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Felipe Neto entrou na onda da nova modinha do Instagram e matou a curiosidade de alguns fãs através do Instagram Stories, na última segunda-feira, dia 29, ao mostrar o valor de sua conta corrente bancária.

O youtuber mostrou a tela de seu computador no site do banco, exibindo o valor de 178 reais na conta corrente.

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Apesar do foco ser no saldo da conta, o que chamou a atenção mesmo dos internautas foi o valor do limite do cheque especial dele: 117 mil e 400 reais.

- Gente, esse negócio de pedir print de conta... Dinheiro não fica parado na conta, alertou ele, brincando: Vocês me fizeram ver a fatura do cartão

Em seguida, ele explicou o valor do limite do cheque especial:

- Quando for um influenciador que vocês sabem que tem bastante bufunfa, não pede print da conta. Ninguém deixa dinheiro parado na conta. Pede print da tabela de wealth management. Que é óbvio que ninguém vai mostrar porque ninguém quer expor quanto dinheiro tem. Só para vocês saberem porque ficar pedindo print de conta. O pessoal só deixa na conta o dinheiro para sei lá.. O pessoal usa o cheque especial, que é aquele limite que você tem para gastar que o banco te empresta e você pode gastar até aquele limite, fica negativa a tua conta e você tira de algum investimento e paga sem juros até o número x de dias. Aquilo que é o seu cheque especial, não significa que eu estou com aquele dinheiro na conta.

Por fim, ele ainda aconselhou os seguidores:

- Gente, pelo amor de Deus, se vocês estão deixando o seu dinheiro em conta corrente ou parado em casa, papel e tal, procure uma educação de economia, uma educação financeira. A mesma coisa vale para a poupança, em galera. Educação básica financeira, a inflação este ano vai passar os 10% e a poupança vai pagar 5%. Se você deixou dinheiro na poupança, você perdeu dinheiro.

A limitação da cobrança de juros no cheque especial, que começou a valer em janeiro do ano passado, fez com que os brasileiros economizassem mais de R$ 10 bilhões em 2020, informou hoje o Banco Central. O cálculo faz parte do estudo "Cheque especial: avaliação do impacto da limitação da taxa de juros", divulgado nesta quarta-feira (26) pela autarquia.

Desde 6 de janeiro de 2020, o BC vem aplicando uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano). A intervenção regulatória tinha como objetivo corrigir falhas identificadas no produto, que apresentava elevações de juros mesmo em períodos em que a Selic (a taxa básica da economia) recuava.

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Na avaliação do BC, a limitação do custo do cheque especial foi bem sucedida. Para estimar a redução no pagamento de juros pelos tomadores de crédito via cheque especial, a instituição utilizou dois métodos.

No primeiro deles, foi usada a variação de 12 meses da taxa de juros para pessoas jurídicas para estimar qual seria o custo para pessoas físicas caso a regulação do BC não tivesse estabelecido o teto de 151,82% ao ano. "Aplicando-se a taxa estimada para calcular o montante dos juros pagos sobre a carteira ativa, tem-se como resultado uma redução média de R$ 866 milhões mensais. Portanto, estima-se uma redução total de R$ 10,4 bilhões entre janeiro e dezembro de 2020", informou o BC.

A instituição fez o mesmo cálculo considerando que a variação da taxa de juros cobrada de pessoas físicas no cheque especial foi praticamente constante entre agosto de 2016 e dezembro de 2019.

"Assim, a taxa de juros de um dado mês em 2020 é calculada aplicando-se a variação média para esse mês ocorrida nos dois anos anteriores à taxa de juros de 2019. A diferença entre o montante dos juros efetivamente cobrados e o montante estimado para o caso de não edição da norma é de, aproximadamente, R$ 1 bilhão por mês, totalizando uma redução de R$ 11,6 bilhões entre janeiro e dezembro de 2020", explicou o BC.

Por ter limitado, de um lado, a cobrança de juros no cheque especial, o BC havia aberto a possibilidade de os bancos cobrarem, de outro lado, tarifas para ofertar limites maiores a seus clientes. No fim de abril, no entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que esta cobrança era inconstitucional.

Os juros do cartão de crédito e do cheque especial poderão ter limite de 30% ao ano, em caráter excepcional, durante o estado de calamidade pública por conta da pandemia. É o que prevê o substitutivo do senador Lasier Martins (Podemos-RS) ao Projeto de Lei (PL) 1.166/2020, do senador Alvaro Dias (Podemos-PR), aprovado pelo Plenário do Senado nessa quinta-feira (6). Foram 56 votos a favor, 14 contrários e 1 abstenção. Agora, o projeto segue para análise da Câmara dos Deputados.

"A presente proposta tem uma limitação temporal importante: o período de calamidade que ora vivenciamos. A fixação do limite de juros valerá para contratos celebrados até o final da calamidade pública, quando deveremos estar vivenciando plenamente a recuperação econômica. Trata-se de um momento de exceção, em que os princípios constitucionais têm de ser ponderados com a realidade, e não podem adquirir caráter absoluto, inviabilizando a própria saída da crise", afirmou Lasier.

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O substitutivo incorporou dispositivos também do PL 2.261/2020, do senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO), além dos Projetos de Lei 1.208 e 1.209, ambos da senadora Rose de Freitas (Podemos-ES), e 2.024/2020, do senador Dário Berger (MDB-SC). Foram incorporadas ainda, pelo relator, 16 emendas apresentadas pelos senadores.

De acordo com o projeto aprovado, os juros para o crédito rotativo do cartão de crédito e todas as demais modalidades de crédito ofertadas por meio de cartões de crédito e da linha de crédito do cheque especial não poderão exceder a 30% ao ano durante o estado de calamidade pública que começou em março. 

Os limites de crédito disponíveis em 20 de março deste ano não poderão ser reduzidos durante o período. Os empréstimos dessas linhas de crédito estarão isentos do pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). As chamadas fintechs (pequenas instituições financeiras), as sociedades de crédito de financiamento e investimento, as sociedades de crédito direto e instituições de pagamento terão teto de 35% ao ano.

