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O governo do Maranhão confirmou na quinta-feira (20) os primeiros casos de Covid-19 no País relacionados à variante do coronavírus B.1617, originária na Índia. Na sequência, a Prefeitura de São Paulo anunciou que quer acompanhar o trânsito de pessoas nos aeroportos, rodoviárias e rodovias da cidade, com objetivo de monitorar a circulação das novas variantes do coronavírus.

O diagnóstico inicial no Nordeste foi de um indiano de 54 anos que deu entrada em um hospital da rede privada em São Luís há uma semana. Ele era um tripulante do navio MV Shandong, da ZHI.

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A Secretaria de Saúde do Maranhão confirmou que outros tripulantes, diagnosticados com covid-19, também têm a variante indiana. Em postagem nas redes sociais, o secretário de Saúde do Estado, Carlos Lula, afirmou que as seis amostras analisadas pelo Instituto Evandro Chagas confirmaram a nova cepa. No entanto, apenas um dos homens, em estado grave, está em São Luís, internado em um hospital privado. Outros dois receberam alta e voltaram ao navio e 14 foram diagnosticados e permaneceram a bordo por estarem com sintomas leves ou estarem assintomáticos.

"Vale lembrar que a equipe que atendeu a tripulação se deslocou por via aérea, foi testada antes e depois da ação e permanece em isolamento", disse ele. "Informo, ainda, que já iniciamos a vacinação dos profissionais da área portuária."

O navio, com bandeira de Hong Kong, saiu da África do Sul no dia 21 de abril e chegou ao Maranhão no dia 8 de maio. Está ancorado na área de fundeio do Porto de São Luiz, foi colocado em quarentena e não recebeu autorização para atracar.

São Paulo

A estratégia de monitoramento e bloqueio prevista pela Prefeitura da capital paulista será nos moldes de outras ações realizadas no início da pandemia, segundo o secretário da Saúde, Edison Aparecido. "Queremos oferecer os profissionais da saúde da cidade para acompanhamento das variantes que estão circulando em uma atuação conjunta com o Ministério da Saúde e com a Anvisa", disse ao Estadão. A secretaria já procurou o governo federal e o ministro da Saúde, "Ele (Marcelo Queiroga) disse que seria muito importante haver uma estratégia comum."

"Já fizemos esse trabalho ano passado, com as pessoas que vinham da Europa", c0ntinuou Aparecido. O principal objetivo dessas ações, segundo o secretário, "é ganhar tempo para prepararmos o sistema de saúde para um eventual enfrentamento de uma nova variante".

Em 14 de maio, o governo federal já havia decidido proibir voos internacionais com origem ou passagem pela Índia. A situação é considerada crítica na região ao menos há três semanas e outros países já haviam adotado restrição semelhante, como os EUA no dia 4.

Pouco se sabe

Especialistas alertam que os governos federal e local devem adotar barreiras sanitárias e ações de testagem. A variante indiana foi classificada pela OMS como "de interesse". Mas é diferente daquelas identificadas inicialmente no Reino Unido, Brasil e na África do Sul, consideradas "variantes de preocupação".

"Nós ainda sabemos muito pouco sobre essa variante", disse a imunologista Ester Sabino, da USP, uma das responsáveis pelo sequenciamento do vírus no Brasil. "Mas vivemos em um mundo globalizado: qualquer nova variante, em qualquer lugar do mundo, pode chegar aqui como chegou a pandemia que começou em Wuhan."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Subiu nessa terça-feira (4) para 24 o número de mortos em um dos mais mortíferos acidentes de metrô da história, em meio a dúvidas sobre a integridade da via elevada que desabou na noite de segunda-feira (3) sobre uma movimentada avenida no sudeste da Cidade do México. Mais de 70 pessoas ficaram feridas e 27 permaneciam internadas, sete em estado grave. Apenas cinco dos mortos - entre eles crianças - tinham sido identificados. Uma pessoa presa no próprio carro sob os destroços foi retirada com vida, mas gravemente ferida.

Câmeras de segurança registraram o momento exato em que a estrutura cedeu, levando o trem a cair de uma altura de pouco mais de cinco metros nas proximidades da estação Olivos, perto das 22h30 locais, provocando nuvens de pó.

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Os vagões do trem ficaram pendurados em forma de "V" e os destroços da estrutura caíram sobre veículos que passavam pelo local, em um acidente anunciado, já que o trecho da Linha 12 do metrô apresentava falhas recorrentes e sua construção foi marcada por denúncias de irregularidades.

A prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, disse a jornalistas que aparentemente houve uma "falha estrutural" e uma viga mestra cedeu. Ela acrescentou que uma empresa norueguesa estava sendo contratada para realizar a investigação. O serviço de resgate foi suspenso temporariamente porque a estrutura estava muito frágil, mas foi retomado depois que um guindaste foi usado para estabilizar os vagões pendurados na estrutura.

A linha 12 do Metrô, que passa sobre a via elevada que desabou, foi construída em 2012, quando o atual ministro das Relações Exteriores, Marcelo Ebrard, era prefeito da Cidade do México. Alegações de projeto e construção deficientes na Linha 12 surgiram logo depois que Ebrard deixou o cargo de prefeito. A linha teve de ser parcialmente fechada em 2013 para que os trilhos pudessem ser reparados. Ebrard e Sheinbaum são vistos como os sucessores mais prováveis do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, cujo mandato termina em 2024.

Surgiu preocupação com a integridade das vias elevadas e as colunas de apoio no trecho onde ocorreu o acidente após depois que um poderoso terremoto atingiu o México em setembro de 2017. Na época, o jornal El Universal publicou que uma coluna entre as estações de Olivos e Nopalera havia sofrido danos estruturais. O jornal mexicano disse que engenheiros conduziriam uma pesquisa de ultrassom do aço de reforço em 300 colunas ao longo da porção elevada da Linha 12, mas não ficou claro qual trabalho foi feito para resolver as questões de segurança.

O chefe de estação da Linha 12, Jesús Urban, revelou que seis meses atrás tinha alertado sobre danos estruturais justamente no ponto onde ocorreu o acidente, mas não lhe deram atenção. Ele destacou que alertas foram feitos sobre outros trechos da Linha 12, assim como nas linhas B, 5 e 9.

Funcionários do metrô ameaçam paralisar os trabalhos na próxima semana, alertando para os riscos com que circulam os trens das 12 linhas da Cidade do México, que transporta cerca de 4 milhões de pessoas por dia e é o segundo maior das Américas, depois do de Nova York. A diretora-geral do Metrô, Florencia Serranía Soto, disse a El Universal que a empresa francesa TCO foi contratada em 2016 para conservação das instalações e infraestrutura e não identificou riscos. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Seis vídeos obtidos pela reportagem do Estadão mostram pessoas sendo vacinadas na noite de terça-feira (23) na garagem de uma empresa de transporte em Belo Horizonte. As imagens foram gravadas por vizinhos do local, que denunciaram um esquema clandestino de imunização contra a Covid-19 pela Viação Saritur. O vaivém ocorreu após as 20 horas, quando já estava em vigor o toque de recolher determinado pela prefeitura. O Ministério Público Federal e a Polícia Federal em Minas investigam o caso.

Na quarta-feira, a revista piauí mostrou que políticos e empresários de Minas teriam tomado a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a covid, e eles compraram o imunizante por iniciativa própria, driblando o SUS, o que é ilegal. A revista, porém, não mostrou as imagens da vacinação irregular.

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A compra de vacinas pela iniciativa privada é permitida, mas a lei aprovada este ano prevê que haja doação para a rede pública enquanto não for concluída a imunização dos grupos prioritários - embora decisão da Justiça em Brasília tenha deixado a situação em suspenso.

