Tópicos | FABRÍCIO QUEIROZ

Fabrício Queiroz deixou, na noite dessa sexta-feira (10), o Complexo Penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio de Janeiro, onde estava preso desde o dia 18 de junho no Presídio Bangu 8. Atendendo a decisão judicial, Queiroz saiu da penitenciária com tornozeleira eletrônica e cumprirá pena em prisão domiciliar.

A esposa de Queiroz,  Márcia Aguiar, continua foragida e a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio informou que aguarda que ela compareça na Coordenação de Patronato Magarinos Torres, órgão da secretaria, para que, conforme decisão judicial, seja “instalada uma tornozeleira eletrônica” em Márcia.

##RECOMENDA##

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) informou que recebeu hoje o ofício do Superior Tribunal de Justiça (STJ) informando sobre a conversão da prisão preventiva de Fabrício Queiroz e da mulher dele, Márcia Aguiar em prisão domiciliar. O desembargador Mílton Fernandes de Souza, do Órgão Especial do TJRJ é o autor do alvará de soltura de Queiroz. O magistrado determinou que a decisão do STJ seja cumprida.

Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), na época em que o parlamentar era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), foi beneficiado por uma decisão de ontem (9) do presidente do STJ, João Otávio de Noronha, que atendendo a um pedido da defesa dele, concedeu prisão domiciliar ao ex-assessor e à mulher dele, Márcia Aguiar. Ela é considerada foragida desde o dia 18 de junho, porque não foi encontrada para o cumprimento do mandado de prisão expedido pela Justiça do Rio de Janeiro na Operação Anjo, que resultou na prisão do marido.

O ex-assessor foi preso em Atibaia, interior de São Paulo por integrantes do Ministério Público e da Polícia Civil do estado. Ele estava em uma casa do advogado Frederick Wassef.

Recomendação do CNJ

Na decisão de ontem, o ministro Noronha se baseou na recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que seja analisada a necessidade da manutenção de prisões durante a pandemia da Covid-19. Dessa forma, o magistrado acolheu a alegação da defesa de que Queiroz se recupera de um câncer. 

Para sair do Presídio Bangu 8, a defesa teve que indicar um endereço fixo, onde a prisão domiciliar será cumprida e as autoridades policiais poderão ter acesso caso seja necessário. Queiroz terá que cumprir medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, desligamento de linhas telefônicas, entrega dos celulares e computadores para a polícia e proibição de contato com terceiros, exceto familiares.

Na decisão que beneficiou Márcia Aguiar, o ministro Noronha entendeu que a mulher pode cuidar do marido durante o período da prisão domiciliar.

Para o advogado de Fabrício Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, a prisão preventiva cumprida no mês passado é uma medida jurídica exagerada e desnecessária. “Me parece excessivo uma pessoa que sempre esteve à disposição, que está em tratamento de saúde, que ofereceu esclarecimentos nos autos, que não apresenta risco nenhum de fuga, ela sofra uma medida tão pesada quanto uma prisão preventiva”, disse Catta Preta, após a decisão de ontem do STJ.

No dia 18 de junho, data da prisão de Queiroz, pelo Twitter, o senador Flávio Bolsonaro disse que encara a prisão do ex-assessor com tranquilidade e que "a verdade prevalecerá". De acordo com o senador, a operação é "mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro".

Foto: Reprodução/Polícia Civil

A decisão "muito rara" do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, de conceder prisão domiciliar a Márcia Oliveira de Aguiar, mulher foragida do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, foi duramente criticada por seis integrantes do tribunal ouvidos reservadamente pelo Estadão.

Outro ponto, levantado por especialistas, é o de que Noronha negou em março um pedido Defensoria Pública do Ceará para tirar da cadeia presos de grupos de risco, como idosos e gestantes, em virtude da pandemia do novo coronavírus. A pandemia e o Estado de saúde de Queiroz foram argumentos usados pela defesa do ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para retirá-lo do presídio de Bangu.

##RECOMENDA##

"Absurda", "teratológica", "uma vergonha", "muito rara" e "disparate" foram alguns dos termos usados por ministros do STJ de diferentes alas ao analisar a decisão de Noronha. Nenhum deles quis se manifestar publicamente porque podem vir a julgar o caso.

Um dos ministros disse à reportagem estar "em estado de choque" e desconhecer precedente do tribunal para dar prisão domiciliar a um foragido da Justiça, em referência à mulher de Queiroz. Outro lembrou que o ex-assessor parlamentar tinha orientado testemunhas e agido para prejudicar a investigação, o que justificaria a manutenção da prisão.

Para um subprocurador-geral da República, a decisão de Noronha é "muito estranha". Segundo esse integrante do Ministério Público Federal, "estar foragido já seria motivo para a prisão, agora virou motivo para soltar".

A avaliação dos colegas de Noronha é a de que o relator do caso, Félix Fischer, não tiraria Queiroz da cadeia, nem colocaria sua mulher em prisão domiciliar. Fischer é considerado um dos ministros mais linha dura do STJ, mas o caso foi decidido por Noronha, responsável por analisar os casos considerados urgentes no recesso da Corte. A aposta nos bastidores é a de que a decisão de Noronha pode ser revista quando for apreciada pela Quinta Turma. Não há previsão de quando isso vai ocorrer.

"A questão é: o próprio Noronha deixou de apreciar um habeas corpus coletivo pelas mesmas razões (doenças e grupo de risco) para presos pobres e idosos do Ceará, mesmo podendo fazê-lo de ofício, inclusive. A seletividade é o grande problema da decisão", critica a professora da FGV Direito SP Eloísa Machado.

"É inusual a concessão de habeas corpus para uma pessoa considerada foragida, já que o fato de estar foragido pode significar justamente uma tentativa de frustração de aplicação da lei. Da perspectiva humanitária, durante uma pandemia, é uma decisão excelente - o problema é ter sido feita, ao que parece, sob medida e apenas para este casal", acrescentou Eloísa.

O advogado criminalista Davi Tangerino, professor da FGV-SP, considerou "inusitada" a decisão no caso Queiroz. "O que fica estranho pra gente é a seletividade. Pro Queiroz tem fundamento, mas pros velhinhos presos, não? Toda vez que uma decisão parece muito excepcional, é preciso tomar cuidado para saber se não foram usados pesos e medidas diferentes."

Procurado pela reportagem, Noronha não se manifestou. O espaço está aberto para as manifestações.

A decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça João Otávio Noronha de migrar do regime fechado para prisão domiciliar o ex assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, acusado de operar o esquema de rachadinha, repercutiu de diversas formas. Uma delas, na verdade, acabou sendo uma lembrança. O ministro foi o mesmo que tirou de Bolsonaro a obrigatoriedade de mostrar seus exames, após suspeita que ele tivesse contraído a covid-19. 

Em seu twitter, o deputado federal do Psol Marcelo Freixo chamou atenção para a coincidência: "O ministro João Otávio de Noronha, que mandou Queiroz e a esposa, que está foragida, para a prisão domiciliar, é o mesmo que derrubou a obrigatoriedade de Bolsonaro apresentar os resultados de seus exames de covid".

