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Um ano depois da decretação de situação de emergência nacional por causa da microcefalia, o Ministério da Saúde exibe uma extensa lista de promessas anunciadas e não cumpridas para proteção da população contra o zika. Gestantes integrantes de famílias beneficiárias do Bolsa Família até hoje não recebem repelentes. Testes para identificar a contaminação por zika, prometidos para fevereiro do ano passado, ainda não são encontrados no sistema público de saúde. O controle das bolsas de sangue para a identificação do vírus, outro compromisso assumido pelo ministério, também não saiu do campo de projeto.

Técnicos do Ministério da Saúde ouvidos pelo Estado atribuem os atrasos à ansiedade nos primeiros meses do surto de microcefalia em mostrar que medidas para contenção do problema estavam a caminho. As promessas foram feitas quando as ideias ainda eram embrionárias. O fator político também pesou. Com afastamento da então presidente Dilma Rousseff, a saída do ministro Marcelo Castro e a posse de Ricardo Barros, projetos foram revistos. E parte voltou à estaca zero.

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A distribuição dos repelentes para gestantes do Bolsa Família é um exemplo da combinação desses dois fatores. A estratégia é considerada uma ferramenta poderosa de proteção, principalmente diante do fato de que o risco da má-formação é mais acentuado entre a população de baixa renda. Dados do Ministério da Saúde mostram que a taxa de prevalência de microcefalia é maior entre mulheres de baixa escolaridade.

A proposta, anunciada em dezembro, no primeiro momento previa alcançar todas as gestantes. No mês seguinte, foi reduzida para garantir o produto apenas para mulheres participantes do programa. A ideia era que o produto começasse a ser fornecido em fevereiro. Depois de várias mudanças na proposta, ficou acertado que a compra seria feita até junho. Uma mudança no formato do edital, no entanto, foi feita e as discussões tiveram de ser reiniciadas.

Questionado, o ministério afirmou, em nota, que o edital para compra dos repelentes deverá ser publicado dia 21 deste mês. A compra, agora, está programada para dezembro. Também está programada para dezembro a distribuição de testes rápidos para diagnóstico da zika. A exemplo dos repelentes, a chegada do teste será com mais de 10 meses de atraso. Em janeiro, Castro havia anunciado a compra e distribuição de um teste produzido pela Fiocruz. Na época, a promessa era a de que o teste chegaria à rede pública no mês seguinte: fevereiro. Com o passar do tempo - e a constatação do atraso - veio a mudança.

O teste anunciado não havia sido submetido ao aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não tinha registros e, por isso, não poderia ser comprado pelo governo. Somente no mês passado, com a compra de outro teste, produzido pela Bahiafarma, é que a promessa ganhou condições de ser cumprida.

Sangue

A análise prévia de bolsas de sangue para identificar a presença de zika foi anunciada em fevereiro. Naquele mês, o então ministro Castro informou que o País iria desenvolver uma técnica em parceria com pesquisadores americanos para inclusão do zika no exame NAT, que identifica a presença do vírus (e não anticorpos) no material analisado. A expectativa, em fevereiro, era de que o exame poderia ser testado ainda no primeiro semestre. O Ministério da Saúde, no entanto, vem afirmando que o desenvolvimento do teste ainda está em fase de avaliação.

Especialistas, médicos e ativistas têm defendido a possibilidade de garantir à mulher o direito de interromper legalmente a gravidez enquanto perdurar a emergência da epidemia do vírus zika. O principal argumento é o sofrimento e o impacto emocional a que as mulheres são submetidas e a defesa de que o aborto é uma questão de saúde pública e bem-estar.

“Eu penso que, dada a gravidade do problema e ele ser persistente durante a vida do bebê, é um direito da mulher decidir o que ela pode carregar sobre os ombros, isso é fundamental, é um direito humano, é um direito sexual e reprodutivo e é um respeito às mulheres, notadamente as de menor renda”, defende o especialista em medicina fetal, Thomas Gollop.

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A Professora da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, Tânia Lago, também chama a atenção para a gravidade da epidemia. “É importante que as mulheres, ao decidirem ficar grávidas, tenham claro os riscos aos quais elas estão sendo submetidas e seria muito importante que aquelas mulheres que engravidaram e que tenham zika pudessem ter acesso à opção de interromper a gravidez em função do risco de uma doença grave acometendo o feto, porque as consequências podem ser mais graves do que inicialmente pareciam”, alerta Tânia.

Até o fim deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI 5581) que inclui o pedido de interrupção da gravidez como uma possibilidade excepcional para mulheres grávidas infectadas pelo vírus Zika e que estão sofrendo com a epidemia. O documento foi protocolado pela Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) e destaca que, diante de uma situação de iminente perigo à saúde pública, há a necessidade da garantia de políticas públicas específicas para as mulheres e crianças atingidas pelo vírus Zika, como o acesso a medicamentos, transporte e benefícios sociais como o Benefício de Prestação Continuada e o Tratamento Fora de Domicílio.

“A ADI tem grande repercussão e impacto, sobretudo pelos pleitos principais de implementação de políticas públicas de informações, diagnóstico e tratamento integral às mães e crianças atingidas. Como é de domínio público estamos diante de uma epidemia mundial que exige atuação estratégica e eficaz do Estado brasileiro”, destaca Joaquim Neto, presidente da Anadep.

A ação também tem o apoio da Anis Instituto de Bioética, coordenado pela pesquisadora Débora Diniz, que acompanhou por dois meses a rotina das mulheres afetadas pela epidemia. “Essa ação não visa a legalização do aborto no país, porque nós estamos falando da epidemia, nós temos uma situação concreta que bate à porta. Nós estamos falando das mulheres durante a epidemia e é nelas que nós queremos pensar. Como proteger os direitos violados. É claro que, ao lançar a questão do aborto como parte de uma proteção, o debate do aborto volta pra cena nacional. E nós esperamos muito que ele [o debate] volte de uma maneira mais qualificada e reconheça o intenso sofrimento e risco [que as mulheres] tem ao se manter grávidas contra sua vontade”, argumenta Débora Diniz.

Religião

O contexto da epidemia e a pressão de ativistas, no entanto, não mudaram a posição de grupos religiosos sobre a possibilidade de legalizar a interrupção da gravidez. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirma que compreende a aflição das mulheres e defende que elas precisam ser amparadas, mas reforça que a epidemia não justifica a interrupção o direito de viver dos nascituros. “O posicionamento da CNBB continua o mesmo, que é o de defesa da vida. Nos chama a atenção a dificuldade de acolhimento dessas crianças. O que devemos fazer é chamar a sociedade para ser presente na vida dessas mulheres e crianças. Existe um descuido geral e temos que retomar essa questão da necessidade de combate ao mosquito. Não se fazem mais trabalhos junto às escolas e os meios de comunicação não falam mais do assunto. Mas o mosquito não transmite só o zika, então, todo o cuidado é pouco”, alerta Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB.

Tanto a CNBB quanto a Anadep devem continuar o debate sobre o aborto depois do julgamento da ação no STF. “Acreditamos que há pontos que podem exigir uma ampliação do debate, a exemplo de audiências públicas nos termos que a própria lei dispõe e, portanto, virem a ser apreciados posteriormente ao julgamento da medida cautelar”, afirma Joaquim Neto, presidente da Anadep. “Já dialogamos com a Anadep. Há elementos importantes que concordamos na ação. E vamos continuar buscando o diálogo para mostrar a importância da vida e do cuidado com o ser humano”, reforça Dom Leonardo.

