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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará uma visita em solidariedade a Israel na quarta-feira (18), depois dos ataques do grupo islamista palestino Hamas, anunciou o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

"O presidente vai reafirmar a solidariedade dos Estados Unidos com Israel e nossos compromisso inabalável com sua segurança", disse Blinken na manhã de terça-feira (noite de segunda, 16, no Brasil) em Tel Aviv.

Blinken falou depois de uma reunião noturna de cerca de oito horas no Ministério da Defesa com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na segunda visita do alto diplomata desde o ataque do Hamas em 7 de outubro.

"Israel tem o direito, e de fato, o dever de defender sua população dos ataques do Hamas e outros terroristas e de prevenir futuros ataques", indicou Blinken.

Biden "vai ouvir de Israel o que o país necessita para defender seu povo enquanto trabalhamos com o Congresso para satisfazer essas necessidades", disse.

Além disso, Blinken disse que os Estados Unidos deram garantias a Israel de que vão trabalhar para trazer assistência estrangeira à empobrecida e bloqueada Faixa de Gaza, enquanto Israel se prepara para uma ofensiva terrestre contra o território sob controle do Hamas.

Biden espera "ouvir de Israel como serão desenvolvidas as operações de forma que minimize as baixas civis e permita a chegada de assistência humanitária aos civis em Gaza, e que o Hamas não se beneficie", expressou Blinken.

"A pedido nosso, Estados Unidos e Israel acordaram formular um plano que permitirá que a ajuda humanitária de países doadores e organizações multilaterais chegue aos civis em Gaza", disse Blinken.

O secretário acrescentou que os dois lados discutem a "possibilidade de criar áreas para ajudar a manter os civis fora de perigo".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desembarcou nesta terça-feira (17) na China para uma reunião com o "amigo querido" Xi Jinping, durante um encontro de cúpula multilateral que será ofuscado parcialmente pelo conflito entre Israel e o movimento islamita Hamas.

A visita de Putin tem o objetivo de fortalecer ainda mais os laços entre Moscou e Pequim.

A China recebe esta semana os representantes de 130 países para um fórum do projeto chave do governo Xi, a Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), um programa de desenvolvimento de infraestruturas que permitiu a Pequim ampliar sua influência global.

Putin lidera a lista de convidados e deve se reunir na quarta-feira com o homólogo chinês, em sua primeira visita a uma potência mundial desde o início da invasão da Ucrânia, conflito que deixou seu país isolado internacionalmente.

"Durante as conversas, uma atenção especial será reservada aos temas internacionais e regionais", afirmou o Kremlin, sem revelar mais detalhes.

A missão de Putin é fortalecer uma relação já sólida com Pequim, na qual Moscou é cada vez mais o sócio de menor influência.

Analistas descartam grandes surpresas durante a visita de Putin à China, que é encarada mais como um gesto simbólico de apoio a Moscou.

A Rússia tem consciência de que a China não deseja assinar nenhum acordo importante, afirmou à AFP Alexander Gabuev, diretor do Centro Carnegie para Rússia e Eurásia.

"A China tem todas as cartas na mão".

Apesar da reunião dos líderes durante o encontro de cúpula da BRI, a atenção mundial estará dominada pela guerra de Israel contra a organização palestina Hamas.

Israel declarou guerra contra o Hamas depois que combatentes do grupo invadiram o território israelense em 7 de outubro e mataram mais de 1.400 pessoas, em sua maioria civis.

Os bombardeios israelenses em represália deixaram pelo menos 2.750 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, segundo as autoridades palestinas.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, pediu ao ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, que utilize a influência de Pequim no Oriente Médio para acalmar a situação.

A China tem relações próximas com o Irã, cujos líderes religiosos apoiam o Hamas e o Hezbollah libanês, que poderia iniciar uma segunda frente de batalha contra Israel.

O enviado especial de Pequim, Zhai Jun, viajará ao Oriente Médio durante a semana para tentar estabelecer um cessar-fogo e negociações de paz, informou o canal estatal chinês CCTV, sem revelar detalhes sobre os países que serão visitados.

- Encontro de amigos -

Xi se reuniu nesta terça-feira, no início da cúpula, com os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, informou a imprensa estatal.

Putin e Xi discutirão as relações bilaterais em sua totalidade, afirmou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, durante um encontro com o homólogo Wang.

O ministro Wang disse que a China "aprecia" o apoio da Rússia à BRI.

"Ambas as partes devem planejar atividades comemorativas, aprofundar a confiança mútua estratégica, consolidar a amizade tradicional e promover a amizade de geração em geração", disse o chefe da diplomacia chinesa.

Os dois países têm uma relação simbiótica, na qual a China valoriza o papel da Rússia como bastião contra o Ocidente, enquanto Moscou depende cada vez mais do apoio comercial e geopolítico de Pequim.

"Desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia, o país ficou em uma posição de dependência sem precedentes da China", destaca Bjorn Alexander Duben, da Universidade de Jilin, na China.

O eixo da aliança é a relação pessoal de Xi e Putin, que se consideram "amigos queridos".

"O presidente Xi Jinping me chama de amigo e eu também o chamo de amigo", disse Putin ao canal estatal chinês CGTN antes da viagem, segundo um comunicado do Kremlin.

O aplicativo de vídeos TikTok anunciou que derrubou mais de 500 mil vídeos e interrompeu cerca de oito mil transmissões ao vivo relacionadas ao conflito entre Israel e o grupo islamita palestino Hamas.

Desde 7 de outubro "suprimimos mais de 500.000 vídeos e interrompemos cerca de 8.000 transmissões ao vivo na região afetada, devido a violação de nossas regras", declarou a empresa em seu site no domingo (15).

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A medida foi uma resposta à advertência recebida pela União Europeia na semana passada, que pedia para que a rede social combatesse os conteúdos ilegais.

Desde agosto, a União Europeia conta com um novo regulamento mais rigoroso que tem o objetivo de combater "os conteúdos ilegais" ou a "desinformação" nas plataformas e redes sociais.

O TikTok garantiu, por sua vez, que reforçou suas equipes de moderadores para combater este cenário e proteger os jovens, que representam a maior parte dos usuários.

"À empresa corresponde uma obrigação especial de protegê-los dos conteúdos violentos (...) que parecem circular amplamente em sua plataforma sem um dispositivo de segurança particular", escreveu o comissário europeu para a Economia Digital, Thierry Breton, em uma carta ao diretor-executivo do aplicativo chinês, Shou Zi Chew.

Breton também fez advertências semelhantes à Meta, X (ex-Twitter) e YouTube.

O TikTok afirmou que imediatamente mobilizou "importantes recursos para aplicar nossas políticas contra a violência", incluindo "um centro de comando que reúne membros essenciais de nossa equipe global de 40.000 profissionais de segurança", detalhou.

"Também atualizamos nosso sistema de detecção automatizada pró-ativa em tempo real à medida que identificamos novas ameaças", para "detectar e eliminar automaticamente os conteúdos violentos", acrescentou a rede social, que "incorporou mais moderadores que falam árabe e hebraico".

O aplicativo ainda reforçou que trabalha em conjunto com outras instituições, incluindo a AFP, para realizar a verificação de notícias em mais de 50 idiomas.

"Se a verificação dos fatos for inconclusiva, classificamos o conteúdo como não verificado, não o permitimos em fluxos 'Para você' e incentivamos aos usuários que o reconsiderem antes de compartilhá-lo", acrescentou.

O TikTok também restringiu o uso de transmissões ao vivo e determinadas hashtags.

Quando o rabino Israel Weiss abre os contêineres frios com os corpos das vítimas do ataque violento do Hamas, o odor é insuportável, mas ele afirma que sente apenas "a dor" das vítimas.

O ex-rabino chefe do Exército israelense fez uma pausa na aposentadoria para trabalhar na identificação dos corpos das mais de 1.400 vítimas, em sua maioria civis, da ofensiva letal do movimento islamita palestino Hamas, executada em 7 de outubro em território israelense.

Equipes de médicos, dentistas, legistas e voluntários trabalham sem trégua para identificar os cadáveres, que continuam chegando à base militar de Shura, perto da cidade de Ramla, no centro de Israel, quase 10 dias após o ataque.

