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O Tribunal Penal do Vaticano condenou em primeira instância, neste sábado (16), o cardeal italiano Angelo Becciu, de 75 anos, julgado junto com outros nove por fraude, a cinco anos e meio de prisão, após um julgamento histórico relacionado com operações financeiras da Santa Sé.

O cardeal também foi multado em 8.000 euros (US$ 8.700, ou R$ 42.900 na cotação atual).

"Respeitamos o veredito, mas certamente entraremos com recurso", declarou o advogado do réu, Fabio Vignone.

O procurador havia reivindicado sete anos e três meses de prisão para ele e uma multa de mais de 10.000 euros.

Ex-assessor próximo do papa Francisco, o cardeal Becciu é o funcionário de mais alta posição na hierarquia da Igreja Católica a comparecer ante esse tribunal do Vaticano, a Justiça civil da Cidade-Estado.

No centro do caso está a compra, por 350 milhões de euros (US$ 164 milhões, ou R$ 810,1 milhões na cotação atual), de um edifício de luxo em Londres entre 2014 e 2018, no âmbito dos investimentos da Santa Sé, que dispõe de considerável patrimônio imobiliário. Este caso, com múltiplas ramificações, coloca de novo sobre a mesa a opacidade das finanças do Vaticano.

Desde sua eleição em 2013, o papa Francisco tenta sanear as operações da Igreja. O pontífice argentino também reformou o sistema judicial para que bispos e cardeais possam ser julgados em tribunais laicos, e não apenas em instâncias religiosas.

O procurador Alessandro Diddi pediu penas de prisão que vão de quase quatro anos a até mais de 13 anos, além de sanções financeiras, contra os dez réus que comparecem à Justiça para responder por fraude, desvio de fundos, abuso de poder, lavagem de dinheiro, corrupção e extorsão.

Ex-número dois da Secretaria de Estado, principal órgão do governo central da Santa Sé, no centro desta transação, o cardeal Becciu mantém seu título, mas foi destituído de todas as suas funções em setembro de 2020.

O cardeal, nascido na Sardenha, sempre alegou inocência e garantiu que "nunca roubou um centavo". Também disse ter sido vítima de um "linchamento midiático". Seus advogados pediram sua absolvição.

A Santa Sé convidou o tribunal a "punir todos os crimes", disse seu secretário de Estado, número dois no Vaticano, o cardeal italiano Pietro Parolin, que considerou a Secretaria de Estado como "a parte prejudicada".

- Vários intermediários -

Ao final das 85 audiências deste processo conhecido como o "do imóvel de Londres", os debates trouxeram à luz a falta de transparência de algumas operações financeiras da Santa Sé, com revelações sobre escutas telefônicas e procedimentos opacos por meio de uma série de intermediários.

Entre os destaques do processo, estão as revelações sobre uma conversa telefônica de Becciu - por sua iniciativa - com o papa e gravada sem seu conhecimento, pouco antes do julgamento. Nela, pedia-lhe que confirmasse ter aprovado movimentos financeiros confidenciais.

A instrução descreveu um emaranhado "quase impossível de desvendar" de fundos de investimento especulativos, bancos, instituições de crédito, pessoas físicas e jurídicas.

Esta aquisição, a um preço supervalorizado, revelou o uso imprudente do Óbolo de São Pedro, a grande arrecadação anual de doações destinadas às ações de caridade do papa. Também gerou perdas substanciais nas finanças do Vaticano.

A Santa Sé finalmente revendeu o edifício de 17.000 m2 localizado no elegante bairro de Chelsea, à custa de grandes prejuízos.

Este caso foi um duro golpe na reputação da Igreja e do papa Francisco, que multiplicou reformas para sanear as finanças do Vaticano e combater fraudes.

Além da criação de uma Secretaria para a Economia em 2014, limitou, desde sua eleição no ano anterior, investimentos e atividades do Banco do Vaticano, em especial com o encerramento de 5.000 contas suspeitas.

O papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal canadense Marc Ouellet, prefeito do Dicastério (ministério) para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, por ter atingido o limite de idade para a aposentadoria – informou o Vaticano, nesta segunda-feira (30).

O influente cardeal, de 78 anos, que por uma década foi responsável pelos bispos de todo o mundo, será substituído pelo monsenhor americano Robert Francis Prevost, atual bispo de Chiclayo (Peru), que toma posse em abril.

Prevost também terá a responsabilidade de presidir a Comissão para a América Latina, órgão da Santa Sé para a região.

A saída do influente cardeal canadense ocorre depois que ele foi acusado, em agosto passado, de toques inadequados em uma bolsista entre 2008 e 2010, quando era arcebispo de Québec.

Ouellet, que ocupou um dos cargos mais importantes do governo do Vaticano, "negou categoricamente" essas acusações, as quais qualificou de "difamatórias", e anunciou que estava disposto a participar de um julgamento para provar "sua inocência".

À época, o papa Francisco considerou que “os elementos eram insuficientes para abrir uma investigação canônica”, e o cardeal permaneceu no cargo.

Nesta segunda-feira, porém, a diocese de Québec confirmou à AFP a existência de uma segunda denúncia contra o cardeal, apresentada por uma mulher em 2020. A acusação foi revelada há apenas duas semanas pelo semanário Golias.

O cardeal canadense foi considerado um dos maiores críticos internos do papa Francisco, foi contra a ordenação de mulheres ao sacerdócio e sempre promoveu as posições mais conservadoras da Igreja Católica sobre casamento homoafetivo, aborto e outras questões sensíveis.

Marc Ouellet foi citado entre os favoritos no último conclave de 2013, no qual o então cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa.

