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O procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, disse nesta segunda-feira (14) não ter dúvidas de que o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e seu motorista Anderson Gomes está relacionado a grupos de milicianos. Gussem discursou ao ser reconduzido ao cargo para mais dois anos de mandato à frente do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

"Não tenho dúvidas em afirmar que o caso Marielle e Anderson Gomes está relacionado a essas organizações criminosas", disse ele. O assassinato completa hoje dez meses e segue em investigação sigilosa na Polícia Civil e no próprio Ministério Público estadual.

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Gussen afirmou que as milícias representam "uma forma perversa de plantar o terror e o medo na sociedade" e destacou que, quando confrontadas pelo aparato estatal, elas reagem "com severos ataques a bens públicos e ameaças a autoridades". O procurador-geral de Justiça lembrou ainda o ataque a tiros sofrido ontem pela delegada e deputada estadual Martha Rocha (PDT), que não se feriu com os disparos contra seu carro, mas teve o motorista baleado. A parlamentar relatou ter sofrido ameaças de milicianos.

"Espero que o lamentável episódio ocorrido ontem com a deputada estadual Martha Rocha não seja mais um capítulo dessa triste e grave história", disse.

Duas linhas

Ao fim da cerimônia de recondução ao cargo, o procurador-geral de Justiça explicou que o ministério público estadual e a Polícia Civil trabalham em duas linhas de investigação distintas no caso Marielle. Enquanto os promotores cruzam dados do caso com outros processos e organizações criminosas identificadas, a Polícia Civil se debruça sobre o crime de forma mais específica.

"Elas necessariamente não são divergentes, podem até ser convergentes. São linhas que, com o andar dessa análise, podem desembocar na mesma organização criminosa", disse ele, que ponderou que a investigação da Polícia Civil necessariamente vai passar pela avaliação do Ministério Público quando concluída.

O governador Wilson Witzel (PSC) disse que não teve acesso ao processo, que está em segredo de justiça, mas defendeu que uma resposta seja apresentada à sociedade rapidamente.

"Me parece que as duas têm que andar juntas. Se não for possível, aquela que estiver mais adiantada que dê a resposta pra sociedade. Se você tem uma investigação mais adiantada na policia, que a policia já apresente logo o resultado", disse ele, que o que se espera do direito penal é uma resposta rápida à sociedade: "É muito melhor apresentar muitas vezes um resultado parcial de uma investigação. O inquérito pode ser cindido e continuar a investigação em outros fatos".

O responsável pela Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, o delegado Ginilton Lages, atuará exclusivamente no comando das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Eles foram mortos no dia 14 de março de 2018, há mais de 300 dias.

Segundo o novo diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) do Rio, o delegado Antônio Ricardo, a investigação avançou bastante e existem evidências dos suspeitos de envolvimento no crime.

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"O delegado Ginilton ficará exclusivo nesse caso. Nós vamos colocar mais delegados e mais agentes na Delegacia de Homicídios. A equipe que está à frente da investigação já me apresentou o trabalho que vem sendo feito ao longo desses meses", afirmou Ricardo. "Temos suspeitos e uma série de dados ainda em análise, e não queremos concluir essa investigação com a menor margem de dúvida para a defesa. Queremos concluir a investigação o quanto antes, mas com a maior riqueza de provas possível", acrescentou.

O diretor do DHPP também informou que vai reforçar o Núcleo de Crimes Contra Policiais com mais delegados e agentes. O delegado disse que os líderes do tráfico de drogas que tiverem seus integrantes envolvidos em homicídios de policiais também responderão por esses crimes, com pena de 20 a 30 anos de reclusão

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Rogério Galloro, confirmou, hoje (21), que uma equipe do órgão apura a suspeita de que uma organização criminosa estaria atuando para impedir que a Polícia Civil do Rio de Janeiro esclareça o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista, Anderson Gomes. Os agentes já receberam parte do material que os investigadores fluminenses reuniram ao tentar identificar os mandantes e os executores do crime.

Segundo Galloro, a Polícia Civil entregou, há cerca de uma semana, o material que a Polícia Federal solicitou no fim de novembro. “Isso demorou um pouco. Tive que montar uma equipe às pressas, pegando policiais federais de alguns estados. Uma equipe fica aqui em Brasília, ajudando na análise de dados, e outra no Rio de Janeiro”, disse o diretor-geral ao explicar a divisão da equipe.

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Galloro disse que, mesmo se dedicando exclusivamente ao caso, os agentes federais levarão algum tempo para analisar as informações reunidas pela Polícia Civil ao longo dos últimos nove meses. “São provas, indícios e depoimentos que a Polícia Civil coletou. É um volume [de informação] muito grande que temos que analisar para ver se se encaixa no objeto da nossa investigação, que não é o homicídio”, acrescentou Galloro, reforçando que a PF só apura a possível obstrução às investigações.

A PF instaurou o inquérito para apurar supostos entraves à elucidação do crime no começo de novembro, a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge – que, na mesma ocasião, pediu também que a PF dê proteção às famílias de testemunhas.

Aliança satânica

Galloro falou sobre o andamento das investigações esta manhã, em Brasília, durante a apresentação do balanço de ações do Ministério da Segurança Pública desde a criação, no fim de fevereiro. Presente ao evento, o ministro Raul Jungmann também comentou as investigações sobre o assassinato de Marielle e de Gomes, em 14 de março deste ano.

“Há um processo de investigação do que eu já chamei de um complô, uma aliança satânica entre corrupção e crime organizado. A PF está trabalhando [para apurar a suspeita de obstrução às investigações da Polícia Civil] e, a nosso ver, trabalhando muito bem, mas há apenas um mês. Confio na PF e estou certo de que ela vai fazer o trabalho que é preciso fazer no Rio de Janeiro”, disse o ministro, lembrando que, nos meses subsequentes ao crime, por duas vezes o governo federal se ofereceu para assumir as investigações.

Jungmann disse que, nas duas vezes, a oferta de federalização foi recusada. “Por isso, a Polícia Federal não tem nenhuma participação na tentativa de elucidação do caso. Porque não nos deixaram entrar neste processo”.

Perguntado se confia na investigação da Polícia Civil, o ministro disse que espera que ela alcance os resultados esperados pela sociedade. “Em 2017, eu dizia que o estado não sairá da situação em que se encontra, com comunidades controladas pelo crime organizado e com parte do Estado e de agentes públicos capturados pelo crime e pela corrupção, sem ajuda do governo federal. Já na época eu reivindiquei o apoio de uma força-tarefa. Hoje, conseguimos constituir isto. Por isto eu tenho tanta esperança que consigamos romper esta aliança entre crime organizado e corrupção”, respondeu o ministro.

O vereador Marcello Siciliano (PHS-RJ), investigado no inquérito que apura o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em abril deste ano, pediu neste sábado (15) a federalização do caso e maior transparência nas investigações. Ele disse que a federalização é um ato que deve ser solicitado pela Procuradoria Geral da República (PGR).

Siciliano negou seu envolvimento na morte de Marielle Franco, de quem se disse muito amigo, e lembrou que quando ocorreu a primeira denúncia, ele se mostrou à disposição da Justiça. Passados nove meses do crime, o vereador disse que permanece à disposição das autoridades 24 horas por dia.

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O vereador qualificou de midiática a operação feita ontem (14) de busca e apreensão pelo Ministério Público do Estado e Polícia Civil em sua residência e em seu gabinete na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Ele atribuiu o fato à proximidade do fim da intervenção federal no Rio de Janeiro e à pressão exercida por parte da sociedade, da Anistia Internacional e organizações de direitos humanos para resolver o crime, que têm repercussão internacional.

“Eu quero também que isso seja desvendado, mas de forma verídica, de forma digna. Eu não sei porque resolveram me pegar para 'cristo' desse crime que eu não cometi, não tive participação, nunca teria”. O vereador acrescentou que a operação dessa sexta-feira (14) foi um”desrespeito à minha família, à minha história de vida, um desrespeito contra meus filhos, minha mãe, e um desrespeito também à família da Marielle. Um desrespeito a todos aqueles que gostam e que querem realmente a verdadeira verdade e não uma pessoa criada, que é o que estão fazendo comigo”, ressaltou.

Transparência

Marcello Siciliano reiterou o pedido feito nessa sexta-feira, quando depôs na Delegação de Proteção ao Meio Ambiente, na Cidade da Polícia, de maior transparência para o caso.

O carro onde se encontravam Marielle Franco e Anderson Gomes foi alvejado quando passava pelo bairro do Estácio, zona norte do Rio de Janeiro. Os autores dos disparos estavam em outro veículo e fugiram. No mês seguinte ao crime, um ex-miliciano que depôs na condição de testemunha citou o nome de Siciliano. Além do vereador, o depoente implicou o ex-policial militar Orlando de Araújo, conhecido como Orlando Curicica, que atualmente está preso em decorrência de condenação por outros crimes.

Segundo a testemunha, o homicídio estaria relacionado com a atuação de Marielle em áreas comandadas por milicianos vinculados à Orlando Curicica, na zona oeste do Rio de Janeiro. Na época, Siciliano já havia negado participação no crime. O ex-policial também refutou as acusações.

Grilagem

O vereador negou também qualquer interesse em questões fundiárias que, segundo entrevista do secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, ao jornal Estado de São Paulo, teriam sido o real motivo do assassinato de Marielle, diante de sua interferência em interesses de milicianos sobre loteamento de terras na periferia da capital fluminense.

Siciliano assegurou não ter participação em grilagens. Disse que o único fracionamento de terra em que se meteu foi há 20 anos, em Vargem Grande, onde inclusive morou com a família durante mais de dez anos. Negou participação em loteamentos na comunidade Nova Palmares, onde estariam tentando atribuir vínculos a ele. “Qual será a próxima? Será que vão tentar me matar e dizer que eu fui uma queima de arquivo porque estava chegando (ao esclarecimento do caso)?”

Segundo Siciliano, “mataram uma vereadora e estão me matando junto. Estão querendo me jogar em uma jaula. Eu peço a federalização desse caso. Ninguém mais do que eu quer a transparência disso”.

Também disse ter entregado todos os documentos, computador e celular à polícia. “Eu não devo nada, não temo nada. Tudo meu foi entregue na delegacia”. De acordo com o vereador, a Delegacia de Homicídios não tem mais condição de seguir adiante com esse processo, que deve ser tornado público para todos.

Aconselhado por vereadores a pedir proteção policial, Siciliano disse que vai avaliar essa hipótese com seus advogados Carlos Lube e Daniel Fiúza, que o acompanhavam durante a entrevista.

O assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), que cumpria o primeiro mandato, e do motorista Anderson Pedro Gomes, completa nesta sexta-feira (14) nove meses ainda à espera de solução.

Eles foram mortos na noite de 14 de março deste ano, no bairro do Estácio, na região central do Rio. Ambos foram alvejados quando voltavam para casa, de carro, na Tijuca, após participar de evento na Lapa. Os tiros foram disparados de outro veículo.

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Na quinta-feira (13), o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que o assassinato "pesa" sobre o Brasil e sobre a imagem do país no exterior.

Segundo ele, as investigações iniciadas no mês passado para apurar possíveis interferências no inquérito conduzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro estão indo "muito bem".

Também ontem foram cumpridos mandados de prisão e apreensão no Rio de Janeiro e Juiz de Fora, em Minas Gerais. A apuração dos mandantes e executores dos homicídios é conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público.

Democracia

De acordo com Jungmann, ele gostaria de entregar ainda este ano, antes de deixar o ministério, os resultados da investigação.

“Então atingir Marielle foi também atingir a democracia. E isso, para mim, é um valor absoluto. Por isso, sim, eu gostaria muito de poder apresentar resultados o mais breve possível, se possível também ainda durante a nossa gestão", afirmou o ministro.

Oriunda da Favela da Maré, zona norte do Rio, Marielle Franco tinha 38 anos. Era socióloga, com mestrado em administração pública, e ficou conhecida pela militância na área dos direitos humanos.

A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanhou as investigações do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes aprovou, nesta terça-feira (11), o relatório final dos trabalhos. Com 118 páginas, o documento traz críticas às investigações do crime, conduzidas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, e à falta de informações sobre o caso. 

“Se já é baixa a eficácia do Estado no que diz respeito à elucidação de crimes comuns, no caso de crimes politicamente motivados, especialmente relacionados ao assassinato de defensores e defensoras de direitos humanos, a situação é ainda mais crítica. Há que se ressaltar o péssimo histórico do Estado brasileiro na responsabilização de mandantes de assassinato deste tipo de ativista”, diz o documento.

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Marielle e Anderson foram mortos a tiros na noite de 14 de março deste ano, no centro do Rio de Janeiro, dentro do carro em que estavam. Até hoje, não há conclusão sobre autores, mandantes e motivações do crime. 

“Passados hoje mais de 271 dias, não temos essas respostas, o que causa, não apenas apreensão, como também desconfiança sobre os rumos que o caso tem tomado”, ressalta o texto da comissão.

O documento também propõe a mudança de competência das investigações para a Polícia Federal e sugere a apreciação, por parte do Congresso Nacional, de proposições para evitar que se repitam casos como o de Marielle e Anderson. 

A comissão propõe ainda o controle mais efetivo de armas e munições pelos órgãos de segurança pública e o fortalecimento das redes de proteção aos defensores de direitos humanos, vítimas e testemunhas ameaçadas, em especial no estado do Rio de Janeiro.

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, afirmou que a Polícia Civil já identificou alguns participantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março deste ano. Segundo Nunes, até o momento não foram efetuadas prisões para que outros suspeitos não escapem.

“Nós não podemos ser precipitados porque no momento em que se prende, por exemplo, um dos participantes, a gente poderia tentar fazer isso, não prende os demais”, observou o general, em entrevista à GloboNews, exibida nessa quarta-feira (21).

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“Alguns participantes nós temos, com certeza, agora o problema todo é esse: nós temos que criar uma narrativa consistente ligando esses atores com provas cabais que não venham a ser contestadas em juízo, no tribunal do júri. Aí sim seria um fracasso que a sociedade não observasse esses criminosos sendo efetivamente condenados”, completou.

Richard Nunes também aproveitou para reforçar a confirmação de que há milicianos envolvidos no caso. "Não é um crime de ódio, falei isso logo na primeira entrevista que dei, em março, sobre isso. É um crime que tem a ver com a atuação política, em contrariedade de alguns interesses. E a milícia, com toda certeza, se não estava no mando do crime em si, está na execução", disse Nunes.

O secretário ainda salientou que “provavelmente” há políticos envolvidos no assassinato da vereadora. E ponderou que a expectativa deles é de solucionar o crime até o fim da intervenção federal no Rio de Janeiro.

Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados no dia 14 de março. Ativista dos direitos humanos, Marielle cumpria o primeiro mandato de vereadora e havia sido a quinta mais votada para exercer o cargo no município do Rio. Ela era conhecida por seus posicionamentos contrários à atuação arbitrária da Polícia Militar do Rio. Sete meses depois, o crime ainda não foi esclarecido.

A Polícia Federal vai investigar a existência de uma organização de "agentes públicos e milicianos" que procura obstruir o esclarecimento do assassinato há oito meses da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, informou nesta quinta-feira o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann.

A investigação foi aberta a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, devido a "graves denúncias" feitas por duas testemunhas sobre a existência de uma "organização criminosa que envolve agentes públicos, milicianos, organizações criminosas e a contravenção".

Esse grupo pretende "impedir que se chegue aos mandantes e executores reais do duplo homicídio", afirmou Jungmann em coletiva de imprensa em Brasília.

Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes foram executados a tiros em 14 de março deste ano, no Estácio, no Rio de Janeiro. A apuração do assassinato está a cargo da Polícia Civil.

As denúncias foram colhidas nas últimas semanas e Dodge ainda pediu proteção para testemunhas, afirmou Jungmann.

O assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL), 38 anos, e do motorista Anderson Pedro Gomes, 39 anos, completa hoje (14) seis meses. O crime ainda aguarda solução. As autoridades federais afirmam que até o fim deste ano as respostas virão.

Para a viúva de Marielle, Mônica Benício, parentes, amigos e ativistas, a vereadora e o motorista foram executados. Independentemente das investigações, eles preservam as bandeiras de Marielle e suas propostas em defesa de ações para a inclusão das mulheres, negros e do público LGBT.

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Nos últimos meses, a Câmara Municipal do Rio aprovou vários projetos de autoria da vereadora, conhecida pela militância em defesa das minorias e direitos humanos. Em agosto, Marinete Alves, mãe de Marielle, esteve com o papa Francisco. Ela disse ter falado sobre a filha para o papa que afirmou que gostaria de tê-la conhecido.

Campanha

Após seis meses da morte da vereadora e do motorista, a Anistia Internacional lança hoje a campanha na internet Quem Matou Marielle Franco?. Uma tela de LED 360º de 5 metros, instalada em um caminhão, passará mensagens em frente a instituições públicas e da Justiça criminal no Rio.

O caminhão percorrerá o Parque do Flamengo, que costuma ter movimento intenso. Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil, e parentes  de Marielle Franco, são aguardados ao longo do dia hoje no local.

No site, a Anistia Internacional pede que as pessoas apóiem uma petição de urgência das investigações do assassinato, a responsabilização dos envolvidos, proteção das testemunhas e garantias de que haverá o julgamento do caso.

O documento é destinado ao ministro da Justiça, Torquato Jardim, o secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Fernandez Nunes, o chefe da da Polícia Civil do estado, Rivaldo Barbosa, o procurador-geral do Ministério Público (do Rio), Eduardo Gussem, à procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Macedo Duprat, e ao general Walter Souza Braga Netto, responsável pela intervenção federal na segurança no Rio.  

Caso

Marielle Franco foi assassinada com quatro tiros na cabeça e seu motorista Anderson Gomes, atingido por três balas. Eles estavam saindo de um evento político-cultural, no bairro de Estácio, no centro do Rio de Janeiro, quando foram mortos, em 14 de março deste ano.

Câmeras de segurança flagraram os carros e os suspeitos. Porém, as investigações ainda não foram concluídas. Em agosto, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, reconheceu que “agentes do Estado” e “políticos” estão envolvidos no crime. Também admitiu dificuldades nas apurações.

Em julho, a Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro chegou a prender dois suspeitos. Segundo a polícia, os dois integravam o bando de Orlando Oliveira Araújo, conhecido como Orlando de Curicica, miliciano que está preso na penitenciária federal de Mossoró.

A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, deve analisar e votar, hoje (4), um requerimento para que o Parlamento acione a Procuradoria-Geral da República (PGR) a fim de que esta solicite ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a transferência das investigações do crime para a alçada federal.

O pedido de deslocamento de competência do inquérito instaurado pela Justiça do Rio de Janeiro, ou seja, de federalização do caso, foi apresentado pela deputada Maria do Rosário (PT-RS). Para a parlamentar, após 174 dias as investigações ainda não avançaram “de modo significativo”. Em seu pedido, a deputada também disse que como há suspeitas de participação de políticos e agentes do Estado no crime, “torna-se necessário federalizar as investigações para identificar os mandantes e os executores do crime, bem como seus motivos”.

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Na última sexta-feira (31), a arquiteta Mônica Benício, viúva da vereadora Marielle Franco, confirmou à Agência Brasil que vinha discutindo com pessoas próximas a conveniência de o caso ser federalizado. “Esse silêncio é angustiante. Eu vinha manifestando confiar no trabalho da Polícia Civil do Rio de Janeiro, mas, agora, já estamos estudando pedir a federalização da apuração”, disse Mônica, acrescentando sentir-se constrangida com a demora das autoridades em identificar e punir os envolvidos no assassinato, ocorrido em 14 de março deste ano. No mesmo dia, o Ministério dos Direitos Humanos anunciou a inclusão de Mônica Benício no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos

Representantes do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil já minimizaram a necessidade de a Polícia Federal assumir as investigações. Em agosto, o subprocurador-geral de Administração do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Lima Neto, e o diretor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil, delegado Fábio Cardoso, informaram que os investigadores têm contado com o apoio de equipes federais desde o início da investigação.

“Estamos tendo apoio da inteligência, da parte técnica pericial, de outros órgãos, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e das forças militares. Desde o início até esse momento não estamos com nenhuma carência de questão técnica ou de inteligência na apuração desse caso”, disse o delegado. “O MP não se opõe à participação de todas as forças de segurança e de inteligência para a elucidação desse caso. É importante, é cobrado no Brasil e no exterior. O que ficou dito é que de fato já existe a colaboração da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal nesse caso”, acrescentou o subprocurador-geral.

A segurança pública do Rio de Janeiro está sob intervenção federal desde fevereiro deste ano.

Além de votar o pedido de federalização, os membros da Comissão Externa parlamentar vão discutir o encontro do grupo com o Ministério Público do Rio de Janeiro e delegados da Polícia Civil fluminense. Durante a reunião, ocorrida em agosto, os participantes trataram do andamento da apuração e o vazamento de informações sobre as investigações, entre outros temas.

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão disse que tem certeza de que os autores das mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes serão identificados e presos. “Eu tenho certeza que vão descobrir os autores das mortes. Quem mandou, quem fez. Eu tenho certeza disso. As investigações estão sob sigilo”, avaliou.

As declarações de Pezão foram feitas nessa segunda-feira (13), ao participar do termo de assinatura de cooperação para redução da mortalidade no trânsito com o Ministério das Cidades.

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O governador também comentou sobre o fato de o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, ter dito que que o governo federal colocou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal à disposição do Rio de Janeiro para colaborar nas investigações da execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, que completa cinco meses nesta terça (14). Pezão disse que a declaração do Jungmann surpreendeu.

"Se nós estamos num regime de intervenção federal e eu conversava isso hoje de manhã com o general Richard Nunes [secretário de Segurança do Rio] e tenho conversado permanentemente com o general Braga Netto [interventor na segurança do Rio]. A gente já tem esse auxílio da Polícia Federal e de todos esses órgãos federais aqui no Estado. Então, eu acho que pode ser feita uma integração. Não vejo problema da Polícia Federal entrar [no caso]. Pra mim já estava até dentro”, avaliou.

Pezão disse ainda que dificilmente um órgão da Polícia Federal vai poder fazer uma ação diferente nessa área. "Tem muita coisa avançada nas investigações. Tem muita investigação feita. Eu acredito que essa integração só vai ajudar a desvendar esse crime mais rápido. Para mim já estava sendo feita. Os próprios interventores se utilizaram de todo o trabalho que tinha de investigação. As informações não podem ser divulgadas. Agora, a cada vez que se divulga isso, você está dando arma para o inimigo”, observou.

Os assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completam neste sábado (11) 150 dias e ainda sem solução. O prazo supera o dobro do levado até o indiciamento dos culpados em dois outros casos rumorosos. Na morte da juíza Patricia Acioli (assassinada em uma emboscada armada por milicianos), em 2011, foram 50 dias entre o crime e o indiciamento dos responsáveis. E no sumiço do pedreiro Amarildo de Souza (levado por policiais na Rocinha), em 2013, o prazo foi de 75 dias até todos serem formalmente indiciados.

A demora nas investigações do caso Marielle preocupa especialistas em segurança pública. Eles argumentam que o avançar do tempo é inimigo da resolução do caso, embora concordem que é preciso haver um trabalho fundamentado, com provas fortes, para prender os verdadeiros culpados.