Aborto inseguro

O Instituto Anis liderou uma pesquisa nacional sobre o aborto e constatou que a interrupção da gravidez já é uma prática entre as mulheres brasileiras. “Nós encontramos que uma em cada cinco mulheres aos 40 anos já fez pelo menos um aborto na vida. Isso significa que o aborto é um evento comum, de mulheres comuns. Ele é um evento reprodutivo que faz parte da vida das mulheres. Ao mesmo tempo que nós criminalizamos o aborto e o descrevemos como um tabu, nós estamos falando de mulheres muito próximas a nós. Todas nós conhecemos cinco mulheres e uma em cada cinco já fez um aborto”, afirma a pesquisadora Débora Diniz.

O medo do futuro e a incerteza dos fatos relacionados à Síndrome Congênita do Zika têm levado muitas mulheres ao aborto clandestino e inseguro. Desde a emergência da epidemia, profissionais de saúde perceberam um aumento no número de cirurgias de curetagem, procedimento que retira os restos de um aborto realizado de forma insegura ou clandestina.

A enfermeira Quéssia Rodrigues trabalha em um dos maiores hospitais públicos de Salvador e observou a diferença na demanda de cirurgias desde o início da epidemia. “Eu tenho me assustado com o número de abortamentos que tem acontecido na unidade. A gente percebe que tá relacionado à questão dela ter tido zika. A gente presencia abortamentos espontâneos, mas a gente tem tido muito abortamento provocado. Às vezes, a gente questiona ela e percebe o medo que ela tem de desenvolver uma criança com microcefalia,” relata Quéssia.

Líderes comunitárias também relatam a ocorrência de abortamentos depois da epidemia. “Tivemos muitos casos de aborto aqui e o que nos traz mais indignação é que as mulheres realizam aborto de uma maneira muito insegura. O maior índice de morte materna na nossa capital, em Salvador, é por conta do aborto", conta a líder do coletivo de mulheres do Calafate, em Salvador, Marta Leiro. Ela ressalta que quem tem maior poder aquisitivo fica menos exposto a riscos: "Quem tem dinheiro faz em clínicas e tem todo um acompanhamento ou então vai pra um país onde [o aborto] é legalizado e fica de boa, sem sentimento de culpa”.

Um estudo da Revista Científica The New England Journal of Medicine mostra que, desde que Organização Mundial de Saúde decretou a epidemia do zika como emergência internacional, houve aumento de pedidos de aborto por mulheres latino-americanas a um grupo internacional que fornece pílulas abortivas e orienta mulheres de países onde a interrupção da gravidez é proibida.

No Brasil, a comercialização de pílulas abortivas, como o Mifepristone e o Misoprostol, também conhecido como Cytotec, é considerada crime desde 2005. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Anvisa, fiscaliza e apreende os medicamentos vendidos de forma irregular. Do final de 2005 até o momento, a Anvisa determinou a suspensão de 75 páginas de Internet que divulgavam ou comercializavam o Cytotec. Outros 45 sites ainda estão sob a análise da Agência.

Gestantes com suspeita de zika atendidas na rede pública de saúde passarão a fazer dois exames de ultrassom durante o pré-natal em vez de um. A mudança, que atende a uma recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), passa a valer no fim deste mês.

Além da ampliação do número de exames, o novo protocolo deverá trazer uma série de orientações para médicos e profissionais de saúde para o tratamento de gestantes com suspeita ou portadoras de chikungunya, doença também transmitida pelo Aedes aegypti que, a exemplo da zika, traz o risco de ser transmitida durante a gestação para o bebê.

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Ao contrário do vírus da zika, o maior risco de transmissão da chikungunya da mãe para o bebê ocorre nos três meses finais de gestação. O contágio pode fazer com que a criança nasça com problemas graves de saúde, provocados principalmente pela ação do vírus no sistema nervoso.

O diretor de Vigilância em Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, disse em entrevista que não há nenhuma orientação para que a gestante com chikungunya faça o parto cesáreo. "As avaliações deverão ser caso a caso. Não há uma indicação clínica específica para isso", disse. Ele observou, no entanto, que haverá recomendação para que se verifique a necessidade de se adequar a rede para um eventual aumento da demanda por UTIs para os bebês.

Hage afirmou que o governo deverá reforçar os preparativos da rede pública para enfrentar um eventual aumento de casos de chikungunya no País entre a população em geral. A expansão da doença preocupa por três razões. Primeiramente, ela é conhecida em outros países por provocar epidemias explosivas. Além do grande número de casos, a doença pode tornar-se crônica, exigindo da rede pública não apenas atendimento no setor de urgência, mas na rede especializada, sobretudo com direcionamento ao alívio da dor e de problemas nas articulações. Há, ainda, um número expressivo de mortes relacionadas à doença. "A taxa de mortalidade é de 0,4 caso a cada 100 mil habitantes", disse Hage - indicador semelhante ao da dengue.

O problema, no entanto, é que há um grande número de pessoas suscetíveis ao vírus no Brasil. "Não sabemos o motivo, mas a chikungunya, quando chegou ao País ficou concentrada em dois Estados, somente agora ela se expandiu", afirmou à reportagem o infectologista da Universidade Federal de Pernambuco Carlos Brito.

Números

Agora, no entanto, o vírus já está presente em todos os Estados e a doença parece despertar. O número de casos relatados neste ano é dez vezes maior do que o identificado em 2015. Até agora, foram registrados 236.287 pacientes com a doença, enquanto no ano passado haviam sido identificados 23.431 casos. A epidemia está concentrada no Nordeste e a tendência, na avaliação de especialistas, é de que o comportamento se replique em outras regiões, caso medidas de controle do mosquito transmissor, o Aedes aegypti, não sejam adotadas de forma eficiente.

O manual de esclarecimento, afirmou Hage, deverá conter informações sobre como diferenciar os três tipos de infecção provocada pelo mosquito - dengue, chikungunya e zika -, a forma de atendimento, os medicamentos que podem ser adotados e aqueles que devem ser evitados. "A ideia é fazer um protocolo integrado, com abordagem para os três tipos de infecção", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Instituto Butantan iniciou a pesquisa de um medicamento para tratar pessoas infectadas com o vírus Zika. Transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, a infecção pelo Zika pode provocar microcefalia em bebês quando a mãe, ainda gestante, entra em contato com o vírus.

A pesquisa do Butantan vai adotar como métodos o reposicionamento de fármacos e a triagem de alto conteúdo. Essas tecnologias permitem que coleções de compostos químicos sejam triadas contra o vírus em células humanas infectadas.

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Segundo o instituto, esse processo é mais rápido porque dispensa a necessidade de validar previamente o alvo molecular, o que poderia levar vários anos.

Estudo precursor

Os pesquisadores envolvidos no estudo fizeram trabalho semelhante no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, em Campinas, com 725 medicamentos aprovados nos Estados Unidos, e encontraram 29 substâncias com ação sobre o vírus.

