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Com a supersafra deste ano, revisada para cima pelo IBGE ontem, o Brasil retoma dos Estados Unidos o posto de maior produtor mundial de soja. As projeções americanas indicam que o Brasil se consolidará na posição também na próxima safra, reforçando o bom desempenho da agropecuária brasileira, mesmo em meio à pandemia de Covid-19.

No total, o Brasil deverá colher um recorde de 247,4 milhões de toneladas de grãos na safra que se encerra neste ano, 2,5% acima de 2019, conforme o IBGE. Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cujas estimativas atualizadas foram divulgadas também ontem, a produção total da safra 2019/2020 deverá atingir o recorde de 251,4 milhões de toneladas. O IBGE espera as maiores safras da história também para o café e para o algodão.

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A produção de soja será a principal responsável pela supersafra deste ano. Na estimativa do IBGE, foram colhidas 119,9 milhões de toneladas na safra encerrada ainda no primeiro semestre, 5,6% acima da produção de 2019. Já nos cálculos da Conab, foram 120,88 milhões de toneladas, aumento 5,1% ante a safra de 2018/2019.

Em 2018, o Brasil já havia batido os Estados Unidos como maior produtor mundial de soja, mas por uma diferença muito pequena. Ano passado, os produtores brasileiros de soja enfrentaram problemas climáticos e perderam para os americanos - o recorde na produção nacional total foi garantido pelo milho. Agora, a produção americana de soja na safra 2019/2020 foi de 96,68 milhões de toneladas, na estimativa mais recente do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês, equivalente a um ministério).

Para a próxima safra, 2020/2021, o Brasil deverá ficar novamente na frente, já que os Estados Unidos deverão produzir 112,3 milhões de toneladas de soja, enquanto os produtores brasileiros deverão colher 131 milhões de toneladas, renovando o recorde, ainda nas projeções do USDA, que abrangem o mercado global - as primeiras projeções do IBGE e da Conab para a safra 2020/2021 deverão sair no fim deste ano.

O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) de junho, do IBGE, elevou em 0,5% a estimativa do total de soja colhido no Brasil este ano. A produção recorde de soja só não foi ainda maior porque, nos últimos meses, o LSPA veio reduzindo suas estimativas para a colheita no Rio Grande do Sul. Na estimativa de junho, a produção gaúcha ficou em 11,2 milhões de toneladas, tombo de 39,3% em relação a 2019.

"Era para o Brasil ter colhido uma safra muito maior de soja. O problema todo foi que o Rio Grande do Sul sofreu muito com a falta de chuvas, de dezembro a maio", afirmou Carlos Antônio Barradas, analista de agropecuária do IBGE. "Não fosse a seca no Rio Grande do Sul, a produção de soja passaria de 125 milhões de toneladas", completou o pesquisador.

A disponibilidade de terras e a tecnologia de ponta, que leva eficiência ao campo, ajudam a explicar os sucessivos recordes na produção agrícola nos últimos anos, segundo Barradas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após um dia intenso ontem, o presidente Jair Bolsonaro decidiu dar sobrevida a Carlos Alberto Decotelli no Ministério da Educação (MEC), apesar dos sucessivos questionamentos ao seu currículo e da posse, prevista para hoje, ter sido adiada. Pelas redes sociais, Bolsonaro não deixou claro se dará ou não posse a Decotelli e disse só ter recebido mensagens de "trabalho e honradez" sobre o indicado. Ao mesmo tempo, importantes assessores do governo continuam sondando nomes para substituir o economista.

Decotelli perdeu apoio do grupo militar que o havia indicado e de professores da Fundação Getulio Vargas (FGV). Todos se disseram surpreendidos com as incoerências em sua vida acadêmica, já que doutorado e pós-doutorado foram questionados pelas instituições estrangeiras e há acusação de plágio no mestrado na FGV.

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Mesmo constrangidos, militares ainda continuam a indicar outros nomes para Bolsonaro. Assim como a ala ligada a Olavo de Carvalho. O ambiente no Planalto, segundo fontes, é de muita pressão e profusão de nomes para o MEC. O governo também não gostou de saber que Decotelli não é professor contratado da FGV - ele deu aulas como pessoa jurídica em alguns cursos - e teme aparecerem mais problemas.

Nas redes sociais, o presidente disse que "o professor vem enfrentando toda a forma deslegitimação para o ministério" por "inadequações curriculares". Segundo a publicação, "todos aqueles que conviveram com ele comprovam sua capacidade para construir uma educação inclusiva e de oportunidade para todos". Mesmo assim, não citou a posse do novo ministro.

A mensagem veio após conversa do presidente com Decotelli no fim da tarde de ontem. Ele ouviu as versões do indicado e concluiu que ele tem "lastro acadêmico" e "reconhecimento como gestor", após 42 anos de vida pública. "Sou ministro, tenho trabalhos agora e vou ficar até de noite para corrigir os ajustes no Enem, Sisu", disse Decotelli, ao deixar o encontro em Brasília.

Entre os nomes que tÊm sido sugeridos, estão alguns dos que Bolsonaro já recebeu na semana passada, como Marcus Vinícius Rodrigues, ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) na gestão de Ricardo Velez. Ele é engenheiro e ligado ao mesmo grupo militar de Decotelli. Rodrigues deixou o Inep, órgão do MEC, após desentendimento com o grupo ligado a Olavo de Carvalho.

Na segunda-feira também o Planalto passou a analisar o currículo do reitor do Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA), Anderson Ribeiro Correia, que chefiou a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) até 2019.

Outro que esteve com Bolsonaro foi o ex-pró-reitor da FGV Antonio Freitas, também indicado pelo grupo militar. O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, foi entrevistado pelo presidente e depois avisado que não tinha sido escolhido.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro teria sugerido Sérgio Sant'ana, ex-assessor especial do ex-ministro Abraham Weintraub e ligado a olavistas do governo. Ilona Becskeházy, atual secretária de Educação Básica do MEC, foi elogiada por jornal ligado a Olavo de Carvalho, que disse que ela "pode salvar a educação brasileira".

Desde o fim de semana, quando a formação acadêmica de Decotelli passou a ser alvo de contestação, auxiliares do presidente argumentam que os questionamentos inviabilizam totalmente o ex-professor no cargo, no momento em que o governo tenta recuperar a confiança na pasta. Outro grupo ponderou que outra mudança no MEC pode ser pior e alegam que outros ministros já tiveram o currículo contestado, mas seguiram no cargo após a explicação. O nome de Decotelli foi publicado no Diário Oficial depois de anunciado por Bolsonaro.

Polêmica

Desde que foi anunciado como ministro, Decotelli teve as informações de seu currículo questionadas. Ao anunciá-lo, Bolsonaro mencionou a formação do professor. No dia seguinte, o título de doutor foi questionado por Franco Bartolacci, reitor da Universidade Nacional de Rosário (Argentina). O ministro inicialmente negou e mostrou certificado de conclusão de disciplinas à reportagem. "É verdade. Pergunte lá para o reitor." No fim do dia, atualizou o currículo e passou a declarar que teve "créditos concluídos" no doutorado, em 2009. No campo relacionado ao orientador, o ministro assinalou: "Sem defesa de tese".

No sábado, a dissertação de mestrado do ministro também foi colocada sob suspeita após o economista Thomas Conti apontar, no Twitter, possíveis indícios de cópia no trabalho, de 2008. Ele citou trechos na dissertação idênticos a um relatório do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A FGV informou que vai investigar a suspeita.

"Tem um simbolismo muito grande ele ter sido desmentido por duas universidades estrangeiras e ainda tem problemas no mestrado", diz o deputado federal, da Frente Parlamentar Mista de Educação, Israel Batista (PV-DF). Segundo ele, vários deputados da Frente consideraram esperar a situação do ministro para convidá-lo para conversa na Câmara. Já na comissão de Educação da Câmara, a participação do ministro continua marcada para quinta-feira.

O presidente Jair Bolsonaro adotou nesta quarta-feira (17) um discurso dúbio sobre a reação do governo às decisões do Supremo Tribunal Federal que têm atingido seus aliados. Na posse do ministro das Comunicações, Fábio Faria, Bolsonaro citou o "povo" como escudo, na tentativa de blindar o governo, mas à noite subiu o tom e comparou o que vem pela frente a uma "emboscada". Menos de 24 horas após ter dito que não poderia assistir calado a "abusos", o presidente oscilou entre a fúria e sinais de paz na direção do STF.