Pelo texto aprovado, fica vedada a cobrança de tarifa pela disponibilização aos clientes de limite para as modalidades de crédito do cheque especial. Também é proibida a cobrança de multas e juros por atraso no pagamento das prestações de operações de crédito, concedidas por instituições financeiras públicas e privadas, inclusive na modalidade de cartão de crédito. Outra determinação do substitutivo proíbe a cobrança de juros e multas por atraso no pagamento de compras diretas de produtos e serviços. Todas essas determinações só terão validade enquanto durar a calamidade pública.

"Cerca de 76 países do mundo estabelecem o limite das taxas de juros dos cartões de crédito. O mundo todo estabelece esse limite, e nós continuamos estabelecendo aqui a usura, a armadilha, a agiotagem oficializada, a exploração sem medida, com taxas de juros exorbitantes que chegam a 395 vezes a taxa Selic. São taxas de juros que vão de 302%, em média, atualmente, a 1.200%. Nós não estamos estabelecendo o tabelamento das taxas de juros – tabelar é diferente de limitar. A concorrência vai se estabelecer abaixo do limite estabelecido. Antes dessa pandemia, 65% das famílias brasileiras já estavam endividadas; e os bancos tiveram lucro, no ano passado, de R$ 108 bilhões", afirmou Alvaro Dias.

De acordo com o art. 2 do substitutivo, o objetivo das novas regras é prevenir o superendividamento da população. Portanto, a lei não vale para quem contrair dívida mediante fraude ou má-fé. As instituições financeiras deverão informar a seus clientes que tenham dívidas sobre a possibilidade de contratação de créditos com juros mais baixos.

Para os consumidores que comprovadamente tiveram redução de renda na pandemia, as prestações poderão ser cobradas depois do vencimento da dívida, sem cobrança de multa ou juros. 

Por meio de votação separada (51 votos contra 22, e 1 abstenção), os senadores aprovaram o destaque do PT que também incorporou ao texto do projeto uma emenda do senador Rogério Carvalho (PT-SE). De acordo com a emenda aprovada, caberá ao Conselho Monetário Nacional (CMN), quando acabar o estado de calamidade pública, regulamentar o limite de juros para o crédito rotativo do cartão de crédito e todas as demais modalidades de crédito ofertadas por meio de cartões de crédito.

Endividamento

Alvaro Dias, autor do PL 1.166, argumenta que, durante a crise, a população que perder renda recorrerá ao cartão de crédito ou ao cheque especial para gastos essenciais. Durante a crise e na retomada posterior da economia, eles não conseguirão pagar a totalidade da fatura do cartão e entrarão no parcelamento rotativo, onde os juros superam 300% ao ano, de acordo com dados divulgados pelo Banco Central, com instituições financeiras cobrando até mais de 600%. Situação semelhante ocorre com o cheque especial, argumenta.

“Esse endividamento no cartão de crédito e cheque especial vai criar um passivo enorme, drenar os minguados recursos das famílias brasileiras e dificultar ainda mais a retomada da atividade econômica. Os juros altos induzem a inadimplência, que por sua vez, elevam o risco e o custo da operação. Tal situação configura círculo vicioso de difícil resolução natural”, completa Alvaro.

Para Lasier Martins, a questão dos altos juros é grave. “Acreditamos que os juros abusivos cobrados pelas instituições financeiras causam até mesmo um risco de reputação a elas mesmas. Ademais, esses juros abusivos colocam um freio no consumo, prejudicando toda a economia. A recessão econômica é certa e podemos cair em uma depressão, se medidas vigorosas não forem tomadas”.

Caso sancionada, a lei entra em vigor na data de publicação no Diário Oficial da União. O Banco Central divulgará, além das taxas de juros e de inadimplência por linha de crédito, as taxas de recuperação das dívidas. O Sistema Nacional de Defesa do Consumidor, as agências reguladoras e o Banco Central deverão expedir determinações complementares ao projeto em até 30 dias, para garantir a informação do consumidor, além de fiscalizar os bancos.

Diversos senadores também defenderam a aprovação da proposta, como Major Olimpio (PSL-SP), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Zenaide Maia (Pros-RN), Eduardo Braga (MDB-AM), Jorge Kajuru, Eliziane Gama (Cidadania-MA), Acir Gurgacz (PDT-RO), Jorginho Mello (PL-SC), Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Rose de Freitas e outros.

Voto contrário

Já o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) foi um dos senadores que votou contra o projeto. Para ele, a proposta não tem base técnica e pode ser prejudicial a pequenas instituições financeiras como as fintechs.

"O cartão de crédito, sabe o que devia ter escrito nele, em uma faixa vermelha? 'Este produto causa câncer nas suas finanças se você não souber usar. Mas este produto faz muito bem se você souber usar'. Se você souber usar, você compra, no dia 5 de julho, paga no dia 5 de agosto, sem pagar nada de juros. Se você souber usar o crédito rotativo, você fica oito dias com dinheiro do banco e não paga juros. Agora, se você resolver tomar esse dinheiro e for inadimplente, você vai ter um câncer nas suas finanças. Nós precisamos educar a nossa população! intervir na economia de forma não técnica é absurdo", disse Oriovisto.

Ele acrescentou que apenas 50 milhões de brasileiros têm cartão de crédito, e são pessoas com renda média de quase R$ 4 mil.

Também posicionou-se contrário o líder do governo no Senado, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), para quem as mudanças podem levar a efeitos inesperados, como a elevação dos juros de outros produtos financeiros.

"Ao estabelecer um limite para as taxas de juros livres, a instituição financeira não poderá precificar corretamente o risco do crédito. Ela tenderá a não conceder crédito a tomadores com elevado risco. Eu quero lembrar que os cartões de crédito hoje são importantíssimos para o comércio varejista. Tenho absoluta certeza de que essa decisão de hoje, se ela vier a ser efetivada, vai representar uma restrição à recuperação da atividade econômica do varejo brasileiro, que foi tão fortemente afetado pela crise do coronavírus", acrescentou.

*Da Agência Senado

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu nesta terça-feira (7) o fim das taxas de juros de cheque especial e de cartão de crédito. "São dois produtos que distorcem o sistema financeiro brasileiro", destacou em "live" promovida pela Genial Investimentos. Nas medidas para baratear o crédito e irrigar a economia, o democrata considerou "um absurdo" essas taxas cobradas e disse que isso terá de ser discutido.

Indagado sobre os projetos de tributação maior dos bancos, Maia disse que todos buscam soluções para ampliar a arrecadação, mas essa não é uma discussão para o atual momento de crise do novo coronavírus porque sempre é a sociedade quem paga essa conta. "Acho que os bancos poderiam ter se unido", disse ele, para contribuir mais neste momento de pandemia.

