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O presidente Jair Bolsonaro reuniu a cúpula dos três poderes para um almoço no Palácio da Alvorada nesta quarta-feira (5), como gesto de boa vontade pelo início dos trabalhos no Legislativo e Judiciário.

Bolsonaro convidou os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

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Também estiveram presentes o presidente do Superior Tribunal de Justiça, João Otávio Noronha, do Tribunal de Contas da União, José Mucio Monteiro Filho, além do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Compareceram, ainda, os presidentes do Banco Central, Roberto Campos Neto, da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e do Banco do Brasil, Rubem Novaes.

Entre os ministros estavam Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde).

Após reunião no Palácio do Planalto com Onyx Lorenzoni, nesta quarta, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), foi convidado pelo presidente para participar do almoço. Não há informação de que outro governador tenha participado.

Mais cedo, Bolsonaro disse que o encontro tinha como objetivo enfatizar que o grupo tem o "privilégio de dar um norte para o Brasil".

"Convidei ministros, presidentes de tribunais nesse início de ano para bater um papo e dizer para eles que nós temos o privilégio de, juntos, dar um norte para o Brasil. É por aí a pauta de um breve almoço", contou pela manhã.

A criação da figura do juiz de garantias provocou dúvidas e divergências no Legislativo e no Judiciário. Até mesmo integrantes do grupo de trabalho da Câmara, que incluíram a proposta prevendo o juiz no pacote anticrime preparado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, discordam sobre o prazo de vigência da medida - se valerá para casos em andamento ou apenas para novas apurações.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Dias Toffoli, criou na quinta-feira (26), um grupo de trabalho para elaborar um estudo e apresentar, até 15 de janeiro, sugestões para regulamentar o texto. As atividades serão coordenadas pelo corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins.

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Para ministros do Supremo ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, a aplicação do dispositivo que estabelece a divisão de tarefas entre dois magistrados - um conduzindo a fase de investigação e outro com a função de julgar réus - somente deve valer para futuros inquéritos.

Na lista de pontos não esclarecidos da lei está se ela vai ou não atingir instâncias como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo e, ainda, se alcançará investigações em tramitação, como o caso Fabrício Queiroz, que atinge o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ).

Decano do Supremo, o ministro Celso de Mello defendeu a criação do juiz de garantias. "Penso que a figura do juiz de garantias constitui inestimável conquista da cidadania, pois, além de assegurar a necessária imparcialidade do magistrado, representa a certeza de fortalecimento dos direitos e garantias fundamentais da pessoa sob investigação criminal", disse Celso de Mello, em nota enviada ao jornal O Estado de S. Paulo.

Nos bastidores de tribunais superiores, porém, a lei anticrime já é chamada de "um Frankenstein" que vai ganhar vida própria em 30 dias, prazo fixado para que ela entre em vigor, em todo o País.

De acordo com a lei, o juiz de garantias deverá conduzir a investigação criminal, em relação às medidas necessárias para o andamento do caso até o recebimento da denúncia. O prosseguimento da apuração e a sentença ficarão a cargo de outro magistrado.

Mensagens

A ideia de incluir o dispositivo no pacote anticrime surgiu em agosto, na esteira da divulgação de mensagens privadas de Moro, então juiz da Lava Jato em Curitiba, e do coordenador da força-tarefa da operação, Deltan Dallagnol, pelo site The Intercept Brasil.

Autora da proposta do juiz de garantias, a deputada Margarete Coelho (PP-PI), disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a ideia não é uma resposta a Moro e deve valer apenas para novos processos. "Hoje, defender a Constituição é visto como defender bandido. Mas o garantista é aquela que preserva a Constituição. Temos um texto garantista, maduro, apto a melhorar a questão penal no Brasil."

A opinião de Margarete diverge da do deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG), relator do projeto de lei no plenário da Câmara. Para ele, a figura do juiz de garantias vale para todos os casos em andamento, inclusive o de Flávio Bolsonaro.

Moro tentou resgatar a redação original do projeto no plenário, mas foi derrotado em uma articulação envolvendo deputados da oposição e do chamado Centrão. A expectativa do ministro era que o presidente Jair Bolsonaro barrasse, por meio de um veto, a criação do juiz de garantias, mas isso não ocorreu.

Um parecer preparado pela equipe de Moro, assinado em conjunto com a Advocacia-Geral da União e a Corregedoria-Geral da União (CGU), havia recomendado o veto ao juiz de garantias. Entre os motivos citados estavam a própria dificuldade de adotar a medida.

"A norma não esclarece como deve ela ser operacionalizada, notadamente em comarcas com um único juiz", diz o parecer.

Além disso, o documento argumentava que, como crimes de corrupção e lavagem de dinheiro perpetuam-se "durante anos e anos", caberia ao juiz acompanhar todo o desenrolar da atuação policial e do Ministério Público. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) lembrou nesta quinta-feira (3), em Plenário, o aniversário da Constituição Federal do Brasil, comemorado no dia 5 de outubro. Ele ressaltou que a separação de Poderes, "um preceito fundamental da Constituição", vem sendo ignorado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Ele destacou, ao lembrar a votação ocorrida na última quarta-feira (2), quando por maioria, o Supremo decidiu que réus delatados devem falar antes dos delatores na fase final do processo. Ele destacou que cabe ao Legislativo a decisão tomada pelo Supremo.

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“Ainda não sabemos o impacto que essa decisão produzirá no âmbito de muitas operações realizadas ao longo do dos últimos anos, especialmente a Operação Lava Jato. O tema é controverso, mas uma coisa é certa: o Supremo Tribunal Federal está legislando mais uma vez. Direito Penal e Direito Processual Penal, assim como tantos outros ramos do direito, somente podem ser definidos por lei, pela via do Poder Legislativo”, disse o senador.

