Tópicos | Paulo Guedes

Cerca de 13,5 milhões de brasileiros estão desempregados e o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve abrir os cofres públicos no ano eleitoral para custear medidas populistas que voltem a atrair votos. A expectativa do pacotão de ações para 2022 é de R$ 90 bilhões, mais que o dobro do previsto para o rombo das contas públicas.

Distante de Paulo Guedes desde que o cargo do ministro foi ameaçado por sua proximidade com uma empresa em paraíso fiscal, Bolsonaro já disse que não entende do assunto e deu carta branca ao administrador. Porém, já contrariou as orientações do Ministro da Economia a favor do empresariado.

##RECOMENDA##

Prometida em 2018, a dita 'nova política' considerava o encolhimento das contas do Estado com a diminuição expressiva de benefícios do Governo.

Com o baixo rendimento nas intenções de voto, o plano foi sendo deixado de lado com a reaproximação do presidente com o Centrão e a sua percepção de que quem digita os botões das urnas eletrônicas são os CPFs e não os CNPJs. 

Desgaste neoliberal

A estratégia neoliberal deu vez ao antigo populismo frequentemente criticado na campanha como arma de manipulação da esquerda.

"Não é mais possível defender o Governo Bolsonaro como praticante de uma agenda neoliberal", afirma o cientista político e professor da Relações Internacionais na Asces-Unita, Gustavo Rocha.

Na sua visão, a agenda populista já descaracterizou totalmente o que seria uma política "fiscal austera na percepção neoliberal" e, apesar de tentar manter a aura de responsabilidade econômica, a "redução de investimentos e gastos em áreas estratégicas para gastar naquilo que eles imaginam ter apelo eleitoral" resultam em um cenário 'desastroso'.

Como quando o feitiço vira contra o feiticeiro, a postura adotada pelo novo perfil de Bolsonaro acaba chocando de frente com o discurso que o levou à Presidência, pois a abertura irresponsável dos cofres acaba "sendo instrumentalizada para funcionar como propaganda eleitoral e meio de manipulação", complementou Rocha.

Um aumento salarial generalizado para o funcionalismo gera inflação, endividamento e juros altos, disse nesta sexta-feira (17) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em apresentação de balanço de fim de ano da pasta, ele afirmou que a concessão indiscriminada de reajustes sabota as gerações futuras, ao aumentar a dívida pública. 

“Se todos tiverem esses aumentos, será uma desonra com as futuras gerações. Que aí nós vamos [ver]: a inflação vai voltar, nós vamos mergulhar no passado. Nós vamos nos endividar em bola de neve de novo. Os juros vão subir, a inflação não terá tido uma alta temporária, será uma alta permanente”, declarou o ministro. 

##RECOMENDA##

A declaração ocorre um dia depois de o Ministério da Economia enviar ao Congresso Nacional ofício em que solicita a abertura de R$ 2,5 bilhões no Orçamento de 2022 para a concessão de aumentos para algumas categorias de servidores. No documento, a pasta pede também R$ 355 milhões em emissão de títulos públicos para financiar o aumento da contribuição da União para a previdência desses servidores. 

O ofício não menciona que categorias de servidores seriam beneficiadas pelo reajuste. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro prometeu, nesta semana, aumentos para policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários em 2022. 

Na apresentação desta sexta-feira, Guedes não detalhou que categorias serão beneficiadas pelo aumento. Apenas disse que diversas categorias do funcionalismo federal, estadual e municipal têm pedido reajustes. “O Brasil vai mergulhar num passado conhecido e tenebroso [se todos os pedidos de aumento forem concedidos].

O nosso papel é assegurar que isso não aconteça”, afirmou o ministro.  “Nós nos endividamos um pouco mais e transferimos recurso para estados e municípios, além de fazermos o que parecem não querer fazer. Mal nos levantamos, e está cheio de estados e municípios e categorias pedindo aumento de salário de novo”, acrescentou Guedes.  Segundo o ministro, os pedidos de aumento representam uma “desonra” com as futuras gerações, por causa do aumento da dívida pública, e com as gerações atuais, em um cenário em que o setor privado ainda está recriando empregos, na maior parte com salários mais baixos que antes da pandemia de covid-19.

Guedes ressaltou que o congelamento da remuneração do funcionalismo, que vigorou entre junho do ano passado e dezembro deste ano, foi necessário para elevar os gastos com saúde ao longo dos anos de pandemia. 

“Estamos criando empregos, com o salário médio um pouco mais baixo porque a economia ainda não recuperou o seu nível, e já tem gente querendo desonrar o compromisso com os contemporâneos falando: ‘olha eu já tomei minha vacina, me dá aqui o meu aumento agora de volta’”, comentou o ministro. 

Recuperação

Durante a apresentação de fim de ano, o ministro repetiu que a recuperação econômica acabou e que o país está na mesma situação de antes da pandemia de covid-19. Segundo Guedes, 2021 foi o ano em que o país “se reergueu”, depois de enfrentar receios de desemprego em massa, de fome e de registrar centenas de milhares de mortes provocadas pela pandemia. 

“Em 2020, essa sombra nos lançou na escuridão, a doença estava em pé, ameaçadora, forte, e o Brasil no chão, o Brasil tombou. Se tivesse que fazer uma síntese de 2021, eu diria que o Brasil se reergueu, e a doença tombou. Fizemos vacinação em massa da população brasileira, de novo surpreendemos o mundo com o funcionamento da nossa democracia”, destacou o ministro.

Guedes disse que as mortes estão na menor média diária desde o início da pandemia. "O Brasil está em pé porque a economia está como estava no dia em que a doença chegou”, comentou o ministro. Segundo ele, o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos no país) e o desemprego estão em níveis semelhantes aos registrados antes da pandemia. 

Com o processo de recuperação concluído após a fase mais aguda da pandemia de covid-19, a atividade econômica brasileira desacelerará em 2022, disse nesta quinta-feira (16) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Segundo ele, a “volta em V” (forte queda seguida de forte crescimento) já foi concluída.

“Agora há previsões de que não vai haver crescimento, que vai haver recessão porque estamos combatendo a inflação. Os economistas sabem que quando se combate a inflação e sobe juros, há desaceleração econômica, um desaquecimento. Isso esvazia essa recuperação cíclica que estávamos desfrutando. Mas nós já estamos em pé, essa é a volta em V, esse episódio se completou”, disse o ministro após reunião do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).

##RECOMENDA##

O PPI estuda e avalia as concessões e privatizações, definindo ações e modelagens para as operações. Para o ministro, o investimento privado será importante para evitar uma desaceleração maior da atividade econômica. “Nossa taxa de investimento está chegando ao ponto mais alto desde 2013, a 19,5% do PIB [Produto Interno Bruto]”, declarou Guedes.