A garagem mostrada nos vídeos fica no fim da rua Cláudio Martins, 100, no Alto Caiçaras. As imagens mostram uma aglomeração de carros em volta da entrada. Uma mulher de jaleco branco vai até o porta-malas de um carro, retira a vacina, e aplica nos motoristas. Alguns descem do carro para receber sua dose. Outros são vacinados dentro do veículo. Outra pessoa anota nomes em uma ficha, como se estivesse confirmando cada vacinação dada.

A Polícia Militar de Minas confirmou que esteve na terça no endereço da empresa, após denúncia anônima. Segundo a corporação, seguranças do local disseram que houve "pequena reunião dos diretores", mas todos já haviam ido embora. Conforme a PM, uma pessoa, então, "acenou e em voz baixa" se identificou como a denunciante. Ela relatou aos policiais que filmou a vacinação e viu cerca de 25 carros no local. A PM disse que acionou a Vigilância Sanitária e outros órgãos de fiscalização, mas que "nada foi constatado pelas equipes" . A reportagem esteve no local nesta quinta-feira e um funcionário disse que ali funciona "uma das empresas da Saritur".

Segundo o MPF, caso tenha havido importação de vacinas antes da lei aprovada pelo Congresso para regulamentar as compras do insumo no exterior, os responsáveis podem ser enquadrados no crime de contrabando. Se o episódio ocorreu após a aprovação da lei - e for mantida a sua validade -, a denúncia pode ser por descaminho. Em nota, a Secretaria de Saúde de BH disse não ter recebido oficialmente o vídeo que a autora da denúncia à PM prometeu enviar e, por ora, "não existe amparo legal para qualquer ação adicional da secretaria".

Conforme a revista, a segunda dose estaria prevista para ser aplicada nas cerca de 50 pessoas daqui a 30 dias. O custo seria de R$ 600 por cabeça. O ex-senador Clésio Andrade, também ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), foi um dos vacinados, segundo a piauí. "Fui convidado, foi gratuito para mim", disse ele à revista. O Estadão questionou Clésio Andrade, que negou participação no caso.

O Estadão fez diversos contatos com os donos da empresa Saritur, os irmãos Rômulo e Robson Lessa, apontados como os articuladores na compra da vacina, mas não teve respostas. A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre o assunto. A pasta declarou que as doses da Pfizer/BionTech contratadas pelo governo federal só começarão a chegar ao Brasil em abril. Em nota, a Pfizer "nega qualquer venda ou distribuição de sua vacina contra a Covid-19 no Brasil fora do âmbito do Programa Nacional de Imunização". Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia se houve crime sanitário e também encaminhou ofício para a PF apurar o caso.

A piauí relata que a enfermeira no local ainda teria se atrasado, porque estaria vacinando em uma empresa controlada da ArcelorMittal. Em nota, a Arcellor declarou que "nunca comprou nenhuma vacina". (Colaboraram Leonardo Augusto e Marlos Ápyus, especiais para o Estadão)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Jair Bolsonaro nomeou o empresário Paulo Skaf (MDB), presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), como membro titular do Conselho da República. A nomeação foi publicada em decreto na edição de ontem do Diário Oficial da União (DOU). No mesmo decreto, Bolsonaro nomeou, também com membro titular do Conselho, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. O ministro interino da Secretaria-Geral, Pedro Cesar de Sousa, e o deputado federal Vitor Hugo (PSL-GO) foram nomeados como suplentes de Heleno e Skaf no colegiado, respectivamente.

O Conselho da República é um órgão superior de consulta do presidente da República, criado pela Lei 8.041 de 1990 para se pronunciar sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio e questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas.

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O órgão é dirigido pelo presidente da República e composto também pelo vice-presidente da República, os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, os líderes da maioria e da minoria nas duas Casas, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros com idade superior a 35 anos. Do grupo de cidadãos, dois titulares e seus suplentes são definidos pelo presidente da República, que é o caso das nomeações de ontem. Os outros quatro titulares e suplentes ficam a cargo do Senado e da Câmara. Todos têm mandato de três anos e é vedada a recondução. De acordo com a legislação, o Conselho da República se reunirá por convocação do presidente da República e suas audiências serão realizadas com o comparecimento da maioria dos conselheiros.

As nomeações repercutiram no Twitter ontem. De um lado, bolsonaristas definiram as indicações como uma espécie de "recado" ao Supremo. De outro, opositores ao governo diziam que Bolsonaro, com os nomes escolhidos próximos a ele, estaria ampliando sua influência sobre o conselho, que precisa ser consultado em casos de crise grave, a exemplo da decretação do estado de defesa citado pelo Procurador-geral da República, Augusto Aras. (Colaborou Pedro Venceslau)

No final de Janeiro, Aras reconheceu indiretamente que a pressão por um possível impeachment de Bolsonaro está crescendo no País e alertou para o risco de "alastramento da crise sanitária para outras dimensões da vida pública". Em texto, Aras citou a pandemia para insinuar que o presidente pode decretar o estado de defesa com o objetivo de preservar a estabilidade institucional e disse que o tempo é de "temperança e prudência".

Aliado

Skaf encerra seu mandato na presidência da Fiesp em junho, mas se mantém próximo a Bolsonaro. O empresário é visto pelos bolsonaristas como um potencial nome do presidente para disputar o governo paulista em 2022 - cargo a que ele concorreu nas últimas três eleições. Discreto, Skaf segue por ora no MDB, mas está afastado da vida orgânica da sigla. Em conversas reservadas diz que não tem pressa em decidir sobre seu futuro político.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou ontem o uso emergencial da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. O anúncio foi feito poucos dias depois que seus assessores concluíram que o imunizante era recomendável para idosos.

A vacina é a principal aposta do governo federal para a imunização da população brasileira. Por meio da Covax Facility, aliança da OMS para a distribuição igualitária de vacinas contra a covid-19 entre os países, o Brasil deve receber 1,6 milhão de doses no primeiro trimestre deste ano e 4,4 milhões a 6 milhões no segundo trimestre.

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Até o fim de 2021, o acordo do Brasil com a Covax Facility estima que sejam enviadas 42,5 milhões de doses ao País, o que daria para imunizar 21,25 milhões de brasileiros. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem parceria com a farmacêutica e com a universidade para desenvolvimento do imunizante no Brasil.

No total, a Covax Facility prevê distribuir no primeiro semestre para todos os países que assinaram o acordo 337,2 milhões de doses, sendo 336 milhões da AstraZeneca/Oxford e 1,2 milhão da Pfizer-BioNTech. O aval para uso emergencial é importante principalmente para países menos desenvolvidos, que não contam com agência regulatória desenvolvida para apoiar a decisão de uso ou não da vacina para sua população.

A organização sinalizou ontem que a aprovação se aplicará para as duas versões da vacina da AstraZeneca fabricadas hoje em colaboração com dois sócios da farmacêutica sueco-britânica: o Instituto Serum, da Índia, e a empresa sul-coreana SKBio.

Esta é a segunda vacina que obtém aprovação da OMS. A primeira foi para o imunizante da Pfizer em parceria com a BioNTech, concedida em dezembro. Para a OMS, o aval é especialmente importante, pois planeja distribuir em semanas mais de 300 milhões de doses da vacina da AstraZeneca a vários países.

Brasil

Na sexta-feira, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a importação de mais doses prontas da Covishield, nome dado à vacina de Oxford produzida pelo Instituto Serum da Índia. O pedido foi feito pela Fiocruz, responsável pelo imunizante no País, que negocia com a farmacêutica AstraZeneca a compra de 2 milhões de doses da vacina.