O parlamentar explicou que a legislação atual não fala em alegações finais nos processos em que existam delatores e delatados. Segundo ele, o que a Lei Processual Penal apresenta é quanto à acusação e defesa, mas não polariza entre delator e delatado.

“Eu queria concluir minha fala fazendo menção ao aniversário da nossa Constituição Federal, mas com este registro triste de que a nossa Carta vem sendo desafiada por aquela Corte, que deveria garantir proteção, dar cumprimento a ele”,  lamentou Marcos Rogério.

*Da Agência Senado

 

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), apelou ao Supremo Tribunal Federal para fazer valer a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada por sua base de apoio na Assembleia gaúcha. Suspensa pelo Tribunal de Justiça do Estado, após ação ajuizada pela Promotoria, a lei congela as contas para 2020, eliminando a possibilidade de reajuste, mesmo que pela inflação, das transferências que custeiam os demais Poderes.

Com um déficit previsto de R$ 4,3 bilhões (que pode aumentar em R$ 240 milhões sem o congelamento) e ainda pagando o 13.º de servidores do ano passado, Leite defende o "compartilhamento" da crise. "O déficit é do Estado, não é só do Executivo", disse o governador ao jornal O Estado de S. Paulo.

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O que levou o senhor a congelar o orçamento?

O Rio Grande do Sul, pela primeira vez, estabelece na LDO uma previsão realista de orçamento. Nos anos anteriores, mesmo estando operando com déficit, sempre se previa uma receita extraordinária para a cobertura desse déficit, o que fazia com que, no papel, as contas estivessem equilibradas. Então, o Estado começava o ano prevendo uma situação equilibrada e, depois, frustradas as receitas, fechava o ano com déficit. Desta vez, previmos o déficit do ano que vem em R$ 4,3 bilhões. Se o Estado tem esse problema financeiro, como é que ele vai aumentar o aporte de recursos para os outros Poderes? Não faz nenhum sentido. O déficit é do Estado, não é do Poder Executivo. O Executivo acaba suportando sozinho o déficit do Estado todo. Então, fizemos esse movimento, que foi compreendido pela ampla maioria dos deputados, e que, infelizmente, o TJ concedeu a liminar. Nós estamos buscando no STF que se restaure aquilo que foi decidido pelo povo gaúcho através de seus representantes. Até porque identificamos que eles têm folga nos seus orçamentos para atenderem às suas necessidades sem precisar haver aumento de repasse.

Falta esforço dos outros Poderes para a recuperação do Estado?

A devolução feita pelo Tribunal de Justiça (que foi de R$ 98 milhões em 2018) é prova de que há orçamento suficiente para eles, não precisa haver aumento de repasses. Aliás, devolveram o recurso também porque havia uma previsão orçamentária maior, porque há pleito de reajustes para os seus servidores. Mas olhem: o Executivo já está com a maior parte das categorias há quatro anos sem reajuste, não recebem os salários em dia e têm média salarial menor. Enquanto os servidores dos outros Poderes estiverem recebendo, em dia, o 13.º deste ano, o Executivo estará quitando o 13.º do ano passado, que foi pago parcelado ao longo deste ano. Não há que se falar em aprovação de aumentos salariais aos outros Poderes dentro do cenário de desequilíbrio que existe no Estado. Para que haja a solidariedade de todos com a situação fiscal do Estado, entendemos que é fundamental que se compartilhe já no orçamento o congelamento dos repasses.

O senhor acha que o compartilhamento do ajuste fiscal deveria ser uma bandeira dos Estados?

Acho que o que nós fazemos aqui serve de exemplo para todos aqueles que estiverem com a situação fiscal como a do Rio Grande do Sul. É importante frisar: não se trata de fazer um enfrentamento aos outros Poderes. É uma questão elementar de absoluta indisponibilidade de recursos para se aumentar aportes em outros Poderes, quando o próprio Executivo não consegue fazer o pagamento das suas despesas básicas. E não se trata de apropriação de recursos pelo Executivo, porque, na verdade, é deixar de repassar um recurso que não existe. O aumento do repasse aumenta as dívidas do Executivo para atender a uma demanda de outros Poderes que já têm essas condições fiscais.

O senhor diz que não é uma questão de enfrentamento, mas os demais Poderes não demonstram essa iniciativa de abrir mão.

A Assembleia Legislativa votou em larga maioria algo que afeta o próprio Poder Legislativo. Ela foi solidária, compreendeu que o congelamento aos outros Poderes envolve a própria Assembleia. Isso é uma demonstração de solidariedade. Houve a primeira reunião no STF, também algumas rodadas de reunião aqui (Porto Alegre), e foram apresentados cenários possíveis. O Judiciário tem um fundo de reaparelhamento na casa de R$ 1 bilhão, em recursos disponíveis em conta, que usa para os seus investimentos, para construir os seus prédios. Nós propusemos que esse recurso pudesse ser alcançado ao Executivo, para fazer frente a compromissos urgentes, e devolvido ao longo do próximo ano, na medida da necessidade do Judiciário. Não queremos tomar para nós esse dinheiro, apenas adiantar esse valor, isso ajudaria o Estado a cumprir compromissos, o que reduziria o comprometimento que nós temos com o pagamento de juros, por exemplo, de 13.º em atraso. O atraso do 13.º está sendo pago de forma parcelada até o fim do ano. Se eu conseguisse pagar o valor do 13.º neste ano, sem a necessidade de parcelar, significaria uma economia de R$ 150 milhões.

O senhor pretende então manter o congelamento?

