatro, o que significa três dias consecutivos de fumaça pesada sobre a cidade. Um alerta vermelho, o mais alto, significaria fumaça persistente por mais de três dias.

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Lançado três anos atrás, em meio a um forte questionamento local sobre os efeitos da fumaça sobre a saúde, o sistema é uma das formas que as autoridades encontraram para remediar a situação do ar em grandes cidades após décadas de forte crescimento econômico alimentado pela construção de centenas de usinas termelétricas movidas a carvão, bem como a criação de uma imensa frota de automóveis.

Esta semana, o grupo ambientalista Greenpeace publicou um documento afirmando que os níveis de metais pesados no ar, entre eles o arsênico, o cádmio e o chumbo, caíram rapidamente em Pequim desde 2013. O grupo ligou o movimento ao fechamento de termelétricas ao redor da cidade. Fonte: Associated Press.

Cerca de 300 milhões de crianças vivem em locais cujo ar exterior é tão poluído que pode causar danos físicos sérios, incluindo problemas de desenvolvimento cerebral, disse a ONU em um estudo divulgado na segunda-feira.

Quase uma em cada sete crianças no mundo todo respira um ar exterior que é pelo menos seis vezes mais poluído do que o recomendado pelas diretrizes internacionais, de acordo com o estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que apontou a poluição atmosférica como um dos principais fatores da mortalidade infantil.

A Unicef publicou o estudo "Limpem o ar para as crianças" uma semana antes da reunião anual da ONU sobre as mudanças climáticas, que acontecerá no Marrocos entre 7 e 18 de novembro. A agência, que promove os direitos e o bem-estar das crianças, está pressionando os líderes mundiais para que tomem medidas urgentes para reduzir a poluição do ar em seus países.

"A poluição atmosférica é um grande fator contribuinte para a morte de cerca de 600.000 crianças com menos de cinco anos a cada ano, e ela ameaça a vida e o futuro de outras milhões todos os dias", disse Anthony Lake, diretor-executivo da Unicef.

"Poluentes não afetam apenas os pulmões em desenvolvimento das crianças. Eles podem atravessar a barreira hematoencefálica e danificar permanentemente os seus cérebros em desenvolvimento e, assim, os seus futuros. Nenhuma sociedade pode se dar ao luxo de ignorar a poluição do ar", disse Lake.

O ar tóxico é um empecilho para economias e sociedades, e seu custo já corresponde a 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB) global, disse a Unicef. A previsão é que esses custos aumentem para cerca de 1% do PIB em 2060, segundo a agência, conforme a poluição do ar piora em muitas partes do mundo.

De acordo com a Unicef, imagens de satélite confirmam que cerca de dois bilhões de crianças vivem em áreas onde a poluição do ar exterior excede as diretrizes mínimas de qualidade do ar estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ar é contaminado por emissões de veículos, combustíveis fósseis, poeira, queima de resíduos e outros poluentes atmosféricos, disse.

O sul asiático tem o maior número de crianças que vivem em tais áreas, cerca de 620 milhões, seguido pela África, com 520 milhões, e pelo leste da Ásia e a região do Pacífico, com 450 milhões. O estudo também analisou a poluição do ar interior, geralmente causada pela queima de carvão e de lenha para cozinhar e para se aquecer.

Juntas, a poluição do ar interior e a do ar exterior estão diretamente ligadas à pneumonia e a outras doenças respiratórias que são responsáveis ​​por quase uma entre 10 mortes de crianças com menos de cinco anos de idade, ou cerca de 600.000 crianças, fazendo da poluição do ar um dos maiores riscos para a saúde das crianças, disse a Unicef.

A agência observou que as crianças são mais suscetíveis do que os adultos à poluição do ar interior e exterior, porque os seus pulmões, cérebro e sistema imunológico ainda estão em desenvolvimento e as suas vias respiratórias são mais permeáveis. As crianças respiram duas vezes mais rápido que os adultos e inspiram mais ar em relação ao seu peso corporal. As crianças mais vulneráveis ​​a doenças causadas pela poluição do ar são as que vivem na pobreza, que tendem a ter a saúde pior e pouco acesso a serviços de saúde.

Proteger melhor as crianças

Para combater estes efeitos nocivos, a Unicef vai chamar os líderes mundiais a tomarem medidas urgentes para proteger melhor as crianças, durante a reunião da ONU sobre as mudanças climáticas em Marraquexe, a COP22. "Reduzir a poluição do ar é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para as crianças", disse a Unicef no seu relatório.