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Fake news

Maia disse que o Congresso vai votar o Projeto das Fake News porque julga que esse é um tema importante e perigoso, na medida em que robôs disseminam notícias falsas, atacando inclusive poderes da República, como o Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente Jair Bolsonaro usou o Twitter, neste sábado (11), para criticar a decisão do partido Podemos de entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a cobrança de tarifa no cheque especial. "Cancelar a medida pela via judicial, seria fazer os juros voltarem a subir para 14%, prejudicando os mais pobres e mais endividados", afirma o presidente, que publicou hoje três tuites para falar do cheque especial.

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"A quem interessa a ação do PODEMOS? Aos pobres ou aos banqueiros?", escreve Bolsonaro. "A tarifa faz parte de uma medida para reduzir os juros do cheque especial que passam a ficar limitados em 8% ao mês."

Bolsonaro ressalta que grande parte dos 20 milhões de clientes dos bancos, que têm o limite do cheque especial de até R$ 500,00, estão endividados. "Estamos falando de pessoas que não podem saldar suas dívidas e pagam juros médios de 14%/mês, e que seriam isentas da tarifa de acordo com a medida que foi tomada pelo BC", afirma o presidente.

No último dia 8, o Broadcast noticiou que o Podemos decidiu entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no STF para tentar anular a tarifa do cheque especial, vigente desde segunda-feira, 6. O partido alega que a tarifa afronta o "princípio da ordem econômica" da Constituição Federal.

A cobrança da tarifa de 0,25% sobre o valor do cheque especial que ultrapassar R$ 500 reais foi autorizada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) como forma de compensar instituições financeiras por eventuais perdas surgidas com a limitação dos juros do cheque especial em 8% ao mês, tomada em novembro de 2019.

Em transmissão ao vivo no Facebook, ocorrida na noite dessa quinta-feira (9), o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que no Brasil "faltam ainda uma reforma administrativa e uma reforma tributária", que viriam na sequência da aprovação da reforma da Previdência Social, ocorrida no fim de 2019.

Sem falar em datas para envio das reformas, Bolsonaro disse que deve fazer na próxima terça-feira (14), a primeira reunião de 2020 com sua equipe ministerial.

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Cheque especial

Na transmissão online, o presidente celebrou a queda dos juros do cheque especial, em vigor desde segunda-feira (6). Bolsonaro disse que a queda na modalidade de crédito se deve ao novo parâmetro estabelecido pela Caixa Econômica Federal (CEF), que limitou a 5% os juros mensais do cheque especial.

"Sabe por que os juros ao mês do cheque especial passaram de 13% para 8%? Porque a Caixa passou para 5%. Então o Pedro Guimarães está de parabéns", disse ele, citando o atual presidente do banco estatal.

Segundo o presidente da República, Guimarães teria lhe dito que "está estudando para ver se diminui esse percentual", e citou a taxa básica de juros, atualmente em 4,5%, como referencial para os juros do cheque especial.

Modalidade de crédito com taxas que quadruplicam uma dívida em 12 meses, o cheque especial terá juros limitados a partir desta segunda-feira (6). Os bancos não poderão cobrar taxas superiores a 8% ao mês, o equivalente a 151,8% ao ano.

A limitação dos juros do cheque especial foi decidida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de novembro. Os juros do cheque especial encerraram novembro em 12,4% ao mês, o que equivale a 306,6% ao ano.

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Ao divulgar a medida, o Banco Central (BC) explicou que o teto de juros pretende tornar o cheque especial mais eficiente e menos regressivo (menos prejudicial para a população mais pobre). Para a autoridade monetária, as mudanças no cheque especial corrigirão falhas de mercado nessa modalidade de crédito.

Conforme o BC, a regulamentação de linhas emergenciais de crédito existe tanto em economias avançadas como em outros países emergentes. Segundo a autoridade monetária, o sistema antigo do cheque especial, com taxas livres, não favorecia a competição entre os bancos. Isso porque a modalidade é pouco sensível aos juros, sem mudar o comportamento dos clientes mesmo quando as taxas cobradas sobem.

Tarifa

Para financiar em parte a queda dos juros do cheque especial, o CMN autorizou as instituições financeiras a cobrar, a partir de 1º de junho, tarifa de quem tem limite do cheque especial maior que R$ 500 por mês. Equivalente a 0,25% do limite que exceder R$ 500, a tarifa será descontada do valor devido em juros do cheque especial.

Cada cliente terá, a princípio, um limite pré-aprovado de R$ 500 por mês para o cheque especial sem pagar tarifa. Se o cliente pedir mais que esse limite, a tarifa incidirá sobre o valor excedente. O CMN determinou que os bancos comuniquem a cobrança ao cliente com 30 dias de antecedência.

O presidente Jair Bolsonaro disse, neste sábado (4), ter "certeza" de que a taxa de juros do cheque especial "vai diminuir mais ainda". Segundos antes, porém, ele havia alertado que é preciso "ter calma" em relação a esse tema, uma vez que ele não pode "interferir na economia". A fala foi feita durante transmissão nas redes sociais.

Recentemente, o Banco Central (BC) interveio nas taxas livres cobradas pelos bancos e fixou um teto de 8% ao mês. O cheque especial é uma das linhas de mais fácil acesso, mas também uma das mais caras para os consumidores.

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"Eu sei que 8% é muito, mas estava 14%. Tem que ir com calma, não posso interferir na economia", disse Bolsonaro.

O presidente em seguida lembrou que a Caixa Econômica Federal decidiu cobrar juros menores no cheque especial, de 5% ao mês. "Vai para a Caixa Econômica", afirmou aos espectadores em uma transmissão ao vivo no Facebook.

O cheque especial terá juros limitados a partir da próxima segunda-feira (6). Os bancos não poderão cobrar taxas superiores a 8% ao mês, o equivalente a 151,8% ao ano.

A limitação dos juros do cheque especial, modalidade de crédito com taxas que quadruplicam uma dívida em 12 meses, foi decidida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no fim de novembro. Os juros do cheque especial encerraram novembro em 12,4% ao mês, o que equivale a 306,6% ao ano.