Ao apresentar o balanço do PPI neste ano, o ministro destacou que as concessões e privatizações contrataram R$ 822,3 bilhões em investimentos privados desde 2019. “Só neste ano, nós temos investimentos contratados de R$ 334 bilhões e para 2022 são mais 153 ativos, num total de R$ 389,3 bilhões”, afirmou.

nova versão do Relatório de Inflação, divulgada hoje pelo Banco Central, confirmou a desaceleração da economia no próximo ano. A projeção do órgão para o crescimento do PIB em 2021 caiu de 4,7% para 4,4%. Para 2022, a estimativa caiu de 2,1% para 1%.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), saiu em defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira (23), na Câmara dos Deputados, lembrando que ele declarou seus investimentos em uma offshore a todos os órgãos competentes. Para o parlamentar, as acusações ao ministro têm o objetivo apenas de desgastar o governo Bolsonaro.

"São trinta anos de sucesso na vida privada e isso incomoda muita gente. A maior acusação que vi aqui foi indicando que o senhor é uma pessoa de sucesso. É comum pessoas de sucesso ter investimentos diversificados no exterior. Mas essa galera aqui, uma minoria, quando ouve falar em offshore lembram de roubalheira e de corrupção, que é o que eles faziam no governo", afirmou. "O ministro tem tudo regular e declarado. Como falam em manobrar o dólar se o governo colocou o Banco Central independente?", questionou.

##RECOMENDA##

Para Eduardo Bolsonaro os deputados da oposição criticariam o Ministério da Economia mesmo se ele fosse comandado pela "Madre Teresa de Calcutá". "Eles iam chegar e iam perguntar: esse vestidinho de freira aí, custou quanto? E iam sentar o cacete na Madre Teresa de Calcutá", completou.

Pela liderança do governo, o deputado Sanderson (PSL-RS), disse que não teria nenhuma pergunta a fazer ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por avaliar que o ministro já teria esclarecido todas as dúvidas sobre a sua empresa offshore. "O ministro Paulo Guedes é muito respeitado no exterior. É quase como um Ronaldinho da Economia a serviço do governo Bolsonaro", chegou a afirmar o parlamentar.

ORIENTAÇÃO

Guedes que foi orientado por seus advogados a dizer que nenhum de seus parentes atuava em áreas relacionadas à competência do seu cargo na sua declaração à Comissão de Ética Pública (CEP), apesar da participação da sua esposa e filha em offshores.

"Lemos exatamente o mesmo trecho: o declarante possui cônjuge ou parente que atue em área ou matéria afins da competência do seu cargo? A resposta é não. Não, não e não, o que eu faço aqui não atinge em nada isso", disse, em audiência com as comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle da Casa.

Guedes voltou a dizer que se desfez de todos os seus investimentos que poderiam estar relacionados ao cargo de ministro da Economia. Ele também negou ter operações no banco HSBC na Suíça e disse que não tem sócios na equipe econômica, incluindo o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, e o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

"O que tenho em comum com o presidente do BC é que, na verdade, eu era um admirador e amigo pessoal do avô, e sabia que ele era um excelente banqueiro e que seria um bom banqueiro central para o Brasil", disse Guedes. O ministro também defendeu que a independência do BC faz com que a autoridade monetária se torne mais firme na sua missão de controlar a inflação.

CRÍTICAS

Já pela liderança do PT, o deputado Rogério Correia (MG), citou a inflação, o desemprego e o "furo do teto" para questionar o apelido de "Ronaldinho da Economia" dado ao ministro instantes antes.

O parlamentar apontou que o dólar já vinha se valorizando em relação ao real antes mesmo da pandemia - culpada por Guedes pela subida do câmbio. "Em março de 2020, o dólar já tinha passado dos R$ 5,00. O senhor já tinha cometido várias besteiras. A alta do dólar vinha desde o início da gestão do senhor. O real tem o pior desempenho frente ao dólar entre as 30 moedas mais negociadas do mundo", afirmou. "Agora o senhor foi pego coma boca na botija sonegando impostos com a offshore", acusou.

ENTENDA O CASO

O ministro da Economia Paulo Guedes foi convocado para explicar movimentações financeiras no exterior por meio de empresas em paraísos fiscais para as comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Em outubro, a revista Piauí e o site Poder360 revelaram a existência de empresas offshore em nome de Guedes e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. As informações fazem parte da investigação dos Pandora Papers, coordenada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).

Convocado a explicar sobre sua empresa em paraíso fiscal à Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (23), o ministro da Economia Paulo Guedes admitiu que mandou dinheiro para o exterior para fugir dos impostos do Brasil. Mesmo com informações privilegiadas sobre o mercado financeiro, ele defendeu que sua atividade como empresário não gera conflito de interesses com o cargo no Governo Bolsonaro. 

A offshore de Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas tem como diretoras a filha Paula Drumond Guedes e a esposa Maria Cristina Bolivar Drumond, escolhas que também classificou como "absolutamente legal" para respaldar seu afastamento da empresa.

##RECOMENDA##

“Existe algum conflito de interesse? A resposta é não, mil vezes não”, assegurou.

O ministro disse que não aceitou o convite por oportunismo e que o dinheiro foi mandado para fora do Brasil - e consequentemente não foi revertido em recursos para os brasileiros - antes de ser chamado para compor a gestão federal. 

As transferências teriam ocorrido entre 2014 e 2015, sendo declaradas à Comissão de Ética da Presidência. Contudo, não foi detalhado os valores movimentados para sua empresa.

Guedes explica que o paraíso fiscal foi a opção para fugir de taxas no Brasil e Estados Unidos. O que também explicaria ter colocado a família no quadro de acionistas.

"Se tiver uma conta em nome da pessoa física, se você falecer, 46%, 47% é expropriado pelo governo americano. Tendo uma conta em pessoa física, todo seu trabalho de vida, ao invés de deixar para herdeiros, vira imposto sobre herança. Então o melhor é usar offshore. Se eu morrer, invés de metade ser apropriado pelo governo americano, vai para a sua sucessão. Isso é o que explica colocar um parente”, alegou.

O braço direito da presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ainda garantiu que declara seus rendimentos anualmente à Receita Federal e ao Banco do Brasil.

 

As comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados ouvem, nesta terça-feira (23), o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele está na Casa explicando suas movimentações financeiras no exterior através de offshore em paraíso fiscal. Offshores são empreendimentos ou contas bancárias abertas fora do país de origem do proprietário.