De acordo com a Anvisa, a autorização é temporária e de uso emergencial, a mesma concedida a 2 milhões de doses que já estão sendo aplicadas no Brasil. "Esta aprovação se deu nas mesmas condições já realizadas pela agência em 17 de janeiro, ou seja, para autorização temporária de uso emergencial, já que se trata da mesma vacina, fabricada sob as mesmas condições já avaliadas naquela oportunidade", disse a Anvisa, em nota. A agência não detalhou a quantidade de doses importadas.

Na semana anterior, a Fiocruz recebeu um lote com 88 litros de IFA (insumos para produção da vacina) vindos da China. A quantidade é suficiente para produzir 2,8 milhões de doses. As primeiras vacinas fabricadas com esse material devem ser entregues ao Ministério da Saúde entre 12 e 15 de março.

Outros dois lotes de IFA devem chegar da China ainda em fevereiro, em data ainda não definida. Ao todo, a Fiocruz espera receber em fevereiro IFA suficiente para produzir 15 milhões de doses do imunizante.

A Anvisa informou que está em processo de análise do pedido para registro definitivo da vacina de Oxford, feito pela Fiocruz em 29 de janeiro. Segundo a agência, será dada "total prioridade na análise para fins de concluir o processo no menor tempo possível". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O Estado de São Paulo está abrindo 756 leitos extras - 306 serão de UTI e 450 de enfermaria. O hospital de campanha de Heliópolis, dentro do prédio do Ambulatório Médico de Especialidade (AME) Barradas, na zona sul da capital, com 24 leitos de UTI, desativado em setembro, será reaberto. Além disso, cirurgias eletivas estão sendo canceladas.

"Precisamos e estamos aumentando o número de leitos de unidades de terapia intensiva e de enfermaria", disse o secretário da saúde, Jean Gorinchteyn. O índice de ocupação de leitos na rede paulista, em hospitais públicos e privados, é de 71,1%.

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"Estamos monitorando diariamente a situação na região e em todo o Estado, cientes de que precisamos agir rapidamente para que a rede hospitalar possa enfrentar o recrudescimento da pandemia. Diante do cenário epidemiológico em todo o mundo, decidimos ampliar leitos nos nossos serviços", afirmou Gorinchteyn. Segundo o governo, mais de 6 mil leitos de UTI estão ocupados no Estado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro disse nessa terça-feira (15) que não vai tomar a vacina contra a Covid-19. Ele já foi diagnosticado e se curou da doença em julho, mas ainda não há evidências científicas robustas sobre o alcance da imunidade após a infecção. Bolsonaro ainda defendeu, outra vez, não obrigar a vacinação de todos.

Cientistas veem nas falas desestímulos à vacinação em massa, essencial para conter o vírus, e dizem que não é hora de debater a obrigatoriedade da vacina. Desde o início de março, Bolsonaro nega a gravidade da pandemia, critica o isolamento social e nem sempre usa máscara em eventos públicos.

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"Como cidadão é uma coisa e como presidente é outra. Mas como nunca fugi da verdade, digo: não vou tomar a vacina. Se alguém acha que minha vida está em risco, o problema é meu e ponto final", declarou Bolsonaro ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band.

A postura é diferente de outros líderes estrangeiros, que têm falado em tomar a vacina para incentivar a sociedade. Para a virologista Giliane de Souza Trindade, da UFMG, o governo parece trabalhar contra a vacina. "Se ele estivesse preocupado em zelar pela saúde, deveria ser o primeiro a dar exemplo. Isso faz muito mal e tem repercussões lá fora." Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que essa e outras posturas do presidente são lamentáveis e afirmou ter "fé" de que Bolsonaro compreenda o papel que a sociedade reservou a ele".

À TV, Bolsonaro ainda prosseguiu. "E outra coisa, Datena, você tomando a vacina, daqui a dois, três ou quatro anos vai ter de tomar de novo, caso contrário pode ser infectado". Cientistas não sabem a duração da imunidade pela vacina. "Temos de respeitar quem não queira tomar. Não pode ser obrigatória", continuou Bolsonaro na TV.

O Supremo Tribunal Federal deve discutir esta semana duas ações sobre vacinação compulsória. Uma delas, do PDT, pede que seja reconhecida a competência de Estados e municípios para determinar a vacinação compulsória. Já outra, do PTB, requer a inconstitucionalidade dessa previsão. Em outubro, o governador João Doria (PSDB) disse que a vacinação seria obrigatória em São Paulo, o que motivou protestos. Sobre a necessidade de obrigar a vacinação, especialistas apontam que o desafio inicial será outro: lidar com a limitação de doses diante da demanda da população mais vulnerável do País - só os grupos de idosos, indígenas e pessoas com comorbidades somam 42 milhões de pessoas, estima o próprio Ministério da Saúde.

Segundo o plano de imunização entregue pelo governo ao STF semana passada, "a interrupção da circulação da covid-19 no território nacional depende de uma vacina altamente eficaz sendo administrada em parcela expressiva da população (>70%)". Nos últimos dias, o presidente ainda tem incentivado obrigar que seja assinado um termo de consentimento por quem se vacinar contra a covid, por causa de possíveis efeitos colaterais. A ideia foi criticada por especialistas.

Bolsonaro ainda disse ontem que dará "sinal verde" para qualquer imunizante com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele prevê medida provisória que libera R$ 20 bilhões para comprar imunizantes. "Qual vacina? Aquela que passar pelo crivo da Anvisa. Passou, a gente compra, sem problema nenhum."

A postura do governo federal mudou. Em outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prometeu a governadores comprar 46 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac e pelo Instituto Butantã, ligado ao governo paulista, de João Doria (PSDB). Pazuello foi desautorizado no dia seguinte por Bolsonaro, que alegou falta de credibilidade do produto, por ser chinês. E também celebrou nas redes socais, em novembro, a interrupção nos testes da Coronavac, após a morte de um voluntário.

Responsabilização

Para especialistas, é cabível responsabilização por essas posturas. "Existe uma intencionalidade, que é claríssima do governo federal, de disseminar a doença. Porque é a crença na ideia de que, se ela se disseminar rápido, terminará rápido também", afirma Deisy Ventura, professora de Ética da Faculdade de Saúde Pública da USP. "Há desrespeito às leis, às normas jurídicas adotadas, com atos de obstrução do trabalho dos governadores e prefeitos e, principalmente, a disseminação de informações falsas, como a de que existe tratamento precoce da covid."

"Um dos requisitos para crime de responsabilidade, impeachment, é violar direito social. Uma atitude como a dele é a de violar o direito à saúde da população, porque está atrapalhando as medidas que deveriam ser tomadas para garantir o direito a saúde", diz o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado.(Colaboraram Marco Antônio Carvalho e Renato Vieira)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A média móvel de mortes por covid-19 no Brasil ficou em 484 neste domingo (22) de acordo com dados coletados junto às Secretarias Estaduais da Saúde pelo consórcio de veículos de imprensa, formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. O número considera a média diária de mortes da última semana para eliminar distorções geralmente observadas nos dados dos fins de semana. Nas últimas 24 horas, foram contabilizados mais 18.276 casos e 181 mortes, o que leva o País a um acumulado de 6.070.419 casos confirmados e 169.197 mortes desde o início da pandemia.

No início do mês, houve dificuldade de acesso à plataforma e-SUS, do Ministério da Saúde. Vários Estados divulgaram dados incompletos ou não conseguiram registrar informações. Isso terá reflexo nas indicações de tendência de alta, estabilidade ou queda no número de mortes, nos Estados e também nos percentuais nacionais.

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Nesta semana, o Brasil voltou a registrar aumento nas taxas de transmissão do coronavírus segundo dados divulgados pelo Imperial College de Londres. A taxa de transmissão do vírus chegou a 1,10 no País. Uma taxa de transmissão de 1,10 significa que cem pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 110. A partir de abril, o País apresentou taxas acima de 1, situação considerada "fora de controle". Em agosto, o índice baixou.

