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Ao denunciar o ex-governador e atual senador José Serra (PSDB) e sua filha Verônica Allende Serra por suposta lavagem de dinheiro transnacional, o Ministério Público Federal revelou que a Odebrecht pagou propinas ao político por meio do que os investigadores chamaram de 'uma sofisticada rede de offshores no exterior'.

Em meio a um esquema de três camadas de lavagem, a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo identificou transferências em favor da offshore Dortmund International Inc, que seria controlada por Verônica. Segundo a Procuradoria, a Dortmun serviu como uma segunda camada de lavagem, 'permitindo o recebimento oculto e dissimulado, entre 2006 e 2007, de 936 mil euros, oriundos de três empresas de José Amaro Ramos, que, por sua vez, foi beneficiado, no período, por valores transferidos a partir de offshores controladas pela Odebrecht'.

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Os investigadores apontam que a Dortmund International foi criada no Panamá, em dezembro de 2003 e 'embora conste de sua ficha cadastral, o cidadão uruguaio Francisco Ravecca como contato da Dortmund, uma procuração anexada concede a Verônica Allende Serra poderes para geri-la e representá-la'. Segundo documentos obtidos junto à Suíça, a offshore tinha capital social de apenas US$ 10.000,00, registra a denúncia.

Segundo a Procuradoria, da documentação angariada na investigação, 'emerge claramente que a Dortmund, como grande parte das offshores sediadas no Panamá, constitui mera 'casca' que oculta a titularidade e a origem de valores que por ela passam'.

"Assim, ao José Amaro Ramos realizar, a partir de contas suas, transferências vultosas em favor da Dortmund, entre 2006 e 2007, o que se praticava eram atos de ocultação e dissimulação da natureza espúria dos valores que recebera da Odebrecht no período, assim, seus reais destinatários: José Serra e sua filha Verônica Serra", registra a denúncia.

A denúncia indica que o valores transferidos para a offshore teriam relação com solicitação, feita por Serra no fim de 2006, de propina de R$ 4,5 milhões. Na ocasião, o político teria indicado que indicou que gostaria de receber o montante não no Brasil, mas no exterior. Nas planilhas do famoso Setor de Operações Estruturadas, Serra tinha o codinome 'vizinho', em referência ao fato de o ex-governador morar próximo de seu principal contato na companhia, Pedro Novis.

A Lava Jato aponta que a Odebrecht efetivamente atendeu à solicitação de Serra e realizou, entre 2006 e 2007, 'numerosas transferências', no total de 1.564.891,78 euros, à offshore pertencente à José Amaro, tendo como beneficiário final o ex-governador. No entanto, segundo os procuradores, as transferências para a conta controlada por José Amaral se trataram apenas de uma primeira camada de lavagem de ativos, 'seguida por outras, em um movimento típico de distanciamento e de dissimulação voltado a dificultar seu rastreamento e a ação dos órgãos de controle'.

A Procuradoria apontou ainda uma terceira camada 'de dispersão patrimonial, integrante, a toda evidência, de uma cadeia de lavagem de ativos' envolvendo transferências da Dortmund à uma outra offshore e a liquidação da conta em favor de uma outra empresa do exterior.

"No início de 2014 (mais precisamente em em 10/02/2014) após ser estabelecida uma relação entre a Dortmund e a Illumina Capital Management SA, com a concessão de poderes de procuração à pessoa de Bruno Florenzano, em 23/09/2014, a Dortmund acabou liquidando os valores existentes na conta Firenze 3026, do Banco Arner, ao determinar a transferência de 1.410.343,00 francos suíços, após o pagamento de 5.000 francos suíços à Illumina Capital, à Citadel Financial Advisory LTD, notadamente a uma conta do banco Salfort Privatbank, ag. Basel", detalham os investigadores.

A força-tarefa da Lava Jato em São Paulo diz que Serra e sua filha, 'concorreram para diversos atos de lavagem de ativos - configurados a cada conjunto

de operações de ocultação e de dissimulação da natureza espúria e da real titularidade destes valores'.

"Especificamente, José Serra praticou, entre outros, três crimes de lavagem de ativos, por ter participado, de forma consciente e voluntária, da primeira (por meio do uso da Circle Technical, de José Amaro), da segunda (por meio do uso da Dortmund International) e da terceira camadas de ocultação e dissimulação (por meio de transferências para a Ficus Capital itadel Financial Advisory), integrantes de uma cadeia que se estendeu de 2006 a, pelo menos, 23/09/2014", registra a denúncia.

Operação Revoada

Paralelamente à denúncia, a força-tarefa deflagrou a Operação Revoada para aprofundar as investigações em relação a outros fatos relacionados a esse mesmo esquema de lavagem em benefício de Serra. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Parte das buscas é realizada em endereços ligados ao ex-governador. O empresário Ronaldo Cézar Coelho e José Amaro Pinto Ramos, apontado como operador de Serra, também são alvos da ofensiva.

As ordens foram expedidas pela Justiça Federal que determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões de uma conta na Suíça, informou a Procuradoria.

COM A PALAVRA, O SENADOR

"Causa estranheza e indignação a ação deflagrada pela Força Tarefa da Lava Jato de São Paulo na manhã desta sexta-feira (3) em endereços ligados ao senador José Serra. Em meio à pandemia da Covid-19, em uma ação completamente desarrazoada, a operação realizou busca e apreensão com base em fatos antigos e prescritos e após denúncia já feita, o que comprova falta de urgência e de lastro probatório da Acusação.

É lamentável que medidas invasivas e agressivas como a de hoje sejam feitas sem o respeito à Lei e à decisão já tomada no caso pela Suprema Corte, em movimento ilegal que busca constranger e expor um senador da República.

O Senador José Serra reforça a licitude dos seus atos e a integridade que sempre permeou sua vida pública. Ele mantém sua confiança na Justiça brasileira, esperando que os fatos sejam esclarecidos e as arbitrariedades cometidas devidamente apuradas."

COM A PALAVRA, A DEFESA DE RONAL CÉZAR COELHO

O criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Ronaldo Cézar Coelho, disse que vai se manifestar depois que acessar os autos da Operação Revoada, desdobramento da Lava Jato.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA EDUARDO CARNELÓS

O criminalista Eduardo Carnelós, que defende José Amaro Pinto Ramos, só vai se manifestar sobre as buscas contra seu cliente quando tiver acesso à ordem judicial.

COM A PALAVRA, O PSDB

O PSDB de São Paulo defende a ampla e irrestrita investigação dos fatos sempre que houver questionamentos envolvendo recursos e agentes públicos. Ressaltamos nossa absoluta confiança no senador José Serra, na sua história e conduta, e na Justiça, onde as ações serão devidamente esclarecidas.

O presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), desembargador Mairan Maia, negou neste sábado (2) um segundo recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) contra a divulgação dos exames feitos pelo Jair Bolsonaro para verificar se foi contaminado ou não pelo novo coronavírus. Na análise do primeiro recurso, por uma outra desembargadora, o governo conseguiu suspender o envio dos documentos.

"Não se trata de personalíssimo direito à manutenção da privacidade dos resultados dos exames, senão de informação que se reveste de interesse público acerca do diagnóstico da contaminação ou não pelo Covid-19", concluiu o presidente do TRF-3.

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A decisão do desembargador Mairan Maia foi tomada horas depois de a desembargadora plantonista Mônica Nobre, do mesmo tribunal, decidir em sentido diferente e suspender a divulgação dos papéis pelo prazo de cinco dias. A determinação de Mônica foi feita na análise de um outro recurso da União.

Procurada pela reportagem, a AGU informou que o entendimento do presidente do tribunal "não altera a decisão que desobrigou a União de fornecer os laudos ainda neste sábado (02/05) e estabeleceu prazo de 5 dias para que o relator da ação no TRF-3 analise o caso".

Ao analisar esse outro recurso da União, o presidente do TRF-3 negou o pedido para derrubar a decisão da Justiça Federal de São Paulo, que havia determinado a divulgação dos papéis em um prazo de 48 horas.

"A União Federal limita-se a justificar que não existe obrigatoriedade no fornecimento dos laudos dos exames realizados pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República. Não demonstra, ainda que de maneira superficial, em que medida a decisão de primeiro grau tenha o potencial concreto de ofensa à ordem pública", concluiu Mairan Maia.

Depois de questionar sucessivas vezes o Palácio do Planalto e o próprio presidente sobre a divulgação do resultado do exame, o jornal O Estado de S. Paulo entrou com ação na Justiça na qual aponta "cerceamento à população do acesso à informação de interesse público", que culmina na "censura à plena liberdade de informação jornalística".

A Presidência da República se recusou a fornecer os dados ao Estado via Lei de Acesso à Informação, argumentando que elas "dizem respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, protegidas com restrição de acesso".

O Brasil passou das mil mortes pelo novo coronavírus nesta sexta-feira, 10, e tem quase 20 mil pessoas diagnosticadas com a covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Nas últimas 24 horas, foram registradas 115 novas mortes (acréscimo de 12%) e 1.781 casos a mais (aumento de 10%), elevando os números totais para 1.056 óbitos e 19.638 casos confirmados da doença em todas as unidades federativas. O número de mortes (antes em 1.057) foi atualizado pela pasta quase uma hora após a divulgação do balanço, uma vez que o Estado de Alagoas retificou o dado de 4 para 3.

O Estado de São Paulo segue sendo o mais afetado, com 8.216 casos e 540 mortes, seguido por Rio de Janeiro (2.464 e 147 óbitos) e Ceará (1.478 e 58 óbitos). Na quinta-feira, 9, o governador João Doria (PSDB) prometeu mais rigor nas medidas de distanciamento social, cogitando, inclusive, prisão para quem desrespeitar a recomendação.

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O objetivo, segundo ele, é que o isolamento englobe cerca de 70% da população em todo o Estado, patamar considerado ideal para desacelerar a doença. Porém, o Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI-SP) do Governo de São Paulo mostra que o porcentual de isolamento social no Estado foi de apenas 47% na quinta-feira.

Segundo o infectologista e epidemiologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, membro do Comitê de Contingenciamento do Estado de São Paulo, estudos mostram uma clara desaceleração no crescimento da doença depois que Doria decretou quarentena a partir de 24 de março. "Hoje, uma pessoa passa para um pouco mais de uma. Isso ainda é um crescimento mais lento. A questão é como ficará daqui duas semanas se não decretar prorrogação. Podemos ter crescimento exponencial", avalia o especialista.

Novo coronavírus no Brasil

Na quinta-feira, o País bateu recorde, pelo terceiro dia consecutivo, quanto ao número de mortes. A primeira foi em 17 de março, em São Paulo, de um homem de 62 anos que tinha diabete e hipertensão, sem histórico de viagem ao exterior. Em menos de dez dias, em 25 de março, eram 57 mortes, passando para mais de 200 em 1º de abril e ultrapassando os mil óbitos nesta sexta-feira.

Segundo o Ministério da Saúde, o País deve alcançar o pico da covid-19 entre o fim de abril e início de maio. A pasta já propôs que algumas regiões afrouxem o isolamento, desde que estejam providas de leitos, respiradores, testes, equipamentos de proteção e equipes de saúde suficientes. O médico Carlos Magno avalia que é "irresponsabilidade deixar adoecer desde que tenha leito". "Não vejo nenhuma possibilidade segura de abertura antes de meados ou fim de maio. Precisamos ter medida profilática importante, clínica ou vacina, mas medicações que estão sendo testadas podem ter resultados observacionais rápidos. Precisamos ainda manter a quarentena", diz.

Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do Hospital Emilio Ribas, o pico da doença já deveria estar acontecendo agora, mas o Brasil conseguiu adiar. "Essas curvas foram desaceleradas pelas quarentenas e, em paralelo, pela otimização dos hospitais de campanha, com leitos de UTI e aparelhos", diz o especialista. "Se crescer de forma acentuada, medidas terão de ser estabelecidas para garantir que pessoas não tenham risco de vida, não só para não sobrecarregar o sistema de saúde", avalia.

O médico afirma que as medidas que limitam a mobilidade social nos Estados e municípios tiveram impacto no número de casos, porém, nos últimos dez dias, houve aumento da circulação de pessoas. "Isso pode fazer com que haja mais circulação do vírus e contaminação, que pode levar a quem é mais vulnerável", diz. "É por isso que tem de estar muito atento à frouxidão das medidas. À medida que circula, mais casos haverá e consequentemente mais mortes."

Também na quinta-feira, o Estado mostrou que a quarentena afrouxou em todas as capitais do País entre a última semana de março e os primeiros dias de abril. Entre as dez maiores capitais, a que apresentou maior proporção de pessoas circulando nas últimas semanas foi Manaus. O Estado do Amazonas registra, hoje, 981 casos confirmados e 50 mortes por covid-19.

Carlos Magno lembra que, segundo estudos, se nenhuma medida fosse adotada, em 30 dias já não haveria leitos em São Paulo. O melhor cenário, de isolamento total no País, faria com que menos pessoas fossem acometidas. "Nesse cenário mais ou menos, a incerteza é muito grande. Mas uma coisa ficou clara: quando decreta limitação social no município de São Paulo, desacelera casos."

Novo coronavírus no mundo

Ainda sem nomear o vírus, a China registrou os primeiros casos da nova doença em 2019. Em 31 de dezembro do ano passado, o governo da cidade chinesa de Wuhan confirmou para autoridades de saúde a existência de dezenas de casos de uma pneumonia desconhecida na região. Em 11 de janeiro, oficiais de saúde de Wuhan informaram sobre a primeira morte no país asiático. Desde então, a covid-19 se espalhou por todos os continentes e deixou mais de 100 mil mortos até esta sexta-feira, segundo levantamento da universidade norte-americana Johns Hopkins. O número de infectados passou de 1,6 milhão.

Da China, o novo epicentro da doença passou a ser a Europa, com Itália e Espanha destacando-se pelo crescente número de casos e mortes. Depois, os Estados Unidos passaram a chamar a atenção, superando registros europeus. O epidemiologista considera três fatores para essa propagação do vírus pelo mundo: o padrão de deslocamento das pessoas, a velocidade de resposta dos países e o negacionismo dos líderes políticos. Ele avalia que a Itália reconheceu tarde que se tratava de uma emergência de saúde e que os norte-americanos "são vítimas do negacionismo do presidente", que chegou a minimizar a doença.

Em comparação com esses países, o infectologista Gorinchteyn afirma que o Brasil está conseguindo fazer com que as pessoas entendam a importância de ficar em casa e, ao mesmo tempo, tem preparado unidades de saúde, especialmente de UTIs e com respiradores.

"Apesar desse número de casos, estamos fazendo uma história diferente de China, Itália, Espanha e Estados Unidos. Por isso, nesse momento, não é adequado deixar afrouxar (o isolamento). Muitas cidades estão tendo transmissão sustentada, mas as que não estão devem estar atentas para não haver aglomeração. Evitar aglomeração inclusive de clientes, limitando a circulação das pessoas, diminuindo funcionários. Dessa forma, garantindo menor risco de circulação grande do vírus e contaminação das pessoas que chamamos de vulneráveis", diz o infectologista.

Perfil das mortes pelo novo coronavírus

Segundo o Ministério da Saúde, das 1.056 mortes por covid-19 no País, 77% eram de pessoas com mais de 60 anos, mas a faixa etária de 70 a 79 anos é a que concentra o maior número de óbitos (211). Há apenas um registro de morte em menores de cinco anos, a de um bebê que faleceu com cinco dias de vida em Natal, e três óbitos na faixa de 6 a 19 anos. Doenças cardiovasculares continuam sendo o fator de risco predominante no grupo de mortos, seguidas por diabete e pneumopatia.

O temporal que atingiu São Paulo na madrugada desta segunda-feira, 10, somou 114 milímetros, o que, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), representa a 2ª maior chuva para o mês de fevereiro em 37 anos - o volume só não é maior do que o registrado em 2 de fevereiro de 1983, quando chegou a 121,8 mm. O acumulado dos dez primeiros dias do mês já equivale a 96% do previsto para todo o mês. Os efeitos foram notados em todas as partes da capital e em cidades da região metropolitana, com deslizamentos e dezenas de alagamentos.

Da meia-noite até 16h30, o Corpo de Bombeiros recebeu 7,6 mil chamados e as equipes se deslocaram para atender 932 ocorrências de enchentes, 166 desabamentos e 182 casos relacionados a quedas de árvore. Em Osasco, três pessoas ficaram feridas após um deslizamento atingir a casa onde moravam, o casal e um menino de oito anos foram socorridos para um pronto-socorro em Barueri.

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Os rios Tietê e Pinheiros transbordaram em diversos pontos, o que levou à interrupção do tráfego nas marginais, com consequências severas para o trânsito do centro expandido. Com alagamentos também dentro dos bairros, o deslocamento ao longo do dia ficou impraticável e a Prefeitura orientou as pessoas a não saírem de casa. Consulte aqui os pontos de alagamentos na cidade.

Paulistanos ficaram ilhados e a situação fez colégios particulares cancelarem aulas. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou que um comitê de crise está trabalhando para diminuir os estragos. "Para se ter noção, em três horas na cidade, em algumas regiões, choveu praticamente metade do esperado para todo mês de fevereiro", disse. "O desastre teria sido muito maior se não tivesse sido o trabalho preventivo que a prefeitura fez ao longo dos últimos meses", acrescentou.

O temporal ultrapassou o recorde do nível de água do Rio Pinheiros, marcando 719.6mm. Este é o maior valor já registrado desde 2005, quando o rio chegou a 718.9mm, de acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente. A pasta afirmou que, apenas nesta madrugada, choveu 66% do total esperado para todo o mês de fevereiro.

"Mudança climática não é discurso de ambientalista. Está chovendo nessa década o que não choveu no século passado", afirma Marcos Penido, secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, ao jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com ele, os mais de 78 pontos de alagamento registrados pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climática (CGE) de manhã aconteceram porque o volume de chuva ultrapassou o que estava previsto na série histórica de cem anos, usada para calcular o sistema de drenagem das chuvas. "Tudo foi implantado com essa lógica."

De acordo com a CPTM, as chuvas provocaram alagamentos na Linha 9 - Esmeralda e os trens deixaram de circular entre as estações Osasco e Santo Amaro. No último balanço divulgado pelo governo do Estado às 19h, a Linha 9 inda tinha pontos de alagamento e só operava entre as estações Grajaú e Santo Amaro. A Linha Diamante também operou parcialmente, com interrupção entre Comandante Sampaio e Itapevi, mas às 19h voltou a operar sem restrições. Ainda no início da noite, a Linha 7-Rubi operava com velocidade reduzida e maior tempo de intervalo entre as estações Jaraguá e Vila Aurora.

O rodízio de carros foi suspenso para veículos leves e caminhões. No entanto, permanece a restrição para circulação de caminhões e fretados nas zonas em que já são impedidos de circularem. A empresa bloqueou o acesso à Marquês de São Vicente.

Os ônibus da EMTU têm circulação restrita e atrasos ainda às 19h. Há problemas nos municípios de São Paulo, Taboão da Serra, Osasco, Itapevi, Barueri e Santana de Parnaíba. As linhas operam com atrasos de aproximadamente uma hora devido a alagamentos. O Terminal Taboão, em Guarulhos, está alagado e com operação suspensa. São 80 linhas prejudicadas de Guarulhos para o Metrô Armênia e Terminal Tietê e 120 linhas prejudicadas na região de Osasco.

Em cidades da Grande São Paulo, segundo a Defesa Civil, diversas famílias ficaram desabrigadas e desalojadas. Em Tabõao da Serra, 500 pessoas foram desalojadas por causa da enchente no centro do município. Em Osasco, 81 famílias foram desalojadas e três estão desabrigadas por causa dos deslizamentos que ocorreram na região. Também há desalojados em Pirapora de Bom Jesus - o número não foi informado.

No interior do Estado, em Botucatu, foi registrada uma morte. Um caminhão caiu em uma cratera que se abriu na rodovia Marechal Rondon (SP-300) e o corpo do motorista foi encontrado às margens de um córrego, em local de difícil acesso.

Cidade deve esperar mais chuva, aponta meteorologia

Áreas de instabilidade permanecem sobre o Estado de São Paulo e provocam mais chuva, de moderada a forte intensidade, no decorrer desta segunda-feira, 10, e também nos próximos dias. Segundo o Governo do Estado, a forte chuva que caiu em alguns pontos da capital atingiu 100 milímetros em três horas - praticamente a metade da média prevista para todo o mês de fevereiro.

Segundo a meteorologista da Climatempo, Ana Clara Marques, a frente fria que se formou no sul da América do Sul e subiu para costa paulista, segue em direção ao Rio de Janeiro podendo chegar ao Espírito Santo entre terça e quarta-feira, 12. "A chuva pode voltar forte várias vezes ao longo desta segunda-feira e também nesta terça-feira. A partir de quarta-feira diminui a intensidade mas ainda tem previsão de chuva forte para São Paulo", disse Ana Clara.

Medidas indicadas pelo CGE para amenizar os efeitos dos alagamentos

Evite transitar em ruas alagadas;

Se a chuva causou inundações, não se aventure a enfrentar correntezas;

Fique em lugar seguro. Se precisar, peça ajuda;

Mantenha-se longe da rede elétrica e não pare debaixo de árvores. Abrigue-se em casas e prédios;

Planeje suas viagens, para que haja menor possibilidade de enfrentar engarrafamentos causados por ruas bloqueadas;

Em caso de dúvida sobre vias bloqueadas, ligue para a central de atendimento da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) através do número 156 ou entre no site da CET para saber como está o trânsito nas principais vias.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade, reduzir a Selic (a taxa básica de juros da economia) de 6,00% para 5,50% ao ano. Este é o segundo corte da taxa no atual ciclo, após um período de 16 meses de estabilidade. Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

Em meio à fraqueza da economia e aos índices controlados de inflação, a expectativa majoritária do mercado financeiro era de que a Selic passasse por um novo corte. De um total de 55 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam por um corte de 0,50 ponto, para 5,50% ao ano.

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Ao justificar a decisão, o BC avaliou que a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve ajuste no grau de estímulo monetário. Para o colegiado, o corte de 0,50 ponto é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2020.

Ao mesmo tempo, o BC sinalizou que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. Ainda assim, o Copom novamente ponderou que essa avaliação não restringe a decisão na próxima reunião, marcada para os dias 29 e 30 de outubro.

"Os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", reiterou o comunicado.

No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado - que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou sua projeção para o IPCA em 2019 de 3,6% para 3,3%. No caso de 2020, a expectativa passou de 3,9% para 3,6%.

No cenário de referência, em que o BC utilizou nos cálculos uma Selic fixa a 6,00% e um dólar a R$ 4,05, a projeção para o IPCA em 2019 passou de 3,6% para 3,4%. No caso de 2020, o índice projetado se manteve em 3,6%.

Pela primeira vez, o comunicado da decisão do Copom também trouxe um cenário híbrido, com câmbio constante e taxa de juros conforme as expectativas do mercado, no relatório Focus. Nesse cenário, a inflação projetada para 2019 passou de 3,6% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho para 3,4%. Para 2020, a estimativa passou de 3,9% para 3,8%.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 2,75% a 5,75%). Para 2020, a meta é de 4,00%, com margem de 1,5 ponto (de 2,5% a 5,5%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (2,25% a 5,25%). Já a meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (2,00 a 5,00%).

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiram, por unanimidade, manter a Selic (os juros básicos da economia) em 6,50% ao ano. Com isso, a taxa permaneceu no nível mais baixo da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996. Foi a quinta manutenção consecutiva da taxa neste patamar.

A decisão desta quarta-feira, 31 - a primeira após a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República -, era largamente esperada pelos economistas do mercado financeiro. De um total de 61 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, todas esperavam pela manutenção da Selic em 6,50% ao ano na reunião desta semana.

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Ao justificar a decisão de hoje, o BC afirmou, por meio de comunicado, que a evolução do cenário básico e do balanço de riscos prescreve manutenção da taxa Selic no nível vigente. "O Copom ressalta que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", informou o comitê na nota.

No documento, o BC também atualizou suas projeções para a inflação. No cenário de mercado - que utiliza expectativas para câmbio e juros do mercado financeiro, compiladas no relatório Focus -, o BC alterou a projeção para o IPCA em 2018 de 4,1% para 4,4%. No caso de 2019, a expectativa foi de 4,0% para 4,2%. Já a projeção de inflação para 2020 neste cenário passou de 3,6% para 4,1%.

No cenário de referência, em que o BC utilizou uma Selic fixa a 6,50% e um dólar a R$ 3,70 nos cálculos, a projeção para o IPCA em 2018 continuou em 4,4%. No caso de 2019, o índice projetado foi de 4,5% para 4,2%. A projeção de inflação para 2020 no cenário de referência passou de 4,2% para 4,1%. As projeções anteriores constaram no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado em setembro.

O centro da meta de inflação perseguida pelo BC este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3,0% a 6,0%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%). No caso de 2020, a meta é de 4,0%, com margem de 1,5 ponto (2,5% a 5,5%).

O Advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio Neves, afirma que a Procuradoria-Geral da República (PGR) não traz nenhuma "informação nova" envolvendo o senador ao recorrer da decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que arquivou o inquérito em que se apurava envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) em suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro relacionado a Furnas, estatal do setor energético.

"A Polícia Federal, após realizar inúmeras diligências, relatou o inquérito policial, concluindo ser o caso de arquivamento, diante da completa ausência de provas contra o senador. A decisão do STF seguiu esse mesmo entendimento", diz o advogado em nota. Ele lembra que o "próprio MPF" reconheceu "inexistir irregularidade" na constituição de uma fundação no exterior pela mãe do senador, já que foi devidamente declarada no imposto de renda e nunca houve remessa de recursos ao exterior. "Os documentos anexados pela PGR são rigorosamente os mesmos constantes no inquérito arquivado há vários anos, já sendo portanto, há muito, de conhecimento das autoridades".

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A procuradora-geral da PGR, Raquel Dodge, afirma que novas provas juntadas ao processo pouco antes da decisão do relator, em uma nova linha de investigação aberta graças à cooperação internacional com o Principado de Liechtenstein, apontam "indícios de materialidade e de autoria delitivas". O pedido da PGR é que o caso seja encaminhado para análise na Justiça Federal do Rio de Janeiro.

Gilmar Mendes arquivou a investigação no fim de junho afirmando que a duração era demasiadamente longa e que não se podem prorrogar inquéritos "por prazo irrazoável, sem amparo em suspeita contundente" e que isso representaria ofensa à dignidade do investigado. Dodge rebateu esses pontos no recurso apresentado nesta sexta-feira, 3, afirmando que o prazo de 2 anos e 3 meses é compatível com a complexidade e porte do caso e que está dentro da média de duração de inquéritos.

Sobre a investigação em si, a procuradora sustenta que ainda não tinha tido tempo de apresentar ao relator as considerações sobre as novas provas que apontam suspeitas de evasão de divisas de valores que teriam sido recebidos pelo senador no esquema de propinas instalado na Diretoria de Engenharia de Furnas - informações obtidas com a cooperação firmada com Liechtenstein em agosto de 2017.

Para além do andamento do caso, a PGR critica diretamente o entendimento do ministro Gilmar Mendes de que se pode arquivar um caso sem que tenha havido pedido do Ministério Público Federal. Raquel Dodge disse que o próprio STF descartou essa possibilidade em julgamento em 2014, com a maioria dos ministros, mesmo existindo previsão no Regimento Interno da Corte.

Ela destacou trecho do voto do então ministro Joaqum Barbosa, segundo quem o arquivamento sem pedido da PGR seria "uma subversão absoluta de tudo o que existe no Brasil em matéria de Processo Penal". "O relator, a seu talante, arquivar um inquérito. É o absurdo dos absurdos", disse Barbosa.

"Além da Constituição Federal que reserva a diferentes órgãos as funções de defender, acusar e julgar, o Brasil está vinculado a compromissos constitucionais e internacionais 'que compelem o Estado a separar as funções de investigar e julgar, como garantia de que todo réu terá direito a um julgador imparcial'", diz Dodge.

Outro argumento elencado é que, como os fatos suspeitos se referem a período anterior ao exercício do mandato de senador de Aécio Neves e sem relação com a atividade parlamentar, segundo a nova regra que restringiu a aplicação do foro privilegiado, o caso só pode ser analisado na primeira instância.

"Irresponsabilidade"

Raquel Dodge afirmou que seria irresponsável arquivar o inquérito antes de analisar o material obtido com base na cooperação com Liechtenstein, baseado na apreensão de informações na Operação Norbert, no Rio de Janeiro.

Documentos encontrados na casa de dois doleiros revelaram que várias pessoas usaram mecanismos chamados de interposição de personalidade jurídica, para manter e ocultar valores no exterior, inclusive na Suíça e no Principado de Liechtenstein, na Europa. Entre esses nome estava o da mãe do senador, Inês Maria Neves, relacionado à titularidade da "Bogart and Taylor Foundation".

"Não há como arquivar a apuração sem analisar antes o material recebido do exterior. Seria uma irresponsabilidade", adverte Raquel Dodge.

Sobre esses documentos, a Procuradoria destacou que há informações bancárias sobre o senador e outros investigados como Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia da Dersa, Andrea Neves, irmã de Aécio, e Inês Neves, e às pessoas jurídicas Boca da Serra e Bogart & Taylor Foundation.

Dodge diz que os dados foram juntados ao inquérito pouco antes da decisão de arquivamento, representam "informações relevantes e até então inéditas nos autos" e que só não tinham sido analisados ainda por falta de tempo.

A PGR afirmou também que depoimentos de delatores explicam como o esquema funcionava. O doleiro Alberto Yousseff disse que, durante o governo do PSDB, de 1994 a 2001, tanto o PP quanto o PSDB eram responsáveis, cada um, por uma diretoria de Furnas.

Segundo ele, enquanto o ex-deputado José Janene operava o esquema pelo PP, a irmã de Aécio, Andrea Neves, recolhia os valores referentes ao PSDB. A PGR aponta que o esquema era sustentado pelo pagamento de vantagens indevidas para servidores públicos e políticos no âmbito da estatal por empresas interessadas em contratar.

As delações do senador cassado Delcídio do Amaral e do lobista Fernando Hourneaux de Moura também trazem informações importantes, segundo Dodge. Delcídio, por exemplo, citou a existência de uma fundação sediada em um paraíso fiscal da qual seria beneficiário Aécio Neves.

A avaliação de Raquel Dodge é que, no curso da investigação, foi possível estabelecer conexões entre o relato dos colaboradores e outras apurações sobre o pagamento de vantagem indevida decorrente de contratos de Furnas. Ela lembra que Dimas Toledo foi denunciado em 2012 sob acusação de participar de um esquema de arrecadação de vantagens indevidas em Furnas, que funcionava de forma muito semelhante ao relatado pelos colaboradores Alberto Youssef e Delcídio do Amaral.

"Está-se diante, portanto, de investigação em que constam elementos probatórios que demonstram a existência de investigação de fatos típicos, com indícios de materialidade e autoria delitivas", reforça a PGR.

Durante abertura da reunião de cúpula do Mercosul, em Brasília, o presidente Michel Temer cumprimentou publicamente o presidente da Argentina, Maurício Macri, pela aprovação no país vizinho da reforma da Previdência. Em seu discurso, Temer disse que o Brasil está fazendo muitas reformas e que uma das propostas a serem levadas adiante também é a mudança na Previdência. "Quero cumprimentar a Argentina, por meio do presidente Maurício Macri, que conseguiu uma expressiva vitória em torno da reforma da Previdência em seu país", declarou.

Temer já tinha cumprimentado Macri pela aprovação da reforma logo na chegada do presidente argentino no Palácio do Itamaraty. Temer disse a Macri que a Argentina era um exemplo ao Brasil.

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Em uma mensagem voltada para a Venezuela, suspensa do bloco, Temer defendeu a democracia e disse que essa defesa não significava impor políticas "a quem quer que seja". Temer relembrou que a democracia foi conquistada na região "com grande custo" e enfatizou que "cabe a nós defendermos" esse valor. Para Temer, defender a democracia significa manter fidelidade aos compromissos assumidos no Mercosul ao longo de duas décadas, principalmente nos momentos onde direitos fundamentais são postos em xeque.

O presidente brasileiro afirmou que o Mercosul continuará ao lado da liberdade de expressão e dos direitos humanos e que a suspensão da Venezuela do bloco era "uma medida que se impunha". "Queremos que a nação venezuelana, de volta à democracia, possa também voltar ao Mercosul, onde será recebida naturalmente de braços abertos", declarou.

Em um discurso de aproximadamente 10 minutos, o presidente brasileiro disse que o Mercosul conclui o ano revigorado e que o momento é de convergência de propósitos. Temer destacou que o ano foi de resgate da vocação original do bloco e a conclusão, com êxito, do acordo de contratações públicas, onde a gestão pública poderá se beneficiar com a redução de custos. O presidente do Brasil destacou que agora estão aprimorando a dimensão regulatória do Mercosul, passando a uma fase de derrubar barreiras e reduzir burocracia. "Seguimos reduzindo barreiras", comemorou.

Temer enfatizou que a integração "é uma obra em permanente construção" e apontou como prioridade a segurança cibernética, já que é o "desafio dos novos tempos". "Proponho desde já um diálogo inicial para identificarmos medidas já adotadas em casa um de nossos países com vistas a mitigar os riscos de um ambiente cibernético em constante transformação", acrescentou.

Aos colegas representantes da Argentina, Uruguai, Paraguai, Guiana e Bolívia, Temer pregou o fortalecimento e abertura da Organização Mundial do Comércio (OMC) e fez um balanço dos acordos firmados pelo bloco, entre eles o acordo com o Egito, o estreitamento dos laços com a aliança do Pacífico e a negociação com a União Europeia. Temer disse que na cúpula será adotada declaração que registra avanços em corredores bioceânicos e que o bloco está pronto para negociar com Canadá e Coreia do Sul.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o presidente da República, Michel Temer, seja ouvido no inquérito em que é um dos investigados por suspeitas de irregularidades em um decreto do setor portuário.

Essa é uma das providências pedidas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e aceitas pelo ministro. Barroso autorizou Temer a escolher se prestará depoimento pessoalmente à Polícia Federal ou se responderá por escrito. "Mesmo figurando o Senhor Presidente na condição de investigado em inquérito policial, seja-lhe facultado indicar data e local onde queira ser ouvido pela autoridade policial, bem como informar se prefere encaminhar por escrito sua manifestação, assegurado, ainda, seu direito constitucional de se manter em silêncio", decidiu o ministro relator do inquérito no STF.

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O Planalto informou que Temer "responderá aos questionamentos pertinentes ao inquérito". O inquérito no Supremo apura se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado por Temer em maio, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos.

Além do presidente, são investigados Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor de Temer e ex-deputado federal, e Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, respectivamente, dono e diretor da Rodrimar.

Barroso também autorizou que sejam ouvidos os investigados e o subchefe para assuntos jurídicos da Casa Civil, Gustavo do Vale Rocha; o advogado José Yunes, amigo do presidente; o coronel João Baptista Lima Filho, aliado do presidente citado em relatório de investigação da Operação Patmos; o executivo Ricardo Saud; Edgar Safdie, acusado de intermediar o recebimento de propinas.

Luís Roberto Barroso determinou, também, que seja fornecido à Procuradoria-Geral da República (PGR) o registro de entrada e saída no Palácio do Planalto ao longo deste ano de citados em investigações - entre eles, Yunes, o coronel Lima, Antonio Celso Grecco, Ricardo Conrado Mesquita e Edgar Safdie.

Outra providência pedida pela PGR e autorizada por Barroso é a obtenção do registro de doações eleitorais da empresa Rodrimar, ou qualquer outra empresa do mesmo grupo econômico, feitas a Temer e/ou aos diretórios nacional ou regional do PMDB "ao menos nas duas últimas eleições (2014/2106)".

Barroso deferiu também que seja fornecida à PGR "solicitação de apresentação, pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, dos nomes dos integrantes do Grupo de Trabalho (nomes e lotação) formado por representantes do Ministério e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para a atualização da legislação do setor portuário, além da minuta do texto do decreto enviada pelo Ministro dos Transportes, Maurício Quintella, para análise jurídica do gabinete da Casa Civil em meados de 2016, e das atas de reuniões de trabalho deste grupo de maio de 2016 a junho de 2017".

O inquérito foi aberto por Barroso em agosto após pedido feito pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, após análise de documentos apreendidos na Operação Patmos, que deflagrou o caso J&F em maio, e interceptações telefônicas de Loures com Temer tratando sobre o decreto. Os investigados são suspeitos dos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e corrupção passiva.

Outro lado

"O presidente da República, Michel Temer, responderá aos questionamentos pertinentes ao inquérito. Vale destacar que houve amplo debate com o setor antes da publicação do decreto de renovação das concessões de portos. Todos os dados são públicos. O assunto não comportava nenhum sigilo ou informação privilegiada, apenas a publicação do decreto que finaliza o longo processo de negociação entre o governo e o setor empresarial. Em relação aos contratos em questão ressalta-se que nenhum deles é elegível para prorrogação contratual prevista no decreto 9048/2017, segundo a Secretaria de Portos do Ministério dos Transportes", diz, em nota, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.

O Senado Federal aprovou, na noite desta quarta-feira (8), a medida provisória que reforma o ensino médio. Como o texto já havia passado pela Câmara, agora ele segue para sanção presidencial. O projeto flexibiliza a carga horária, permitindo que o estudante escolha parte das matérias que irá cursar durante o Ensino Médio. A proposta é a primeira reforma do governo Temer a ser aprovada no Congresso.

De acordo com o ministro da Educação, Mendonça Filho, o objetivo do governo é aprovar primeiramente a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), para somente depois começar a implementar a reforma, gradualmente, a partir de 2018.

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Mendonça acredita que a reforma deve ajudar a conter a evasão estudantil e estimular a ampliação do ensino em tempo integral. "Se falando de educação básica, certamente é a mudança estrutural mais relevante das últimas décadas. A reforma cria ainda um estímulo e apoio ao programa de ampliação do modelo de escola em tempo integral", disse.

A oposição, entretanto, questionou aspectos da reforma que, segundo ela, podem fragilizar o sistema de ensino. Os senadores do PT apresentaram dois destaques para modificar o texto: um para garantir que todas as áreas do conhecimento fossem ofertadas nas escolas, permitindo que, de fato, o aluno tenha acesso a todas as matérias; outro para impedir que profissionais com "notório saber" possam substituir professores. Nenhum dos destaques foi aprovado.

"A medida provisória, no nosso entendimento, significa um golpe contra os destinos de milhões de jovens da educação deste País, porque ela não só não vem na direção de melhorar o ensino médio, de enfrentar os problemas de caráter estruturante que o ensino médio apresenta, mas vai contribuir para reforçar ainda mais as desigualdades regionais e sociais, já tão gritantes em nosso país", lamentou a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), militante das causas da educação.

O texto aprovado divide o conteúdo do ensino médio em duas partes: 60% para disciplinas comuns a todos, a serem definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e 40% para que o aluno aprofunde seus conhecimentos em uma área de interesse, entre as opções Linguagens, Matemática, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Ensino Profissional. Originalmente, na MP, o governo federal defendeu uma divisão 50% a 50%.

Outro pilar da medida provisória é ampliar a oferta de turno integral de 800 horas para 1,4 mil horas anuais, mediante financiamento da União junto aos Estados e ao Distrito Federal durante dez anos.

As disciplinas de Filosofia, Sociologia, Educação Física e Artes funcionarão como matérias "optativas". As escolas serão obrigadas a oferecer as matérias, mas ficará a cargo do aluno escolher estudar as disciplinas ou não.

O QUE MUDA

Grade Curricular

Hoje: 13 disciplinas obrigatórias ao longo dos 3 anos.

Reforma: A cada ano, 60% da carga horária para a Base Nacional Comum Curricular e 40% para itinerários formativos.

Professores

Hoje: Somente docentes que fizeram cursos de formação de professores podem lecionar.

Reforma: docentes de "notório saber" para o ensino técnico e profissional; profissionais graduados em outras áreas, mediante cursos curtos de formação pedagógica; professores formados não só em universidades e institutos superiores, mas também em "faculdades isoladas".

Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia

Hoje: Obrigatórias nos 3 anos.

Reforma: A oferta é obrigatória, porém caberá ao aluno cursar as disciplinas

Divisão do ensino médio

Hoje: Em três anos.

Reforma: Percursos formativos são divididos em módulos e, especificamente no ensino técnico, há a possibilidade de conceder certificados intermediários.

Os advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva requereram ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) na sexta-feira, 27, a anulação do processo referente ao "triplex do Guarujá". Para a defesa de Lula, a suspensão é necessária "em virtude de diversos atos que mostram que o juiz Sergio Moro perdeu a imparcialidade para julgar Lula."

No entendimento dos advogados Cristiano Zanin, José Roberto Batochio, Roberto Teixeira e Juarez Cirino, a nulidade do processo está relacionado a atuação "parcial" do juiz Sergio Moro. A defesa aponta para a existência de "provas pré-constituídas" de inúmeras situação em que o juiz teria atuado de forma parcial.

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Os advogados elencam uma série de supostas ações de Moro que teriam o poder de anular o processo sob sua tutela. Entre elas, a defesa do petista lista a condução coercitiva sem previsão legal, autorização de busca e apreensão sem observância de normativas da lei, autorização para interceptação telefônica e divulgação dos áudios das conversas de Lula, antecipação ilegal de juízo de valor quando do recebimento da denúncia, condução das audiência de instrução de modo a mostrar "parcialidade" e "inimizade", participação do juiz em eventos com agentes políticos de grupos oposto ao ex-presidente e pelas manifestações de caráter político de Moro.

A denúncia

Na denúncia que deu origem ao processo, o Ministério Público Federal afirma que Lula se beneficiou de um conjunto de 'três focos'. O primeiro se refere a três contratos da empreiteira OAS firmados com a Petrobras. O segundo foco se refere à lavagem de 'parte milionária'de dinheiro por meio da reforma do triplex no Guarujá (SP). O terceiro foco, segundo a Procuradoria, ficou caracterizado com o pagamento da armazenagem de bens pessoais de Lula mediante contrato falso.

Segundo os procuradores, Lula recebeu "benesses" da empreiteira OAS - uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras - em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto - preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira.

A maioria dos economistas e analistas tem duas convicções quando relê as atas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, responsável pelos rumos da taxa básica de juros (Selic). A ata explica a decisão de cada reunião do Copom e, na gestão de Ilan Goldfajn, vem deixando claro que o foco é levar a inflação a 4,5%, o centro da meta, em 2017.

Diante disso, a primeira certeza é que, na reunião desta quarta-feira (30), existe a forte tendência de que o corte, novamente, será de apenas 0,25 ponto porcentual. Para a maioria, porém, a segunda certeza é que há espaço para o Copom acelerar essa queda, aplicando uma redução de 0,5 ponto porcentual. Hoje, a Selic está em 14% ao ano.

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Apesar da concordância de que deter a inflação é a prioridade, há quase um consenso de que a fraqueza da economia para sair da recessão e a piora de indicadores importantes, como emprego e renda, exigem um alívio mais rápido dos juros. O economista Sergio Vale, da MB Associados, por exemplo, faz um paralelo entre a postura do BC hoje com a da instituição em 2008. Naquele ano, lembra, a crise global jogou a economia para baixo, havia incerteza em relação aos impactos do câmbio na inflação e, por isso, o BC só começou a reduzir os juros no começo de 2009.

Para ele, há um ambiente similar agora, para justificar o conservadorismo, adicionando o fato de a inflação ter se mostrado resistente e a incerteza ter aumentado, com a eleição de Donald Trump e o agravamento da crise política no Brasil.

No entanto, Vale pondera: "Agora não há ataque especulativo, a essa altura o efeito Trump e a piora recente na política não são novidades e, na economia, temos uma recessão muito longa, de quase três anos, e a demora em reduzir os juros ainda pode acelerar o processo de falências e recuperações judiciais. Assim, haveria espaço para acelerar a queda, apesar de não acreditarmos que o BC fará isso agora".

A economista-chefe da XP Investimento, Zeina Latif, segue na mesma linha, reforçando que os indicadores da economia estão piorando muito. Na sua avaliação, o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta terça-feira, 29, é "desastroso" no aspecto social. Não apenas porque o número de desempregados ultrapassou a casa de 12 milhões e porque no último ano quase 1,5 milhão engrossou as fileiras do chamado desalento - simplesmente desistiram de procurar trabalho.

Ela entende que o BC tem espaço para reavaliar a velocidade do corte. "Se aplicasse um corte de 0,5 ponto, o BC ainda sinalizaria que a economia segue para a normalidade - o conservadorismo pode realimentar a desconfiança e ter o efeito inverso ao esperado."

'Janela'

Para Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos, outro componente que abre espaço para o BC acelerar a queda é a tramitação da chamada PEC do Teto, projeto que limita os gastos do governo federal. Buccini lembra que a tramitação superou as melhores expectativas e que a reforma da Previdência virá em seguida, com boas chances de que os itens mais importantes sejam aprovados.

"O BC tem uma janela no fiscal para acelerar o corte da Selic." Ele também projeta redução de 0,25 ponto, mas diz que "alimenta a esperança" de o BC acrescentar à sua análise os últimos indicadores - incluindo o resultado do PIB, que será divulgado hoje e, ele estima, deve surpreender para pior.

No grupo que endossa uma redução mais conservadora dos juros está a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendência. Ela lembra que o BC estabeleceu o compromisso de colocar a inflação no centro da meta em 2017 e que agora precisa mirar nesse resultado, principalmente porque as projeções ainda não mostram que vai conseguir alcançar esse objetivo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu transformar, pela segunda vez, o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em réu da Operação Lava Jato.

Por unanimidade, os 11 ministros entenderam que há elementos suficientes para aceitar a denúncia proposta pela Procuradoria-Geral da República de que Cunha manteve contas secretas na Suíça abastecidas com dinheiro desviado de contratos da Petrobras.

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Para o relator Teori Zavascki, há "indícios robustos" para abrir uma nova ação penal contra o peemedebista e apurar os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, evasão fiscal e falsidade eleitoral.

Em um extenso voto, o ministro afirmou que, diante das provas levantadas no inquérito, não havia dúvida de que Cunha era o verdadeiro titular das contas no exterior. Para Teori, o fato de os valores não estarem no nome do peemedebista, e sim terem sido repassados a trusts, "é absolutamente irrelevante para a tipicidade da conduta".

Em sua sustentação oral durante o julgamento, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que Cunha nega ser o dono dos recursos depositados na Suíça, mas que há uma farta documentação que comprovam que ele usou o dinheiro para pagar suas despesas e de seus familiares. "Está documentalmente provado que as contas são de titularidade do acusado e que a origem dos recursos é absolutamente espúria", disse.

Teori também destacou em seu voto que Cunha tinha a palavra final sobre a indicação do PMDB para a diretoria internacional da Petrobras e que deu apoio para que Jorge Luiz Zelada chegasse ao cargo.

Para o ministro, em troca da sustentação política, o peemedebista teria recebido uma propina na ordem de R$ 5 milhões, fruto da compra do campo de petróleo em Benin, na África, pela estatal.

O relator disse ainda que o peemedebista não estava sendo acusado por indicar um nome para a Petrobras, mas sim por receber pagamento de forma ilícita para isso.

O ministro Luis Roberto Barroso ironizou a situação e questionou se "alguém imaginava que os partidos disputavam as indicações de diretores de estatais para fazer alguma coisa boa".

O ministro relator ainda afirmou que os crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisa estão caracterizados pelo fato de Cunha não ter declarado os valores depositados na Suíça ao Banco Central e à Receita Federal e pela incompatibilidade com o seu rendimento, ou seja, com o salário que recebe como deputado federal.

Acordos

Durante o seu voto, Teori também defendeu os acordos de cooperação internacional fechados pela Procuradoria-Geral da República no âmbito da Lava Jato. A investigação contra Cunha teve origem em dados enviados ao País pelo Ministério Público da Suíça. "A prevenção e erradicação da corrupção são responsabilidade de todos os Estados. No caso, é legítima a providência da autoridade brasileira de, com base no material suíço, investigar o processado por evasão de divisas", disse.

Durante o julgamento, a advogada de Cunha, Fernanda Tórtima, afirmou que não havia "indícios minimamente sólidos" que o peemedebista recebeu propina e defendeu que Cunha não poderia responder por crimes que não são tipificados no país de origem, no caso a Suíça.

Em março deste ano, o STF aceitou a primeira denúncia contra Cunha, por suposto recebimento de propina pela venda de navios-sonda da Petrobras. Há pelo menos outros cinco inquéritos tramitando na Corte contra o peemedebista.

Em seu primeiro dia útil de operação, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), no centro do Rio, sofreu uma pane e parou a cerca de 200 metros do Aeroporto Santos Dumont. Os passageiros tiveram que descer da condução e relataram no local que o bonde saiu do trilho, o que é negado pela prefeitura. O fato aconteceu por volta das 15h desta segunda-feira, 6, quando o VLT estava em um passagem de nível sob a pista do Aterro do Flamengo. Ninguém ficou ferido.

As fotografias publicadas nas redes sociais mostram passageiros em volta do bonde, mas não esclarecem se houve descarrilamento. No local, o jornal O Estado de S. Paulo constatou que não há trilho no ponto onde o VLT parou e desceram os passageiros. Isso indica que a condução pode mesmo ter descarrilado parcialmente.

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A Secretaria Municipal de Transportes buscou minimizar o problema, que seria esperado na "fase de adaptação" do sistema, e negou que o VLT tenha saído do trilho. O jornal O Estado de S. Paulo entrevistou taxistas que fazem ponto no Santos Dumont. Eles contaram que o bonde saiu mesmo do trilho, segundo relatos dos passageiros que saltaram e se dirigiram a pé ao aeroporto.

Energia

Segundo a secretaria, o VLT seguia em direção ao aeroporto e teve o serviço interrompido por uma queda de energia, após deixar a parada Antônio Carlos. "O desembarque em via foi realizado de forma segura, com o auxílio de agentes da concessionária qualificados para este tipo de atividade. A operação dos demais trens não foi afetada, e o serviço do VLT 101 foi restabelecido em cerca de 20 minutos, sem novas interrupções. Cabe esclarecer que nesta etapa novos eventos podem ocorrer, pois a fase é de adaptação", diz nota da secretaria.

O novo bonde trafegou lotado nesta segunda - este mês, a tarifa não está sendo cobrada. O horário está limitado, das 12h às 15h, e as paradas lotaram. Os passageiros queriam conhecer a novidade, mais do que utilizá-la para deslocamentos necessários. Taxistas que fazem ponto do aeroporto contaram que o bonde havia saído lotado e, poucos minutos depois, os passageiros voltaram a pé relatando o incidente, assustados com a falha logo no primeiro dia útil de operação.

Depois de dois anos de obras, o VLT começou a circular no domingo, 5, entre a Praça Mauá e o Santos Dumont, pela Avenida Rio Branco. A inauguração, festiva, que contou com ritmistas de escolas de samba, foi feita pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que disse que o novo modal de transporte foi resultado de um "esforço de mobilidade" inspirado pela Olimpíada, a ser disputada em agosto.

A maior preocupação da prefeitura no momento é com relação ao risco de atropelamentos - durante as obras, pedestres se habituaram a andar sobre os trilhos. Os bondes estão sendo precedidos de escolta de motociclistas.

Persiste a dificuldade do governo em encontrar alguém que aceite assumir a Secretaria Nacional de Cultura, que passou a ser subordinada ao Ministério de Educação e Cultura a partir da reforma realizada pelo presidente em exercício, Michel Temer. Nesta terça-feira, 17, foram procuradas a atriz Bruna Lombardi e a consultora de projetos culturais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Eliane Costa. Ambas negaram a proposta.

A exigência de Temer é que os convites para o chamado "segundo escalão" do governo sejam feitos a mulheres, após as críticas de que apenas homens foram escolhidos por ele para comandar os ministérios. A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) - ministra do Turismo entre 2007 e 2008, durante o governo Lula, e da Cultura entre 2012 e 2014, na gestão de Dilma Rousseff - tem sido uma das principais articuladoras das sondagens.

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Bruna Lombardi argumentou para a senadora que está muito envolvida em seus projetos profissionais para aceitar o cargo, além de não ter intenção de entrar na política. No sábado, Marta averiguou com a jornalista Marília Gabriela a possibilidade de a apresentadora assumir a secretaria. Bruna e Marília agradeceram a lembrança, mas declinaram da proposta.

Indignadas com a fusão entre os dois ministérios, outras mulheres ligadas ao setor da Cultura foram menos polidas ao relatar, nas redes sociais, terem sido sondadas para ocupar o cargo. A antropóloga Cláudia Leitão, ex-secretária de Economia Criativa do extinto Ministério da Cultura, escreveu que "respondeu com um sonoro não" e recomendou que "nenhuma mulher aceite esse convite e, dessa forma, contribua para a transfiguração do MinC em um apêndice do MEC". Já Eliane Costa, coordenadora de pós-graduação em Gestão e Produção Cultural na FGV, disse que "não trabalha para governo golpista" e "nem será coveira do MinC".

Apesar de a pasta ser comandada pelo ministro Mendonça Filho (DEM), caberá a Temer a decisão final. Uma das mais cotadas para o cargo é a ex-secretária de Cultura do Rio de Janeiro, Adriana Rattes. A atual diretora de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin, também era um forte nome, mas não estaria disposta a abdicar do mandato, que vai até 2018, nos Estados Unidos.

Assessores de Temer sugeriram, ainda, a atriz Zezé Motta, que relatou ao jornal O Estado de S. Paulo não ter sido procurada. As indicações de homens para o cargo, como o músico Sérgio Sá e o ator Stepan Nercessian, filiado ao PPS, por ora estão fora de questão, pois, segundo fontes do governo, aumentariam as reprimendas à falta de representatividade feminina nos cargos federais.

Apesar de o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE) cobrar explicações em até dez dias sobre repasses e pagamentos relativos à Linha 4-Amarela da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), o governador Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta sexta,6, que o Estado não tem dívidas com a empresa. "Não houve nenhum prejuízo ao Metrô. Zero, zero, zero. O Estado não tem nenhuma dívida com o Metrô", disse Alckmin.

O pedido, feito hoje, acontece após o governo paulista deixar de repassar à estatal valores da compensação tarifária para quitar obrigações contratuais com a concessionária, um total de R$ 332,7 milhões. "O governo do Estado investiu, só no meu mandado, desde 2011, R$ 13 bilhões e vamos investir este ano mais R$ 3 bilhões. Não há prejuízo", resumiu o governador a jornalistas durante visita a Ribeirão Preto (SP).

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Merenda

Indagado sobre outro tema polêmico de seu governo, as denúncias de irregularidades na merenda escolar nas escolas públicas, o governador voltou a defender as investigações e afirmou, após ser questionado algumas vezes, ser favorável à apuração pela Assembleia Legislativa. Deputados de oposição tentam, sem sucesso - já que o governo tem a maioria no parlamento paulista - protocolar o pedido de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia para investigar as denúncias de superfaturamento na merenda investigadas pelo Ministério Público e pela polícia. "Assembleia Legislativa é outro poder, mas somos favoráveis (à investigação)".

Ainda sobre a alimentação nas escolas, Alckmin revelou que pretende fazer uma consulta aos alunos de estabelecimentos públicos de ensino que estudam em tempo integral, se em vez de dois lanches diários estariam dispostos a se alimentar com um almoço. "Aluno que fica meio período, tem lanche. Mas temos 50 mil alunos em tempo integral e vamos fazer uma consulta se preferem almoço. Vamos comprar a marmita e entregar", disse. "Quem quiser, vamos trocar os dois lanches e fazer refeição. Não temos cozinha nas escolas, então a gente faria a licitação e entregaria (a refeição)".

Já tratando o vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) como "presidente", o governador paulista voltou a se posicionar contrariamente à indicação de nomes do PSDB para um novo governo, caso a presidente Dilma Rousseff (PT) seja afastada. No entanto, Alckmin admitiu que o partido deve colaborar, caso seja chamado por Temer a indicar nomes para o ministério. "Vamos apoiar, o governo pode contar conosco e terá todo apoio para reformas. Tenho defendido que o PSDB não indique ninguém. Mas se o presidente (Temer) precisar, vamos fazer indicações", concluiu.

O Banco Central já comprou mais de US$ 20 bilhões nesta semana para segurar a cotação do dólar no Brasil, em meio às expectativas do mercado em relação à votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A intenção do BC é evitar que o dólar despenque em função do forte fluxo de empresas e investidores estrangeiros que estão mudando suas apostas e vendendo dólar. Mesmo com a forte atuação do BC, a moeda americana já caiu mais de 5% em quatro dias e fechou ontem cotada a R$ 3,4768.

A queda do dólar, segundo operadores, está sendo fortemente pautada pela expectativa de que o impeachment seja aprovado na Câmara dos Deputados no domingo. Desde que diversos partidos intensificaram o desembarque da base de apoio do governo, grandes empresas começaram a rever suas posições na bolsa de futuros. Na terça e na quarta-feiras, venderam US$ 3,8 bilhões para se desfazer de contratos que embutiam em seus preços uma alta da cotação da moeda americana. Acreditando agora na queda, pagariam caro para manter essas posições.

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De acordo com Mauro Calil e Alberto Alves, do Banco Ourinvest, o chamado "hedge", em que empresas usam instrumentos derivativos para se proteger da variação cambial, é muito caro e, quando há uma reversão de tendência, as empresas tendem a se desfazer desse custo. Para fazer o hedge, as empresas gastam entre 12% a 15% ao ano.