Estamos trabalhando por isso. Há uma expectativa que nas próximas semanas haja uma nova audiência de conciliação e esperamos que a decisão seja pela manutenção do congelamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A disputa por recursos entre os Poderes chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ao menos nove Estados tiveram de recorrer à Corte ou foram acionados por ela em função de atrasos e de tentativas de redução no valor dos repasses mensais feitos ao Judiciário e Legislativo nos últimos dois anos. Diante de orçamentos deficitários, que impedem investimentos em áreas básicas e levam até mesmo ao parcelamento dos salários dos servidores, governos tentam dividir o ajuste fiscal com órgãos que, em muitos casos, registram superávit.

Donos de "fundos de reaparelhamento", Tribunais de Justiça, Assembleias Legislativas e órgãos autônomos, com as Promotorias Estaduais, aplicam os chamados duodécimos (são 12 transferências por ano) em obras milionárias pelo País, em plena crise. O Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, projeta erguer duas torres novas por R$ 1,2 bilhão. Já o Ministério Público do Tocantins investe cerca de R$ 4 milhões na construção e reforma de Promotorias no interior e em Palmas. E o Legislativo de Goiás constrói uma sede de 44 mil m² avaliada em R$ 112 milhões.

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Idealizado desde 2001, o novo prédio da Assembleia de Goiás é pago com recursos do duodécimo da Casa, que, neste ano, poderá chegar a R$ 97 milhões, ou R$ 1,1 bilhão por ano, orçamento maior que o projetado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) na Lei de Diretrizes Orçamentárias: R$ 69 milhões.

Os deputados aprovaram R$ 157 milhões por mês e chegaram a derrubar o veto feito por Caiado ao projeto. Depois, aceitaram reduzir em R$ 60 milhões o recurso só para investimentos e manutenção, sem contar despesas com pessoal.

"A lei diz que o porcentual deve ser, no mínimo, de 3% da receita, o que daria R$ 157 milhões. Mas, em função da crise do Estado, fizemos um acordo. Não precisamos desse valor exorbitante, mesmo tocando uma obra", afirmou o presidente da Assembleia de Goiás, Lissauer Vieira (PSDB). O déficit previsto no Estado para 2020 é de R$ 3,5 bilhões.

As batalhas travadas individualmente são consequência de uma espera de quase duas décadas para o STF julgar artigos suspensos da Lei de Responsabilidade Fiscal que poderiam aliviar os cofres estaduais. Um deles permitiria ao Executivo dividir o aperto fiscal entre os Poderes. O julgamento foi paralisado em agosto quando o placar estava em 5 a 5 - falta o voto do ministro Celso de Mello.

Sem uma regra geral, resta a cada Estado negociar acordos individuais. Caberá ao Supremo decidir, por exemplo, se o Rio Grande do Sul poderá manter sua decisão de congelar o orçamento de 2020, eliminando a chance de reajuste nos duodécimos.

Santa Catarina, Paraná e Goiás também tentaram, sem sucesso, "economizar" nas transferências durante a votação de suas respectivas LDOs, mas sem apelar ao Supremo.

Mato Grosso, Tocantins, Roraima, Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Rio foram acionados na Corte após atrasarem as parcelas, que devem ser pagas até dia 20 - hoje estão normalizadas. Já o Amapá acionou o STF para pagar menos ao Tribunal de Justiça.

Acordos

Após ser derrotado na Assembleia Legislativa de Santa Catarina em sua tentativa de reduzir em R$ 500 milhões as transferências mensais, a partir de um corte linear de 10%, o governo do Comandante Moisés (PSL) fechou um acordo com os chefes dos Poderes que prevê uma devolução de R$ 268 milhões até o fim do ano.

"Isso mostra que há sobra de recursos. Mas só seis dos 40 deputados votaram a favor da redução. A devolução, portanto, é uma conquista, apesar de não ser o modelo ideal", disse o chefe da Casa Civil de Santa Catarina, Douglas Borba.

Situação parecida ocorreu no Paraná. Ratinho Júnior (PSD) tentou reduzir o valor das transferências, sem êxito. A mudança na base de cálculo, para menos, foi vetada na Assembleia, mas o governo conseguiu que o pagamento de pensões do TJ e do MP não saia mais dos cofres estaduais.

Outras duas mudanças ajudarão a aliviar as contas: o governo deixará de pagar as custas processuais judiciais e extrajudiciais e ficará com as "sobras" dos duodécimos ao fim de cada ano. A soma total chega a R$ 150 milhões. "No fim, ficou 'elas por elas'", disse o chefe da Casa Civil do Paraná, Guto Silva.

Para Adib Kassouf Sad, especialista em direito administrativo, a falta de atualização da legislação relativa ao pagamento dos duodécimos - a lei é de 1964 - e a falta de controle da qualidade do gasto levam a dúvidas sobre os repasses. "Mas eles são constitucionais, servem para assegurar a independência entre os Poderes, que não podem ficar com o pires na mão. Precisamos é começar a avaliar a eficiência do uso do dinheiro público, seja por qual órgão for." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, afirmou nesta segunda-feira, 10, que há uma "indicação" de que o "Pacto pelo Brasil" - com previsão de ser assinado entre os Três Poderes - seja firmado na próxima semana. A data ainda precisa ser confirmada. Segundo ele, o ministro Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, disse na manhã desta segunda que "se faz necessário" alguns ajustes no texto. "Ministro Onyx indicou ainda hoje pela manhã (segunda-feira, 10) que se faz necessário alguns ajustes particularmente no texto, naturalmente no texto em função daquilo acertado entre os três Poderes", afirmou o porta-voz.