Acompanhe:

##RECOMENDA##

[@#video#@]

A convocação do ministro foi pedida pelos deputados Kim Kataguiri (DEM-SP), Paulo Ramos (PDT-RJ), Elias Vaz (PSB-GO) e Leo de Brito (PT-AC). Os requerimentos para a convocação foram aprovados no mês passado pelas duas comissões. Por ter sido convocado, o ministro é obrigado a comparecer.

A notícia sobre a offshore de Paulo Guedes foi publicada pelos sites da revista Piauí e Poder360, que integram o consórcio internacional de jornalistas investigativos que teve acesso a milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais (Pandora Papers). O vazamento também apontou empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

"É possível, em tese, que ele tenha feito investimentos que se provaram rentáveis devido às informações que ele naturalmente possui enquanto ministro de Estado ou, pior, que possa ter influído a política fiscal, monetária, creditícia ou cambial do País para tornar seus investimentos rentáveis", argumentou Kataguiri ao defender a convocação do ministro.

"Não está claro qual foi a atividade de sua offshore, nem como está sendo gerida desde sua nomeação no ministério", reforçou Paulo Ramos ao pedir a convocação de Guedes para esclarecer suposto "conflito de interesses".

Elias Vaz ressaltou a Comissão de Ética Pública tem sido criticada por ser "leniente com comportamentos antiéticos por parte da cúpula do governo". "Ao nosso ver, é muito grave que um ministro use as vantagens do cargo, onde obtém informações privilegiadas, para lucrar milhões com uma empresa no Caribe", disse.

Já Leo de Brito destacou que Paulo Guedes faz parte do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão responsável por emitir resoluções sobre temas relacionados a ativos mantidos no exterior, e tem acesso a informações sensíveis relacionadas a flutuações nas taxas de câmbio e variação nas taxas de juros. "Guedes atuou na decisão que alterou as regras para donos de offshores, quando se elevou o limite do valor depositado no exterior que precisa declarado", informou.

Em nota, o Ministério da Economia afirmou, na ocasião, que a participação de Guedes na empresa offshore foi declarada à Receita Federal.

*Da Agência Câmara de Notícias

O ministro da economia Paulo Guedes, na tentativa de insinuar investimentos do mundo árabe no futebol brasileiro acabou errando ao dizer que o Manchester United e Cristiano Ronaldo teria sido comprado por árabes. A fala ocorreu nesta quinta-feira (18) em reunião com investidores.

Segundo Guedes, a visita teve como um dos motivos a possibilidade de trazer investimento dos petrodólares para o Brasil. O ministro ainda relatou que os próprios árabes confirmaram a compra de dois times no Brasil, mas errou ao dizer que o Manchester United e o craque português, Cristiano Ronaldo  teriam sido comprados por eles.

##RECOMENDA##

Na verdade, o Manchester United pertence desde 2005 ao grupo americano Glazers, adquirido na época por Malcolm Glazer, que morreu em 2014 e deixou para os filhos Joel e Avram Glazer, um patrimônio bilionário, entre eles, o clube inglês e também o Tampa Bay Buccaneers da NFL. O grupo Glazer inclusive há alguns anos vem sendo alvo de protestos por parte da torcida dos red evils que tem aumentando o tom crítico diante dos resultados ruins ao longo dos anos. 

“Vão investir em estradas, vão investir em poços de petróleo, até em clubes de futebol. Eles compraram o Manchester United, compraram o Cristiano Ronaldo, etc. Então, vários brasileiros da comitiva começaram a pensar. Eu pensei: “vem ser sócio do Flamengo”. Aí tinha um outro lá do lado, que é vascaíno, e falou: “vem para o Vasco”. Eu falei “olha, vai perder dinheiro”. Tinha um outro palmeirense, que falou para comprar o Palmeiras”, disse Guedes que espera um investimento no Brasil de 10 bilhões de dólares.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, neste domingo (14), que, apesar da subida dos juros para controlar a inflação, o crescimento da economia brasileira está garantido ao longo dos próximos anos. “Não apostem contra a economia brasileira”, completou, em conversa com a imprensa, durante viagem oficial aos Emirados Árabes.

Em meio à abertura da feira de aviação Dubai Airshow, Guedes garantiu que o Brasil já tem R$ 700 bilhões de investimentos contratados para os próximos anos e mostrou-se otimista com o cenário econômico no país. “São R$ 700 bilhões já comprometidos, fora o trabalho que vamos continuar fazendo.”

Petrodólares

##RECOMENDA##

Durante o evento, o ministro disse que o Brasil está em busca do que chamou de “petrodólares”. Na conversa com a imprensa, Guedes lembrou a política adotada nos anos 80 no país e destacou que, à época, os recursos foram obtidos por meio de endividamento.

“Fizemos uma expansão da infraestrutura com base em dívida. Agora, nós vamos fazer com participação nos programas de investimento nossos, nas nossas parcerias de investimentos”, explicou.

Guedes evitou estimar um possível valor a ser arrecadado na visita aos Emirados Árabes. “Um número é difícil. O importante é assegurar a participação deles. Tivemos boas notícias: vão estar presentes agora, nos leilões de petróleo e de gás natural que nós vamos fazer", concluiu.

A aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que parcela os precatórios é o único plano para o governo viabilizar o benefício mínimo de R$ 400 para o Auxílio Brasil, disse neste domingo (31) o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele integra a comitiva brasileira que participa da reunião do G20 (grupo das 20 maiores economias do planeta), na Itália, e defendeu a PEC, dizendo que ela cria o espaço fiscal necessário para o programa.

“Nós estamos trabalhando com plano A. A aprovação da PEC dos Precatórios. Ela é importante porque abre espaço fiscal para o programa de assistência social. Esse é o nosso plano. Nós acreditamos que o Congresso vai aprovar, exatamente porque permite o financiamento dos programas sociais do governo”, afirmou Guedes em entrevista a jornalistas em Roma a cujo áudio a Agência Brasil teve acesso.

O ministro não comentou a declaração desse sábado (30) do presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista a jornalistas ontem em Roma, o presidente disse estar preocupado com a demora do Congresso em aprovar a PEC e disse que o governo tem um plano B. Sem entrar em detalhes, comparou o plano alternativo com um paraquedas reserva e comentou que o mercado financeiro precisa entender que a aprovação é boa para o Brasil.

##RECOMENDA##

Mercado financeiro

Em relação às reações do mercado financeiro, que nas últimas semanas tem atravessado momentos de turbulência em relação à proposta de mudar o cálculo do teto de gastos, Guedes atribuiu as reações dos investidores à preocupação com a articulação política do governo. O ministro voltou a defender a aprovação de reformas para demonstrar o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal.