##RECOMENDA##

O motivo da decisão de Otávio Noronha, conforme disse o STJ, foi o estado de saúde de Queiroz, que está com câncer e que necessita dos cuidados da sua esposa, que está foragida e mesmo assim teve concedido o direito de prisão domiciliar. Entretanto, chama atenção o fato da corte já ter analisados pedidos de situações de grupos de riscos em relação a pandemia em presídios e ter negado as requisições de prisão domiciliar. 

Noronha já recebeu elogios públicos do presidente Jair Bolsonaro, como na ocasião da posse do Ministro da Justiça André Mendonça. "Prezado Noronha, permita-me fazer assim, presidente do STJ. Eu confesso que a primeira vez que o vi foi um amor à primeira vista. Me simpatizei com Vossa Excelência", afirmou o líder do executivo na ocasião. 

Suas decisões que, de certa forma, favorecem Bolsonaro foi motivo de questionamentos em torno da imparcialidade do presidente do STJ. Para a coluna de Leonardo Sakamoto no UOL a professora da FGV Direito-SP Eloísa Machado a decisão escancara uma seletividade e politização do poder judiciário.

"Seletividade porque o próprio presidente da corte negou uma série de habeas corpus, inclusive coletivo, para pessoas do grupo de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas durante a pandemia", ressalta. "E politização porque essa seletividade parece estar orientada para agradar o governo Bolsonaro, o que tem sido comum das decisões de Noronha", pontua. 

Através de nota enviada à imprensa, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), deu detalhes sobre a decisão liminar do ministro João Otávio de Noronha, presidente do órgão, que converteu a prisão preventiva de Fabrício Queiroz para prisão domiciliar. Segundo ele, foram levadas em consideração as “condições pessoais de saúde” do ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro em em face da “situação extraordinária da pandemia”.

No entanto, a decisão do STJ – que disse ter seguido recomendação nº 62/2020 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - impõe condições para que Fabrício Queiroz fique em casa, entre elas, o uso de tornozeleira eletrônica.

##RECOMENDA##

Confira:

- Indicação do endereço onde cumprirá a prisão domiciliar ora deferida, franqueando acesso antecipado à autoridade policial para aferir suas condições e retirada de toda e qualquer forma de contato exterior

- Permissão de acesso, sempre que necessário, da autoridade policial, que deverá exercer vigilância permanente do local para impedir acesso de pessoas não expressamente autorizadas;

- Proibição de contato com terceiros, seja quem for, salvo familiares próximos, profissionais da saúde e advogados devida e previamente constituídos;

- Desligamento das linhas telefônicas fixas, entrega à autoridade policial de todos  telefones móveis,  bem como computadores, laptops e/ou tablets que possua;

- Proibição de saída sem prévia autorização e vedação a contatos telefônicos;

- Monitoração eletrônica

 

A desembargadora Suimei Cavalieri, do Tribunal de Justiça do Rio, encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) os habeas corpus apresentados pela defesa de Fabrício Queiroz e sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar. Ele está preso desde o dia 18 de junho; ela, foragida desde então. O processo chegou ontem à noite a Brasília.

Suimei compõe a 3ª Câmara Criminal do TJ e foi voto vencido ao decidir pela manutenção do Caso Queiroz na primeira instância. Ou seja, entendeu que Flávio Bolsonaro não tem direito a foro especial na segunda instância por ser deputado estadual na época em que os crimes teriam sido praticados.

##RECOMENDA##

No entanto, como os demais desembargadores deram o benefício ao hoje senador, Suimei entendeu agora que, já que o caso vai para o segunda instância, cabe ao STJ, que está acima do Órgão Especial do TJ fluminense, julgar os pedidos de habeas corpus relativos a ele. O documento está nas mãos do presidente João Otávio de Noronha, único ministro que não está de recesso.

Como o Estadão mostrou no mês passado, Noronha tem perfil governista: em decisões individuais, atendeu aos desejos da Presidência da República em 87,5% dos pedidos que chegaram ao Tribunal. Queiroz é amigo de longa data do presidente Jair Bolsonaro e, segundo o Ministério Público, atuava como operador financeiro do suposto esquema de desvios liderado pelo filho ‘01’ do presidente.

O ex-assessor foi alvo de prisão preventiva há cerca de três semanas. Ele é acusado de praticar obstrução de Justiça ao longo do processo. No habeas corpus, a defesa pede a conversão da prisão preventiva em domiciliar. Os advogados citam o estado de saúde de Queiroz e o contexto de pandemia, além de criticarem fundamentos da medida autorizada pela Justiça.

O caso estava prestes a ter a primeira denúncia apresentada quando os desembargadores do Rio mudaram o foro de Flávio. O MP entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal para que a investigação volte para a primeira instância. A expectativa é de que os ministros analisem o pedido em agosto, quando voltarem do recesso.

A defesa do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz apresentou novo pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) para que ele seja posto em liberdade. O recurso foi movido pelo advogado Paulo Emílio Catta Preta na semana passada e ainda aguarda apreciação da 3ª Câmara Criminal - a mesma responsável por dar foro privilegiado a Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no final de junho.

Queiroz está preso desde o dia 18 de junho no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio. Ele foi detido em Atibaia, no interior de São Paulo, na casa do ex-advogado de Flávio Bolsonaro Frederick Wassef e levado à capital fluminense para cumprir pena preventiva por obstrução no caso das "rachadinhas". A ordem de prisão partiu do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio, posteriormente afastado do caso

##RECOMENDA##

Após a prisão, a defesa de Queiroz solicitou a substituição da prisão preventiva pelo regime domiciliar alegando motivos de saúde: Queiroz se recupera de um câncer. O advogado Paulo Emílio Catta Preta também questionava as justificativas do Ministério Público fluminense, afirmando que se tratavam de ilações que ignoravam a contemporaneidade dos fatos.

O recurso foi distribuído à desembargadora Suimei Meira Cavalieri, que negou o pedido liminarmente. A magistrada foi vencida no julgamento que concedeu, por dois votos a um, a prerrogativa do foro privilegiado a Flávio Bolsonaro - tirando o caso Queiroz da primeira instância.

Se o novo recurso de Queiroz tiver o mesmo destino do primeiro, o ex-assessor ainda pode ser solto em breve por uma terceira via. Isso porque, com a passagem do inquérito das "rachadinhas" para segunda instância, a validade das diligências determinadas até aqui, incluindo a prisão do policial da reserva, vai ser julgada pelo Tribunal de Justiça do Rio. Caso os desembargadores entendam que o juiz de primeira instância não tinha legitimidade para determinar a preventiva, a medida poderá ser anulada.

Durante mais de um ano em que viveu em Atibaia (SP), o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz fez apenas um amigo. Eleitor declarado do presidente Jair Bolsonaro, sócio do Clube de Tiro de Atibaia, formado em publicidade e engenharia mecânica, Daniel Carvalho, 35 anos, mora em Campinas e é dono da loja de conveniência em um posto de combustíveis próximo à casa do advogado Frederick Wassef, onde Queiroz foi preso.