O Brasil é o segundo país com mais mortos, atrás apenas dos Estados Unidos, que registrou 255,8 mil mortes por covid-19. No total de infectados, de acordo com a Universidade Johns Hopkins (EUA), o Brasil fica atrás dos Estados Unidos e da Índia.

Parceria

O balanço de óbitos e casos é resultado da parceria entre os seis meios de comunicação que passaram a trabalhar, desde o dia 8 de junho, de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal. De forma inédita, a iniciativa foi uma resposta à decisão do governo Bolsonaro de restringir o acesso a dados sobre a pandemia e se manteve mesmo após a manutenção dos registros governamentais.

Segundo o Ministério da Saúde, 18.615 novos casos de covid-19 e 194 óbitos foram registrados nas últimas 24 horas, o que eleva o total para 6.071.401 pessoas infectadas e 169.183 que perderam a vida por conta da doença no País. Os números diferem dos compilados pelo consórcio de veículos de imprensa principalmente por causa do horário de coleta dos dados. A pasta informou ainda que, dos infectados no País desde o início da pandemia, 5.432.505 são considerados recuperados.

O governo deve editar uma medida provisória para isentar consumidores do Amapá do pagamento da conta de luz em novembro. O Estado sofreu dois apagões em um intervalo de 14 dias. O Tesouro deve fazer um aporte para bancar o benefício, que deve custar entre R$ 45 milhões e R$ 80 milhões, segundo apurou o Estadão/Broadcast. Ontem, a Justiça Federal determinou o afastamento provisório da diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema (ONS).

A medida provisória deve ser publicada hoje no Diário Oficial da União. A determinação visa a contribuir para o enfrentamento da crise de energia no Amapá, que sofreu um apagão em 3 de novembro - 14 dos 16 municípios do Estado ficaram às escuras por quatro dias. A população passará por racionamento até o dia 26, quando o atendimento deve ser plenamente restabelecido. Na terça-feira, um novo blecaute atingiu o Estado às 20h27, mas a eletricidade voltou à 1h04 em sistema de rodízio, já que o fornecimento não foi completamente retomado em razão do primeiro apagão.

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O governo ainda não fechou os cálculos sobre o valor que será necessário aportar para pagar a conta de luz da população do Amapá. Ainda não foi decidido se haverá limite máximo para o nível de consumo que terá isenção, mas a ideia é que toda a conta seja bancada. A proposta é repassar recursos do Tesouro para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo que banca subsídios da conta de luz, e, a partir da CDE, enviar recursos para a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), distribuidora do Estado.

Ontem à noite, o Senado também aprovou projeto de lei que prevê compensações para consumidores atingidos pelo apagão. A proposta estabelece "crédito" na conta de luz até que a energia elétrica seja restabelecida no Estado. Além disso, o texto prevê medidas para outros Estados em caso de situações semelhantes. A Consultoria Legislativa do Senado levantou questionamentos.

Segundo a avaliação técnica, a medida não detalhada como o benefício será implementado, se pode encarecer o preço da conta para todo o País e até causar novos apagões. O projeto tem de passar pela Câmara.

Afastamento

Ainda ontem, a Justiça Federal determinou o afastamento provisório, por 30 dias, da diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e dos diretores do Operador Nacional do Sistema (ONS), responsáveis por fiscalizar e operar o sistema elétrico no País, em função do apagão. A decisão foi dada para evitar interferência enquanto as responsabilidades pelo blecaute são apuradas, justificou o juiz João Bosco Costa Soares da Silva. A empresa responsável pela concessão do serviço em Macapá também foi incluída na ação.

O juiz federal afirmou que houve "completa omissão" ou, no mínimo, negligência dos órgãos reguladores no sistema de energia do Amapá. Além disso, para o magistrado, a população foi vítima de um "apagão de gestão" no governo federal. A Justiça determinou o afastamento das diretorias no âmbito de uma ação popular movida pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Na mesma ação, o juiz classificou o ocorrido como "lamentável" e escreveu que uma sucessão de erros conduz o Brasil ao "neocolonialismo". Na decisão, de sete páginas, o magistrado afirmou que os governos no País tratam o povo como "rebanho bovino".

O juiz federal enviou a decisão ao Tribunal de Contas da União (TCU) e à Polícia Federal do Amapá, que também foram acionados para apurar as responsabilidades pelo apagão.

A União e Aneel apresentaram recurso contra a decisão.

Representante da Aneel e do governo na Justiça, a Advocacia-Geral da União (AGU) afirma que a decisão de afastar toda a diretoria da Aneel com base em "mera suposição", que chama de "irreal", põe em risco toda a atividade de regulação e fiscalização do setor elétrico. Para o órgão, o afastamento prejudica a tomada de medidas emergenciais para o restabelecimento da energia no Amapá. O ONS, por sua vez, disse continuar empenhado na normalização do fornecimento de energia.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os candidatos Maguito Vilela (MDB), com 36,02%, e Vanderlan Cardoso (PSD), com 24,67%, vão para a disputa do segundo turno pela Prefeitura de Goiânia. Com 100% das urnas apuradas, 87,7% de votos foram considerados válidos.

Em terceiro lugar, ficou a candidata Delegada Adriana Accorsi (PT), com 13,39%. Na sequência, aparecem Gustavo Gayer (DC), com 7,62%; Elias Vaz (PSB), com 4,08%; Major Araújo (PSL), com 3,3%; Dra. Cristina (PL), com 3%; Alysson Lima (Solidariedade) com 2,7%; Virmondes Cruvinel (Cidadania), com 1,6%; Samuel Almeida (PROS), com 1,2%; Talles Barreto (PSDB), com 0,9%; Manu Jacob (PSOL), com 0,7%; Cristiano Cunha (PV), com 0,2%; Fábio Júnior (UP), com 0,1%; Professor Antônio (PCB), com 0,06% e Vinícius Gomes (PCO) com 0,01%.

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O candidato Maguito Vilela assumiu ao longo da campanha a liderança das pesquisas e os números se confirmaram nas urnas. Ele vinha se recuperando da Covid-19, mas, neste domingo, precisou ser entubado novamente por causa de uma nova inflamação nos pulmões.

O presidente estadual do MDB e filho de Maguito, Daniel Vilela, disse durante entrevista coletiva que a equipe de campanha ficou satisfeita com o resultado do primeiro turno.

"Os goianienses entenderam e escolheram nessa primeira etapa o mais capaz e preparado, numa campanha muito propositiva, sem nenhum tipo de ataque, apenas promovendo um debate político com projeto de continuidade da gestão do prefeito Iris (Rezende). Isso nos deixou feliz nesse aspecto eleitoral", afirmou Daniel Vilela.

Vanderlan Cardoso lamentou o estado de saúde de seu adversário e prevê mudança de estratégia na campanha para o segundo turno. O candidato pelo PSD acompanhou o resultado das eleições ao lado do governador Ronaldo Caiado (DEM), no Palácio Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia.

A decisão tomada ontem pelo plenário do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) serviu não apenas para definir, por 9 votos a 1, que o narcotraficante André do Rap deve retornar à prisão, mas também para fixar o entendimento da Corte de que nenhum criminoso poderá voltar às ruas de forma "automática", vencido o prazo de 90 dias da prisão preventiva.

A sessão, apesar da quase unanimidade dos votos, foi tensa em vários momentos. Derrotado em sua decisão de liberar o traficante, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), agora foragido, o ministro Marco Aurélio Mello desferiu duras palavras contra o ministro Luiz Fux, que cassou sua decisão no dia seguinte, ressaltando que o presidente deve ser "algodão entre cristais e não pode atuar de forma trepidante". "Não pode ser em relação a seus iguais um censor, levando ao descrédito o próprio Judiciário."