“Imagino que há uma preocupação do mercado a respeito exatamente dessa capacidade de coordenação política para aprovar a PEC dos precatórios, porque é exatamente a PEC dos precatórios que nos dá o espaço para as políticas sociais”, comentou o ministro.

Aprovação das reformas

Para Guedes, a aprovação das reformas mostraria que o governo consegue aliar preocupação social e respeito ao equilíbrio fiscal, sem transferir custos para as gerações futuras. Na avaliação do ministro, o aumento temporário dos gastos foi necessário para enfrentar a pandemia de covid-19.

“O teto é um símbolo de um duplo compromisso. De um lado, não faltou dinheiro para a saúde. O Brasil gastou 10% a mais do que a média dos países avançados para combater a pandemia e gastou o dobro do que os países emergentes gastaram. Não obstante isso, o Brasil foi um dos países que menos se endividaram, exatamente porque nós, o tempo inteiro, tentamos, nas outras despesas, respeitar o teto e seguir com as nossas reformas estruturantes”, concluiu Guedes.

Após grande estresse no mercado financeiro com o acordo do governo para mudar o teto de gastos e financiar o pagamento de R$ 400 do Auxílio Brasil em 2022, ano eleitoral, o presidente da República, Jair Bolsonaro, citou, nesta quarta-feira (27), que recebe sugestões para elevar o valor do programa. "Muita gente diz para eu passar para 600 que estou garantido na reeleição", disse o chefe do Executivo em entrevista à Jovem Pan News.

No entanto, Bolsonaro declarou que não pensa em política neste momento e sabe dos impactos econômicos de subir ainda mais o piso do Auxílio Brasil. "Imagina se eu falo em 600 do Bolsa Família, o que acontece com a bolsa e com o dólar?", questionou. "Bagunça na economia não interessa para ninguém", acrescentou.

##RECOMENDA##

Bolsonaro voltou a defender o lançamento do Auxílio Brasil neste momento de crise. "Temos que atender os mais pobres, Paulo Guedes tem coração", disse.

Contudo, como mostraram o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) e o jornal O Estado de S. Paulo, o governo ignorou sugestões de financiamento do programa para alterar o teto de gastos, considerado a âncora fiscal do País.

Apesar de o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, já ter admitido a mudança na regra, Bolsonaro voltou a dizer nesta quarta que não vai haver furo do teto. "Mas também não podemos deixar de olhar para o povo mais pobre", declarou.

Julgamento do TSE

O chefe do Executivo ainda criticou o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de duas ações contra a chapa presidencial eleita em 2018 por compartilhamento de fake news. "Tem coisa que não tem que nem julgar, tem que arquivar", avaliou o Bolsonaro.

Na terça, três ministros da Corte votaram contra a cassação. Restam agora quatro votos para encerrar o julgamento, que deve ser retomado na quinta-feira.

Desgostoso por ser obrigado a furar o teto de gastos em meio ao ápice da crise econômica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria dito em reunião nesta terça-feira (26) que o ministro da Ciência e Tecnologia (MCTI), Marcos Pontes, é "burro". 

Irritado, também teria criticado o mau uso do dinheiro público e se questionado sobre o que ele próprio estaria fazendo no cargo. Segundo a Folha de S. Paulo, Guedes rebatia a contestação de integrantes da comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, que ainda tentam reaver os R$ 600 milhões retirados da pasta.

##RECOMENDA##

Com a presença de deputados da base e oposição, ele disse que alguns ministros deixam os recursos disponíveis parados. O economista ainda apontou que Pontes vive no 'espaço', não entende de gestão, e se for para devolver o dinheiro, não negociaria com o ministro astronauta, apenas com os assessores técnicos.

Ainda no momento das críticas, Guedes se queixou de um fundo enviado à Ciência para investimento, que na verdade, foi usado para 'foguetes', quando disparou contra Pontes: "burro". 

Outros ministros apontados como maus administradores foram Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e Onyx Lorenzoni, do Trabalho e Previdência. Por outro lado, citou Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, bom exemplo de bom uso dos recursos públicos.

As mudanças no teto federal de gastos para financiar parte do Auxílio Brasil não abalarão os fundamentos fiscais do país, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Em declaração conjunta ao lado do presidente Jair Bolsonaro, ele disse preferir ter a gestão avaliada com uma nota mais baixa para ajudar a população mais vulnerável.

“Entendemos os dois lados, mas não vamos tirar 10 em política fiscal e zero em política social. Preferimos tirar 8 em fiscal, em vez de tirar 10, e atender os mais frágeis”, afirmou o ministro. “Nós preferimos um ajuste fiscal um pouco menos intenso e um abraço do social um pouco mais longo. É isso que está acontecendo.”

Acompanhado de Bolsonaro, Guedes negou ter pedido demissão do cargo, após quatro secretários terem pedido exoneração. O presidente visitou o Ministério da Economia para aliviar as tensões após a decisão do governo de encaminhar ao Congresso uma proposta que muda o período de cálculo do teto de gastos para acomodar o benefício de R$ 400 do Auxílio Brasil que vigorará até o fim de 2022. 

Fundamentos

##RECOMENDA##

Segundo o ministro, os fundamentos econômicos continuarão sólidos, mesmo com o Brasil adiando o ajuste fiscal inicialmente previsto para o próximo ano. Ele destacou que o governo federal gastou 26,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em despesas primárias em 2020, por causa da pandemia de covid-19, e gastará 19,5% neste ano, retornando aos níveis de 2019.

De acordo com Guedes, o novo benefício social terá impacto de 1% do PIB nos gastos do próximo ano, adiando o ajuste fiscal. “Em vez de [gastar] 17,5% [do PIB] no ano que vem, que parece apertado demais, vamos ajudar os brasileiros e reduzir o ritmo do ajuste fiscal. [Agora] cai para 18,5% [em 2022]”, disse. O déficit primário – resultado negativo nas contas do governo sem os juros da dívida pública – ficaria entre 1% e 1,5% do PIB no próximo ano, em vez de ser zerado.

A proposta original do Projeto da Lei Orçamentária de 2022 (PLOA), enviada no fim de agosto, previa déficit primário de 0,6% do PIB para o próximo ano. Com o impacto do Auxílio Brasil, o texto terá de ser alterado na Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO).

O financiamento do programa também depende da conclusão da reforma do Imposto de Renda no Senado. Para entrar em vigor, a medida depende da liberação de R$ 84 bilhões em despesas no próximo ano fora do teto de gastos. Esse montante não acomodaria apenas o benefício de R$ 400, mas também abriria espaço no Orçamento para a execução das emendas aprovadas pelo relator do Orçamento na CMO.

