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Ativistas do Greenpeace França invadiram na manhã desta quinta-feira, 26, a residência do embaixador brasileiro em Paris, Luís Fernando Serra, para protestar contra uma reunião que acontecia no local entre o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, e executivos de grandes empresas francesas, entre elas, a petrolífera Total. Segundo o Itamaraty, o ato durou pouco tempo e não atrapalhou o encontro do ministro.

Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Salles disse que era "meia dúzia de gatos pingados na porta da embaixada".

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Rodrigo Randig, funcionário da Embaixada, disse que a invasão foi rápida e os ativistas saíram assim que os empregados da residência oficial pediram que eles se retirassem. "Nem o embaixador nem o ministro sequer ficaram sabendo; até o fim da reunião, horas depois", esclarece Randig.

Em nota, o Itamaraty também informou que "não houve perturbação à entrada ou saída do ministro do Meio Ambiente, do embaixador, dos demais participantes dos encontros e de funcionários.

As reuniões não foram interrompidas e seguiram normalmente (em verdade, as pessoas que estavam no local sequer perceberam a tentativa de invasão e o protesto)." O órgão disse também repudiar toda e qualquer tentativa de invasão de suas instalações no exterior.

Na rua em frente à residência oficial, no 16º distrito de Paris, ativistas exibiram uma faixa com a mensagem "Bolsonaro assassino da Amazônia".

A maior floresta tropical virou o centro de uma crise internacional nas últimas semanas por causa do aumento de incêndios na região. Ambientalistas de todo o mundo, então, passaram a cobrar o governo brasileiro por medidas mais efetivas para proteger a Amazônia e evitar novas queimadas.

Segundo o comunicado divulgado pelo Greenpeace França à imprensa, o grupo enviou cem alarmes sonoros ao pátio interior da residência, "uma maneira de lembrar o Ministro do Meio Ambiente do Brasil de que sua inação climática não passará despercebida até que sejam tomadas medidas concretas do governo brasileiro para limitar o desmatamento e seu impacto nas mudanças climáticas".

Além disso, um veículo exibindo uma visão dos incêndios na Amazônia foi posicionado em frente à entrada da residência e dificultou o acesso a ela. "Hoje estamos testemunhando um contra-ataque do governo brasileiro, que está tentando aliviar as tensões corretamente levantadas pelos incêndios na Amazônia.

Ao enviar seu ministro do Meio Ambiente em turnê para conhecer as grandes empresas, Jair Bolsonaro tenta preservar as relações comerciais de seu país e melhorar a imagem do governo brasileiro, mas não engana ninguém ", afirmou Suzanne Dalle, especialista em agricultura do Greenpeace França.

Paris é a primeira cidade europeia onde Ricardo Salles passa, durante turnê pela Europa para promover seu governo, depois de passar pelos Estados Unidos, acompanhando Jair Bolsonaro.

"Durante seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, Jair Bolsonaro disse que a Amazônia ainda estava quase intacta, uma mentira constatada e negada pelo Greenpeace Brasil, que sobrevoou a semana passada o Norte do país para identificar as áreas desmatadas do território, uma observação avassaladora apoiada por imagens de satélite", escreveu o Greenpreace França no comunicado à imprensa.

Dezenas de pessoas se reuniram nesta sexta-feira (20), em frente da Área 51, base ultra secreta da Força Aérea dos Estados Unidos, em Nevada, para 'libertar os ETs'. A movimentação começou nas redes sociais há cerca de 4 meses e acabou viralizando com mais 1,9 milhões de pessoas confirmando presença no Facebook. 

De acordo com o site americano DW, Matty Roberts é o nome do rapaz que convocou a "invasão". "Tudo não passava de uma piada", justifica Matty. Depois que o organizador viu o crescimento desenfreado do evento ainda tentou desmarcar, mas já era tarde demais. 

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Como havia sido organizado pelo Facebook, nesta sexta-feira (20), mesmo em número menor, as pessoas se concentraram em frente a Área 51 na tentativa de libertar os supostos extraterrestres escondidos pelo poder americano. Essa ação reverberou na imprensa de todo o mundo e, claro, nas redes sociais. No Twitter, o #Area51storm figurou por horas em primeiro lugar. 

O governo de Bolsonaro estaria elaborando o maior plano de ocupação e desenvolvimento da Amazônia desde a ditadura militar. 

O projeto Barão de Rio Branco retoma o antigo desejo militar de povoar a Amazônia, sob o pretexto de desenvolver a região e proteger a fronteira norte do país.

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Documentos, obtidos pelo jornal The Intercept, detalham o plano que incentivaria os grandes empreendimentos a atrair a população brasileira a povoar a região amazônica para elevar a participação da região norte no PIB do país.

Contrariando os pronunciamentos realizados em rede nacional por Bolsonaro, os documentos mostram que os planos do presidente são explorar as riquezas, fazer grandes obras e atrair novos habitantes para a Amazônia.

O plano foi apresentado pelo coronel reformado Raimundo César Calderaro, coordenador de Bolsonaro, em reuniões fechadas com políticos e empresários locais. Parte do conteúdo desta reunião foi revelada pelo portal Open Democracy.

A secretaria teria afirmado ter reunido a sociedade, academia e autoridades locais para receber opiniões e sugestões para dar sequência ao projeto, entretanto deixou de fora os indígenas, quilombolas e ambientalistas.

O governo Bolsonaro estaria visando as "riquezas" da Amazônia, como os minérios, o potencial hidrelétrico e as terras cultiváveis do planalto da Guiana. Além disso, há planos para a construção de uma hidrelétrica e uma rodovia e explorar as regiões de savanas.

Vale destacar que outros projetos semelhantes foram abandonados devido ao impacto socioambiental em comunidades indígenas e quilombolas, onde inclusive há o registro de tribos isoladas. Entretanto, o governo Bolsonaro ignora a questão socioambiental e estaria determinado a seguir em frente com o projeto, "custe o que custar".

Em áudios gravados durante a reunião fechada, o governo Bolsonaro cita que o Brasil precisa proteger suas fronteiras, principalmente com o Suriname, país que recebe investimento e imigrantes chineses. Já que eles acreditam que a China poderia fazer o mesmo em uma região pouco habitada do Brasil, o que facilitaria uma suposta "invasão chinesa".

Entretanto, Mauricio Santoro, professor de relações internacionais da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, afirmou que a China não tem uma política de imigração e que, na verdade, está atraindo de volta seus cidadãos capacitados que vive no Ocidente.

Os militares acreditam que a única forma de proteger o Brasil é desenvolver a região amazônica a qualquer custo, pois almejam elevar a renda do PIB do Brasil.

A realidade aponta que o projeto "causará impactos destrutivos e irreversíveis" para a região, para os povos indígenas e para os recursos naturais.

O governo Bolsonaro vem tentando aprovar o projeto desde janeiro, mas até agora não conseguiu, entretanto, o assunto segue secretamente em pauta.

Por coincidência, a Amazônia está sofrendo sua maior crise e desmatamento após incêndios que podem ter sido causados por apoiadores de Bolsonaro e seu projeto Rio Branco, escreve o The Intercept. Inclusive, a crise da Amazônia está favorecendo seu projeto de interesses na região, onde uma exploração e expansão estão em seus planos.

Ou seja, Bolsonaro e seu "exército" veem a crise da Amazônia como uma grande oportunidade para seguir com o projeto. Tanto é que a Secretaria Nacional de Assuntos Estratégicos admitiu que o governo deverá criar um Grupo de Trabalho Interministerial para discutir o projeto, expondo ainda mais a real intenção do governo Bolsonaro.

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Da Sputnik Brasil

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta quarta-feira, 18, um pedido de liberdade feito pela defesa de dois supostos hackers presos em julho no âmbito da Operação Spoofing - o casal Gustavo Elias dos Santos e Suelen Priscila de Oliveira.

Gustavo é apontado pela Polícia Federal como o "testa de ferro" de Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", que confessou o hackeamento de autoridades como o Ministro da Justiça Sergio Moro e o presidente da República, Jair Bolsonaro. Suelen, sua companheira, também é investigada como possível integrante da organização criminosa que também teria praticado estelionato e fraudes bancárias.

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O habeas corpus foi apresentado pelo advogado Ariovaldo Moreira, que defende o casal. Ele afirmou que a Justiça Federal e a Polícia Federal não são as instituições competentes para conduzir a Spoofing, e que o foro competente deveria ser a Justiça estadual em Araraquara, no interior de São Paulo.

A ministra afirmou, na decisão, que ainda não era possível o Supremo Tribunal Federal analisar o pedido de liberdade, porque ainda não foi concluída a análise do mérito do habeas corpus que a defesa apresentou no Superior Tribunal de Justiça.

Além de Suelen, Gustavo e Vermelho, a primeira fase da operação prendeu Danilo Marques, que havia emprestado a conta bancária para uso de Walter.

Nesta quinta-feira, 19, no entanto, a PF deflagrou a segunda fase da operação Spoofing, em que foram presos o programador de computadores Thiago Martins, o "Chiclete", além de Luiz Molição. Molição foi preso em Sertãozinho, no interior de São Paulo, e deve ser transferido ainda hoje, de avião, para Brasília.

No pedido de habeas corpus apresentado ao Supremo, a defesa do casal também rebateu os argumentos que levaram à manutenção da prisão pela PF, para a manutenção da prisão de Gustavo. Foi apontado pela PF como justificativa a apreensão de R$ 99 mil em seu apartamento no dia da busca e apreensão em seu imóvel em Araraquara. Na ocasião, Gustavo disse que a quantia era proveniente de transações com criptomoedas.

"O próprio STJ, no Conflito de Competência 161.123, decidiu que: 'Compete à Justiça estadual julgar suposta prática de crime envolvendo a negociação de bitcoins'".

O advogado sustentou que a manutenção do casal na prisão é exagerada e de "índole" política. "O fato de autoridades do governo terem sido, em tese, vítimas, está colocando em cheque a própria força normativa da Constituição Federal. Onde está a isonomia? A decisão imparcial e equidistante? A defesa clama ao Supremo Tribunal Federal que restitua a ordem constitucional e demonstre a força normativa da Constituição da República, e do próprio Tribunal, que jamais sucumbirá à pressão, seja ela política, ou de qualquer outra espécie, aplicando-se o Direito independentemente de quem seja o réu/investigado e das supostas vítimas".

Na peça, a defesa insistiu que Suelen e Gustavo não tiveram nenhuma participação em fraudes de dispositivos de celular. Também usa o trecho de uma citação de uma petição da Polícia Federal, de 30 de agosto, endereçada à 10ª Vara Federal de Brasília informando que "não foi localizado nos materiais arrecadados durante a Operação Spoofing qualquer áudio, imagem, documento ou conversa que pudesse vincular Gustavo Henrique Elias diretamente às invasões de contas do Telegram de autoridades públicas."

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira, 19, a segunda fase da Operação Spoofing, que investiga a invasão de celulares pelo menos mil pessoas, entre elas autoridades como o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça Sérgio Moro e os procuradores da Operação Lava Jato, inclusive Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa. Foram presos o programador de computadores Thiago Martins, o "Chiclete", e Luiz Molição.

"Chiclete" se encontrou com Walter Delgatti Neto, o Vermelho, em Brasília. Ele já esteve envolvido em um episódio de compra de uma Land Rover com Tulio Guerreiro, ex-jogador de futebol do Botafogo e do Corinthians - a transação não se concluiu.

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Cerca de 30 policiais federais participaram das ações realizando ainda buscas em quatro imóveis ligados aos investigados. As ordens foram cumpridas em São Paulo, Sertãozinho (SP) e Brasília.

O programador já está detido numa carceragem da PF em Brasília e Molição, preso em Sertãozinho, deve ser transferido ainda nesta quinta-feira, de avião, para Brasília. Ainda não há previsão de quando os dois serão ouvidos.

A primeira etapa prendeu quatro investigados, entre eles Walter Delgatti Neto, o "Vermelho" que confessou o hackeamento e o repasse das informações para o portal The Intercept Brasil, que tem divulgado diálogos atribuídos a Moro e aos procuradores. O hacker disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados.

Além de "Vermelho", descrito como líder do grupo, a primeira fase da operação prendeu no dia 23 de julho Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara, sua mulher, Suellen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques.

A PF tem focado em desvendar se houve pagamento para a obtenção e compartilhamento de mensagens por parte dos hackers. No fim de agosto, novas medidas foram pedidas relacionadas à apuração de fraudes bancárias.

Três suspeitos foram presos por arrombar e invadir a agência dos Correios de Timbaúba, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, na madrugada desta quinta-feira (12). A Polícia Militar cercou os invasores enquanto tentavam fugir pulando o muro do estabelecimento.

À princípio, dois homens foram detidos, e confessaram que um terceiro promoveria a fuga do grupo em um carro. Eles repassaram informações sobre a identificação do veículo e as autoridades conseguiram capturá-lo. Diante do flagrante, todos foram encaminhados à Delegacia de Polícia Federal, localizada em Recife, capital pernambucana, onde ficam à disposição da Justiça.

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O Adolescente, de 16 anos, suspeito de invadir o Instituto Estadual Educacional Assis Chateaubriand, e, com um machadinho, agredir cerca de 6 estudantes, foi apreendido pela Brigada Militar depois das buscas realizadas. Agora o menor encontra-se prestando esclarecimentos na delegacia da Polícia Civil.

O caso aconteceu no início da tarde desta quarta-feira (21), em Charqueadas, no Rio Grande do Sul. No momento da invasão o menor também portava um coquetel molotov, uma arma química incendiária. Nenhuma das vítimas do suspeito corre risco de vida. 

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Um adolescente está sendo procurado pela polícia após invadir uma escola e ferir cerca de 6 estudantes, de 13 a 16 anos, com golpes de machado. O suspeito, que portava um galão de gasolina, ainda tentou atear fogo no local - mas foi impedido. O caso aconteceu no início da tarde desta quarta-feira (21), no Instituto Estadual Educacional Assis Chateaubriand, em Charqueadas, no Rio Grande do Sul. 

De acordo com a imprensa local, ainda não se sabe a motivação do atentado e se o envolvido tinha alguma ligação com a instituição. Ainda segundo os veículos, foi um professor quem conseguiu tomar a arma branca do adolescente, que conseguiu fugir.

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O Corpo de Bombeiros aponta que nenhum dos feridos correm risco de vida e não há informações sobre professores feridos. A Polícia Militar faz buscas na cidade para tentar localizar o suspeito. 

O juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal de Brasília, decidiu manter, em prisão temporária, Danilo Cristiano Marques, alvo da Operação Spoofing, que mira ataques hacker a celulares de mais de mil pessoas, entre elas, autoridades dos três Poderes. O magistrado ressalta a necessidade de esclarecer os 60 chips de celular encontrados na casa dele, além do uso de seu endereço por Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", que assumiu a autoria das invasões.

O magistrado ressalta que a atuação de Danilo "não se restringia à 'testa de ferro' de Walter, havendo indícios de sua participação direta nas fraudes bancárias e estelionatos praticados pelo bando, sendo plausível ter adquirido os

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60 (sessenta) chips apreendidos em seu poder para tal prática".

"As investigações ainda estão em curso e parte do material arrecadado pela autoridade policial ainda não foi periciado, o que é razoável, haja vista que a busca é recente e a grande quantidade de computadores, celulares e mídias apreendidos", escreve.

O juiz segue. "Já se pode concluir pela participação de Danilo nas fraudes bancárias e estelionatos, juntamente com os comparsas, mas é cedo para afirmar que tais práticas não têm relação com as invasões de contas de aplicativo de autoridades públicas, uma vez que não foi esclarecida: a motivação de Walter Delgatti para o acesso das contas Telegram, a possível relação com as fraudes bancárias e em que consistiu a participação de cada investigado".

"Vale lembrar que um dos IPs utilizados por Walter Delgatti para as invasões foi localizado em imóvel alugado em nome de Danilo. Também, ainda não foi esclarecido se os 60 (sessenta) chips encontrados com Danilo foram utilizados no procedimento empreendido por Walter para a violação da intimidade das vítimas e não se descarta a hipótese de que Walter obtinha os dados cadastrais das vítimas via invasão por aplicativo e repassava ao bando para a prática de estelionatos e fraudes bancárias".

"Portanto, justifica-se a unicidade das investigações em razão da conexão probatória, sendo prematuro afirmar que a invasão de dispositivo de informática via aplicativo não guarda relação com as fraudes bancárias, estelionatos, lavagem de dinheiro e outros delitos, de forma a atrair a competência desta Justiça Federal", conclui.

O juiz federal substituto da 10ª Vara Federal de Brasília, Ricardo Augusto Soares Leite, negou pedido da Ordem dos Advogados do Brasil para ingressar no inquérito da Operação Spoofing, que levou à cadeia suspeitos de hackear mais de mil pessoas, entre elas, autoridades dos três Poderes.

Segundo consta nos autos, a entidade pedia a "adoção de todas as medidas necessárias visando à proteção da cadeia de custódia das informações e para a garantia de amplo acesso dos advogados aos elementos de prova coligidos durante a investigação policial".

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A entidade afirmou que a eventual destruição dos autos seria "atentar contra a competência do Supremo Tribunal Federal, que pode eventualmente ser chamado a apreciar os fatos, uma vez que há possíveis autoridades atingidas pela invasão sujeitas a prerrogativa de foro, como no caso de ministro do Superior Tribunal de Justiça".

O Ministério Público Federal em Brasília, no entanto, se manifestou contra o pedido. Segundo o procurador Wellington Divino Marques de Oliveira, a afirmação da OAB "possui erro grosseiro de formulação já que o foro por prerrogativa de função é aplicável quando a autoridade ostenta a qualidade de investigada como sujeito ativo da conduta delituosa".

"No caso em análise, as referidas autoridades não figuram como sujeitos ativos do crime mas sim, como vítimas de condutas delituosas praticadas, pelos fatos apurados até o presente momento, por pessoas que não ostentam as qualidades que indicariam o deslocamento da competência investigativa", argumentou.

Para o magistrado, os argumentos da OAB "não são hábeis a sustentar a legitimidade da entidade para intervir no inquérito policial como requerido, até mesmo por falta de previsão legal". "Assim sendo, não há razão para imiscuir o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil na função de fiscalizador da produção da prova em procedimento investigativo".

"Até porque, os inquéritos policiais são procedimentos sigilosos por sua natureza cujo direito ao amplo acesso às provas que digam respeito ao exercício do direito de defesa de seus representados e já documentadas, está respaldado pelo enunciado da súmula vinculante 14 da Suprema Corte", anota.

Segundo o juiz, "no caso em questão, trata-se de investigação em andamento cujo segredo de justiça já foi decretado por este Juízo de forma a preservar os elementos de prova e o seu prosseguimento".

"Ademais, a inclusão da referida entidade acarretaria prejuízo ao princípio da celeridade da fase inquisitorial. Este princípio, diante do encarceramento provisório dos investigados, deve ser observado com maior rigor tanto pela autoridade policial, quanto pela judicial, o que mostra a inviabilidade do pleito ora apresentado", escreve.

"Portanto, os fundamentos erigidos pelo CFOAB de receio de dissipação de provas de forma a frustrar a efetividade da prestação jurisdicional e a garantia de amplo acesso dos advogados aos elementos de prova coligidos durante a investigação policial, para o ingresso da entidade como assistente no procedimento investigativo em questão, não se sustentam", anotou.

O juiz ainda lembrou que já existe decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, que impede a destruição de apreensões da Spoofing.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo, falou, na manhã desta sexta, 9, sobre o conteúdo das mensagens atribuídas ao ministro Sérgio Moro e ao procurador Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba. "Me parece que em algum momento essas pessoas que se envolveram nesses malfeitos terão que prestar contas", afirmou o ministro. Com relação ao ministro da Justiça, o decano afirmou: "Certamente juiz não pode ser chefe de força-tarefa".

Na capital paulista, onde participa do Seminário 'Repercussão geral da questão constitucional e os recursos repetitivos no Supremo Tribunal Federal", na Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), Gilmar disse: "Daqui a pouco alguém dirá "ele trabalhou tanto que pode reivindicar salários na Justiça do Trabalho, acumulou funções. Isto não é possível num sistema como esse. Isto precisa ser de fato revelado e precisa ser de fato analisado em toda sua substância."

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O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que "jamais" houve qualquer determinação administrativa para que fosse destruído o material colhido com hackers presos pela Polícia Federal no mês passado, no âmbito da Operação Spoofing, que investiga a invasão de telefones e obtenção de dados de autoridades. A manifestação foi enviada em ação do PDT, pela qual o ministro Luiz Fux proibiu a destruição das provas.

"Esclareço que este ministro da Justiça e Segurança Pública não exarou qualquer determinação ou orientação à Polícia Federal para destruição do material ou mesmo acerca de sua destinação, certo de que compete, em princípio, ao juiz do processo ou ao próprio Poder Judiciário decidir sobre a questão, oportunamente", afirmou.

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O partido entrou com o processo no STF após o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, uma das autoridades hackeadas, divulgar nota na qual dizia que Moro lhe havia informado que o material obtido a partir da invasão de celulares seria descartado "para não devassar a intimidade de ninguém".

Ao STF, Moro afirmou que não tem acesso ao inquérito policial, que tramita na 10ª Vara Criminal do Distrito Federal, e que compete ao Poder Judiciário a decisão sobre o destino do material. O ministro da Justiça disse ainda que a afirmação de que o material seria descartado foi "apenas um mal-entendido" quando à declaração sobre a "possível destinação" das mensagens, "considerando a natureza ilícita dele e as previsões legais". "Evidente, porém, que a decisão quando a ele competirá à autoridade judicial, com oitiva e participação das partes do processo, e não do ora subscritor", diz Moro.