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Em uma declaração ainda mais dura, o decano acrescentou que, pela primeira vez, o tribunal está admitindo esse "superpoder" pelo presidente, realçando que Fux foi "autoritário no que cassou a decisão de um colega". O magistrado acrescentou que continua convencido do "acerto da liminar" que soltou o traficante André do Rap. "Se alguém falhou não fui eu. Não posso ser colocado aí como bode expiatório, considerada uma falta de diligência, como disse o ministro Gilmar Mendes, do juiz de origem, do Ministério Público e na falta de diligência da representação da própria polícia", disse.

Em resposta a Marco Aurélio, Fux disse que "Vossa Excelência não tem razões para me categorizar como totalitário nem para presumir que outros casos como esse ocorrerão". O ministro afirmou, também, que a exceção que motivou a decisão foi a alta periculosidade do preso e o risco de fuga. "Peço a Vossa Excelência, em nome da nossa amizade antiga, que tenhamos respeito um ao outro e também aos nossos conceitos. Com a devida vênia para mim no caso específico representaria autofagia não defender a imagem da corte e do Supremo Tribunal."

Fux não saiu imune às críticas de outros ministros, como Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Os dois afirmaram que presidentes do Supremo não têm permissão para suspender liminares de outros colegas em nenhum caso. O presidente ressaltou, por sua vez, que o STF exerce "função pedagógica perante 20 mil juízes para coibir as centenas de habeas corpus na lista de espera".

O julgamento tem a importância histórica de definir como deve ser interpretada uma modificação na legislação processual brasileira trazida com a aprovação do Pacote Anticrime, em dezembro. A nova regra legal prevê que as prisões preventivas devem ser revisadas a cada 90 dias para evitar que presos fiquem presos ilegalmente. Pela tese definida no plenário do Supremo, mesmo que esse prazo não seja respeitado, não deve haver a revogação automática da prisão, mas, sim, o juiz deve ser obrigado a reavaliar a legalidade e atualidade dos fundamentos da prisão.

Bolsonaro

À noite, o presidente Jair Bolsonaro falou sobre o assunto em live. "Quando saiu a decisão de um ministro, eu apanhei. Sou o culpado de tudo o que ocorre no Brasil. Agora, nove ministros falaram que ele deveria estar preso. Quem está certo, quem está errado? Eu jamais colocaria em liberdade uma pessoa como essa", afirmou. "Não vou ser injusto com ninguém. Sérgio Moro (ex-ministro) foi brilhante quando estava na Justiça e resolvemos isolar lideranças do crime organizado. Foi um sucesso retirar o comando do crime organizado de presídios para levá-los a locais onde não controlariam o crime."

Candidatos à Prefeitura de São Paulo criticaram ontem a declaração de Celso Russomanno (Republicanos) segundo a qual moradores de rua seriam mais resistentes à Covid-19 por não tomarem banho todos os dias. Além de provocar reação de adversários, a fala do deputado também gerou incômodo no Palácio do Planalto. Segundo assessores do presidente Jair Bolsonaro envolvidos com a campanha em São Paulo, a ordem é para que o candidato do Republicanos apareça o mínimo possível e evite manifestações que possam causar desgaste.

"Infelizmente, um outro candidato está tratando a população de rua como se fosse uma classe diferente de ser humano", disse o prefeito Bruno Covas (PSDB), que busca a reeleição. "Condeno a fala por ser preconceituosa", disse. Ainda segundo Covas, a fala de seu adversário não tem nenhum embasamento científico que demonstre a relação entre tomar banho e o novo coronavírus.

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Candidato do PSOL, Guilherme Boulos disse que ficou "enojado". "Acho que foi a pior declaração desta campanha até aqui. Entendi como um escárnio, uma piada. É brincar com o sofrimento das pessoas. Coisa de quem não tem humanidade", afirmou. Márcio França (PSB) classificou a declaração como "péssima". "As pessoas mais vulneráveis à covid são exatamente as que têm menos condições e recursos de acesso à saúde e higiene."

Jilmar Tatto (PT) se manifestou pelas redes sociais, lembrando o mote de campanha de Russomanno. "Quem fala grosso com trabalhador e despreza pessoas em situação de rua não pode dizer que defende o povo", escreveu o candidato petista.

Nessa quarta, Russomanno reafirmou que moradores de rua e da Cracolândia têm "imunidade" à Covid-19. "Estava fazendo uma consideração de que a ciência tem que explicar por que eles (moradores de rua) são imunes. Eles têm mais resistência que a gente. O que eu disse é que se alardeava que os moradores e rua seriam dizimados pela Covid-19. E não foi o que aconteceu", declarou ele na saída de um almoço com empresários. Mais cedo, em nota, o candidato afirmou que sua fala de anteontem foi "deturpada".

Compartilhado entre a francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer A. Doudna, o Nobel de Química deste ano premiou a criação de uma ferramenta para a edição do genoma, a "tesoura genética" CRISPR/Cas9. O método torna muito mais fácil retirar, acrescentar ou alterar com muita precisão partes do DNA de homens, animais e plantas e, por isso, tem o potencial de revolucionar muitas áreas da ciência.

"O prêmio deste ano é sobre reescrever o código da vida", resumiu o secretário geral da Academia Sueca de Ciências, Goran K.

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Hansson, antes de anunciar os nomes das ganhadoras. Pela primeira vez um Nobel foi para duas mulheres. "Estou em choque", disse Jennifer, de 56 anos, professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley. "Fiquei muito emocionada, muito surpresa, parece que não é real", afirmou com voz embargada Emmanuelle Charpentier, de 51 anos, diretora da Unidade de Ciências de Patógenos do Instituto Max Planck, em Berlim.

O artigo das duas que descreve a descoberta do novo método foi publicado há oito anos. Depois disso, a ferramenta se popularizou rapidamente, sendo usada atualmente em qualquer laboratório de genética.

"É raro um Nobel ser dado tão pouco tempo depois da descoberta", comentou a geneticista Mayana Zatz, da USP, que usa a técnica em seu laboratório para estudar xenotransplantes e doenças genéticas. "Só acontece nesses casos em que não há dúvida nenhuma da importância. Essa tecnologia vai revolucionar a Medicina."

Curas

Médicos estão usando a ferramenta na busca da cura para doenças genéticas, como um tipo de cegueira hereditária. Geneticistas como Mayana Zatz tentam tornar possível o transplante de órgãos de porcos geneticamente modificados para seres humanos.

Cientistas que trabalham com plantas tentam desenvolver espécies capazes de resistir a secas e inundações. "Essa ferramenta alterou profundamente a maneira como fazemos pesquisa nas ciências básicas", resumiu o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, Francis Collins, que coordenou o projeto genoma humano.

A ferramenta, no entanto, transformou-se também em tema controverso por suas potenciais implicações éticas, sobretudo pelo risco de alteração da hereditariedade humana. Em 2018, um cientista chinês usou a tecnologia para editar os genes de embriões humanos, criando as primeiras crianças geneticamente modificadas. "Há um poder nessa ferramenta, que afeta todos nós", disse o presidente do Comitê de Química do Nobel, Claes Gustafsson.

"Esta não é a única ferramenta de edição genética, havia outras antes dela", explicou Martin Bonamino, pesquisador do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e da Fiocruz, que trabalha com engenharia genética. Para ele, a grande discussão atual é estabelecer os limites éticos do uso da ferramenta. "Existe um consenso na comunidade de que atualmente não se deve fazer edição genética em embriões humanos; a ferramenta funciona muito bem, é muito precisa, mas não é infalível. Então, não é um risco aceitável", afirmou.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro participou na manhã deste sábado (19) da abertura de uma convenção evangélica com a presença de aproximadamente 850 pessoas, segundo informações da organização.