Centenas de corpos, que ainda não foram identificados ou sepultados, estão em contêineres refrigerados na base, perto das tendas onde trabalham as equipes.

Outros quatro centros de identificação foram criados, segundo as autoridades.

Em uma visita organizada pelas autoridades no domingo, os jornalistas observaram parte do processo de identificação em Shura.

Israel respondeu ao ataque do Hamas com bombardeios em larga escala na Faixa de Gaza, território governado pelo movimento islamita, e a preparação de uma incursão terrestre contra o enclave palestino. Mais de 2.750 pessoas morreram, a maioria civis, informaram as autoridades locais.

- "Horrores" -

Quando as portas das câmaras são abertas, o cheiro da morte é insuportável. Máscaras são obrigatórias.

"Abro as portas dos contêineres, vejo os corpos, sinto o odor, deixo que encha meus pulmões e o meu coração, mas o que sinto é sua dor e desaparecimento", afirma Israel Weiss.

O rabino e outros integrantes da equipe que examinaram os corpos afirmam que muitas vítimas foram torturadas, estupradas ou sofreram outros tipos de maus-tratos. A AFP não conseguiu comprovar as declarações com uma fonte independente.

"Nunca em minha vida observei tais horrores", declarou o rabino diante dos contêineres, que recebem até 50 corpos.

"Vi bebês, mulheres e homens decapitados. Vi uma mulher grávida com o ventre estripado e o bebê arrancado", acrescenta.

"Muitas mulheres trazidas para cá foram estupradas", disse.

O Hamas, que teve quase 1.500 combatentes mortos encontrados em território israelense, nega as acusações.

O governo israelense afirmou que algumas crianças foram amarradas ou queimadas e que membros do Hamas lançaram granadas em abrigos onde várias vítimas estavam escondidas.

Para identificar os restos mortais, as equipes contam com amostras de DNA, impressões digitais e informações sobre os dentes.

As autoridades informaram que quase 90% dos 286 soldados mortos no ataque foram identificados, mas apenas metade dos civis.

- Semanas de trabalho -

"Nada poderia nos preparar para isto", afirma a sargento Avigayil, que revelou apenas o nome, em referência aos maus-tratos infligidos às vítimas.

Como ela, a capitã Maayan, dentista e reservista, começa a chorar quando explica o processo de identificação.

"Vemos cenas horríveis", disse, antes de mencionar sinais de tortura e abusos. "Ouvimos os gritos e choros dos bebês que perdem os pais".

Mayaan explica que uma das vítimas que identificou era sua paciente em uma clínica de Tel Aviv.

Psicólogos e assistentes sociais participam no processo, para ajudar as equipes de identificação durante o trabalho.

Mas o Exército, que afirma que ao menos 199 pessoas foram sequestradas pelo Hamas, advertiu que serão necessárias semanas de trabalho para estabelecer um balanço definitivo de vítimas e sua identificação.

No sul da Faixa de Gaza, onde dezenas de milhares de palestinos estão refugiados, Assem enfrenta um dilema diário: tomar banho ou poupar a água para beber.

Com filas extensas, muitas pessoas esperaram por dias para conseguir tomar banho, depois que Israel cortou a água, a eletricidade e os alimentos desde o início da ofensiva do grupo islamita palestino Hamas sobre o território israelense em 7 de outubro.

"A água é um problema", disse Assem, que recebeu em sua casa na cidade de Khan Yunis moradores dos bairros de Rimal e Tal al-Hawa que fugiram dos bombardeios de Israel no norte da Faixa de Gaza.

"Todos os dias pensamos em como economizar água. Se você toma banho, não bebe água", lamenta o anfitrião.

Ahmed Hamid se refugiou em Rafah por alguns dias, até conseguir fugir de sua aldeia em Gaza.

"Não tomamos banho há dias, e até para ir até o banheiro temos que fazer fila", conta este pai de família de 43 anos.

Diante da possibilidade de uma ofensiva terrestre contra o território palestino, o Exército israelense determinou no sábado (14) que 1,1 milhão dos 2,4 milhões de habitantes do enclave se retirem para o sul do território.

"Não tem comida" e os preços dos poucos recursos disponíveis dispararam, reclama Hamid.

Segundo jornalistas da AFP, ver milhares de pessoas dormindo nas estradas, em jardins de hospitais e em escolas administradas pela agência da ONU para refugiados palestinos, a UNRWA, já se tornou um cenário comum nas cidades de Rafah e Khan Yunis.

"Me sinto humilhada e envergonhada. Não temos muitas roupas, a maioria delas está suja e não há água para lavá-las. Não há eletricidade, nem água, nem internet. Sinto que estou perdendo minha humanidade", disse Mona Abdel Hamid, que se refugiou com familiares em Rafah, mas depois foi "convidada" a casas de pessoas que não conhece.

- "Onde está a humanidade?" -

Embora dezenas de milhares de pessoas tenham fugido para o sul do território, a Força Aérea israelense não parou de atacar regiões do sul como Rafah e Khan Yunis, que foram bombardeadas no domingo.

"Vejam a destruição em massa. Eles dizem que aqui há terrorismo", grita Alaa al-Hams, mostrando os escombros de um bairro atacado em Rafah.

"Onde está a humanidade de que falam? Onde estão os direitos humanos? Aqui são todos civis, não estão ligados a nenhum grupo, mas morreram (nos ataques). Estão todos mortos", lamentou.

Entre as ruínas de sua casa na mesma região, Samira Hassab se questiona sobre o que fazer diante da situação.

"Para onde vamos? Onde estão os países árabes? Passamos a vida na diáspora. A nossa casa, onde viviam todos os meus filhos, foi bombardeada. Dormimos na rua e não temos mais nada", lamenta a mulher que tem uma filha com câncer e a qual não pode levar ao hospital com medo dos ataques.

Desde o ataque inédito do Hamas, que segundo as autoridades deixou mais de 1.400 mortos, Israel estreitou o cerco na Faixa de Gaza, onde os bombardeios israelenses mataram 2.750 pessoas, de acordo com representantes locais.

No domingo (15), Israel indicou que restauraria o abastecimento de água no sul da Faixa de Gaza. Embora o serviço tenha sido normalizado no município de Bani Suheila, não se sabe se o mesmo ocorreu em outras localidades da região.

O ex-presidente finlandês Martti Ahtisaari, Prêmio Nobel da Paz em 2008, faleceu aos 86 anos em Helsinque, informou o governo do país nesta segunda-feira (16).

Ahtisaari se aposentou da vida pública em 2021 devido à doença de Alzheimer.

Presidente da Finlândia de 1994 a 2000, também diplomata da ONU, Ahtisaari ajudou a acabar com conflitos de longa data em todo o mundo.

O finlandês coordenou em 2005 as negociações entre o governo da Indonésia e os separatistas do Movimento Aceh Livre (GAM), após uma guerra de três décadas que deixou quase 15.000 mortos.

"Tenho muita paciência. Não fico chateado, mas posso ser muito duro", disse pouco depois das negociações na Indonésia. Ele acrescentou que considerava a chave do seu sucesso a capacidade de compreender as pessoas.

A questão do Kosovo, no entanto, foi um fracasso para o incansável ativista da paz, que acreditou que poderia aproximar sérvios e albaneses de Kosovo e superar os danos do conflito de 1998-1999.

No fim de 2005, o Conselho de Segurança da ONU pediu que ele supervisionasse as negociações entre sérvios e kosovares sobre o futuro estatuto da província. Dois anos depois, ele encerrou as negociações e aconselhou a independência.

As últimas negociações, sem a presença do finlandês, fracassaram e Kosovo declarou unilateralmente sua independência em 17 de fevereiro de 2008.

O Reino Unido recorreu a Ahtisaari em 2000 como observador do desarmamento do Exército Republicano Irlandês (IRA), após o anúncio da organização clandestina de que pretendia renunciar à violência.

Após o anúncio do Nobel em 2008, Ahtisaari considerou que sua ação mais determinante foi participar no processo que resultou na independência da Namíbia.

Ahtisaari nasceu em 23 de junho de 1937 em Viipuri (atualmente Viborg, na Rússia), então na Carélia finlandesa. A família foi retirada da província, anexada pela União Soviética após a Segunda Guerra Mundial.