"É igual a uma emboscada. Tem que esperar o cara se aproximar, vem mais. Vem jogando ovo, pedra. Chega mais, chega mais (...) Não quero medir forças com ninguém, (mas) continua vindo", afirmou Bolsonaro ao falar com apoiadores, na portaria do Alvorada. No dia do julgamento da validade do inquérito das fake news e depois de o ministro do Supremo Alexandre de Moraes autorizar a quebra de sigilo bancário de 11 parlamentares bolsonaristas, o presidente mandou recados à Corte.

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"Não são as instituições que dizem o que o povo deve fazer. É o povo que diz o que as instituições devem fazer", afirmou Bolsonaro, sob aplausos, em cerimônia no Planalto. Sentado a poucos metros dele, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, não aplaudiu de início, mas acabou se rendendo.

"Temos de fazer valer os valores da democracia para que consigamos atingir o nosso objetivo. Nosso povo espera liberdade. Temos uma Constituição. Em que pese alguns de nós não concordarem com alguns artigos, temos o compromisso de honrá-la e respeitá-la para o bem comum", disse Bolsonaro.

Na mesma linha, o novo ministro das Comunicações disse que é preciso focar no combate ao coronavírus. "É hora de pacificar o País", disse Faria, que foi eleito deputado pelo PSD do Rio Grande do Norte e é genro do apresentador Sílvio Santos.

A cerimônia contou com integrantes do Centrão, como os presidentes do PSD, Gilberto Kassab; do Republicanos, deputado Marcos Pereira, e do Progressistas, senador Ciro Nogueira. O Ministério das Comunicações foi desmembrado da pasta de Ciência e Tecnologia, que continuará sob o comando de Marcos Pontes. Responsável pela publicidade do governo, a Secretaria Especial de Comunicação passou para o guarda-chuva da pasta dirigida por Faria.

'Abuso'

Pouco antes da solenidade, Bolsonaro se reuniu com um grupo de militantes, nos jardins do Alvorada. Ali, seu discurso era mais aguerrido. "Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. (Mas) eles estão abusando. Isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem (anteontem), quebrando sigilo de parlamentares, não tem em história nenhuma vista em uma democracia, por mais frágil que ela seja", disse o presidente, embora essa prática já tenha sido adotada várias vezes. "Então, está chegando a hora de tudo ser colocado no devido lugar."

Mesmo sem citar o STF, Bolsonaro não deixou dúvidas sobre o destinatário de suas mensagens, tratando os magistrados por "eles". Não é de hoje que o presidente se queixa de que decisões da Corte e do Congresso invadem atribuições do Executivo e parecem feitas sob medida para derrubá-lo.

No último dia 27, por exemplo, um dia depois de o Supremo fechar o cerco contra o "gabinete do ódio", Bolsonaro fez ameaças e disse que "ordens absurdas não se cumprem", agravando a crise institucional.

Após a deflagração da operação de terça-feira no inquérito que investiga o financiamento de atos antidemocráticos organizados por seus aliados, no entanto, Bolsonaro ficou em silêncio por algumas horas. Pressionado nas redes, porém, falou em "abuso". "Só pode haver democracia onde o povo é respeitado, onde os governados escolhem quem irá governá-los e onde as liberdades fundamentais são protegidas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao recriar o Ministério das Comunicações, o presidente Jair Bolsonaro tinha um objetivo: resolver o que ele considera ser um "gargalo" em seu governo, a comunicação social. Mais do que atuar nas políticas para o setor de radiodifusão, atribuição de um ministro dessa área, o presidente quer que o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN) ajude a melhorar a imagem do governo e a impor uma narrativa favorável a ele no momento em que o discurso pró-impeachment começa a se impor.

O Ministério das Comunicações sempre foi considerado estratégico pelos governos. Desde o período militar, quando o setor de telecomunicações cresceu muito, a pasta já foi comandada por nomes poderosos da República como coronel Euclides Quandt de Oliveira, no governo Ernesto Geisel, e Antonio Carlos Magalhães e Sérgio Mota, nas gestões de José Sarney e Fernando Henrique Cardoso.

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Muito além de responder pela mídia institucional do governo, a área que foi ministério até o final da gestão de Michel Temer foi marcada por ser uma simbiose entre o Planalto, o Congresso e o setor privado de radiodifusão. Entre as atribuições que a empoderam está a de distribuir concessões, outorgas e regulação do setor.

Tradicionalmente, o responsável pela comunicação social é o chefe da secretaria de comunicação (Secom), e não o ministro das Comunicações. Até agora, Bolsonaro teve dois secretários, mas ambos atuavam sob a sombra do "gabinete do ódio" e dos generais que ocupam a maioria dos cargos no Palácio do Planalto e tentavam controlar essa área também, que tem como missão divulgar os feitos do governo.

A queda de braço fez com que a comunicação do governo ficasse limitada à atuação do "gabinete do ódio" nas redes sociais. O grupo comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, age de forma a atacar ferozmente qualquer adversário do governo, deixando em segundo plano a divulgação sobre as ações dos ministérios.

A mudança, no entanto, não deve mexer com a estrutura do grupo que é ligado diretamente ao gabinete presidencial. Nem mesmo representa uma derrota para o time de Carlos, atualmente alvejado por um inquérito do Supremo Tribunal Federal e pela CPI das Fake News. O movimento foi mesmo um baque para a ala militar. A Secom era subordinada ao general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo.

A troca ocorreu após o chefe da Secom e secretário executivo da nova pasta, Fábio Wajgarten, ser "esvaziado" pelo ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto, que montou uma estrutura de comunicação paralela, com militares na função de produzir vídeos, divulgar releases e coordenar entrevistas principalmente sobre o enfrentamento do coronavírus, mas também de outras ações do governo.

Com o rearrajno, pelos menos dois generais deverão perder seus postos: o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, e o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), também general Luiz Carlos Pereira Gomes.

Relação

Ainda de madrugada, Bolsonaro explicou a mudança: "Ele (Fabio Faria) não é profissional do setor, mas tem conhecimento até pela vida que tem junto a família do Silvio Santos. A intenção é botar o ministério pra funcionar nessa área que estamos devendo há muito tempo uma melhor informação." Faria é casado com Patrícia Abravanel, filha do empresário Silvio Santos, dono do SBT. Ele também já foi dono de uma rádio no Rio Grande do Norte, mas se afastou ainda em 2013.

O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro apelidou a nova pasta de "Ministério da Propaganda". "Recriado o Ministério da Propaganda. Quais serão os próximos?", perguntou ele no Twitter.

Durante a campanha, Bolsonaro dizia que queria ter um governo com 15 ministérios. Ao recriar o seu 23.º ministério, disse que "exagerou" ao fazer essa promessa. "Algumas coisas nós exageramos até na questão dos ministérios", disse observando que 15 pastas é pouco para um país continental.

A entrada de Faria no governo leva o Centrão a assumir seu primeiro ministério. O PSD comandava a pasta das Comunicações no governo Michel Temer com Gilberto Kassab. O grupo nega que a indicação signifique a entrada no primeiro escalão do governo. "Nós não temos nada, pessoal está atacando, Centrão.

Eu nem lembro qual o partido dele. É um deputado federal. Não teve acordo com ninguém. A aceitação foi excepcional, uma pessoa que sabe se relacionar e acho que vai dar conta do recado", elogiou o presidente.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os shoppings abriram nessa quinta-feira (11) no Estado do Rio, uma semana antes do previsto e após quase três meses fechados para conter o avanço da Covid-19, segundo a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce), elevando para 385 o número de estabelecimentos em operação no País. Há 577.

O shopping Rio Sul, um dos mais antigos da capital, na zona sul, decidiu manter a previsão de abrir apenas no dia 16, como previsto. Outros muito frequentados decidiram reabrir, como Norte Shopping, Shopping Tijuca e Nova América, na zona norte, Botafogo Praia Shopping, Shopping da Gávea e Shopping Leblon, na sul, e Barra Shopping, na oeste, entre outros.

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Cercados de restrições e com baixa frequência no primeiro dia de operação, a retomada dos shoppings é uma tentativa de manter empregos e a sobrevivência das lojas, que há 83 dias tiveram de fechar por causa da pandemia, avaliou o vice-presidente Institucional da Multiplan, Vander Giordano.

Com a experiência em sete shoppings já reabertos em outras cidades em maio, a Multiplan reabriu o Barra Shopping, um dos maiores da cidade do Rio, além do Village Mall e do Park Shopping Campo Grande.

"Contratamos um infectologista e criamos protocolo próprio, validado pelo Hospital Sírio-Libanês, que inclui medidas adicionais às determinadas pela Prefeitura", diz Giordano.

No Rio, os estacionamentos estão restritos a um terço da capacidade e para entrar no shopping é necessário medir a temperatura e higienizar as mãos com álcool em gel. Alguns adotaram tapetes para higienização dos sapatos. Quem estiver com temperatura acima de 37,5 graus é proibido de entrar. Não é permitido aglomerações.