O espaço fiscal viria da aprovação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite parcelar os precatórios (dívidas reconhecidas pela Justiça em caráter definitivo). O texto foi aprovado ontem pela comissão especial da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados, já com uma emenda que muda o cálculo do índice que corrige teto de gastos para a inflação acumulada entre janeiro e dezembro do ano anterior, em vez de julho de dois anos antes e junho do ano anterior. 

Justificativa

Segundo Guedes, o governo precisa agir para ajudar a população mais pobre, que passa dificuldades com a inflação dos alimentos e com o aumento do preço do gás de cozinha e da energia elétrica. “Todo mundo está dizendo que o povo está tendo dificuldade de comer, de comprar o gás de cozinha. Por isso, vamos reduzir o ritmo do ajuste fiscal”, justificou o ministro. “O teto é um símbolo, mas não vamos deixar as pessoas com fome.”

O ministro comentou ainda a renúncia do secretário especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e do secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt. De acordo com ele, os dois técnicos queriam que o valor do Auxílio Brasil ficasse em R$ 300, mas a ala política tinha pedido um valor maior, cabendo ao governo chegar a um meio-termo. “Cabe ao presidente [Bolsonaro] fazer essa arbitragem e cabe a mim fazer a avaliação de até onde pode ir.”

Guedes, no entanto, advertiu que um benefício a partir de R$ 500 por mês prejudicaria a economia. “Se [o Auxílio Brasil] for para R$ 500, R$ 600, R$ 700, esquece, aí não dá mesmo e nós vamos desorganizar a economia.”

 

Nesta sexta-feira (22), em pronunciamento ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ministro Paulo Guedes indagou se estava errado em gastar 30 bilhões a mais, furando o teto de gastos, para conceder o Auxílio Brasil no valor de R$ 400. O ministro acredita que não está fazendo nada de errado e tem trabalhado para ajudar as pessoas que estão passando fome no país. 

"17 milhões de frágeis precisam da nossa ajuda. Dá para arrumar alguma coisa aí? Claro que dá, mantendo a responsabilidade fiscal. há coisas que podem ser atendidas, há um limite, é difícil - cabe a mim fazer uma avaliação de até onde pode ir", explica Guedes.

##RECOMENDA##

O ministro salientou que prefere tirar uma nota menor no quesito fiscal, com o déficit primário sendo um pouco maior no ano que vem, em troca de atendimento aos mais frágeis. "Não vamos deixar milhões de pessoas passarem fome pra tirar 10 em política fiscal e tirar zero em assistência aos mais frágeis", disse.

O ministro da Economia garante que esse furo não altera os fundamentos fiscais da economia brasileira. "Os fundamentos são sólidos", salienta. 

Ele complementa que está pedindo uma "licença para gastar um pouco mais" e que "não há nenhuma mudança no arcabouço fiscal. Poderia ter sido feito dentro das regras atuais apenas dizendo o seguinte: preciso de uma licença para gastar mais 30 bilhões. A economia brasileira é forte e vigorosa o suficiente", assevera.

Paulo Guedes aproveitou para afirmar que todo esse movimento poderia ter sido evitado se o Senado tivesse aprovado a reforma do Imposto de Renda, que se refere à taxação da distribuição de lucros e dividendos, incluída na segunda fase da Reforma Tributária concedida pelo Ministério da Economia, que não avançou no Senado - mesmo tendo sido aprovada na Câmara dos Deputados.

O ex-ministro do Planejamento Esteves Colnago assumirá o comando da Secretaria Especial de Tesouro e Orçamento da pasta.

A nomeação foi confirmada há pouco pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em declaração conjunta ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Colnago substituirá Bruno Funchal, que pediu exoneração ontem (21) alegando motivos pessoais.

O ministério recorreu a soluções internas para reorganizar a equipe econômica.

Assessor especial de Relações Institucionais do Ministério da Economia, Colnago foi ministro do Planejamento entre abril e dezembro de 2018, no final do governo Michel Temer. De maio de 2016 a abril de 2018, foi secretário-executivo do Planejamento, durante a gestão do ex-ministro Dyogo Oliveira.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, explicou nesta quarta-feira (20) que o programa transitório derivado do Bolsa Família, de R$ 400, tem como função proteger as famílias do fenômeno também transitório dos aumentos dos preços da energia elétrica e da comida. Para ele, a Economia apresentou suas soluções e cabe agora à ala política do governo chegar a um consenso com o Congresso.

Guedes fez esta e outras afirmações ao participar da 48ª edição do evento 'Melhores e Maiores' da Revista Exame.

##RECOMENDA##

Para ele, o governo teve de fazer o encaixe dentro do arcabouço fiscal que existe. "O presidente Jair Bolsonaro pediu uma camada adicional de proteção com ninguém recebendo menos de R$ 400. A forma de fazer auxílio é a política que decide. A Economia já sugeriu precatórios e IR. Cabe ao relator Hugo Motta viabilizar e atender o pedido de R$ 400", disse Guedes.

Uma possibilidade, de acordo com o ministro, é trocar a periodicidade do auxílio para sincronizar o indexador de salário com o do teto. "O formato do auxílio está a cargo da política, que está decidindo até onde estica. Outra possibilidade é pedir um crédito extraordinário de trinta e poucos bilhões de reais", disse.

Fórmula simples

O ministro da Economia afirmou estar certo de que o governo e sua equipe estejam dando passos certos no sentido de levarem a economia a crescer acima das precisões. Inclusive, disse o ministro, o que o prendeu nesta quarta-feira, em Brasília, impedindo-o de participar presencialmente de evento da Revista Exame, para o qual fez o discurso de abertura, foi uma fórmula econômica que sua pasta enviou ao Congresso para resolver o impasse do Auxílio Brasil.

"A posição da Economia foi enviada e aprovada na Câmara e nós enviamos também para o Senado. Nossa fórmula era uma fórmula simples. A PEC dos precatórios abre o espaço fiscal para nós reforçarmos os programas sociais e o IR gerava a fonte de recursos para o Bolsa Família de R$ 300 robusto, com um aumento de mais de 50%, dentro do teto, obedecendo a Lei de Responsabilidade Fiscal", disse.

No entanto, disse o ministro, como não avançou no Senado com o debate do IR, "é natural que o governo fique impaciente porque ele precisa cuidar dessas camadas mais vulneráveis. Vai se extinguir agora no fim deste mês o auxílio emergencial e nós não podíamos deixar desprotegidas as famílias mais vulneráveis", avaliou.

Guedes disse ainda que não achou inteligente, do pondo de vista dos meios de negócios, lutar contra o IR. Segundo ele, teve muito lobby em Brasília contra a reforma do imposto de renda.