Em 1994, ele se tornou o primeiro presidente finlandês eleito por voto universal.

Israel prosseguia nesta segunda-feira (16) concentrando tropas na fronteira com a Faixa de Gaza, território palestino governado pelo movimento islamita Hamas, onde mais de um milhão de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas nos últimos dias diante do temor de uma ofensiva terrestre israelense.

A guerra entre Israel e Hamas começou após o violento ataque do movimento extremista em 7 de outubro contra o território israelense.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas, iniciou uma intensa campanha de bombardeios na Faixa de Gaza e pediu aos civis que fujam da cidade de Gaza para o sul.

Mais de 1.400 pessoas foram assassinadas pelos ataques do Hamas em Israel, a maioria civis. As ações de represália israelenses deixaram pelo menos 2.750 mortos em Gaza, a maioria civis palestinos, incluindo centenas de crianças, segundo as autoridades locais.

O Hamas, considerado uma organização "terrorista" por Estados Unidos, União Europeia e Israel, sequestrou pelo menos 199 pessoas, de acordo com balanço atualizado divulgado nesta segunda-feira pelo Exército do Estado hebreu.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, retornou a Israel nesta segunda-feira para sua segunda visita ao país em uma semana, após uma viagem por vários países árabes.

O Exército israelense informou nesta segunda-feira que "se absteria" de atacar os corredores de saída que ligam o norte e o sul da Faixa de Gaza.

No domingo, nono dia do conflito, Israel bombardeou alvos em Gaza, enquanto os combatentes do Hamas prosseguiam com os lançamentos de foguetes contra o território israelense.

- Evacuação na fronteira libanesa -

A tensão também é elevada na fronteira norte com o Líbano. Israel começou a retirar nesta segunda-feira os moradores ao longo desta fronteira, onde os confrontos aumentaram nos últimos dias entre o movimento Hezbollah pró-Irã, aliado do Hamas, e o Exército israelense.

No domingo, um civil israelense morreu e vários ficaram feridos em Shtula, norte do país, em um ataque com mísseis do Hezbollah. O Exército respondeu e atacou instalações militares do movimento xiita libanês. A sede da Força de Paz da ONU no sul do Líbano foi atingida por um foguete.

Após os ataques aéreos e a ordem do Exército para a evacuação do norte da Faixa de Gaza, mais de um milhão de pessoas fugiram em uma semana do pequeno território de 362 quilômetros quadrados, cercado e onde vivem 2,4 milhões de palestinos.

Com poucos pertences, em motocicletas, automóveis, reboques ou burros, os palestinos fogem há vários dias para o sul.

"Sem energia elétrica, sem água, sem internet, sinto que estou perdendo minha humanidade", disse Mona Abdel Hamid, 55 anos, que fugiu para Rafah, na fronteira com o Egito.

O Exército israelense confirmou que está se preparando para a "próxima etapa" da operação de represália contra o Hamas, responsável pelo ataque mais violento em seu território desde a criação do Estado de Israel em 1948.

Na manhã de 7 de outubro, durante o Shabat, o descanso semanal judaico, centenas de combatentes do Hamas infiltraram-se em Israel por terra e ar. Eles mataram mais de mil civis e espalharam o terror, sob uma chuva de foguetes.

Em resposta ao ataque, Israel concentrou dezenas de milhares de soldados ao redor da Faixa de Gaza. O Exército anunciou que encontrou os corpos de 1.500 combatentes do Hamas.

"Estamos no início das operações militares em larga escala na cidade de Gaza", no norte do território, afirmou nesta segunda-feira o porta-voz do Exército, Jonathan Conricus. "Os civis não estariam seguros se permanecessem aqui", acrescentou.

- "Risco muito grave" -

Os preparativos preocupam a comunidade internacional. No Cairo, Blinken afirmou que os aliados árabes dos Estados Unidos não desejam a prorrogação do conflito.

O apelo por calma foi reiterado pelo presidente americano Joe Biden, que alertou que uma nova ocupação por parte de Israel da Faixa de Gaza seria um "grave erro". Israel ocupou Gaza da Guerra dos Seis Dias em 1967 até 2005.

Em Gaza, sitiada desde 9 de outubro por Israel, está acontecendo uma "catástrofe humanitária sem precedentes", afirmou a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA).

"Nem uma gota de água, nem um grão de trigo, nem um litro de combustível conseguiram entrar em Gaza nos últimos oito dias", disse Philippe Lazzarini, diretor da UNRWA.

A situação continua muito difícil para milhares de refugiados.

"Todos os dias pensamos em como economizar água. Se você toma banho, não bebe água", lamenta Asem, morador de Khan Yunes, que não informou o sobrenome.

Na passagem de fronteira de Rafah, entre Egito e Gaza, a ajuda humanitária chega de vários países, mas não pode entrar no território palestino.

Rafah, o único ponto de passagem entre Gaza e o exterior que não está sob controle israelense, permanece fechado e foi bombardeado diversas vezes por caças do Estado hebreu.

A Faixa de Gaza enfrenta um bloqueio israelense por terra, ar e mar desde 2007, quando o Hamas tomou o poder o território.

A guerra entre Israel e o Hamas também se trava no mundo virtual, com os ciberataques se multiplicando desde a ofensiva terrestre de 7 de outubro, mas sem intrusões graves até o momento, segundo especialistas em cibersegurança.

"Assim como no conflito russo-ucraniano, o número de ciberataques aumentou. Mas não podemos falar de ciberguerra: são, principalmente, ataques de negação de serviço (DoS, na sigla em inglês)", um congestionamento intencional e sem gravidade que torna um site inacessível por algumas horas, explica o diretor de Inteligência da empresa de segurança cibernética Sekoia, François Deruty.

Outra técnica desses "hacktivistas" são sites sabotados. A página inicial é substituída por uma tela preta, ou por uma mensagem de propaganda.

Sites do governo, ou de meios de comunicação israelenses, assim como grupos de energia, ou de defesa, têm sido alvo desse tipo de ataque, mas sem roubo de dados, ou paralisia operacional, dizem os especialistas.

Um aplicativo que alerta os israelenses em caso de ataque, o Red Alert, também foi sabotado com mensagens de propaganda, como "a bomba nuclear está a caminho".

"Grupos de hacktivistas que estavam mobilizados até agora na guerra na Ucrânia se reorientaram para este conflito há uma semana, com o objetivo de encontrar vítimas, incluindo empresas ocidentais. Mas essas operações são puramente para mandar mensagens, não é ciberguerra", acrescenta um especialista de uma grande empresa de cibersegurança.

"Os ataques contra sites israelenses, que estão muito bem protegidos, costumam ser do tipo negação de serviço", confirma o diretor da empresa de cibersegurança Ziwit, Mohammed Boumediane.

Segundo ele, "podem ocorrer outros grandes ataques neste fim de semana, ou no início da próxima semana, já que há milhares de incursões 'brute force' (força bruta) em curso".

Este procedimento implica testar incessantemente combinações de senhas que permitem, entre outras coisas, ataques de negação de serviço.

- Intervenção de russos e indianos -

"Entre os atacantes estão grupos estrangeiros: hackers russos pró-palestinos e hackers indianos pró-israelenses", acrescenta François Deruty, da Sekoia.

Sites israelenses foram vítimas do grupo de língua russa Anonymous Sudan, que apoia o Hamas, bem como do grupo russo Killnet.

Além disso, na sua opinião, grupos iranianos menos visíveis apoiam, discretamente, os ataques a Israel.

O Anonymous Sudan assumiu a responsabilidade por um ataque contra a versão eletrônica do jornal Jerusalem Post, que ficou paralisada por muitas horas. E o grupo Killnet anunciou sua intenção de atacar sites do governo israelense.

"Mas não vimos ataques de eliminação de dados como os sofridos pela Ucrânia, embora o Irã esteja em condições de fornecer tais ferramentas. É verdade que o nível de ciberdefesa de Israel é muito elevado, ainda mais do que na Ucrânia", ressalta.

Já grupos indianos atacaram sites palestinos. Isso é consequência dos laços diplomáticos entre Índia e Israel, analisa o especialista da Sekoia, e também da relação entre grupos indianos e "startups" israelenses que são seus fornecedores.