A agência acrescentou que os governos deveriam tomar medidas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis e aumentar os investimentos em energia sustentável e em desenvolvimento de baixo carbono. A agência também apelou para um melhor monitoramento da poluição atmosférica para ajudar as pessoas a reduzirem a sua exposição. 

O acesso das crianças a cuidados de saúde de boa qualidade precisa melhorar e a amamentação nos primeiros seis meses de vida da criança deve ser encorajada para ajudar a prevenir a pneumonia, acrescentou. Os formuladores de políticas deveriam "desenvolver e construir consensos sobre os indicadores de saúde ambiental das crianças", urgiu o relatório.

A exposição de longo prazo à poluição do ar aumenta de forma crescente o risco de hipertensão arterial, de acordo com um estudo divulgado nesta terça-feira feito com mais de 41.000 moradores de cidades europeias.

A poluição sonora constante - especialmente do trânsito - também aumenta a probabilidade de hipertensão, disseram pesquisadores na revista médica European Heart Journal. A hipertensão arterial é o principal fator de risco para doenças e mortes prematuras.

O estudo revelou que um adulto a mais por grupo de 100 pessoas desenvolveu hipertensão arterial nas partes mais poluídas das cidades em comparação com os bairros de ar mais puro. O risco é semelhante ao de estar clinicamente acima do peso com um índice de massa corporal (IMC) de 25-30, disseram os pesquisadores.

Para realizar o estudo, 33 especialistas liderados por Barbara Hoffmann, professora na Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf, na Alemanha, monitorou 41.071 pessoas na Noruega, Suécia, Dinamarca, Alemanha e Espanha por cinco a nove anos.

Ao mesmo tempo, os pesquisadores examinaram anualmente a qualidade do ar em cada localidade durante três períodos de duas semanas entre 2008 e 2011, medindo as diferentes quantidades de material particulado.

Cada incremento de cinco microgramas - ou milionésimos de um grama - da menor dessas partículas aumentou em 20% o risco de hipertensão para as pessoas que vivem nas áreas mais poluídas, em comparação com os que moram nos locais menos poluídos.

Nenhum dos participantes tinha hipertensão quando ingressou no estudo, mas durante o período de acompanhamento, 6.207 pessoas (15%) relataram ter desenvolvido a doença ou que começaram a tomar medicamentos para baixar a pressão arterial.

Em relação à poluição sonora, os pesquisadores descobriram que as pessoas que vivem em ruas movimentadas com tráfego noturno barulhento tinham, em média, um risco 6% maior de desenvolver hipertensão em comparação moradores de áreas onde os níveis de ruído eram pelo menos 20% mais baixos.

"Nossos resultados mostram que a exposição a longo prazo à poluição ambiental particulada está associada a uma maior incidência de hipertensão auto-declarada", disse Hoffmann em um comunicado. Mesmo quando o barulho foi excluído, o impacto da poluição do ar sobre a pressão arterial permaneceu, acrescentou.

"A legislação atual não protege a população europeia adequadamente contra os efeitos nocivos da poluição do ar", concluíram os pesquisadores. Os níveis de poluição eram maiores na Espanha e na Alemanha do que nos países nórdicos, observou Hoffmann.

Acredita-se que a poluição do ar afete o coração e os vasos sanguíneos ao causar inflamação, um acúmulo de radicais livres - conhecido como estresse oxidativo -, e um desequilíbrio no sistema nervoso.

Já a poluição sonora afetaria o funcionamento dos sistemas nervoso e hormonal, segundo os cientistas.

Regiões ao longo das bacias hidrográficas do Rio Tietê que têm maior cobertura vegetal são as que concentram os pontos do rio com a melhor qualidade de água. O resultado, que pode parecer meio óbvio, nunca, na verdade, tinha sido mensurado. A relação foi detalhada no mais recente monitoramento do Tietê feito pela Fundação SOS Mata Atlântica.

Na semana passada, a organização revelou que um trecho de 137 km do rio se mantém com qualidade da água ruim ou péssima e apenas 30 dos 302 pontos de coleta monitorados têm qualidade boa. Hoje, a organização apresenta em um seminário mais dados sobre o que faz desses pontos tão especiais. Segundo Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas, além da existência de saneamento básico, é a presença de vegetação.

