A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) recebeu, nesta segunda-feira (6), a primeira audiência pública presencial para discutir sobre a instalação da Escola de Sargentos no estado. No encontro, a Frente Parlamentar que trata da temática na Casa escutou a apresentação do projeto que, ultimamente, vem sofrendo duras críticas de setores da sociedade civil.
A sessão foi aberta pelo presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB-PE) e coordenada pelo deputado estadual Renato Antunes (PL-PE), que propôs a audiência. Na ocasião foram ouvidos representantes do Exército Brasileiro, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, movimentos sociais e a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH).
##RECOMENDA##Durante o encontro, Renato Antunes afirmou que a audiência "traz a população para participar de um debate tão sério” sobre a construção de uma escola "que promete ser uma referência não apenas em Pernambuco, mas em todo o Brasil". "O sentimento é que Pernambuco está caminhando para que este projeto vire realidade e traga melhorias para uma das áreas com o menor IDH no nosso Estado".
O deputado ainda revelou que uma nova audiência será realizada no dia 27 deste mês. Desta vez, trazendo sugestões de movimentos e representantes da sociedade civil. "O nosso compromisso é trabalhar para que Pernambuco receba essa escola que será referência em todo país. Não nos cansaremos de trabalhar para que o que hoje está no papel se torne realidade e traga avanços para toda uma região. Mas entendemos que é fundamental mais tempo e ouvirmos quem hoje representa a sociedade civil e tem ideias que podem fortalecer ainda mais este grande projeto".
Outro parlamentar a apoiar a construção é o deputado federal Coronel Meira (PL-PE), que disse que tem conversado com o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, com a Governadora Raquel Lyra (PSDB-PE) e com os líderes da bancada pernambucana na Câmara Federal, para assim, viabilizar o empreendimento.
Representando o Governo de Pernambuco, a secretária estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Ana Luíza Ferreira, disse que o Estado tem consciência que o projeto é de grande impacto e tem potencial estruturador.
“Esse projeto tem um potencial extremamente transformador para o cenário econômico, mas também para o cenário social de uma região de Pernambuco que precisa muito de desenvolvimento. A gente vê que é um projeto no qual o potencial vai além do econômico”, defendeu Ana Luíza, que ratificou as contrapartidas do Governo do Estado ao projeto
O projeto
Com um investimento total de R$ 1,8 bilhão, a instalação da nova escola de sargentos engloba a construção de uma vila olímpica, vila militar e estande de tiro em uma área de 75 km², abrangendo os municípios de Abreu e Lima, Araçoiaba, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Igarassu e Paudalho.
Apenas na construção do campus escolar, está prevista a geração de 11 mil empregos diretos e 17 mil empregos indiretos. Após a implantação, estima-se um aumento populacional flutuante de 6 mil pessoas na região, bem como um incremento de pelo menos 200 milhões de reais por ano na economia local.
Para que o megaempreendimento das Forças Armadas seja finalizado é previsto que sejam desmatadas centenas de hectares de mata atlântica regenerada. Com um investimento de quase R$ 1,8 bilhão, esse é o maior projeto do Exército nas últimas décadas, com previsão de entrega para 2034.
Impactos ambientais
O projeto, que tanto é defendido pelo deputado, sofre duras críticas de diversos parlamentares e movimentos sociais. Ambientalistas afirmam que o projeto irá desmatar uma área de mais de 150 hectares de mata atlântica, o que corresponde a 200 campos de futebol. Além disso, temem que o projeto aumente o risco de atropelamento de várias espécies de animais.
No dia 16 de outubro, o vereador Ivan Moraes (PSOL-PE) e a ex-deputada estadual Carol Vergolino (PSOL-PE) visitaram as áreas que receberão a unidade do Exército. Os psolistas afirmam que "não são contra a Escola de Sargentos”, porém destacam que as obras irão trazer inúmeros impactos negativos para a população pernambucana, em especial, a da Região Metropolitana do Recife.
"O tamanho do desmatamento equivale a 200 campos de futebol e, com isso, a gente pode perder até 40 mil toneladas de estoque de carbono. Isso influencia diretamente nos eventos climáticos extremos, ou seja, quando chover, vai chover mais", pontuou Ivan.
"Essa também já é uma área de preservação ambiental, a APA Aldeia-Beberibe. E ela tem várias nascentes de água que formam a estação barragem de Botafogo. Responsável por abastecer grande parte da Região Metropolitana do Recife. Se ela for derrubada, de onde virá a água que chega na tua casa?", questionaram os políticos.
Veja o vídeo:
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