O cardeal canadense Marc Ouellet negou veementemente ter cometido "gestos inapropriados" e "agressões sexuais" contra uma mulher em seu país e considera essas acusações "difamatórias", segundo uma declaração divulgada nesta sexta-feira (19) no site do Vaticano.

"Após ter conhecimento das falsas acusações feitas contra mim pela denunciante (F.), nego com firmeza ter cometido gestos inapropriados contra essa pessoa", declarou em nota.

"Considero difamatórias a divulgação e a interpretação dada as suas acusações", afirmou o religioso, de 78 anos, atual prefeito da Congregação para os bispos, um dos cargos mais importantes do governo do Vaticano.

"Se for aberta uma investigação civil, pretendo participar ativamente para que a verdade seja estabelecida e minha inocência seja reconhecida", afirmou.

As denúncias contra Ouellet foram feitas por uma mulher identificada pela letra "F.", que afirmou ter sofrido várias abusos por parte do cardeal.

Ouellet foi acusado de tocá-la de maneira inapropriada entre 2008 e 2010, enquanto era arcebispo de Quebec, segundo documentos judiciais recebido em maio pelo Tribunal Superior da cidade.

"F" foi identificada como agente da pastoral quando supostamente ocorreram os fatos. A acusação foi enviada diretamente ao Vaticano em janeiro de 2021, quando foi remetida ao padre jesuita Jacques Servais.

A denúncia contra Ouellet se soma aos depoimentos de 101 pessoas que afirmam terem sido "agredidas sexualmente" por mais de 80 membros do clero e funcionários laicos da diocese de Quebec desde junho de 1940, segundo os documentos judiciais.

O Vaticano abre, na próxima terça-feira (27), um julgamento sobre a compra de um luxuoso edifício em Londres e a rede de empresas e fundos que deixou um rombo nas finanças da Santa Sé, um escândalo que afeta a imagem da Igreja.

No banco dos réus estará o destituído cardeal italiano Angelo Becciu, que foi suplente na Secretaria de Estado do Vaticano entre 2011 e 2018, um dos cargos mais poderosos da Cúria Romana e um conselheiro muito próximo do papa Francisco.

O julgamento deve determinar se a Santa Sé foi defraudada por um grupo de empresários inescrupulosos ou se houve um sistema de corrupção interna envolvendo importantes líderes da Igreja.

O julgamento, que durará vários meses, será realizado em uma sala especialmente preparada nos Museus do Vaticano, com a presença de um grupo limitado de jornalistas.

A primeira audiência, marcada para terça, será dedicada a questões técnicas, com base na complexa acusação de 500 páginas, resultado de dois anos de investigação.

Entre os 10 réus, metade estava a serviço do papa Francisco durante a controvertida compra, realizada em duas fases, de um luxuoso edifício de 17.000 m2 no bairro londrino de Chelsea, do qual o papa pediu para se livrar rapidamente.

A aquisição deste edifício, por um preço superior ao seu valor real, foi efetuada através de pacotes financeiros altamente especulativos, através de dois empresários italianos residentes em Londres.

Essa compra "gerou perdas substanciais para as finanças do Vaticano e até mesmo recursos destinados às instituições de caridade pessoais do Santo Padre foram usados", reconheceu a Santa Sé antes da abertura do julgamento.

Um grande desafio para Francisco, um crítico ferrenho da corrupção, que denuncia incessantemente a especulação financeira global desde sua eleição, há 8 anos.

No sábado, o Vaticano divulgou pela primeira vez o orçamento anual de um de seus principais departamentos encarregados da gestão de propriedades e investimentos.

"Viemos de uma cultura de sigilo, mas aprendemos que, em matéria econômica, a transparência nos protege mais do que o sigilo", declarou o secretário de Economia do Vaticano, Juan Antonio Guerrero.

Empresários e fundos

Entre 2013-2014, a Secretaria de Estado do Vaticano tomou emprestado US$ 200 milhões, grande parte dele do banco Credit Suisse, para investir no fundo do empresário italiano Raffaele Mincione.

Metade do valor foi destinado à aquisição de parte do prédio londrino e a outra parte destinada a investimentos em ações.

Raffaele Mincione usou o dinheiro da Igreja para "operações especulativas", incluindo a compra de bancos italianos em dificuldades financeiras.

A Santa Sé, que acabou por registrar perdas na bolsa, não tinha capacidade para controlar esses investimentos, pelo que decidiu quatro anos mais tarde, no final de 2018, encerrar a aliança.

Para isso, a Santa Sé escolheu Gianluigi Torzi como o novo intermediário, que negociou a saída de Raffaele Mincione, indenizando-o com 40 milhões de libras esterlinas (55 milhões de dólares) e modificando o acordo financeiro para que o Vaticano finalmente se tornasse o único proprietário do edifício.

Torzi, por sua vez, assumiu o controle da propriedade do Vaticano (por meio de ações com direito a voto) e, em seguida, extorquiu dinheiro da Secretaria de Estado para obter 15 milhões de euros (quase 18 milhões de dólares) para sua saída, segundo a acusação.

Os magistrados também identificaram duas figuras-chave que ajudaram Mincione e Torzi a entrar nas redes do Vaticano em troca de dinheiro.

O primeiro é Enrico Crasso, conhecido empresário suíço e ex-Credit Suisse, que administrou os fundos da Secretaria de Estado durante décadas.

O outro é Fabrizio Tirabassi, importante funcionário leigo da Secretaria de Estado, encarregado dos investimentos, que também recebia comissões dos bancos por suas intervenções e era considerado braço direito do cardeal Becciu.