O ministro ainda destacou que a própria PF já havia emitido nota sobre o assunto, assim como o próprio Moro, para esclarecer que não haveria nenhuma determinação administrativa para destruição do material.

A hipótese de destruição das mensagens levantada por Moro gerou reação de ministros do Supremo. O ministro Marco Aurélio Mello disse que órgão administrativo não poderia ordenar destruição de material. "Isso aí é prova de qualquer forma. Tem de marchar com muita cautela", disse na ocasião.

Dois outros ministros questionaram reservadamente também o fato de Moro ter acesso ao inquérito, quando apenas o juiz e o delegado deveriam ter conhecimento do conteúdo. Para eles, não era responsabilidade do ministro da Justiça entrar em contato com as autoridades que tiveram o telefone invadido.

Deu no Estadão - No dia 27 de julho, o Estado de S. Paulo informou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, teria avisado a autoridades que tiveram celulares hackeados que o material obtido de maneira ilegal seria destruído.

Segundo a reportagem, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, foi um dos avisados por Moro. O ministro da Justiça teria ligado também para o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, informando que pelo menos um integrante da Corte foi alvo, mas ele não.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que nove dos 11 ministros não foram avisados por Moro - Edson Fachin e Alexandre de Moraes não responderam a mensagens da reportagem.

Após a revelação, no fim de julho, de que a ex-deputada Manuela D’Ávila (RS) foi a ponte entre o hacker que violou telefones de centenas de pessoas, entre elas autoridades dos três Poderes, e o site The Intercept Brasil, a direção do PCdoB interrompeu, pelo menos temporariamente, a estratégia pensada para ela - aproveitar a grande exposição obtida pela candidatura à Vice-Presidência na eleição do ano passado para consolidá-la como um nome forte do partido para 2020. O episódio, no entanto, obrigou a ex-deputada a se recolher.

Na última semana, Manuela parou de dar entrevistas e de interagir nas redes sociais - território que dominava com desenvoltura - e se impôs uma espécie de autoexílio na Escócia, onde faz curso de inglês, ao lado do marido e da filha. Seus advogados, José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, e Alberto Toron, também têm fugido dos microfones.

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A ideia é evitar que a ex-deputada vire protagonista do caso conhecido como "Vaza Jato" e que seu papel fique circunscrito ao que foi divulgado até agora: o de apenas intermediária entre o hacker Walter Delgatti Neto, o Vermelho, e o jornalista Glenn Greenwald.

No entorno de Manuela a ordem é protegê-la de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que tentam usar o episódio para transformá-la no vínculo entre o hacker e o PT de Fernando Haddad, de quem ela foi candidata a vice na eleição presidencial do ano passado.

Depois da eleição, a única missão partidária de Manuela foi se manter em evidência por meio de uma agenda que misturava feminismo, maternidade e combate às fake news - assunto que ganhou destaque na última disputa presidencial.

Prefeitura. No início do ano, o PCdoB chegou a cogitar que ela transferisse o título eleitoral para São Paulo a fim de se lançar candidata à Prefeitura da maior cidade do Brasil, onde ganharia ainda mais visibilidade e a possibilidade de marcar diferenças em relação ao PT. Mas Manuela rejeitou de pronto a ideia e se mantém como pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, onde lidera as pesquisas de opinião.

Manuela está sem ocupar um cargo público pela primeira vez desde 2005, quando ganhou a sua primeira eleição como vereadora de Porto Alegre. Depois disso foi deputada federal por dois mandatos e deputada estadual pelo Rio Grande do Sul na legislatura que se encerrou no fim do ano passado.

Após a derrota no segundo turno, ela anunciou que estava abrindo uma loja de camisetas com frases políticas muito difundidas durante a eleição. Manuela disse que a ideia era que a venda financiasse seu novo instituto, o "E Se Fosse Você" - criado, segundo ela, para combater fake news e "redes de ódio".

Essa foi a forma encontrada por Manuela para cumprir a tarefa partidária de se manter em evidência enquanto o PCdoB articula seu futuro político. Além da ONG, a ex-deputada também viajou pelo Brasil para lançar o seu primeiro livro, intitulado Revolução Laura, com histórias e reflexões sobre suas experiências desde a chegada da filha, hoje com 4 anos. No segundo semestre, ela planeja lançar seu segundo livro, ainda sem título, sobre feminismo.

Retorno. Segundo pessoas próximas à ex-deputada, o autoexílio tem prazo para terminar. Manuela deve voltar ao Brasil antes da reunião do comitê central do PCdoB marcada para o dia 16, que deve ser transformada em um ato de desagravo e solidariedade à ex-deputada.

Às poucas pessoas com quem teve contato, ela tem demonstrado tranquilidade e confiança de que não cometeu crime algum. Formalmente ela não é investigada. Na semana que vem seus advogados vão entregar à Polícia Federal as mensagens que ela trocou com Vermelho no dia 12 de maio, quando o hacker invadiu seu celular.

Amigos dizem que ela pensou que a abordagem era uma armadilha preparada por adversários, até que Vermelho começou a enviar conteúdos das mensagens hackeadas. Mesmo assim, afirmaram, Manuela agiu com precaução e tentou se desvencilhar, indicando um jornalista de sua confiança.

Manuela já entregou à PF comprovantes das reservas de passagens e estadia na Escócia feitas bem antes do contato com Vermelho como provas de que não está fugindo do Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz federal da 10ª Vara de Brasília, Ricardo Leite, afirmou haver "incongruências" no depoimento de Walter Delgatti Neto, suspeito de liderar a organização alvo da Operação Spoofing, que teria hackeado mil pessoas, entre elas, autoridades dos três Poderes. Essa foi uma das razões para converter a prisão temporária - por cinco dias prorrogáveis - dos investigados em preventiva - por tempo indeterminado.

Em depoimento, Delgatti chegou a dizer que agiu sozinho, e não foi remunerado pelo crime. No entanto, o magistrado também afirma querer saber se ele foi pago.

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O juiz anota a necessidade de apurar a "motivação de Walter Delgatti Neto ao repassar informações sigilosas ao sítio eletrônico Intercept, e se recebeu alguma quantia em pagamento".

"O investigado afirma ter agido sozinho e não ter recebido nenhuma vantagem em troca das mensagens capturadas das contas do Telegram de suas vítimas. Ocorre que, dos novos elementos probatórios trazidos pela autoridade policial, da análise dos computadores e discos rígidos arrecadados na residência de Walter Delgatti Neto, laudo pericial atestou a realização de 5.812 ligações suspeitas no sistema da BRVOZ que tiveram como alvo 1.162 números distintos, o que revela a possível atuação de outras pessoas juntamente com Walter", afirma o juiz.

Nesta quinta-feira, dia 1º, o prazo da cautelar se esgotaria. A PF e o Ministério Público Federal, no entanto, pediram para que ela fosse convertida em preventiva - ou seja, por tempo indeterminado. Após voltar de férias, Leite decidiu manter os suspeitos de hackear autoridades na cadeia.

Para manter presos os demais nomes, além de "Vermelho", o juiz fundamentou principalmente nas suspeitas de que cometeram crimes como fraudes bancárias. "Foram encontradas mensagens nos aparelhos celulares apreendidos na residência de Suelen Priscila de Oliveira e Gustavo Henrique Elias Santos, evidenciando que Suelen tinha conhecimento e praticava fraudes bancarias".

O juiz Ricardo Leite frisou que não se comprovou a origem lícita da quantia de R$ 99 mil em espécie apreendida com o casal. "Há diversas lacunas que não foram esclarecidas com a origem do montante de R$ 99 mil encontrados na residência de Gustavo e de Suelen".

O magistrado ainda quer saber em "que constituiu a participação de Danilo já que surgiram fortes indícios de que tinha total conhecimento da prática delitiva, desconstituindo as suas declarações perante a polícia de que agiu em razão de amizade que tinha com Walter". "Além disso, o próprio Walter Delgatti declarou sua habilidade em informática, sendo que solto poderá destruir provas".

Entre as vítimas de ataques no período investigado pela Operação Spoofing, estão o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça Sergio Moro, o presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio de Noronha e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes - além de procuradores, magistrados, políticos e jornalistas.

O secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também foi alvo do hacker Walter Delgatti Neto, que disse à Polícia Federal ter invadido mensagens do aplicativo Telegram de autoridades, entre elas o presidente Jair Bolsonaro.

Meirelles confirmou ter recebido mensagem do Telegram sobre a invasão. "Tomei a providência de desligar todas as sessões que não são do celular que eu estava usando. O episódio não se repetiu", disse o ex-ministro.

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O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso a uma lista de 60 nomes de políticos, autoridades da área da Justiça e celebridades que estavam organizados em "pastas" na área de trabalho do computador do hacker. Esse material está sendo analisado pela perícia da PF.

A ex-ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Luciana Lóssio também estava na lista. À reportagem, ela disse que ficou surpresa. "Minha vida é um livro aberto." Na lista de possíveis vítimas, também está a youtuber Dora Figueiredo, de 25 anos, que ficou espantada ao ser informada, pela reportagem, que seu nome estava no computador de Delgatti Neto. Ela afirmou que instalou o Telegram no celular, mas nunca o utilizou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal pediu ao juiz Ricardo Leite, da 10.ª Vara Federal de Brasília, decretação da prisão preventiva do grupo sob suspeita de hacker os celulares do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato no Paraná, e de mil autoridades dos três Poderes. A Procuradoria da República em Brasília ainda vai se manifestar.

Os investigadores defendem a manutenção da custódia de Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", Gustavo Henrique Santos, o "DJ Guga", sua companheira Suélen Priscila Oliveira e Danilo Cristiano Marques.

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O grupo, que a PF define como "quadrilha", foi preso em regime temporário na terça-feira, 23, por ordem do juiz Wallisney. Na sexta-feira, 26, o magistrado prorrogou por mais cinco dias a temporária dos quatro investigados.

O prazo da prisão imposta ao grupo termina nesta quinta-feira, 1, à meia noite. O juiz federal pode converter o regime de reclusão em preventiva, quando não tem data para encerrar. Ou pode soltar os investigados.

A PF busca identificar pagamentos ao grupo, supostamente liderado por "Vermelho". Na residência do "DJ Guga", os federais apreenderam R$ 99 mil em dinheiro vivo. Os federais rastreiam movimentações bancárias e em criptomoedas dos investigados.

"Vermelho" confessou à Polícia Federal que hackeou Moro e Deltan e centenas de procuradores, juízes e delegados federais, além de jornalistas. Ele acumula processos por estelionato, falsificação de documentos e furto.

Desde junho, Moro é alvo de divulgação de diálogos a ele atribuídos com o procurador, pelo site The Intercept. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material, mas não revelou a origem.

O hacker disse que chegou ao site via Manuela D'Ávila, ex-deputada (PCdoB/RS), que foi candidata a vice do petista Fernando Haddad na campanha presidencial em 2018.

Quando seu nome foi citado na Operação Spoofing, Manuela esclareceu que no dia 12 de maio foi comunicada pelo aplicativo Telegram que, naquele mesmo dia, seu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos.

"Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza."

"Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald", destacou Manuela.

Ela disse que "desconhece" a identidade de quem invadiu seu celular. "Desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial", ressaltou a ex-deputada.

O senador Cid Gomes (PDT-CE) também foi alvo de Walter Delgatti Neto, apontado pela Polícia Federal como chefe do esquema dos hackers que tentou ou acessou centenas de mensagens trocadas pelo Telegram por autoridades, entre elas o presidente Jair Bolsonaro.

Informado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Cid disse que isso reforça sua posição de que é preciso investigação ampla em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Ao que parece, são quatro pessoas que estão muito longe de serem especialistas. Se estão fazendo isso, pessoas com maior conhecimento podem fazer muito mais", afirmou.

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A área de trabalho de um laptop atribuído a Delgatti em poder da Polícia Federal expõe dezenas de atalhos com os nomes de autoridades. Lá aparecem "Witzel", possivelmente o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), e o ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão (MDB), preso pela Lava Jato. A PF apura quem teve mensagens capturadas, de fato, ou se houve apenas uma tentativa.

O Estado apurou que o hacker detinha em seu poder os números de telefone de parte da cúpula do governo Bolsonaro - entre eles o do general Luiz Eduardo Ramos, que acabou de ser nomeado ministro da Secretaria de Governo, e do vice-presidente Hamilton Mourão, além do general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Segundo pessoas que conhecem Delgatti, ele gosta de exibir seus feitos e ostentar. Numa foto que enviou por aplicativo a amigos, à qual o jornal teve acesso, ele posa com um leque de dólares. "Vou para a Disney dia 13. E depois Las Vegas. Ficar um mês lá", escreveu a um interlocutor não identificado.

O Estado teve acesso ainda a uma lista de 60 nomes que foi encontrada no computador pessoal de Delgatti, além de uma série de diálogos trocados por ele com um amigo. As pastas criadas para cada um dos alvos estão sob análise da perícia da PF. O jornal não obteve o conteúdo de mensagens trocadas entre os interceptados.

A uma pessoa que lhe pediu o telefone do jogador Neymar, Delgatti escreveu: "Tenho, da Europa". O interlocutor responde: "Manda". Não é possível saber se o número foi interceptado ou apenas copiado da agenda de um dos alvos de Delgatti. A mensagem é de 16 de junho.

Membros da Justiça Eleitoral também tiveram celulares alvo do hacker. Há uma pasta nominada Flávio Britto, desembargador do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, e outra Luciana Lóssio, ex-ministra do Tribunal Superior Eleitoral. O empresário Abílio Diniz é outro que tem o nome relacionado.

Em mensagens trocadas com um interlocutor não identificado, Delgatti faz alusão a uma intenção de vender o material hackeado. "A gente lucra e ganha moral ainda. Você vira presidente do PT em São Paulo kkkk", diz ao interlocutor. Ele emenda com um áudio: "Agora é a hora certa porque se a gente fala mês passado só, ah, tá mentindo. Agora que explodiu na mídia é fácil", afirma Delgatti. Esse diálogo foi revelado pelo site A Cidade On Araraquara.

Nesse contexto, na conversa, o interlocutor publica um vídeo da deputada estadual do PT Márcia Lia, sem explicar o motivo. "Nunca fui procurada, não sei quem é e não conheço", disse a parlamentar.

Prisão

A Justiça Federal manteve nesta quarta-feira, 31, preso Danilo Marques, um dos suspeitos de hackear autoridades. A PF chegou a solicitar a soltura do investigado. Depois reconsiderou após identificar novos elementos que o ligam a Delgatti. A prisão temporária de Marques, Delgatti, Gustavo Santos e Suellen Oliveira vence nesta quinta-feira, dia 1º. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após a Polícia Federal pedir a libertação e em seguida voltar atrás, a Justiça Federal de Brasília decidiu manter preso Danilo Marques, um dos quatro suspeitos de hackear as mais altas autoridades da República. A PF apontou novos elementos que desmentem a afirmação de Danilo de que não tinha conhecimento das atividades do suposto líder do grupo, Walter Delgatti Neto, e reforçam a conexão entre ambos.

"Após o encerramento da extração e espelhamento dos arquivos de mensagens de conversas armazenadas no aparelho celular de Danilo Cristiano, verificou-se que o mesmo teria de fato conhecimento das invasões a contas de aplicativos do Telegram que eram realizadas por Walter Delgatti Neto, bem como foi observada a intensa troca de mensagens indicativas da participação de Danilo Cristiano Neto em fraudes bancárias juntamente com outras pessoas", disse o delegado Luís Flávio Zampronha, responsável pelo caso na Polícia Federal.

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O juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal, concordou com o novo posicionamento. Ele não aguardou a nova posição do Ministério Público Federal, que havia sido favorável à soltura.

"A Polícia Federal (...) constatou que Danilo Marques tinha conhecimento das invasões a contas de aplicativos Telegram que eram realizados por Walter Delgatti Neto (...), razão pela qual revê seu posicionamento e solicita a manutenção da custódia temporária", escreveu Vallisney em sua decisão.

A prisão temporária de Danilo Marques, Walter Delgatti Neto, Gustavo Henrique Santos e Suelen Priscila Oliveira encerra no fim desta quinta-feira, 1º. A PF ainda analisa se irá pedir prorrogação das prisões - no caso, conversão à prisão preventiva, sem prazo de duração.