Os ataques contra estes sites palestinos foram menos frequentes, mas por vezes mais graves, destaca o diretor da Ziwit. Ele cita um ciberataque contra a AlfaNet, um provedor palestino de acesso à Internet com sede na Faixa de Gaza, atribuído ao grupo Indian Cyber Force.

Em um relatório do início de outubro, o grupo Microsoft indicou que, no começo de 2023, observou uma onda significativa de ataques do grupo Storm-1133, com base em Gaza e que apoia o Hamas. Estes ataques foram dirigidos contra organizações israelenses de defesa, energia e telecomunicações.

A Microsoft, proprietária do Xbox, finalizou a compra da desenvolvedora de jogos de videogame Activision Blizzard, editora de "Call of Duty", "Diablo" e "Candy Crush", selando uma das maiores parcerias tecnológicas da história, após ter superado, nesta sexta-feira (13), os obstáculos finais para a aquisição.

Em um documento regulatório enviado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês), a empresa disse que o acordo foi concluído, encerrando quase dois anos de rígidas burocracias por parte dos reguladores, sobretudo nos EUA.

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Após sua oferta ter sido rejeitada em abril, a Microsoft apresentou, no final de agosto, à Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA, na sigla em inglês) uma versão alterada de sua proposta de compra, e desta vez recebeu a "autorização", anunciou o órgão regulatório britânico em um comunicado.

Esta mega aquisição, anunciada em janeiro de 2022, era uma aposta incisiva da Microsoft para se fortalecer nos videogames e ajudar seu console Xbox na concorrência com o PlayStation, da Sony.

Esta compra coloca a gigante americana em terceiro lugar no ranking das maiores empresas de videogame. Em termos de volume de negócios, passa a ficar atrás da Tencent e da Sony, ultrapassando a Apple.

Diante desta nova versão da proposta, prevê-se transferências notáveis, como a dos direitos dos jogos online da Activision Blizzard – incluindo os bem-sucedidos "Call of Duty" e "Candy Crush" –, que serão vendidos para a empresa francesa Ubisoft.

A cessão também engloba jogos online (conhecidos como "cloud gaming") para PC e consoles da Activision produzidos ao longo dos próximos 15 anos (fora do mercado europeu) e "impedirá que a Microsoft bloqueie a concorrência neste setor (... ) quando esse mercado decolar", comemorou a CMA.

A agência reguladora britânica havia dado a autorização provisória no final de setembro, mas demonstrou "preocupações" ligadas aos receios de que a Microsoft pudesse evitar ou não aplicar certas disposições do acordo com a Ubisoft.

Nesta sexta-feira, a CMA garantiu que o compromisso assumido pela empresa americana é suficiente "para garantir que este acordo seja aplicado da forma correta".

"Estamos gratos pela profunda análise e decisão minuciosas de hoje da CMA", disse o presidente da Microsoft, Brad Smith, em um comunicado transmitido à AFP.

A aquisição "beneficiará os jogadores e a indústria neste campo em todo o mundo", acrescentou.

- Decisão "muito esperada" -

"Estamos ansiosos para levar alegria a mais jogadores ao redor do mundo", disse o CEO da Activision, Bobby Kotick, após o anúncio das aprovações regulatórias necessárias para finalizar a transação.

"A decisão de hoje foi muito esperada e põe fim ao que tem sido um processo tumultuoso para todas as partes envolvidas", segundo Alex Haffner, advogado especializado em questões de concorrência, associado ao escritório Fladgate.

A CMA temia que o formato inicial da operação reduzisse a concorrência no mercado de jogos digitais.

A Comissão Europeia havia aprovado a compra em maio. Já a Autoridade da Concorrência americana (FTC, na sigla em inglês) por sua vez, suspendeu em julho o procedimento administrativo que iniciou em dezembro contra esta aquisição, conforme estava previsto inicialmente.

A Microsoft contestou o bloqueio britânico em tribunal, mas concordou, no início de julho, em suspender o procedimento judicial para chegar a um acordo com a autoridade reguladora.

A CMA "está determinada a evitar fusões que prejudiquem a concorrência" e "tomamos nossas decisões sem influência política e não seremos influenciados pelo lobby empresarial", afirmou Sarah Cardell, diretora-geral do órgão, citada no comunicado de imprensa.

Um homem armado com uma faca matou um professor e feriu gravemente outras duas pessoas nesta sexta-feira (13), em uma escola de ensino médio em Arras (norte da França), disseram à AFP a prefeitura e uma fonte policial.

O ataque está sendo investigado como ato terrorista, quase três anos depois do assassinato de outro professor nas mãos de um jihadista.

O episódio se deu na escola Gambetta da cidade, escreveu o ministro do Interior, Gérald Darmanin, na rede social X (antigo Twitter), acrescentando que o agressor foi detido.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um homem jovem, vestido com calças pretas e casaco cinza, brigando com vários adultos no pátio, visivelmente armados, antes de se dirigir à porta do centro educacional.

O autor do ataque gritou "Allah Akbar" (Alá é grande, em tradução livre), disseram à AFP a administração regional e uma fonte policial.

"Allah Akbar", uma expressão formal de fé usada por pessoas de crença muçulmana, tornou-se um grito usado pelos autores dos ataques jihadistas que abalaram a França na última década.

O autor é de origem chechena e estava fichado pelas autoridades no registro de segurança nacional, disse outra fonte policial. Ainda conforme as primeiras informações policiais, seu irmão também foi detido perto de outra escola, mas sem armas.

Nenhum aluno ficou ferido. Os outros dois feridos são um agente de segurança, que recebeu várias facadas, e um professor, segundo diversas fontes.

A Promotoria Antiterrorista (Pnat) anunciou a abertura de uma investigação por homicídio e tentativa de homicídios em relação a empreitada terrorista, entre outras acusações.

Os alunos e funcionários do colégio foram confinados na instituição, acrescentou a polícia.

"Mantenham a calma e sigam as instruções para facilitar o retorno à situação normal", escreveu a entidade administrativa na rede X.

As forças de segurança isolaram a área ao redor da escola, para onde também foram enviados bombeiros e socorristas, observaram jornalistas da AFP. Os pais dos alunos também ficaram posicionados em frente ao liceu.

- "Nos entrincheiramos" -

Um professor de filosofia que presenciou o ataque, Martin Dousseau, descreveu um movimento de pânico durante um intervalo entre as aulas, quando os alunos se viram cara a cara com o atirador.

"Quis descer para intervir. Ele se virou para mim, me perseguiu e me perguntou se eu era professor de Geografia e História", contou, acrescentando que a vítima era um professor de francês do centro.

"Nos entrincheiramos. Depois, a polícia chegou e o imobilizou", completou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, viaja nesta sexta-feira para Arras, assim como o ministro da Educação, Gabriel Attal, disseram à AFP a presidência francesa e a equipe deste último.

Esses fatos ocorrem quase três anos após o assassinato, em 16 de outubro de 2020, em Conflants-Sainte-Honorine, a noroeste de Paris, do professor Samuel Paty.

Abdoullakh Anzorov, um refugiado russo de origem chechena, esfaqueou-o e decapitou-o por ter mostrado charges de Maomé nas aulas durante um curso sobre liberdade de expressão. Foi abatido pela polícia.

O Exército israelense ordenou a saída imediata de mais de um milhão de habitantes do norte da Faixa de Gaza para o sul, em meio ao seu intenso bombardeio em represália pelos ataques do Hamas, enquanto a ONU pedia o cancelamento da medida e advertia sobre as consequências "devastadoras" da mesma.

Em um comunicado, o Exército israelense convocou a "retirada de todos os civis da Cidade de Gaza de suas casas, para o sul, para sua própria segurança e proteção, e se transferir para a área ao sul de Wadi Gaza".

Desde o início das hostilidades, em 7 de outubro, na esteira de um sangrento ataque do movimento islâmico palestino Hamas, cerca de 1.200 pessoas morreram em Israel, a maioria civis. Entre os mortos, há pelo menos 258 soldados israelenses, segundo o Exército.

Na Faixa de Gaza, os maciços bombardeios israelenses, lançados em resposta, deixaram 1.537 mortos, incluindo muitos civis, segundo as autoridades locais.