Na pesquisa, a célula humana, infectada com o vírus Zika por 72 horas, é exposta à ação dos fármacos para tentar inibir a infecção.

Esse procedimento é chamado de atividade antiviral, utilizando um vírus isolado. Os cientistas avaliaram a atividade dos fármacos na distribuição e metabolização do organismo. Entre os compostos descobertos nesse estudo, o mais promissor foi palonosetron, usado atualmente no tratamento de náusea induzida por quimioterapia de câncer. O composto apresentou alta eficácia contra a infecção pelo vírus Zika.

Um ano após a explosão de casos do vírus zika na América Latina, a doença continua a ser "negligenciada" mundialmente, principalmente pelos países ricos, mas "é um risco subestimar este vírus", cujas complicações podem ser mortais, alerta a especialista brasileira Adriana Melo.

Primeira a estabelecer a ligação entre o zika e os casos de microcefalia em bebês nascidos de mães infectadas, a médica lança um apelo para "estudar melhor esta doença que veio para ficar".

"O zika é uma doença negligenciada no Brasil e no mundo. Devemos lembrar que hoje sabemos que existem outras vias de transmissão (por contato sexual) e que pode surgir em qualquer lugar e em qualquer país", alerta Adriana Melo, em entrevista à AFP, paralelamente a uma reunião de especialistas internacionais no Rio de Janeiro para fazer um balanço das pesquisas relacionadas à doença.

"Esta é uma doença que não interessa a muitos países ricos, porque acreditam que ela não chegará até eles, mas é um risco subestimar este vírus. Tenho muito medo de vírus", alerta, acrescentando que o Brasil continua sob a ameaça de muitos vírus, incluindo a "febre Mayaro, já presente na Amazônia".

Ela lamenta que há "poucos estudos clínicos sobre o zika em comparação com estudos de laboratório", recordando que este vírus pode resultar não apenas na microcefalia em bebês (perímetro craniano menor que o normal, que leva a um atraso no desenvolvimento), mas também em uma síndrome neurológica grave, a síndrome de Guillain-Barré em adultos, as duas potencialmente fatais.

O Brasil tem sido até agora o país mais afetado pela epidemia de zika, com cerca de 1,5 milhão de pessoas infectadas e 2.079 bebês nascidos com uma malformação do cérebro, de acordo com dados oficiais. Há também 3.077 casos que ainda estão sob estudo. Por enquanto, não existe tratamento nem vacina para a doença.

Outros países do continente, como a Colômbia, Venezuela e, em menor medida, México e Argentina, também são afetados. Os Estados Unidos registraram pela primeira vez em julho casos de contaminação na Flórida.

'Condições ideais' no Brasil

Melo recomenda aproveitar "a calmaria após o surto de 2015 para que evoluam as pesquisas sobre este vírus", transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, também vetor da dengue e chikungunya.

"A redução do número de casos não significa que o vírus não exista mais. Nós ainda sabemos muito pouco a seu respeito. Não se sabe se o vírus pode se reativar ou mutar, como no caso da dengue, que possui hoje quatro subtipos", afirma a especialista.

Casos da doença vem aparecendo desde 2013-2014 na Polinésia Francesa, mas "como este é um país pequeno, não atraiu a atenção internacional", ressalta. No Brasil, país de tamanho continental, "o vírus encontrou condições ideais" para se espalhar, especialmente nos estados pobres do nordeste, onde há problemas de saneamento básico e uma seca severa.

"A população estava armazenando água", e a água parada é ideal para a proliferação do mosquito, lembra a pesquisadora. "Mas não sabemos por que houve esse número terrível de casos no nordeste e tão poucos no Rio de Janeiro, onde ainda há muitas favelas" em condições precárias. Foi no final de setembro de 2015 que a médica constatou em uma de suas pacientes que havia feito todos os ultrassons uma alteração no cerebelo do feto na 20ª semana de gravidez.

"Duas ou três semanas depois, a cabeça do bebê não tinha crescido, e eu comecei a ver calcificações. No mesmo dia, veio a notícia de 60 casos de bebês com microcefalia em Pernambuco (nordeste). Eu telefonei para a minha paciente e ela me disse que tinha tido zika". 

Melo entrou em contato com a Fundação Oswaldo Cruz para realizar exames do líquido amniótico de sua paciente. "Coletei o líquido em 10 de novembro e no dia 17, a presença do vírus zika no líquido amniótico foi confirmada oficialmente", diz.

Na próxima sexta-feira, (11) completa-se um ano desde que o Brasil foi oficialmente atingido por uma das maiores epidemias de sua história. Em 11 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde decretou a epidemia do vírus Zika como Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Naquela data, já se passavam dois meses desde que médicos do Nordeste alertaram para o alto número de nascimentos de bebês com microcefalia em diversos estados.

Começava ali um longo período de investigação e angústia para mães, mulheres grávidas e famílias. Pesquisadores de diversas áreas mobilizaram-se até constatar que os casos de microcefalia poderiam estar relacionados a um novo vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A zika passou a ser o novo vilão da saúde nacional.

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A descoberta

Os primeiros casos de infecção pelo zika no Brasil ocorreram em meados de abril de 2015, na cidade de Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA). O infectologista Antônio Bandeira atendeu os primeiros pacientes com os sintomas do vírus ainda desconhecido no país. “Eu fiquei  impressionado com a quantidade muito grande de pessoas que estavam sendo atendidas na emergência do hospital naquele momento, que chegavam com o mesmo sintoma. Manchas no corpo, febre baixa, uma conjuntivitezinha e dores pelo corpo. Era como se fosse a espécie de uma xerox de uma pessoa para outra.”, lembra o médico.

Os exames dos pacientes de Camaçari foram enviados para a Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde foram submetidos à análise de virologistas que constataram a presença do Zika e comprovaram sua transmissão por vetor. “Quase a totalidade daquelas amostras eram positivas para zika e a gente estava diante do primeiro surto documentado do vírus no continente americano naquele momento. Nós comunicamos o Ministério da Saúde imediatamente no dia 29 de abril.”

Como nem todos os pacientes manifestam os sintomas da infecção, o registro do vírus no país só chamou a atenção a partir do segundo semestre de 2015, depois do surgimento de casos de adultos com a Síndrome de Guillain-Barré e do nascimento de centenas de bebês com microcefalia, principalmente em Pernambuco.

Zika e microcefalia

A relação do vírus Zika com a microcefalia foi descoberta pelos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim (Ipesq), em Campina Grande (PB). “Na realidade, a gente complementou o trabalho que já vinha sendo feito em Pernambuco, os pesquisadores de lá já tinham levantado essa hipótese, mas não tinham conseguido encontrar o vírus. Conseguimos detectar no líquido amniótico e descobrimos que era o vírus asiático que está circulando aqui no Brasil. Ele é muito mais agressivo e tem uma predileção muito grande pelo sistema nervoso central”, esclarece Adriana Melo, especialista neonatal e coordenadora do Ipesq.

O assunto ainda não tinha sido amplamente divulgado pela imprensa quando Elaine Michele, 29 anos, percebeu em seu corpo o sinal da notícia que mudaria sua vida. Ela mora em São Lourenço da Mata, cidade da região metropolitana do Recife (PE). Como o próprio nome sugere, o município é rodeado por uma mata, condição que, aliada à falta de saneamento, favorece a proliferação do mosquito Aedes aegypti.