A loja tem um deck de madeira que funciona como bar e restaurante e era o ponto preferido do ex-assessor na cidade. O Jornal Nacional, da TV Globo, revelou na quinta-feira, 2, um vídeo no qual Daniel, Queiroz e Márcia de Aguiar, mulher do ex-assessor, tomam cerveja juntos. O vídeo parece ter sido gravado no final do ano passado porque, nele, Queiroz deseja "um feliz 2020".

##RECOMENDA##

Segundo Carvalho, Queiroz estava muito deprimido nos últimos meses, reclamava da falta de dinheiro e dizia estar ansioso para depor o quanto antes ao Ministério Público e tentar retomar sua vida.

No primeiro momento, antes de selarem a amizade, Queiroz se apresentou com nome falso, Felipe, que é como se chama um de seus filhos.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Daniel disse que Queiroz demonstrou tristeza quando o amigo e também ex-policial Adriano Nóbrega, acusado de integrar uma milícia no Rio, foi morto na Bahia. "Mataram um cara muito bom que não merecia ser morto", disse Queiroz.

De acordo com o amigo, o ex-assessor demonstrava incômodo ao falar de Bolsonaro e seus filhos mas sempre defendeu o presidente e o hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) das acusações de prática de "rachadinha".

A seguir os principais trechos da entrevista:

Como você conheceu Fabrício Queiroz?

Na loja de conveniência. No começo sempre iam os três, a Ana Flávia (Rigamonti, advogada que trabalhava para Frederick Wassef), a Márcia (mulher de Queiroz) e ele. A Márcia e a Ana bebiam. Ele tomava suco e refrigerante. Como sempre falavam do cara na televisão eu sabia que era ele. Como acontece com ele e com muitos clientes a gente guarda para a gente, não fica espalhando nada. Até porque nunca teve pedido de prisão contra ele, nada. Como ele ia bastante, duas três vezes por semana, a gente fez amizade.

Quando foi isso?

Cerca de um ano atrás. Acho que julho do ano passado.

Aí vocês se aproximaram e ficaram amigos?

A loja é pequena, a gente conhece a maioria do pessoal pelo nome. Como eu ficava muito lá naquela época eu já sabia por exemplo que a Márcia gostava de Heineken e servia a cerveja que ela gostava. Eles também pediam marmita. Eu ia entregar e conversava um pouco. Assim foi aumentando a amizade. Quando eles não pediam a gente sabia que eles estavam viajando.

Eram períodos longos que ele viajava?

Duas, três semanas. Ele ia e voltava. Às vezes ele ficava mais tempo, um mês ou dois. Mas nunca teve uma data certa.

Antes de vocês ficarem amigos ele se apresentava como Fabrício?

Não, Felipe. Nome do filho dele. A primeira vez que ele se apresentou foi como Felipe.

Foi você que teve a iniciativa de dizer que sabia quem ele era?

Não. Nossa amizade ficou tão grande que, lá por setembro do ano passado, bebi umas duas ou três cervejas, estava muito à vontade, ele não estava lá, estavam só a Ana Flávia e a Márcia e eu contei. A Márcia perguntou se eu sabia quem eles eram e eu disse que sabia. Foi espantoso mas eles receberam com alívio, porque sabiam que ali tinham um amigo. Foi espantoso, mas foi bom. A Márcia falou pro Fabrício e quando ele me encontrou já sabia que eu sabia. No comércio a gente tem essas coisas. Lá na loja vai cliente com a amante, deixa a amante e volta com a mulher. É uma regra de restaurantes e bares. Tem aquela frase famosa, o que acontece em (Las) Vegas fica em Vegas. Como não tinha pedido de prisão nem nada eu fiquei na minha. Só eu sabia. Inclusive, era por isso que eu fazia as entregas. Para ninguém ver ou achar alguma coisa.

Ele não queria ser reconhecido?

Na verdade, ele usou esse nome (Felipe), mas nunca escondeu de ninguém quem ele era. Ele andava pela cidade, saía. Pouco mas saía. Antes de fazer as cirurgias. Minha companhia com ele era mais por problemas de saúde. Eu sempre levava ele para as consultas médicas em Bragança (Paulista). Ele fez muitos exames por causa do olho. Então, eu não saía com ele para lazer.

Qual problema ele tinha nos olhos?

Ele tinha uma bola em um olho. Não sei dizer o que era mas estava muito feio. Ele estava enxergando muito mal. Aí ele marcou a cirurgia, foi pro Rio e quando voltou estava sem carro. Não sei como ele veio. Mas estava sem carro e sozinho e eu, por ser essa pessoa de confiança, ele, até meio sem jeito, me perguntou se podia levá-lo para fazer a cirurgia do olho. Eu levei. A cirurgia demorou demais. Lembro que, quando a gente saiu, eram umas 17h e ele me perguntou como estava o olho. Quando eu olhei era só sangue que caía. Era como se o sangue estivesse saindo do olho. Foi a cena mais horrível que eu vi na minha vida. Fomos na farmácia comprar os remédios e a moça quase desmaiou quando viu ele daquele jeito. Chegou a ser engraçado. Isso foi em fevereiro ou final de janeiro.

Ele também fez uma cirurgia na próstata?

Fez depois do olho. Ele já tinha marcado a cirurgia, não sei o que era, acho que câncer, e tinha que operar. Aí começou a história do coronavírus e eu falei pra ele não fazer a cirurgia mas ele quis fazer e fez. Quem estava com ele era a filha, Evelyn. Ela que o levou ao hospital. Ele ficou um tempão com sonda.

Queiroz gostava de Atibaia?

Ele estava com muita saudade da família dele. Muito preocupado com os filhos. Um dia, ele falou pra mim, quando estava almoçando, que tinha que encaminhar os filhos dele, garantir que eles estudassem. Ele estava com muito pouco dinheiro porque recebia só a aposentadoria da polícia e tem muitos filhos, paga as contas do apartamento e estava muito apertado financeiramente. Imagine o cara com problema financeiro, tendo que encaminhar os filhos e preocupado com tudo, aquilo começou a explodir o corpo dele.

Ele estava tomando antidepressivo?

Ele tomava antidepressivo e um remédio chamado Zolpidem para dormir. Ele estava tão preocupado com tudo que tomava o remédio, dormia e capotava. Realmente estava muito deprimido. Tanto é que um dia ele estava sozinho e foi pro Rio de Janeiro ver os filhos e voltou depois de dois ou três dias. Ele tinha muita saudade da família, preocupação com o futuro e com agora. Ele está na mídia e não sabe que tipo de maldade podem fazer com os filhos. Ele não comia, não tinha fome, estava ficando cada vez mais doente.

Ele dizia que podia ser preso?

Não. Isso ele nunca falou para mim. O que ele dizia, nesta última temporada, que estava esperando uma carta do Ministério Público para ir depor. Ele falou várias vezes: "está chegando a hora de ir lá depor". Dizia que só estava esperando chamarem.

Mas ele foi intimado em 2018 e nunca compareceu

Ele queria dia e hora. Nos últimos cinco dias antes de ser preso falou bastante disso. Um dia antes ele veio conversar comigo, disse que estava chegando a hora de falar ao Ministério Público, mas estava com a vista muito ruim e perguntou se poderia levá-lo ao Rio para depor. Eu disse que sim. Ele queria depor para poder retomar a vida.

