Carreira que requer anos de estudo, dedicação integral, renúncia e muitas noites em claro. Mesmo assim, a profissão de médico continua sendo o sonho de muitos jovens em épocas de vestibular. Conforme a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o curso foi, pela quarta vez consecutiva, o mais concorrido no processo seletivo deste ano, sendo 35,3 candidatos para cada vaga, superando o índice de 34,9 alcançado no exame passado. Porém, de quanto será o custo financeiro para passar num curso tão almejado e disputado como o de medicina?
A estudante Patricia Souza, 22 anos, que conseguiu alcançar seu objetivo após conferir o nome no “listão” do terceiro remanejamento da UFPE, declarou que as seleções para ganhar uma bolsa em cursos preparatórios foram uns dos principais motivos para não desistir do sonho após quatro anos de tentativa. “Por ter estudado a vida toda em escola estadual, eu tive a vantagem de obter descontos que aliviaram mais nas despesas, o que me ajudou financeiramente a levar adiante os estudos e não desistir de um sonho que tenho desde criança”, afirmou.
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“Minha mãe foi meu apoio em tudo. Por medicina ser um curso que exige muita dedicação e várias horas seguidas de estudo, ela preferiu que eu não trabalhasse e me dedicasse exclusivamente à medicina. O apoio e a compreensão familiar conta muito nessas horas”, enfatizou.
Para tornar um sonho de muitos anos em realidade, Patrícia deixou claro que foi importante abdicar de vários momentos com a família e amigos. “Como sempre foi um objetivo na minha vida seguir a carreira de medicina, eu passei quatro anos apenas dedicada aos estudos. Tive que abrir mão várias vezes de festas em família, encontro com os amigos e até do meu namorado. Claro que desopilar é sempre bom, mas com moderação. Quando saía, fazia apenas programas leves para poder dormir cedo. Estudava cerca de sete a oito horas por dia, essa era a minha rotina”, lembrou.
A jovem ainda chamou atenção para o método de ensino abordado em cursos pré-vestibulares em comparação à abordagem de cursos preparatórios em matérias isoladas. “Claro que, financeiramente falando, os cursinhos pré-vestibulares são bem mais vantajosos. Mas, em relação à qualidade de ensino, eles ficam atrás dos cursos de matérias isoladas, pois os conteúdos são vistos de forma superficial, já que são muitos os assuntos a serem trabalhados em um prazo curto de tempo. Esse foi o motivo principal para eu decidir apostar apenas em matérias isoladas, pois a exigência é ainda maior por parte dos professores e o conteúdo é dado de forma mais eficiente, o que lhe deixa mais motivado e estimulado a estudar. E quem quer medicina, deve sempre exigir o melhor para si, até para não ficar atrás da concorrência, que é imensa”, aconselhou.
Oportunidade para quem deseja investir em medicina
Segundo o professor de biologia de um dos cursos preparatórios em matérias isoladas mais renomados em Pernambuco e que possui 15 anos no mercado, o Fernandinho e Cia, Fernando Beltrão, há oportunidade para qualquer pessoa, independente de sua condição financeira ou social. “Todo mês de dezembro, que é o período de matrícula, disponibilizamos bolsas tanto para quem vem de escola pública quanto para aqueles que residem em casas estudantis. O critério avaliado é o grau de carência que o aluno obtenha. Por exemplo, há pessoas que não têm condições nenhuma de arcar com as despesas do curso, então, para estes o custo é zero. Já aqueles que têm renda baixa, mas possuem uma condição financeira um pouco melhor, damos descontos nas mensalidades que variam de 40% a 60%”, disse.
De acordo com o professor, a quantidade, em média, de alunos matriculados por ano que optam pelo curso de medicina, gira em torno de 700 a 750. Já em relação ao valor das isoladas, o professor explicou que varia de acordo com o peso de cada matéria. “Como a procura é maior na área de Saúde, as disciplinas de biologia e química tendem a ser mais caras. Depois vem matemática, português, história e geografia, que, independente do aluno optar por medicina, devem ter conhecimento sobre essas matérias, já que elas não exigidas na avaliação do Enem. Nossas isoladas variam de R$ 100 a R$ 300, o que está compatível com o preço disponível no mercado”.
Beltrão ainda avalia a educação como algo que não é caro em relação a outros investimentos. “O valor investido em educação é baixo, se comparado a outros gastos. Por exemplo, o que você investe comprando um apartamento de R$ 800 mil, já paga uma faculdade inteira de medicina. E mais, uma mensalidade de colégio custa, em média, R$ 700 e se dividido por 30 dias, você vê que investe diariamente apenas R$ 23. Analisando sob este ponto, será que estudar está realmente caro?”, indagou o professor.
Em relação aos estudantes que optam pelo curso de medicina apenas por status ou pela remuneração que o cargo oferece, Beltrão deu um conselho: “Se for para fazer medicina ou qualquer outra coisa na vida só pelo dinheiro ou por aparência, desista. A realização profissional ainda é, sem dúvidas, um critério mais valioso que o dinheiro. Satisfeito com a profissão escolhida, as chances de exercer bem o papel naquilo se faz, são maiores. O que você pode fazer é, dentro da carreira escolhida, procurar o seu diferencial e desempenhá-lo com garra, pois, um dia, sem dúvidas, você terá o seu destaque em oportunidades exclusivas”, finalizou.