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Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) aponta que entre mil pessoas detidas por envolvimento nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro em Brasília, metade recebeu auxílio emergencial. O benefício foi concedido pelo governo passado para ajudar financeiramente quem precisasse durante a pandemia de covid-19.

Os dados foram reunidos pelo grupo técnico vinculado à Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (Sppea) do MPF, que está elaborando um perfil dos investigados. O trabalho irá contribuir para apurar as responsabilidades individualizadas de cada investigado.  Outros dados revelados pelo levantamento são: 60% dos detidos são homens, a maioria tem entre 36 e 55 anos de idade, menos de um quinto tem filiação partidária e alguns detidos se candidataram em eleições passadas ou forneceram serviços para campanhas políticas.

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De acordo com o MPF, o grupo, composto por 15 integrantes, entre peritos e especialistas em tecnologia da informação, coleta informações em diversos bancos de dados disponíveis, com uso de CPF, CNPJ, placa de automóvel, entre outros. Outra frente de atuação é a perícia de dispositivos eletrônicos apreendidos para coleta de provas de postagens em redes sociais, e-mails, arquivos de computador, celular e documentos salvos em nuvens.

Até o momento, 835 pessoas foram denunciadas por participação nos ataques, sendo 645 incitadores (participaram dos atos ou foram presas em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, mas sem depredar os prédios dos Três Poderes); 189 executores (responsáveis invasão, vandalismo e depredação); e um agente público por omissão.  As denúncias são encaminhadas ao ministro Alexandre de Mores, responsável pelas investigações no Supremo Tribunal Federal (STF).

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu à Justiça Federal no Distrito Federal que 54 pessoas e três empresas sejam condenadas, em definitivo, a ressarcir o erário público em R$ 20,7 milhões por financiarem os atos que depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) defendeu, nesta quarta-feira (15), em plenária da Câmara, as mulheres encarceradas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como "Colmeia", que participaram dos atos golpistas na Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Em sua fala, ele justifica que existem informações que precisam ser apuradas pela justiça.

“Eu não estou dizendo somente porque é 'o nosso lado'”, disse o parlamentar em plenária. Ele relatou que algumas detentas estão há mais de um mês sem ter contato com os familiares, entre outras situações. No final de sua fala, Ferreira ainda pede apoio de partidos da esquera para conseguir “ajuda humanitária”, e comenta da falta de posicionamento em relação às presas, “porque, ‘direita’ também é gente.”.

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No momento de réplica, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) destacou que o parlamentar prestou solidariedade às encarceradas apenas por serem de direita. “Me estranha muito que os deputados da extrema direita apenas se preocupam com essa situação quando se trata de invasores golpistas”, rebateu a parlamentar.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (14), que ainda precisa "tirar bolsonaristas" que estão no quadro de servidores federais. A declaração foi dada na Bahia, durante o lançamento do novo Minha Casa, Minha Vida, programa de habitação do segundo governo petista relançado agora. No palco, rindo, Lula ainda atribuiu a responsabilidade por identificar os "escondidos" e assinar as ordens de exoneração do "infiltrados" ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador baiano.

"O que vocês tem que ter é um pouquinho de paciência porque estamos apenas há 40 dias no governo. A gente ainda nem conseguiu montar as equipes que a gente tem que montar. Porque nós temos que tirar bolsonaristas que estão lá escondidos às pencas", afirmou o presidente em Santo Amaro (BA). "A responsabilidade de tirar eles é do Rui Costa. É o Rui Costa que tem que assinar as medidas para tirar aquela gente que está infiltrada dentro do nosso governo."

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Lula citou as demissões como justificativa para a demora no atendimento de demandas da população, como a criação de uma universidade no município.

Desde que assumiu, Lula tem feito uma "limpa" nos cargos públicos. Após os atos violentos do dia 8 de janeiro, o presidente exonerou ou dispensou mais de 150 militares na estrutura do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e cargos variados no Planalto, a maioria de baixa patente, sem posição na cadeia de comando da segurança institucional.

Na última semana, o presidente destituiu três dos sete integrantes da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, que tinham sido indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao cargo. Como mostrou o Estadão, o grupo liberou ministros do governo Bolsonaro para exercerem de imediato atividades em empresas da iniciativa privada que mantêm relação com seus antigos cargos, sem a necessidade de cumprir uma quarentena, como medida para evitar situações de conflito de interesses.

A Polícia Civil de Minas Gerais realiza, na manhã desta quarta-feira (15), uma operação para prender bolsonaristas suspeitos de agredir jornalistas durante atos na avenida Raja Gabaglia, na região centro-sul de Belo Horizonte, entre os dias 5 e 6 de janeiro. Durante a cobertura, pelo menos nove jornalistas foram agredidos ou hostilizados, de acordo com o Sindicato de Jornalistas em Minas.

O acampamento citado, em frente à 4ª Região Militar do Exército, é o mesmo que teve vídeos virais na internet, no último mês, após um manifestante ser filmado chorando, de joelhos, pedindo socorro a Deus, durante a desmobilização do local.

A operação cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do empresário Esdras Jonatas dos Santos, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha. Ele é acusado de participar das agressões contra jornalistas e também é apontado como organizador do acampamento. Esdras é alvo de um mandado de prisão por roubar um dos profissionais da imprensa.

Ao chegar no local, a polícia foi informada que o imóvel foi alugado para um casal. O empresário não foi localizado e já é considerado foragido. Segundo a Civil, há informações de que o empresário está em Miami, nos Estados Unidos. A polícia tenta confirmar essa informação. Dos Santos teve o passaporte suspenso pelo Ministro Alexandre de Moraes após os ataques do dia 6 de janeiro.

Além do empresário, são cumpridos outros dois mandados de busca e apreensão contra duas mulheres: Edilane Aparecida de Oliveira Sales e Maria Coely de Matos. No dia 5 de janeiro, um jornalista foi agredido pelos manifestantes. A agressão motivou, no dia seguinte, a desmobilização do acampamento em frente à 4ª Região Militar por parte do prefeito Fuad Noman (PSD).

No dia 6 de janeiro, jornalistas foram agredidos por manifestantes que eram retirados da avenida Raja Gabaglia. Profissionais foram acuados por um grupo na calçada e um repórter e um cinegrafista foram agredidos e tiveram os equipamentos danificados.

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O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, afirmou à Polícia Federal (PF) que houve "falha grave" na execução do plano operacional, definido por órgãos distritais, que permitiu a ação de vândalos e golpistas que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, no dia 8 de janeiro.

Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Anderson Torres está preso desde o dia 14 de janeiro, quando retornou dos Estados Unidos, para onde viajou de férias, com a família, dois dias antes do ato antidemocrático que culminou no ataque aos Três Poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário. O ataque causou a destruição de instalações públicas e de parte do patrimônio histórico e artístico expostos nos prédios.

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Nesta quinta-feira (2), Torres prestou depoimento a policiais federais por quase dez horas. Ele relatou que, no dia 6 de janeiro, pouco antes de viajar, se reuniu com o comandante militar do Planalto, general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, com a secretária distrital de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, e com a subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública, Cíntia Queiroz de Castro.

Durante o encontro foi acertado que, a partir do dia 10 de janeiro, Exército e Governo do Distrito Federal (GDF) começariam a remover as pessoas acampadas em frente ao Quartel-General do Exército, iniciando pelas pessoas "vulneráveis e moradores de rua”.

O cronograma, contudo, foi atropelado pelos fatos, disse.  Segundo Torres, no mesmo dia 6, representantes das polícias Militar e Civil do Distrito Federal; Bombeiros; Departamento de Trânsito (Detran); Departamento de Estradas e Rodagem (DER); Polícia Rodoviária Federal (PRF); Senado; Câmara dos Deputados; Supremo Tribunal Federal (STF) se reuniram. Com base em informações da Subsecretaria de Operações Integradas do Distrito Federal, aprovaram um protocolo de ações integradas (PAI) para lidar com o ato convocado para o dia 8. A aprovação ocorreu. de acordo com Torres, mesmo sem indícios de “ações radicais”.

O ex-secretário acrescentou que, uma vez aprovado, o protocolo deveria ser obrigatoriamente cumprido por todos os órgãos do Distrito Federal. Ele disse que, ao assinar o documento, observou que este continha todas as diretrizes necessárias para que os órgãos de segurança pública cumprissem com suas atribuições.

O protocolo estabelecia, por exemplo, que a PM deveria planejar e executar ações de policiamento ostensivo, preservando a ordem pública durante o ato; manter as tropas especializadas de prontidão para o caso de distúrbios e não permitir o acesso de pessoas e veículos à Praça dos Três Poderes.

Ao ser questionado sobre uma declaração do governador afastado, Ibaneis Rocha, que apontou haver indícios de que o protocolo de segurança tenha sido sabotado por agentes das forças de segurança pública, Torres disse não ter nenhuma informação que corrobore a tese, mas que, certamente, houve uma "falha grave" na execução operacional do plano. Segundo ele, se tivesse sido cumprido à risca, o plano teria impedido os atos criminosos de 8 de janeiro. 

Acampamento Torres também disse que inicialmente considerou legítima a mobilização e a permanência de pessoas que rejeitavam a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área militar, mas que, com a tentativa de invasão do dia 12 de dezembro, quando ônibus e carros foram incendiados em vias públicas da capital, ele passou a considerar o risco do acampamento - instalado no local desde 1º de novembro do ano passado - atrair criminosos. Segundo ele, isso ficou evidente com a prisão de participantes do acampamento que planejaram explodir uma bomba próximo ao aeroporto de Brasília, na véspera do Natal.

O agente federal responsável por registrar as declarações informou que Torres disse que os sucessivos crimes fizeram com que o movimento perdesse a legitimidade e que só não atuou antes para desmontar o acampamento por este estar em área pertencente ao Exército, que se opunha a uma ação brusca.

“O ex-ministro mencionou que tinha postura distinta da do comando do Exército e que acabou prevalecendo, [favorável à] a manutenção do acampamento”, explicou à Agência Brasil um dos advogados de Torres, Rodrigo Rocca.

O acampamento só começou a ser desmontado na manhã seguinte aos ataques de 8 de janeiro – por influência do Exército, e contrariando a intenção do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da própria Polícia Militar do Distrito Federal, órgãos que, inicialmente, se manifestaram a favor de prisões já no início da noite do dia 8, poucas horas após muitos dos vândalos e golpistas que invadiram os prédios públicos retornarem para a frente do quartel-general militar.

No relatório que analisa os fatores que culminaram nos fatos do dia 8 de janeiro, o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappell, nomeado interventor para a Segurança Pública do Distrito Federal, destacou que a Polícia Militar tentou “desconstituir” o acampamento montado no Setor Militar Urbano, na capital federal, "contudo a ação foi realizada no dia seguinte, a partir de uma ponderação do Exército brasileiro”.

O militante bolsonarista Oswaldo Eustáquio gravou um vídeo ao lado de Rodrigo Gasparin, outro apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alegando que paga a assistência jurídica de 180 golpistas presos na operação de retomada de Três Poderes, após os atentados de 8 de janeiro. 

Eustáquio, que tem contra si uma ordem de prisão emitida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, não informou a fonte do dinheiro. O extremista também alega que os “patriotas” estariam sendo alvo de golpes financeiros, aplicados por advogados mal-intencionados. 

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“Tem advogados que se dizem patriotas que estão extorquindo as famílias do nosso povo. Eu não vou deixar isso acontecer. Esses advogados que estão fazendo isso estão fazendo um mal para a sociedade, um mal para o nosso povo. Não caiam nesse golpe. Nós temos um grupo de mais de 180 advogados. Nós estamos pagando eles”, declarou o bolsonarista. 

Em entrevista publicada pelo site The Brazilian Report no começo de janeiro, Eustáquio disse que os golpistas planejavam invadir a Esplanada dos Ministérios no dia 5 de dezembro. Segundo ele, isso só não aconteceu porque os movimentos se desorganizaram. 

“Eu entendi que se a gente fosse para lá e a gente enchesse a Esplanada, o Bolsonaro ia decretar intervenção militar. Mas as pessoas não quiseram ir. Eles acreditaram nos militares. Os generais que traíram o povo”, disse. 

O blogueiro está foragido desde dezembro. O pedido de prisão foi feito pela Polícia Federal, após Eustáquio descumprir medidas cautelares. Ele foi preso em junho de 2020 por participar de atos antidemocráticos. 

No vídeo, gravado no último dia 23, Eustáquio afirma que a coordenação do trabalho dos advogados é feita por Gasparin, que afirma viver em Curitiba e ser integrante do grupo bolsonarista Aliança Pelo Brasil. 

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu neste sábado, 28, um pedido de habeas corpus coletivo e preventivo para garantir que deputados bolsonaristas eleitos tomem posse no dia 1º de fevereiro.

O pedido aporta no STF um dia após o ministro Alexandre de Moraes abrir prazo para a Procuradoria-Geral da República (PGR) dizer se vê elementos para suspender a posse e investigar os parlamentares por possível envolvimento nos atos golpistas na Praça dos Três Poderes. Moraes também notificou o Ministério Público Eleitoral (MPE) para a adoção das "medidas cabíveis".

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O ministro despachou ao analisar um pedido de membros do Grupo Prerrogativas, coletivo de advogados ligados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eles argumentam que os deputados endossaram os protestos extremistas na Praça dos Três Poderes.

A representação é contra André Fernandes (PL-CE), Carlos Jordy (PL-RJ), João Henrique Catan (PL-MS), Luiz Ovando (PP-MS), Marcos Pollon (PL-MS), Nikolas Ferreira (PL-MG), Rodolfo Nogueira (PL-MS), Rafael Tavares (PRTB- MS), Silvia Waiãpi (PL-AP), Sargento Rodrigues (PL-MG) e Walber Virgolino (PL-PB).

Já o pedido de habeas corpus coletivo é de autoria do advogado bolsonarista Carlos Klomfahs. O trabalho, segundo ele, é pro bono. O advogado invoca o princípio da presunção de inocência para pedir o arquivamento da representação contra os deputados eleitos.

Klomfahs também afirma que os argumentos dos advogados do Grupo Prerrogativas são "frágeis" e que o Ministério Público do Distrito Federal deve investigá-los por denunciação caluniosa.

"O pedido que se faz neste remédio heroico coletivo repressivo é que, para efetivar o direito à liberdade de posse de parlamentares, com prestígio à presunção de inocência, eis que ausente justa causa e presente a atipicidade das condutas imputadas", escreve.

Bolsonaristas invadiram, no dia 8 de janeiro deste ano, o Congresso Nacional, STF e Palácio do Planalto e destruíram diversas obras, relíquias, objetos e arquitetura do local em atos antidemocráticos e golpistas. Se escaparem da prisão, os participantes da violência em Brasília podem, no mínimo, perder o emprego por justa causa e ficar sem direitos trabalhistas.

“A CLT é clara em seu artigo 482, no tocante aos motivos de dispensa por justa causa. Trata-se da forma mais abrupta da rescisão do contrato de trabalho, onde é imprescindível a análise de requisitos da imediatidade, proporcionalidade e isenção de discriminação. O motivo pode ser, ainda, algum acontecimento ou comportamento ocorrido fora do ambiente de trabalho, mas que pode abalar a confiança do empregador”, afirma o advogado Paulo Rodrigo.

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Segundo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), algumas das situações descritas que podem ser levadas como razões para demissão por justa causa são 14 ao todo. Confira quais são elas: 

1. Ato de improbidade;

2. Incontinência de conduta ou mau procedimento;

3. Negociação no ambiente de trabalho sem permissão;

4. Condenação criminal do empregado;

5. Desídia no desempenho das respectivas funções;

6. Embriaguez habitual em serviço;

7. Violação de segredo da empresa;

8. Ato de indisciplina ou insubordinação;

9. Abandono de emprego;

10. Ato lesivo da honra ou da boa fama;

11. Agressões físicas;

12. Prática constante de jogos de azar;

13. Perda da habilitação profissional;

14. Atos atentatórios à segurança nacional.

“Sob o viés da legislação trabalhista, o enquadramento dos crimes praticados pelos manifestantes pode ensejar diversas vertentes, como por exemplo: indisciplina e insubordinação, caso o empregador tenha dado determinação expressa da não participação da manifestação aos seus funcionários”, explica Paulo.

Os casos de extremismo e invasão em Brasília-DF podem ultrapassar os limites de regras estabelecidas dentro do trabalho por ser um crime direto à nação e contra a constituição. Tais atitudes são criminosas e colocam o empregado em posição de possível desligamento por ser favorável ao crime.

“Pode caracterizar ato de incontinência de conduta ou mau procedimento dos empregados que praticaram as atividades criminosas, bem como, se enquadrarem na justa causa pelos atos atentatórios à segurança nacional, como denota-se o parágrafo único do artigo 482 da CLT, onde se constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional. Logo, a participação nos atos em Brasília pode se caracterizar como demissão por justa causa”, completa o advogado.

No caso da demissão por justa causa, os contratados acabam perdendo direitos trabalhistas vistos para aqueles que possuem carteira assinada. Os direitos perdidos são o 13º salário proporcional, as férias proporcionais mais 1/3, saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a multa sobre depósitos do FGTS, aviso prévio e as guias do seguro-desemprego.

Um dos efeitos do bolsonarismo foi incentivar eleitores a se lançarem na política como candidatos. Dentre os golpistas presos no Distrito Federal, pelo menos 45 pessoas já tentaram se eleger por partidos ligados a Jair Bolsonaro, mas nem todos foram por siglas de direita.

O levantamento foi feito pelo O Globo cruzou os nomes divulgados pela secretaria de Administração Penitenciária do DF com os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os três partidos com mais candidatos presos pela depredação foram o PSL e o PL, o ex-partido e o atual do ex-presidente. A maioria dos golpistas disputou as eleições em 2020, mas há também derrotados no último pleito.

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Confira os nomes dos ex-candidatos presos, seus partidos e o ano que lançaram campanha:

GENNARO VELA NETO (PL-PR) - DEPUTADO FEDERAL - 2022

LUIZ ADRIAN DE MORAES PAZ (PRTB-MG) - DEPUTADO ESTADUAL - 2022

OZIEL LARA DOS SANTOS (PATRIOTA-SC) - DEPUTADO ESTADUAL - 2022

EDNA BORGES CORREA (SOLIDARIEDADE-DF) - DEPUTADO DISTRITAL - 2022

MARIA ELENA LOURENÇO PASSOS (PL-ES) - DEPUTADO ESTADUAL - 2022

REGINA APARECIDA SILVA (PMN-RR) - 2º SUPLENTE - 2022

ADAILDO ALVES SANTANA (PTB-BA) - VEREADOR - 2020

ADEMAR BENTO MARIANO (PTB-PR) - VEREADOR - 2020

CARLOS ALBERTO DA SILVA NASCIMENTO (PSL-SP) - VEREADOR - 2020

DANIEL LUCIANO BRESSAN (CIDADANIA-PR) - VEREADOR - 2020

EDIMAR APARECIDO MARTINS ESCANHOELA (PV-SP) - VEREADOR - 2020

EZIO GUILHERME DA SILVA (PATRIOTA-MG) - PREFEITO - 2020

FABIANO DA SILVA (PSL-SC) - VEREADOR - 2020

FRANCISMAR APARECIDO DA SILVA (PATRIOTA-MG) - VEREADOR - 2020

GILSON DA SILVA MATTOS (MDB-RS) - VEREADOR - 2020

HELMI TAVARES DE OLIVEIRA (PTB-PA) - VEREADOR - 2020

HENRIQUE FERNANDES DE OLIVEIRA (MDB-SP) - VEREADOR - 2020

JOÃO BATISTA BENEVIDES DA ROCHA (PSL-MT) - VEREADOR - 2020

JOSIEL GOMES DE MACEDO (PSB-MG) - VEREADOR - 2020

MARCOS JOEL AUGUSTO (CIDADANIA-SP) - VEREADOR - 2020

PAULO JOSE MARIA (PSB-RO) - VEREADOR - 2020

ALICE TEREZINHA COSTA DA COSTA (DEM-RS) - VEREADOR - 2020

ANA PAULA NEUBANER RODRIGUES (PATRIOTA-MG) - VEREADOR - 2020

DARLENE DA SILVA COSTA (PSL-BA) - VEREADOR - 2020

LUCIANA ROSA DI PALMA (PODEMOS-SP) - VEREADOR - 2020

MARIA DE FATIMA ALMEIDA BARROS (MDB-MT) - VEREADOR - 2020

ODETE CORREA DE OLIVEIRA PALIANO (PL-SC) - VEREADOR - 2020

RENATA SOUSA MASSA (PRTB-BA) - VEREADOR - 2020

STELA MARIA ATANAZIO (DC-SP) - VEREADOR - 2020

MICHELA BATISTA LACERDA (PSL-AC) - DEPUTADO FEDERAL - 2018

TATIANE DA SILVA MARQUES (PSL-RS) - DEPUTADO FEDERAL - 2018

ALCEBIADES FERREIRA DA SILVA (PP-MT) - VEREADOR - 2016

IVAN MANOEL RECH (PL-SC) - VEREADOR - 2016

JUVENAL ALVES CORREA DE ALBUQUERQUE (PTN-MT) - VEREADOR - 2016

LUIZ FERNANDO DE SOUZA ALVES (REDE-MG) - VEREADOR - 2016

PAULO GABRIEL DA SILVEIRA E SILVA (PTC-GO) - VEREADOR - 2016

RICARDO DUARTE OLIVEIRA (REPUBLICANOS-SC) - VEREADOR - 2016

ROBSON BARBOSA DA SILVA (PSC-PA) - VEREADOR - 2016

ROGERIO SOUZA LIMA (PSB-BA) - VEREADOR - 2016

RONALDO BORGES DO CANTO (DEM-RS) - VEREADOR - 2016

VICENTE CAVALINI FILHO (CIDADANIA-PR) - VEREADOR - 2016

WELLINGTON RONALDO COSTA (CIDADANIA-SP) - VEREADOR - 2016

WHEROILTON PEREIRA DE CASTRO (PTC-PE) - VEREADOR - 2016

WILSON FERNANDO GOMES (PDT-GO) - VEREADOR - 2016

MARYANNA SILVA GONÇALVES (PRP-MG) - VEREADOR - 2016

O advogado do ex-comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Fábio Augusto Vieira, disse que ele chora com frequência desde que foi preso no último dia 10. O ex-comandante era responsável por evitar que os golpistas tivessem acesso à Praça dos Três Poderes, mas o que foi visto foram policiais escoltando os vândalos e permitindo a entrada no local. Vieira foi exonerado há cerca de uma semana por suposta conivência.  

Custodiado no Regimento de Polícia Montada de Taguatinga por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Vieira alegou que tudo apontava para um ato pacífico. O advogado Thiago Turbay contou ao O Globo que o cliente está abalado com a prisão e, quando não está em silêncio profundo, geralmente está chorando. 

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Ainda de acordo com o advogado, Vieira se negou a fazer algumas refeições na prisão e vem sofrendo com crises de ansiedade. A situação tem agravado seu quadro de hipertensão, que precisou ser controlado por remédios. A equipe médica teria lhe atendido em mais de uma ocasião. 

A petição da defesa argumenta que o planejamento da operação não estava dentro das atribuições de Vieira, e sim do Departamento de Operações. O advogado também sugere que o coronel usou de todos os meios para evitar os atos de vandalismo e que a decretação de intervenção federal no DF teria tirado dele qualquer capacidade de eventual destruição de provas. 

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou nesta segunda-feira (16) dois pedidos de liberdade a presos após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O ministro rejeitou a libertação por questões processuais.

Citando jurisprudência da Corte, Lewandowski entendeu que não pode julgar, por meio de habeas corpus, a decisão do ministro Alexandre de Moraes que determinou a prisão de todas pessoas que estavam no acompanhamento instalado no quartel do Exército em Brasília no dia dos ataques.

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Os pedidos de liberdade foram protocolados pela defesa do empresário Eduardo Zeferino Englert, de Santa Maria (RS). Os advogados alegaram que ele não tem relação com o financiamento dos atos, pagou sua passagem de ônibus com os próprios recursos para participar pacificamente da manifestação e chegou em Brasília após os atos de vandalismo.

A advogada de Francisca Elisete Cavalcante Farias disse que ela estava no acampamento em frente ao quartel, ma somente participou de atividades religiosas e não esteve na Esplanada dos Ministérios.  Mais cedo, a corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) informou que deve concluir hoje as audiências de custódia dos mais de mil presos acusados de participação nos atos.

Conforme o último levantamento divulgado pelo conselho, 1.418 pessoas foram presas. Elas foram encaminhadas para o presídio da Papuda e à penitenciária feminina da Colmeia, ambos no Distrito Federal.

Novas imagens das câmeras de segurança do Palácio do Planalto mostram a destruição promovida por bolsonaristas, em Brasília, no domingo (8), nas sedes dos Três Poderes da República. As cenas inéditas, obtidas pelo Fantástico, da TV Globo, expõem as ações dos extremitas que chegam a atirar um extintor contra a vidraça, quebram o relógio que Dom João VI trouxe para o Brasil em 1808 e perfuram uma obra do pintor brasileiro Di Cavalcanti.

Confira, a seguir, as imagens:

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Da euforia à desolação, o humor dos entusiastas da chamada "revolta dos manés" mudou após a prisão de extremistas no levante contra o Congresso, o Palácio do Planalto e a sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Sobre grupos e canais de aplicativos de mensagem pairam os sentimentos de frustração, receio e tensão. Há usuários que só puderam lamentar o desfecho da investida golpista em Brasília.

Os atos de vandalismo no domingo passado tinham por mote uma fala do ministro Luís Roberto Barroso, do STF: "Perdeu, mané". A declaração foi dada em Nova York, quando o magistrado foi abordado por um apoiador de Jair Bolsonaro, candidato derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva. Desde a eleição, nas ruas, nas redes sociais e em plataformas como WhatsApp e Telegram, bolsonaristas põem em xeque a vitória do petista.

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A reportagem do Estadão acompanhou a troca frenética de mensagens em dois grupos no WhatsApp - um deles restrito - e em 15 no Telegram. "Que mistura de sentimentos. Eu sinto raiva, tristeza, decepção. É como estar em luto e não saber quando irá terminar. Sinto muito pelas pessoas de bem que lá estão (presas) e as pessoas de mal soltas por aí", afirmou uma integrante do grupo Peladeiros 1. Há também relatos de desilusão: "Exército nos abandonando mais uma vez".

O grupo, que é fechado, já se chamou Resistência Joinville. Após a prisão dos extremistas em Brasília, dezenas deles mudaram de nome, mensagens foram apagadas e membros debandaram. "Estamos à beira da loucura. Entramos na era do medo", disse uma usuária do Peladeiros 1, grupo especialmente afetado pela ação policial: o organizador e administrador, o influenciador bolsonarista Eduardo Gadotti Murara, de Joinville (SC), foi detido e está preso em Brasília.

Paranoia

Paranoia, desde então, circula entre os usuários. Há o medo constante de que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, leia as mensagens - sentimento replicado em grupos, tanto do WhatsApp como do Telegram. É de Moraes a ordem para prender manifestantes em flagrante, pôr fim aos acampamentos na frente de instalações militares, prender Anderson Torres - ex-secretário da Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro - e afastar o governador Ibaneis Rocha (MDB).

No Instagram, Murara é dono de uma página em que fazia "lives" sobre a rotina do acampamento no Quartel-General do Exército em Brasília. Nas postagens, ele convocava apoiadores do ex-presidente a acompanhar os protestos na capital federal e em também em suas cidades.

Nos primeiros dias de janeiro, o influenciador fez a convocação para uma "festa" - código usado por bolsonaristas nas plataformas digitais para os protestos, a "festa da Selma". Tratava-se do ato de Brasília. Catarinenses que não pudessem se deslocar para a capital federal receberam a orientação de procurar o acampamento no quartel de Florianópolis. Murara transmitiu ao vivo a invasão dos prédios públicos da Praça dos Três Poderes.

Reação

No grupo do WhatsApp, a reação após as forças de segurança retomarem o controle da situação foi imediata. Todas as mensagens enviadas no domingo foram apagadas. O verde a amarelo cedeu lugar a uma imagem de uma bola de futebol.

"Estou preocupada com Eduardo. Não deu sinal", disse um usuário na madrugada de terça-feira (10). Na tarde do mesmo dia, uma usuária perguntou se Murara havia sido preso. Uma pessoa que mantém contato com o influenciador bolsonarista confirmou a informação, o que causou comoção entre os integrantes. Em seguida, uma dezena de mensagens foi apagada.

Outras resistiram. "Esse grupo pode estar sendo monitorado para estimular o povo a falar coisas. Depois recebemos um processo. O povo da esquerda está com sangue nos olhos. Ideal seria desfazer o grupo. Pelo menos este", disse uma usuária. "Pessoal, tem de evitar falar certas coisas aqui. Pode ser que o telefone do Eduardo esteja com o Xandão (apelido dado a Moraes)", respondeu outro usuário.

Tristeza

A tristeza dominou os bolsonaristas. "Já chorei tanto hoje. O povo não merece isso", afirmou uma integrante do grupo. "O mais triste é essa impotência que sentimos. Dói", escreveu outro.

Na quinta-feira (12), o nome de Murara passou a figurar na lista oficial da Polícia Federal dos detidos pelos atos de vandalismo. "Eduardo lutou tanto por nós e agora está preso como um marginal. Que dó dele, gente", afirmou um integrante do grupo ao receber a confirmação da prisão. "Muito difícil que quem foi para a penintenciária conseguirá sair", disse outro. A reportagem não localizou a defesa do influenciador.

Em grupos do Telegram, os relatos se repetem. "Que tristeza. Políticos corruptos e no poder e pessoas de bem presas. Uma vergonha para o Brasil", publicou uma usuária.

A temperatura sobe com a presença cada vez maior de supostos petistas infiltrados nos grupos para provocar bolsonaristas: "Tá com medo do Xandão?", questionou um membro, que trocou a foto de perfil para a de Moraes. Dezenas de usuários trocaram ofensas entre si em seguida.

Dissociação da realidade

Em grupos bolsonaristas, há a crença de que os atos violentos foram causados pela ação de "infiltrados". Para Patrícia Rossini, pesquisadora da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, há uma "dissociação da realidade". "Para algumas pessoas, há uma dissociação entre eles e as pessoas que cometeram os atos violentos. Elas não se veem como parte ou contribuidoras daquele movimento de vandalismo", afirmou.

Essa distopia, afirmou o analista de dados do Rooted in Trust Brazil e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia em Democracia Digital (INCT.DD), João Guilherme dos Santos, ocorre por que se formou uma rede bolsonarista tão grande em diversas plataformas que os usuários perderam o contato com o contraditório. "Não podemos tomar como base que essas pessoas viram a mesma coisa que vimos. Existe uma rede de confirmação social das coisas que elas estão acessando. Há os programas jornalísticos delas, os cientistas delas", afirmou.

Segundo Santos, as redes alimentam como convicções reais informações distorcidas. Esse negacionismo se reflete em campos como política e ciência, afirmou o pesquisador. "Meu Deus do céu. Estão picando as pessoas com o veneno. Muita crueldade", afirmou uma usuária sobre o fato de os presos serem vacinados contra covid ao dar entrada no Complexo Penitenciário da Papuda, onde ficam os homens, ou na Colmeia, onde está as mulheres.

Advogados do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, informaram que ele se entregou à Polícia Federal (PF) na manhã deste sábado (14). As informações são do Metrópoles.

Anderson foi afastado e teve a ordem de prisão decretada depois da depredação causada por bolsonaristas que invadiram a Praça dos Três Poderes. Mesmo com a manifestação já esperada, o ex-secretário tirou férias e viajou para os Estados Unidos.

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Nessa semana, a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão em sua casa, onde uma minuta assinada por Jair Bolsonaro (PL) depois da derrota nas eleições sugeria uma nova intervenção militar no país.

Um vídeo que circula nas redes sociais, nesta sexta-feira (13), mostra uma advogada orientando bolsonarista que participaram dos ataques criminosos, no último domingo (8), em Brasília, a destruir provas. A mulher alega que fez o vídeo "para alertar todo mundo que estava na manifestação".

A advogada que diz estar em uma audiência de custódia na defesa de um bolsonarista preso de 61 anos de idade, pede para todas as fotos e vídeos publicados nas redes sociais dos participantes dos atos golpistas sejam apagados. "Quem estava na manifestação, a polícia está indo até a casa com a foto e a pessoa está indo presa", disse. Confira o vídeo:

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Um ofício elaborado pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e assinado por diversos deputados bolsonaristas, foi enviado à Defensoria Pública da União e ao Ministério dos Direitos Humanos, menciona que bolsonaristas que participaram do ato golpista terrorista na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no domingo (8), estariam sendo “tolhidas de condições básicas em termos de alimentação, hidratação e alojamento”. 

A autora do documento pediu, com urgência, a “adoção de providências para fins de garantia dos direitos humanos de pessoas tuteladas pelo Estado”. O ofício foi assinado por outras deputadas e deputados bolsonaristas, como: 

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Bia Kicis (PL-DF) 

Cabo Gilberto Silva (PL-PB) 

Capitão Alberto Neto (PL-AM) 

Carlos Jordy (PL-RJ) 

Coronel Chrisóstomo (PL-RO) 

Coronel Meira (União Brasil-SP) 

Daniela Reinehr (PL-SC) 

General Girão (PL-RN) 

Gustavo Gayer (PL-GO) 

José Medeiros (PL-MT) 

Loester Trutis (PL-MS) 

Luiz Lima (PL-RJ) 

Major Fabiana (PL-RJ) 

Rodolfo Nogueira (PL-MS) 

Sargento Gonçalves (PL-RN) 

Silvia Waiãpi (PL-AP) 

Vermelho (PL-PR) 

Zé Trovão (PL-SC)

Alguns manifestantes bolsonaristas foram presos por participarem dos atos criminosos que destruíram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal no último domingo. 

O ex-vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos) também criticou a penalidade dada aos manifestantes. De acordo com Mourão, o governo está agindo de forma “amadora, desumana e ilegal”. “A detenção indiscriminada de mais de 1.200 pessoas, que hoje estão confinadas em condições precárias nas instalações da Polícia Federal em Brasília, mostra que o novo governo, coerente com suas raízes marxistas-leninistas, age de forma amadora, desumana e ilegal”. 

 

A instalação da CPI para investigar os atos antidemocráticos contra os Três Poderes realizados no domingo (8) deve mesmo ficar para fevereiro, após a volta do recesso parlamentar. A decisão foi comunicada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, em entrevista coletiva após a sessão deliberativa extraordinária desta terça-feira (10). 

As ações, facilitadas por falhas e omissões, culminaram na invasão e na depredação dos prédios onde funcionam o Congresso Nacional, a Presidência da República e o Supremo Tribunal Federal (STF). Vidraças foram pichadas e quebradas; móveis e obras de arte acabaram seriamente atingidos ou completamente destruídos.

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Registrou-se até mesmo o sumiço de estatuetas, armas de fogo e equipamentos fotográficos. Só no Senado, a estimativa inicial de prejuízos é de R$ 4 milhões. 

Com base no Regimento do Senado, Pacheco explicou que uma sessão extraordinária só pode tratar daquilo que consta na pauta da sua convocação. No caso da extraordinária de hoje, a pauta se restringia ao exame do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que determina a intervenção federal na área da segurança pública do Distrito Federal. 

"Tanto a comissão parlamentar de inquérito quanto outras providências, inclusive a apreciação de vetos, ficarão para o início da legislatura, logo após o dia primeiro de fevereiro. Quem estiver na presidência do Senado evidentemente terá esse compromisso, de cuidar da leitura desse requerimento de CPI", esclareceu Pacheco.  De acordo com o senador, há fato determinado para a instalação da comissão parlamentar de inquérito e o pedido é pertinente.

A CPI, cujo pedido foi apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União-MS),  já tem mais assinaturas que o número necessário para a sua instalação (27), mas essa situação pode mudar, já que alguns senadores que apoiam o requerimento de Soraya terão seus mandatos encerrados nesta legislatura e serão substituídos por novos parlamentares. Com isso, há expectativa de que seja necessária uma coleta adicional de assinaturas. 

A impossibilidade de instalar a CPI antes de iniciada a nova legislatura se dá, também, porque o regimento estabelece que, em qualquer hipótese, o prazo da comissão parlamentar de inquérito não poderá ultrapassar o período da legislatura em que for criada. Como a nova legislatura terá início em fevereiro, não adiantaria instalar a comissão agora, ainda que o recesso estivesse suspenso. 

Vetos

Após a retomada dos trabalhos, os senadores terão ainda como tarefa analisar, junto com a Câmara dos Deputados, os vetos presidenciais que ainda restam na pauta do Congresso, entre eles o 46/2021, relativo a artigos do projeto que originou a Lei 14.197, de 2021. Essa norma revogou a Lei de Segurança Nacional (LSN) e definiu crimes contra a democracia.

Entre os trechos polêmicos vetados está o que aumentava a pena para militares envolvidos em crimes contra o Estado Democrático de Direito. Pelo projeto, eles estariam sujeitos à perda do posto, da patente ou da graduação.

"Felizmente esse Congresso Nacional aprovou a reforma da Lei de Segurança Nacional para criar uma lei do Estado democrático de direito, alterando e incluindo tipos penais aos quais essa conduta do dia 8 de janeiro se amolda perfeitamente. Ou seja, todas essas pessoas que praticaram esse crime serão punidas na forma do Código Penal, mas também dessas novas disposições.  Remanescem alguns vetos e nós os apreciaremos na primeira oportunidade uma sessão do Congresso Nacional", anunciou Pacheco. 

Providências 

O senador, que estava fora do Brasil quando ocorreram os atos de terrorismo, providenciou seu retorno assim que soube da invasão aos prédios dos Três Poderes. Ele chegou na noite da última segunda-feira (9). Na sessão desta terça, agradeceu ao vice-presidente da Casa, senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), por ter tomado todas as medidas cabíveis diante dos atos de vandalismo enquanto estava em exercício na presidência.

Pacheco disse esperar que tudo o que foi danificado ou destruído esteja recuperado até a volta dos trabalhos legislativos, em fevereiro: "Estamos adotando todas as iniciativas para recuperar plenamente o prédio do Senado. A pressão de tempo é que nós consigamos fazer isso num prazo de cerca de 40 dias. Eu acredito que até o final de fevereiro nós tenhamos recomposto todo o nosso prédio da forma como era antes", estimou Pacheco, ao ressaltar que a "marca moral dos ataques" não pode ser esquecida. 

*Da Agência Senado

O ex-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS) fez ataques ao governo do presidente Lula (PT) pela forma como vem sendo tratados os bolsonaristas que participaram de atos golpistas, que resultaram na destruição do patrimônio público, no último domingo (8) Na avaliação do parlamentar eleito, as pessoas detidas estão em instaladas em confição "desumana e ilegal".

Flagrados depredando as instalações, equipamentos, documentos, obras de arte e roubando objetos, os bolsonaristas que foram levados para prestar esclarecimentos na Polícia Federal e poderem responder pelos crimes que porventura tenham cometido, são afagados pelo ex-presidente nas redes sociais.

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"A detenção indiscriminada de mais de 1.200 pessoas, que hoje estão confinadas em condições precárias nas instalações da Polícia Federal em Brasília, mostra que o novo Governo, coerente com suas raízes marxistas-leninistas, age de forma amadora, desumana e ilegal", escreveu.

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O ex-presidente ainda cobra atuação dos parlamentares e faz apelo por direitos humanos aos presos. "O Brasil e as pessoas detidas esperam ações rápidas dos nossos parlamentares em mandato e das verdadeiras entidades ligadas aos Direitos Humanos".

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que garanta o armazenamento de dados de geolocalização das pessoas que estiveram nas imediações da Praça dos Três Poderes, em Brasília, durante os atos golpistas de domingo (8), quando as sedes de Executivo, Legislativo e Judiciário foram depredadas. O objetivo é auxiliar na identificação de criminosos. 

Os dados devem se armazenados por 90 dias pelas operadoras de telefonia celular, com informações extraídas dos sistemas de geolocalização dos celulares e também das triangulações de rádio das antenas próximas. 

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No caso das redes sociais e aplicativos de mensagem, devem ser preservados os endereços de IP que identificam os acessos às plataformas, com local e hora. São mencionadas na petição Facebook, Instagram, Telegram, Whatsapp, Youtube, Google e Tik Tok, entre outras. 

Devem ser coletados e guardados separadamente os dados referentes ao período entre as 13h e as 21h, especificou a AGU. As informações não devem ser encaminhadas ao órgão, mas somente armazenadas para eventual acesso por ordem judicial. 

A AGU também defendeu que as plataformas de comunicação digital sejam obrigadas a derrubar e desmonetizar qualquer publicação que defenda atos terroristas ou o uso da violência contra o Estado Democrático de Direito, além de posts que promovam a invasão e depredação de prédios públicos. 

Os pedidos foram feitos no âmbito dos inquéritos relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que investigam a participação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em atos antidemocráticos. 

Financiadores Ontem (9), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que já foram identificadas as empresas responsáveis pelos ônibus que trouxeram militantes bolsonaristas de outros estados para participar de atos golpistas em Brasília. A AGU prepara pedido para o bloqueio de contas dessas pessoas jurídicas e de outras que financiaram os atos.

Ao encampar a defesa da democracia diante do grave comprometimento da ordem pública e da tentativa de golpear o livre exercício dos três Poderes, em um atentado ao Estado de direito, o Senado disse sim, em sessão extraordinária nesta terça-feira (10), ao Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 1/2023.

A matéria é resultado da intervenção federal (Decreto 11.377, de 2023) na área de segurança pública do Distrito Federal, assinada domingo (8) pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Aprovado em votação simbólica, o projeto vai a promulgação.

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A intervenção federal foi decretada após a invasão e depredação dos edifícios-sede do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal por vândalos. Somente no Senado, a estimativa é de prejuízos na ordem de R$ 4 milhões. 

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, abriu a sessão semipresencial enfatizando em discurso a consternação dos brasileiros diante dos atos de vandalismo de uma minoria “raivosa” inconformada com o resultado eleitoral. 

"Brasília foi atacada. Prédios públicos, símbolos nacionais, obras que representam a história de nossa pátria foram depredados. Alguns poucos quiseram destruir e humilhar as sedes dos Poderes da República brasileira. Essa minoria antidemocrática não representa o povo brasileiro nem a vontade do povo brasileiro. Essa minoria golpista não vai impor sua vontade por meio da barbárie, da força e de atos criminosos. Essa minoria extremista será identificada, investigada e responsabilizada, assim como seus financiadores, organizadores e agentes públicos dolosamente omissos", salientou Pacheco. 

A intervenção federal está prevista no artigo 34 da Constituição, e o decreto que a estabelece deve ser submetido à apreciação do Parlamento. Durante sua vigência a Constituição não pode ser emendada. Os congressistas, que estavam em recesso legislativo, foram convocados extraordinariamente ainda domingo pelo presidente do Congresso. A Câmara dos Deputados aprovou o decreto na noite dessa segunda-feira (9). 

Extrema e excepcional Favorável à aprovação do PDL, o relator, senador Davi Alcolumbre (União-AP), disse que a intervenção federal é indiscutivelmente medida extrema e excepcional e dessa forma “deve ocorrer tão somente quando existem situações de tal monta que o aparato institucional existente não tem condições de responder”.  Os fatos atingiram um patamar que exige que o Estado brasileiro lance mão de todos os instrumentos institucionais colocados à sua disposição pelo ordenamento jurídico, segundo o relator.

"A presente matéria é uma medida excepcional, dura, mas necessária, face aos atos gravíssimos de vandalismo ocorridos no domingo aqui no Distrito Federal, que, infelizmente, todos presenciaram, permeados pela completa desordem, sim, desordem pública e insegurança para toda a população. Busca-se recuperar a ordem pública do Distrito Federal, tendo em vista que as forças de segurança pública do Distrito Federal foram ineficazes no trabalho de impedir, coibir e reprimir os ataques conduzidos e orquestrados, diga-se de passagem, com antecedência e previsibilidade". 

Para Davi, que preside a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), é preciso tornar efetivas as garantias constitucionais à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, asseguradas no artigo 5º da Constituição. 

"Só é possível cumprir a lei e buscar a justiça se for por meio da Constituição. É o que sempre defendemos: o império da lei a todos sempre, sem privilégios, sem melindres. Como disse Lula, eles querem golpe, mas golpe não vai ter", afirmou. 

Desde o fim do Estado Novo, em 1946, houve apenas quatro intervenções federais, sendo duas em períodos democráticos. A última ocorreu em 2018 no estado do Rio de Janeiro, assinada pelo então presidente Michel Temer. À época, a ingerência, também na área de segurança pública, se estendeu de fevereiro daquele ano até 1º de janeiro de 2019, devido ao aumento diário de casos de violência em decorrência de calamitosa situação financeira no estado. 

Na tarde do domingo, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, determinou a exoneração do secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, em razão das falhas na operação de controle do movimento golpista. Horas depois, na madrugada dessa segunda-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afastou Ibaneis do cargo pelo período de 90 dias. 

Manifestações Diversos senadores externaram suas manifestações diante dos fatos ocorridos. Omar Aziz (PSD-AM) propôs a instituição de uma comissão externa de senadores destinada a acompanhar as investigações sobre os atos de vandalismo.   

"O dia 8 de janeiro de 2023 é uma data para não ser esquecida, para ser lembrada daqui a 100 anos. (...) Então, é o momento de a gente mostrar que a democracia está em pé. E não são vândalos, terroristas que vão derrubar a democracia. Nós não temos o que temer. Nós temos é que manter a cabeça em pé e trabalhar pelo Brasil. O Brasil precisa do nosso trabalho, do trabalho do presidente Lula, que se elegeu". 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) contestou a vinculação do nome de seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, aos fatos ocorridos domingo em Brasília. Ele cobrou a individualização das responsabilidades e disse que também pretende participar da comissão que vai acompanhar as investigações. 

"Não queiram criar essa narrativa mentirosa, veiculando Bolsonaro a esses atos irresponsáveis", expôs Flávio Bolsonaro, que votou contrário ao PDL. Também manifestaram posição contrária à federalização os senadores Styvenson Valentim (Podemos-RN), Plínio Valério (PSDB-AM), Carlos Portinho (PL-RJ), Eduardo Girão (Podemos-CE), Carlos Viana (PL-MG), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Zequinha Marinho (PL-PA), Lasier Martins (Podemos-RS) e Marcos do Val (Podemos-ES). 

Portinho disse que não há um parlamentar que não tenha condenado o ocorrido em Brasília, mas questionou a necessidade de uma intervenção federal no DF.

"Estava desguarnecida a Praça dos Três Poderes. De quem é a culpa? Soubemos todos que a Abin [Agência Brasileira de Inteligência] avisou a todos os órgãos do governo federal.  (...) Poderíamos apontar o dedo para vários, mas isso não vai nos levar a lugar nenhum. Se houve inação, ela foi generalizada", expôs Portinho, ex-líder do governo Bolsonaro no Senado. 

Humberto Costa (PT-PE) enfatizou a necessidade de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI), conforme proposta apresentada pela senadora Soraya Thronicke (União-MS). 

"Que nós possamos instalar o mais rapidamente possível, logo no início dos trabalhos legislativos em fevereiro, uma CPI para fazer uma ampla investigação sobre o que aconteceu: quem realizou, quem financiou, quem deu o suporte político. Isso é o mínimo que o Congresso Nacional pode dar em respeito ao papel que cumpre, em respeito à sua própria função", afirmou Humberto. 

Ao salientar que "a democracia venceu a barbárie", a senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) compartilhou a emoção diante dos estragos causados aos edifícios-sede e aos bens públicos. 

 "Todos nós, na verdade, sabemos que a nossa democracia é ainda muito jovem. O que nós podemos tirar do dia de domingo é que aqueles que lutaram para conquistá-la, aqueles que lutaram para mantê-la venceram porque, muito embora nós tivéssemos aí os prédios dos três Poderes destruídos, nós temos os três Poderes, do ponto de vista da sua instituição, mantidos e fortes". 

*Da Agência Senado

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