O grupo islâmico também mantém cerca de 150 reféns na Faixa, dos quais 13, "incluindo estrangeiros", morreram em bombardeios israelenses, disse o braço armado do Hamas nesta sexta.

O Exército de Israel convocou "a saída de todos os civis" da Cidade de Gaza, no norte do enclave, para o sul, "para sua própria segurança e proteção", anunciou hoje. Pela manhã, lançou panfletos em árabe dos aviões, instando os moradores a deixarem suas casas "imediatamente".

O exército deu um prazo, em princípio, de 24 horas, mas depois admitiu que essa retirada "levará tempo".

O Hamas rejeitou imediatamente a ordem.

"Nosso povo palestino rejeita a ameaça dos líderes da ocupação (israelense) e seus apelos para que deixem suas casas e fujam para o sul, ou para o Egito", declarou o Hamas em um comunicado.

Informada momentos antes da ordem israelense de "realocação" de 1,1 milhão de habitantes, a ONU fez um apelo pela anulação da medida.

Uma retirada desse tipo é "impossível sem causar consequências devastadoras", alertou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.

O Ministério palestino da Saúde também observou que era "impossível retirar pacientes vulneráveis dos hospitais no norte de Gaza".

- "Hamas será esmagado" -

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) transferiu seu centro de operações e seu pessoal para o sul da Faixa.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Betanyahu, prometeu destruir o Hamas, depois de se reunir com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em Tel Aviv, na quinta-feira.

"Assim como o EI [grupo jihadista Estado Islâmico] foi esmagado, o Hamas será esmagado", disse Netanyahu.

- 6.000 bombas -

Na cidade de Sderot, perto da fronteira com Gaza, Yossi Landau, voluntário da organização Zaka, que participa na identificação de corpos, disse não ter visto nada parecido.

"Levamos 11 horas para percorrer um trecho da estrada que deveria levar 15 minutos, porque fomos recolher todos [os corpos] e colocamos em sacos", conta o homem de 55 anos.

Em resposta ao ataque do Hamas, o Exército israelense lançou cerca de 6.000 bombas, ou um total de 4.000 toneladas de explosivos, no enclave palestino.

Na noite de quinta para sexta-feira, 750 "posições militares" foram atacadas, incluindo "residências de terroristas de alto escalão usadas como centros de comando militar", disse o Exército israelense.

Segundo jornalistas da AFP, "bombardeios maciços" atingiram o acampamento de Al Shati, o maior da Faixa de Gaza.

Os milicianos na Faixa de Gaza dispararam centenas de foguetes contra Israel nesta sexta-feira, confirmou um jornalista da AFP. Os projéteis foram lançados durante um período de cerca de 15 minutos.

Mais de 423.000 pessoas se viram forçadas a abandonar as suas casas no território palestino, segundo a agência humanitária das Nações Unidas, OCHA.

Na Faixa de Gaza, um território estreito e empobrecido sob rígido embargo israelense desde 2007, quando o Hamas assumiu o controle total, sua população está ficando sem água, eletricidade e alimentos, na sequência do cerco ordenado por Israel esta semana. Segundo o OCHA, alguns habitantes estão começando a beber água do mar, que é salgada e contaminada por esgoto.

- "Controlar Israel" -

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, reafirmou na quinta-feira seu apoio a Israel, embora tenha apelado que sejam consideradas as "aspirações legítimas" dos palestinos.

"Enquanto os Estados Unidos existirem (…), estaremos sempre ao seu lado", disse ele, após se reunir com Netanyahu.

Blinken mencionou as "possibilidades" de abrir passagens seguras para os civis "que desejam abandonar a área ou buscar refúgio".

Na Jordânia, onde Blinken continua sua viagem para tentar conter esta crise, o rei Abdullah II advertiu contra "qualquer tentativa de deslocar" os palestinos.

A Liga Árabe classificou a ordem de retirada israelense como "um crime além da compreensão", e o presidente russo, Vladimir Putin, disse que uma incursão terrestre israelense na Faixa de Gaza causaria "perdas inaceitáveis entre os civis" palestinos.

Além dos bombardeios em massa, Israel destacou dezenas de milhares de soldados para perto do enclave e na fronteira com o Líbano, no norte, país a partir do qual o Hezbollah pró-Irã, aliado do Hamas, lança foguetes.

O Irã disse que os Estados Unidos "devem controlar Israel", se quiserem evitar uma guerra regional, nas palavras de seu ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir Abdollahian, durante uma visita ao Líbano.

Em vários países da região, milhares de pessoas se manifestaram nas capitais do Iraque, do Irã e da Jordânia em apoio aos palestinos.

A Nasa se prepara para lançar uma missão nesta sexta-feira (13) ao distante asteroide Psyche, um mundo feito de metal até então não estudado, que os cientistas acreditam poder ser o núcleo de um antigo corpo celeste.

A sonda da missão Psyche está programada para decolar às 10h19, horário local (11h19 em Brasília), do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, a bordo de um foguete SpaceX Falcon Heavy.

No entanto, haveria apenas 40% de chance de que o clima fosse favorável para a decolagem. Uma nova tentativa poderá ocorrer no sábado.

A humanidade já visitou mundos feitos de rochas, gelo, ou gás. Mas "esta será a primeira vez que o fará em um mundo que tem uma superfície metálica", disse Lindy Elkins-Tanton, gestora científica da missão, em coletiva de imprensa.

A viagem será longa: Psyche está localizada na parte externa do cinturão de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter.

A sonda da Nasa percorrerá cerca de 3,5 milhões de quilômetros para chegar até lá, provavelmente no verão boreal (hemisfério norte) de 2029.

Graças à luz refletida em sua superfície, os cientistas sabem que Psyche é muito densa e feita de metal, além de algum outro material, talvez rochas. "Não sabemos realmente como é Psyche", explicou a pesquisadora. "Costumo brincar que tem o formato de uma batata, porque as batatas têm vários formatos diferentes, então não estou errada".

Os cientistas pensam que Psyche, com mais de 200 quilômetros de comprimento, pode ser o núcleo de um antigo corpo celeste, cuja superfície foi arrancada por impactos de asteroides.

A Terra, como Marte, Vênus e Mercúrio, tem um núcleo metálico. "Nunca veremos esses núcleos, é muito quente e muito profundo", disse Lindy Elkins-Tanton.

A missão a Psyche é, portanto, "nossa única maneira de ver um núcleo".

- Vulcões, rachaduras, crateras? -

Psyche se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, no nascimento do nosso sistema solar. É possível que tenha sofrido erupções vulcânicas, das quais restos podem permanecer na forma de antigos fluxos de lava.

Então, quando Psyche esfriou, sua contração pode ter causado a formação de enormes rachaduras.

Os cientistas também estão ansiosos para saber como são as crateras de um corpo celeste metálico: o material impulsionado pelo impacto dos asteroides pode ter congelado no ar e formado uma espécie de pontas.

A sonda permanecerá em órbita ao redor de Psyche por pouco mais de dois anos para estudá-la, alternando entre diversas altitudes.

Serão utilizados três instrumentos científicos: imagens multiespectrais para fotografá-lo, espectrômetros para determinar sua composição e magnetômetros para medir seu campo magnético.

Para se deslocar, a sonda também utilizará propulsores de efeito Hall, uma novidade nas viagens interplanetárias. Esses motores utilizam a eletricidade fornecida pelos painéis solares da sonda para obter íons de um gás nobre (gás xenônio), que são acelerados pela passagem por um campo elétrico.

Eles são, então, ejetados em alta velocidade, "cinco vezes mais rápido que o combustível que sai de um foguete convencional", disse David Oh, engenheiro da Nasa. "É o tipo de coisa que vimos em Star Wars e Star Trek, mas hoje estamos tornando o futuro uma realidade", disse ele.

A missão Psyche também testará um sistema de comunicação a laser, que deverá permitir a transmissão de mais dados do que comunicações por rádio.

Luis Garavito, o maior assassino em série da Colômbia, onde agrediu sexualmente, torturou e matou pelo menos 170 crianças, morreu nesta quinta-feira (12) enquanto cumpria pena, anunciou a autoridade prisional.