"Redobramos os cuidados com a higienização, e é importante que a população siga as recomendações de saúde para manter as lojas abertas", afirmou o executivo, informando que para a reabertura foi necessário investir na compra de máscaras, luvas, bactericidas, filtro para ar condicionado, câmeras para aferir temperatura, treinamento, álcool em gel e em campanhas educacionais.

De acordo com Giordano, o fato de restaurantes, cinemas e lanchonetes estarem fechadas, garante a menor permanência dos consumidores no local, o que ajuda a manter o ambiente saudável contra o vírus. "O tempo de permanência nos shoppings que era de 70 minutos caiu para 28 minutos nos que foram abertos antes (maio), acho que aqui vai ser o mesmo", diz o executivo, que não cria qualquer expectativa em relação à reabertura na véspera do Dia dos Namorados. "O momento é delicado para a economia, a renda da população foi abalada e o consumo está retraído, não temos nenhuma expectativa em relação à data", diz.

Taxas

A Multiplan reduziu aluguel (50% em março e 100% em abril), isentou em 100% o fundo de promoção (março e abril) e em 50% no condomínio (março e abril). "Se não nos unirmos, o setor vai enfrentar mais problemas do que já está enfrentando", avaliou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo após o segundo mês consecutivo de deflação, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta dos preços dos alimentos - de 0,24% em maio, vindo de um aumento de 1,79% em abril - indica que as famílias mais pobres terão a renda ainda mais comprometida pela pandemia.

Quando os alimentos sobem em um momento de alta de salários, esse gasto acaba amortecido pelo ganho de renda. No cenário atual, no entanto, a perda de dinheiro das famílias, sobretudo para as de menor renda, é expressiva e a alta dos custos de alimentação pesam ainda mais.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias mais pobres gastam cerca de 22% do orçamento com alimentação. E uma outra pesquisa, do Instituto Plano CDE, aponta que 50% das famílias das classes D e E, de baixa renda, perderam mais da metade da renda desde o início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus.

"A crise, do ponto de vista de desigualdade de renda, é catastrófica. Muitos profissionais, ainda com redução de salário, puderam se adaptar para trabalhar em casa. Para os mais pobres, só restou tentar o auxílio emergencial", diz o economista da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro.

Especialista em inflação, o economista da Universidade de São Paulo (USP) Heron do Carmo lembra que há um problema de oferta de alimentos, por conta do clima mais seco e muitos produtos estão sujeitos a choque de preços. "Pesou mais para as famílias mais pobres. Como é um gasto básico, não há uma queda abrupta do consumo, mas o consumidor procura, na medida do possível, racionalizar as compras."

Pelo IPCA, itens como frutas (-2,10%) tiveram queda de preços, mas houve altas de produtos, como cebola (30,08%), batata-inglesa (16,39%), feijão carioca (8,66%) e carnes (0,05%).

André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), concorda que a alta dos alimentos, apesar de destoar dos demais preços, vem em um momento cruel. "A alta de 0,24% poderia parecer pouco, se a renda tivesse se mantida estável. O problema é quando a renda desaparece, por conta da pandemia, e comer fica mais caro."

Ele avalia que os preços dos alimentos devem ter uma nova alta em junho, por conta de um aumento da demanda por carnes por parte da China, que já começou o processo de reabertura após a quarentena. "Essa nova alta dos alimentos, porém, ainda não deve ser suficiente para que a inflação como um todo suba, devemos ter mais um mês de deflação em junho."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro foi alvo neste domingo (7) de protestos no Distrito Federal e em ao menos 11 capitais. Classificados por Bolsonaro na semana passada como "marginais" e "terroristas", os manifestantes fizeram atos majoritariamente pacíficos. A adesão foi maior em São Paulo, onde também houve panelaços e buzinaços contra o presidente. Após a manifestação terminar, a Polícia Militar (PM) usou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um grupo que continuava nas ruas de Pinheiros, Zona Oeste. Os jovens quebraram vidraças de agências bancárias e viraram uma caçamba de material de construção.

Os grupos que foram ontem para também levantaram outras bandeiras, como o combate ao racismo. Ao longo do dia, foram registrados atos a favor de Bolsonaro bastante reduzidos. O presidente havia recomendado a seus seguidores que não saíssem de casa. Ainda assim, houve aglomerações a favor do presidente em São Paulo e Brasília. Se nas semanas anteriores, Bolsonaro sobrevoou os atos e os visitou a cavalo, ontem ele apenas cumprimentou um grupo de simpatizantes na porta do Palácio da Alvorada.

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Em São Paulo, os defensores de Bolsonaro ocuparam parte da calçada do cruzamento da Avenida Paulista com a rua Pamplona. Eles carregavam faixas que pediam "intervenção militar" e criticavam o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tráfego de veículos na via não foi afetado. Previsto inicialmente para ocorrer no mesmo lugar, o protesto contra Bolsonaro foi deslocado para a zona oeste, após decisão judicial. Opositores do presidente chegaram a preencher parte do Largo da Batata e duas faixas da Avenida Brigadeiro Faria Lima. Depois, caminharam por um trecho de 700 metros da Rua dos Pinheiros, até um bloqueio montado pela PM.

Parte das pessoas carregava faixas com os dizeres "Fora Bolsonaro", enquanto outros levantavam cartazes questionando ações do governo nas áreas cultural e indígena, além de palavras de ordem contra ataques a negros. No carro de som, líderes de movimentos sociais, ativistas ligados ao PSOL e representantes de torcidas organizadas discursaram sobre direitos humanos. Não havia outras bandeiras de partidos políticos. Alguns manifestantes entregaram cravos para integrantes da PM para fazer referência à Revolução dos Cravos, movimento histórico contra os fascistas em Portugal. Alguns policiais aceitaram as flores, mas depois foram orientados pelo comando a devolvê-las.

A maior parte dos participantes usava máscaras. Mas, durante a manifestação, não mantiveram a distância de 1,5 metro entre cada pessoa.

Por volta das 18h30, quando o ato já tinha terminado, um grupo menor de manifestantes continuou na rua dos Pinheiros, próximo à estação Fradique Coutinho do Metrô. Eles pretendiam seguir até a Avenida Paulista, mas foram impedidos pela PM.

Secretário-executivo da Polícia Militar de SP, o coronel Álvaro Batista Camilo afirmou ao Estadão que as pessoas que entraram em confronto com a PM não eram manifestantes. "Meia dúzia de vândalos não representam os manifestantes. O dia inteiro o protesto ocorreu de forma pacífica."

Capitais

Nos demais Estados, os atos também ocorreram com tranquilidade. Em Brasília, protestantes ocuparam parte da Esplanada dos Ministérios para se posicionarem contra o presidente Jair Bolsonaro e contra o racismo. A Polícia Militar fez um cordão de isolamento para impedir que os manifestantes avançassem até a Praça dos Três Poderes, onde fica o Palácio da Alvorada.

Rio, Belo Horizonte, Belém, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Fortaleza e Goiânia também registraram atos políticos neste domingo. Manifestantes vestidos, em sua maioria, de preto e usando máscaras para proteção contra o novo coronavírus tomaram uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio, para protestar contra o racismo e a violência policial nas favelas da cidade. O ato também criticou governo Bolsonaro e pediu a sua saída do poder.

Na capital mineira, a concentração de opositores a Bolsonaro se deu na Praça da Bandeira, região sul, e seguiu em direção à Praça Sete, no centro da cidade.

Já em Belém, um esquema de segurança impediu manifestação contra o presidente. A capital do Pará também não teve atos a favor do presidente da República. Mais de 100 manifestantes foram detidos e levados para uma delegacia.

O centro de Porto Alegre se tornou palco de atos contra o presidente Bolsonaro. Embora organizadores dos atos que se denominam antifascistas não tenham chegado a um consenso sobre sair ou não às ruas, temendo atos de vandalismo provocados por infiltrados e também a pandemia do coronavírus, manifestantes tomaram a região central.

Ameaça e afastamento

A Polícia Militar de São Paulo afastou das ruas ontem um cabo que fez, em suas redes sociais, postagens ofensivas a grupos que protestam contra o presidente Jair Bolsonaro. Segundo o comando da PM, uma apuração foi instaurada para averiguar a conduta do cabo Lemos, da Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (ROCAM). Reportagem do Estadão mostrou, neste domingo, que o governo de São Paulo tem tentado conter o bolsonarismo na corporação e manter a neutralidade e o caráter apartidário da instituição.