A previsão inicial era de que o texto fosse assinada nesta semana pelos presidentes dos Poderes. Quando questionado sobre a possibilidade de o pacto não sair, o porta-voz respondeu apenas que Bolsonaro e ministros do governo mantém a intenção de "buscar um pacto para que as principais necessidades da população brasileira sejam colocadas em prioridade nas discussões e decisões dos três Poderes nacionais".

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Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo no último sábado, sem acordo sobre o conteúdo da proposta, o Palácio do Planalto decidiu adiar a cerimônia, que estava prevista para esta segunda-feira, 10. O principal motivo do impasse se refere ao formato do documento em defesa das reformas, que, na visão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acabou rotulado como "pauta do governo".

O texto também sofre resistências de líderes de partidos. Além disso, a participação do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, tem sido alvo de críticas porque, na avaliação de alguns magistrados, fere a independência do Judiciário.

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, nesta quinta-feira (16), que não pretende abrir mão dos princípios fundamentais que os elegeram para conduzir o país. Em publicação no Twitter, Bolsonaro disse que os brasileiros pediram que ele imprimisse uma “nova forma de se relacionar com os poderes” e assim “seguirá”.

“Se há algo de que jamais abrirei mão, são os princípios fundamentais que sempre defendi e com os quais a maioria dos brasileiros sempre se identificou. O Brasil pediu uma nova forma de se relacionar com os poderes da República, e assim seguirei, em respeito máximo à população”, declarou.

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Apesar de não fazer menção ao fato, a postura foi exposta pelo presidente depois que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do seu filho e senador Flávio Bolsonaro (PSL), no caso das movimentações atípicas nas contas do ex-assessor Fabrício Queiroz, que também atinge outras nove pessoas que já foram funcionários de Jair Bolsonaro.

Nessa quarta-feira (15), a Revista Veja publicou uma reportagem apontando também que o Ministério Público Federal do Rio teria constatado indícios de que Flávio Bolsonaro teria utilizado a compra e venda de imóveis para lavar dinheiro.

Políticos experientes dizem que o empoderamento do Congresso não é uma retaliação ao governo do presidente Jair Bolsonaro, mas uma forma de buscar o equilíbrio com os demais poderes. O orçamento autorizativo e as medidas provisórias, afirmam, conferem ao presidente um poder imperial.

"O Congresso, neste caso, não pratica o 'toma lá, dá cá', mas exerce a boa iniciativa de recuperar uma prerrogativa que promova o equilíbrio entre os poderes", observa o ex-deputado Miro Teixeira (Rede-RJ), que exerceu 11 mandatos. Ele defende o fim do presidencialismo de coalizão como outra medida que vai melhorar a imagem do Congresso. "No Brasil isso se transformou em cooptação. Se o presidente entrar nisso ele começa capitão e termina refém."

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Autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita a edição, hoje ilimitada, de medidas provisórias em cinco, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) também enxerga uma oportunidade para que o Congresso abandone a prática "de trocar apoio por emendas e cargos e se coloque como o principal formulador de políticas públicas".

"Quanto mais o Parlamento demonstrar que tem força, prestígio e competência para exercê-las, melhor. Esse momento é propício a isso", disse o vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), coautor do projeto que limita as MPs. Bolsonaro já editou nove.

"O Congresso está mais empoderado do que se imagina. Ele decide todas as pautas, não só em relação ao governo, mas também ao Judiciário. E esse poder veio graças à escolha do presidente de tentar montar uma base aliada com as bancadas temáticas", afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO).

Os presidentes da República, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF) devem assinar, após a Páscoa, o chamado "pacto republicano" de compromissos com a sociedade, de acordo com o presidente do Supremo, Dias Toffoli. O movimento foi articulado depois de atritos entre membros dos Poderes nas últimas semanas.

"Tenho sempre falado da independência dos Poderes e da necessidade de harmonia. Penso que nós estamos chegando nesse momento", disse Toffoli, após participar de um evento na Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo.

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Golpe

Ao ser perguntado sobre as comemorações do golpe militar de 1964 promovidas por quartéis e autorizadas pelo presidente Jair Bolsonaro, Toffoli não quis comentar.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu neste sábado (16) que um Poder respeite as decisões de outro Poder, mesmo quando não agrade. A declaração foi dada após almoço que reuniu a cúpula do Executivo, do Judiciário e do Legislativo em sua casa.

"Se o Supremo, por exemplo, tomar uma decisão que me desagrade, eu tenho que respeitar a decisão", afirmou Maia após o encontro. Participaram do churrasco oferecido por Maia o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, além de 15 ministros do governo.

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A declaração de Maia se dá após o Supremo ser alvo de novos ataques nas redes sociais e de críticas de procuradores da Lava Jato. O motivo foi a decisão que definiu a Justiça Eleitoral como foro competente para julgar crimes como corrupção e lavagem de dinheiro quando associados ao caixa 2.

Conforme mostrou o Estado neste sábado, integrantes do partido de Bolsonaro, o PSL, inflaram essa reação. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) chegou a ir para a porta do STF, com um alto-falante, ameaçar os ministros de impeachment.

Questionado sobre o fato de Bolsonaro ter compartilhado um vídeo do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), com críticas à decisão, Maia disse não ter falado com o presidente sobre o assunto, mas pregou "liberdade de expressão".

"Toda crítica precisa ser respeitada num País que quer ser democrático, garantindo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa. Mas a crítica não pode passar para uma agressão. Principalmente em relação a um poder que tem como função resguardar a Constituição", disse. "Não pode atacar e desrespeitar os ministros do Supremo."

Presidente ao encontro, o presidente da Corte, Dias Toffoli, não tratou de nenhum episódio específico, segundo Maia.