Conhecido também como "A Besta" ou "O Monstro de Génova" (sua cidade natal), Garavito faleceu aos 66 anos em uma clínica em Valledupar (norte) devido a "múltiplas condições de saúde", informou o Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário (Inpec) a jornalistas.

Ele estava cumprindo uma pena de 40 anos de prisão desde 1999 e havia sido diagnosticado com câncer no olho e leucemia.

Inicialmente, sua sentença foi de mais de 800 anos, mas a pena máxima na Colômbia é de quatro décadas.

A justiça o considerou culpado pelo abuso sexual e assassinato de pelo menos 170 menores de idade desde 1980 até sua prisão.

Crônicas jornalísticas e registros das autoridades descrevem seu modus operandi de extrema crueldade para enganar as crianças e depois matá-las em áreas isoladas.

A algumas das vítimas, na maioria meninos, ele cortava os órgãos genitais depois de mortos e os inseria em suas bocas.

Garavito também confessou ter cometido crimes no Equador e na Venezuela. Em 2014, a justiça equatoriana pediu sua extradição, mas a Colômbia respondeu que ele deveria cumprir primeiro a pena em seu país.

Em sua ausência, o Equador o condenou à revelia a 22 anos de prisão.

Segundo sua própria confissão, Garavito se passava por mendigo, monge ou vendedor para convencer as crianças a acompanhá-lo. Ele oferecia dinheiro e presentes.

Quando as autoridades o capturaram em 1999 em uma área rural de Villavicencio (sul), ele acabara de tentar sequestrar um menino.

Da prisão, ele detalhava com cinismo seu histórico criminoso e afirmou ter se convertido ao cristianismo.

"Eu já me perdoei (...) O que está feito, está feito. E eu, por que vou me martirizar?", disse ele em 2004, ao canal RCN.

Nas últimas fotos conhecidas dele, ele aparecia debilitado e com uma ferida no olho esquerdo.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou, nesta quinta-feira (12), por meio de um porta-voz, a suspensão "com efeito imediato" do Comitê Olímpico Russo por ter colocado sob sua autoridade cinco organizações regionais ucranianas.

Esta decisão priva a instância russa, automaticamente, de financiamento do COI, mas não tem consequências em uma eventual presença de atletas russos sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de Paris 2024.

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De acordo com a mesma fonte, esse tema em específico será decidido pelo COI "no momento apropriado".

Para a entidade olímpica, que mudou a ordem do dia de seu comitê executivo e renunciou à análise do programa esportivo dos Jogos de Los Angeles de 2028, trata-se de aplicar sanções à "violação", por parte da Rússia, da "integridade territorial" defendida pela Carta Olímpica, afirmou o porta-voz Mark Adams.

No dia 5 de outubro, o Comitê Olímpico Russo integrou, "unilateralmente", entre seus membros diversas organizações esportivas de províncias ucranianas do leste do país (Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia) ocupadas pelo Exército russo.

Após o anúncio do COI, o Comitê Olímpico Russo denunciou o que chamou de decisão "política" e "contraproducente" da mais alta entidade olímpica.

"O COI tomou uma nova decisão contraproducente e claramente por uma motivação política", reagiu o comitê russo, em seu canal no Telegram.

Lembrou, ainda, que "os atletas russos, cuja maioria ainda está injustificadamente excluída das competições internacionais, não se veem, de forma alguma, afetados por essa decisão".

O governo ucraniano reagiu na sequência, celebrando a decisão.

"O esporte não pode estar separado da política quando um país terrorista comete um genocídio contra a Ucrânia e utiliza os esportistas como propaganda", declarou o chefe da administração presidencial ucraniana, Andriy Yermak.

O COI mantém sob sanção o esporte russo e bielorrusso desde que, no final de fevereiro de 2022, o Exército russo invadiu a Ucrânia. O ato foi considerado uma violação da trégua olímpica durante os Jogos de Inverno de Pequim 2022. Nesse sentido, recomendou-se às federações internacionais a proibição de todas as competições em território russo, assim como a presença de qualquer símbolo oficial da Rússia, seja o hino, seja a bandeira.

Já sua posição a respeito da participação de atletas russos e bielorrussos (por serem aliados de Moscou) em competições internacionais mudou. Passou da exclusão, em um primeiro momento, para a possibilidade de reingresso, decidida em março passado. As condições para essa participação são que isso ocorra em provas individuais, os atletas compitam sob bandeira neutra e não tenham apoiado "ativamente a guerra na Ucrânia".

Até o momento, o COI ainda não decidiu se os atletas dessas duas nacionalidades poderão participar dos Jogos de Verão de Paris 2024, ou dos Jogos de Inverno de Milão, dois anos depois.

O governo do Japão pedirá a dissolução da Igreja da Unificação, conhecida como Seita Moon, ao fim de uma investigação após o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe em julho de 2022, disse o ministro da Educação, Masahito Moriyama, nesta quinta-feira (12).

"Levando-se em consideração os graves danos causados" por esta organização, o governo considera que "se trata de um caso que pode ser objeto de uma ordem de dissolução", declarou o ministro Moriyama à imprensa, após uma reunião com um grupo de especialistas.

O governo poderá solicitar a dissolução da organização em um tribunal de primeira instância de Tóquio nesta sexta-feira, conforme os jornais locais.

O suspeito do assassinato, Tetsuya Yamagami, agiu por ressentimento contra a Seita Moon, que conseguiu de sua mãe vultosas doações, deixando a família na bancarrota. O homem também pensava que o ex-primeiro-ministro era alguém próximo daquela seita.

Shinzo Abe não era membro da Igreja da Unificação, mas, em 2021, participou de um colóquio organizado por um grupo afiliado a essa seita. O evento contou com a presença de outros políticos, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

O grupo, que passou a se chamar Federação das Famílias para a Paz e Unificação Mundial, negou qualquer irregularidade de sua parte e se comprometeu a evitar que seus membros façam doações "excessivas".

Muitos ex-membros criticaram publicamente as práticas da seita, acusada de impor metas de doação a seus fiéis.

As revelações sobre seus vínculos com figuras políticas importantes no Japão contribuíram para a queda da popularidade do atual governo, liderado por Fumio Kishida.

Em outubro de 2022, Kishida ordenou a abertura de uma investigação sobre a Igreja da Unificação.

Se o tribunal ordenar a dissolução, a Igreja da Unificação perde suas isenções fiscais, mas pode continuar exercendo suas atividades religiosas.

Até agora, apenas dois grupos religiosos foram sujeitos a tal ordem no Japão. Um deles é a seita Aum Shinrikyo, responsável pelo ataque com gás sarin no metrô de Tóquio, em 1995.

Fundada na Coreia em 1954 por Sun Myung Moon, a seita Moon se desenvolveu fortemente nas décadas de 1970 e 1980, também no Japão. Moon (1920-2012) estabeleceu relações com o avô de Shinzo Abe, Nobusuke Kishi, que foi primeiro-ministro do Japão no final dos anos 1950.

Israel e o Hamas voltaram a cruzar fogo nesta quinta-feira (12), antes da chegada a Tel Aviv do secretário de Estado americano, Antony Blinken, que viajou em uma demonstração de solidariedade para com seu aliado israelense, no sexto dia de uma guerra que já deixou milhares de mortos.

Israel jurou "destruir" o movimento islâmico palestino Hamas, responsável pela sangrenta ofensiva de 7 de outubro, e que mantém como reféns 150 pessoas capturadas em solo israelense.

Segundo o porta-voz militar Richard Hecht, o Exército israelense contempla uma "manobra terrestre" na Faixa de Gaza, embora "ainda não se tenha tomado uma decisão" a esse respeito.

O mesmo porta-voz acrescentou que o objetivo neste momento é a "liquidação" do governo do Hamas em Gaza.

Durante a noite, Israel continuou bombardeando a Faixa, governada pelo Hamas, que respondeu disparando foguetes em direção ao sul do Estado Judeu.

O Hamas também disparou foguetes contra Tel Aviv, em represália aos bombardeios israelenses "contra civis" em dois campos de refugiados no enclave palestino. Correspondentes da AFP presenciaram dezenas de bombardeios aéreos contra o campo de Al-Shati e no norte de Gaza.

Tudo isto aconteceu horas antes da chegada de Blinken, que, após aterrissar em Tel Aviv, reiterou o apoio dos Estados Unidos a Israel.