Ele dizia o que poderia falar ao Ministério Público?

Ele falava que estava tranquilo, não cometeu crime nenhum, mas queria ir logo depor para ficar em paz e ter a vida dele de volta. Porque essa história tirou a vida do Fabrício. Ele não vivia. Era um cara do bem, sempre muito cortês, muito legal, os funcionários da loja gostavam muito dele. Essa história toda acabou com a vida dele. Ele desabafava comigo algumas coisas porque confiava em mim.

Ele se queixava de ter sido demitido pelo Flávio?

Não. Estes detalhes da vida pregressa ele nunca comentou. Ele falou muito pouco para mim de Flávio, de Jair. Sobre o gabinete ele nunca falou nada para mim. Acho que nunca se sentiu à vontade e eu também não perguntei. A gente era amigos dali para a frente.

Nestes poucos comentários o que ele disse?

Falou que conhecia os filhos do Jair desde pequeno, viu as crianças pequenininhas, que conhece o Jair da época do Exército. Disse que é um homem muito bom, honesto, e que o Flávio também é honesto. Ele só elogiava.

Queiroz disse para o Ministério Público que pegava o dinheiro dos colegas de gabinete para fazer negócios. Ele não ganhou dinheiro com isso?Não tinha uma reserva?

Ele nunca comentou isso comigo. Nunca falou nada disso.

Como ele pagou as cirurgias?

Acho que foi o plano de saúde. Por isso ele fez em Bragança. Porque ele me contou que pagou a cirurgia do Einstein. Como estava com muito problema financeiro, ele disse que fazia dois anos que não trabalhava e estava apertado, então foi onde o convênio cobria.

Sobre o Adriano Nóbrega ele comentou alguma coisa?

Só uma vez ele ficou triste e disse que mataram um cara muito bom que não merecia ser morto e comentou o nome dele aqui no deck.

Vocês não falavam sobre política? Sobre o governo Bolsonaro?

Na verdade, ele odiava falar disso porque não se sentia bem justamente por causa do que aconteceu com ele. Às vezes eu comentava alguma coisa mas ele não puxava este assunto. A gente falava muito de futebol. Acho que ele não tinha ainda a liberdade toda de falar para mim sobre política.

Ele falava sobre Wassef?

Eu já conhecia o Fred. Ele era meu cliente antes disso tudo. Ele usava o lava-rápido e tomava café na loja. Eu não sabia que ele é advogado, nunca soube disso, muito menos que era advogado do Bolsonaro. O Fabrício não falava do Fred, só que eu sabia que a casa era dele porque tinha a placa lá na frente, e soube que a Ana Flávia trabalhava para ele. Eu sou uma pessoa inteligente e já entendi a situação sem ninguém me falar nada. Eu pressupus que aquela casa era do Fred e a moça era funcionária.

Como você descobriu o elo entre os dois?

Teve um dia que a Ana Flávia veio sozinha aqui no deck. Um domingo. E ela falou que tinha emprestado o carro para eles irem para o Rio porque deu algum problema com uma das filhas dele. Nesse dia a gente acabou conversando que o Fred tomava conta dela, que ela era funcionária dele. Depois disso, ela comentou que teve um problema de família, voltou para a cidade dela e nunca mais a vi. Foi aí que o Fabrício ficou sem carro, não tinha como se locomover, estava sozinho e de vez em quando me pedia um favorzinho. Aí começou a ficar depressivo, mas saiu em janeiro, fevereiro e março.

Alguma vez você viu Wassef e Queiroz juntos?

Nunca.

Você já viu Wassef na sua loja enquanto Queiroz estava na cidade?

Sim e não. A maioria das vezes não, mas acredito que pode ter coincidido alguma vez. Não tenho certeza, melhor dizer que não. O Fred não tinha um tempo preciso para vir aqui. E sempre vinha sozinho. O Fabrício pode ter mencionado o Fred, mas não lembro. Pode ter dito, "conheço", mas nunca contou nenhuma história.

Queiroz demonstrava preocupação com o fato de a mulher e a filha, Nathalia, terem entrado na mira do Ministério Público?

Não. Ele dizia que o negócio era com ele e elas não tinham nada a ver.

Sobre a questão da "rachadinha" ele falava?

Nunca. A única coisa que falou é que não fez nada de errado.

Ele era uma pessoa desconfiada?

Ele nunca contou as histórias do passado. Acho que não tinha ainda tanta intimidade. Ele sabia em quem podia confiar. Era um homem discreto. Um homem muito bom, admirável, diferente do que estão falando na TV. Estão acabando com a vida dessa família e é por isso que estou falando com você.

Ao pedir a prisão preventiva de Fabrício Queiroz, o Ministério Público do Rio citou três contatos que, anotados à mão numa caderneta, poderiam ajudar a família quando o ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) fosse detido. O material apreendido com a mulher dele em dezembro do ano passado, no entanto, não se limita a isso. Segundo imagens às quais o Estadão teve acesso, Márcia Oliveira de Aguiar tinha nessa agenda-guia números de celulares atribuídos ao presidente Jair Bolsonaro, ao próprio Flávio, à primeira-dama, Michelle, e a diversas pessoas ligadas à família, além de contatos e anotações sobre policiais, pessoas envolvidas com a milícia e políticos do Rio.

Um desses contatos estaria guardando uma pistola Glock para Queiroz enquanto ele se escondia em São Paulo, segundo anotação de Márcia. A agenda foi apreendida em dezembro de 2019, quando o Ministério Público cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados a Queiroz. Segundo a investigação, o caderno era uma espécie de guia para Márcia caso o marido fosse preso e ela não estivesse entre os alvos.

##RECOMENDA##

Queiroz foi preso no dia 18 de junho em Atibaia, interior de São Paulo, na casa de Frederick Wassef, então advogado de Flávio no caso das "rachadinhas" - apropriação do salário de servidores - na Assembleia Legislativa do Rio. Também alvo de mandado de prisão, Márcia é considerada foragida desde então.

O nome de Queiroz veio à tona em dezembro de 2018, quando o Estadão revelou movimentações financeiras atípicas na conta do ex-assessor.

No pedido de prisão preventiva, a Promotoria mencionou apenas três nomes que poderiam favorecer Queiroz. Mas, no material bruto, há também contatos com comentários que também indicam orientações do marido enquanto estava escondido. Outros - como os telefones atribuídos a Bolsonaro, Flávio e Michelle - não vêm acompanhados de anotações.

A família presidencial compõe parte significativa dos papéis. Numa mesma folha, dois números de Jair e um de Michelle aparecem juntos; noutra, um celular de Flávio e um de sua mulher, Fernanda. Há ainda o contato de Max Guilherme Machado de Moura, ex-segurança e hoje assessor especial do presidente, além do sócio de Flávio na loja de chocolate investigada por suposta lavagem de dinheiro, Alexandre Santini.