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Ao divulgar a medida, o Banco Central (BC) explicou que o teto de juros pretende tornar o cheque especial mais eficiente e menos regressivo (menos prejudicial para a população mais pobre). Para a autoridade monetária, as mudanças no cheque especial corrigirão falhas de mercado nessa modalidade de crédito.

Conforme o BC, a regulamentação de linhas emergenciais de crédito existe tanto em economias avançadas como em outros países emergentes. Segundo a autoridade monetária, o sistema antigo do cheque especial, com taxas livres, não favorecia a competição entre os bancos. Isso porque a modalidade é pouco sensível aos juros, sem mudar o comportamento dos clientes mesmo quando as taxas cobradas sobem.

Tarifa

Para financiar em parte a queda dos juros do cheque especial, o CMN autorizou as instituições financeiras a cobrar, a partir de 1º de junho, tarifa de quem tem limite do cheque especial maior que R$ 500 por mês. Equivalente a 0,25% do limite que exceder R$ 500, a tarifa será descontada do valor devido em juros do cheque especial.

Cada cliente terá, a princípio, um limite pré-aprovado de R$ 500 por mês para o cheque especial sem pagar tarifa. Se o cliente pedir mais que esse limite, a tarifa incidirá sobre o valor excedente. O CMN determinou que os bancos comuniquem a cobrança ao cliente com 30 dias de antecedência.

No último dia 23, o Banco do Brasil anunciou que dispensará os clientes da tarifa em 2020. Segundo a instituição financeira, a isenção tem como objetivo fortalecer a relação com os clientes.

O Banco do Brasil informou que vai isentar a cobrança de tarifas para todos os clientes com limite no cheque especial. Em nota, o banco lembra que a resolução CMN 4765, de 27 de novembro de 2019, prevê que os bancos possam cobrar essa modalidade de tarifa a partir de 06 de janeiro de 2020, mas ressalta que optou pela isenção, para atuais e novos clientes ao longo do próximo ano.

Com a medida, afirma, o banco espera fortalecer o relacionamento com seus clientes e aprimorar a experiência na utilização de seus produtos e serviços.

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"A isenção da tarifa no cheque especial demonstra que proporcionar a melhor experiência para nossos clientes está no centro da nossa estratégia. A medida demonstra que buscamos cada vez mais aliar a oferta de produtos e serviços de qualidade, com a definição de preços e taxas ainda mais competitivos", afirma em nota o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes.

O ano de 2020 chegará com mais cobranças para os novos clientes dos bancos brasileiros. Mesmo que não façam uso do cheque especial, todos serão obrigados a pagarem até 0,25% sobre o valor do limite do crédito disponível - algo que até então não era cobrado. Caso use o cheque especial, o cliente fica isento da taxa e pagará juros de até 8% ao mês, equivalente a cerca de 150% ao ano. 

Segundo o InfoMoney, a regra funcionará da seguinte forma: quem tiver limite de até R$ 500 no cheque especial e não fizer uso do dinheiro não paga nada. Acima disso, o banco poderá cobrar até 0,25% sobre o valor disponível que exceder os R$ 500 - isso mesmo que o cliente não use o dinheiro. 

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Para quem já tem o serviço em vigor, a cobrança do percentual passa a ser permitida a partir do dia 1º de junho de 2020. Ainda segundo publicado pelo site, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que as instituições bancárias têm a obrigação de comunicar a incidência com 30 dias de antecedência. 

A fixação de um limite para os juros do cheque especial não é uma "jabuticaba" brasileira, já que 76 países possuem algum tipo de limite de taxas de juros no crédito aos consumidores. O número consta em estudo do Banco Mundial ao qual o Banco Central (BC) recorreu para convencer o Conselho Monetário Nacional (CMN), que define a meta de inflação e regras para o setor bancário, a dar aval à medida.

Poucos deles, no entanto, estabelecem um teto único para todas as taxas de juros praticadas em seus mercados. Assim como o BC escolheu uma modalidade específica para tabelar a taxa máxima, a maior parte dos países que limitam juros optou por estabelecer tetos diferentes para variados tipos de crédito, valores emprestados ou prazos de vencimento.

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A maioria desses países (32), no entanto, estabelece tetos relativos, enquanto 24 impuseram limites absolutos de taxas de juros. No caso brasileiro, o limite para o cheque especial é absoluto, de 8% ao mês.

O documento detalha ainda que um número significativo de países costuma definir o limite máximo dos juros com base em um coeficiente de multiplicação das suas taxas básicas de juros. No caso brasileiro, porém, o teto de 8% ao mês instituído para o cheque especial não tem relação direta com o patamar da Selic, atualmente em 5% ao ano.

Outra comparação pode ser feita com relação à forma como o teto foi estabelecido. A maior parte dos países incorpora o limite de juros à legislação - em 28 deles existem as chamadas "leis de usura" e em 24 há leis específicas de taxas de juros.

Apenas nove países contam com tetos estabelecidos apenas por atos normativos de autoridades - como foi o caso do cheque especial, criado por meio de resolução do CMN.

Custo alto

Mesmo com o teto de 150% ao ano para o juro do cheque especial no Brasil, anunciado na semana passada pelo governo, o custo da modalidade para os consumidores no País ainda será cerca de dez vezes o custo que os portugueses têm na mesma modalidade de crédito. Ou ainda 20 vezes os juros espanhóis para essas operações. Esses dados também constam na exposição de motivos do BC para defender a medida.

Em Portugal, o limite foi definido em um decreto-lei de 2009 e é calculado pela média da taxa anual de encargos efetiva global (Taeg), ou seja, não tem um valor absoluto definido de antemão pela autoridade monetária.

A legislação estabelece que qualquer juro que exceda em 25% a Taeg média praticada pelos bancos no trimestre anterior ou em 50% a Taeg média dos contratos de crédito aos consumidores no mesmo período é considerado usurário.

Enquanto o teto brasileiro para o cheque especial será de 8% ao mês - ou 151,82% ao ano - no terceiro trimestre deste ano a taxa nominal de juros máxima em Portugal era de 16,1% ao ano. No quarto trimestre é de 15,7% ao ano.

'Découvert' e 'descubierto'

Na França, o teto de juros no crédito ao consumidor - em qualquer modalidade, incluindo o cheque especial - é de 133% da Taeg média praticada no trimestre imediatamente anterior. No quarto trimestre deste ano, a taxa máxima para os franceses no cheque especial - "découvert", em francês - foi de 13,81% ao ano, ainda mais baixa que a portuguesa.