"Apoiamos vocês hoje, amanhã e iremos apoiá-los todos os dias que vierem", disse ele.

"Estamos determinados a garantir que Israel obtenha tudo de que precisa para se defender", acrescentou Blinken, antes de uma reunião com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Os Estados Unidos já forneceram ajuda militar adicional a Israel desde o início do novo conflito. O presidente Joe Biden pediu a Israel, no entanto, que respeite "as leis da guerra" em Gaza.

Na sexta-feira, Blinken se reunirá com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, e com o rei da Jordânia, Abdullah II, na Jordânia.

De acordo com autoridades de ambos os lados, a guerra matou mais de 1.200 israelenses e pelo menos 1.354 palestinos em Gaza. O Exército também afirmou ter encontrado cerca de 1.500 corpos de combatentes do Hamas em solo israelense.

- Pilha de cadáveres -

Por terra, mar e ar, centenas de militantes do Hamas atacaram Israel no sábado, coincidindo com o fim do feriado judaico de Sucot.

Nas ruas, nas casas, nas cooperativas agrícolas e até em um festival de música, realizaram massacres de civis sem precedentes desde a criação do Estado de Israel em 1948.

Israel adotou represálias, declarando uma guerra para destruir as capacidades do Hamas. Está atingindo implacavelmente a Faixa de Gaza e mobilizando dezenas de milhares de soldados em torno do território palestino e em sua fronteira norte com o Líbano, onde houve trocas de disparos com o movimento pró-Irã Hezbollah, aliado do Hamas.

"Cada membro do Hamas é um homem morto", declarou Netanyahu, na quarta-feira (11), em seu primeiro discurso formal com seu governo de emergência, formado ontem mesmo com Benny Gantz, um dos principais líderes da oposição.

Na entrada do kibutz Beeri, a menos de cinco quilômetros da fronteira com Gaza, uma pilha de corpos testemunhava a magnitude do ataque.

"A devastação aqui é absolutamente imensa", disse Doron Spielman, porta-voz do Exército israelense.

"E isso sem contar os muitos membros do kibutz que foram feitos reféns e levados para Gaza", acrescentou outro porta-voz do Exército, Jonathan Cornicus.

- Gaza sem serviços básicos -

O ministro israelense da Energia, Israel Katz, afirmou nesta quinta-feira que seu país não autorizará a entrada de bens essenciais, nem de ajuda humanitária em Gaza enquanto o Hamas liberte os reféns.

"Ajuda humanitária a Gaza? Não vão poder ligar nenhum interruptor elétrico, não vão poder abrir nenhuma torneira, nenhum caminhão de combustível vai entrar, enquant os israelenses sequestrados não tiverem voltado para suas casas", frisou.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) disse estar em contato com o Hamas para tentar libertar os reféns.

O diretor regional do CICV para o Oriente Médio, Fabrizio Carboni, apelou a ambos os lados para "reduzirem o sofrimento dos civis".

"Sem eletricidade, os hospitais correm o risco de se transformarem em necrotérios", alertou, expressando especial preocupação com os recém-nascidos colocados em incubadoras e com os pacientes que precisam de oxigênio, ou fazem tratamento de diálise.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, também iniciou negociações com o movimento islâmico, segundo uma fonte oficial.

Dezenas de especialistas independentes da ONU condenaram os "crimes horríveis" cometidos pelo Hamas e a resposta de Israel em Gaza, que chamaram de "punição coletiva".

Os bombardeios israelenses atingiram dezenas de edifícios, fábricas, mesquitas e lojas, segundo o Hamas.

"É como um apocalipse, ou um terremoto", disse, em meio a escombros, um morador do distrito de Karama, em Gaza, que não quis dar seu nome. Os israelenses "vieram para destruir, como se essas pessoas não merecessem viver. Como se não fossem humanos", acrescentou.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, convocou os países islâmicos e árabes a cooperarem para enfrentar Israel.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, acusou o Irã, por sua vez, de ter permitido o ataque contra o Estado judeu, por seu apoio ao Hamas nos últimos anos. Scholz disse ainda que usará "todos os seus contatos" para evitar uma escalada na região e libertar os prisioneiros.

Na base militar israelense de Ramla, a cerca de 25 km de Tel Aviv, voluntários civis entregam alimentos e equipamentos aos soldados, enquanto os reservistas respondem à convocação para o serviço militar. A "união nacional" dos israelenses em apoio ao exército, após o ataque do Hamas no sábado, é total.

Israel convocou até 300.000 reservistas militares para sua campanha "Espadas de Ferro" em resposta ao ataque mortal de sábado.

Os palestinos, sob os intensos bombardeios de Israel, se preparam para uma possível invasão terrestre do enclave palestino.

Vestido com uniforme militar, o reservista Shlomo Zorno retirou um fuzil e um colete à prova de balas do porta-malas de seu veículo.

"Sabíamos que um ataque como esse poderia acontecer", disse Zorno, um educador de 42 anos que mora em Ascalon, uma cidade próxima à Faixa de Gaza, onde muitos foguetes caíram.

Um foguete caiu "muito perto" de minha casa, disse Zorno, que respondeu imediatamente à convocação do exército. "Não pensei duas vezes", disse.

O ataque do Hamas deixou pelo menos 900 israelenses mortos e 2.600 feridos, enquanto o Hamas fez cerca de 150 reféns, de acordo com o governo israelense.

A resposta de Israel a Gaza deixou 687 mortos e 3.727 feridos, segundo o Ministério da Saúde palestino.

"Todo o povo está ajudando o exército deste maravilhoso país, que precisa estar 'unido'", disse Any Gotleyb, de 62 anos.

- "Estávamos divididos" -

Israel está profundamente dividido devido a uma reforma judicial promovida pelo governo de extrema direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que desencadeou protestos semanais em massa de seus opositores, que temiam um governo autoritário.

A reforma busca, entre outras coisas, restringir os poderes da Suprema Corte em favor do Executivo.

Alguns reservistas haviam ameaçado não se apresentar ao serviço como protesto, o que aumentou as preocupações com a segurança nacional. No entanto, por enquanto, os israelenses parecem ter deixado de lado as diferenças para enfrentar a guerra.

Eran Levine, de 25 anos, ficou ferido durante seu serviço militar, mas espera voltar às forças armadas.

"Este é o nosso 11 de setembro. Antes disso, você sabe, estávamos divididos", comentou Levine na base de Ramla.

"Quando algo assim acontece, você tem que se unir e lutar contra um inimigo comum que está tentando nos destruir e matar", acrescentou Levine, que participou dos protestos contra a reforma judicial.

"Depois disso, todo o resto se torna insignificante", afirmou o homem.

"Devemos deixar de lado nossas diferenças e nos unir, porque se estivermos unidos, ninguém pode nos vencer", garantiu.

Israel reportou, nesta terça-feira (10), cerca de 1.500 milicianos do Hamas mortos em seu território, no quarto dia de guerra após a ofensiva surpresa do movimento islamita palestino, que sequestrou pelo menos 150 pessoas em solo israelense.

Centenas de homens armados do Hamas cruzaram a fronteira com Israel no sábado, apesar da forte segurança, e se infiltraram em localidades do sul. Mataram pessoas em suas casas e sequestraram outras, que foram levadas para a Faixa de Gaza.

Desde então, o Exército israelense bombardeia maciçamente o enclave palestino governado pelo Hamas.

"Já estamos em meio à campanha, mas isto é apenas o começo. Venceremos com a força, com muita força", advertiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na noite de segunda-feira.

"Cerca de 1.500 corpos de combatentes do Hamas foram encontrados em Israel e ao redor da Faixa de Gaza", disse o porta-voz militar Richard Hecht.

Até então, o Exército havia falado em mil homens infiltrados.

As forças de segurança "recuperaram mais ou menos o controle da fronteira" com Gaza, mas "as infiltrações podem continuar", acrescentou.

- "Cerco completo" -

Mais de 900 pessoas morreram, e 2.616 ficaram feridas, em Israel, desde o início da ofensiva no sábado. Do total de vítimas fatais, em torno de 250 foram mortas em um festival de música organizado no deserto perto do enclave. Do lado palestino, 687 pessoas morreram nos bombardeios israelenses, e 3.727 ficaram feridas, segundo as autoridades locais.