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A análise cruzou os resultados do monitoramento dos corpos d’água com os dados do Atlas de Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, levando em consideração trechos de até 1 hectare de cobertura florestal. Nos 30 pontos em que a qualidade de água foi considerada boa ao longo do último ano, a cobertura florestal ultrapassava 40% do território do município ou do entorno.

"A mata evita o processo de erosão e o arrasto de sedimentos e de poluição difusa da cidade ou do campo para dentro do rio, problema que se reflete no índice de turbidez da água", explica Malu.

"Temos trechos em São Paulo, como na Marginal do Tietê, onde não tem nenhuma árvore, em que o índice de turbidez passa de mil, quando o recomendável é menos de 100. É uma fuligem fina, que vem do asfalto, carregada pela chuva, que não decanta. Por dias impede a transparência da água. A luz do Sol não passa, não tem fotossíntese, o rio fica sem oxigênio e morre", complementa.

A poluição atmosférica se converteu no quarto fator de morte prematura no mundo, provocando perdas de potenciais benefícios no valor de centenas de bilhões de dólares à economia mundial, segundo um relatório do Banco Banco Mundial publicado nesta quinta-feira.

O ar contaminado matou 2,9 milhões de pessoas em 2013, segundo os últimos dados disponíveis publicados no relatório. Se for somada a poluição nos lares, principalmente resultante do uso de combustíveis sólidos para calefação ou cozinha, o total de mortos sobe para 5,5 milhões.

As doenças causadas pela poluição ambiental (cardiovasculares, câcer de pulmão e outras doenças pulmonares crônicas e respiratórias) são, em consequência, responsáveis por uma morte em cada dez no mundo, seis vezes mais que as causadas pela malária.

Cerca de 87% da população do planeta está mais ou menos exposto a esta poluição.

Estas perdas de vidas humanas também são sinônimo de perdas em termos de potenciais rendimentos e de obstáculos ao desenvolvimento econômico, segundo cálculos do Banco Mundial.

O estudo avalia que as perdas de rendimentos trabalhistas atribuídas a essas mortes alcançaram 225 bilhões de dólares em 2013.

Além disso, esta poluição provoca perdas em termos de bem-estar que totalizam 5,1 trilhões de dólares.

Nanopartículas resultantes da poluição ambiental atingem o cérebro e podem provocar doenças como o Alzheimer, segundo um estudo britânico de casos registrados na Cidade do México.

Apesar de o vínculo com a doença neurológica, cuja causa exata é desconhecida, ainda precisar ser demonstrado, o estudo da Universidade Lancaster da Grã-Bretanha evidencia "a presença de nanopartículas de magnetita no tecido cerebral humano".

Os resultados publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) dos Estados Unidos sugerem que "partículas menores a 200 nanômetros são suficientemente pequenas para entrar no cérebro através do nervo olfativo". Para chegar a esta conclusão, os cientistas de Lancaster, coordenados por Barbara Maher, analisaram mostras de tecido cerebral de 37 pessoas falecidas.

Deste grupo, 29 eram moradores com idades entre 3 e 85 anos da capital mexicana, que registra um índice de contaminação elevado, e as outras oito pessoas eram idosos da cidade inglesa de Manchester, com variados níveis de doenças neurodegenerativas.

De acordo com os autores do estudo, as partículas encontradas são similares à "nanoesferas" de óxido de ferro - sensível ao campo magnético -, abundantes no ar contaminado urbano, resultado da combustão ou fricção. Sua presença no cérebro seria particularmente tóxica, mas ainda resta muito por examinar antes de poder concluir que desempenham um papel no Alzheimer.

"Ainda não existe conhecimento suficiente para determinar se esta fonte externa de magnetita procedente da contaminação ambiental constitui um fator na doença", advertiu Joanna Collingwood, da Universidade de Warwick.

De acordo com Peter Dobson, da mesma instituição e que também não participou na pesquisa, "outros estudos apontam para uma origem externa da magnetita encontrada no cérebro, mas ainda não podemos estar absolutamente seguros".

A Secretaria de Saúde da Prefeitura do Rio descartou neste domingo a hipótese de risco à saúde dos atletas que treinarem e competirem na Baía de Guanabara e na Lagoa Rodrigo de Freitas durante a Olimpíada.