Mãe de Eduarda, de 14 anos, Elaine esperava o segundo filho. Só não imaginava que seu sonho seria abalado por uma epidemia. No terceiro mês de gestação, ela acordou toda vermelha. As manchas no corpo passaram rápido, mas os efeitos foram permanetes em sua vida. As oito ultrassons feitas durante o pré-natal não foram suficientes para mostrar as calcificações no cérebro do bebê, descoberta somente depois do nascimento. 

“Fiz ultra com dopler colorido, fiz ultra 3D, nada mostrava. Quando ele nasceu, para mim, foi um baque. Fiquei sem chão. Mas, primeiramente, Deus e segundo, meu esposo, me deram muita força. Mas, no começo, eu não aceitava. Perguntava por que eu? Por que comigo? Me via só porque eu não sabia que existiam tantos bebês iguais ao meu. Não conhecia a microcefalia como eu conheço hoje, achei que fosse o fim”, lembra Elaine.

De acordo com o Ministério da Saúde, de outubro de 2015 até outubro de 2016, foram notificados 9.953 casos de microcefalia e outras alterações no sistema nervoso. Desse total, 4.797 casos foram descartados e 2.079 foram confirmados como microcefalia. Outros 3.077 casos suspeitos permaneciam em investigação até 22 de outubro. Do total de casos confirmados (2.079), 392 tiveram resultado positivo para o vírus Zika. O ministério, no entanto, considera que houve infecção pelo Zika na maior parte das mães que tiveram bebês com diagnóstico final de microcefalia.

Diagnóstico tardio

Três tipos de testes são capazes de detectar o vírus, mas apenas o chamado PCR está disponível na rede pública de sáude. Os testes rápidos que identificam em 20 minutos se o paciente já foi infectado alguma vez na vida pelo zika já estão prontos, mas ainda não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O ministério anunciou a distribuição de 2 milhões de kits até o final deste ano e mais 1,5 milhão até fevereiro de 2017. Enquanto isso, muitas mulheres só sabem que foram infectadas com o vírus Zika depois do nascimento do bebê.

A subnotificação é resultado da dificuldade em realizar os testes. O diagnóstico rápido e preciso ainda é um desafio, aponta o Professor Universidade Federal da Bahia e Diretor do Hospital Geral Roberto Santos, Antônio Raimundo. “A grande dificuldade é o exame em si. Nós tivemos muitos problemas com o RTPCR, um exame muito caro e que você precisa fazer três vezes”. O infectologista Antônio Bandeira também se queixa de dificuldades. “Infelizmente, a gente tem o Aedes Aegypti transmitindo esses três vírus e tem que ter sistemas melhores de diagnóstico.

Investimento em pesquisa

Um ano depois do surto, especialistas já reconhecem que os efeitos do vírus Zika podem ir muito além da microcefalia. “Esse vírus já demonstrou sua associação não só com microcefalia, mas uma sequência de defeitos congênitos, de complicações neurológicas que hoje caracterizam o que a gente chama de Síndrome de Zika Congênita”,  alerta a professora de Ginecologia e Obstetrícia da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Melânia Amorim.

A definição do conceito de Síndrome Congênita do Zika não trouxe respostas para todas as incertezas que persistem sobre a doença. O Instituto de Pesquisa de Campina Grande se dedica atualmente à investigação de bebês com microcefalia infectados pelo vírus Chicungunya, além de casos suspeitos de infecção por outros vírus. O desafio é conseguir verba para concluir as pesquisas.
“Todo mundo está trabalhando meio que voluntário, ninguém tem bolsa ou recebe para fazer pesquisa. A gente não tem insumos. A nossa sorte tem sido as parcerias, tanto com a prefeitura, quanto com a universidade privada que tem ajudado na parte do diagnóstico e, principalmente, com a Universidade Federal do Rio de Janeiro que tem nos enviado todos os reagentes para pesquisa. Do contrário, a gente estaria de braços cruzados”, relata Adriana Melo, do Ipesq.

O Hospital Geral Roberto Santos, um dos maiores da rede pública de Salvador (BA), também tem desenvolvido pesquisas sobre o vírus e luta por investimento. “Para nós não existe mais dúvida de que existe uma relação entre o vírus Zika e a microcefalia. Mas, cada vez que a gente estuda isso, surgem mais perguntas. Por quê? Por que tão grave? Qual é o  período mais perigoso? Existe alguma relação entre isso e uma infecção prévia por outro vírus? Então, nós estamos estruturando diversos projetos de pesquisa para responder a algumas dessas perguntas. Agora precisamos entender como prevenir. Você pegou zika e está grávida, tem alguma coisa a se fazer? Vai ter que fazer pesquisa para descobri isso. É preciso recurso, o Brasil tem que investir em ciência e tecnologia”, afirma Antônio Raimundo, diretor do hospital.

Cientistas dos Estados Unidos descobriram um anticorpo capaz de reduzir drasticamente a infecção por zika em camundongos. De acordo com os autores da pesquisa, que teve seus resultados publicados nesta segunda-feira, 7, na revista Nature, o novo anticorpo poderá acelerar o desenvolvimento de vacinas e terapias contra a doença.

Ao ser administrado em fêmeas grávidas, antes ou depois da infecção por zika, o anticorpo reduziu os níveis do vírus nos tecidos da placenta e do feto, além de reduzir os danos causados ao bebê camundongo. A transmissão da mãe para o feto também foi reduzida.

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Por causa das diferenças entre as características da gestação de humanos e de roedores, será preciso realizar novos estudos para que a descoberta tenha aplicação clínica, mas a equipe de cientistas, liderada por James Crowe, da Universidade Vanderbilt, no Tennessee (Estados Unidos), acredita que a descoberta logo poderá ser útil para os esforços de desenvolvimento de uma vacina efetiva contra a zika.

"Esses anticorpos que são produzidos naturalmente pelo corpo humano representam a primeira intervenção médica que evita a infecção por zika e o dano aos fetos. Estamos animados, porque os dados sugerem que podemos ter nas mãos um tratamento com anticorpos que pode ser desenvolvido para o uso em mulheres grávidas", afirmou Crowe.

Defesas naturais

Os anticorpos foram isolados a partir de glóbulos brancos - células que integram a defesa imunológica do organismo - de três pessoas que já haviam sido infectada por zika. Em seguida, os cientistas selecionaram os anticorpos batizados de ZIKV-117, que se mostraram especialmente potentes em testes preliminares.

Os anticorpos foram testados então em camundongos geneticamente preparados para se tornarem suscetíveis à zika. Em experimentos separados, camundongos gestantes receberam o tratamento antes e depois da infecção. Em ambos os casos, a carga viral foi reduzida tanto na mãe como no feto, houve menos danos na placenta e os camundongos nasceram maiores.

Os resultados, de acordo com os autores, indicam que o tratamento poderá ser útil tanto antes da infecção - como medida de prevenção -, como depois da infecção, como terapia.

"A notável potência e abrangência do ZIKV-117 é uma grande promessa, já que o anticorpo inibiu a infecção por linhagens africanas, asiáticas e americanas do vírus da zika, em culturas de células e em animais, antes e depois da gravidez", disse outro dos autores do artigo, Michael Diamond, da Universidade de Washington (Estados Unidos).