O presidente da Câmara disse que decidiu realizar o churrasco após uma conversa com o próprio Bolsonaro, que pediu para chamá-lo. "O convite surgiu de uma conversa prévia de quando fui visitar Bolsonaro no Palácio da Alvorada", disse.

A rápida passagem do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), no Recife deu o que falar. Em coletiva de imprensa, na noite dessa quinta-feira (14), o democrata não só falou que os trabalhadores terão tempo de "desfrutar" de suas respectivas aposentadorias, como também jogou uma indireta para o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmando que não tem intimidade alguma com ele.   

A declaração foi no momento em que Maia foi questionado sobre o que achava da possível demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustabo Bebianno (PSL). Ele, na resposta, disse que quem escolhe os ministros é Bolsonaro e que os poderes são independentes. "Eu tenho uma ótima relação com o ministro bebiano, eu acredito que ele tem muita condição de ajudar não apenas na previdência,  mas na articulação do governo, não apenas com o Parlamento, mas com outros segmentos da sociedade, mas essa decisãoo se ele fica ou se ele não fica, é uma decisão do governo", falou. 

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"Eu tenho a minha opinião, que a situação ficou um pouco confusa com interferência de familiares, eu acho que isso gera uma certa insegurança, mas eu não tenho nenhuma intimidade com o presidente da República e nem tenho que cumprir esse papel como presidente da Câmara, muito pelo contrário, os poderes, ou a gente mantém relação respeitosa, mas independente dos poderes ou amanhã ele vai  querer também, o presidente da República, interferir na Câmara dos Deputados", alfinetou. 

Maia, depois de desconversar, confessou que gostaria que Bebianno ficasse no governo. "Acho que é um bom ministro, que ajuda o governo, que ajuda o Brasil, mas a decisão dele ficar ou não é do próprio presidente da República".

Mais de um milhão de fiéis participaram nesta quarta-feira em Manila na procissão anual do "Nazareno Negro", na esperança de tocar a imagem, dotada, de acordo com a tradição, de poderes miraculosos, numa das manifestações mais impressionantes do culto católico.

Segundo dados da polícia filipina havia mais de um milhão de pessoas.

Os fiéis se amontoavam tentando alcançar a imagem, transportada sobre uma plataforma metálica ao longo de sete quilômetros pelas ruas estreitas da capital das Filipinas, convencidos de que pode curar doenças e trazer boa sorte.

"Sobrevivi a um derrame cerebral graças a ele [Deus]. Farei isto todos os anos até completar 100 anos", declarou Joaquin Bordado, de 70 anos, que comparece a esta procissão há décadas.

"Deus me ordenou fazer isto e não me sinto cansado", acrescentou, vestido com uma túnica até os tornozelos e segurando uma cruz feita de arame farpado.

Em volta dele, as pessoas cantavam "Viva Nazareno!", aplaudindo e tentando tocá-lo, ou tirando fotos com a imagem do Cristo.

- 'Um ritmo de paz' -

Os fiéis, alguns descalços como penitência, trepavam uns sobre os outros para tentar tocar com panos a imagem, cujo nome se deve a sua cor escura.

Segundo a lenda, a imagem sobreviveu a vários incêndios (como o do navio que a transportava do México no século XVII), a terremotos e ao bombardeio de Manila em 1945.

O chefe da polícia filipina Oscar Albayalde afirma ter mobilizado 7.000 agentes para garantir a segurança do evento. As redes de telefonia móvel foram cortadas para impedir a detonação de bombas a distância.

As autoridades não informaram de uma ameaça específica mas o arquipélago é palco de várias insurreições que provocaram atentados contra civis.

Horas depois do início da procissão, a Cruz Vermelha anunciou que havia quase 220 feridos, alguns vítimas de tonturas ou de cortes. A cada ano, centenas de pessoas ficam feridas, e às vezes há inclusive mortos.

"Participar da procissão é muito perigoso. Quando você vê as pessoas se empurrando é muito estressante", declarou Angelica Alcantara, estudante de 21 anos.

"Muitos jovens fazem isso por diversão mas [este ato] trata da fé em Deus", acrescentou.

A procissão dura cerca de 20 horas. Alguns consideram que se assemelha demais à idolatria e que representa um risco desnecessário para as pessoas.

Os funcionários eclesiásticos afirmam, porém, que se trata de uma expressão da fé em um país de 105 milhões de habitantes, em sua maioria cristãos.

"Quando você vê isso de fora, não vai escutar, ver ou sentir essa fé. Só vai ver caos", disse o padre Danichi Hui, pároco na igreja Quiapo, onde a procissão termina. "Mas dentro há um ritmo de paz. Há serenidade".

Com discurso pró-reformas afinado ao do novo governo federal, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, recebeu bem a conclamação do presidente Jair Bolsonaro por um pacto nacional entre os poderes da República, segundo apurou a reportagem com interlocutores do ministro. No Congresso Nacional, logo após ser empossado, Bolsonaro propôs um "verdadeiro pacto nacional entre a sociedade e os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, na busca de novos caminhos para um novo Brasil".

A ideia vinha sendo defendida por Toffoli antes mesmo da eleição do novo presidente da República. Conforme antecipou o Broadcast/Estadão, no início de outubro o chefe do Judiciário já fazia o apelo por uma união dos poderes e pela aprovação de reformas que levem em conta a responsabilidade fiscal do País. "Nós precisamos de imediato, assim que eleito o novo presidente da República e o novo Congresso Nacional, pensarmos o futuro da nação brasileira naquilo que tem de essencial, que é a responsabilidade fiscal e o combate à dívida pública", afirmou Toffoli à época.

