A floresta amazônica vem sendo devastada no maior ritmo dos últimos 10 anos. Apenas em julho, 2.095 km² foram desmatados, 80% a mais do que no mesmo mês em 2020, segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Essa área é maior do que a cidade de São Paulo e representa o pior índice da década para julho. Com isso, o acumulado dos últimos 12 meses também foi o maior desde 2012.
De agosto de 2020 a julho de 2021, período conhecido como o “calendário do desmatamento”, o bioma viu 10.476 km² de floresta serem destruídos, área que equivale a nove vezes a cidade do Rio de Janeiro. Esse acumulado é 57% superior ao desmatamento registrado no calendário anterior, de agosto de 2019 a julho de 2020, quando 6.688 km² foram devastados. Os dados foram obtidos através do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, que utiliza imagens de satélite e de radar para monitorar a Amazônia desde 2008.
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Em relação aos Estados, o Pará foi o que mais desmatou em julho, com 771 km² de floresta destruídos, o que representa 37% do registrado em todo o bioma. Além disso, sete das 10 terras indígenas e cinco das 10 unidades de conservação mais atingidas pelo desmatamento no período estão em solo paraense.
“No Pará, 48% da área de floresta destruída em julho se concentrou em apenas quatro cidades: Altamira, São Félix do Xingu, Itaituba e Novo Progresso. São municípios críticos que deveriam estar recebendo ações prioritárias de combate ao desmatamento, pois são regiões que estão há anos entre as que mais desmatam na Amazônia”, explica Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon. O Pará também foi o Estado com a maior área desmatada nos últimos 12 meses: 4.147 km², 43% a mais do registrado no calendário anterior.
Avanço pelo Amazonas
Assim como observado em meses anteriores, a destruição da floresta segue avançando pelo Sul do Amazonas, o que fez o Estado ficar em segundo lugar no ranking dos que mais desmataram em julho. No período, foram devastados 402 km² em solo amazonense,19% do registrado no bioma.
O Estado também ficou em segundo lugar no ranking dos que mais desmataram nos últimos 12 meses, com o acumulado de 1.831 km². Essa área é 62% maior do que a destruída no calendário anterior. “Nestes últimos 12 meses, percebemos um intenso desmatamento na região do Sul do Amazonas. Isso ocorreu devido à escassez de grandes áreas de florestas em regiões que já foram devastadas anteriormente, em Estados como Mato Grosso e Rondônia. Com isso, houve um deslocamento do desmatamento”, afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
O terceiro estado que mais desmatou em julho foi Rondônia, com 319 km² (15%), e o quarto foi o Acre, com 313 km² (15%). Ambos ultrapassaram o Mato Grosso, que vinha em terceiro lugar nos últimos meses, mas em julho registrou desmatamento de 203 km² (10%), ficando em quinto no ranking.
“Mato Grosso, por muitos anos, esteve entre os Estados que mais desmataram na Amazônia, principalmente devido à conversão da floresta para o plantio de grãos. Porém, desde 2019, o Amazonas ocupou o segundo lugar do ranking, indicando um deslocamento dos desmatadores de áreas consolidadas para regiões com mais florestas disponíveis”, aponta Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.
Já no acumulado dos últimos 12 meses, o terceiro Estado que mais desmatou foi justamente o Mato Grosso, com 1.536 km² de florestas destruídas, 58% a mais do que no calendário anterior. Em seguida ficaram Rondônia (1.352 km²) e Acre (927 km²), que tiveram aumentos respectivos de 63% e 95% em relação ao período de 2019-2020.
A análise do desmatamento por categoria do território indicou que 63% ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse, 23% em assentamentos, 11% em unidades de conservação e 3% em terras indígenas. Já as florestas degradadas somaram 32 km² em junho, sendo 75% da degradação detectada no Mato Grosso, 19% no Pará, 3% no Acre e 3% no Amazonas.
O Imazon classifica o desmatamento como o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal. Na maioria das vezes, essa mata é convertida em áreas para pecuária. Já a degradação é caracterizada pela extração das árvores, normalmente para fins de comercialização da madeira. Outros exemplos de degradação são os incêndios florestais, que podem ser causados por queimadas controladas em áreas privadas para limpeza de pasto, por exemplo, mas que acabam atingindo a floresta e se alastrando.
O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Imazon, é uma ferramenta que utiliza imagens de satélites (incluindo radar) para monitorar a floresta. Além do SAD, existem outras plataformas que vigiam a Amazônia: Deter, do Inpe, e o GLAD, da Universidade de Maryland. Todas são importantes para a proteção ambiental, pois garantem a vigilância da floresta e a emissão de alertas dos locais onde há registro de desmatamento. Os dados fornecidos ajudam os órgãos de controle a planejarem operações de fiscalização e identificarem desmatadores ilegais.
Mais informações no site do Imazon.
Da assessoria do Imazon.