A apuração contra o cabo Lemos foi instaurada porque ele escreveu, em sua conta no Instagram: "Hoje tem manifestação no Largo da Batata, e os ANTIFAS (anti-fascistas) querem marcar presença. Eu quero cacetar a lomba dos baderneiros". Após tomar conhecimento da publicação, a PM retirou Lemos da escala de trabalho. "A polícia não compactua com essas atitudes", disse ao Estadão, o secretário executivo da PM, coronel Alvaro Batista Camilo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro fala em indicar o procurador-geral da República, Augusto Aras, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e lhe concede honraria militar, quase 600 procuradores assinaram nesta sexta-feira (29) um manifesto pedindo independência do Ministério Público Federal (MPF). O documento, subscrito por mais da metade dos 1.131 procuradores da República do País, pede a criação de uma emenda constitucional que obrigue o presidente a escolher o chefe do MPF a partir de uma lista tríplice elaborada pela categoria.

Embora essa regra não exista, desde 2003 todos os procuradores-gerais saíram de uma relação de três nomes feita a partir de eleição interna da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Bolsonaro quebrou a prática ao indicar Aras, em setembro. Aras vem sendo alvo de críticas internas no MPF por tomar medidas consideradas "pró-governo", como o pedido, feito na quarta-feira (27) para o Supremo Tribunal Federal (STF) suspender o inquérito das fake news, que atinge políticos, empresários e blogueiros bolsonaristas.

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O cortejo de Bolsonaro a Aras já tinha ficado explícito anteontem, quando o presidente afirmou que daria uma eventual vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) ao procurador-geral. Ao classificar a atuação do procurador-geral como "excepcional", o mandatário disse que "o nome de Augusto Aras entra fortemente", caso apareça uma terceira vaga - até 2022, os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio Mello deixarão a Corte. Nesta sexta-feira, Bolsonaro tentou atenuar a repercussão negativa da declaração e escreveu, em suas redes sociais, que não cogita indicar o procurador-geral para uma dessas duas vagas.

O aceno de Bolsonaro a Aras aumentou o ritmo de adesões ao manifesto dos procuradores da República, lançado no último dia 27 pela ANPR. "Considerando que cabe ao PGR investigar e acusar criminalmente o presidente da República, seria certamente mais adequado, partindo do princípio do fortalecimento institucional e da independência de atuação, que a lista fosse respeitada", afirma nota da ANPR.

Homenagem

Na manhã desta sexta, 29, Bolsonaro incluiu Aras numa lista de homenageados pela Ordem de Mérito Naval, uma das maiores honrarias militares, concedida a integrantes da Marinha e, excepcionalmente, corporações militares, instituições civis e personalidade que tenham prestados serviços relevantes à Marinha. Segundo publicação no Diário Oficial da União, o procurador receberá a homenagem junto com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que ontem prestou depoimento para explicar por que disse, na reunião ministerial de 22 de abril, que queria prender ministros do Supremo.

A íntegra do encontro ministerial foi divulgada há oito dias por autorização do Supremo, como parte de outro inquérito que incomoda Bolsonaro e que tem atuação da PGR: a investigação de suposta interferência política na Polícia Federal (PF). Ao longo da investigação, Aras poderá ser provocado pelo Supremo a se posicionar sobre medidas relacionadas ao presidente, como um pedido para prestar depoimento. Ao fim da colheita de provas, caberá a ele denunciar ou não Bolsonaro.

A atuação de Aras no caso já havia sido questionada por seus pares. Ao pedir a abertura do inquérito, o procurador-geral mirou também o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, que fez as acusações contra o presidente. Outro episódio contestado foi o pedido de apuração sobre ato antidemocrático convocado contra o STF em abril. Apesar de o presidente ter feito até discurso na manifestação, o PGR o livrou do inquérito.

Reprovação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso criticou nesta sexta a possibilidade de procuradores-gerais serem reconduzidos ao cargo ou indicados para outras funções pelo presidente. "A recondução, evidentemente, pode gerar a tentação de agradar. (…) Acho que quem tem que ser independente não pode ser reconduzido, portanto acho que teria que ser um mandato único", defendeu o ministro, que assumiu, nesta semana, a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Barroso disse ser a favor de uma lista tríplice "vinculante", ou seja, que torne obrigatória a nomeação de um dos três mais votados.

De acordo com a professora de direito internacional e comparado da Universidade de São Paulo (USP) Maristela Basso, não há nenhuma violação a lei específica que justifique uma ação contra o presidente pela sua fala. No entanto, a declaração cria um impedimento de ordem moral. "Qualquer ato que ele (Aras) tomar agora, será um ato suspeito: se ele for rígido, vai parecer que é uma tentativa de demonstrar independência. Se ele for mais flexível, vai se questionar se ele não está mantendo esse flerte com o presidente por um eventual cargo", disse a professora.

Para o advogado Pedro Lucena, mestre em direito administrativo pela PUC-SP, a declaração do presidente ultrapassa a barreira do elogio e passa a sugerir uma possível recompensa, o que poderia interferir na independência das instituições. "A manifestação, por si só, não configura tipificação criminal ou ato de improbidade. Porém, levando em conta a educação política da sociedade, não tenho dúvidas de que a declaração gera efeito negativo, pois dá a entender que a autonomia da PGR pode ser flexibilizada e barganhada."

Viúva da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL), a arquiteta Monica Benício exaltou a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que negou a federalização do caso em sessão realizada nesta quarta-feira (247). Segundo Monica, a manutenção das investigações na esfera estadual foi "uma vitória sobre a possibilidade de retrocesso".

Amigo de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) também comemorou a decisão, que classificou como "uma derrota para Bolsonaro". A sessão do STJ, realizada por videoconferência, durou mais de cinco horas, e no fim todos os ministros que compuseram a 3ª Seção votaram contra a federalização do caso, pedida ainda em 2018 pela ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

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"São 805 dias sem justiça para Marielle e Anderson. A federalização seria o caminho mais curto para a impunidade. Com o apoio de mais de 150 mil pessoas, obtivemos hoje não um avanço, mas uma vitória sobre a possibilidade de retrocesso. O resultado do STJ hoje foi importante para que seguíssemos confiantes na elucidação do caso, mas não deve reforçar ou justificar de forma alguma a demora na identificação dos mandantes e das motivações dos assassinatos de Marielle e Anderson", diz nota de Monica Benício.

"A sociedade brasileira, a comunidade internacional, os movimentos sociais, as organizações de direitos humanos devem exercer agora com ainda mais afinco a pressão democrática para que todos os responsáveis por esse crime sejam identificados e devidamente responsabilizados", prossegue o texto. "As instituições brasileiras não podem estar a serviço de organizações criminosas, independente de que sobrenome tenham seus integrante. O mundo anseia por justiça para Marielle e Anderson. E nós seguiremos em luta até que essa seja uma realidade."

O deputado federal Marcelo Freixo também comemorou a decisão. "Nós conseguimos uma belíssima vitória", afirmou, em vídeo postado nas redes sociais. "Foi uma vitória da família (de Marielle), de todos que querem justiça, de quem não aceita a impunidade." Freixo também declarou que foi "uma derrota para Bolsonaro". "Não tem que entregar nas mãos do governo Bolsonaro uma investigação de um assassinato brutal como esse", comentou o parlamentar, que aproveitou o vídeo também para parabenizar o Supremo Tribunal Federal (STF) pela operação realizada nesta quarta pela Polícia Federal em inquérito sobre fake news.

Com US$ 17,9 bilhões em dívidas e mais de 100 mil credores, a Latam pediu recuperação judicial (chapter 11) na terça-feira (26) em Nova York. A empresa foi a segunda aérea da América Latina a solicitar reestruturação nos Estados Unidos em meio à crise da pandemia da covid-19, que paralisou o setor aéreo em todo o mundo. Há 15 dias, a Avianca Holdings fez o mesmo movimento. A proteção judicial de credores, porém, não será suficiente para atravessar a crise. A Latam ainda espera um socorro dos governos dos países onde atua.

"A única coisa inviável é achar que não vai ter ajuda governamental. A ajuda dos governos, não só do Brasil, precisa vir, assim como aconteceu na Alemanha e nos EUA", disse o presidente da Latam no Brasil, Jerome Cadier, ao jornal O Estado de S. Paulo.

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O pedido de recuperação não inclui a unidade brasileira do grupo, justamente por causa da possibilidade de receber auxílio financeiro do governo.

O pacote de ajuda brasileira para as companhias aéreas, desenhado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), prevê um socorro de R$ 4 bilhões para ser dividido entre Latam, Gol e Azul e exige que as empresas estejam listadas na B3, a Bolsa paulista. A Latam, no entanto, tem ações negociadas em Nova York e em Santiago, no Chile.