Bolsonaro não é - e nem poderia ser, por causa do foro especial - investigado pelo Ministério Público do Rio. Também não há indícios, nas conversas de Márcia no período investigado, de que tenha havido alguma troca de mensagem entre a mulher de Queiroz e o presidente e seus parentes.

Não é possível saber a data exata das anotações, já que eram feitas à mão, mas algumas indicações deixam claro que foram escritas depois da eleição de 2018. Políticos em primeiro mandato na atual legislatura já apareciam ali identificados pelos seus respectivos cargos. É o caso dos deputados estaduais Rodrigo Amorim (PSL) e Marcelo do Seu Dino (PSL), o federal Lourival Gomes (PSL-RJ) e o segundo suplente de Flávio no Senado, Léo Rodrigues, hoje secretário de Ciência e Tecnologia do governo Wilson Witzel (PSC).

Entre os contatos, há um coronel identificado como amigo de Queiroz e "braço direito do Bração (sic)", uma possível referência a Domingos Brazão, ex-deputado e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado por suspeitas de corrupção, ou um de seus irmãos - os deputados Pedro e Chiquinho.

O caderno também tem contatos de pessoas ligadas a Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano - que, segundo o MP, se beneficiava da "rachadinha" no gabinete de Flávio - morto em fevereiro. Raimunda, a mãe de Adriano que teve cargo no gabinete de Flávio e também é investigada, mantinha conversas com Márcia, de quem é amiga. Alguns trechos indicam que havia coordenação entre interlocutores de Adriano, então foragido da Justiça desde janeiro de 2019, e de Flávio e Queiroz.

Outra pessoa ligada a Adriano é uma mulher identificada como Andreia, que seria amiga de Raimunda e tem, sob seu nome, a seguinte anotação: "fazer deposto (sic) na conta do Queiroz". Segundo as investigações, "deposto" seria "depósito". Outro pequeno caderno apreendido traz anotações sobre o dinheiro em espécie usado para pagar o tratamento de Queiroz no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Márcia teria recebido R$ 174 mil para as despesas.

Defesa

O deputado Rodrigo Amorim, conhecido na eleição por quebrar a placa de Marielle Franco, afirmou que conheceu Queiroz em 2016, quando foi candidato a vice-prefeito na chapa de Flávio Bolsonaro. "Sempre o vi como um militante aguerrido, um cara que gostava de trabalhar na rua, de abordar o eleitor. Agora, se ele cometeu erros, que responda, dentro da lei e com a ampla defesa a que tem direito."

Léo Rodrigues afirmou que conhece Queiroz porque fizeram campanha juntos, mas que desconhece a existência da agenda de Márcia. "Até o momento ninguém fez contato comigo, mas não me oporia em ajudá-lo caso precisasse, sempre de forma lícita e republicana."

O senador Flávio Bolsonaro, o presidente e a primeira-dama foram procurados, mas até a conclusão desta reportagem não deram resposta. O Estadão não conseguiu contato com os deputados Marcelo do Seu Dino e Lourival Gomes; a família Brazão não respondeu. 

Dados do celular de Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, ajudam a elucidar onde o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) esteve enquanto o País perguntava sobre seu paradeiro. Apreendido em dezembro do ano passado pelo Ministério Público do Rio, o aparelho da também ex-assessora, foragida há duas semanas com a prisão preventiva decretada, mostra que Queiroz passou por pelo menos três cidades e endereços ligados a Frederick Wassef - ex-defensor do parlamentar e que também se apresentava como advogado do presidente Jair Bolsonaro.

Wassef nunca atuou formalmente para Queiroz e só entrou oficialmente no caso representando Flávio nos autos, em meados de 2019. Em 18 de junho passado, o ex-assessor foi preso num sítio em Atibaia (SP) registrado por Wassef como escritório. O advogado alegou que deu abrigo a Queiroz por uma "questão humanitária". Disse também que o fato de o ex-servidor do gabinete de Flávio estar lá não constituía crime, já que o policial aposentado não era considerado foragido. Até então, não havia mandado de prisão contra ele.

##RECOMENDA##

Márcia e o suposto operador de Flávio chegaram ao aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, em 18 de dezembro de 2018, segundo informações obtidas pelo Ministério Público e às quais o Estadão teve acesso. Poucos dias antes, o jornal havia revelado que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta no nome do ex-assessor.

Queiroz é apontado na investigação do Ministério Público como o operador de esquema de "rachadinhas" - apropriação de parte dos salários dos funcionários - no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio. Pouco antes do réveillon, Queiroz passou por cirurgia para tratamento de um câncer no hospital Albert Einstein.

Cerca de dois meses depois, no fim de fevereiro de 2019, o celular de Márcia começou a registrar sua presença no Guarujá, no litoral paulista. Nas fotos do imóvel em que se hospedaram, destaca-se a vista para o mar. Por meio dessas imagens e de informações como conexões em redes de wi-fi, o MP conseguiu construir um mapa de deslocamento da investigada, que passou dez anos empregada no gabinete de Flávio - a suspeita é de que ela seria funcionária "fantasma". O casal deixou registros na praia da cidade e em locais como uma cafeteria.

Segundo reportagem do Jornal da Band, publicada na semana passada, o apartamento de 200 metros quadrados na praia de Pitangueiras pertence à família de Wassef. O ex-assessor teria chegado lá em dezembro de 2018, antes dos registros observados no telefone de Márcia, conforme relataram moradores à TV.

Ao longo de 2019, Márcia, que morava no Rio, visitou o marido diversas vezes. Depois dos quatro meses em que há indícios seus no Guarujá, foram a Atibaia, no interior paulista. Lá, os registros começam a aparecer em 27 de junho, quase um ano antes da prisão de Queiroz no escritório de Wassef na cidade.

Mesmo com o mistério em torno do seu paradeiro, Queiroz não deixava de ir ao Rio visitar a família ou a São Paulo para compromissos médicos. Num dos trajetos, o casal parou em Aparecida (SP). Apesar da aparente descontração, Márcia dava a entender, em conversas pelo WhatsApp, que Queiroz vivia "no limite" e descontava o estresse nela quando chegava ao Rio. As idas à capital paulista incluíram, em agosto, um passeio pela Rua Augusta. Já no dia 23 de novembro, Márcia recebeu, à meia-noite, uma mensagem de Queiroz dizendo que ele e o filho Felipe estavam no apartamento do "Anjo", como era chamado Wassef nas conversas.

Embora tenha escritório em Atibaia, o advogado vive no Morumbi, zona sul da capital, onde Queiroz chegou a ficar antes de ir para o Guarujá. Com base nessas informações, há indícios de que pelo menos três endereços vinculados a Wassef tenham servido de abrigo para Queiroz.

Em 23 de novembro, conforme os registros, o advogado estava em Brasília, já que o Supremo Tribunal Federal decidia o futuro da investigação sobre as "rachadinhas". Foi no dia seguinte, pela manhã, que Queiroz contou à mulher sobre o plano de Wassef de levar toda a família para se esconder em São Paulo em caso de derrota na Corte, como ocorreu. Márcia considerava um "exagero".