"Eu não achei inteligente porque quando você faz uma reforma e é uma reforma moderada cobrando só 15%, você não terá outra reforma por pelo menos 10 anos", disse o ministro emendando que se não é feita uma reforma moderada, o governo seguinte terá de ser mais duro e falar em tabela progressiva e imposto sobre grande fortunas. "Poderá falar em algo mais contundente", disse.

O fato, de acordo com Guedes, é que, como o Senado não conseguiu aprovar a reforma do IR e como prazo do auxílio emergencial quase expirando, teve de criar um programa transitório.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, reiterou, na Câmara dos Deputados, que foi pego de surpresa com o corte de R$ 600 milhões de recursos de pesquisa da área.

Em debate na Comissão de Educação nesta quarta-feira (13), ele foi questionado pela presidente do colegiado, deputada Professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO), sobre a aprovação do Projeto de Lei do Congresso (PLN) 16/21, que remanejou mais de 90% dos recursos que seriam destinados para o Ministério da Ciência e Tecnologia para outras pastas. O projeto aguarda agora sanção presidencial.

##RECOMENDA##

Professora Dorinha destacou que o texto foi alterado de última hora a pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Essa ação nos preocupa muito. O orçamento já era muito apertado e as verbas tinham uma destinação para pesquisa e investimento na área de ciência e tecnologia e, acima de tudo, para o pagamento de bolsas para pesquisadores, e o dinheiro foi retirado", disse a parlamentar.

O ministro alegou que não sabia nem mesmo que o projeto de lei podia ser modificado de última hora de ofício pelo governo. "Como eu já coloquei publicamente, eu fui pego de surpresa, falei até com o presidente [da República] sobre isso, ele também foi pego de surpresa por isso. Eu pedi ajuda para recuperação desses recursos e ele prometeu que vai ajudar", disse.

"Não quero discutir o mérito da utilização dos recursos pelos outros ministérios, mas recursos para Ciência e Tecnologia não é gasto, é investimento", complementou.

Pontes informou que enviou ofício para o ministro da Economia, Paulo Guedes, pedindo a recomposição de recursos e que obteve da ministra-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, deputada licenciada Flávia Arruda (DF), a promessa de recuperação da verba. Mas o ministro não sabe quando isso ocorrerá.

O deputado Professor Israel (PV-DF) observou que o corte de recursos foi decidido pela própria cúpula do governo, já que o ofício modificando o PLN 16/21 foi enviado pela junta de execução orçamentária, composta pelos ministros da Economia, da Casa Civil e da Secretaria de Governo.

Áreas afetadas

De acordo com Marcos Pontes, o corte de verbas não afeta o pagamento de bolsas existentes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mas, se o recurso não for recomposto, afetará as bolsas da chamada universal do CNPq lançada no início de setembro, prevendo R$ 250 milhões para pesquisas em todas as áreas.

Além disso, segundo ele, o corte afeta a destinação de recursos para os institutos nacionais de ciência e tecnologia, cujo orçamento já estaria defasado em 30%, e para o Centro Nacional de Vacinas.

O ministro observou que o PLN 16/21 garante R$ 63 milhões para produção no Brasil de radiofármacos, que são utilizados em tratamentos contra o câncer, mas disse que os recursos precisam ser liberados rapidamente para garantir que não haja interrupção na produção.

Contingenciamento

Pontes acrescentou que o ministro Paulo Guedes promete, para o ano que vem, orçamento melhor para o ministério e a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Porém, ele teme que, mesmo com a aprovação da Lei Complementar 177/21, que proíbe o contingenciamento dos recursos do FNDTC, o bloqueio aconteça a partir de brecha aprovada no PLN 12/21, transformado na Lei 14.212/21.

Com o desbloqueio, ele disse que será possível aumentar o valor das bolsas do CNPq, congeladas há oito anos.

Permanência no cargo

Deputados criticaram o ministro de estar alheio ao que se passa na área. "A primeira conclusão é que o ministério está no mundo da lua e passando pano para o governo Bolsonaro. Segundo, se depender do governo Bolsonaro, ciência e tecnologia e educação vão para o espaço. Houve corte de R$ 600 milhões no orçamento do ministério, que ficou em R$ 89 milhões, e isso aconteceu a mando do ministro Paulo Guedes. O senhor disse que nem sabia que isso ia acontecer", criticou o deputado Rogério Correia (PT-MG), um dos que pediu a audiência pública.

O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) frisou que é governista mas lamentou a falta de diálogo e sincronia dentro do governo. Já o deputado Ivan Valente (Psol-SP) pediu que o ministro deixasse o cargo em protesto ao corte. "Por que Vossa Excelência se agarra a um cargo num governo anti-ciência?", questionou. "Eu pediria a Vossa Excelência que, como um ato político de primeira grandeza, renunciasse ao cargo", disse.

O ministro respondeu que não se apega a cargos, mas à missão. "Eu recebi a missão de proteger e melhorar o sistema de ciência e tecnologia do País. Quando eu pego a missão, vou até o final", afirmou. "Eu vou continuar a defender a ciência do Brasil, apesar de todas as situações, por causa da missão que tenho com a ciência", completou.

Apesar do baixo orçamento, Pontes acredita que o ministério tem conseguido fazer muito graças à competência da equipe. "Poderíamos avançar muito mais se tivéssemos orçamento", acrescentou.

Pontes defendeu que Educação e Ciência e Tecnologia fiquem fora do teto de gastos. A deputada Professora Marcivania (PCdoB-AP) pediu então que o ministro apoie uma proposta de emenda à Constituição nesse sentido, para que não seja uma fala vazia.

Papel do Congresso

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) avaliou que o ministro tem responsabilidade direta pelo corte de verbas da área. "O senhor não pode se colocar como agente à parte, que nada tem a ver com o acontecido", opinou.

Além disso, ressaltou que apenas o PSol se posicionou contrariamente ao PLN 16/21 na votação na Comissão Mista de Orçamento, cabendo uma cobrança contra o conjunto das lideranças partidárias.

O deputado General Peternelli (PSL-SP) também ponderou que é o Congresso Nacional quem define os recursos de todas as pastas. "O presidente pode propor, mas nós decidimos para onde vai cada recurso. Compete a nós Congresso definirmos para onde vão os recursos", salientou.

Já o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG) ressaltou que o relator do PLN 16/21 foi o líder do governo, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), e que o ministério recebeu uma "rasteira do governo".

Mitraud quis saber ainda quais as alternativas construídas pelo ministério para que haja investimentos privados na área de Ciência e Tecnologia. Marcos Pontes informou que criou uma secretaria no ministério com esse fim. "Temos trabalhado com várias ferramentas, mas isso demora um certo tempo, tanto a mudança de cultura quanto a regulamentação para isso", observou.