Entre as vítimas mortais em solo israelense, há vários cidadãos de outras nacionalidades: 18 tailandeses, 11 americanos, 10 nepaleses, sete argentinos e quatro franceses, entre outros.

E, nesta terça, três jornalistas palestinos perderam a vida em um ataque israelense que atingiu um edifício residencial em Gaza, informou um sindicato da categoria.

Ontem, Israel impôs um "cerco total" à Faixa de Gaza, para que "nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás", nas palavras de seu ministro da Defesa, chegue a este território de 360 km2 onde sobrevivem cerca de 2,3 milhões de palestinos, há 16 anos sob bloqueio israelense.

A ONU alertou que este tipo de medida é contrária ao direito internacional humanitário.

"A imposição de cercos que põem em perigo a vida de civis, privando-os de bens essenciais à sua sobrevivência, é proibida pelo direito internacional humanitário", afirmou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk.

Desde o início da guerra, os ataques israelenses também forçaram o deslocamento de mais de 187.500 pessoas dentro da Faixa de Gaza, de acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) nesta terça-feira.

Ao mesmo tempo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a abertura de um corredor humanitário para a Faixa, de modo a permitir o envio de material médico essencial à população.

- Reféns ameaçados -

Na segunda-feira, o Hamas ameaçou executar os reféns sequestrados em Israel. O braço armado da organização islamita advertiu que "cada ataque contra o nosso povo sem aviso prévio será respondido com a execução de um dos reféns civis".

Dezenas de milhares de soldados israelenses foram posicionados perto da Faixa de Gaza.

Israel retirou suas tropas e seus colonos do enclave em 2005, após tê-lo ocupado desde 1967. Mantém, contudo, o controle do espaço aéreo e das águas territoriais e impõe, desde 2007, um bloqueio rigoroso, por meio do qual controla todos os bens e pessoas que cruzam a fronteira.

A tensão também escalou na fronteira norte de Israel, com o Líbano, onde o Exército israelense matou "vários suspeitos armados" que haviam se infiltrado. Essa infiltração foi reivindicada pela Jihad Islâmica, outro movimento islâmico palestino.

O Hezbollah libanês, arqui-inimigo de Israel, disse na segunda-feira que bombardeou dois quartéis israelenses, após a morte de três de seus membros em um ataque aéreo no sul deste país.

Grande parte da comunidade internacional condenou a ofensiva do Hamas.

Embora tenha afirmado que não têm planos de enviar tropas, os Estados Unidos começaram a enviar, no domingo, ajuda militar a Israel e a direcionar sua frota aeronaval para o Mediterrâneo.

Já o presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou, nesta terça-feira, a "chantagem insuportável" do Hamas com os reféns.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, reconheceu que as preocupações de Israel sobre sua segurança são "legítimas", mas disse estar "profundamente angustiado" com o anúncio das autoridades israelenses de impor um "cerco total" ao enclave palestino.

Para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, Israel está cometendo um "genocídio contra o povo palestino". No Irã, o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, negou mais uma vez o envolvimento de seu país na operação do Hamas, ao mesmo tempo em que reafirmou o apoio "à Palestina".

A polícia dos Estados Unidos matou a tiros o motorista, cujo carro invadiu o consulado chinês em San Francisco, na segunda-feira (9).

Um vídeo não verificado postado nas redes sociais mostra o veículo dentro do prédio. Policiais apontam suas armas para a porta do motorista, enquanto as pessoas desciam as escadas e saíam do edifício.

Um porta-voz do consulado disse que o suspeito entrou "violentamente na sala administrativa do nosso consulado, causando uma séria ameaça à vida dos funcionários e das pessoas no local e causando sérios danos".

A sargento da polícia de San Francisco, Kathryn Winters, disse que os policiais responderam após serem alertados sobre o veículo que invadiu o escritório de vistos.

"Os policiais entraram, fizeram contato com o suspeito e houve disparos com a participação de um policial", disse Winters aos repórteres.

A polícia e os paramédicos afirmaram que tentaram salvar a vida do suspeito, mas ele foi declarado morto no hospital, acrescentou Winters. A polícia não deu detalhes sobre a identidade do suspeito morto.

O canal de notícias local ABC7 disse que seus correspondentes viram um homem coberto de sangue e aparentemente inconsciente enquanto era retirado do local.

"Esta é uma investigação em andamento, e o Departamento de Polícia de San Francisco está trabalhando em coordenação com os investigadores do Departamento de Estado", explicou Winters.

San Francisco é o lar de um grande número de moradores de etnia chinesa, incluindo muitos de Taiwan, uma ilha autônoma que Pequim considera parte do seu território.

O governo brasileiro estima retirar 900 brasileiros de terça-feira (10) até sábado (14) que estão em Israel e na Palestina, informou o comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno.

“Estamos coordenando as listas com o Ministério das Relações Exteriores”, disse o comandante em entrevista nesta segunda-feira (9).

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De acordo com o Itamaraty, a prioridade é a repatriação de quem mora no Brasil ou não tem passagem aérea de volta. Até o momento, 1,7 mil brasileiros manifestaram interesse em retornar ao Brasil, em razão do conflito entre Israel e o grupo Hamas iniciado no fim de semana. A maioria é de turista que está em Israel. Três brasileiros continuam desaparecidos.

"Face à incerteza quanto ao momento em que poderão ocorrer os voos de repatriação, o Ministério das Relações Exteriores reitera recomendação de que todos os nacionais que possuam passagens aéreas, ou que tenham condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais do aeroporto Ben-Gurion, que continua a operar", diz nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.

Foram reservadas seis aeronaves para a retirada dos brasileiros. O segundo avião da Força Aérea Brasileira (FAB) deixou a Base Aérea de Brasília nesta segunda-feira. O KC-30 decolou às 16h20 rumo à cidade de Roma, na Itália. De lá, ele seguirá para Tel Aviv, em Israel.

O primeiro, um Airbus A330-200 convertido em um KC-30 com capacidade para 230 passageiros, saiu do Brasil na tarde do domingo (8) e já está na capital italiana, devendo decolar em direção a Tel Aviv até esta terça-feira (10).

Faixa de Gaza

Em relação aos brasileiros que estão na Faixa de Gaza, região mais afetada pelo conflito, o governo prepara um plano de evacuação, coordenado pela Embaixada do Brasil no Cairo (Egito).

“O Escritório de Representação em Ramala segue em contato com os brasileiros na Faixa de Gaza e, tendo em conta a deterioração das condições securitárias na área, está implementando plano de evacuação desses nacionais da região, em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo”, diz nota do ministério.

O Itamaraty estima que ao menos 30 brasileiros vivem na Faixa de Gaza e outros 60 em Ascalão e em localidades na zona de conflito. Já em Israel, a embaixada brasileira já tinha reunido, até este domingo, informações de cerca de 1 mil brasileiros hospedados em Tel Aviv e em Jerusalém interessados em voltar ao Brasil. 

Conflito

No terceiro dia de conflito, Israel convocou 300 mil reservistas, realizou mais de 2 mil bombardeios à Faixa de Gaza e impôs um bloqueio à região, impedindo a entrada de comida, água e combustível, em reação aos ataques armados do Hamas, movimento islâmico que controla Gaza. 

Já o Hamas disse que irá executar reféns israelenses para cada bomba disparada por Israel que atingir civis. Segundo o grupo, são mais de 100 prisioneiros.

Desde sábado (7), quando o Hamas iniciou os ataques, foram identificados mais de 1.500 mortos, sendo 900 em Israel e 600 em Gaza. Os feridos somam 5 mil.

Os secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu ajuda humanitária internacional aos civis palestinos na Faixa de Gaza e o fim dos ataques a Israel e aos territórios palestinos ocupados.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, solicitou a intervenção das Nações Unidas para impedir "agressão israelita em curso”. Segundo ele, é preciso prevenir uma situação de catástrofe humanitária, sobretudo na Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, propôs um governo de união nacional, com a participação de líderes de oposição. Ele destacou que as ações são apenas o início da retaliação ao Hamas.

* Com informações da TV Brasil e da Agência Reuters

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