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Bandeira da equipe econômica de Bolsonaro, a reforma da Previdência já foi inclusive defendida publicamente pelo presidente da Suprema Corte. Outros três ministros do STF ouvidos reservadamente pela reportagem também defendem essa reforma e outras medidas para recolocar a economia nos eixos, gerar empregos e atrair investimentos estrangeiros. Um deles acredita que o País deve passar por um "choque de liberalismo".

O apelo pela colaboração do Judiciário nas reformas econômicas também integrou o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, feito nesta quarta-feira, 2, em cerimônia de transmissão de cargo. Entre as autoridades que assistiram as palavras de perto estava, justamente, Dias Toffoli, que também já se manifestou em prol de uma reforma tributária-fiscal.

Compromissos

A troca de sinalizações é importante uma vez que medidas tomadas pelo novo governo poderão ser questionadas na Suprema Corte. Por exemplo, a reforma trabalhista, aprovada na era Temer e bem recebida pelo mercado, é alvo de diversas ações apresentadas ao STF. Uma delas foi julgada em agosto do ano passado, quando a Corte manteve o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, em consonância com a reforma.

A avaliação de auxiliares de Toffoli é a de que o pacto republicano não representa "conchavo" nem vincula as decisões dos ministros - e sim firma compromissos comuns entre os diferentes poderes, garantindo maior estabilidade institucional e segurança jurídica.

Além disso, integrantes da Corte observam que não haveria como "supervisionar" as decisões e posições de cada um dos 11 ministros. Principalmente porque isso atentaria contra o próprio papel do STF, cujos integrantes têm diferentes interpretações da Constituição Federal, e que podem, eventualmente, divergir dos planos do governo Bolsonaro.

'Fricções'

Apesar dos discursos alinhados, dentro do Supremo se sabe que os "tempos de tranquilidade" podem não durar muito. Uma das primeiras medidas de Bolsonaro, a reestruturação das pastas que, entre outros pontos, extinguiu o Ministério do Trabalho, já é alvo de ação na Suprema Corte, apresentada na quarta por uma federação de advogados.

No STF, a expectativa é a de que se intensifique nos próximos meses a judicialização das medidas tomadas pelo governo Bolsonaro, levando eventualmente a "fricções" entre o Supremo e o Palácio do Planalto. Para um ministro, se Bolsonaro fizer tudo que falou ao longo da campanha, o STF "terá de colocar um freio".

Por isso que integrantes da Corte avaliam que o pacto nacional deve ser celebrado o quanto antes, logo que sejam definidos em fevereiro os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado - e antes que o Supremo se defronte com questões mais complexas e espinhosas que o coloquem em rota de colisão com o novo ocupante do Palácio do Planalto.

O Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela suspendeu todas as funções da Assembleia Nacional, o Parlamento unicameral que era dominado pela oposição, concedendo, assim, plenos poderes ao presidente Nicolás Maduro. Em uma sentença pronunciada na noite dessa quarta-feira (29), a Corte disse que a Assembleia está "em uma situação de rebelião, indignação e desacato" e que todas as atividades parlamentares passarão a ser "exercidas pela Câmara Constitucional do TSJ ou qualquer órgão que se disponha, para garantir o Estado de direito".

Formalmente, a sentença da Corte foi adotada em resposta a um pedido apresentado pelo governo de Maduro sobre a formação de parcerias público-privadas (PPP), para a qual seria necessária a autorização do Parlamento, de acordo com os termos da Constituição. Na sentença, a Suprema Corte argumentou que, "dada a urgência da questão" e a presente "omissão inconstitucional parlamentar", o presidente Maduro terá apenas que "informar" o TSJ de suas decisões, enquanto a Assembleia "não poderá modificar as condições propostas nem estabelecer outras".

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A decisão da Corte sobre as PPP's, abre portas para que Maduro tome medidas sem o aval da Assembleia Nacional - apenas "notificando o TSJ" e governando por decreto. A oposição venezuelana controla 112 cadeiras, de um total das 167 do Parlamento, em legislatura eleita em 2015. O mandato dos parlamentares vai de 2016 até 2021.

O país enfrenta uma grave crise política, com alguns líderes da oposição presos, além de problemas financeiros e sociais que geram um desabastecimento de produtos. No início da semana, o TSJ retirou a imunidade dos parlamentares venezuelanos e autorizou Maduro a indiciá-los por crimes militares e de terrorismo. A tensão com a oposição piorou nos últimos dias porque os opositores conseguiram aprovar um acordo legislativo que solicitava à Organização dos Estados Americanos (OEA) a convocação de seu conselho para suspender a Venezuela do bloco através da aplicação da Carta Democrática Interamecicana.

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ayres Britto argumentou que a saída para o protagonismo do Judiciário é pela Constituição que é "principiologicamente" boa. A declaração foi dada nesta segunda-feira (6) durante o evento Fóruns Estadão, que nesta edição trata do equilíbrio entre os poderes. O ministro seguiu elogiando os princípios da Constituição, que, segundo ele, defende o capitalismo de mercado, mas com função social.

Ayres Britto ainda comentou que o escândalo do mensalão produziu uma revolução no Direito Penal que dura até hoje. "A partir do mensalão, o andar de cima também tem visto o 'sol nascer quadrado'. Agora todos são iguais perante à lei penal também."

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O ex-ministro do STF também afirmou que o País atravessou uma grande crise ética, econômica, política e cultural, mas disse que é um período de busca de identidade da sociedade brasileira.

De acordo com Ayres Britto, a turbulência observada atualmente por causa "dessas crises" é fruto da democracia que, através também da imprensa livre, escancara todas as faces do problema. "Com uma imprensa que desfruta de uma liberdade em plenitude, tudo vem a lume. Por isso essa crise está sendo tão vista, tão desnudada, porque transparência é a visão de tudo. O principal fruto da democracia é essa visibilidade de tudo e de todos. É uma cidadania turbinada", avaliou.