No evento, Bolsonaro disse esperar que o Brasil retome a normalidade ainda em 2020, após os impactos da pandemia do novo coronavírus. O País tem mais de 135 mil mortes pela Covid-19 e quase 4,5 milhões de casos confirmados.

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A convenção foi promovida pela Assembleia de Deus na Catedral Baleia, como é chamada a sede nacional das Assembleias de Deus Ministério de Madureira, em Brasília. A reunião era fechada ao público e à imprensa, e apenas pastores e obreiros da igreja puderam participar. A abertura foi transmitida pela TV Brasil.

A catedral tem capacidade para até 4 mil pessoas sentadas. Devido à pandemia, a organização restringiu a lotação a 1 mil pessoas, mas nem todos os inscritos compareceram. Ainda segundo os organizadores, foram seguidas as normas fixadas pelo governo do Distrito Federal para eventos do tipo, inclusive com separação de assentos para manter o distanciamento social.

Pela transmissão, foi possível ver que o presidente estava de máscara, mas retirou a proteção em alguns momentos para tirar fotos e falar ao público presente. Ele também trocou aperto de mãos com o anfitrião, o bispo Manoel Ferreira.

Um dia depois de dizer que o "fique em casa" pregado por especialistas como forma de conter o avanço da doença era "conversinha mole" e "para os fracos", Bolsonaro disse que não poderia se "esconder num palácio" em meio à crise sanitária.

Embora se declare católico, o presidente tem uma relação próxima a pastores e igrejas evangélicas. A primeira-dama Michelle Bolsonaro é frequentadora da Igreja Atitude, no Rio. Três integrantes do primeiro escalão do governo são pastores: a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e os ministros André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e Milton Ribeiro (Educação).

Outros três candidatos à Prefeitura de São Paulo foram confirmados em convenções realizadas ontem na capital. Em uma convenção que ocorreu em um sistema de drive-thru, em espaço público, o Novo oficializou Filipe Sabará. Em eventos que explicitaram a fragmentação da esquerda, o PCdoB confirmou a candidatura do deputado federal Orlando Silva e o PSOL formalizou a candidatura de Guilherme Boulos.

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) terá como vice a deputada federal Luiza Erundina (PSOL) e a economista Marina Helena, egressa do governo do presidente Jair Bolsonaro, será a companheira de chapa de Sabará. O PCdoB, que lança um candidato à Prefeitura pela primeira vez desde a redemocratização, ainda não definiu a candidatura a vice na chapa encabeçada por Orlando Silva.

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Em razão da pandemia do coronavírus, os filiados do Novo depositaram seu voto na chapa (que não tinha adversário) sem sair do carro, no estacionamento da Câmara Municipal. Sabará, ex-secretário de João Doria (PSDB) no Executivo Municipal e ex-presidente executivo do Fundo Social do governo, não poupou críticas ao atual governador do Estado - cujo partido vai lançar o prefeito Bruno Covas como candidato à reeleição. Sabará afirma ser um liberal conservador e que essa visão política era o que permeou as campanhas que levaram Doria à Prefeitura e ao governo do Estado. Mas, segundo o pré-candidato, o tucano teria abandonado essa visão após eleito. Ele ressaltou posicionamentos críticos do governador ao presidente Jair Bolsonaro.

"Começou com o IncentivAuto. Um incentivo para um setor específico (automotivo), dentro da cartilha do liberalismo, não é interessante. Depois, um ataque a um presidente que ele tinha acabado de se vincular para ser eleito, gratuitamente. Muito antes da pandemia, ele começou a atacar: atacou o discurso do (Jair) Bolsonaro na ONU, atacou várias outras coisas do Bolsonaro antes da pandemia", disse. "Doria me frustrou e frustrou os eleitores dele porque não tem demonstrado um viés liberal" e falou também que "a social-democracia (de Doria) se mostrou um socialismo pintado de rosa".

Ex-ministro dos Esportes de 2006 a 2011, entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Orlando Silva - que também foi vereador em São Paulo - está em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados e enfrenta a primeira eleição para um cargo no Executivo. O PCdoB tem tradicionalmente apoiado candidaturas do PT na maior parte dos pleitos municipais desde a redemocratização. "O prefeito de São Paulo tem uma missão a cumprir. Não precisa ser amigo nem inimigo do presidente da República nem do governador para fazer a cidade ser respeitada", disse Orlando, sobre suas diferenças políticas com Bolsonaro e Doria.

Ataques ao governo Bolsonaro e às gestões tucanas de Doria e Covas também marcaram o lançamento da candidatura de Boulos. A convenção que homologou as candidaturas foi realizada em um campo de futebol na comunidade do Morro da Lua, em Campo Belo, na Zona Sul da cidade. Boulos destacou em sua fala que só um dos quatro hospitais de campanha abertos em São Paulo fica na periferia. Boulos também aproveitou para alfinetar o pré-candidato Marcio França (PSB), que foi vice do governador tucano Geraldo Alckmin. "Quem vai representar os tucanos não é um só. Tem o candidato oficial, Bruno Covas, mas tem um monte que foi tucano a vida toda, foi vice do Alckmin e está escondendo o bico agora", afirmou.

Procurado pela reportagem, Palácio dos Bandeirantes enviou uma nota assinada pelo presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, para rebater as declarações do candidato do Novo: "Os meses fora da atual gestão estadual demonstram que Filipe Sabará contraiu amnésia eleitoral com pitadas de oportunismo. Uma semana antes de deixar o governo de São Paulo, Filipe agradeceu publicamente ao governador Doria por, segundo ele, ser seu grande mentor político."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Alexei Navalni, o mais importante nome da oposição ao governo de Vladimir Putin, na Rússia, foi realmente envenenado, de acordo com médicos do Hospital Charité, de Berlim. Os resultados dos exames, divulgados nesta segunda-feira (24) foram confirmados por laboratórios independentes.

Embora a substância que envenenou o opositor não seja conhecida, acredita-se que seja um inibidor do sistema nervoso, segundo comunicado do hospital. A suspeita é de que Navalni tenha sido envenenado com novichok, agente nervoso usado no ataque de março de 2018 contra o ex-agente duplo russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, na cidade britânica de Salisbury.

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Os médicos acrescentam que Navalni continua em coma induzido e "não há perigo agudo para sua vida". "Os resultados indicam envenenamento por uma substância do grupo de inibidores de colinesterase", informou o hospital.

Essa enzima pode ser usada, em doses baixas, no combate ao Alzheimer. Dependendo da dose, porém, a substância pode ser perigosa, porque produz agentes neurotóxicos igualmente poderosos. Seus efeitos colaterais incluem vômitos, dor de cabeça e alucinações.

De acordo com a nota do hospital, "o desfecho da doença permanece incerto e, nesta etapa, não podemos descartar sequelas no longo prazo, em particular no sistema nervoso", afirma o comunicado. "A substância específica envolvida continua desconhecida, e uma série adicional de exames abrangentes foi iniciada."

Na quinta-feira (20) Navalni, de 44 anos, se sentiu mal a bordo de um avião que o levava da Sibéria para Moscou, após tomar um chá. A aeronave teve de fazer um pouso de emergência em Omsk, onde ele foi hospitalizado. Segundo amigos, que queriam tirá-lo da Rússia rapidamente, os médicos pareciam dispostos a cooperar para a transferência, mas oficiais à paisana e agentes de segurança invadiram o hospital e os médicos negaram permissão par que ele saísse do país - o que só foi permitido no sábado.