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Marielle e Anderson foram mortos na noite de 14 de março, após uma perseguição de dois outros veículos, no bairro do Estácio, zona norte do Rio.

“Estou muito preocupado. Esperava um prazo mais curto. Quanto mais o tempo passar, mais difícil será resolver o caso”, declarou o sociólogo Ignácio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência (LAV), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Cano admite a possibilidade de o caso ficar sem solução, mas adverte que as cobranças ao governo não vão cessar. “É uma possibilidade não haver resolução, mas nós não vamos esquecer e a sociedade vai continuar cobrando”, disse.

Para ele, o caso é mais complexo do que o de Patricia Acioli e Amarildo, por isso está levando mais tempo. “A diferença é que este caso foi uma morte muito planejada, executada por profissionais e com muitos recursos. Este caso acende um sinal vermelho, sobre o risco da violência avançar sobre a política brasileira, em uma situação que se tornará muito difícil”, advertiu.

O temor pela solução do caso também é compartilhado pela cientista social Silvia Ramos, especialista em segurança pública, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (Cesec/Ucam).

“Eu estou muito desesperançada neste momento. Acho que tem muita gente falando e estou vendo pouca ação. Porque não é só resolver. Dizer que foi o grupo tal e que o criminoso está morto.Tem que resolver com provas consistentes. Estou muito pouco otimista de que isto venha a acontecer”, disse Sílvia.

Segundo ela, a lentidão na investigação do duplo assassinato, que na próxima terça-feira (14) completará cinco meses, é fruto de anos sem investimento em investigação na polícia do estado.

“O caso da Marielle é uma confirmação da fraca tradição investigativa da polícia do Rio. É uma polícia que usa muito mais o tiroteio e o confronto do que a inteligência. E agora nós estamos pagando o preço por isso. Uma polícia que raramente usa perícia e investigação, que não esclarece 80% dos homicídios. É inaceitável que, depois de 150 dias, o que a gente tenha é boato e fofoca”, destacou.

Sílvia diz que não é possível afirmar categoricamente quem foram os responsáveis, mas que há fortes indícios dos possíveis autores. “Há todas as evidências de participação de grupos paramilitares. Isto é muito grave. As autoridades de segurança do Rio não entenderam ainda que um grupo de milicianos é muito mais perigoso do que um grupo de traficantes. Porque o inimigo está dentro de casa, dentro das corporações”, alertou.

OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Secção Rio de Janeiro está acompanhando desde o primeiro dia o caso de Marielle e Anderson. O presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ, Breno Melaragno, destacou que confia em uma conclusão do inquérito, mas admitiu que a investigação está demorando além do desejável.

“É fato que está demorando muito. Mas como certamente envolve agentes de Estado, talvez agentes políticos e de segurança pública, a dificuldade que demanda mais tempo possa estar nisso. Mas não tenho dúvida de que vão chegar a uma conclusão, apontando os autores do crime”, disse o advogado.

Ele reconheceu que a demora causa uma grande angústia na sociedade e principalmente nas famílias das vítimas. “Infelizmente, o tempo é necessário para que a investigação seja correta, que aponte os verdadeiros culpados. Às vezes, quando uma investigação é muito curta, aponta inocentes. Por outro lado, concordo que o tempo está excessivo”, disse Melaragno.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Seseg) e a Polícia Civil foram procuradas para se pronunciarem sobre o caso, mas informaram que não irão divulgar informações sobre a investigação, que está sob sigilo.

Nos últimos dois dias, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que há “agentes públicos” e também “políticos” envolvidos na morte da vereadora, e que o crime pode ter sido motivado por disputas políticas e negociações para indicações a cargos públicos. Ele não citou nomes nem entrou em detalhes.

“Quando você tem o envolvimento daqueles que detêm o poder, [eles] de fato têm uma capacidade de, digamos assim, uma resiliência e uma capacidade de mobilizar defesas ou mobilizar meios de resistir. Mas, não tenho a menor sombra de dúvida de que não há nada que impeça a intervenção e a equipe que lá está de denunciá-los, a todos", observou o ministro.

Há informações que três políticos presos no Rio, denunciados pela CPI das Milícias, também são investigados como suspeitos de participação na morte de Marielle e de Anderson.

Às vésperas de completar cinco meses do assassinato, a mãe de Marielle, Marinete Silva, disse que confia na Justiça e acredita que as investigações mostrarão os responsáveis pelas mortes.

O ministro da Segurança Pública brasileiro, Raul Jungmann, afirmou nesta terça-feira (7) que as dificuldades para o esclarecimento das mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes ocorrem por conta do envolvimento de agentes do estado e políticos no crime. A declaração foi dada à emissora de TV "Globo News".

"Eu não posso trazer todas [as informações que tem] aqui porque senão eu criaria problemas para a própria investigação", declarou. "Esse assassinato da Marielle envolve agentes do estado. Envolve, inclusive, setores ligados seja a órgãos de setores do estado, seja a órgãos de repressão política" acrescentou. Jungmann disse acreditar que as investigações sejam concluídas até o final do ano. "A complexidade deriva do profissionalismo com que [os assassinatos] foram feitos e com o fato de que eles têm uma rede de intersecção, que eu poderia chamar daqueles que têm interesse de que eles [os crimes] acontecessem e que, aparentemente, você tem que chegar e comprovar isso", disse o ministro.

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Marielle e Anderson foram assassinados no dia 12 de março no bairro do Estácio, na região central do Rio de Janeiro. Em julho, um suspeito pelo crime, Orlando Oliveira de Araújo, conhecido com Orlando Curicica, foi preso por outro homicídio e cumpre pena em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ele ainda não foi formalmente indiciado pela morte de Marielle e Anderson.

Da Ansa

Manifestantes se reuniram hoje (12) no centro do Rio de Janeiro para lembrar os 120 dias dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Os dois foram mortos a tiros na noite do dia 14 de março e o crime ainda não foi solucionado. As investigações estão em sigilo. O ato cobrou também a elucidação de diversos outros homicídios que permanecem sem solução na capital fluminense. Parentes de vítimas estiveram presentes contando suas histórias.

"Quanto mais precisam morrer?", registrava uma faixa. 

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A mãe de Marielle, Marinete Silva, disse que a dor persiste. "O tempo passa e a angústia aumenta. Não é só a perda física da Marielle, é muito mais do que podíamos imaginar. Cada dia que passa é muito mais doloroso. Não dá para mensurar". Ela disse se preocupar com o silêncio das autoridades, mas acrescentou que continuará acreditando que o caso será solucionado e manterá as cobranças.

A dor de Marinete Silva também é compartilhada por Janaína Alves, que perdeu seu filho adolescente há dois anos na comunidade do Borel, na zona norte do Rio de Janeiro. Segunda ela, o garoto tinha 16 anos e foi morto com um tiro na cabeça disparado por trás por um policial da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Ela conta que, na época, recebeu apoio de Marielle. No mês passado, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) ofereceu denúncia contra os envolvidos no crime. "Nós entregamos uma carta ao promotor listando inquéritos que estavam parados nas delegacias. E o caso do meu filho era um deles. Felizmente, veio a denúncia. E já se vão dois anos. Ele só foi denunciado por causa da nossa luta. Do contrário, não teríamos resposta", diz Janaína.

Quem também pedia Justiça era o motorista autônomo Luciano Norberto que, em 2009, perdeu seu irmão no Morro da Coroa, também na zona norte da capital fluminense. Ele conta que o homicídio foi cometido por policiais, que irão a júri popular no ano que vem. "Dez anos depois. Para ver como a nossa Justiça é lenta, mesmo diante de todas as cobranças da família. Meu irmão era trabalhador. Minha mãe veio a falecer dois anos depois, porque ela entrou em depressão. E até hoje não vimos Justiça", lamenta.

A concentração do ato foi marcada para 16h em frente à Igreja de Nossa Senhora da Candelária. De lá, os manifestantes organizaram uma marcha até a Cinelândia, onde mais cedo ocorreram protestos do público que acompanhava a sessão na Câmara Municipal que rejeitou a abertura de um processo de impeachment do prefeito Marcelo Crivella (PRB). Alguns remanescentes desses outros atos se juntaram à manifestação.

Estava presente a mulher do motorista Anderson Gomes e parentes do adolescente Marcus Vinícius da Silva, morto no mês passado no Complexo da Maré durante uma operação policial. Ele vestia um uniforme escolar e foi baleado. 

Ex-assessora parlamentar de Marielle, Ana Marcela conta que as manifestações continuarão para cobrar respostas. "Marielle virou um símbolo mundial da luta pelos direitos humanos. Estamos ampliando a mobilização, lembrando que ela não é a única que foi morta dessa forma. No Rio de Janeiro, são milhares de jovens negros assassinados de forma similar em casos que também permanecem sem resposta e que, na maioria das vezes, não têm nenhuma atenção da mídia e das autoridades".

Para Ana Marcela, saber quem matou a vereadora não é suficiente. Segundo ela, as razões também precisam ser esclarecidas. 

A comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha a investigação sobre os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e seu motorista, Anderson Gomes, cobrou respostas de autoridades relacionadas ao caso.

O relator da comissão, deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), informou que, apesar do compromisso dos deputados com a preservação das informações sigilosas, vários dos ofícios encaminhados a autoridades federais e estaduais ainda estão sem resposta.

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A maior parte das críticas de Glauber foi dirigida à chefia de Polícia Civil do Rio de Janeiro, ao gabinete da intervenção federal no estado e ao Ministério de Segurança Pública.

“As respostas não vieram de maneira formal para a comissão. Elas se deram por meio de vazamentos, que as autoridades não confirmam se vão com a linha de investigação que está sendo adotada ou não. Em um período que já é de 120 dias, cabe a esta comissão fazer uma cobrança formal contundente”, afirmou o deputado.

“Nós precisamos de respostas e, mais do que isso, de respeito ao trabalho que está sendo realizado e que as informações sejam compartilhadas da maneira adequada”, disse Glauber Braga.

Ameaças

Um dos ofícios sem resposta solicitava ao diretor da Polícia Federal um plano de avaliação de risco de outras pessoas ameaçadas a partir do assassinato de Marielle.

Autoridades também foram cobradas quanto à reativação dos programas de proteção a testemunhas ameaçadas de morte e de proteção a defensores de direitos humanos, que estavam sem recursos no Rio de Janeiro.

O coordenador da comissão externa, deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), lembrou que, em 8 de maio, o delegado Fábio Cardoso, responsável pelo caso, confirmou o uso de uma submetralhadora no crime, descartou algumas linhas de investigação e disse que "o cerco aos assassinos estava se fechando".

"Quanto mais o tempo passa, mais as evidências se desfazem e as chances de elucidação ficam menores. Essa é a nossa preocupação. Esta comissão não deixou de trabalhar em nenhum momento, mas outras instituições precisam dar respostas. Queremos saber quem matou Marielle e o porquê", disse o deputado.

Mobilização internacional

Jean Wyllys cobrou maior envolvimento do Ministério Público estadual no caso e anunciou nova mobilização da comissão junto a organismos internacionais (Human Rights Watch, Anistia Internacional, Comissão Interamericana dos Direitos Humanos, Parlamento Europeu e Parlamento do Mercosul).

A intenção é criar uma espécie de "observatório internacional" que amplie a pressão pela elucidação do caso.

Silêncio das autoridades

Integrante da comissão, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que o "silêncio" das autoridades desrespeita todas as vítimas de assassinato com ou sem conotação política.

“Entre a morte de Marielle e este momento de 120 dias, várias vítimas foram feitas, inclusive aqueles meninos com uniforme escolar. Então, a pergunta que ela fez – 'quantas vítimas terão que morrer?' – é a pergunta que esta comissão está fazendo para todas as autoridades brasileiras”, disse Maria do Rosário.

A deputada Jandira Feghalli (PCdoB-RJ) também criticou o atraso nas investigações e o silêncio das autoridades, sobretudo diante de promessas anteriores de que o caso Marielle-Anderson seria priorizado pelo gabinete da intervenção federal e pela chefia da Polícia Civil. "São dois parâmetros que nos estranham muito: uma intervenção de reforço e uma prioridade de investigação do delegado Rivaldo [Barbosa]. E já se vão 120 dias", afirmou.

O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) exibiu o vídeo de um dos últimos encontros da vereadora Marielle com correligionárias, fazendo planos para o futuro, na zona norte carioca.

Em trecho do vídeo, a vereadora fala: "Nós estamos em Quintino, domingo de manhã. A gente precisa passar por 2018. Afinal de contas, quando eu olho para as senhoras, aqui da frente, tem muita vida para a gente percorrer. Não pode acabar em 2018".

Atuação da comissão

A vereadora carioca e seu motorista foram assassinados na noite de 14 de março, no centro do Rio de Janeiro, com suspeita de execução e crime político. A comissão externa da Câmara começou a acompanhar o caso no dia seguinte e, desde então, realizou várias diligências, audiências e reuniões técnicas com especialistas em criminologia, direito penal e perícia.

Mesmo durante o recesso parlamentar, a comissão externa da Câmara agendou nova reunião com os delegados responsáveis pelo caso e o Ministério Público do Rio de Janeiro, no dia 23.

Entre os ofícios da comissão que foram devidamente atendidos pelas autoridades, o relator Glauber Braga destacou a proteção à vereadora Talíria Petrone, de Niterói (RJ), que atua no mesmo campo político de Marielle e que também vinha sofrendo ameaças.

*Da Agência Câmara

"Cria da Maré", como gostava de dizer, Marielle Franco (PSOL) foi eleita vereadora do Rio de Janeiro com 46 mil votos, mas sua trajetória política foi interrompida por assassinos ainda desconhecidos que, no dia 14 de março, atiraram no carro em que ela estava. A vereadora e o motorista Anderson Gomes morreram com os disparos, e as investigações sobre o crime passaram a ser acompanhadas de perto pela comunidade internacional e entidades de defesa de direitos humanos. 

Cem dias após os assassinatos, a Agência Brasil publica uma linha do tempo com as principais repercussões, protestos e desdobramentos da investigação, que segue sob sigilo na Polícia Civil do Rio de Janeiro. 

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Os 100 dias dos assassinatos de Marielle e Anderson

14 de março - Marielle Franco e Anderson Gomes são mortos a tiros à noite por ocupantes de um veículo que seguiu os dois desde a Câmara Municipal

15 de março - Presidente Michel Temer diz que assassinato de vereadora é atentado à democracia

16 de março - Corpos de Marielle e Anderson são sepultados

Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, se reúne com interventor federal e diz que acompanhará investigações

PF abre inquérito para investigar origem da munição

18 de março - Conselho Nacional de Direitos Humanos pede proteção para família e amigos de Marielle

20 de março - Manifestação reúne milhares de pessoas no centro do Rio e pede justiça

21 de março - Papa Francisco telefona para família de Marielle

29 de março - Secretário de Segurança Pública admite que morte de Marielle pode estar ligada à atuação política da vereadora

4 de abril - Polícia Civil ouve vereadores em investigação

9 de abril - Colaborador ouvido pela Polícia Civil é encontrado morto

10 de abril - Ministro da Segurança Pública diz que hipóteses se afunilaram

13 de abril - Anistia Internacional cobra solução do crime

14 de abril - Missa marca um mês de morte da vereadora

Manifestações em 13 estados lembram um mês do assassinato de Marielle e Anderson

16 de abril - Possibilidade de participação de milicianos no assassinato tem crescido, diz Jungmann

2 de maio - Câmara Municipal aprova projetos de Marielle e dá seu nome à tribuna

9 de maio - Testemunha acusa vereador Marcelo Siciliano e ex-policial militar Orlando da Curicica de responsabilidade no crime. Siciliano afirma ser vítima de um factoide

10 de maio - Polícia Civil faz reconstituição do crime

14 de maio - Vereador Marcelo Siciliano nega envolvimento com milícias da zona oeste

16 de maio - Ex-PM Orlando da Curicica presta depoimento e nega participação no assassinato

14 de junho - Crime completa três meses e pai de Marielle diz que, “sem solução, quem matou terá carta branca"

Viúva de Anderson Gomes fala sobre o luto e conta que ainda não conseguiu voltar para casa

19 de junho - Suspeito de envolvimento nas mortes de Marielle e Anderson é transferido para presídio federal

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de Anderson Gomes, há três meses, deixou Ágatha Reis, de 28 anos, viúva e com um filho de um ano e quatro meses. Casada com o motorista que levava Marielle para casa naquele dia, ela conta que tentou mudar sua rotina para atravessar o luto e ainda não conseguiu voltar para casa. 

"A vida nunca vai ser a mesma coisa. Eu mudei o local de trabalho para as coisas ficarem um pouco mais tranquilas e mudar um pouco a rotina. Ainda não consegui voltar para casa, mas pretendo".

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Ágatha mora com a mãe, que a ajuda a se organizar para cuidar do filho. No mês seguinte ao crime, ela já estava de volta ao trabalho, como servidora estadual.  

Sem informações sobre as investigações, que seguem sob sigilo, Ágatha conta que, às vezes, se angustia e tenta acompanhar o caso pela imprensa.

"Eu fico com aquela sensação de que não teve muita coisa feita, mas sei também que é a expectativa de alguém que tem aquele sentimento pela pessoa que faleceu. Eu não tô na investigação, eu não sei o quanto caminhou".

Ela acredita que a falta de uma resposta deve ser mais leve para ela do que para a família de Marielle, porque a vereadora era o alvo do assassinato. 

"Sei que o alvo não era o Anderson, sei que o crime não era dirigido a ele. Acredito que para a família da Marielle fica uma carga um pouco mais pesada, porque eles precisam saber de um motivo. E o motivo do [assassinato do] Anderson eu já sei: ele estava com ela", disse.

O crime levou milhares de pessoas às ruas e gerou reação internacional, com manifestações como a do Escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, do Parlamento Europeu e até do papa Francisco, que cobram uma solução. Para a Anistia Internacional, que acompanha o caso de perto, a imagem do Brasil também está em jogo. Já o interventor federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Walter Braga Netto, critica os vazamentos de informação sobre as investigações. Segundo ele, houve prejuízo à apuração.

A Anistia Internacional cobrou do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro uma atuação mais ativa nas investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, que completam 90 dias nesta quinta-feira (14).

Hoje (13), a assessora de Direitos Humanos da entidade, Renata Neder; a viúva da vereadora, Mônica Benício, e o pai de Marielle, Antônio Francisco da Silva, se reuniram com o procurador-geral do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Gussem, para pedir um papel mais estratégico do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

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A Anistia entregou um ofício ao procurador-geral, que afirmou ter compromisso com a resolução dos crimes. “É importante que cheguemos aos verdadeiros culpados. É óbvio que uma investigação dessa magnitude, dessa complexidade, leva um período significativo, e não estamos abrindo mão de qualquer tipo de informação ou relacionamento”, esclareceu Gussem.

Segundo a Anistia, o sigilo das investigações deve ser preservado, mas o silêncio sobre o caso reforça a sensação de impunidade dos criminosos. "É uma questão de priorizar recursos e de decidir politicamente que esse caso não vai ficar sem solução. E é isso que a gente espera das autoridades, que se comprometam publicamente", afirmou Renata. 

Para a diretora executiva da entidade, Jurema Werneck, o Ministério Público deve exercer seu poder de investigação e cumprir seu papel de controle das atividades policiais, garantindo a competência e independência na apuração do caso. “É preciso ainda que o processo seja realizado em tempo hábil, seguindo todos os padrões éticos e o devido rito legal”, completou Jurema.

Um ato que teve início no final da tarde desta sexta-feira (6), em frente à Igreja da Candelária, no Centro do Rio, reuniu dezenas de militantes em defesa do ex-presidente Lula.

Representantes de diversos partidos de esquerda, movimentos sociais, sindicatos e diretórios estudantis participaram da manifestação, que também homenageou a vereadora assassinada, Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. 

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O público foi aumentando por volta das 19h, quando começou uma marcha em direção à Câmara do Rio, Cinelândia, principal cenário dos protestos da cidade. 

Militares do exército acompanharam o ato nas proximidades da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), mas logo dispersaram. Não houve registros de conflitos ou repressão por parte das forças policiais. 

A maioria dos discursos ficou por conta de sindicalistas e integrantes de movimentos sociais, já que a maioria das lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) do estado estão em São Bernardo do Campo desde ontem (5). 

No entanto, estiveram presentes nomes do PSOL, como os deputados Marcelo Freixo, Flávio Serafini, Eliomar Coelho e  Chico Alencar e o vereador Tarcísio Motta, pré-candidato ao governo estadual, e grupos ligados ao PC do B, PCO, CTB, CUT, entre outros.

Caroline de Castro, presidente do PSOL Rio, diz que essa união das esquerdas é uma expressão de apoio à democracia. “Em que pesem as nossas diferenças, a gente precisa defender o direito do Lula ser candidato até para que possamos enfrentá-los nos debates”, ratifica.

Os discursos da militância foram marcados por críticas ao julgamento do ex-presidente e em defesa de sua candidatura à presidência da República. “Todo ataque ao Lula é uma coisa muito orientada. Não tinha provas concretas como tinha a outras pessoas de direita. Aí fica claro que não é um combate à corrupção e sim, um ataque à democracia”, argumentou o fotógrafo chileno, Juan Chirioca. O ato terminou por volta das 21h, mas uma grande parte dos militantes continuaram ocupando a praça.

A Secretaria de Educação de Pernambuco (SE), através do secretário Anderson Gomes, divulgou nesta segunda-feira (9) os dados das projeções do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE) para o ano de referência de 2011, sobre a educação no estado. O IDEPE serviu para comparar os números com os dados qualitativos do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação (MEC), que avalia a qualidade educacional em todos os níveis de escolaridade, desde os iniciais até o ensino médio. 

De acordo com informações da SE, nos anos iniciais do ensino fundamental, o índice subiu de 4 para 4,4, e nos anos finais, saiu de 3,4 para 3,5. Sobre o ensino médio, o número subiu de 3 para 3,3. Segundo a secretaria, as médias aguardadas pelo MEC, por meio do Ideb, são de 3,9; 2,8; e 3, respectivamente.

Conforme informações da assessoria de comunicação da SE, na avaliação de Anderson Gomes, o resultado aponta que o estado está no percurso correto para chegar em um bom nível educacional. “Os indicadores mostram que estamos no caminho certo com crescimento em todas as modalidades. Com a política pública instituída pelo governador Eduardo Campos, a intenção é que os alunos saiam da escola cada vez mais preparados para fazer uma faculdade ou ingressar no mercado de trabalho”, opina o secretário, segundo a assessoria.

Outro resultado destacado por Gomes foi o das Escolas de Referência em Ensino Médio (EREM) em tempo integral. De acordo com a SE, o número subiu de 4,6 para 4,72, e o resultado geral das escolas de referência, unificando as integrais e as semi integrais, subiu de 4,15 para 4,4. 

Participações


Segundo dados da secretaria, do total de 103 de escolas que foram avaliadas, 20 unidades alcançaram índice superior a 5, que é um resultado superior ao esperado pelo MEC em 2021, que é de 4,5. O maior índice é o da Escola de Referência em Ensino Médio Arnaldo Assunção, localizada no Agreste pernambucano, em Caruaru.

Ainda de acordo com o órgão público, mais de 127 mil estudantes foram avaliados, oriundos de 928 escolas estaduais.

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