Pane no sistema

O ministro também falou sobre a pane em equipamento do CNPq em julho, que deixou indisponíveis por 16 dias as consultas às plataformas Lattes e Carlos Chagas e aos editais do CNPq.

Ele garantiu que não houve perda dos dados dos usuários e nem atraso no pagamento de bolsas. Segundo ele, as restrições de orçamento não contribuíram para o incidente, que ocorreu por falha material em duas controladoras, as quais serão substituídas por componentes novos, adquiridos antes do incidente.

A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), uma das que pediu a audiência, disse que o País não pode ficar "à mercê de migalhas para trocar equipamentos" e considerou os cortes no orçamento alarmantes. "O orçamento do CNPq, que honra muito este País, principal agência de fomento à pesquisa científica no País, caiu de R$ 1,4 bilhão em 2018 para R$ 872 milhões, uma redução de 38%. Só as bolsas de estudo para pesquisadores custam mais do que isso, cerca de R$ 900 milhões. Como vão resolver?", perguntou.

Ela afirmou que, se o corte não for revertido, será preciso zerar os investimentos em novas pesquisas.

Visita de deputada neonazista

Marcos Pontes também respondeu às acusações de que recebeu em seu gabinete uma deputada neonazista. Ele afirmou que a visita foi solicitada pela deputada Bia Kicis (PSL-DF) e disse que não conhecia a posição política da deputada alemã e só tomou conhecimento pela imprensa.

"Ainda bem que eu não sabia de nada disso antes de recebê-la, porque eu ficaria em situação de conflito interno, porque eu seria obrigado a receber uma representante oficial do Parlamento de um país amigo", apontou.

Semicondutores

Alguns deputados, como Pompeo de Mattos (PDT-RS), criticaram ainda a extinção do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), empresa pública vinculada ao ministério e produtora de semicondutores.

O ministro respondeu que a empresa "poderia ter continuado a contribuir", que foi criada uma organização social para preservar o conhecimento acumulado no Brasil, e que agora tenta criar uma estratégia junto com a indústria para fortalecer o setor no Brasil.

Da Agência Câmara de Notícias

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, fez uma cobrança pública ao ministro da Economia, Paulo Guedes, por mais recursos em sua pasta.

"Este ministério está trabalhando muito. Fizemos muita coisa? Fizemos. Esse ministério está fazendo barulho? Está. Esse ministério tem orçamento? Não. Cadê Paulo Guedes? Não tem dinheiro", declarou Damares a uma plateia de pastores evangélicos durante o Simpósio Cidadania Cristã. O presidente Jair Bolsonaro assistia ao discurso.

##RECOMENDA##

Em seguida, a ministra tentou atenuar a fala e disse que "amava demais" o colega de Esplanada. "Somos um ministério que estamos começando, precisamos mostrar a que viemos e fortalecer as políticas públicas, para que esse ministério tenha continuidade", acrescentou Damares.

A cobrança pública por recursos vem enquanto o ministério da Economia volta todas as atenções para a costura do financiamento do Auxílio Brasil, programa que deve substituir o Bolsa Família e ser a vitrine eleitoral de Bolsonaro na corrida à reeleição em 2022.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai ter que dar explicações sobre sua empresa em paraíso fiscal aos deputados da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público (CTASP). O requerimento de convocação protocolado pelos deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Paulo Ramos (PDT-RJ) foi aprovado nesta terça-feira (5).

"Esse esclarecimento precisa ser dado imediatamente e o ministro precisa vir 'sob vara', obrigado a vir a comissão. Portanto a gente recusa a proposta de transformar a convocação em convite", afirmou Kataguiri, que pretende ouvir Guedes para apurar um eventual cometimento crime.

##RECOMENDA##

O vazamento sobre as transações internacionais por meio de offshores também recai sobre o indicado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à Presidência do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto. Contudo, o deputado Ramos solicitou a retirada do gestor do BC do requerimento aprovado por 12 votos a oito.

Apesar de possuir offshore não ser crime, Kataguiri explicou nas redes sociais que há conflito de interesses devido aos investimentos no exterior, o que seria um contraste entre a atividade empresarial e a responsabilidade Administrativa do ministro.

"Paulo Guedes não tomou algumas medidas necessárias e violou o Código de Conduta da Alta Administração Federal e a Lei de Conflito de Interesses", destacou. Ele lembrou que ações do economista desde o início da gestão dão margem para supor que as medidas foram tomadas em benefício próprio.

O deputado ainda classificou a postura como 'imoralidade na administração pública'. “O que torna tudo muito mais estranho é lembrar que Guedes, assim que assumiu como Ministro, fez alterações no Conselho Monetário Nacional (CMN) para beneficiar Offshores. O mesmo Ministro defendeu publicamente que a Reforma do IR não atingisse Offshores”, criticou.

As opiniões do ministro sobre a disparidade do dólar em relação ao real também foram rechaçadas por Kataguiri. "Além disso, Guedes já defendeu por diversas vezes que o dólar continuasse alto, aumentando a inflação para os brasileiros e prejudicando nossa indústria. Por tudo isso a convocação se faz necessária para que o Ministro se explique!", concluiu.

Em nota, o Ministério da Economia respondeu que a participação de Guedes na empresa no exterior foi declarada à Receita Federal.

A oposição aproveitou a sessão do Plenário desta segunda-feira (4) para cobrar explicações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre a revelação de que ele é sócio de uma offshore nas ilhas Virgens Britânicas. Diversos deputados pediram a convocação do ministro. Não havia parlamentares governistas na sessão.

A notícia sobre a offshore foi publicada pelos sites da revista Piauí e Poder360, que integram o consórcio internacional de jornalistas investigativos que teve acesso a milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais (Pandora Papers). O vazamento também apontou empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

##RECOMENDA##

O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) defendeu que Paulo Guedes seja convocado pela Câmara dos Deputados para dar explicações sobre os investimentos no exterior. “Não podemos aceitar que as autoridades da política econômica, fiscal e monetária do nosso País utilizem dos instrumentos da política em benefício próprio”, afirmou.

Em nota, o Ministério da Economia afirmou que a participação de Guedes na empresa offshore foi declarada à Receita Federal. “Toda a atuação privada do Ministro Paulo Guedes, anterior à investidura no cargo de ministro, foi devidamente declarada à Receita Federal, à Comissão de Ética Pública e aos demais órgãos competentes, o que inclui a sua participação societária na empresa mencionada. As informações foram prestadas no momento da posse, no início do governo, em 2019”, diz o comunicado.