Desde o início, sua porta-voz, Kira Yarmish, afirmou que o opositor foi vítima de envenenamento. "Agora, nossas afirmações foram confirmadas por análises de laboratórios independentes. O envenenamento de Alexei não é mais uma hipótese, mas um fato", disse ela ontem no Twitter.

Navalni só foi transferido da Rússia após pressão da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Emmanuel Macron. "Existem alguns exemplos (de envenenamento) na história recente da Rússia, e o mundo leva essa suspeita muito a sério", disse Steffen Seibert, porta-voz de Merkel, que pediu às autoridades russas que punam os autores do envenenamento.

"As autoridades (russas) devem resolver esse caso com urgência e com total transparência", afirmou Merkel, no comunicado, em que pediu ainda que os responsáveis "sejam levados à Justiça" para responder por suas ações.

O incidente pode prejudicar ainda mais as relações tensas da Rússia com seus vizinhos europeus. De acordo com ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine, a agressão a Navalni terá impacto nas relações entre Berlim e Moscou". Governos da Europa acusam o Kremlin de perseguir dissidentes, inclusive fora de suas fronteiras, o que a Rússia sempre negou.

Navalni, um dos maiores críticos de Putin, é conhecido por seus vídeos no YouTube em que expõe casos de corrupção e suborno de políticos, burocratas e oligarcas russos. Ele foi impedido de concorrer na eleição presidencial de 2018 e já foi preso diversas vezes por organizar protestos não autorizados. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A reabertura de serviços e estabelecimentos comerciais em meio à suspensão gradual das medidas de isolamento social adotadas no combate à pandemia do novo coronavírus ainda não estancou a deterioração do emprego no País. Na quarta semana de julho, já faltava trabalho para quase 41 milhões de brasileiros, meio milhão a mais do que na semana anterior, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19), divulgados ontem pelo IBGE.

O mercado de trabalho ainda está na fase de dispensas, não de admissões, afirmou Maria Lucia Vieira, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. Em todo o País, há 12,9 milhões de desempregados, ou seja, pessoas que de fato tomaram alguma iniciativa para procurar emprego. Outras 28 milhões de pessoas não buscaram trabalho - sendo considerados, portanto, como inativos -, mas disseram que gostariam de trabalhar. "Na verdade, está tendo semana a semana uma queda contínua de população ocupada. As pessoas estão perdendo o emprego", resumiu Maria Lucia.

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Na quarta semana de julho, o total de trabalhadores ocupados foi de 81,2 milhões, cerca de 600 mil a menos que na semana anterior. Ao mesmo tempo, a população desempregada aumentou em cerca de meio milhão na semana de 19 a 25 de julho. Em apenas uma semana, a taxa de desemprego no País saltou de 13,1% para 13,7%.

"Não acreditamos que as demissões vão se intensificar. A questão é quando vão recomeçar as contratações. O mercado de trabalho vai piorar por um aumento na procura por emprego e por uma ausência de geração de vagas. Se continuar o movimento de demissões, vai perder força. Já tivemos melhora nos níveis de atividade econômica em junho e julho, o mercado de trabalho responde com defasagem", avaliou Maria Andreia Lameiras, técnica de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

A proxy da taxa de informalidade - que estima a proporção de pessoas trabalhando na informalidade em relação a toda a população ocupada - aumentou de 32,5% na terceira semana de julho para 33,5% na quarta semana. O avanço da proporção de trabalhadores informais no mercado de trabalho significa que os mais atingidos pela perda de emprego na quarta semana de julho foram os que atuavam em posições formais.

"Teve mais gente trabalhando de forma informal do que na semana anterior", confirmou Maria Lucia Vieira.

O presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, entregou seu pedido de demissão ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Economia, Paulo Guedes. A informação foi divulgada no início da noite de sexta-feira (24) por meio de fato relevante do banco.

Segundo fontes do governo, a saída de Novaes está alinhada ao movimento de Bolsonaro de se afastar do núcleo considerado radical. Novaes é ligado ao escritor Olavo de Carvalho, que tem atrapalhado a pauta governista e gerado ruídos com o Poder Legislativo. Recentemente, o presidente do BB questionou decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de impedir que o banco faça propaganda em sites acusados de espalhar fake news.

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Além disso, a avaliação na equipe econômica é que o desempenho dele no mercado de crédito teria sido insatisfatório. Novaes se mostrou reticente a atender aos pedidos do presidente de baixar juros em linhas ao consumidor, principalmente no cheque especial, e ampliar a oferta de crédito para atenuar os efeitos da crise.

O comunicado distribuído ao mercado diz que o pedido de renúncia terá "efeitos a partir de agosto, em data a ser definida e oportunamente comunicada ao mercado, entendendo que a companhia precisa de renovação para enfrentar os momentos futuros de muitas inovações no sistema bancário".

O fato relevante também diz que Bolsonaro já aceitou o pedido de Rubens e que deve indicar outro nome para comandar o banco público. Um dos nomes cotados para substituir Novaes é de Hélio Magalhães, atual presidente do conselho de administração do BB. Ele foi presidente do Citi Brasil de 2012 a 2017.

Segundo apurou o Estadão, Magalhães é considerado um dos presidentes de conselho do banco mais atuantes na história do BB. Outro nome forte é do atual presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que tem grande apreço de Bolsonaro.

Políticos do Centrão afirmam, nos bastidores, que entendem não haver espaço para um indicado de partidos como substituto, pela posição estratégica do banco para o País. O cargo é considerado "vital", e Guedes já avisou que da seara dele não está disposto a abrir mão das presidências dos três maiores bancos federais (BB, Caixa e BNDES), sob o risco de sair do governo.

Novaes manifestou a Guedes o desejo de deixar o cargo há cerca de um mês, dizendo que queria retornar ao Rio para ficar próximo da família. Pediu a liberação como "presente de aniversário" em agosto.

Fake news. O BB foi proibido em maio de veicular publicidade em sites, blogs, portais e redes sociais acusados de espalhar fake news. Em recurso apresentado esta semana, o banco pediu à Corte de Contas que reverta a decisão e afirmou que não financia fake news.

De acordo com a instituição a decisão do TCU de suspender a publicidade do BB em sites e blogs, além de jornais e revistas com menos de dez anos de existência, teria afetado o resultado da instituição financeira nas redes. As solicitações de abertura de contas digitais e os pedidos de cartão Ourocard feitos por não-correntistas caíram 30%.

O BB também teria perdido relevância entre os usuários de internet. O alcance da instituição caiu de um público-alvo de 100 milhões para 30 milhões. Nas redes sociais, as publicações, que antes chegavam a 5 milhões de usuários por campanha, caíram para 20 mil.

Privatização. Na reunião ministerial do dia 22 de abril, Guedes chegou a criticar a atuação de Novaes à frente do BB. Ele disse que o governo "faz o que quer" com a Caixa Econômica Federal e o BNDES, mas no BB "não consegue fazer nada", mesmo tendo um "liberal lá" - em referência a Novas, que estava no encontro. "Tem de vender essa porra logo", disse Guedes.

Para Guedes, o Banco do Brasil "não é tatu nem cobra, porque ele não é privado, nem público". "Se for apertar o Rubem, coitado. Ele é super liberal, mas se apertar ele e falar: ‘bota o juro baixo’, ele: ‘não posso, senão a turma, os privados, meus minoritários, me apertam.’ . Aí se falar assim: ‘bota o juro alto’, ele: ‘não posso, porque senão o governo me aperta’. O Banco do Brasil é um caso pronto de privatização", afirmou o ministro da Economia durante encontro com ministros e outras autoridades.

Em abril, durante a crise da pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento para tentar evitar a propagação da doença, Novaes disse ao Estadão que "governadores e prefeitos impedem a atividade econômica e oferecem esmolas, com o dinheiro alheio, em troca". "As pessoas querem viver de seu esforço próprio."