Provas

Participando também do fórum, o copresidente do conselho de economia, sociologia e política da FecomercioSP, Paulo Delgado, afirmou que o Ministério Público não pode se valer de provas colhidas ilicitamente para respaldar investigações. Essa é uma das propostas do projeto de dez medidas anticorrupção que está em tramitação no Congresso.

Segundo Delgado, assim como o Congresso não pode proteger parlamentares investigados, o MP não pode proteger provas ilícitas. O representante da FecomercioSP fez a abertura do evento Fóruns Estadão que trata do equilíbrio dos Poderes.

Delgado também afirmou que os interesses setoriais não podem se sobrepor aos interesses da maioria. "Ninguém quer ver o acúmulo de excessos e destemperanças na cúpula do Estado.", disse.

"Baixar o tom" foi a expressão usada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para explicar o julgamento desta quarta-feira, 7. A costura que salvou Renan Calheiros do afastamento da presidência do Senado passou por uma interlocução entre o senador Jorge Viana (PT-AC) e a presidente da Corte, Cármen Lúcia, além da manutenção do pedido de vista do ministro Dias Toffoli sobre a ação que discute se réus podem ficar na linha sucessória.

O caráter político do STF ficou escancarado. Ministros ouvidos pela reportagem ao fim da sessão admitiram que o plenário levou em conta a preocupação com "harmonizar a relação entre os Poderes", desgastada nas últimas semanas e levada ao extremo após a decisão do ministro Marco Aurélio Mello de afastar Renan da presidência do Senado com uma liminar.

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Os ministros admitiram que deixaram as críticas duras para serem feitas pelo próprio Marco Aurélio. A justificativa é de que o comunicado da Mesa Diretora respaldando a resistência de Renan não afrontava a Corte, pois aguardava o plenário. O STF decidiu jogar para as mãos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a decisão de investigar ou não Renan por crime de desobediência.

Para isso, o vice-presidente da Casa, Jorge Viana, foi essencial. Na terça-feira, o senador fez a Mesa modificar seu comunicado original. A última versão suavizava o fato de que o Senado não iria cumprir a decisão de Marco Aurélio. O ato foi visto no Supremo como uma "bandeira branca".

Viana demonstrou na reunião com Cármen, da qual ministros do STF participaram, que o afastamento de Renan poderia atrasar a votação da PEC do teto dos gastos públicos. No julgamento, Toffoli se esquivou de embates diretos com Marco Aurélio. Contribuiu para "tirar o peso" de seus ombros o fato de Celso de Mello, decano do Tribunal, ter pedido a palavra para votar antes e legitimar a abertura da divergência.

A maior indisposição externada foi com Gilmar Mendes, ausente. De Estocolmo, na Suécia, ele chegou a sugerir o impeachment de Marco Aurélio em razão da liminar. Ao menos três ministros mostraram o desconforto com a situação: Teori Zavascki, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski. Integrantes do STF já temem uma retaliação por parte do Senado - a casa que recebe os pedidos de impeachment contra ministros do Tribunal - contra Marco Aurélio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Deputados vão pressionar o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB-PR), para incluir na pauta da próxima semana um projeto de lei que prevê o crime de responsabilidade para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por usurpação de competência do Poder Legislativo ou do Executivo.

O projeto apresentado em março deste ano já tem parecer pronto do relator Marcos Rogério (DEM-RO) pela admissibilidade da proposta. Falta apenas pautar para votação na CCJ.

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Um dos autores do projeto é o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que considera oportuna a apreciação da admissibilidade do projeto antes do recesso. "Vai depender do que acontecer hoje (ontem)", disse Sóstenes, ao se referir ao julgamento do afastamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) do comando do Senado.

No início da noite desta quarta-feira, 7, por 6 votos a 3, os ministros decidiram manter Renan na presidência da Casa. Na segunda-feira, o ministros Marco Aurélio Mello havia decidido pelo afastamento do senador do cargo.

Sóstenes citou como exemplos de "ativismo" exacerbado algumas decisões da Corte, como a que proibiu a vaquejada por entender que a prática causa sofrimento ao animal, o reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo e a decisão da Primeira Turma do STF de que não é crime o aborto realizado durante o primeiro trimestre de gestação.

"Em vários momentos estão usurpando as prerrogativas", afirmou o deputado, integrante da bancada evangélica.

Apoio

Sóstenes calcula que já tem apoio suficiente para incluir o tema na pauta. Além disso, ele disse que alcançou os votos necessários para aprovar a proposta na CCJ. Para levar à votação, ele terá de vencer a resistência de Serraglio.

Ativistas de grupos que se intitulam "pró-vida" fizeram pressão na sessão de ontem para incluir o tema na pauta de discussões da comissão.

À reportagem, Serraglio disse que tem outras prioridades para votar na comissão, entre elas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência. O presidente da CCJ afirmou também que não quer dispor de tempo com outras matérias que causam "celeuma" e anunciou que não pretende pautar o projeto de Sóstenes. "Não é a hora de pautar. Dá a impressão que é coisa despropositada. Tem de ser votado na hora em que as coisas estiverem serenadas", disse Serraglio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) afirmou, nesta segunda-feira (14), que não pretende fazer uma “busca às bruxas”, mas corrigir o que for preciso nas folhas de pagamentos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. A peemedebista é relatora da comissão especial do Senado formada para investigar o pagamento de salários acima do teto permitido pela Constituição a servidores públicos, os chamados "supersalários". 