No caso da Espanha, desde 2011 uma lei proíbe que os juros do cheque especial ultrapassem em duas vezes e meia o nível da taxa de juros legal, estabelecida anualmente na Lei Geral do Orçamento do Estado, que está hoje em 3% ao ano.

Por isso, neste ano, a taxa máxima para os espanhóis no cheque especial - ou "descubierto tácito", como é chamado por lá - foi de 7,5% ao ano. O teto de 151,82% ao ano agora instituído no Brasil é 20 vezes isso.

Cheque especial 'engorda' margem

Apesar de representar uma pequena parcela do volume de crédito às famílias, o cheque especial é responsável por uma fatia considerável do resultado dos bancos no Brasil.

Estudo publicado pelo Banco Central (BC) mostra que, do total de crédito para as pessoas físicas, 1,4% é por meio do cheque especial. No entanto, a modalidade contribui com 13,2% para a margem de intermediação financeira líquida dos bancos.

Essa margem é obtida depois que se desconta o custo de captação de recursos pelos bancos e as provisões obrigatórias feitas pelas instituições. Ela não chega a ser propriamente o lucro do banco, já que ainda não entra na conta o pagamento de impostos, mas é um indicador importante sobre o resultado da instituição com o produto.

Os dados do BC mostram que a margem obtida pelas instituições financeiras com o cheque especial, considerando o volume emprestado na modalidade, é bem superior a de várias outras linhas de crédito.

O crédito habitacional é um bom exemplo. Sua carteira representa 32,4% do financiamento às famílias, conforme o BC, mas a modalidade contribui com 9% para a margem de intermediação financeira dos bancos. O crédito para veículos, por sua vez, representa 9,9% do volume de financiamento às pessoas físicas, com contribuição de 10,7% para a margem dos bancos.

Os dados mais recentes do BC, relativos a outubro, mostram que o juro médio do cheque especial para as pessoas físicas está em 305,9% ao ano. Esta é uma das taxas mais altas entre todas as modalidades de crédito disponíveis nos bancos.

EUA

Um café comum de US$ 2,10 nos Estados Unidos pode custar US$ 37,10 se o consumidor estiver com a conta bancária zerada na hora de passar o cartão de débito. Isso porque os bancos no país cobram uma taxa fixa, que não varia de acordo com perfil do cliente ou valor da compra, para cada acesso ao cheque especial. As tarifas mudam de acordo com a instituição, mas giram em redor de US$ 35 - cerca de R$ 150.

Para evitar o endividamento, desde 2010 os bancos precisam perguntar expressamente se o cliente deseja permitir o acesso ao cheque especial nas transações com cartão de débito e saque de dinheiro em caixa eletrônico.

A ideia é evitar que gastos baixos e corriqueiros se tornem uma bola de neve com cobrança de taxa superior à compra. A média de gasto feito com cartão de débito que gera o pagamento da taxa do cheque especial é de US$ 24.

Na prática, no entanto, boa parte dos americanos se sente confuso sobre a imposição das taxas. Uma pesquisa feita pelo instituto Pew Research mostra que 68% dos americanos que pagaram a taxa de "overdraft", ou seja, sobre cada transação feita com a conta bancária zerada, preferiam ter tido a compra rejeitada.

A regulamentação foi emitida em 2009 pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e passou a valer no ano seguinte. Pelas diretrizes, os bancos devem tratar o cheque especial como medida de curto prazo e entrar em contato com os clientes que mais recorrem à modalidade para oferecer linhas de crédito menos penosas e cursos de educação financeira.

Reino Unido

Autoridades financeiras britânicas estão promovendo o que caracterizam como a maior revolução em mais de uma geração no segmento de cheque especial no Reino Unido e esperam que os custos caiam 96% para os correntistas.

A Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês) britânica proibiu os credores locais de cobrarem taxas fixas diárias ou mensais por saques a descoberto.

Além disso, não poderá haver mais diferença de cobrança de alíquotas entre empréstimos previstos e tomados por mais tempo e o socorro concedido automaticamente pelo banco, quando a conta fica no vermelho por um descuido do correntista.

As medidas também determinam que o juro a ser pago no caso do cheque especial local ("overdraft") deve ser simples e precisa estar claro em materiais de propaganda.

No Reino Unido, os bancos cobram tarifa de £ 100 para quem entrar no cheque especial (cerca de R$ 500). A expectativa é que o custo por dia caia de £ 5 (R$ 25) para menos de 20 centavos por libra (R$ 1).

As novas medidas do Reino Unido começam a entrar em vigor dia 18 e serão efetivadas a partir de abril. No entanto, as taxas desse conjunto de financiamentos já recuaram. Estavam acima de 19% desde 2010 e caíram para cerca de 18,5% desde o início deste ano.

Em 2017, o dado mais recente da autoridade financeira, o ganho dos bancos que operam no país com o "overdraft" foi de aproximadamente £ 2,4 bilhões - cerca de R$ 12 bilhões. Desse total, um terço foi com saldos negativos inesperados em conta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um café comum de US$ 2,10 nos Estados Unidos pode custar US$ 37,10 se o consumidor estiver com a conta bancária zerada na hora de passar o cartão de débito. Isso porque, no país, os bancos cobram uma taxa fixa, que não varia de acordo com perfil do cliente ou valor da compra, para cada acesso ao cheque especial. As tarifas mudam de acordo com a instituição, mas giram em redor de US$ 35 - cerca de R$ 150.

Para evitar o endividamento, desde 2010 os bancos precisam perguntar expressamente se o cliente deseja permitir o acesso ao cheque especial nas transações com cartão de débito e saque de dinheiro em caixa eletrônico. A ideia é evitar que gastos baixos e corriqueiros se tornem uma bola de neve com cobrança de taxa superior à compra. A média de gasto feito com cartão de débito que gera o pagamento da taxa do cheque especial é de US$ 24.

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Se o cliente aceita ter acesso ao cheque especial, o banco cobra a taxa a cada gasto superior ao dinheiro em conta. Caso contrário, as transações com cartão de débito ou saque em caixa são rejeitadas no caso de conta bancária sem saldo - nesses casos, o cliente ainda pode usar o cheque especial, mas de outras formas, como cheque.