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou, na quinta-feira (23), o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) sob a acusação de ter recebido R$ 11,3 milhões da Odebrecht de forma irregular para financiar suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Após a divulgação da denúncia, o ex-governador paulista deixou o posto de coordenador do plano de governo da pré-campanha do prefeito Bruno Covas (PSDB) à reeleição.

Alckmin nega ter cometido qualquer ato ilícito, afirmou que o pedido da Promotoria é "infundado" e que não foi ouvido. A denúncia será, agora, analisada pela Justiça. Se for aceita, o ex-governador vira réu e passa a responder a um processo.

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Alckmin e Covas conversaram pela manhã, logo após a confirmação de que a denúncia havia sido protocolada. "Ele mesmo pediu para se afastar da campanha para que possa focar na sua defesa. Tenho certeza que ele vai comprovar sua inocência", afirmou o prefeito, no fim da manhã, durante visita a obras de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da zona sul da capital paulista. "Depois de 42 anos de vida pública, Alckmin tem um patrimônio menor do que quando começou suas atividades", disse Covas.

A denúncia contra Alckmin acontece 20 dias após o senador José Serra (PSDB-SP) ser acusado formalmente pelo Ministério Público por ter recebido dinheiro da Odebrecht de forma irregular quando foi governador, entre 2006 e 2007. Serra nega as acusações. As investigações contra os tucanos deram ânimo para o grupo ligado ao governador João Doria (PSDB) voltar a pedir o afastamento da sigla dos quadros mais antigos e a construção de um novo "PSDB".

Crimes

Para o MP-SP, Alckmin cometeu os crimes de falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro ao receber, da Odebrecht, R$ 2 milhões para a campanha de 2010 em dinheiro vivo e R$ 9,3 milhões para a reeleição. "Os recursos não foram registrados nas prestações de contas do candidato (falsidade ideológica), que solicitou e recebeu vantagem indevida (corrupção passiva), pagas pelo setor de operações estruturadas da Odebrecht, a partir do uso de ‘doleiros’, com o fim de ocultar a origem dos valores e dificultar seu rastreio (lavagem de dinheiro)", afirmou a Promotoria em nota.

Segundo os promotores, a construtora pretendia, em troca manter influência junto ao governo do Estado. Nos dois anos em que teriam ocorrido as doações, a Odebrecht não poderia enviar dinheiro para as campanhas eleitorais, pois tinha contratos vigentes com o governo do Estado: a companhia controla a concessionária que administra a Rodovia Dom Pedro I e participou do consórcio da linha 6-Laranja do Metrô.

Também foram denunciados ontem o tesoureiro da campanha de 2014, Marcos Antônio Monteiro, e o ex-assessor da Secretaria de Planejamento, Sebastião Eduardo Alves de Castro. Ambos foram acusados de fazer a ponte entre a campanha e a empreiteira. Quatro anos antes, o papel coube, segundo a denúncia, a Adhemar César Ribeiro, cunhado do ex-governador.

Ele não foi alvo da ação penal porque tem mais de 70 anos e os crimes prescreveram. A defesa de Castro informou que a denúncia é "fruto de um trabalho de investigação atabalhoado e com conclusões prematuras". Os advogados de Monteiro e Ribeiro não foram localizadas.

Outros sete denunciados são delatores: Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Luiz Antônio Bueno Júnior, Arnaldo Cumplido de Souza e Silva, Maria Lúcia Guimarães Tavares, Fernando Migliaccio da Silva e Luiz Eduardo da Rocha Soares, todos da Odebrecht, - e o doleiro Álvaro Novis. Além das delações, os promotores citaram, como evidências de crime, planilhas com a programação de pagamentos da Odebrecht, trocas de mensagens e quebra de sigilo. Na planilha da Odebrecht, o dinheiro destinado a Alckmin foi relacionado com os apelidos "Belém", "colônia", "pastel" e "presépio", de acordo com o MP-SP.

A epidemia do novo coronavírus tem se acelerado nas Regiões Sul e Centro-Oeste do Brasil nas últimas semanas, de acordo com dados de mortalidade divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde e compilados por um consórcio de veículos de imprensa do qual o Estadão faz parte.

Os números deste levantamento são agregados em um intervalo de sete dias, de forma a minimizar as oscilações causadas pelo atraso de notificações em fins de semana e feriados. Nessas ocasiões, os óbitos divulgados costumam ser artificialmente mais baixos, o que cria altos e baixos inverídicos nas estatísticas. Para evitar esse problema, o cálculo revela a média de mortes diárias registradas em cada semana.

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Uma série de indicadores mostra como a Covid-19 começou a afetar de forma mais intensa as Regiões Sul e Centro-Oeste, que até agora pareciam ter sido poupadas de epidemias locais em grande escala. Na primeira semana de junho, as duas regiões juntas eram responsáveis por cerca de 4% das novas mortes registradas a cada dia no País. Hoje, já representam quase 18%. Essa dinâmica de crescimento fica ainda mais evidente ao comparar a curva de evolução da doença no Sul e no Centro-Oeste com as demais regiões do País.

Entre a primeira semana de junho e ontem, a média diária de óbitos no Sul passou de 21 para 98, o que representa um aumento de 367%. No Centro-Oeste, no mesmo período, a média de mortes por dia saltou ainda mais: foi de 19 para 114, uma variação de 500%.

Nesse mesmo intervalo, a média no Sudeste passou de 461 para 470. No Nordeste, o valor foi de 347 para 384. Nesses casos, ocorreu um aumento de 2% e 11%, respectivamente, o que indica uma tendência de estabilização. Já no Norte, a variação foi de 170 para 81, uma queda de 52%.

Isolamento

Infectologista da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, Fábio Lopes Pedro afirma que as medidas de isolamento social adotadas nas Regiões Sul e Centro-Oeste adiaram o aumento de casos e, consequentemente, de mortes.

"Essas foram as regiões que se anteciparam nas medidas de isolamento e não resistiram, porque não tem como resistir a tanto tempo. No Sul do País, começou em 17 de março e, com a flexibilização, as pessoas começaram a circular", diz o especialista. Segundo ele, as curvas de contágio estão ascendentes em praticamente 70% do Rio Grande do Sul e isso preocupa em meio à sazonalidade dos vírus respiratórios nessas regiões.

A microbiologista Giliane de Souza Trindade, da Universidade Federal de Minas Gerais, comenta que Estados do Sul estavam em um "meio isolamento" quando o clima frio chegou, trazendo consigo a temporada de outros vírus respiratórios, como o da gripe.

"Acho que isso é um dos pontos que favorece. As pessoas se aglomeram e fecham portas, janelas e isso facilita a transmissão", diz ela. Entretanto, para a especialista, a raiz de tudo está na flexibilização, que permitiu o deslocamento de pessoas cansadas do confinamento, deixando-as livre para frequentar espaços onde se aglomeram.

Já Vitor Engrácia Valenti, professor livre-docente da Unesp de Marília, observa que o avanço que ocorre no Sul e Centro-Oeste deve-se, possivelmente, ao baixo número de casos em março, abril e maio. "Muitas pessoas não estão imunes ao vírus. Além disso, algumas cidades reabriram shoppings nessas regiões, o que causou surtos rápidos, induzindo esses municípios a fecharem de novo."

Os dados foram coletados por um consórcio entre seis veículos de imprensa - Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha de S.Paulo e UOL - que reúnem os números divulgados pelas secretarias estaduais de Saúde. A colaboração entre os jornais se iniciou quando o governo do presidente Jair Bolsonaro ameaçou restringir o acesso a estatísticas sobre o coronavírus no País - e foi mantida posteriormente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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