Abreu garantiu que não pretende “desmoralizar” os poderes com seu diagnóstico. “Sou relatora da comissão que regulamentará a proibição dos supersalários em todos os poderes. Trabalharei com racionalidade e pragmatismo. Não farei busca às bruxas e não concordo em desmoralizar os poderes. São pilares importantes da democracia. Há distorções? Sim. Vamos corrigir”, ponderou, em publicação no seu perfil do Twitter. 

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Instalado na última quinta-feira (10), o colegiado tem gerado polêmicas entre parlamentares, magistrados e servidores públicos. A comissão especial tem o prazo de 20 dias para fazer uma análise nas folhas de pagamentos. O atual teto constitucional é no valor de R$33.763,00, subsídio recebido por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). 

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), minimizou a troca de farpas entre a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Apesar de admitir que houve uma "situação de estresse", o ministro disse que não se deve criar ou incrementar uma falsa crise institucional. Gilmar defendeu ainda que é "fundamental" que os três poderes voltem a dialogar.

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"O fundamental é que nós assumamos nossas responsabilidades e não criemos falsas crises ou não agravemos o estado de crise já existente", afirmou Gilmar.

Questionado se a operação da Polícia Federal no Senado, na última sexta, teria gerado essa falsa crise, Gilmar se esquivou. "Não tenho conhecimento para falar, mas, verdadeira ou falsa, o que não podemos é incrementar a crise ou torná-la maior do que está", reforçou.

Na semana passada, um juiz de primeira instância autorizou a prisão de quatro policiais legislativos, além de buscas na sede da Polícia Legislativa no Congresso Nacional. Após o episódio, Renan declarou que a operação foi fascista e chamou o juiz responsável de "juizeco".

Cármen rebateu as críticas de Renan ao magistrado no início da semana, durante a abertura da sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), dizendo que onde um juiz é "destratado", ela também é.

O presidente Michel Temer entrou em cena para apaziguar os ânimos e tentou convocar uma reunião entre os dois hoje, porém Cármen negou o convite alegando problemas de agenda.

Após a operação da PF, o Senado entrou com uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) questionando a competência de um juiz de primeira instância para autorizar esse tipo de operação no Senado. Mais cedo, Renan também anunciou que a Casa vai entrar com uma reclamação.

Retaliação

 

Gilmar negou que Cármen esteja agindo em retaliação ao comentário de Renan. "A ministra Cármen Lúcia está fazendo a pauta com todo cuidado", defendeu.

Nesta quarta, foi divulgado que Cármen marcou para o dia 3 de novembro o julgamento de uma ação que impede que réus assumam a presidência da República, o que também poderia afetar a permanência de Renan no comando do Senado. O peemedebista é investigado em pelo menos 11 inquéritos no Supremo.

Gilmar fez os comentários após participar da abertura do Congresso Internacional de Direito Constitucional, que também contou com a participação da presidente do Supremo. Carmen foi responsável pela primeira palestra do encontro. Ela não quis comentar o caso. (Julia Lindner)

Além das crises política e econômica que atingem o governo, o Palácio do Planalto agora enfrenta problemas com a área militar. Na quinta-feira da semana passada, a presidente Dilma Rousseff assinou decreto que estava na gaveta da Casa Civil há mais de três anos, tirando poderes dos comandantes militares e delegando ao ministro da Defesa competência para assinar atos relativos a pessoal militar, como transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários e subalternos; reforma de oficiais da ativa e da reserva; promoção aos postos de oficiais superiores; nomeação de capelães militares, entre outros.

Hoje, esses atos são assinados pelos comandantes militares. A medida foi recebida com "surpresa", "estranheza" e "desconfiança" pela cúpula militar, que não foi informada de que ela seria assinada por Dilma.

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A responsabilidade pela decisão de o decreto ter saído da gaveta era considerada um mistério. No fim do dia, no entanto, a Casa Civil informou que o envio do decreto à presidente atendeu a uma solicitação da secretaria-geral do Ministério da Defesa, comandada pela petista Eva Maria Chiavon.

O comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que estava ocupando o cargo de ministro interino da Defesa, e que viu seu nome publicado no Diário Oficial endossando o decreto, disse que não sabia da existência dele. "O decreto não passou por mim. Meu nome apareceu só porque eu era ministro da Defesa interino. Não era do meu conhecimento", disse o comandante ao deixar o desfile de Sete de Setembro.

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, que estava na China quando o decreto foi editado, também demonstrou surpresa com a medida. "Posso assegurar que não há nenhum interesse da presidente Dilma em tirar poderes naturais e originais dos comandantes", afirmou à reportagem.

"Ainda não estudei o decreto, mas ele visa normatizar as prerrogativas de cada instância com a criação do Ministério da Defesa e não tirar o que é da instância dos comandantes", justificou. Wagner lembrou que o decreto ainda não entrou em vigor e que "qualquer erro ainda pode ser corrigido".

Repercussão

O decreto gerou "uma histeria geral", pela maneira como foi feita a publicação, sem que a cúpula militar fosse avisada. "Há uma preocupação de que este decreto, que estava dormindo há anos, foi resgatado por algum radical do mal ou oportunista, com intuito de criar problema", disse um oficial-general, ao lembrar que a publicação do texto foi "absolutamente desnecessária".

Outro militar afirmou que "faltou habilidade política de quem tirou o decreto da cartola, em um momento em que o governo já enfrenta tantas dificuldades, criando uma nova aresta, pela forma como foi feita". Este mesmo militar comentou que, mesmo o ministro da Defesa podendo delegar aos comandantes os poderes previstos no decreto, a medida é uma retirada de atribuição dos chefes das três Forças e que, no mínimo, a boa regra de relacionamento ensina que você avise a quem será atingido.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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