A regulamentação sobre cheque especial nos EUA foi emitida em 2009 pelo Fed e passou a valer no ano seguinte. Pelas diretrizes, os bancos devem tratar o cheque especial como medida de curto prazo e entrar em contato com os clientes que mais recorrem à medida para oferecer linhas de crédito menos penosas e cursos de educação financeira.

Documento do Banco Central brasileiro usado para subsidiar a limitação das taxas de juros aos consumidores cita a experiência americana.

Segundo o texto, o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, busca "garantir que a oferta da linha cheque especial seja uma das últimas alternativas oferecidas ao consumidor bancário e, para evitar seu uso inconsciente ou irresponsável, o limite de cheque especial é concedido apenas se solicitado pelo usuário".

Na prática, no entanto, boa parte dos americanos se sente confuso sobre a imposição das taxas. Uma pesquisa feita pelo instituto Pew Research mostra que 68% dos americanos que pagaram a taxa de "overdraft", ou seja, sobre cada transação feita com a conta bancária zerada, preferiam ter tido a compra rejeitada.

A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), agência federal dos EUA que trata do tema, recomenda que os bancos respeitem limites diários de quantas taxas podem ser cobradas em um mesmo dia dos clientes no caso do uso do cheque especial. A maioria dos bancos segue a recomendação e impõe o limite entre 3 e 7 cobranças máximas de taxa diária.

A restrição é bem inferior daquela pela qual advogam associações ligadas aos direitos do consumidor, como a Center for Responsible Lending, que propõe limitação de uma taxa por mês e seis por ano.

"Nota-se que a FDIC não versou sobre limites quanto aos juros ou às tarifas cobradas do consumidor bancário, limitando-se, primordialmente, a recomendar regras comportamentais restritivas para a oferta de cheque especial. Nesse sentido, a FDIC não fez qualquer recomendação acerca do valor dos encargos aplicados nessa linha de crédito, mas o fez em termos de quantidade", destaca o Banco Central.

Em maio deste ano, o Comitê de Proteção Financeira do Consumidor anunciou que iniciaria um processo de revisão das regras e pediu a manifestação de negócios de pequeno porte sobre o assunto. O anúncio gerou especulações na mídia americana e entre especialistas da área a respeito do quanto as atuais regras podem ser flexibilizadas, diante de uma abordagem do tema mais favorável aos bancos durante o governo Donald Trump.

Do outro lado, democratas pressionam por mais regulação, entre eles parte dos candidatos à presidência americana. Bem cotada nas pesquisas de intenção de voto, a senadora democrata Elizabeth Warren faz do rigor com bancos uma de suas plataformas eleitorais. Dois congressistas propuseram uma legislação para limitar em até 15% ao ano as taxas de juros de cartões de créditos e outros empréstimos. A medida foi proposta pelo senador e pré-candidato à presidência Bernie Sanders e pela nova estrela do partido, a deputada Alexandria Ocasio-Cortez. A média das taxas de juros para cartão de crédito nos EUA hoje fica um pouco acima de 17% ao ano.

O governo Jair Bolsonaro limitou a 8% ao mês os juros do cheque especial cobrados pelos bancos, mas permitiu que as instituições cobrem uma taxa mensal para oferecer o produto aos clientes. A decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) foi divulgada na noite desta quarta-feira, 27. A limitação dos juros entra em vigor em 6 de janeiro de 2020.

Segundo o Banco Central (BC), responsável pela divulgação, a medida é para tornar o produto mais "regressivo", ou seja, penalizar menos os pobres, já que o produto é mais utilizado por clientes de menor poder aquisitivo e educação financeira.

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Em outubro, conforme dados divulgados nesta quarta pelo BC, o juro médio do cheque ficou em 305,9% ao ano. Com a mudança, os juros cairão praticamente pela metade, a 150% ao ano, segundo o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello.

"O cheque especial tem características de crédito e serviço bancário e identificamos no cheque volumes altos de limites concedidos a clientes que não são usados. Dinheiro parado significa custo no sistema, e normalmente os clientes de baixa renda que arcam com esse custo", afirmou, em coletiva de imprensa. De acordo com ele, os limites concedidos no cheque especial somam R$ 350 bilhões, enquanto o volume de operações está em apenas R$ 26 bilhões. "Ou seja, o volume de dinheiro parado é de cerca de R$ 325 bilhões", completou.

Além de colocar um teto para os juros do cheque especial, o governo permitiu aos bancos a cobrança de tarifa pela disponibilização de limite de cheque especial, sendo vedada a cobrança para limites de crédito de até R$ 500. Para limites superiores, poderá ser cobrada tarifa mensal de até 0,25% sobre o valor do limite que exceder R$ 500. A tarifa deverá ser descontada do valor devido a título de juros de cheque especial no respectivo mês.

De acordo com o diretor do BC, cerca de 19 milhões de usuários do cheque especial se enquadram nessa categoria, de um universo de 80 milhões de clientes.

Para os contratos em vigor, a incidência de tarifa só será permitida a partir de 1 º de junho de 2020, caso não venham a ser repactuados antes, cabendo à instituição financeira comunicar ao cliente a sua incidência com 30 dias de antecedência.

Segundo o BC, essa é uma medida de caráter específico, "por ser o cheque especial um produto com características singulares que não favorecem a competição entre as instituições financeiras".

Além disso, de acordo com o BC, estudos apontam que é um produto inelástico aos juros (ou seja, há pouca mudança de comportamento dos clientes mesmo quando há aumento na taxa de juros cobrada), usado muitas vezes de forma não alinhada ao caráter emergencial do produto, onerando, principalmente, os clientes de menor poder aquisitivo.

O BC ainda afirma que a definição de limites de taxa de juros e a cobrança de tarifas para linhas emergenciais estão presentes em regulamentação de economias avançadas e emergentes.

Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor. Isso não ocorreu. Em junho de 2018, antes do início da nova dinâmica, a taxa do cheque especial estava em 304,9% ao ano.

A Caixa Econômica Federal anunciou nesta terça-feira (12) a redução de juros no cheque especial. A partir do próximo mês, a taxa mínima cobrada pela instituição será de 4,99% ao mês, ante os atuais 9,99%. O corte acontece no momento em que o governo se prepara para lançar novas regras para esse tipo de linha de crédito - que tem um dos maiores juros do mercado (média anual de 307,6% em setembro).

Uma das possibilidades é que os bancos possam cobrar tarifa do cliente que quiser manter determinado limite do cheque especial, abrindo espaço para a redução dos juros na operação. Atualmente, o mercado pode elevar ou reduzir limites conforme o perfil do cliente. É comum que clientes com histórico de adimplência e mais recursos na conta corrente tenham limites maiores no cheque especial, mas não utilizem os recursos que estão disponíveis.

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O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que a nova taxa "continua gerando resultado" e que existe mais espaço para novas reduções. Segundo ele, a iniciativa partiu do próprio banco e não houve ingerência do ministro da Economia, Paulo Guedes. Durante a gestão Dilma Rousseff, o governo usou as instituições públicas para forçar os concorrentes privados a mexerem nos seus juros.

"Essa taxa (os 4,99%) não parou por aqui. Continuamos estudando (novas reduções)", disse Guimarães. A pedido do jornal O Estado de S. Paulo, o professor de finanças Fábio Gallo, da FGV, calculou o custo de um saque de R$ 1 mil no cheque especial. Com uma taxa de 9,99% ao mês, esse custo depois de um ano chega a R$ 2.809,56. Com 4,99%, o correntista tem de pagar R$ 1.793,80 (diferença de R$ 1.015,76).

Autorregulamentação

Em reunião com senadores na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tratou do assunto. Segundo parlamentares, uma das avaliações é que, ao disponibilizar um limite ao cliente, o banco está sendo onerado, mesmo que esses recursos não sejam utilizados. Esse custo para a instituição financeira estaria sendo bancado pelos clientes que efetivamente utilizam o limite do cheque especial - geralmente, aqueles com menor poder aquisitivo.

Sob a presidência de Ilan Goldfajn, que esteve no comando do BC durante o governo de Michel Temer, a solução que surgiu foi a de uma autorregulação por parte dos bancos. Em julho do ano passado, por iniciativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as instituições financeiras passaram a oferecer um parcelamento para dívidas superiores a R$ 200 no cheque especial. A expectativa era que essa migração para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda dos juros cobrados do consumidor. Em junho de 2018, porém, antes do início da nova dinâmica, a taxa do cheque especial estava em 304,9% ao ano - patamar abaixo do verificado atualmente.

Na avaliação do economista, Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, o corte anunciado pela Caixa é um sinal de que há muita gordura para queimar nessa modalidade. "Mesmo com a redução, a taxa continua alta, considerando o atual nível da taxa Selic (hoje em 5% ao ano)", disse ele.

Questionado sobre a movimentação da Caixa, o Itaú Unibanco afirmou que suas taxas começam a partir de 2,6% ao mês e que os valores cobrados dependem de fatores que vão além da Selic, como inflação e custos operacionais. Já o Santander afirmou que sempre orienta os clientes para que a utilização do cheque especial seja apenas no curto prazo e em emergências. / COLABORARAM RENÉE PEREIRA e TALITA NASCIMENTO

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com a facilidade de obter crédito, atualmente, muitos consumidores têm recorrido ao cheque especial, que também é uma das modalidades mais caras do mercado. Cerca de 20% dos brasileiros recorrem aos limites especiais durante o ano, segundo aponta o levantamento realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). A pesquisa também registrou que 40% dos usuários dessa modalidade de crédito tem o hábito de utilizar o saldo extra todos os meses.

O cheque especial é uma linha de crédito pré-aprovada oferecida pelos bancos que, na maioria das vezes, é usada de maneira automática pelo correntista quando não há saldo suficiente para cobrir os débitos em conta. Em média, os juros cobrados chegam a 320% ao ano, números que são superiores aos cartões de crédito rotativo, segundo o Banco Central.

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Um dado preocupante é que 38% dos entrevistados não analisam as tarifas e juros envolvidos na utilização do limite. Cerca de 25% dos consumidores que recorreram ao cheque especial, precisavam do valor, independente dos custos. Quatro em cada dez usuários (43%) desconhecem o valor dos juros e taxas que os bancos cobram ao usar o limite de cheque especial.

A pesquisa também aponta que 68% dos consumidores que utilizaram o cheque especial, receberam o limite de maneira automática, ou seja, sem solicitar ao banco ou instituição financeira. Entre os motivos para recorrer ao saldo extra, estão os imprevistos como doenças ou compra de medicamentos (25%) e, o descontrole no pagamento de contas (25%).

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça que os bancos terão de seguir o exemplo da Caixa Econômica Federal e reduzir os juros das suas linhas de crédito. Durante cerimônia de lançamento de linhas de crédito imobiliário com atualização pelo IPCA, no Palácio do Planalto, Bolsonaro lembrou que a Caixa reduziu, há poucas semanas, em até 40% os juros do cheque especial. "Com certeza, outros bancos vão ter de ir no mesmo caminho", disse. "Não vai ser uma imposição. Ou eles vão atrás, ou o número de clientes da Caixa vai aumentar e muito", acrescentou.

No último dia 31 de julho, a Caixa anunciou cortes nas taxas de juros de suas principais linhas de crédito, tanto para empresas como para pessoas físicas. Ainda anunciou na ocasião um novo pacote de serviços, chamado "Caixa Sim", com corte de até 40% nos juros. Com relação específica ao cheque especial, a redução para pessoas físicas na taxa cobrada pela Caixa foi de 26% e, para pessoas jurídicas, de 33%.

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Muitas pessoas diariamente recebem propostas de ampliação do limite de crédito por parte dos bancos, instituições financeiras e lojas que operam com sistema próprio de crédito. Nos últimos 12 meses, quatro em cada dez usuários de cartão de crédito (38%) receberam alguma oferta de aumento de limite sem que tivessem solicitado. O mesmo ocorreu com consumidores de outras modalidades que tiveram aumento no limite de empréstimos e de crédito pré-aprovado (34%) e expansão do limite disponível no cheque especial (24%). Estes dados pertencem a um levantamento realizado em todos os estados do país pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

A pesquisa apontou que o cartão de crédito foi a modalidade que mais deixou o consumidor com o nome sujo, com 46% de incidência. Nem sempre os usuários dão atenção aos contratos na hora de avaliar juros e tarifas de serviços financeiros, principalmente no caso de cheque especial (38%), o que acaba sendo um fator para a inadimplência.

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Entre os entrevistados, 53% acham a proposta de aumento de limite interessante, por considerar positivo ter crédito à sua disposição. Já 21% rejeitaram a oferta porque não viam necessidade no uso. Por outro lado, 44% tendem a aceitar, desde que vejam necessidade em seu uso (31%).

 

Os brasileiros mais pobres e com menos escolaridade são as maiores vítimas dos altos juros cobrados pelos bancos no cheque especial. A modalidade de empréstimo mais simples, porém mais cara, do mercado tem sido a saída dos trabalhadores com menor renda para fechar as contas no fim do mês. O resultado dessa equação são altos níveis de inadimplência nessas operações, que superam o de qualquer outra linha de crédito disponível para famílias.

Estudo do Banco Central mostra que 43,9% dos usuários do cheque especial têm renda inferior a dois salários mínimos (R$ 1.996) e 12,5% estão com os pagamentos em atraso superior a 90 dias. Outros 33,5% dos clientes que usam esse tipo de crédito ganham entre dois e cinco salários, com 6,4% de inadimplência.

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Considerando o nível de escolaridade, a inadimplência no cheque especial também é maior entre aqueles que estudaram por menos tempo e não chegaram a cursar uma faculdade.

A taxa média cobrada pelos bancos no cheque especial passou de 322,7% ao ano em março para 323,3% em abril. No crédito pessoal, por exemplo, os juros passaram de 45,3% para 45,9% ao ano.

"Uma vez que baixa escolaridade e baixa renda estão interligadas, é difícil saber se a maior inadimplência é resultado do não entendimento das características do produto (questão educacional) ou do seu custo elevado (questão de renda) ou ainda de uma combinação dos dois", pondera o BC no documento.

Em dezembro do ano passado, o saldo do cheque especial totalizou R$ 21,98 bilhões, dos quais R$ 3,38 bilhões estavam inadimplentes. Esse nível de inadimplência de 15,36% é bem superior à média do total de operações de crédito para pessoas físicas, de 3,25%.

Para o BC, é importante o desenvolvimento de estratégias de utilização desse instrumento de forma mais adequada por seus usuários. Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta semana, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a instituição estuda autorizar os bancos a cobrarem uma tarifa dos clientes no acesso ao cheque especial, em troca de uma redução dos juros cobrados na modalidade.

Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre julho de 2018 e abril deste ano, 9,55 milhões de pessoas migraram do cheque especial para o parcelado. Só em abril, dado mais recente, 1,11 milhão de pessoas fizeram a troca da linha que cobra juros médios de 12,31% ao mês para a outra, cujo custo é de R$ 3,21 ao mês, de acordo com levantamento feito com 12 bancos que representam 90% do mercado.

A expectativa da Febraban era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor. Em junho de 2018, antes do início da nova dinâmica, a taxa do cheque especial estava em 304,9% ao ano.

A outra ponta

Para o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a inadimplência maior no cheque especial entre as pessoas com menor renda e escolaridade não significa que apenas essa camada da população precisaria de mais educação financeira. Segundo ele, mesmo pessoas com mais estudo e conhecimento sobre o funcionamento desse tipo de crédito acabam caindo na armadilha dos recursos disponibilizados de maneira automática pelas instituições financeiras. "As classes de maior renda e escolaridade cometem os mesmos erros no cheque especial, mas conseguem sair rapidamente do instrumento. Quando essas pessoas exageram em compras por impulso, normalmente superam esse desequilíbrio sacando de outra reserva financeira", explica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os juros médios cobrados pelas instituições financeiras no cartão de crédito e também no cheque especial tiveram mais um mês de alta em fevereiro, de acordo com dados do Banco Central (BC) divulgados nesta quarta-feira (27).

A taxa média do cartão de crédito rotativo subiu de 286,9% ao ano, em janeiro, para 295,5% ao ano, em fevereiro. Já a taxa média do cheque especial passou de 315,6% ao ano, em janeiro, para 317,9% ao ano, em fevereiro, um aumento de 8,6 pontos porcentuais. Esse foi o quarto mês seguido de crescimento.

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O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser usado pelo consumidor que não consegue pagar o valor total de sua fatura no vencimento, mas que não quer ficar inadimplente. Dessa forma, a pessoa paga qualquer valor entre o mínimo e o total, e o restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros. Já o cheque especial é uma linha emergencial que concede ao correntista gastar um determinado limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha saldo em conta.

O economista especialista em gestão financeira Ricardo Maila afirma que o aumento dos juros médios dessas duas modalidades de crédito ocorre em um período em que o país ainda não possui definições sobre as políticas econômicas em processo de implementação pelo novo governo.

“Os bancos ainda não sabem o que vai acontecer neste novo cenário político-econômico e estão repassando essa incerteza em diversos produtos. Por isso, apesar de a taxa Selic continuar em 6,5% ao ano, os juros permanecem subindo”, explica.

A taxa Selic determina os juros básico da economia fixada pelo Banco Central para controlar a inflação e está no percentual citado pelo economista desde março de 2018.

Maila acrescenta que o aumento dos juros afeta a economia em cadeia e, especialmente, os consumidores que não organizam suas finanças de forma adequada.

“Aquele que pouco se importa com o limite especial ou que praticamente incorporou ao orçamento, passando a maior parte do tempo nesse uso é o mais prejudicado. Em muitos casos as pessoas chegam a consumir mais de 10% de todo o orçamento do mês pagando juros que poderiam ser solucionados com pequenas mudanças nos hábitos de organização e planejamento”, avalia.

A inadimplência, que também influencia os juros cobrados pelas instituições financeiras, permaneceu em 2,9% em fevereiro. Esse índice leva em consideração recursos livres e direcionados. No caso das pessoas físicas, o percentual ficou estável em 3,3%. Para empresas, caiu de 2,5% para 2,4%.

Os recursos livres se referem às taxas que são definidas livremente pelos bancos, como o cheque especial, cartão de crédito, financiamento de carro, entre outros. Já os recursos direcionados são compostos por operações em que os juros são definidos pelo governo, como o financiamento de imóveis, crédito rural, etc

Maila reforça que a incerteza das instituições bancárias afeta os juros em todas as linhas livres. “Como os bancos não sabem se haverá retomada da economia, geração de empregos e pessoas capazes de pagar suas dívidas, eles acabam aumentando os juros para obter maiores lucros”, pondera.

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