Às vésperas de completar um ano do estado de emergência em saúde pública no Brasil declarado por causa da microcefalia, o diretor do Instituto Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos, não hesita em afirmar: o zika, vírus associado ao aumento de casos da má-formação, trouxe várias lições para cientistas. "Não se pode desprezar nenhum agente infeccioso, mesmo aqueles que à primeira vista são considerados inofensivos." Esse, completa Vasconcelos, foi o erro cometido com zika no Brasil e no mundo.

Descoberto na década de 40, o zika nunca despertou interesse de pesquisadores. "Até o início de 2015, ele era considerado um vírus de segunda categoria. Ele era pouco estudado, porque se imaginava que seria de pouco interesse para saúde pública."

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O baque, no entanto, não se resumiu ao fato de ele ser muito mais nocivo do que se pensava no início. "O zika rompeu um padrão. Ele representa uma revolução em termos de arbovírus. Até então, acreditávamos que esses agentes eram transmitidos pela picada de artrópodes infectados." O zika veio mostrar que essa ideia era limitada e incorreta. Comprovou-se que ele pode ser transmitido por via sexual, transfusão de sangue. "E ele pode causar doença grave. Tanto na sua forma congênita quanto para pacientes infectados que já apresentam, por exemplo, falhas no sistema imunológico", explica Vasconcelos.

Em virtude do alcance do vírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou, em fevereiro, estado de emergência internacional em saúde pública. Vasconcelos defende que esse status seja mantido.

Estratégias

A equipe de Vasconcelos trabalha em várias frentes. Um dos braços considerados mais promissores é o que se dedica ao desenvolvimento de uma vacina, em parceria com a Universidade do Texas. Os resultados obtidos até agora são animadores. Nos próximos dias, a vacina será testada em primatas, em áreas controladas.

A vacina é desenvolvida com base em um vírus vivo enfraquecido. Por meio do uso de engenharia genética, pesquisadores procuram manter a capacidade do vírus de infectar células, sem, no entanto, que ele possa desenvolver a doença.

O diretor do Instituto Evandro Chagas avalia que há muito ainda que se descobrir sobre o zika. "Ele era praticamente desconhecido. Hoje temos algumas pistas. Mas é preciso muito mais", disse. Uma das hipóteses que necessitam ser avaliadas ainda é o fato de a microcefalia não atingir todos os bebês cujas mães são infectadas pelo zika. "Há uma corrente que arrisca haver um papel protetor da vacina de febre amarela. Isso poderia explicar, por exemplo, o fato de que as regiões onde a microcefalia ocorreu de forma mais intensa no ano passado coincidir com áreas onde a vacina não é aplicada de forma rotineira. Mas são apenas suposições."

Vasconcelos reconhece que, a partir da agora, os brasileiros começam a perder o protagonismo nas descobertas. Ele atribui essa mudança ao investimento realizado em outros países. "Nossa contribuição foi significativa. Mas há uma tendência de que outros centros passem a apresentar estudos."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um ano depois da primeira identificação do surto de zika no Brasil, a OMS ainda não tem respostas para a maioria dos desafios ou novos instrumentos para lutar contra o vírus. Mas tem certeza de que a doença chegou para ficar e que governos e sua própria estrutura terão de trocar uma estratégia de emergência contra a microcefalia por uma resposta de longo prazo para ajudar as famílias afetadas.

Desde 2007, 73 países registraram a transmissão do vírus. Desses, 67 foram alvo de surto desde 2015. Mas em pelo menos sete deles, a situação aponta para uma crise endêmica. Em 12 países, a OMS identificou a transmissão de pessoas para pessoas, numa indicação do poder do vírus em contaminar por meio do contato sexual.

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Nesse mesmo período, 26 países registraram um salto em casos de microcefalia e outras más-formações "potencialmente associadas com o zika". Na semana passada, os últimos a registrar casos de microcefalia foram Bolívia, Trinidad e Tobago e Vietnã. Em 19 países, o aumento de casos foi da Síndrome de Guillain-Barré.

Considerando ser "impossível" medir todas as pessoas contaminadas pelo vírus, a OMS se limita a contar os casos de microcefalia e de Guillain-Barré. Assim, até quarta-feira, a organização somava 2.257 casos de microcefalia pelo mundo. Cerca de 10% deles aconteceram fora do Brasil. O País lidera a lista, com 2.079 casos, ante 54 da Colômbia e 28 nos EUA.

Para a OMS, não há dúvidas de que a proliferação vai continuar e que o vírus "se instalou" de fato em países tropicais. Isso, na avaliação dos especialistas da entidade, vai exigir uma mudança no comportamento da resposta e até mesmo dos serviços de saúde dos países atingidos. "Teremos zika em todos os países que registrarem a presença de mosquito", disse Monika Gehner, porta-voz da OMS.

A OMS sugere que, a partir de agora, a meta não seja apenas a de parar o mosquito. Mas preparar os serviços de saúde para uma resposta de longo prazo para atender crianças afetadas, além de suas famílias.

Dúvidas

Um ano após iniciar o trabalho, porém, a OMS está sem resposta para quase todos os aspectos da doença. Não há, por exemplo, respostas sobre as linhagens do vírus e por que em locais como o Brasil os casos de microcefalia explodiram e, em outros, não. "Estamos vendo um número cada vez maior de casos na Ásia e indicando que qualquer que seja a linhagem, os problemas serão identificados", indicou Monika.

Ela admite, por exemplo, que até hoje a organização não tem uma resposta a dar sobre o motivo pelo qual os casos de microcefalia no Brasil deram um salto importante, enquanto na Colômbia a taxa é muito menor. Documentos obtidos pelo Estado apontam que a OMS quer, até o final de 2017, intensificar investigações para tentar entender qual é de fato o impacto do vírus em fetos e recém-nascidos.

Estão em falta os instrumentos para parar a doença. Produtos contra o mosquito Aedes aegypti não seriam suficientes. Duas vacinas já começaram a passar por testes, mas sua comercialização ainda não tem data e, na melhor das hipóteses, estariam no mercado em 2018. "Podemos levar mais dois ou três anos para ter uma vacina", disse Monika.

Mianmar detectou o primeiro caso de zika em seu território, informou a imprensa local, que citou uma estrangeira grávida que foi infectada pelo vírus.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu para a probabilidade do vírus da zika afetar boa parte da Ásia, depois que casos foram registrados em mais de 70 países, 19 deles na região Ásia-Pacífico.

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O vírus da zika está presente há muitos anos no sudeste da Ásia, mas nos últimos meses o número de casos aumentou consideravelmente.

"As autoridades confirmaram a infecção de uma mulher estrangeira de 32 anos após um exame de laboratório", afirma o jornal estatal Global New Light of Myanmar.

O caso foi registrado em Yangun, a maior cidade do país. O ministério da Saúde afirma que este é o primeiro caso de infecção por zika no país.

De acordo com a OMS, 73 países foram afetados pelo vírus desde 2015, em sua maioria na América Latina e Caribe. A doença é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti e por via sexual.

A OMS considera o vírus da zika uma emergência de saúde pública mundial. Uma grávida infectada pelo vírus da zika tem maior risco de dar à luz a um bebê com microcefalia.

A rede pública de saúde vai passar a ofertar o teste rápido para identificação do zika. O exame, produzido pelo Bahiafarma, laboratório ligado à Secretaria de Saúde da Bahia, começará a chegar nos postos a partir de novembro, em todas as regiões do País. A compra, antecipada pelo Estado, será de 3,5 milhões de exames. Cada kit custará R$ 34. Os exames, no entanto, não estarão disponíveis para toda população. A indicação de quem deve ou não fazer o teste fará parte de um protocolo que deverá ser divulgado pelo Ministério da Saúde em novembro.

Os testes serão feitos por indicação do médico. O diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, afirmou que há alguns critérios já estabelecidos: gestantes com sintomas de zika, gestantes que tenham feito exames de ultrassom que indiquem a suspeita de que o feto apresenta má-formação no sistema nervoso central, adultos de ambos os sexos com suspeita de zika e que apresentem um quadro mais grave, com sintomas de problemas neurológicos.

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"Em adultos, o teste será feito para afastar o risco de Guillain-Barré", disse Hage. Guillain-Barré é uma doença autoimune cuja incidência aumentou de forma expressiva depois do surto de zika no País. Ela provoca a destruição da bainha de mielina, uma espécie de capa que recobre os nervos periféricos.

Feito a partir da análise de uma gota de sangue, o teste rápido se assemelha a um exame de farmácia para gravidez. O resultado é obtido em 20 minutos. Ele é considerado uma arma importante para identificar focos da infecção por zika, para orientar gestantes e o planejamento familiar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a mulher que teve a infecção aguarde pelo menos dois meses antes de engravidar, para evitar riscos de contaminação do feto. Não está claro, no entanto, se nessa primeira fase o governo vai ofertar o exame para mulheres que queiram engravidar.

Atualmente, a confirmação de zika é cara e demorada. Ela é feita por meio da técnica PCR, que identifica traços do vírus no material analisado. Esse exame custa em média R$ 400 e os resultados demoram cerca de duas semanas.

O exame da Bahiafarma, desenvolvido em uma parceria com a empresa coreana Genbody, obteve o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária em maio. Recebeu também o aval do INCQS - Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde.

Em janeiro deste ano, o então ministro da Saúde, Marcelo Castro, havia anunciado a adoção de um teste para identificar zika, desenvolvido pela Fiocruz. O exame, porém, não havia sido registrado pela Anvisa.

O teste da Bahiafarma é capaz de identificar tanto se o paciente está no momento com infecção como também se ele já teve o contato com vírus e desenvolveu a doença no passado.

A zika é uma doença que em 80% dos casos não apresenta sintomas. Quando afeta mulheres grávidas, no entanto, a infecção pode aumentar o risco de o bebê nascer com uma síndrome que pode levar à microcefalia, problemas nas articulações e visão. Hoje, quase um ano depois de o Brasil decretar emergência em saúde pública, há ainda um grande número de casos suspeitos de bebês microcefalia aguardando confirmação - o equivalente a 30% dos casos notificados enter 2015 e 2016. O teste será útil para ajudar a esclarecer esses casos.

A ferramenta também é essencial para dar mais agilidade na análise de casos de pedidos para o Benefício de Prestação Continuada, concedido a crianças com microcefalia que vivam em famílias cuja renda per capita não ultrapassa um quarto de salário mínimo.

Em 2016, o número de infectados com chikungunya teve um aumento significativo em relação ao ano anterior, saltando de 650 municípios notificados para 2.250 só até setembro deste ano, de acordo com o Ministério da Saúde. No entanto, se a esperança era de que esses números caíssem em 2017, o diretor da Fiocruz Mato Grosso do Sul, o médico infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, aponta para uma situação contrária. 

Uma análise foi realizada para o blog do Centro de Estudos Estratégicos-Fiocruz, explica que a doença será um desafio dos gestores em nível, municipal, estadual e federal. De acordo com o infectologista, os brasileiros terão que se preparar para enfrentar um problema maior do que se imagina no próximo verão. Questionando as soluções, o profissional explica que as medidas imediatas não resolvem a questão e trazem mais danos à saúde e meio ambiente, como é o caso dos inseticidas utilizados em pulverizações.

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Apesar das tentativas de evitar a proliferação da doença, os dados apresentados indicam que o número só cresce. Em 2015, durante todo o ano, foram notificados cerca de 38 mil casos de chikungunya no país. Já em 2016, somente até setembro, foram 215 mil casos. Diante disso, o infectologista explica que os desafios estão focados em conquistar recursos e infraestrutura para as pesquisas em andamento, início de outras e parcerias com instituições do exterior, a fim de conquistar mais conhecimento e formas de erradicar a doença.

Surtos da doença

O médico indica que a tendência é as localidades que tiveram epidemia de zika entre 2014 e 2015 não terem grandes epidemias no próximo verão. Isto porque esses surtos criam uma barreira de pessoas com anticorpos ao vírus. Portanto, é possível que nesses locais não haja epidemias como as anteriores. No entanto, a maior preocupação é em relação aos locais onde os surtos foram mais amenos de zika e chikungunya. 

Autoridades da Flórida identificaram nesta quinta-feira uma nova área em Miami, onde o vírus da zika é transmitido localmente, além do local anteriormente detectado em Miami Beach.

A nova área se espalha por 2,6 quilômetros quadrados, no setor noroeste da cidade, informou o governador Rick Scott em um comunicado. O Departamento de Saúde "identificou cinco pessoas, duas mulheres e três homens, na nova área", disse Scott.

"Os três vivem nesta área de 2,6 km². Os outros dois ou trabalham ou visitaram esta área", acrescentou. Ele afirmou que a confirmação do quinto caso ocorreu nesta quinta-feira, o que significa que o local atingiu o "critério de uma nova zona" dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças americano.

As cinco pessoas infectadas são classificadas como tendo "casos não relacionados a viagens", o que poderia significar que foram picadas por mosquitos infectados pelo zika vírus ou contaminadas por contato sexual. "Aconselhamos as mulheres grávidas a evitarem viagens não essenciais às áreas afetadas no condado de Miami-Dade", informou o Departamento de Saúde.

A Flórida reportou 1.021 casos de zika, incluindo 155 infeções não relacionadas a viagens e 106 infecções em grávidas este ano. Neste verão, a Flórida se tornou o primeiro estado no continente dos EUA a reportar a disseminação local de zika, quando um foco de casos foi descoberto no distrito artístico de Wynwood, ao norte do centro.

Desde então, a área foi declarada livre de mosquitos que pudessem disseminar o zika, e as autoridades sanitárias usaram sprays com inseticidas para eliminar os mosquitos infectados. O zika vírus é particularmente perigoso para as grávidas porque pode provocar más-formações, como a microcefalia, que leva bebês a nascerem com cabeças anormalmente pequenas e cérebros deformados.

A infecção por zika também foi relacionada com um distúrbio neurológico denominado síndrome de Guillain-Barre. Em quatro de cinco casos, o zika não provoca qualquer sintoma. Aqueles que apresentam sintomas costumam ter erupções e dores no corpo.

Um novo teste para detectar de forma rápída o zika vírus recebeu o registro da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nesta terça-feira (11). Com o exame rápido, é possível identificar se o paciente tem o zika vírus no organismo ou se a pessoa já teve o vírus. 

Com a autorização, o produto será fabricado e distribuído pelo laboratório público do estado da Bahia (Bahiafarma), em todo o país, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O registro permite que o laboratório produza e distribua o teste a partir do antígeno NS1 (proteína presente, durante a fase inicial da infecção, em altas concentrações no soro de pacientes infectados com o vírus da dengue). De acordo com o laboratório, essa possibilidade não existia em outros métodos de diagnósticos existentes no mercado. 

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Com maior rapidez no resultado, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, bem como se tornar mais eficaz, pois o contágio pode ser confirmado assim que surgem os sintomas da doença. No primeiro semestre do ano outro teste com resultados rápidos foi lançado. Porém, a iniciativa podia detectar os anticorpos no organismo por volta de cinco dias após a infecção pelo vírus. 

Segundo o laboratório, há o interesse de outros países no produto brasileiro, pois poucos fabricantes têm a tecnologia, e o preço é considerado atrativo por serem testes "de alta qualidade a preços muito competitivos". 

Um americano de 38 anos pode ter sido infectado pelo vírus zika através das lágrimas ou do suor do seu pai, moribundo, disseram pesquisadores, no que seria o primeiro caso documentado de uma transmissão deste tipo, se confirmado.

O homem, do estado de Utah (oeste), ficou doente depois de ajudar a cuidar do seu pai, de 73 anos, que foi hospitalizado em junho com zika depois de ter sido infectado durante uma viagem ao México.

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Foi descartado que o contágio do filho tenha ocorrido pelos métodos de transmissão conhecidos - através da mordida de um mosquito infectado ou do contato sexual com uma pessoa infectada -, de acordo com um estudo de caso publicado na quarta-feira no The New England Journal of Medicine.

Ele havia enxugado as lágrimas do pai e ajudado uma enfermeira a reposicioná-lo na cama sem usar luvas, disse o jornal. Além disso, não teve contato com o sangue de seu pai ou com outros fluidos corporais.

Testes encontraram uma concentração anormalmente elevada do vírus zika no sangue do pai, mais de 100.000 vezes maior do que os níveis encontrados em outros pacientes, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

O alto nível poderia explicar "como o segundo paciente pode ter contraído o vírus pelo contato casual do paciente primário, o primeiro caso documentado deste tipo", segundo um comunicado da Escola de Medicina da Universidade de Utah, onde ambos os pacientes foram tratados.

Os pesquisadores não sabem por que os níveis de zika no sangue do pai eram tão altos, mas especulam que poderia ser porque ele já havia contraído dengue.

Algumas pesquisas sugerem que infecções anteriores pelo vírus da dengue podem piorar uma infecção pelo zika, afirmou o jornal Washington Post, citando Sankar Swaminathan, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Utah.

O pai também havia sido submetido a uma terapia de radiação um mês antes devido a um câncer de próstata, e estava recebendo terapia hormonal antiandrógeno, mas não tinha um sistema imunológico comprometido antes de adoecer pelo zika, disse o estudo do caso.

O pai morreu depois de quatro dias no hospital. Trata-se da primeira morte relacionada com o zika nos Estados Unidos.

O filho logo depois ficou doente, apresentando sintomas leves da zika, mas se recuperou após cerca de uma semana.

Na maioria dos casos, a infecção pelo zika passa despercebida ou provoca apenas sintomas leves, como febre e erupção cutânea. O vírus é, porém, particularmente perigoso para mulheres grávidas, visto que pode causar malformações congênitas em fetos em desenvolvimento, como a microcefalia.

"Este caso raro está nos ajudando a entender o espectro completo da doença e as precauções que podemos precisar tomar para evitar a transmissão do vírus de uma pessoa para outra, em situações específicas", disse Swaminathan, em uma nota de imprensa da Universidade de Utah.

"Este tipo de informação poderia nos ajudar a melhorar os tratamentos para o zika, enquanto o vírus continua se espalhando por todo o mundo e dentro de nosso país", acrescentou.

Autoridades da Tailândia confirmaram dois casos de microcefalia em bebês de mães contaminadas com o vírus da Zika, o que pode fazer do país, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o primeiro do Sudeste Asiático com registro de uma contaminação in utero.

"Dois dos três bebês são microcéfalos pelo vírus da Zika", anunciou Wicharn Pawan, funcionário do ministério da Saúde. Na terça-feira (27), o governo tailandês anunciou suspeitas sobre a microcefalia de três bebês nascidos de mães contaminadas com o vírus Zika e que publicaria os resultados das análises nesta sexta-feira (30).

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Na quarta-feira, a OMS informou que se os casos fossem confirmados seriam os primeiros no sudeste da Ásia. Até o momento haviam sido registrados casos de fetos contaminados por Zika durante a gravidez nas Filipinas e na Malásia. Mas não se estabeleceu uma responsabilidade direta pelo vírus.

As autoridades tailandesas acompanham 36 mulheres grávidas infectadas pelo Zika. Oito delas já deram à luz e três bebês nasceram com microcefalia, sendo que apenas dois podem ser atribuídos à Zika, de acordo com os exames.

Um quarto bebê, que ainda não nasceu, parece sofrer de microcefalia, mas sem relação com o vírus da Zika, de acordo com o ministério da Saúde. O vírus da Zika está presente há vários anos no sudeste da Ásia.

Mas após a divulgação dos casos de microcefalia na América do Sul, a vigilância se tornou mais intensa em outros continentes.O ministério da Saúde da Tailândia recorda que a cada ano entre 200 e 300 crianças com microcefalia nascem na Tailândia, até agora associada em muitos casos a outras doenças, como rubéola e catapora.

O ministério da Saúde da Tailândia recorda que a cada ano entre 200 e 300 crianças com microcefalia nascem na Tailândia, até agora associada em muitos casos a outras doenças, como rubéola e catapora.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, disse nesta sexta-feira, 23, que pretende julgar até o final do ano o processo sobre a possibilidade de aborto no caso de grávidas infectadas pelo vírus da zika. Em conversa com jornalistas, a ministra também ressaltou que o "tema é mais delicado" que o aborto em caso de anencefalia.

"Eu acho que (o aborto em caso de zika) é mais delicado, até por causa do momento em que estamos vivendo em que aconteceu isso, e a sociedade quer participar (da discussão)", disse a presidente do STF, durante um café da manhã com repórteres que cobrem o Poder Judiciário. Questionada sobre as diferenças desse novo julgamento com o caso dos fetos anencéfalos, Cármen Lúcia respondeu, incisiva: "É outra coisa, completamente diferente."

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Em abril de 2012, o STF decidiu, por 8 votos a 2, que o aborto de feto sem cérebro não é crime. Cármen Lúcia deu um dos votos favoráveis à possibilidade de interrupção da gestação nesse caso. A Associação Nacional de Defensores Públicos (Anadep) é a autora da nova ação, que pede o direito de aborto para mulheres infectadas pelo vírus da zika.

Um ministro ouvido reservadamente pela reportagem considera que o novo julgamento será mais controverso, por considerar que os bebês com microcefalia apresentam "potencial de vida", ao contrário dos fetos anencéfalos.

Repulsa

Em manifestação encaminhada ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu parecer favorável à possibilidade de aborto em casos de grávidas contaminadas pelo vírus da zika, argumentando que a continuidade da gestação nesse caso representa risco "à saúde psíquica da mulher". Já a Advocacia-Geral da União (AGU) alega que a interrupção da gestação "seria frontalmente violadora ao direito à vida".

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por sua vez, considerou que o aborto nessas circunstâncias "diz respeito a um dissenso moral profundo", sobre o qual dificilmente os parlamentares vão adotar uma "uniformidade de posições".

Uma nova candidata a vacina de DNA contra o vírus da zika, desenvolvida pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, mostrou alto nível de eficiência em testes com macacos.

Aplicada em duas doses, a vacina deu proteção total a 17 primatas em um grupo de 18 animais. A vacina se baseia em um DNA que codifica duas proteínas exclusiva do vírus da zika, fazendo com que o organismo desenvolva uma resposta imune contra a infecção. Os testes, realizados por cientistas da NIH, com participação da brasileira Leda Castilho, da Coppe-UFRJ, tiveram seus resultados publicados nesta quinta-feira, 22, na revista Science.

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De acordo com os autores do artigo, os resultados dos ensaios serão utilizados nos testes clínicos com humanos, já em andamento, para ajudar a estabelecer os níveis mínimos de anticorpos no sangue para que uma proteção completa seja possível. Uma vacina preventiva é vista pelos cientistas como a melhor alternativa para reduzir o alastramento do vírus pelo mundo e evitar suas graves consequências para gestantes. Uma das possibilidades é o desenvolvimento de vacinas de DNA, que codifica proteínas específicas do vírus.

Quando as células do paciente absorvem esse DNA, elas o utilizam para sintetizar as proteínas virais, levando o organismo a reconhecê-las e desencadeando uma resposta do sistema imune contra a infecção. Segundo Leda, a nova vacina utiliza como vetor um anel de DNA chamado plasmídeo, que contém dois genes que codificam uma proteína da membrana e outra do envelope do vírus. A pesquisadora está desde março em Bethesda, nos Estados Unidos, atuando como pesquisadora visitante do Centro de Desenvolvimento de Vacinas do NIH.

"Quando esse vetor de DNA é injetado no macaco, o organismo dele passa a produzir as proteínas, formando estruturas tridimensionais que chamamos de partículas sub-virais - que é, digamos assim, só a casca do vírus, sem seu código genético. O organismo então passa a reconhecer essas partículas e a produzir anticorpos", disse Leda à reportagem. O teste teve o objetivo, de acordo com Leda, de avaliar se a vacina de DNA do NIH realmente induz à produção de anticorpos e se eles são neutralizantes o bastante.

O próximo passo é estabelecer o limiar de anticorpos necessários para a proteção. Mas a pesquisadora afirma que a vacina já está sendo avaliada clinicamente. "Os testes de fase 1, que têm objetivo de avaliar a segurança da vacina em humanos, já foram iniciados e os primeiros voluntários receberam a vacina no início de agosto. Até agora, 55 indivíduos já foram vacinados e chegaremos a 80. Esperamos ter os resultados dessa fase de testes nos próximos quatro meses", disse Leda.

De acordo com Leda, o experimento foi realizado com 30 macacos rhesus, divididos em cinco grupos de seis primatas, que receberam diferentes variantes da vacina. Três dos grupos receberam duas doses e um deles recebeu apenas uma dose. Outros animais receberam uma vacina inativa, como controle.

"Dos 18 macacos que receberam duas doses, 17 ficaram completamente protegidos. Os seis animais que receberam apenas uma dose não ficaram protegidos. Mas suas cargas virais foram reduzidas em comparação com animais do grupo de controle", afirmou Leda. O fato de animais que receberam baixas dosagens apresentarem carga viral menor é importante, segundo Leda, porque mostra que um número reduzido de anticorpos não leva a uma infecção ainda mais severa, como é observado em alguns casos de infecção por dengue.

"O número de animais no nosso experimento é pequeno para que possamos afirmar com certeza que a infecção não se fortalece quando os anticorpos estão presentes em baixa concentração. Mas é um indício importante", declarou.

Negociadores do Congresso dos Estados Unidos se apressaram para finalizar um projeto de lei sobre gastos que devem ser feitos para evitar uma paralisia do governo durante as eleições e finalmente fornecer dinheiro para combater a ameaça do zika vírus. Mas várias questões permanecem, e líderes do Senado adiaram mais uma vez uma votação sobre o tema.

A medida provisória manteria o funcionamento do governo após o fim do ano orçamentário neste mês. Esse é o único projeto que tem de passar antes do recesso do Senado para o dia da votação geral de funcionários do governo.

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Uma controvérsia sobre se o projeto de Paternidade Planejada deveria se beneficiar do financiamento anti zika em Porto Rico parece ter sido superada, segundo legisladores. Mas controvérsias não relatadas sobre as regulações do uso de pesticidas, cortes de gastos e limitações sobre o tempo em que caminhoneiros podem dirigir permanecem sem resolução.

Depois que as negociações durante o fim de semana falharam em mostrar progresso, o líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, adiou uma votação programada para segunda-feira à noite. Isso provavelmente significa que o Congresso não deve finalizar sua sessão pré-eleições nesta semana.

A quantia extra de US$ 1 bilhão para combater o mosquito transmissor do zika está atrasada em meses. Os republicanos não foram rápidos em responder ao pedido do presidente Barack Obama, que data de fevereiro, e então entraram em conflito com democratas ao restringirem novas verbas de saúde para Porto Rico, em um passo que os republicanos reconhecem ter o intuito de garantir que o projeto Paternidade Planejada fosse elegível a receber quaisquer fundos. Fonte: Dow Jones Newswires.

Os critérios para doação de sangue estão mais rígidos. Diante do avanço de zika e chikungunya no País, o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fizeram uma nota conjunta em que estabelecem uma série de regras para evitar que as duas doenças sejam transmitidas durante a transfusão de sangue. "Desde o ano passado, já havia precauções nesse sentido. O que fizemos agora foi ampliar as recomendações", afirmou o gerente de sangue e tecidos da Anvisa, João Batista da Silva Júnior.

No caso da zika, afirma, os cuidados agora se estendem já levando em consideração o risco de transmissão do vírus por via sexual. Até há dois meses, infectados pelo zika eram considerados inaptos para doação por 30 dias ou após a recuperação laboratorial. A partir de agora, também são considerados inaptas para doação por 30 dias pessoas que até três meses antes tiveram relação sexual com parceiro que apresentou diagnóstico da infecção.

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No caso de chikungunya, devem ser considerados inaptas, durante 30 dias, pessoas que tenham se deslocado para regiões endêmicas ou com epidemias confirmadas da doença. No caso de pessoas que vivem em regiões com epidemia confirmada da doença, também devem ser consideradas inaptas por 30 dias.

Estados Unidos

Em fevereiro, Brasil e EUA se comprometeram a desenvolver testes para doadores de sangue contra zika. No dia 26, a agência reguladora de alimentos e medicamentos americana (FDA) recomendou que todos os estoques de sangue doado fossem submetidos a testes para o vírus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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