Operação

O celular da mulher de Queiroz foi apreendido em dezembro pelo MP do Rio, quando foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados a assessores de Flávio. O material capturado no endereço de Márcia inclui anotações com contatos que poderiam ser acionados em caso de emergência. Na mesma semana em que Queiroz dormiu na casa do advogado em São Paulo, Márcia dizia que a família estava sendo feita de "marionete" pelo ex-defensor de Flávio.

Procurado pela reportagem, Wassef não se manifestou até a publicação desta matéria. 

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) e o empresário Paulo Marinho trocaram ofensas nas redes sociais após o Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro pedir à Justiça a quebra de sigilos de assessores do parlamentar. No Instagram, Flávio chamou o ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "tiazinha do pulôver", enquanto o empresário sugeriu que o senador não pague de "gostosão" com os investigadores.

Paulo Marinho é suplente de Flávio. Ele denunciou que os assessores receberam informações privilegiadas da Polícia Federal durante o período eleitoral de 2018 sobre a Operação Furna da Onça, que mirava o ex-assessor Fabrício Queiroz.

##RECOMENDA##

Em publicação no Instagram, o filho do presidente disse que o pedido do MPF é baseado em uma fofoca do empresário. A foto usada na postagem traz a mensagem "O cara pediu a quebra de sigilo do meu ADVOGADO? Não sei que tesão é esse em mim..."

[@#video#@]

O suplente rebateu em sua conta no Twitter. "Não me permito debater com quem tem tanto a explicar para a Justiça, mas como você me convidou para ser seu suplente e conselheiro, fica aqui uma dica: melhor não pagar de 'gostosão' com os investigadores do MPF porque eu e você sabemos o que você fez no verão de 2018", escreveu.

Marinho acrescentou que o senador sabe o que a quebra de sigilo revelerá sobre a localização dos assessores durante o segundo turno das eleições. "Vai mostrar com clareza e veracidade do que você me relatou quando veio chorando à minha casa pedir ajuda".

"Quanto aos pullovers: quem aprecia muito o meu bom gosto é o seu pai, a quem eu presenteei com 3 e nunca mais os tirou. Em relação à referência homofóbica, espero que não crie mais problemas familiares para o senador", seguiu o empresário em uma terceira mensagem no Twitter.

[@#podcast#@]

Segundo a denúncia de Marinho, o filho de Jair Bolsonaro pediu indicação de advogados para defendê-lo no caso Queiroz. Flávio teria relatado que obteve informações privilegiadas da PF sobre a operação.

Em mensagem interceptada pelo Ministério Público do Rio, a ex-assessora parlamentar Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, reclamou das táticas impostas pelo advogado Frederick Wassef. Em novembro do ano passado, ela disse à advogada Ana Flávia Rigamonti, que trabalha com Wassef, que não queria mais viver como "marionete do Anjo". "Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar?"

As mensagens reforçam indícios de que, embora negue, Wassef atuava de forma efetiva na proteção e abrigo de Queiroz e familiares. Segundo as investigações, "Anjo" é o codinome de Wassef, que defendeu o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no processo que apura o esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Márcia está foragida desde o dia 18, quando a Justiça do Rio determinou a prisão dela e de Queiroz. Ele foi detido em uma casa de Atibaia (SP) que funcionava como escritório de Wassef e enviado para o presídio Bangu 8. O advogado deixou a defesa do senador após a prisão do ex-assessor de Flávio.

##RECOMENDA##

Nas conversas obtidas pelo MP, Márcia assume que poderia fugir caso tivesse a prisão decretada. "A gente não pode mais viver sendo marionete do Anjo. 'Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família'. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse pra matar, já tinham pego um filho meu aqui", diz Márcia, em mensagem enviada a Flávia no fim do ano passado. O MP teve acesso ao material em dezembro, quando foram cumpridos mandados de busca em endereços ligados a Queiroz e um celular da ex-assessora foi apreendido.

Os planos de Wassef, segundo os diálogos apreendidos, incluíam alugar uma casa em São Paulo para abrigar toda a família de Queiroz. Naquele momento, o Supremo Tribunal Federal (STF) estava prestes a autorizar a retomada da investigação sobre as rachadinhas (apropriação de parte dos salários dos servidores) no antigo gabinete de Flávio, então paralisada devido à discussão sobre o uso de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). As conversas mostram que Márcia e Ana Flávia, que passou seis meses com Queiroz em Atibaia enquanto trabalhava no escritório, achavam a ideia ruim.

Com o passar dos dias, os áudios enviados por Márcia à amiga eram cada vez maiores e mais frequentes. Em algum deles, Márcia alternava choro com relatos sobre como a situação mexia com sua saúde física e emocional. "Sei que também tá acabando com a (saúde) dele (Queiroz)". Em outra mensagem, a conversa revela que o ex-assessor de Flávio também não concordava com os planos de Wassef.

Segundo a advogada, Queiroz disse isso ao advogado, mas Wassef insistia no plano de esconder a família. "Ele (Queiroz) não quer ficar mais aí, não", diz Márcia, antes de ponderar: "Ele (Anjo) vai fazer terror, né?" Quando Wassef passava uns dias em Atibaia, Ana Flávia tomava cuidado ao falar com Márcia. A fim de evitar que o chefe ouvisse a conversa, ela ia para o quintal.

Aos poucos, enquanto as duas demonstravam incômodo com a situação, também começavam a questionar a eficácia da estratégia do defensor. "O Anjo tem ideias boas, sim, mas na prática a gente sabe que não é igual às mil maravilhas que ele fala", comenta Ana Flávia. A advogada diz que havia conversado até com a mulher de Wassef na tentativa de frustrar a ideia de alugar uma casa para abrigar a família Queiroz em São Paulo.

Márcia revela, nos áudios, achar que o marido estava no "limite" e temia que o estado emocional dele prejudicasse o tratamento do câncer. Segundo a ex-assessora, Queiroz mantinha a compostura em Atibaia, mas, quando ia para o Rio, despejava toda a carga sobre ela. "Chega a ser insuportável a convivência com ele", diz. "Estou vendo que ele está no limite dele".

Essa preocupação levava Márcia a evitar se lamentar na presença do marido. É notória a diferença entre as mensagens enviadas ao companheiro e a Ana Flávia. Enquanto para a advogada chegavam áudios e textos grandes, as conversas com o marido se limitavam a informações pragmáticas ou, no máximo, comentários sucintos, como ao dizer que achava "exagero" morar em São Paulo.

Os diálogos entre Márcia e Queiroz costumavam se dar mais no campo da descontração. Ele enviava, por exemplo, fotos de churrasco, pizza e o que mais estivesse comendo. Márcia revela, nas mensagens trocadas com a amiga, se preocupar com a alimentação do marido. Segundo ela, Queiroz não sabe fazer comida saudável e se alimenta de "besteiras".

Enquanto a defesa de Márcia e de Queiroz afirma que não trabalha com a hipótese de delação premiada, interlocutores da família sondaram escritórios de advocacia do Rio que trabalham com o instrumento nos últimos dias. O Estadão apurou que um advogado que já defendeu clientes famosos foi sondado, mas disse que não trabalhava com delação. Outros escritórios foram procurados.