Como em qualquer escândalo, as revelações de uma misteriosa personagem feminina, apelidada de "Dama do cardeal", alheia à compra de Londres, contribuíram para aumentar as suspeitas em torno do cardeal Becciu, afastado em 24 de setembro de 2020 pelo papa Francisco por suspeitas de peculato.

A mulher, de 40 anos, que disse que realizava atividades de inteligência em nome da Santa Sé para libertar religiosos sequestrados pelo mundo, recebeu uma alta remuneração.

A grande questão agora é se o caso vai atingir para outras personalidades na hierarquia da Igreja.

O secretário de Estado e número dois do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, anunciou que a entidade mais próxima do pontífice aparecerá como parte civil no julgamento, já que se sente vítima dessa rede que deixou "perdas consideráveis" nas finanças do Vaticano.

Por um motivo inusitado, o advogado Ivano Lai anunciou que deixou a defesa do cardeal Angelo Becciu, que está envolvido em um escândalo financeiro no Vaticano: as fotos postadas por ele de sunga em suas redes sociais deixaram a família do religioso "constrangida".

Lai, que tem 38 anos, aparece em uma série de imagens sentado na água do mar, próximo a algumas pedras, apenas de sunga. A revelação foi feita pelo jornal "Corriere della Sera" e, após a repercussão, Lai confirmou que tinha deixado a função, mas sem justificar os motivos.

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"Com muita dor, comunico que renunciei à função dada a mim pela família Becciu, que me deu a honra de sua confiança e de seu afeto. Lamento ser a causa de mais aflições que se juntam às acusações injustas sofridas nesses dias pela Sua Eminência o cardeal Becciu e os seus familiares, exemplos de honestidade e retidão não comuns, e dignos de terem ao seu lado a melhor defesa em um caso tão complexo", informou em nota.

Pouco antes do seu afastamento, o advogado havia entrado com duas ações na Justiça do Vaticano, a pedido da família: uma por difamação e calúnia e outra por divulgação de informações sigilosas.

Becciu foi "convidado" a renunciar ao seu cargo de prefeito da Congregação para a Causa dos Santos na última semana após seu nome estar envolvido em um escândalo de desvio de finalidade de verbas arrecadas pelo Óbolo de São Pedro - sistema que arrecada donativos da Igreja para causas sociais.

À época dos fatos, o cardeal era o "número 2" da poderosa Secretaria de Estado do Vaticano e participou da autorização da compra de um edifício de luxo em Londres, em parceira com um fundo de Luxemburgo, no valor de 200 milhões de euros.

Nesta semana, o jornal "Financial Times" revelou que outros 100 milhões de libras esterlinas foram usados para comprar apartamentos de alto padrão na capital britânica. Becciu nega as acusações e diz que o papa Francisco foi mal assessorado no caso. 

Foto: Reprodução/Twitter

Da Ansa

O cardeal italiano Giuseppe Versaldi, prefeito da congregação para a Educação Católica, defendeu "a vacina do amor" para lutar contra "o vírus do pecado", considerado a causa de todos os males do mundo, incluindo a pandemia de coronavírus.

"Infelizmente, o mal faz parte da história da humanidade e, portanto, essa pandemia não pode ser atribuída a Deus", escreveu o cardeal no jornal oficial do Vaticano, L'Osservatore Romano.

"O que originalmente transformou a boa obra de Deus com a criação do mundo foi a livre escolha do homem de não confiar em Deus (...) e querer um projeto alternativo. Isso desencadeou o vírus do pecado na árvore da criação", assegura o cardeal. "Vamos nos aproximar de Deus novamente, não para convencê-lo a nos ajudar, mas para nos convencer a combater o mal e nos injetar na vacina da superação do amor no mundo", concluiu Versaldi, 76 anos.

O novo coronavírus matou 17 mil pessoas em todo o mundo desde que apareceu pela primeira vez em dezembro, segundo uma contagem da AFP baseada em fontes oficiais divulgadas terça-feira. No total, 386.350 casos de contágio foram diagnosticados em 175 países.

O papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo de Lyon, o cardeal Philippe Barbarin, questionado por seu silêncio diante dos abusos sexuais de um ex-sacerdote de sua diocese, acusação da qual foi absolvido na Justiça - anunciou a Igreja Católica nesta sexta-feira (6).

"Essa renúncia não é uma surpresa. Ele anunciou, renunciou. De todo modo, sentimos que vivemos um momento muito importante para a diocese", declarou o monsenhor Michel Dubost, administrador apostólico que se ocupa da gestão diária da diocese de Lyon, no centro-oeste da França, desde que Barbarin se afastou.

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Em uma declaração divulgada ao mesmo tempo no canal católico KTO, Barbarin enfatizou que "esses quatro anos foram anos de grande, grande sofrimento".

"Acho que há um grande sofrimento que as vítimas sofreram primeiro, e é realmente por elas que precisamos rezar. Foram atos horríveis, e é importante que a página seja virada e que venha alguém que percorra um novo caminho com toda diocese de Lyon", afirmou.

Pouco depois de ser absolvido pelo Tribunal de Apelações de Lyon em 30 de janeiro, Barbarin disse estar colocando sua sua renúncia mais uma vez à disposição do papa, para permitir "virar a página" neste caso muito simbólico sobre pedofilia e seu acobertamento por parte da Igreja.

O papa Francisco havia se dado um tempo de reflexão para responder à nova demanda por demissão. Argumentando a presunção de inocência, o pontífice rejeitou sua renúncia em março. A renúncia de Francisco se deu após a sentença de seis meses em primeira instância, enquanto se aguardava a decisão da Corte de Apelação, que finalmente o absolveu.