Não só as empresas estão mudando suas apostas. Muitos investidores estrangeiros e também fundos de investimentos intensificaram igualmente a venda de dólares nesta semana, ajudando a intensificar o fluxo.

Alguns operadores observam com atenção a atuação agressiva do BC, que está batendo recordes de compra diária desde que lançou o modelo de leilões de swaps cambiais em 2005. O BC não está deixando o câmbio cair, o que pode beneficiar quem está agora desfazendo apostas. Por outro lado, essa atuação evita uma forte volatilidade. Calil, do Ourinvest, diz que o dólar teria caído a R$ 3,20 e R$ 3,30 sem a atuação do BC.

Do estoque de swaps cambiais que vinha carregando desde 2014, no total de US$ 120 bilhões, já reduziu agora para US$ 80 bilhões. Isso significa que, na prática, as reservas cambiais do Brasil estão ficando mais robustas, segundo o chefe de mesa de operação de um banco estrangeiro. Além disso, o BC ganha força para atuar no câmbio na próxima semana.

Apesar de o impeachment ser o tema mais comentado entre os operadores, outro ponto está sendo levado em conta nas análises das empresas e investidores para mudar as apostas. De acordo com chefe de operações de um banco brasileiro, o fato de o Banco Central americano estar aumentando os juros do país de forma mais gradual do que o esperado também afeta o mercado. Vários países viram suas moedas se fortalecerem frente ao dólar em um mês. Relatório do Banco Fator mostra que foi o que aconteceu com as moedas da África do Sul, México, Rússia, Colômbia e Peru.

Bolsa

Na Bovespa, a notícia de que a Advocacia Geral da União (AGU) impetrou um mandado de segurança no STF para anular o processo de impeachment foi recebida negativamente e fez alguns investidores fugirem do risco, dando força ao movimento de realização de lucros e desmontagem de posições consideradas arriscadas. O Ibovespa encerrou o pregão em queda de 1,39%, aos 52.411 pontos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A presidente Dilma Rousseff telefonou no início da noite desta sexta-feira, 29, para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e acertaram uma parceria para os dois países desenvolverem juntos vacinas e produtos terapêuticos contra o zika vírus, que tem causado microcefalia em bebês. Em nota oficial, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que a Secretária do Departamento de Saúde dos Estados Unidos e o ministro da Saúde do Brasil vão se reunir para discutir os termos da cooperação.

Na conversa, que durou cerca de 15 minutos, e foi realizada às 19h10, hora de Brasília, Dilma e Obama discutiram "a cooperação bilateral na área de saúde, para o combate e desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus". Um grupo de alto nível entre Brasil e Estados Unidos foi criado para desenvolver parceria na produção de vacinas e produtos terapêuticos. O grupo terá como base a já existente cooperação entre o Instituto Butantan e o National Institute of Health (NIH) para pesquisa e produção da vacina contra a dengue. Os dois presidentes determinaram a realização de contatos entre a Departamento de Saúde norte-americano e Ministério da Saúde do Brasil, com o objetivo de aprofundar a cooperação.

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Na última terça-feira, Obama cobrou o rápido desenvolvimento de testes, vacinas e tratamentos para combater o vírus, já que ele poderia se espalhar pelos Estados Unidos nos meses de calor. A manifestação do presidente norte-americano aconteceu depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertar que a doença vai se proliferar por todos os países das Américas. Segundo a entidade, a presença do vírus já foi constatada em 23 países e o número de casos pode chegar a 4 milhões em 2016.

Além de Obama, Dilma telefonou na quinta-feira para o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, para falar sobre a reunião de ministros da Saúde dos integrantes da Unasul, que será realizada na semana que vem em Montevidéu, e tem como objetivo discutir medidas para conter o avanço das doenças relacionadas ao Aedes aegypti na América do Sul. Ela sugeriu a Vázquez que, dependendo do resultado desta reunião de ministros, seria importante convocar uma reunião de presidentes, para selar ações mais rápidas.

Preocupada com o aumento de casos de bebês com microcefalia, Dilma tomou a frente do combate ao Aedes e tem pedido ajuda de toda sociedade para acabar com os focos de proliferação para erradicar o mosquito. Nesta sexta, após conversar com governadores, ela reconheceu que o governo estava perdendo a batalha contra o mosquito, mas disse que não perderia a guerra.

O corpo de Micaela, de 4 anos, encontrada morta na manhã desta terça-feira, 19, tinha marcas de tortura e desnutrição. Segundo a Polícia Civil, os principais suspeitos de cometer o crime são o pai, Felipe Ramos da Silva, de 29 anos, e a madrasta, Joelma Souza da Silva, 43 anos. O casal foi preso em flagrante. O corpo estava no apartamento da família, em um condomínio no bairro de Brás de Pina, zona norte do Rio. Os policiais foram acionados pelo filho de Joelma, Wellington Souza da Silva, após perceber que a menina estava morta, deitada no sofá da sala.

Os agentes tiveram que isolar a região para que os vizinhos não linchassem o casal. Silva e Joelma serão processados sob a acusação de homicídio e fraude processual, pois teriam alterado o local da morte da criança. O ambiente teria sido lavado, mas os policiais informaram ter conseguido identificar manchas de sangue. As investigações são com a Delegacia de Homicídios da Capital.

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Segundo o delegado André Leiras, o pai, no depoimento, culpou a mulher pela morte da menina. Mesmo assim, disse o delegado, ele responderá por ser conivente com as agressões que, de acordo com vizinhos, eram constantes.

Silva e a mulher podem ser condenados a até 30 anos de prisão. Joelma já tinha uma passagem pela polícia por lesão corporal. O corpo da menina foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

Cerca de 40 manifestantes protestaram na zona oeste da capital, nesta quarta-feira, 13, contra o aumento da tarifa em ônibus, metrô e trens de São Paulo. O grupo chegou a bloquear vias da região, e o protesto durou cerca de uma hora e 20 minutos.

Por volta das 6h55, manifestantes interditaram a Avenida Vital Brasil, próximo à Estação Butantã, da Linha 4-Amarela, mas, ao contrário de outros atos, o grupo não chegou a fechar o metrô nem o terminal de ônibus. A via foi completamente ocupada no sentido centro, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

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Depois, os ativistas saíram em passeata, atravessaram a Ponte Eusébio Matoso e foram em direção à Avenida Brigadeiro Faria Lima. Às 7h30, havia lentidão no Corredor Rebouças/Eusébio Matoso, desde a Avenida Professor Francisco Morato, no cruzamento com a Avenida Lineu de Paula Machado.

Dez minutos depois, o grupo bloqueava três faixas da Avenida Brigadeiro Faria Lima, no sentido Pinheiros, entre as Ruas Diogo Moreira e dos Pinheiros. O protesto acabou no cruzamento com a Rua Teodoro Sampaio, por volta das 8h15.

De acordo com a Polícia Militar, o ato foi pacífico e nenhuma ocorrência foi registrada. A ViaQuatro, concessionária responsável por operar a Estação Butantã, afirma que o ato não impactou no funcionamento da Linha 4-Amarela. A São Paulo Transporte (SPTrans) também diz que o ato não provocou transtornos no terminal de ônibus.

Fechamentos

Desde a sexta-feira, 8, quatro terminais de ônibus foram temporariamente fechados por manifestantes contrários ao aumento da passagem de R$ 3,50 para R$ 3,80. Foram eles o Terminal Bandeira, no centro, Santo Amaro, na zona sul, Lapa e Pinheiros, na zona oeste. Todos os atos foram pacíficos.

O reajuste na tarifa foi anunciado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) e pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e passou a valer no último sábado, 9.

Confronto

A segunda grande manifestação do Movimento Passe Livre (MPL)contra o aumento da tarifa neste ano teve novamente confusão. Após impasse sobre a definição do trajeto, a Polícia Militar usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo contra os manifestantes, na noite desta terça-feira, 12, na Avenida Paulista, região central de São Paulo, antes mesmo de a passeata começar.

Houve pânico, tumulto e correria por ruas de Higienópolis e Bela Vista. Ao menos 24 pessoas ficaram feridas e oito foram detidas. A PM mudou a estratégia de ação no protesto - na sexta-feira, manifestantes mascarados depredaram o centro e espancaram um agente à paisana, conforme revelou o Estado.

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