Procurada, Ana Flávia, que não é investigada no caso, disse que não vai comentar. Também afirmou que não tem nada a ver com o processo, já que apenas trabalhava no escritório de Wassef. Flávio Bolsonaro e Wassef não responderam até a conclusão desta edição. Em outras ocasiões, o advogado negou que o apelido "Anjo" se refere a ele e disse que o abrigo a Queiroz em seu imóvel teve caráter "humanitário". 

O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pediu as quebras de sigilos telefônicos e e-mails dos assessores do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). A investigação apura suposto vazamento de uma operação da Polícia Federal contra o ex-assessor Fabrício Queiroz durante as eleições de 2018.

Entre os alvos do pedido do MPF estão o chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro, Miguel Ângelo Braga Grillo, o advogado Victor Granado Alves e a ex-tesoureira da campanha, Valdenice de Oliveira Meliga.

##RECOMENDA##

O MPF busca acesso aos registros de localizações dos sinais de celulares utilizados pelos assessores do senador. O empresário Paulo Marinho, ex-aliado de Jair Bolsonaro, relatou que durante a campanha presidencial, Flávio e assessores contaram que um delegado da PF avisou de uma operação que teria como alvos Fabrício Queiroz e outras pessoas próximas ao então deputado estadual. A informação teria sido passada em frente à sede da Superintendência da PF no Rio de Janeiro. Os dados telefônicos poderiam trazer maiores esclarecimentos ao episódio.

O Ministério Pùblico Federal tenta identificar se os investigadores trocaram informações sobre a operação, intitulada Furna da Onça. Os suspeitos negam o recebimento de informação privilegiada.

O ex-policial Fabrício Queiroz, preso sob a suspeita de comandar um esquema de ‘rachadinha’ no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) quando ele era deputado estadual do Rio de Janeiro, não deve fazer delação premiada. Segundo entrevista do advogado de Queiroz, Paulo Catta Preta, à colunista Mônica Bergamo, a hipótese levantada na semana passada não vai acontecer.

Catta Preta disse ter questionado Fabrício sobre a possibilidade e a resposta dele foi: “Doutor, eu não quero e não tenho o que delatar”.

##RECOMENDA##

Na semana passada, o defensor afirmou que não tinha conhecimento sobre o suposto acordo, mas após uma visita a Queiroz na segunda ele disse acreditar na negativa do investigado. 

“Disse a ele que, se fosse essa a opção, eu teria que sair do caso e indicar outro advogado. E ele me respondeu que era o contrário”, contou. “Eu estou seguro com o que ele me disse. Não teria porque mentir”, emendou.

De acordo com Catta Preta, se Queiroz quisesse fazer alguma espécie de delação teria que comunicar a sua defesa e se o acordo fosse fechado sem a participação do advogado seria nulo.

O ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz negocia com o Ministério Público do Rio de Janeiro um acordo de delação premiada. Em troca, ele pede proteção à esposa, que está foragida, e às filhas, que também são investigadas no inquérito das "rachadinhas". 

Segundo informações do canal de TV CNN Brasil, Fabrício Queiroz também pediu que fosse colocado em prisão domiciliar. As negociações se arrastam por alguns dias. O MP também quer garantias de que o acusado revele novos desdobramentos, ao invés de reforçar o que já foi esclarecido pela investigação.

##RECOMENDA##

A Polícia, que já visitou 12 residências em busca de Márcia Aguiar de Oliveira, esposa de Queiroz, espera que sua prisão pressione o marido a falar o que sabe. Nathalia Mello e Evelyn Mello, filhas do acusado também são investigadas.

Queiroz é acusado de operar o esquema das "rachadinhas" em que assessores do gabinete devolvem parte do dinheiro para políticos. O esquema aconteceu enquanto era assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, que na época era deputado federal. Queiroz foi preso esse mês, em uma residência de Frederic Wassef, ex-advogado de Flávio e íntimo da família Bolsonaro. 

O advogado Frederick Wassef afirmou que entrou em modo de guerra e mandou uma espécie de recado para a família Bolsonaro durante entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira (29). De acordo com a publicação, Wassef foi claro: “Entrei em modo guerra. Quando isso acontece, viro o diabo”, disparou, sem dar detalhes com quem estaria travando tal batalha.

O texto aponta também que o advogado tem passado noites em claro depois que o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), Fabrício Queiroz, foi preso em uma de suas residências em Atibaia, São Paulo. Após a detenção de Queiroz, Wassef se viu obrigado a deixar a defesa de Flávio e a equipe de advogados do presidente Jair Bolsonaro, o que possibilitava a ele livre acesso ao Palácio do Planalto. 

##RECOMENDA##

Sem as credenciais juristas, Frederick Wassef, segundo a Veja, tem "alternado lampejos de euforia com mergulhos em momentos de depressão".

Na entrevista, Frederick diz que deu guarida a Queiroz porque "forças ocultas" haviam jurado ele de morte e a culpa recairia sobre a família Bolsonaro. Apesar disso, o advogado nega com veemência ser o "anjo" que deu nome a operação que prendeu Queiroz. 

Ainda segundo ele, nem o presidente nem Flávio sabiam do refúgio dado por ele ao ex-assessor do senador e depois da prisão chegou a procurá-los para pedir desculpas pelo "erro" e reafirmar que procurou protegê-los. Mesmo assim, perdeu o posto na defesa dos dois políticos. E, em outro momento de desabafo durante a conversa com os jornalistas da Veja, chegou a dizer que não se deve dar as costas para antigos aliados. "Não se deveria virar as costas para antigos aliados", cravou.

Pesquisa Datafolha publicada nesta sexta-feira (26) aponta que 64% das pessoas entrevistadas acreditam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabia onde estava Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos). Para 21%, o mandatário não sabia e 15% dizem não saber avaliar.

A aprovação do presidente permaneceu estável após a prisão de Queiroz, mantendo-se em 32%. No fim de maio era 33%. A rejeição ao governo subiu de 43% em maio para 44%. Ainda 23% classificam a gestão dele como regular - era 22% em maio.

##RECOMENDA##

Segundo o Datafolha, a aprovação a Bolsonaro cai para 15% entre aqueles que acreditam que ele sabia o paradeiro de Queiroz. Dos que aprovam o presidente, 45% acham que o presidente não sabia que o ex-assessor se escondia em Atibaia-SP. Entre os entrevistados, 46% não acreditam no envolvimento dele no esquema de 'rachadinhas'.

Os que mais rejeitam Bolsonaro são os mais jovens (entre 16 e 24 anos, 54%), pessoas com curso superior (53%) e ricos (renda acima de 10 salários mínimos, 52%).

Entre os que aprovam o presidente, estão pessoas entre 35 e 44 anos (37%), empresários (51%) e os que sempre confiam em Bolsonaro (92%). A região Sul do país segue como reduto bolsonarista, com aprovação de 42%. A pesquisa ouviu 2.016 pessoas por telefone nos dias 23 e 24 de junho e possui margem de erro de dois pontos percentuais.