Convocação
O deputado José Ricardo (PT-AM) também pediu a convocação do ministro da Economia para dar explicações aos parlamentares. O deputado Ivan Valente (Psol-SP) informou que seu partido entrou com uma representação para que Paulo Guedes seja ouvido, e discute outras frentes de atuação. “O conflito de interesses é evidente. Ele precisa prestar contas, e nós estamos pensando também em uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigá-lo, além de trazê-lo ao plenário e às comissões para prestar contas”, afirmou.

O deputado João Daniel (PT-SE) afirmou que as revelações são “escandalosas”. “Este é o governo Bolsonaro: um governo em que o ministro da Economia e o presidente do Banco Central colocam dinheiro em paraíso fiscal. Ele nunca nos enganou. Por isso, o Brasil está desgovernado”, afirmou.

O deputado Professor Israel Batista (PV-DF) também defendeu a investigação dos fatos. “O ministro Paulo Guedes, agora, com essa offshore, está diante de um dilema ético muito grave, que este Congresso Nacional precisa investigar. Nós não podemos aceitar que isso continue acontecendo em nosso País”, disse.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) afirmou que Guedes e Campos Neto deveriam ser afastados de suas funções. “São quase R$ 51 milhões de reais — US$ 9 milhões — e é imoral e inaceitável que alguém que tem a responsabilidade de dirigir a economia de um país invista contra este país, no caso, retirando dinheiro do Brasil”, disse.

*Da Agência Câmara de Notícias

 

Documentos revelados pela Pandora Papers, nesse domingo (3), mostram que 66 dos maiores devedores brasileiros de impostos mantêm offshores com milhões depositados em paraísos fiscais. Os dados são levantados e investigados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Segundo informações do Metrópoles, os débitos desses devedores com a União chegam a R$ 16,6 bilhões. Dentre os mencionados, na lista que ultrapassa 300 empresários e políticos do mundo todo, estão Eike Batista, o ministro da Economia Paulo Guedes, o inventário do ex-deputado José Janene, estrela do Mensalão e morto em 2010. Há também figuras não-públicas, mas que já estiveram envolvidas em esquemas de corrupção investigados pela Polícia Federal em algum momento. 

Empresas “offshore” (“fora da costa”, do inglês) são empresas e contas bancárias abertas em territórios onde há menor tributação para fins lícitos. Ter dinheiro fora do país ou ser dono de offshores não é crime no Brasil, se informado à Receita Federal, mas a tática é comumente usada para driblar tributações e esconder dinheiro ilícito. Geralmente, os paraísos fiscais são boas opções, também, por estarem em território cujo sigilo bancário é rígido, dificultando um possível rastreio do dinheiro depositado. Saiba quais os principais nomes na lista de empresários brasileiros: 

##RECOMENDA##

Paulo Guedes, ministro da Economia 

Guedes fundou a Dreadnoughts International, uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. Nos meses seguintes, Guedes aportaria US$ 9,54 milhões — o equivalente, hoje, a mais de R$ 50 milhões — na conta da offshore, numa agência do banco Crédit Suisse, em Nova York. A empresa surgiu em meio à crise do governo de Dilma Rousseff, em 2014, e à alta do dólar. 

Eike Batista 

O empresário que chegou a ser a pessoa mais rica do Brasil tem hoje débito de R$ 3,8 bilhões inscrito na Dívida Ativa. O nome dele está ligado a duas offshores, a Farcrest Investment e a Green Caritas Trust. A Farcrest foi criada em abril de 2006. Na época, ele ainda estava longe do pico na sua carreira, em 2012, quando foi listado como o sexto homem mais rico do mundo. 

A Green Caritas Trust, criada em dezembro de 2011, tinha como objetivo declarado repassar 2,5 milhões de euros para a filantropia. Os recursos viriam de um outro trust no Panamá, o Blue Diamond Trust, que detinha participações em mais de oito empresas. Trusts são estruturas patrimoniais utilizadas na proteção de ativos. 

Irmãos Parrillo, da Prevent Senior 

A Prevent Senior, plano de saúde que tem rede própria de hospitais, entrou no foco da CPI da Pandemia devido a supostos estudos realizados pela empresa para, sem a autorização dos pacientes, avaliar a efetividade da cloroquina e de outros medicamentos contra a doença. Os irmãos que controlam a Prevent Senior —Andrea, Eduardo e Fernando Fagundes Parrillo— figuram no banco de dados do Pandora Papers como detentores de quatro offshores, a Shiny Developments Limited, a Luna Management Limited, a Hummingbyrd Ventures Limited e a Grande Developments Limited. Juntas, totalizam quase 9 milhões de dólares em ativos. 

Em todos os casos, o dono da empresa é uma offshore localizada em São Cristovão e Nevis, país que é um movimentado paraíso fiscal no Caribe, e que não informa quem são os donos de suas offshores. Os irmãos aparecem sempre como beneficiários, ou seja, as pessoas que efetivamente controlam a companhia. 

Claudio Rossi Zampini 

O empresário Claudio Rossi Zampini possui negócios de ramos diversos em São Paulo, como a CRZ Telecomunicações e a Flamingo Táxi Aéreo. Zampini aparece direta ou indiretamente no quadro social de nove companhias. Ele também possui débitos somados de R$ 1,3 bilhão inscritos na Dívida Ativa da União, referentes a inscrições entre 2014 e 2019. 

Zampini aparece como o dono de três offshores criadas entre 2008 e 2011 nas Ilhas Virgens Britânicas. Não há muitas informações sobre a mais antiga, a Lizza Properties, estabelecida em março de 2008, nem sobre a mais recente, Encinita Holdings, criada em 2011. 

Inventário de José Janene 

O ex-deputado José Janene, morto em 2010, aparece como o representante de duas offshores sediadas no Panamá, a Corliss Enterprises e a Kleman Investments. Ambas foram criadas em junho de 2003, quando ele iniciava o terceiro mandato na Câmara dos Deputados. 

Janene ficou conhecido por ser um dos pivôs do escândalo do Mensalão, o que quase levou à cassação do seu mandato. Ele acabou absolvido pelo plenário da Câmara em uma votação secreta no fim de 2006. Caso estivessem declaradas no Brasil, as offshores precisariam constar no inventário de Janene.  

Nos documentos, aparecem operações relacionadas a mais de 330 políticos e altos funcionários públicos e 35 chefes e ex-chefes de estado, de mais de 90 países, além de empresários e celebridades internacionais. A investigação durou dois anos e teve a participação de 615 jornalistas, de 149 veículos, em 117 países. 

O resultado da investigação deu origem à série de reportagens Pandora Papers, que começou a ser publicada no domingo (3) por veículos como Washington Post, Le Monde, El País, The Guardian e BBC, entre outros. No Brasil, além do Metrópoles, também participaram da investigação o site Agência Pública, a revista Piauí e o site Poder 360. 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando