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É comum encontrar estudantes universitários que temem o Trabalho de Conclusão de Curso – o famoso TCC. Principalmente aqueles que estão a um passo de alcançar o diploma. Entretanto, apesar do medo e ansiedade que muitos sentem antes de concluir uma etapa importante de suas vidas, existem aqueles que enxergam o TCC ou projetos experimentais da universidade como uma oportunidade de trabalho e como algo em que podem investir no futuro.
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Matheus Mascarenhas está prestes a se formar em Jornalismo pela UNAMA - Universidade da Amazônia e hoje faz parte da equipe do podcast Castanha Pop, que foi idealizado por ele como parte do projeto de conclusão do curso. “Ele surgiu com as primeiras aulas do projeto experimental que foram desenvolvidas dentro da UNAMA. A ideia surgiu ali, mas já está associada com a minha paixão pela rádiocomunicação e com a minha paixão de reproduzir conteúdo sobre a cultura pop. Então associei as três coisas para que pudesse surgir o Castanha Pop”, conta.
Matheus diz que a percepção de que o TCC poderia resultar em algo maior veio logo no começo, com a semente plantada. “A gente já tinha ideia de que o TCC poderia se tornar uma coisa maior do que já era, que poderia se tornar realmente um projeto de trabalho. Eu tenho meus parceiros de equipe, que são o Leandro Henrique, o Jackson Tavares e o Márcio Monteiro, que foram chamados pra participar do projeto, aceitaram e conseguimos construir um projeto muito interessante, muito divertido de ser produzido”, revela.
O estudante conta que transformar o TCC no projeto que é hoje foi uma diversão total. “A produção é sempre bem divertida, bem dinâmica, associando o trabalho a uma coisa de paixão mesmo”, diz.
Matheus acredita que suas referências artísticas serviram de incentivo para investir no podcast. “Eu sempre me vi como um contador de histórias. Uma das minhas grandes inspirações vem do cinema, o diretor Steven Spielberg. Acredito que o Spielberg dominou a arte de contar histórias porque ele consegue produzir e dirigir filmes bem diferentes uns dos outros, com temáticas bem diferentes. É isso que eu quero ser, um contador de histórias que possa falar sobre filmes, sobre séries, quadrinhos. Sempre com todos podendo entender aquilo que eu estou falando”, conta.
O estudante explica que o Castanha Pop é a tentativa de ser a referência regional quando se trata de produção de conteúdo de cultura pop. Os temas discutidos envolvem filmes, séries e também resenhas de quadrinhos. “Na primeira temporada (do podcast) a gente trabalhou com filmes e com séries, mas nas próximas temporadas a gente pensa em expandir esse universo pra falar sobre quadrinhos, sobre animações, animes, filmes mais antigos, fazer essas homenagens, tudo dentro do planejamento.”
Quanto aos planos para o futuro do podcast, Matheus afirma que são muitos, como expandir o Castanha Pop e centralizar em assuntos diferentes, como música e animes. “Uma coisa parecida com o que o Pipocando (canal no Youtube voltado para a cultura pop) fez, que foi segmentando aquilo que tava produzindo. O Castanha Pop também tem a ideia de segmentar mais o estilo de conteúdo que a gente produz. Ao mesmo tempo em que a gente tem vontade de ir pra rádio, tem vontade de produzir conteúdo de vídeo. Expandir realmente o podcast pra outras ideias”, explica.
Ligado no esporte
Assim como Matheus Mascarenhas, o jornalista graduado pela UNAMA - Universidade da Amazônia Octávio Almeida Jr. também viu em um projeto de TCC uma oportunidade para investir em seu futuro. Hoje ele é redator no portal de notícias Torcedores, mas antes disso criou o blog Janela do Esporte, que tinha como objetivo informar leitores sobre o esporte paraense.
Octávio conta que a ideia inicial do TCC surgiu quando ele percebeu, assistindo a programas esportivos, que o Jornalismo Esportivo não se limita a falar apenas sobre esporte, envolvendo outras questões, como a política interna de entidades, processos trabalhistas, eleições tanto em clubes como Federações e Confederações. “Então fiz meu TCC com o objetivo de me desenvolver profissionalmente como alguém interessado em trabalhar no Jornalismo Esportivo, além de apresentar ao público que a área profissional não se destina apenas ao resultado de uma partida. Há interesses políticos e outras questões extracampo que rendem informações relevantes ao público. Sem falar que publicá-las é uma satisfação profissional”, revela.
O jornalista afirma que o mercado de trabalho do Jornalismo está passando por uma grande transformação e que muitos profissionais e canais importantes da mídia brasileira migraram de vez ou completaram o trabalho na internet. Octávio também explica que o mercado é restrito e pequeno no Estado do Pará. “Então vi na internet uma oportunidade e criei o blog Janela do Esporte na tentativa de empreender e destacar meu nome enquanto jornalista”, complementa.
Quanto às dificuldades ao criar o blog, Octávio conta que foram poucas. “É perfeitamente possível praticar um bom Jornalismo home-office. O chato foi não ter condições financeiras para fazer tantas coberturas presenciais, ou seja, estar presente no momento em que a notícia ocorre, além de não se apresentar para personagens importantes como os presidentes de Remo e Paysandu”, diz.
Octávio conta que o Janela do Esporte não lhe proporcionou nenhum retorno financeiro que agora possui enquanto redator do Torcedores, mas mostrou que investir em uma carreira digital pode ser um caminho interessante. “Outra mudança que o Torcedores proporcionou é que passei a escrever pautas relacionadas a outros assuntos, não apenas sobre futebol paraense. Além disso, conheci outras pessoas. Hoje tenho uma página no Facebook que leva meu nome, compartilho as reportagens que publico no Torcedores e ofereço, em grupos específicos, o conteúdo que produzo”, comenta o jornalista.
Para o futuro, Octávio planeja conquistar estabilidade. “Estou estudando pra concurso público. Se um dia eu conseguir a aprovação, vou ter o desafio de conciliar as demandas entre o serviço público e o Torcedores”, explica.
Fotografia e teatro
Danielle Cascaes, hoje formada em Teatro pela Universidade Federal do Pará (UFPA), já tinha contato com a fotografia, mas a partir do TCC pôde enxergá-la de maneira mais artística, apesar de não ter sido seu objeto de pesquisa inicial. A também professora de Arte conta que trabalhava na produção com o grupo de teatro Cuíra desde quando era caloura da faculdade.
“Quando comecei a trabalhar com o grupo Cuíra, eu ainda não tinha reencontrado a fotografia como forma de expressão artística, então eu achava que eu queria trabalhar com produção cultural e eu trabalho com isso, mas o meu foco principal hoje em dia é a fotografia. O meu TCC era sobre produção cultural, mas eu não curtia muito e não sentia prazer em fazer a produção do espetáculo”, diz Danielle.
A fotógrafa conta que na época participava da produção executiva de um espetáculo, mas não era aquilo que gostava de fazer. “E no meio do processo de produção do espetáculo, em outro grupo de teatro dentro da faculdade, comecei a fazer a fotografia, que era a montagem de Rent, musical que eu gostava na época.” Daniella lembra que foi chamada para fazer as fotos porque alguém tinha dito ao diretor do espetáculo que ela fotografava e que acabou gostando.
“Eu acabei levando esse ofício de fotógrafa, tanto de bastidores quanto de produção, divulgação do espetáculo. Eu comecei a levar isso pra todos os espetáculos em que eu estava inserida, inclusive no espetáculo do grupo Cuíra, que se chamava OVO nº 13, que era o espetáculo sobre o qual eu estava fazendo o meu TCC. Eu falei para a minha orientadora, que era a diretora do espetáculo, que eu não queria mais ser produtora, me descobri outra coisa e queria mudar o meu objeto de pesquisa”, revela.
Danielle diz que mudou o seu olhar. “O meu sentimento atravessa a foto na hora que eu estou fotografando porque aquelas pessoas não são desconhecidas pra mim, nem aquele processo, nem aquele espaço”, explica.
A fotógrafa conta que o seu TCC influenciou diretamente em seu trabalho artístico porque foi a partir dele que ela começou a pensar sobre as pessoas com quem trabalha e com quem quer trabalhar. “Mais do que isso, qual é o tipo de relação que eu quero ter com as pessoas com quem eu trabalho. Eu não quero só chegar lá, fotografar e ir embora”, diz. “Eu viso estar inserida dentro dos grupos, eu sou uma pessoa que vai aos ensaios, eu dou a minha opinião sobre o espetáculo. A minha pesquisa de vida é como as relações interpessoais vão sempre atravessar o meu olhar, e assim, atravessar o olhar do espectador. Eu só comecei a pensar ativamente sobre isso quando eu tava escrevendo o meu TCC”, complementa.
Danielle revela que comprou sua câmera semiprofissional quando ainda estava na escola porque tinha vontade de fazer faculdade de Cinema e também tinha o intuito de fazer vídeos. “Eu fazia parte de um núcleo de dança na escola e eu fotografava esse núcleo e também filmava. Às vezes eu fotografava mais como registro, não tinha uma visão muito artística e só queria registrar o que tava acontecendo”, lembra.
Ela recorda que quando chegou a época de decidir o que iria fazer na faculdade, o curso de Cinema tinha acabado de abrir em Belém. “No ano que eu ia prestar vestibular era o ano que ia abrir, e eu fiquei com medo, um curso novo, professores novos. Optei por Teatro e era também uma área na qual eu tinha aptidão. Foi um choque pra mim, mas acabei me encontrando dentro de outras coisas. Foi no grupo de teatro que eu me encontrei com a fotografia de novo”, conta.
Danielle afirma que hoje a fotografia é a sua profissão e que deseja fotografar espetáculos e eventos artísticos para o resto da vida. Também revela que a fotografia, especificamente de espetáculos, mudou o seu fazer artístico e que sempre pensa em como pode acoplar o fazer artístico em seu cotidiano. Professora, ela conta que leva a fotografia para a escola. “Eu falo sobre isso nas minhas aulas, eu mostro as minhas fotos pra eles, fotografias de outros grandes fotógrafos. A fotografia é muito presente pra mim hoje e eu gosto também de dar aula”, complementa.
Danielle conta que um dos seus planos é fazer mestrado na área da Cinematografia por ser uma área bem parecida com a Fotografia. “Tenho muita vontade de fazer ‘Still’ que é a parte da fotografia que a gente fotografa o set de filmagens e faz as imagens de divulgação dos filmes. Fora isso, ainda penso em algumas oficinas pra dar que eu inscrevi na Lei Aldir Blanc, pelo Sesc Boulevard, e eu estou esperando a chamada final deles. E algumas oficinas de fotografia de espetáculos que talvez aconteçam esse ano. Seguindo nessa área e vendo onde ela me leva, sempre tentando coisas novas e tendo novas experiências”, conclui.
Conheça os produtos
Spotify – Castanha Pop
Torcedores.com
Instagram – Danielle Cascaes @cascaesfotos
Por Isabella Cordeiro.