Enquanto isso, a investigação avança tentando identificar se houve pagamento pelo material hackeado e tentando rastrear as movimentações bancárias e em criptomoedas dos investigados. Os peritos também continuam analisando o conteúdo apreendido e aparelhos celulares e dispositivos eletrônicos dos alvos.

A defesa de Danilo Marques, procurada pela reportagem, disse que só poderia comentar a decisão após ter acesso aos documentos do inquérito que embasaram a decisão.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal pediram a soltura de Danilo Marques, um dos quatro presos na Operação Spoofing, que mira invasões a celulares de altas autoridades da República.

Cabe ao juiz Vallisney Oliveira, da Décima Vara da Justiça Federal, tomar a decisão sobre o pedido.

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Na última terça-feira, 30, um pedido de soltura de Danilo foi negado durante audiência de custódia - situação em que um preso temporário é levado ao juiz, para verificação das condições de encarceramento e de necessidade de manutenção da prisão. As prisões temporárias dele e dos outros três investigados terminam na quinta-feira, dia 1º.

Danilo é motorista de aplicativo e foi preso pela ligação com Walter Delgatti Neto, o "Vermelho". Walter tinha contas que estavam no nome de Danilo e foram usadas para fazer as invasões em aparelhos de celulares, que podem chegar a 1.000, de acordo com a PF.

A Polícia Federal está cruzando informações encontradas nos celulares e computadores dos quatro presos na Operação Spoofing, que investiga a invasão de telefones de autoridades, com registros de corretoras de moedas virtuais - as criptomoedas. A ideia é checar se há relação entre o dinheiro identificado em contas com a eventual venda de mensagens, o que poderia configurar outros crimes, além da invasão de dispositivos informáticos. Os investigadores buscam intermediários e possíveis "patrocinadores" dessas invasões.

Em depoimento à PF, Walter Delgatti Neto, conhecido como "Vermelho", um dos presos na semana passada, afirmou que não recebeu pagamento para repassar as supostas mensagens captadas nas contas de procuradores da Operação Lava Jato ao jornalista Glenn Greenwald, cofundador e editor do site The Intercept Brasil.

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As investigações sobre o rastro do dinheiro começaram antes da prisão de Delgatti e dos outros três suspeitos, com um pedido de informações a corretoras que atuam no setor de criptomoedas. Após a prisão, os peritos passaram a vasculhar os aparelhos atrás de e-mails e outras mensagens telemáticas que possam levar às carteiras virtuais, e aos seus donos.

As carteiras são como contas correntes abertas para realizar as operações de compra e venda das moedas virtuais. De acordo com uma fonte que teve acesso à investigação ouvida pelo jornal O Estado de S. Paulo, o objetivo é cruzar possíveis números encontrados nas mensagens com o chamado "blockchain", uma espécie de livro contábil aberto que registra transações financeiras do mercado de criptomoeda.

As transferências virtuais são registradas em um site público, mas apenas os valores e os números das carteiras ficam abertos. Os nomes dos proprietários, no entanto, só são conhecidos pelas corretoras responsáveis pelas contas.

A PF e o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) já receberam os dados das empresas que os suspeitos usavam para operar com a moeda virtual - Foxbit, Braziliex e Marcado Bitcoin.

Corretoras

O CEO da Foxbit, João Canhada, não quis comentar sobre o caso do hacker alegando haver "segredo de Justiça". Questionado, em tese, se é possível rastrear os pagamentos, Canhada explicou que o mercado das moedas virtuais segue padrões de controle que possibilitam identificar a origem e o destino dos recursos.

"Todas as transações são registradas nos blockchains de cada criptomoeda. É como se seu extrato bancário estivesse completamente disponível, mas sem o nome. Se você conseguir associar o número da carteira a um nome é possível saber tudo que ele fez com aquela conta desde a criação da moeda", afirmou Canhada.

De acordo o CEO da Mercado Bitcoin, a maior operadora de moeda digital do País, Marcos Alves, as comunicações de operações atípicas no setor são feitas regularmente às instituições de controle como a Receita Federal e o Coaf, além de sofreram controles internos rigorosos.

"Seguimos padrões de compliance como as principais bolsas do mundo. Qualquer tipo de operação suspeita é relatada às autoridades. Dentro do mercado de criptomoeda há sistemas que funcionam como uma espécie de Serasa que alertam para eventuais riscos nas operações", afirmou Alves, que também não quis comentar o caso da invasão dos celulares investigado pela Polícia Federal.

Bloqueio

Na sexta-feira, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal, determinou o bloqueio de ativos que os investigados pela Operação Spoofing tiverem em carteiras de criptomoedas.

Oliveira informou que a PF e o Ministério Público Federal apontaram a necessidade de obter senhas e chaves de acesso das carteiras de criptomoedas do casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira, presos na operação.

No pedido de prisão, a PF incluiu relatório do Coaf que apontou movimentações atípicas nas contas do casal, que totalizam R$ 627 mil - R$ 424 mil na de Santos e R$ 203,5 mil vinculado ao nome de Suellen. Ao mesmo tempo, a renda mensal declarada pelos dois é de cerca de R$ 5 mil. Parte dessas transações, de acordo com a versão apresentada pela defesa, tem como origem o mercado de criptomoedas.

Na decisão que autorizou a ação da PF, Oliveira aponta a necessidade de se investigar possíveis "patrocinadores" do grupo. "Diante da incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal de Gustavo e Suellen, faz-se necessário realizar o rastreamento dos recursos recebidos ou movimentados pelos investigados e de averiguar eventuais patrocinadores das invasões ilegais dos dispositivos informáticos (smartphones)", escreveu o magistrado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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