"No último ano a cidade não registrou nenhum caso de doença atribuído ao uso das águas para esporte ou lazer", disse o secretário municipal Daniel Soranz, que afirmou que as águas são monitoradas constantemente.

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A subsecretária estadual de saúde, Hellen Myamoto, disse que o monitoramento da baía e da lagoa "é feito de forma diária e passado ao Comitê Rio-2016". Segunda ela, presente à entrevista do secretário municipal, o comitê recebe "a análise da qualidade da água em tempo real, para que possam ser tomadas decisões de mitigação dos riscos".

A subsecretária acrescentou que as análises realizadas pela Secretaria Estadual de Saúde nos últimos dois anos revelam amostras dentro do padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mas não detalhou qual seria esse padrão.

Soranz disse ainda que o zika vírus é "assunto mais do que superado" e não oferece risco a atletas e turistas da Olimpíada, já que o número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (zika, dengue e chikungunya) cai expressivamente no período do inverno.

O presidente do COI, Thomas Bach, garantiu neste domingo que as águas da Baía da Guanabara estão "dentro dos padrões" da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo ele, quatro testes estão sendo realizados a cada dia por técnicos em um dos palcos da Olimpíada do Rio.

"Esses exames mostram que está dentro dos padrões da OMS", disse. Segundo Bach, medidas ainda estão sendo tomadas para retirar diariamente o lixo. Um dos pontos de maior polêmica na preparação do evento, a despoluição da baía havia sido uma das promessas do legado dos Jogos. A ideia original em 2009 era de que, em 2016, a baía estaria limpa.

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Bach, porém, insiste que a Olimpíada deixará um legado para a cidade. "Esse legado está ganhando forma", afirmou. Segundo ele, 300 mil pessoas por dia poderão se beneficiar apenas do metrô, aberto nesta semana.

O presidente do COI ainda voltou a demonstrar apoio aos organizadores brasileiros no que se refere à segurança. Desde o início da operação especial no Rio, pelo menos três incidentes importantes de violência na cidade foram registrados.

"Temos confiança total nas autoridades brasileiras sobre segurança e estamos em contato com eles", disse. "Temos informes regulares. O COI está levando em consideração as medidas para a segurança olímpica. Mas o que vemos é que podemos ter confiança total", completou.

Cerca de 6,5 milhões de pessoas morrem anualmente em todo o mundo em decorrência de problemas relacionados à poluição do ar, afirmou hoje a Agência Internacional de Energia (AIE).

Em um relatório, a entidade alertou que o número irá crescer ao menos que o setor de energia aumente os esforços para diminuir as emissões. A AIE também previu que as mortes prematuras causadas por poluição ao ar livre devem subir a 4,5 milhões em 2040, ao passo que as mortes prematuras causada pela poluição dentro das residências deve recuar de 3,5 milhões para 3,0 milhões.

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O documento estima, no entanto, que um aumento de 7% dos investimentos em fornos mais eficientes e catalisadores pode resultar em uma forte redução das mortalidades. Fonte: Associated Press.

A poluição atmosférica se converteu em um dos principais fatores de risco de acidente vascular cerebral (AVC), sobretudo nos países em desenvolvimento, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (10) na revista especializada The Lancet Neurology. "Ficamos surpresos ao descobrir que uma proporção assombrosamente alta da carga dos AVCs podia ser atribuída à poluição atmosférica, em particular nos países em desenvolvimento", ressalta o professor Valery L. Feigin, da Universidade Tecnológica de Auckland (Austrália), que dirigiu a pesquisa.

O estudo realizado em 188 países entre 1990 e 2013 se concentrou na carga da doença, ou seja, no número de dias perdidos por uma mortalidade prematura e anos de vida produtivos perdidos devido a incapacidades. Ao passar em revista 17 fatores de risco, os cientistas descobriram que 90% da "carga" dos AVCs podia ser atribuída a fatores de risco comportamentais como o tabagismo, má alimentação e sedentarismo.

Todos os anos no mundo, 15 milhões de pessoas são afetadas por um AVC, seis milhões morrem e 5 milhões sobrevivem com sequelas permanentes. Os principais fatores de risco são conhecidos, mas podem existir diferenças entre os países: a hipertensão, uma alimentação pobre em frutas e verduras, a obesidade, o sedentarismo, o tabaco ou uma alimentação muito rica em açúcar ou sal.

Os cientistas descobriram que, no espaço de 20 anos, o papel da poluição atmosférica aumentou sensivelmente. A parte atribuída à poluição foi avaliada em 33,7% nos países de renda baixa e média, contra apenas 10,2% nos países de alta renda em 2013, em forte aumento desde 1990.

Na Ásia do sul e na África subsaariana, esta parcela alcança inclusive 40%, sobretudo pela poluição do ar interior devido ao uso de combustíveis sólidos para se aquecer ou cozinhar. Para além da poluição, vários fatores de risco desempenham um papel crescente nos AVCs em nível mundial, como é o caso, sobretudo, da obesidade e do sedentarismo.

O consumo de bebidas açucaradas, por sua vez, aumentou 84% e representa um aumento de 63% do risco por este fator. Com um controle dos fatores de risco evitáveis ligados ao modo de vida, "é possível evitar 75% dos AVCs no mundo", estima Feigin, que convoca os governos a agir taxando ou legislando o tabaco, o álcool, as bebidas açucaradas e as gorduras naturais. "É necessário reconhecer a necessidade de melhorar a prevenção primária e a vontade dos governos", prossegue. Em um comentário que acompanha o artigo, o professor Vladimir Hachinski, da universidade canadense de Western Ontario, e Mahmud Reza Azarpazhooh, de Mashhad (Irã) consideram "muito alarmante o papel da poluição" nos AVCs. "Sabíamos que a poluição poderia danificar os pulmões, o coração, o cérebro, mas a magnitude desta ameaça parece ter sido subestimada", concluem.

*Com Jorge Cosme

O que deveria ser uma limpeza para a recepção da tocha olímpica em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, virou um ato de poluição deliberada da praia de Piedade, no município da Região Metropolitana do Recife. Um caminhão com a identificação de 'a serviço da Compesa' foi filmado drenando água de esgoto para o mar a a areia alguns metros à frente.

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No vídeo, feito por Lauro Brito e compartilhado no Facebook, é possível ver em vários pontos a areia suja com a água jogada pelo caminhão, além da mangueira percorrendo vários metros em direção ao mar. "Quando você vir à praia, vai dar um mergulhozinho naquele esgoto que estava ali na esquina e que você pula para não molhar o pé", diz Lauro, enquanto filma.

É possível, além do caminhão, identificar mais dois veículos oficiais, ligados à prefeitura de Jaboatão. Assista ao vídeo:

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Explicações

A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, por meio de nota, afirma que a água jogada na areia e no mar era limpa, da rede pluvial, e não de esgoto. "A água ficou empoçada em proporções maiores que as naturais devido às chuvas do dia anterior, que representaram mais de 50% do previsto para todo o mês de maio", afirma a nota, que diz ainda: "A água da chuva foi diluída na areia, sem apresentar riscos aos usuários". 

A 'limpeza' realizada para a passagem da tocha olímpica escancara o crônico problema da falta de saneamento básico na cidade, e o uso generalizado das galerias de águas pluviais para o despejo de esgoto de casas, edifícios e estabelecimentos comerciais. Leia na íntegra a nota da Prefeitura de Jaboatão:

"A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes esclarece que na área onde foi realizada a drenagem via bomba d'água existe uma drenagem de águas pluviais e não de esgoto. A água ficou empoçada em proporções maiores que as naturais devido às chuvas do dia anterior, que representaram mais de 50% do previsto para todo o mês de maio. A água da chuva foi diluída na areia, sem apresentar riscos aos usuários, tendo em vista não estar contaminada com águas de esgoto. A intervenção foi necessária não apenas para garantir uma passagem tranquila da Tocha Olímpica, evento histórico no município, mas, principalmente, para garantir o bem-estar dos moradores do local."

Compesa alega uso indevido de caminhão 

A assessoria da Companhia Pernambucana de Saneamento - Compesa afirmou, ao LeiaJá, que o caminhão filmado drenando a água suja para a praia em frente foi usado indevidamente na ocasião. A companhia sustenta que não teve participação na ação, e que a empresa dona do veículo "presta serviço para a Compesa, mas não era o caso".

A empresa responsável pelo saneamento em Pernambuco afirma ainda que pode responsabilizar a empresa tereceirizada pelo 'descuido'.

A empresa responsável pela qualidade da água do Rio é suspeita de poluir a Baía de Guanabara, local das competições de vela da Olimpíada, em agosto, e lagoas da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, vizinhas do Parque Olímpico em construção.

A Polícia Federal cumpriu na quinta-feira, 7, mandados de busca e apreensão em oito prédios da Companhia Estadual de Abastecimento de Água e Esgoto (Cedae) na capital e em cidades da região metropolitana.

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"Considerando que a relação dessa empresa com seus contratantes é de consumo, se for identificada a remuneração por serviço não prestado, isso pode implicar crime de estelionato", afirmou o titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (Delemaph), Marcelo Prudente. A Cedae e seus dirigentes poderão ser indiciados também por crime ambiental.

A despoluição da baía e das lagoas era promessa de campanha do Rio na candidatura para ser a sede dos jogos. Em nota, a Cedae informou que foi surpreendida pela operação e que "não realiza cobranças indevidas, respeitando a legislação vigente". A companhia nega que polua a baía e as lagoas.

A Operação Feng Shui foi realizada por 56 agentes e peritos. "É uma referência ao conceito da filosofia chinesa que preconiza o equilíbrio entre os elementos da natureza", disse o delegado. Eles estiveram na sede da Cedae e em sete estações de tratamento de esgoto no Rio, São Gonçalo e Belford Roxo. Além de recolher documentos, coletaram amostras nas estações.

A investigação iniciada há um ano teve monitoramento aéreo das estações. Há imagens de esgoto sendo lançado perto das estações da Pavuna, que recebem esgoto do Rio, Duque de Caxias, São João de Meriti e de São Gonçalo. Prudente não detalhou o monitoramento, uma vez que o inquérito corre em segredo de Justiça.

Inquérito

O procurador da República Sérgio Suiama, que já instaurou inquérito e uma ação civil pública contra a Cedae por causa do lançamento de esgoto em lagoas de Jacarepaguá, diz que a companhia deverá ser responsabilizada. "O que a Cedae alega, e não consegue comprovar, é que somente as favelas lançam esgoto. A Cedae reconhece que não tem a rede completa. Boa parte de Jacarepaguá e todas as casas do Recreio dos Bandeirantes lançam esgoto na rede pluvial, que deságua em rios e lagoas."

Suiama disse que há liminar que determina a adoção de medidas emergenciais para interromper o lançamento de esgoto que vem sendo descumprida pela companhia. Por isso, foi aberto mais um inquérito na PF.

Em nota, a Cedae informou que "sempre pautou suas atividades pelo respeito à população, à legislação e às instituições". A companhia disse que não teve acesso ao inquérito.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (7) a Operação Feng Shui que investiga crimes ambientais decorrentes da emissão de esgoto, sem o devido tratamento, nas águas da Baía de Guanabara e lagoas da região da Barra da Tijuca e de Jacarepaguá, no Rio. Segundo a PF, 56 policiais federais cumprem 8 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro e nas cidades de Niterói, São Gonçalo e Belford Roxo.

A Federal informou que estão sendo colhidas amostras nas estações de tratamento. O Inquérito Policial apura também o crime de estelionato. A PF suspeita que a empresa responsável pelo tratamento dos dejetos efetue a cobrança das taxas pelo serviço sem, entretanto, prestá-lo adequadamente.

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A investigação foi iniciada há cerca de um ano. A PF aponta possíveis falhas no processamento do esgoto produzido no Rio de Janeiro e na Região Metropolitana. Feng Shui é a filosofia chinesa que preconiza estar a prosperidade vinculada ao perfeito equilíbrio entre os elementos da natureza: água, terra, fogo e ar.

Rio 2016

A limpeza Baía de Guanabara para os Jogos Olímpicos do Rio tem recebido críticas. Em julho de 2015, uma análise da qualidade da água encomendada pela Associated Press encontrou níveis perigosamente altos de vírus e bactérias de esgoto humano em locais de competições olímpicas e paralímpicas. Esses resultados alarmaram especialistas internacionais e preocuparam os competidores que treinam no Rio, alguns dos quais já apresentaram febres, vômitos e diarreia.

Em meio às polêmicas com relação à limpeza da Baía de Guanabara, em março deste ano, a Federação Internacional de Vela garante que está "satisfeita" a evolução das ações dos governos municipal e estadual para melhorar as condições da água. Em nota oficial, a antiga ISAF - atual World Sailing - inclusive elogia os esforços dos brasileiros.

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