O prelado de 69 anos foi acusado de não ter denunciado à Justiça as agressões cometidas por Bernard Preynat, um padre de sua diocese, contra jovens escoteiros, entre 1971 e 1991.

- "Adeus e obrigado" -

A designação do sucessor de Monsenhor Barbarin pode acontecer dentro de um período de "dois a quatro meses".

Por enquanto, Monsenhor Dubost continuará interino. No dia 15 de maio, uma assembleia solene será realizada em Lyon, na presença de Monsenhor Barbarin, para "dizer adeus e obrigado", anunciou o prelado.

Em entrevista à revista "Le Point" publicada em 5 de fevereiro, o cardeal Barbarin declarou que, apesar da absolvição que o "consolou", ele "mudou".

Assim como fez em seu julgamento, o cardeal repetiu que ignorou as ações do padre antes de encontrar uma vítima em 2014. Na origem do caso, o destino de Preynat, despojado de seu status de clérigo em julho passado, será definido em 16 de março.

Suas vítimas relataram os abusos sofridos, entre eles toque, beijos na boca e masturbações impostos pelo religioso.

O cardeal Dom Claudio Hummes, escolhido pelo papa Francisco como relator do Sínodo da Amazônia, afirmou nesta quarta-feira, 28, que os críticos do encontro de bispos católicos no Vaticano têm "interesses ameaçados".

O cardeal rebateu insatisfações do governo brasileiro e de setores da ala conservadora da Igreja Católica com os rumos do encontro de bispos, programado para outubro, no Vaticano. Ele citou reportagens do jornal O Estado de S. Paulo que mostraram as preocupações e a desconfiança do Palácio do Planalto e a campanha aberta contra o Sínodo feita por grupos conservadores católicos.

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"Ouvimos vozes contrárias, vozes que resistem, vozes que têm medo e vozes que têm interesses muito fortes que se sentem um tanto ameaçados. Tudo isso que ouvimos por todos esses dias, ainda ontem (terça-feira, 27) a imprensa estava cheia desses assuntos, sobretudo, os jornais de São Paulo, o Estado de S. Paulo", disse o cardeal ao abrir uma reunião de bispos da Amazônia brasileira no Pará.

Dom Cláudio Hummes é o principal nome à frente do Sínodo. Ele preside a Rede Eclesial Pan-Amazônica e a Comissão Episcopal Especial para a Amazônia. Ele preparou um documento sobre problemas socioambientais da Amazônia e o papel evangelizador da Igreja na região, com consultas a populações originárias, a pedido do papa.

Dom Cláudio Hummes avaliou que a onda de incêndios florestais em países amazônicos, sobretudo no Brasil, despertou o interesse pelo sínodo no mundo ocidental e provocou um debate internacional que "projetou" a importância da assembleia religiosa. O Estado também havia antecipado que os bispos pretendiam discutir as queimadas no encontro do Pará para levar o tema a Roma.

"Cada vez mais sentimos importância do processo sinodal, como de fato é fundamental esse sínodo para o nosso tempo. Cada vez mais o mundo inteiro vai se envolvendo nessa problemática. Algumas coisas proporcionaram isso mais fortemente, como foram os incêndios aqui em toda essa região e que despertou de forma muito forte até mesmo polêmicas, muitos ruídos a respeito da Amazônia, de seu significado, de sua importância, de sua pertença e assim por diante", disse aos religiosos no Pará. "Está se tornando algo que está sendo seguido por todo mundo, pelo menos o mundo ocidental, talvez, a Europa e nós aqui."

Um tribunal de Melbourne ordenou nesta quarta-feira a detenção do cardeal australiano George Pell, ex-número três do Vaticano, que foi declarado culpado de pedofilia.

Durante uma audiência prévia ao anúncio da sentença, os promotores afirmaram que Pell enfrenta uma pena máxima de 50 anos de prisão por cinco acusações de agressão sexual contra dois coroinhas da catedral de São Patrício de Melbourne em 1996 e 1997.

Após o anúncio da ordem de detenção, o ex-arcebispo de Melbourne e de Sydney se inclinou diante do juiz e foi levado, sem algemas, para fora da sala de audiências.

O cardeal, 77 anos, foi declarado culpado em 11 de dezembro de uma acusação de agressão sexual e de outras quatro de acusações de atentado ao pudor contra dois coroinhas de 12 e 13 anos em 1996 e 1997, na sacristia da catedral de São Patrício de Melbourne, onde Pell era arcebispo.

Por motivos legais, este veredicto só foi anunciado publicamente na terça-feira.

Os advogados do religioso conseguiram que a detenção, que deveria ter acontecido em dezembro, fosse adiada por operações nos joelhos de Pell.

A defesa pretendia solicitar à corte de apelações uma nova libertação sob fiança, para que o religioso aguarde o julgamento de seu recurso.

Mas desistiu da estratégia ao anunciar que considera "apropriado aguardar o anúncio da pena. Uma audiência neste sentido está programada para 13 de março.

Nesta quarta-feira, o juiz Peter Kidd considerou "evidente" o crime do ex-secretário de Economia do Vaticano.

"É um crime cruel e vergonhoso. Implicou um abuso de confiança. Se aproveitou de dois jovens vulneráveis", afirmou o magistrado.

O papa Francisco ordenou uma investigação mais aprofundada nos arquivos do Vaticano sobre o cardeal americano Theodore McCarrick, que foi proibido em julho de exercer seu ministério após acusações de abusos sexuais.

Baseando-se em provas escritas, um prelado italiano, Carlo Maria Vigano, acusou em agosto o papa e vários outros membros da Cúria Romana de encobrirem por anos os atos repreensíveis do cardeal homosseuxal contra seminaristas e padres.

O papa deseja que seja concluída a investigação da Santa Sé que levou à renúncia do cardeal McCarrick, através da análise de documentos encontrados "nos arquivos dos discatérios (ministérios) e nos escritórios da Santa Sé" sobre o cardeal deposto, de acordo com uma declaração oficial.

"A Santa Sé está ciente de que poderia emergir desta análise fatos e circunstâncias, escolhas que podem não ser consistentes com a abordagem contemporânea de tais questões", aponta o comunicado.

"No entanto, como o papa Francisco disse, 'nós seguiremos o caminho da verdade, onde quer que ele vá'. Tanto os abusos quanto seu encobrimento não podem mais ser tolerados e um tratamento diferente para os bispos que cometeram tais atos ou os acobertaram representa de fato uma forma de clericalismo que não é mais aceitável", acrescenta o texto.

Theodore McCarrick foi acusado de abusos sexuais, desencadeando uma crise em toda a Igreja americana, revelando profundas divisões políticas entre os bispos.

Em seguida, Carlo Vigano chegou a exigir a renúncia do papa no final de agosto, acusando-o de encobrir McCarrick por cinco anos, enquanto este ex-arcebispo de Washington foi apresentado por diplomatas como um temível predador homossexual de seminaristas e padres.

Vigano também acusou Francisco de ter ignorado as sanções (aparentemente confidenciais) contra McCarrick por parte de seu antecessor, Bento XVI.

Associações americanas de vítimas de padres pedófilos reivindicaram nesta quinta-feira (30) que o Vaticano torne público o arquivo de um ex-prelado acusado de agressões sexuais, denunciando uma política de "sufocamento sistemático" por parte da Igreja Católica.

O pedido é feito depois da divulgação no sábado de uma carta do ex-embaixador do Vaticano nos Estados Unidos Carlo Maria Vigano, que acusou o papa Francisco de encobrir os abusos sexuais cometidos há várias décadas pelo cardeal americano Theodore McCarrick.

Essa acusação causou problemas dentro da Igreja, dividida entre a tendência liberal defendida pelo papa argentino, e uma corrente ultraconservadora oposta ao pontífice.

O cardeal McCarrick, de 88 anos, renunciou no fim de julho apesar de negar as acusações. O bispo e arcebispo da arquidiocese de Nova York, antes de partir para Washington em 2001, é um dos cardeais americanos mais proeminentes no exterior.

Peter Isley, da organização Ending Clerical Abuse (ECA), disse que o arquivo "destaca ações sobre o como o papa Francisco e outros dois papas, Bento XVI e João Paulo II, encobriram o abuso sexual de um religioso". "Isso irá nos dar respostas", acrescentou.

Em uma entrevista coletiva em frente à embaixada da Santa Sé em Washington, rechaçou igualmente as correntes "liberais e conservadoras" da igreja.

Isley denunciou que existe "uma rede criminosa dentro da Igreja Católica (...) que é acobertada por bispos de ambos os lados, e devem ser expostos e processados, e o caso (McCarrick) esclarecerá isso", afirmou.

Becky Ianni, diretora da rede de sobreviventes dos abusos dos padres (SNAP) denunciou "o encobrimento sistemático do abuso sexual" do Vaticano.

A Igreja Católica americana também tem sido abalada há semanas por um escândalo de abuso sexual na Pensilvânia (leste) executado por mais de 300 "padres predadores" que agrediram sexualmente pelo menos 1.000 crianças.

A carta de Vigano "parece ser muito oportuna", comentou a advogada da SNAP, Pamela Spees, pedindo uma investigação federal sobre as acusações contra a Igreja e como os padres condenados por pedofilia escaparam da perseguição por serem transferidos ao exterior.

A Arquidiocese de Sydney, na Austrália, vem publicando regularmente anúncios em seu jornal semanal, o "Catholic Weekly", pedindo doações dos fiéis para ajudar a pagar as despesas legais do cardeal George Pell, réu por pedofilia.

A publicação já divulga o anúncio com sua conta bancária desde o fim do ano passado, mas, em seu último número, incluiu um artigo lembrando que quando Pell "se afastara do cargo de prefeito da Secretaria de Economia do Vaticano", 12 meses atrás, "muitos apoiadores queriam contribuir" para pagar seus advogados.

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A equipe de defesa do cardeal inclui o famoso advogado Robert Richter e, segundo estimativas da imprensa local, custaria dezenas de milhares de dólares para cada dia de audiência nos tribunais. A Arquidiocese de Sydney, no entanto, diz que não está envolvida na destinação das doações recebidas pelo fundo pró-Pell.

Uma porta-voz do prelado, Katrina Lee, afirmou que o Vaticano não deu nenhuma contribuição financeira. Pell, de 76 anos, se tornou réu por pedofilia no último dia 1º de maio, por crimes supostamente praticados nos anos 1970 e 1990. Ele se diz inocente.

O caso tramita no Tribunal de Melbourne, que decidiu arquivar mais da metade das acusações por falta de provas e devido ao falecimento de um denunciante. O australiano é acusado de ter molestado garotos em uma piscina de Ballarat, onde era padre, na década de 1970.

Além disso, teria abusado de dois coristas na sacristia da Catedral de Melbourne, no fim dos anos 1990, quando era arcebispo. "Homem-forte" do papa Francisco e responsável pelas finanças da Santa Sé, Pell é o mais alto prelado católico a ser julgado por pedofilia.

Da Ansa

O cardeal americano Bernard Law morreu nesta quarta-feira (20), em Roma, aos 86 anos de idade. O religioso ficou mundialmente famoso pelo seu envolvimento no escândalo de pedofilia na diocese de Boston, da qual era arcebispo, e cujo caso fora abordado no longa "Spotlight", vencedor do Ocar de melhor filme em 2016.

Devido às críticas e acusações de que protegera o padre pedófilo Paul Shaney, Law foi obrigado a renunciar ao seu posto em 2002. Em seguida, mudou-se para Roma, onde atuou como arcipreste da Basílica papal Santa Maria Maggiore, cargo ligado à cúria romana, entre 2004 e 2011.

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Law morreu em consequência de uma série de complicações de saúde e a notícia de seu falecimento foi dada pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O purpurado nasceu em Torreon, no México, em 4 de novembro de 1931, e recebeu sua ordenação em 21 de maio de 1961, sendo nomeado bispo de Springfield-Cape Girardeau em 22 de outubro de 1973. Foi escolhido cardeal no consistório de 25 de maio de 1985, presidido pelo papa João Paulo II. Atuou como arcebispo metropolitano de Boston de 11 de janeiro de 1984 a 13 de dezembro de 2002.

Como retratado no filme "Spotlight", uma investigação do jornal "Boston Globe" revelou como a hierarquia da Igreja Católica local, liderada pelo cardeal Law, acobertou de forma sistemática os abusos sexuais cometidos por quase 90 padres de Boston durante décadas.

O advogado Mitchell Garabedian, que representa dezenas de vítimas de abusos sexuais cometidos por religiosos católicos em Boston, disse que a morte do cardeal "reabre as velhas feridas". "Muitas vítimas se recordaram da dor sofrida. Ele virou as costas a criaturas inocentes e permitiu que fossem abusadas sexualmente", lamentou Garabedian.

Da Ansa

Um tribunal do Vaticano iniciou nesta terça-feira (18) o primeiro julgamento da 'era Francisco' de ex-dirigentes do hospital infantil da Santa Sé em Roma, Bambino Gesù, por desvio de fundos para a reforma do luxuoso apartamento do cardeal Tarcisio Bertone, então secretário de Estado.

A primeira audiência foi realizada na sala judicial do Vaticano na presença de oito jornalistas credenciados junto à Santa Sé.

Giuseppe Profiti, ex-presidente do hospital romano Bambino Gesù, e Massimo Spina, ex-tesoureiro do mesmo estabelecimento, que pertence à Santa Sé, compareceram ante o tribunal acompanhados de seus advogados.

O julgamento começou na ausência do beneficiário da corrupção, número dois do Vaticano sob o pontificado de Bento XVI (2005-2013), e responsável pela nomeação de Profiti como presidente do hospital em 2008.

Bertone poderá ser convocado como testemunha, segundo os advogados de defesa. Os dois réus teriam utilizado 422.000 euros dos fundos da Fundação Bambino Gesù, que recebe os aportes para o maior hospital romano especializado em pediatria.

Delito cometido na Cidade do Vaticano

O dinheiro terminou nas mãos da empresa de Gianantonio Bandera, com sede legal na Inglaterra, embora o "crime tenha sido cometido na Cidade do Vaticano, a partir de novembro de 2013 até 28 de maio de 2014", segundo indicou a Santa Sé em um comunicado difundido em 13 de julho.

Com a abertura deste julgamento, o papa Francisco quer demonstrar seu desejo de transparência na gestão das finanças do Vaticano e romper com a cadeia de intrigas, favores, desperdício e má gestão reinantes.

"Não se pode falar de pobreza e ter uma vida de faraó", comentou Francisco no início do seu pontificado.

Este é o terceiro julgamento público recente após o realizado em 2012 contra o mordomo do papa Bento XVI, Paolo Gabriele, por vazar para a imprensa documentos privados do pontífice, e pelo escândalo Vatileaks contra espanhol Lucio Angel Vallejo Balda e a italiana Francesca Chaouqui, condenados em 2016 pelo vazamento de documentos sobre a organização econômica interna.

Neste novo julgamento, a justiça do Vaticano quer estabelecer se os dois funcionários cometeram peculato com dinheiro público, seu nível de responsabilidade e provavelmente irá requisitar estudos sobre a reforma do apartamento de Bertone.

O escândalo foi revelado no livro do jornalista Emiliano Fittipaldi, que acusou Bertone de utilizar dinheiro do hospital para a sua reforma.

Bertone, que se retirou do cargo em 2013, assegurou que as obras de reforma deste apartamento custaram 300.000 euros do seu próprio. Outros 200.000 euros teriam sido depositados pela Fundação do Bambino Gesù, apesar de assegurar que não estava a par disso.

Segundo a imprensa italiana, o apartamento mede 700 m2, mas Bertone assegura que são menos de 300 m2, e que o compartilha com três religiosas e uma secretária.

O chefe das Finanças do Vaticano, Cardeal George Pell, retornou à Austrália neste domingo (segunda-feira pelo horário local) para uma audiência no final deste mês sobre acusações históricas de abuso sexual.

O cardeal de 76 anos pousou em Sydney e foi acompanhado por seguranças antes de ser levado para um carro que o aguardava, sem fazer fazer comentários.

Pell foi comparecerá a um tribunal de Melbourne em 26 de julho para uma audiência preliminar sobre várias acusações de agressão sexual supostamente cometidas décadas atrás, quando ele era um clérigo sênior na Austrália.

O ex-arcebispo de Sydney e Melbourne sempre defendeu sua inocência, negando as acusações. Os detalhes das acusações não foram divulgados, embora a polícia tenha dito que eles envolveram "autores de denúncias múltiplas".