O ex-advogado do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), Frederick Wassef, afirmou que abriu as portas de sua residência em Atibaia, no interior de São Paulo, a Fabrício Queiroz, após receber informações de que o ex-assessor seria assassinado. Em entrevista à revista Veja, publicada em sua versão online nesta sexta-feira (26), Wassef disse que tinha informações sobre um possível atentado contra Queiroz - e que a família Bolsonaro seria responsabilizada pelo crime. O advogado disse ainda que considera que salvou a vida do ex-assessor.

"Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro. Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro", disse.

##RECOMENDA##

Wassef disse que a morte do ex-assessor seria parte de uma fraude, comparando ao depoimento do porteiro do condomínio do presidente no caso Marielle. "Algo parecido com o que tentaram fazer no caso Marielle, com aquela história do porteiro que mentiu.". Ele também afirma que omitiu do presidente e do filho "01" a trama e o paradeiro do ex-assessor.

Além do possível crime, Wassef também afirmou que ficou sensibilizado com o estado de saúde de Queiroz e o momento vivido pelo ex-assessor do senador. Sem revelar se ofereceu ajuda ou se foi procurado, o advogado disse que "fez chegar ao conhecimento" de Queiroz que estava disponibilizando três endereços para ele ficar: a casa de Atibaia, uma casa em São Paulo e outra no litoral. Ele se negou a dizer se manteve contato com Queiroz durante o período.

Pelo menos três endereços no bairro São Bernardo, em Belo Horizonte, em que vivem primos e tios de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foram vasculhados pela Polícia Militar de Minas Gerais e integrantes do Ministério Público estadual nesta terça-feira, 23. Ninguém foi preso.

Os policiais chegaram por volta das 6 horas e deixaram as residências pouco depois das 8h30. A força-tarefa estava à procura da mulher de Queiroz, Márcia de Oliveira Aguiar, considerada foragida da Justiça desde 18 de junho. Neste mesmo dia, o ex-assessor investigado no esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), foi preso no sítio do advogado Frederick Wassef, em Atibaia, interior de São Paulo. Ontem, a defesa de Márcia entrou com pedido de habeas corpus na Justiça do Rio.

##RECOMENDA##

Em um dos imóveis no bairro de classe média baixa de Belo Horizonte, uma casa azul que fica sobre uma lanchonete, morava, segundo vizinhos, uma tia e madrinha de Queiroz, conhecida como "Dindinha", que morreu na semana passada. A casa, em que outros parentes do ex-auxiliar do hoje senador continuam morando, foi um dos alvos da PM.

Moradora do imóvel da frente há cerca de 50 anos, a costureira Valmeir Silva, de 66 anos, conta que conhece Queiroz desde criança. "Era um moço sonhador que saiu novo daqui e foi pro Rio de Janeiro", disse. "Vinha muito aqui. Passava férias quando seus filhos eram pequenos. Mas há muito tempo não aparece. Sua mulher também vinha."

Outros vizinhos dizem conhecer Queiroz e confirmam visitas à casa, mas dizem nunca ter visto sua mulher no imóvel. Conforme dona Valmeir, a mãe do ex-assessor de Flávio também chegou a morar no imóvel.

A defesa de Márcia Oliveira de Aguiar, mulher de Fabrício Queiroz, entrou com pedido de habeas corpus na Justiça do Rio nesta segunda-feira (22). Ela está foragida desde a quinta-feira da semana passada, quando foi alvo de mandado de prisão preventiva. O marido está preso desde então.

O pedido foi apresentado na segunda à noite pela banca do advogado Paulo Emílio Catta Preta. Na manhã desta terça, foi distribuído para a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça - colegiado de cinco desembargadores que julga, na quinta, 25, um habeas corpus de Flávio Bolsonaro, senador pelo Rio de Janeiro (Republicanos) e filho do presidente da República, Jair Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Márcia é acusada de ajudar na suposta obstrução de Justiça ao longo das investigações sobre a "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Queiroz seria o operador do esquema.

Nesta terça cedo, agentes deflagraram uma operação em Belo Horizonte, Minas Gerais, em endereços de familiares de Queiroz, mas não encontraram Márcia.

Na quinta-feira (18), poucas horas depois de Fabrício Queiroz ser preso na casa do ex-advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef, em Atibaia, a defesa do ex-assessor parlamentar nomeou outro advogado, Edevaldo de Oliveira, como "correspondente" na cidade do interior. Ex-policial rodoviário, Oliveira é visto como uma espécie de braço direito de Wassef em Atibaia.

Ele recebeu procuração para atuar especificamente junto à Santa Casa de Bragança Paulista, onde Queiroz realizou duas cirurgias alguns meses atrás. Oliveira deveria conseguir os laudos que comprovam as passagens de Queiroz pelo hospital.

##RECOMENDA##

Os laudos são fundamentais para corroborar a narrativa apresentada por Wassef nos últimos dias segundo a qual permitiu a presença de Queiroz em sua casa em Atibaia por razões humanitárias já que o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, estava sem dinheiro, doente e precisava de um lugar para ficar durante o tratamento.

A Santa Casa, segundo Oliveira, se recusou a fornecer os documentos e informou que só o faria mediante decisão judicial.

De acordo com pessoas próximas a Wassef, Oliveira é uma espécie de braço direito do advogado em Atibaia. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ele negou ter qualquer tipo de sociedade ou parceria com o ex-advogado dos Bolsonaro, mas admitiu que são amigos.

"Não posso dizer que não conheço. Também, quem não conhece o Fred? Amigo é amigo, mas não tenho nenhum processo com ele", disse Oliveira.

O advogado afirmou também não ter tido contato com Queiroz enquanto o ex-assessor esteve em Atibaia. Oliveira já havia acompanhado Agostinho Moraes da Silva, que foi lotado no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) e está envolvido no processo que apura prática de "rachadinha", em depoimento no Ministério Público.

No documento do Ministério Público que embasou o pedido de prisão preventiva de Queiroz, os investigadores afirmam que o depoimento de Agostinho - o único assessor a depor presencialmente - foi fantasioso e combinado com o suposto operador de Flávio.

Queiroz havia acabado de dar entrevista ao SBT, na qual disse que movimentava dinheiro vendendo carros. A tese, segundo o MP, "foi posteriormente desmascarada pela informação do Detran de que teve pouquíssimos veículos registrados em seu nome ou de familiares na última década".

Ao depor no MP, no início de 2019, Agostinho classificou Queiroz como um habilidoso vendedor de carros. Por isso, disse, chegou a dar mensalmente até 60% dos R$ 6,7 mil que recebia na Alerj para o operador investir no ramo. O retorno seria de pouco menos de 20%.

Também ex-policial militar, Agostinho afirmou ainda que havia um esquema de rodízio informal no gabinete, que não precisava frequentar todos os dias da semana. Também não precisaria bater ponto, já que realizava mais trabalhos externos - como o envio de documentação e atividades de segurança de Flávio, por exemplo. Desde o início, a versão do ex-assessor foi considerada frágil pelos investigadores.

Os advogados Paulo Emílio Catta Preta, que lidera a defesa de Queiroz, e Frederick Wassef, que até a semana passada defendia Flávio Bolsonaro, foram procurados, mas não responderam aos contatos.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando