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A automedicação é um problema que assola o Brasil. De acordo pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, tomar remédio sem orientação médica é um hábito comum a 77% dos brasileiros. Dentre os tipos de substâncias procuradas, o consumo exacerbado de remédios e chás emagrecedores tem se tornado, cada vez mais, um perigo para a população.
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Com a supervalorização da imagem e da estética, fenômeno da sociedade contemporânea, a procura por substâncias emagrecedoras que prometem resultados rápidos se dá, muita das vezes, por recomendação de amigos, vizinhos e até mesmo de propagandas encontradas nas redes sociais. Foi o que aconteceu com a técnica em saúde bucal Elaine Rodrigues. “A minha busca por medicamentos para emagrecer se deu por ver amigas que se submetem e conseguiram ter bons resultados, no curto período da dosagem”, conta a técnica.
Todo remédio possui efeitos colaterais, principalmente aqueles consumidos sem a prescrição individualizada. Elaine fala que teve algumas reações e preferiu não continuar com a medicação. “Percebi mudança no meu organismo, reagindo de forma muito rápida. Tive dores de cabeças fortes, sudorese, tonturas e por esse motivo não levei adiante”, descreve.
Nos últimos meses, dois casos de morte após complicações hepáticas causadas pelo consumo de remédios que prometem emagrecimento milagroso chamaram a atenção da mídia. A cantora Paulinha Abelha, da Banda Calcinha Preta, morreu com uma lesão aguda no fígado. Na receita do medicamento consumido por Paulinha constava a presença de substâncias com objetivo de inibir a absorção de carboidratos, gordura e aumentar o ganho de massa muscular. Outro caso foi o da enfermeira Mara Abreu, que tomou cápsulas de um chá emagrecedor com 50 ervas diferentes. Submetida ao transplante de fígado após ter uma hepatite fulminante, ela morreu depois da cirurgia.
O uso de emagrecedores deve ser feito a partir de um acompanhamento médico, de forma individualizada. A autônoma Nayara Gonçalves diz que, apesar de ter tentado de tudo, não conseguia perder peso e, com a ajuda de um nutricionista, pôde recorrer ao medicamento. “Eu estava muito acima do meu peso. Estava pesando 95 quilos e isso estava me deixando muito triste”, relata Nayara.
O uso do remédio, aliado à reeducação alimentar e exercícios físicos, fez com que, em três meses, Nayara tivesse uma perda significativa de 27 quilos. A autônoma fala que em alguns momentos teve dor de cabeça e alerta as pessoas que pretendem usar os emagrecedores. “Eu não indico a ninguém ficar tomando remédio sem orientação médica. E sempre procurar ver o procedimento dos medicamentos, ver se são liberados pela Anvisa”, aconselha.
Orientação profissional
A nutricionista, professora e coordenadora do curso de Nutrição da Universidade da Amazônia – UNAMA, Danielle Farias, diz que falar de alimentação saudável, inclusive de redução de peso, é muito simples se as pessoas entenderem o conceito. De acordo com a especialista, é possível perder peso se houver aumento do gasto energético por meio de uma atividade física ou se a alimentação for reduzida.
A nutricionista afirma que dietas ou alimentos que podem e devem substituir qualquer tipo de medicamento devem ter o acompanhamento de um profissional, de acordo com o perfil do paciente, os padrões alimentares e os objetivos dele. “O nutricionista vai calcular uma dieta adaptada ao paciente e assim não precisa utilizar recursos que, ao invés de melhorar a saúde, podem colocar em risco”, explica.
Segundo Danielle, muitos pacientes que buscam a reeducação alimentar já utilizaram outras ferramentas para emagrecer, principalmente dietas “milagrosas”, forte restrição alimentar, medicamentos, chás e outras substâncias. “A partir disso, eles conseguem entender um pouco mais sobre os cuidados da alimentação e nutrição, e as sequelas que o uso indiscriminado de medicamentos ou de uma dieta restritiva pode causar”, conta.
O consumo equivocado de chás, diuréticos, medicamentos inibidores de apetite e controladores da insulina do corpo pode provocar danos sérios à saúde, como a eliminação de micronutrientes e de algumas substâncias, como os eletrólitos – minerais responsáveis por transportar água para as nossas células e pelos impulsos elétricos do nosso corpo que são importantes para o movimento muscular, entre outros.
Danielle acrescenta que esse uso também pode gerar desidratação e sobrecarga renal e hepática. Ela reforça a importância de contar com um especialista que seja ético e que consiga estabelecer ferramentas e estratégias nutricionais que acelerem o emagrecimento sem colocar em risco a vida do paciente. “Existem, sim, diversos riscos acompanhados da utilização de chás, de sucos detox, por exemplo, que são consumidos de forma desenfreada”, alerta.
Por Even Oliveira e Isabella Cordeiro (sob orientação e acompanhamento de Antonio Carlos Pimentel)