Segundo Cadier, as conversas com o governo Jair Bolsonaro estão avançando para que se chegue a uma solução que atenda também a Latam. "Tem a opção de encontrar um financiamento que não obrigue a companhia a se listar aqui e tem outras opções. A gente ainda não convergiu, mas estamos analisando os prós e contras de cada opção."

Um modelo em análise é que o BNDES participe da recuperação como debtor in possession (DIP), uma espécie de credor que tem prioridade de pagamento. Acionistas da Latam, a família chilena Cueto (controladora, com 21,5% de participação) e a brasileira Amaro (com 2%), além da Qatar Airways (dona de 10% da aérea), concederão um empréstimo de até US$ 900 milhões nesse modelo para que a companhia continue operando enquanto está em recuperação.

A Latam acredita que a reestruturação pode ajudá-la a conseguir um empréstimo no Brasil. Em entrevista com jornalistas, o presidente do grupo, Roberto Alvo, afirmou que a "reabilitação dá opções interessantes para o BNDES participar. A estrutura que o banco havia proposto era complexa,", disse.

A leitura, no entanto, é outra no BNDES e nos bancos privados, que também participam das conversas. O valor que até então estava disponível à aérea deve ser reduzido, com o aumento da percepção do risco, segundo fontes do setor.

A Latam espera ainda receber ajuda do governo do Chile, país sede da empresa. O presidente chileno, Sebastián Piñera, já foi um dos principais acionistas da companhia aérea e é próximo da família Cueto. Um auxílio financeiro, portanto, poderia ser malvisto no país.

Na terça, o Ministério da Fazenda do Chile, porém, divulgou uma nota em que afirma avaliar a "conveniência e a oportunidade de contribuir com o processo de reorganização da Latam". De acordo com Cadier, as conversas com o governo Piñera "estão andando".

As ações da Latam em Santiago fecharam na terça-feira com queda de 36%. Em Nova York, os papéis recuaram 34,6%./ COLABOROU ALINE BRONZATI

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vídeo da reunião no Palácio do Planalto, divulgado por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, é considerado uma peça-chave nas investigações que apuram as acusações, feitas pelo ex-juiz Sérgio Moro, de que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir na Polícia Federal. Entre ameaças, ofensas e palavrões, as imagens mostram o chefe do Executivo cobrando mudanças no governo e fazendo pressão sobre Moro e os demais auxiliares.

Na reunião, ocorrida no mês passado, Bolsonaro afirmou que já havia tentado trocar "gente da segurança nossa no Rio de Janeiro", e que não teria conseguido. "E isso acabou. Eu não vou esperar f**** a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira", disse o presidente da República.

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Bolsonaro alega que se referia à sua segurança pessoal, que é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e não pela PF. De acordo com a transcrição feita pela PF, o ministro do GSI, Augusto Heleno, não fez nenhuma intervenção nesse momento. Reportagem do Jornal Nacional, veiculada na semana passada, mostrou que o presidente fez alterações - e até promoveu servidores - em sua segurança pessoal semanas antes da reunião sem dificuldade.

Moro, por sua vez, afirma que a reunião seria uma prova da tentativa de Bolsonaro de interferir no órgão. O ex-ministro também entregou aos investigadores troca de mensagens no celular.

Ao levantar o sigilo do vídeo, Celso de Mello não fez juízo de valor sobre esse trecho da reunião. O ministro, por outro lado, apontou "aparente prática criminosa" na fala do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que disse que "botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF".

De acordo com a transcrição, Moro falou pouco no encontro, não questionou as declarações do presidente e limitou-se a pedir que o plano de recuperação social e econômica Pró-Brasil também abordasse questões de segurança pública e de controle de corrupção.

Durante a reunião com o primeiro escalão do governo, Bolsonaro reclamou que não pode ser "surpreendido com notícias". "Pô, eu tenho a PF que não me dá informações", reclamou o presidente na ocasião.

No encontro, o presidente afirmou que não esperaria o "barco começar a afundar pra tirar água" e que, portanto, iria interferir em todos os ministérios. "A pessoa tem de entender. Se não quer entender, paciência, pô! E eu tenho o poder e vou interferir em todos os ministérios, sem exceção", disse Bolsonaro. "E não dá pra trabalhar assim. Fica difícil. Por isso, vou interferir! E ponto final, pô! Não é ameaça, não é uma extrapolação da minha parte. É uma verdade", completou o presidente, olhando para o lado onde estava Moro.

Próximos passos

Com a divulgação do vídeo, a investigação vai se concentrar agora em novos depoimentos que serão recolhidos na semana que vem. O empresário Paulo Marinho prestará depoimento na terça-feira, às 9 horas, no Rio de Janeiro. O empresário acusa o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) de ter recebido informações vazadas da Operação Furna da Onça. Ele já depôs à PF e ao Ministério Público Federal, mas no âmbito de outra investigação.

Bolsonaro deverá ser o último a prestar depoimento no processo e, por ser presidente da República, pode enviar as respostas por escrito. Caberá ao procurador-geral da República, Augusto Aras, decidir se vai apresentar ou não uma denúncia contra o chefe do Executivo. O STF precisa de aval da Câmara para analisar uma eventual denúncia contra o presidente.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com o Brasil com quase 60% do número de casos e mortes na região, a América do Sul é um novo epicentro da Covid-19, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nessa sexta-feira (22), o País chegou à marca de 21.048 mortos e 330.890 infectados pelo novo coronavírus. O Brasil registrou 1.001 novas mortes em 24 horas, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde. De quinta (21)para sexta, houve registro de 20.803 novos casos de infecção. Em óbitos, o País só está atrás dos Estados Unidos.

Até ontem, o Brasil respondia por 57,2% dos 578.329 infectados na região e por 71,8% dos 28.318 mortos. O diretor do programa de emergências da OMS, Michael Ryan, destacou que o País é o local mais afetado da região, e alertou para a situação específica de alguns locais, como o Amazonas, que registra uma das maiores taxas de incidência. O Estado possui 612 infectados a cada 100 mil habitantes, número inferior apenas ao do Amapá (613,4), segundo o Ministério da Saúde. A taxa de incidência nacional da Covid-19 está na faixa de 150. Especialistas internacionais, como os do Imperial College, já apontam o Brasil como o principal ponto de difusão da doença.

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Para Nacime Salomão Mansur, superintendente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), entidade responsável pela administração de parte dos leitos do Hospital de Campanha do Anhembi, na capital paulista, o número de casos e de mortes assusta, mas era esperado. "O que estamos vivendo agora acontece pelas grandes densidades populacionais, por grande parte da população se manter sem o isolamento social e pela nossa péssima distribuição de renda", comentou.

Segundo ele, a crise demorou a avançar até por algumas decisões governamentais. "Falando especificamente sobre São Paulo (epicentro brasileiro da doença), o Estado de certa maneira cumpriu com o papel na tentativa de achatar a curva a tempo de aumentar o número de leitos hospitalares", acrescentou.

O total de pessoas mortas por Covid-19 em São Paulo cresceu 3,8% em 24 horas, chegando a um total de 5.773 óbitos, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Foram mais 215 óbitos. O total de casos confirmados da doença aumentou de 73.793 para 76.871 em 24 horas. Ao todo, 74,7% dos leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) que foram reservados para pacientes infectados pelo novo coronavírus estão ocupados. Na Grande São Paulo, a situação é ainda mais próxima da lotação: 91,4% das vagas já estão preenchidas.

E os dados de ontem reforçam tendência já divulgada pelo governo, de avanço da doença pelo interior do Estado: dos 645 municípios de São Paulo, 500 têm registro da doença. "O vírus continua se espalhando e já alcança o equivalente a 77,5% do território", informa a nota oficial do Estado.

Estrutura. Mario Rubens Vianna, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Amazonas, diz que não aguenta mais pedir ajuda para o governo federal para minimizar a crise. "Já disse inúmeras vezes que o Brasil deveria ter alguma preocupação especial com o Amazonas pela extensão territorial e pelo acesso difícil a muitas cidades. Já tínhamos uma saúde pública precária antes da pandemia. Imagina agora..."

O principal problema no momento, segundo ele, está na dificuldade em atender à população das cidades do interior. "Em muitos municípios afastados não há saúde pública de nível mínimo, falta qualificação dos profissionais, é uma tragédia. A consequência disso é a superlotação dos hospitais da capital. A população dessas cidades menores migra em busca de atendimento."

Saídas

Para especialistas, o cenário de contenção da epidemia envolve manter ou ampliar restrições. Mansur prefere aguardar os números da próxima semana, antes de dizer se o lockdown (bloqueio total) seria o próximo passo a ser dado para tentar tirar o País do epicentro da pandemia. "Os feriados prolongados (em São Paulo) foram interessantes, vieram a calhar. Foi uma forma inteligente de melhorar o isolamento social. Se na próxima semana for mantido a crescente no número de casos, vai ser necessário (o lockdown). Mas o mais importante agora é começar a fazer testagem em larga escala."

A presidente do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Irene Abramovich, também menciona a testagem como uma forma de ter a dimensão da pandemia no País e conseguir salvar vidas. "Não vou dizer que (a pandemia) pegou a gente de surpresa, mas chegou muito rápido." (Colaboraram Érika Motoda e Bruno Ribeiro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu nessa quinta-feira (21) se retirar de outro acordo importante de controle de armas, o Tratado de Céus Abertos, em vigor há 18 anos, que permite que seus integrantes realizem voos de reconhecimento sobre o território de outras nações para monitorar possíveis movimentos militares, com o objetivo de estabelecer uma relação de confiança entre os governos.

O governo russo deve ser informado oficialmente hoje do rompimento, segundo o secretário de Estado, Mike Pompeo. "A Rússia não aderiu ao tratado", disse Trump. "Até que eles se juntem, nós nos retiramos."

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Este é o terceiro acordo de controle de armas do qual Trump decide retirar os EUA desde o início de seu governo. O primeiro pacto abandonado foi sobre o programa nuclear do Irã, em 2018. No ano seguinte, a Casa Branca deixou o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), que limitava os arsenais atômicos dos dois países.

Autoridades americanas há muito reclamam que Moscou estava violando o Tratado de Céus Abertos ao não permitir voos sobre uma cidade onde a Rússia estaria construindo armas nucleares que poderiam alcançar a Europa, além de proibir o monitoramento sempre que os russos realizavam exercícios militares.

Em relatórios sigilosos, o Pentágono e as agências de inteligência americanas sustentaram que os russos também estão usando voos sobre os EUA para mapear a infraestrutura do país, que poderia ser atingida por ataques cibernéticos. Assessores dizem que Trump ficou irritado com um avião russo que sobrevoou seu campo de golfe em Bedminster, nos Estado de Nova York, em 2017.

A decisão do presidente dos EUA já é vista como mais uma evidência de que ele também pode estar pronto para abandonar o único tratado de armas que resta com a Rússia: o "New Start". Esse pacto limita os Estados Unidos e a Rússia a possuírem 1.550 mísseis nucleares cada. O acordo expira semanas após a próxima eleição presidencial, em novembro.

Ontem, a Rússia afirmou que a saída americana é um "golpe" para a segurança europeia. "A retirada dos EUA desse tratado significa não apenas um golpe nas bases da segurança europeia, mas também nos instrumentos militares existentes e nos interesses essenciais de segurança dos aliados dos EUA", disse o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Alexandre Grouchko. "Não é um tratado bilateral, mas multilateral. E uma decisão tão brusca afetará os interesses de todos os participantes, sem exceção."

De acordo com Grouchko, "nada impedia uma discussão mais aprofundada sobre os problemas técnicos que os Estados Unidos estão apresentando hoje, como, por exemplo, violações da Rússia", acrescentou o vice-ministro, acusando Washington de ter eliminado um "instrumento que serviu aos interesses da paz e da segurança da Europa nos últimos 20 anos". (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou o ranking de liberdade de imprensa de 2020. Na edição deste ano, o Brasil perdeu duas posições e agora ocupa o 107.º lugar entre os 180 países que compõem a lista.

O continente americano é o que, atrás da Europa, registra as melhores condições para o exercício do jornalismo. "Ainda que os pesos-pesados regionais, os Estados Unidos e o Brasil, tenham se tornado verdadeiros antimodelos." A razão disso, segundo o relatório, está nas ações de dois chefes de Estado eleitos democraticamente: Donald Trump, dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, no Brasil. Ambos estariam "desmoralizando a imprensa e encorajando o ódio aos jornalistas em seus países".

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O documento diz que, no caso brasileiro, a queda no ranking "está largamente associada à chegada de Bolsonaro ao poder", pois ele contribuiria com a "deterioração do ambiente em que operam jornalistas, marcado por hostilidade permanente que atravessa a relação do governo com a imprensa". A organização trata ainda do chamado gabinete do ódio, que afirma cercar o presidente e promover ataques em larga escala a jornalistas que fazem revelações sobre políticas do governo. "Desde o início da epidemia de coronavírus, Jair Bolsonaro redobrou seus ataques à imprensa, que ele considera responsável por uma 'histeria' destinada a gerar pânico no País", afirmou a ONG.

A organização conclui que o presidente "insulta e ataca sistematicamente alguns dos jornalistas e meios de comunicação mais importantes do País, o que estimula aliados a fazerem o mesmo, alimentando um clima de ódio e desconfiança para com os diferentes atores da informação". O País mantém tendência de queda - em 2019 já havia caído duas posições -, mas permanece a frente de Venezuela (147.ª) e Cuba (171.ª). A metodologia do ranking baseia-se num sistema de pontos que analisa pluralismo, independência, ambiente e autocensura, arcabouço jurídico, transparência e qualidade das infraestruturas de apoio à produção de informações.

"Na América Latina, os ataques físicos à profissão costumam ser acompanhados de campanhas de assédio cibernético, ou cyberbullying, realizadas por exércitos de trolls e/ou apoiadores dos regimes autoritários. Esses métodos de censura online estão proliferando perigosamente e são particularmente violentos contra as mulheres jornalistas", afirma a RSF.

O Reino Unido registrou nessa terça-feira (7) um recorde de 786 mortes e 3,6 mil novos casos de coronavírus em 24 horas, dados que mostram que a pandemia vem se acelerando no país. A síntese da calamidade é a situação do primeiro-ministro Boris Johnson, que ocupa um quarto de UTI no Hospital St. Thomas, em Londres. O governo britânico disse que ele recebeu oxigênio durante o dia, mas garante que Johnson respira sem a ajuda de aparelhos.

O modelo estatístico do Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), centro de pesquisa da Universidade de Washington, que tem sido usado pela Casa Branca e vários governos do mundo, prevê que o Reino Unido será o país mais afetado da Europa e terá 40% do total de mortes no continente, podendo chegar a 66 mil em agosto - com um pico de até 3 mil óbitos por dia, com base no avanço da doença no início da pandemia.

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O Reino Unido atingiria o ápice do surto no dia 17, segundo o IHME, quando o país precisaria de pelo menos 102 mil leitos de hospital - o sistema de saúde britânico tem apenas 18 mil disponíveis. O país também não terá vagas de UTI e respiradores suficientes para todos, segundo os dados da Universidade de Washington.

Muitos analistas britânicos, porém, preferem adotar o modelo do Imperial College, de Londres, que mostra um cenário menos catastrófico, de um mínimo de 20 mil mortos, contanto que o governo mantenha as duras medidas restritivas. "O modelo da IHME não se aplica ao Reino Unido", disse Neil Ferguson, professor do Imperial College, responsável pelo estudo que convenceu Johnson a declarar quarentena no país, no dia 23.

O premiê, que foi diagnosticado com coronavírus há duas semanas, permanece na UTI.

Os médicos disseram que ele não tem pneumonia, está estável e respira sem a ajuda de aparelhos. "Ele vem recebendo o tratamento-padrão de oxigênio e respirando sem nenhuma outra ajuda", disse um porta-voz do governo.

O primeiro-ministro, de 55 anos, foi internado no domingo para ser submetido a exames. Na segunda-feira, seu estado de saúde se agravou e ele foi transferido para a UTI. A notícia provocou comoção no Reino Unido, entre governistas e opositores. Com Johnson fora de combate, o governo passou a ser liderado pelo chanceler Dominic Raab.

Há um mês, Johnson abordava a crise do coronavírus de maneira descontraída. Em uma entrevista coletiva, em 3 de março, ele se gabou de ter "apertado a mão de todos" depois de visitar um hospital onde 19 pacientes estavam sendo tratados com covid-19 - e garantiu que pretendia continuar fazendo isso.

Dois dias depois, o Reino Unido anunciou sua primeira morte. Foi o que bastou para Johnson, no dia 12, chamar a pandemia de "a pior crise de saúde pública em uma geração" e alertar para a possibilidade de que muitos britânicos perderiam parentes. Ainda assim, a estratégia divergia das medidas radicais adotadas por outros países da Europa, onde o confinamento já estava em vigor.

Aos jornalistas, Johnson repetia sua recomendação de lavar bem as mãos "durante o tempo necessário para cantar Parabéns Pra Você duas vezes". Para os idosos, acima dos 70 anos, mais vulneráveis ao coronavírus, ele simplesmente desaconselhava ir a um cruzeiro.

A estratégia de Johnson era atingir a chamada "imunidade coletiva", quando a maioria dos britânicos já teria contraído o vírus e estaria imune à doença. Mas, diante das críticas crescentes e especialmente após o estudo do Imperial College, ele mudou de opinião - os dados previam 250 mil mortos sem medidas de distanciamento e 20 mil com quarentena rígida.

Devagar

O isolamento, no entanto, aconteceu em câmera lenta. No dia 16, Johnson pediu à população que evitasse contato social "não essencial", viagens desnecessárias e realizasse trabalho remoto, quando possível. No dia 20, deu ordem para fechar escolas, bares, restaurantes, cinemas e academias. Apenas no dia 23, ordenou um confinamento de três semanas - mesmo assim, manteve reuniões presenciais com o gabinete.

Quatro dias depois, no dia 27, Johnson pegou todos de surpresa quando anunciou que havia testado positivo para a covid-19. Segundo o próprio premiê, seus sintomas eram "leves" e ele ficaria isolado na residência oficial, em Downing Street, comandando o país por videoconferência.

Dúvidas sobre sua capacidade de continuar cumprindo suas obrigações se multiplicaram. No sábado, sua noiva Carrie Symonds, de 32 anos, que está grávida, mas não está com o premiê, disse que se recuperava após uma semana de cama com os sintomas da doença. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Os maiores alvos de quadros graves do novo coronavírus no Brasil até agora foram pessoas com diabete ou problema cardíaco, segundo o Ministério da Saúde. Foram registradas 77 mortes e 2.915 infectados em todo o País. A letalidade verificada está em 2,7%.

Ao analisar o quadro dos hospitalizados (391 casos) e dos que morreram (59, no momento dessa avaliação), o governo observou que 124 dos pacientes sofrem de cardiopatia. Cerca de 80 delas têm diabete. Entre os óbitos, mais de 30 tinham problemas do coração e quase 20 eram diabéticos.

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A idade avançada se mostrou mais uma vez como fator de risco para complicações pela doença. Dos 391 internados, 78 tinham entre 60 e 69 anos e outras 70 pessoas, de 70 a 79 anos. Há alto registro, porém, de hospitalizados entre 30 e 49 anos (103 pacientes). A análise do perfil dos mortos, no entanto, mostra concentração entre idosos. Entre os 59 casos avaliados até o dia 26 de março, 48 eram maiores de 70 anos.

"Os dados mostram que as maiores vítimas são idosos, mas também qualquer pessoa que tenha cardiopatia ou diabetes", disse o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira.

São Paulo. Estado com o maior número de casos e óbitos confirmados até agora (1.052 infecções e 58 óbitos), São Paulo tem infectados em sua maioria jovens, mas as mortes são concentradas nos idosos.

De acordo com o boletim do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde, 61% do total de casos confirmados até o dia 24 (último dado detalhado disponível) tinha menos de 40 anos e a maioria (56%) era homem.

Já quando analisado o perfil dos mortos, o documento mostra que 92% das vítimas tinham mais de 60 anos e a maioria (67,5%) era homem.

Pelo segundo dia consecutivo, o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de protestos nas principais cidades do País nesta quarta-feira (18). Moradores de ao menos 21 capitais fizeram panelaços contra o presidente. Marcados inicialmente para as 20h30, os atos ocorreram ao longo do dia, nos horários em que Bolsonaro participava de duas entrevistas coletivas para falar sobre medidas para combater o coronavírus.

Desde o início da tarde, o presidente tentou neutralizar o efeito do protesto contra seu governo. Nas redes sociais e em uma das entrevistas, Bolsonaro divulgou a existência de um outro panelaço, que aconteceria às 21h e seria a favor do seu governo. Apesar dos esforços, houve registros de mobilização pró-governo em seis capitais até a conclusão desta edição.

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Ao participar de duas entrevistas ontem, Bolsonaro tentou demonstrar que está no comando do enfrentamento do novo coronavírus. Após passar dias afirmando que a pandemia estava "superdimensionada", adotou outra estratégia. De máscara, ao lado de oito ministros, ele afagou o Legislativo e o Judiciário, disse que agora vê um momento de "grande gravidade", mas não admitiu ter errado quando, no domingo, foi ao encontro de apoiadores que se aglomeraram diante do Palácio do Planalto. Sua participação nos atos rendeu críticas de políticos e médicos.

Apesar da estratégia, auxiliares do Planalto disseram que o saldo do dia foi negativo. Os panelaços foram vistos internamente como consequência de um "erro político" de Bolsonaro na condução da crise. A avaliação foi a de que o presidente demorou a reconhecer o problema, o que passou a impressão de que ele foi contra o sentimento da maioria da população.

Embora tenha moderado o discurso, o presidente afirmou ontem que não descartava pegar "um metrô lotado em São Paulo" ou uma "barca no Rio de Janeiro", na travessia até Niterói, para mostrar que está "ao lado do povo." O Ministério da Saúde recomenda, no entanto, que as pessoas evitem aglomerações para evitar o contágio. "Não é demagogia ou populismo, (mas, sim) demonstração de que estou ao lado do povo na alegria e na tristeza".

Luta

A mudança de tom de Bolsonaro também atende a interesses políticos. Enquanto ele continuava insistindo que a pandemia tinha como o pano de fundo uma "luta pelo poder" e somava reações negativas nas redes sociais, Alcolumbre e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, se organizaram para apresentar medidas. Bolsonaro foi, então, obrigado a mostrar iniciativa. Na entrevista, ele fez questão de citar os chefes dos Poderes como parceiros no enfrentamento à pandemia.

"Mais uma vez, eu agradeço aos Poderes da República pela compreensão e pelo apoio que têm nos dado para buscar não soluções, que no momento ainda não existem, mas para atenuar esse grave problema que se aproxima", afirmou.

Maia não compareceu, porém, a uma reunião convocada por Bolsonaro, mais tarde, para anunciar medidas de combate ao coronavírus. "O presidente nos convida para conversar, queremos organizar a pauta e com isso poder avançar no diálogo objetivo que construa soluções para os brasileiros. Não é apenas uma pauta para fotografia", disse Maia. O único presente ao encontro foi Toffoli, já que Alcolumbre está com coronavírus (mais informações na pág. A6). "Nesse momento delicado, de fragilidade humana (...) estamos todos em ação e trabalhando com firmeza para que o País possa cruzar esse momento", afirmou Toffoli.

Bolsonaro classificou o panelaço contra o governo como um movimento "espontâneo" e uma "expressão da democracia". Lembrou, no entanto, que também haveria manifestação a favor do governo. "Qualquer movimento por parte da população, eu encaro como expressão da democracia", afirmou o presidente, quando questionado sobre os protestos. "Nós, políticos, devemos entender como uma pura manifestação da democracia", completou ele, ao pedir isenção da imprensa na cobertura dos dois panelaços.

Sem responder se se arrependeu de ir ao encontro dos manifestantes mesmo sem o resultado do segundo teste, Bolsonaro disse que não descumpre orientações sanitárias, apesar de ter quebrando a quarentena recomendada por médicos. "A partir do momento que não estou infectado, ao ter contato com quem quer que seja não estou colocando em risco a vida ou a saúde daquela pessoa. Não descumpro qualquer orientação sanitária por parte do ministro da Saúde", disse.

A polícia de choque da Venezuela usou nesta terça-feira (10) gás lacrimogêneo nas ruas de Caracas para dispersar as manifestações lideradas pelo presidente autodeclarado Juan Guaidó, que exige eleições presidenciais. Os manifestantes caminharam da Praça Juan Pablo II, em Chacao, rumo à Assembleia Nacional, localizada no centro da capital.

Os opositores ao governo do presidente, Nicolás Maduro, tinham como objetivo a retomada do controle da Assembleia Nacional, sob o comando dos parlamentares pró-governo desde janeiro. Guaidó fez um chamado à população para se juntar ao ato como uma forma de reviver os protestos de rua contra Maduro, que surgiram em 2019, mas perderam força este ano. Eles defendem um debate nacional sobre medidas para tirar a Venezuela da crise e, principalmente, articular a convocação de novas eleições presidenciais.

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Os milhares de manifestantes foram contidos pela polícia e, quando Guaidó tentava dialogar com os policiais para fazer a marcha continuar, os disparos de gás lacrimogêneo foram efetuados. A maioria dos milhares de manifestantes deixaram o local, enquanto outros com rostos cobertos respondiam aos disparos com pedras. Um veículo blindado bloqueou o caminho para chegar ao Palácio Legislativo, previsto como ponto final da manifestação.

A manifestação é um teste da capacidade de Guaidó em arregimentar apoiadores, que se mostram cada vez mais exauridos com os impactos da crise econômica e a inabilidade da liderança da oposição para tirar Maduro do poder, apesar do regime de sanções imposto pelos Estados Unidos. "A única opção possível para os venezuelanos é escapar do desastre", afirmou Guaidó, ao convocar a população na Segunda-feira.

Retomada

Antes de dar início aos protestos, Guaidó, de 36 anos, em cima de uma caminhonete e com um megafone, dizia à multidão que "hoje começa uma etapa de luta que será mantida até obter resultados". A mobilização de ontem foi a mais ambiciosa de Guaidó, desde que ele retornou de uma viagem por oito países.

No tour que realizou em busca de apoio diplomático, o líder oposicionista foi recebido por autoridades como Donald Trump, presidente dos EUA, Boris Johnson, premiê britânico, e Emmanuel Macron, presidente francês, além de discursar durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos. Guaidó também foi recebido por líderes da União Europeia.

Nesta terça, 10, os simpatizantes de Maduro também saíram às ruas. Os apoiadores do presidente venezuelano gritavam seu nome durante a passeata que também foi em direção à Assembleia Nacional. Os governistas consideram Guaidó um "traidor da pátria".

Maduro, herdeiro político de Hugo Chávez (1999-2013), acusa a oposição de promover uma "guerra econômica" contra seu governo. O país vive uma profunda crise econômica, a inflação ultrapassa os 300% e um grave desabastecimento acirra ainda mais a tensão política.

'Encurralada'

O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, considerado o número 2 do chavismo, disse que a marcha da oposição era uma tentativa de a direita recuperar sua capacidade de mobilização.

"Toda vez que a direita está encurralada, eles procuram eventos que possam aumentar a empolgação de pessoas que deixaram de estar empolgadas há muito tempo. Eles tentam criar liderança onde não há", disse Cabello.

Em janeiro, um grupo de legisladores apoiados pelo PSUV instalou o chavista Luis Parra como líder do Congresso, após tropas terem bloqueado a entrada de Guaidó. Depois, parlamentares da oposição reelegeram Guaidó para um segundo mandato - mas eles têm sido incapazes de se reunir no Palácio Legislativo desde então.

Mais de 50 países, incluindo o Brasil e os EUA, reconheceram Guaidó no ano passado como presidente legítimo da Venezuela, após a reeleição de Maduro, em 2018, ter sido considerada fraudulenta.

A Venezuela tem programada para este ano uma nova eleição parlamentar, mas a oposição, sob o comando de Guaidó, ainda não conseguiu definir se participará da disputa. Para os opositores, Maduro não oferece condições adequadas para que haja uma eleição justa.

Fuga

Contrariando a praxe de todas as eleições venezuelanas anteriores, Maduro tem buscado dificultar que organismos independentes internacionais participem do monitoramento das votações. Um levantamento feito pela ONU, divulgado na terça-feira, indica que, desde 2015, 4,9 milhões de venezuelanos já deixaram o país para escapar do drástico cenário de crise que parece não ter fim. (Agências Internacionais)

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, foi formalmente indiciado nessa terça-feira (29) em três casos de corrupção, horas depois de retirar seu pedido de imunidade parlamentar contra as acusações. O procurador-geral, Avichai Mandelblit, já havia denunciado o premiê, mas não poderia formalizar o processo enquanto a imunidade de Netanyahu não fosse julgada.

Entre os três escândalos, o mais grave é o "Caso 4000", no qual Netanyahu é acusado de garantir favores à principal empresa de telecomunicações do país, a Bezeq Telecom Israel, em troca de uma cobertura positiva sobre ele e sua mulher, Sara, em um site de notícias controlado pelo ex-presidente da empresa.

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Em outro escândalo, conhecido como "Caso 1000", Netanyahu e sua mulher são acusados de receber presentes de Arnon Milchan, um produtor de Hollywood e cidadão israelense, além do bilionário australiano James Packer. Os presentes incluíam garrafas de champanhe e charutos.

O último processo é o "Caso 2000", no qual o premiê teria negociado um acordo com o jornal mais vendido de Israel, o Yedioth Ahronoth, para receber cobertura positiva em troca de uma nova lei que impediria o crescimento de um outro jornal, o Israel Hayom.

Netanyahu pode pegar até 10 anos de cadeia, se condenado por suborno, e até 3 anos por fraude e violação de confiança. O premiê nega ter feito algo errado, alegando ser vítima de uma caça às bruxas com motivações políticas da imprensa e da esquerda para derrubá-lo.

Ontem, Netanyahu retirou o pedido de imunidade por meio de um comunicado enviado de Washington, onde ele estava para a apresentação do plano de paz dos EUA para o Oriente Médio. "Informei o presidente do Parlamento que retiro meu pedido de imunidade. Mais tarde, desmentirei as acusações ridículas formuladas contra mim", disse. "Mas, no momento, não deixarei que meus adversários usem isso para prejudicar o processo histórico que lidero."

Premiê há mais tempo no cargo em Israel, Netanyahu afirmou que o debate sobre sua imunidade no Parlamento tem sido um "circo". Os procedimentos legais agora seguem para o tribunal, embora o cronograma do julgamento ainda seja incerto, podendo levar meses ou anos.

Por isso, nas eleições, Netanyahu aposta não apenas o cargo, mas sua liberdade. A lei israelense determina que um ministro indiciado deve renunciar, mas isso não se aplica ao primeiro-ministro. "Ele sabia que a imunidade não seria concedida. Então, quis se poupar de uma humilhação" disse Amir Fuchs, pesquisador do Instituto de Democracia de Israel. "Ele quer que as pessoas falem sobre o que está acontecendo nos EUA."

Segundo Fuchs, a vitória na eleição de março permite que o premiê refaça seu pedido de imunidade. O principal adversário de Netanyahu, o general Benny Gantz, líder do partido Azul e Branco, usou os problemas legais de Netanyahu em sua campanha. "Os cidadãos de Israel têm uma escolha clara: um primeiro-ministro que trabalhe para eles ou um primeiro-ministro ocupado com si mesmo", escreveu Gantz ontem no Twitter. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nessa quarta-feira (23) que teria preferência por um julgamento de impeachment mais longo para que os atuais e ex-funcionários de alto escalão do governo pudessem testemunhar, mas a questão poderia se tornar um problema de segurança nacional.

Trump afirmou, no entanto, que cabe ao Senado decidir como lidar com o julgamento. Na terça-feira, após o Senado ter debatido até altas horas da noite as regras do processo, o Partido Republicano conseguiu bloquear todas as tentativas dos democratas de convocar autoridades como testemunhas do caso.

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"A questão com John (Bolton) é que se trata de um problema de segurança nacional. Ele sabe o que eu penso, ele sabe o que eu acho sobre líderes (mundiais). O que acontece se ele revelar o que eu penso sobre um determinado líder e não for algo muito positivo?", questionou Trump ao deixar o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Trump demitiu Bolton, seu então conselheiro de Segurança Nacional, em setembro, após manter com ele uma relação tensa em que ambos divergiam sobre a abordagem ideal para países como Coreia do Norte, Irã e Afeganistão.

O aviso da demissão do ex-assessor veio por meio de um tuíte do presidente. Bolton discordava da abertura diplomática, principalmente da possibilidade de negociações com Kim Jong-un e o Taleban, que são, segundo Bolton, "inimigos dos EUA".

O presidente americano também afirmou que gostaria comparecer ao julgamento do Senado em sua própria defesa, mas seus advogados provavelmente se oporão. "Você poderia chamar de prerrogativa presidencial", disse Trump. "Na minha opinião, chamo de segurança nacional, por razões de segurança nacional."

Ontem, o presidente voltou a atacar o processo. Para ele, o impeachment é uma "caça às bruxas" e uma "farsa" e disse esperar que o Senado o absolva "rapidamente". Trump é acusado de abuso de poder ao pedir ao presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, uma investigação sobre Joe Biden, seu adversário político. Ele condicionou essa apuração à liberação de uma verba militar de US$ 400 milhões.

O presidente também é acusado de obstrução do Congresso, que tentava investigar o caso, ao impedir diversas pessoas ligadas ao seu governo de prestar depoimento e por rejeitar a entregar documentos aos investigadores durante o inquérito.

Apesar de o julgamento estar sendo marcado por debates acalorados no plenário, dificilmente o presidente será condenado. Para destitui-lo, são necessários dois terços do Senado - 67 votos. Como os republicanos hoje têm uma maioria de 53 cadeiras, de um total de 100 senadores, Trump precisaria perder o apoio de 20 aliados, o que é considerado improvável. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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