"Estou ansioso para finalmente ter meu dia no tribunal. Eu sou inocente dessas acusações", disse Pell, considerado não oficialmente o número três na hierarquia do Vaticano, depois de ter sido acusado no final do mês passado.

"Elas (as acusações) são falsas. Toda a ideia de abuso sexual é abominável para mim", disse.

Pell recebeu uma licença do Papa Francisco, que deixou claro que o cardeal não seria forçado a se demitir do cargo no Vaticano.

O retorno à Austrália do número três do Vaticano, o cardeal George Pell, acusado nesta quinta-feira (29) de abuso sexual pela justiça de seu país, provocou uma nova tormenta na Santa Sé, várias vezes acusada de não punir com severidade este tipo de crime.

Há quatro meses, uma vítima irlandesa deixava uma comissão de especialistas contra a pedofilia, denunciando a falta "vergonhosa" de cooperação do Vaticano.

O cardeal George Pell é um dos mais próximos colaboradores do papa Francisco. Sua partida à Austrália, que o cardeal evitava há vários anos, evidencia uma nomeação imprudente do papa que se tornou uma verdadeira bomba de efeito retardado.

Golpe duro

George Pell havia sido de fato acusado em 2002 de abuso sexual por casos muito antigos. No entanto, foi inocentado e chamado a Roma em 2014 por Francisco para dirigir um projeto de reformas econômicas no Vaticano, que poderia ser questionado após estes novos desdobramentos.

"Este é um duro golpe para o papa", considera Iacopo Scaramuzzi, especialista em Vaticano na agência de notícias italiana Aska.

O australiano conservador é, paradoxalmente, uma das vozes críticas ao papa sobre questões sociais. Mas teria desempenhado um papel fundamental no conclave para eleger o argentino Jorge Bergoglio, segundo Scaramuzzi.

"Não acho que este papa não faça nada sobre pedofilia, mas ele não quer se concentrar em casos específicos. Ele quer reviver a Igreja", diz o observador.

Quanto ao caso de Pell, o soberano pontífice decidiu deixar a justiça australiana seguir seu curso, sem exigir uma renúncia. O cardeal será, no entanto, proibido de participar de eventos litúrgicos públicos.

O mandato no Vaticano de Pell está no final e o prelado australiano de 76 anos pode nunca mais voltar a Roma.

Em 2015, o ex-arcebispo de Edimburgo Keith O'Brien renunciou aos seus direitos de cardeal após ter sido alvo de queixas por "atos inapropriados" menos graves.

"Uma eventual condenação criminal do cardeal Pell por abusos sexuais seria sem precedentes", ressalta Francesco Grana, vaticanista do jornal Il Fatto Quotidiano.

Esta semana, o papa Francisco rebaixou ao estado laico Don Mauro Inzoli, um padre italiano condenado por pedofilia e apelidado de "don Mercedes" pela imprensa italiana por seu gosto pelo luxo.

Mas o soberano pontífice precisou enfrentar críticas ao se mostrar em um primeiro momento mais clemente.

Tolerância zero

O papa criou em 2014 a "Comissão pontifícia para a proteção dos menores", a fim de mudar a lei do silêncio da Igreja face aos padres pedófilos e apresentar propostas para a prevenção.

Mas esta iniciativa atraiu críticas no início de março de um de seus membros, a irlandesa Marie Collins, de 70 anos e vítima aos 13 anos de abusos sexuais por um padre.

Ao renunciar, ela queixou-se dos constantes entraves no Vaticano. Desde então, dois membros da poderosa e conservadora Congregação para a Doutrina da Fé teriam sido afastados, segundo Scaramuzzi.

O papa Francisco, que defende uma "tolerância zero", recomendou que os bispos que protegeram pedófilos renunciassem.

Mas a obrigação de denunciar à justiça civil ainda não consta no direito canônico. Fora os casos em que a lei do país se impõe, muitos episcopados não querem nem ouvir falar.

Mas a intensa cobertura midiática de casos de abusos sexuais em muitos países exige maior transparência da Igreja.

O presidente da Conferência Episcopal da França, país manchado por escândalos, ressaltou recentemente que "nada" poderia isentar a Igreja "de ajudar a justiça" na luta contra o abuso sexual.

Após o papa Francisco, em carta dirigida a Temer, ressaltar que sabe bem a crise que o Brasil enfrenta e que não é de simples solução sendo os pobres que pagam o preço mais amargo, neste domingo (23), o arcebispo Dom Orani Tempesta falou sobre os problemas que o Rio de Janeiro passa. 

Durante uma missa na Igreja de São Jorge, em homenagem ao santo, em Quintino, na Zona Norte do Rio, onde devem passar hoje cerca de 700 mil pessoas até o final do dia, o arcebispo declarou que o carioca se identifica com São Jorge e que sua popularidade o faz um padroeiro informal da cidade. 

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O cardeal também disse que se o santo vivesse atualmente no Rio  teria de derrotar não um, mas dezenas de dragões. “Como o da violência, da falta de habitação digna, da educação, de saúde e de trabalho. Enfim, são muitos os dragões que existem e eu tenho certeza que São Jorge iria ajudar o carioca a vencer isso tudo”, ressaltou. 

Estão programadas para acontecer hoje na igreja um total de 12 missas sendo a primeira iniciada às 5h. A última deve acontecer às 18h. Uma das mais disputadas foi a que aconteceu, às 10h, pelo arcebispo. Às 16h, haverá uma procissão pelo bairro. O evento se encerra, às 19h30, com a apresentação do cantor Jorge Benjor. 

Segundo o secretário da Fazenda do Rio, Gustavo Barbosa, o rombo do estado neste ano, de R$ 22 bilhões, é resultado de uma combinação que inclui recessão econômica, apagão da indústria de óleo e gás em decorrência dos problemas na Petrobrás, queda da arrecadação e déficit previdenciário. "A situação é falimentar", declarou. 

O procurador da República Leonardo Cardoso de Freitas, no início deste ano, comentou sobre a organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador da cidade Sérgio Cabral (PMDB), que contribui com a crise na Cidade Maravilhosa. “O patrimônio dos membros da organização criminosa chefiada pelo senhor Sérgio Cabral é um oceano ainda não completamente mapeado. É algo além do inimaginável”, chegou a dizer. 

 

O arcebispo de Brasília, d. Sérgio Rocha, de 57 anos, recebeu neste sábado (19), o anel e o barrete cardinalícios, no Consistório Ordinário Público, presidido pelo papa Francisco no Vaticano, para a criação de 17 cardeais provenientes de 11 países. O Colégio de Cardeais, cujas funções principais são votar em eventual conclave para eleição do papa e ajudá-lo, com assistência direta, no governo da Igreja Católica, tem agora 228 membros, dois quais 121 eleitores e 107 não eleitores, estes por já terem completado 80 anos de idade.

Os quatro cardeais eleitores do Brasil - d. Raymundo Damasceno Assis (de Aparecida), d. Odilo Scherer (de São Paulo), d. Orani Tempesta (do Rio de Janeiro) e d. João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Religiosos no Vaticano - participaram do consistório. Os outros seis cardeais brasileiros, não eleitores, são d. Paulo Evaristo Arns e d Cláudio Hummes (São Paulo), d. José Freire Falcão (Brasília), d. Serafim Fernandes de Araújo (Belo Horizonte), d. Eusébio Scheid (Rio de Janeiro) e d. Geraldo Majella Agnelo (Salvador). O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, chefiou a delegação do Brasil enviada a Roma.

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As insígnias entregues pelo papa aos novos cardeais têm significado especial: o anel de Pedro representa a união com o papa e o barrete vermelho significa a disposição de servir à Igreja até, se necessário, o derramamento do sangue. Francisco lembrou esses significados, em sua homilia, ao falar das dificuldades enfrentadas pelos cristãos atualmente, em várias partes do mundo. "A nossa época é caracterizada por problemáticas e interrogativos fortes em escala mundial. Vivemos em um tempo em que ressurgem, como uma epidemia nas sociedades, a polarização e a exclusão, como única forma de se resolver os conflitos", disse Francisco. Ele citou a tragédia dos refugiados que fogem de regiões em guerra e de perseguições.

Um dos novos cardeais, o italiano Mário Zenari, núncio apostólico em Damasco, salientou o drama da Síria, a cujo povo dedicou sua elevação ao cardinalato. Além de 13 cardeais com menos de 80 anos, o papa nomeou três bispos eméritos e um padre idoso pelos serviços prestados à Igreja. O padre Ernesto Simoni, de 88 anos, que passou parte de sua vida preso num campo de reeducação na Albânia, durante o regime comunista. O arcebispo emérito africano Sebastian Koto Khoara, de 87, de Lesoto, não compareceu ao consistório, por motivo de saúde.

Os membros do Colégio de Cardeais, incluindo os cardeais criados neste sábado, concelebrarão missa neste domingo (20) no Vaticano com Francisco, na cerimônia de encerramento do Ano Santo da Misericórdia. O papa fechará então a porta principal da Basílica de São Pedro, que só é aberta nos jubileus ou anos santos. "Somos os cardeais da misericórdia", disse o arcebispo de Brasília, d. Sérgio Rocha, em entrevista à Rádio Vaticano.

Quanto à sua elevação a cardeal, d. Sérgio observou: "Entendo que este seu gesto é acima de tudo um modo de ele (o papa Francisco) valorizar e expressar o seu amor pela Igreja no Brasil. Eu já disse a ele que o Brasil, o episcopado brasileiro, o povo brasileiro, se sentem animados por este gesto dele de nomear um cardeal brasileiro". D. Sérgio Rocha é o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O papa Francisco anunciou neste domingo que celebrará um consistório no qual serão criados 17 novos postos de cardeal, 13 dos quais para religiosos com menos de 80 anos, uma lista que inclui o arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha.

Além de Dom Sérgio, que também é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), serão nomeados cardeais o arcebispo de Madri, Carlos Osoro Sierra, o de Mérida, Venezuela, Baltazar Enrique Porras Cardozo, e o de Tlalnepantla, no México, Carlos Aguiar Retes, entre outros.

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Os cardeais com mais de 80 anos não podem participar dos conclaves para eleger um novo Papa.

"Com alegria, anuncio que sábado, 19 de novembro, na véspera do fechamento da Porta Santa da Misericórdia, realizarei um Consistório para nomear 13 novos cardeais, de cinco continentes", informou o papa Francisco.

"Sua proveniência, de 11 nações, expressa a universalidade da Igreja", acrescentou.

Dos 13 novos cardeais eleitores, três são procedentes da Europa, três da América Latina, três dos Estados Unidos, dois da África e dois da Ásia.

Uma das novas nomeações é a de Mario Zenari, que permanecerá como núncio apostólico da Síria.

O brasileiro Dom Sérgio da Rocha, de 56 anos, foi feito arcebispo de Brasília em 2011 por Bento XVI.

Sacerdote desde 1984, completou seu doutorado em Teologia Moral na Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma.

Foi ainda presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, na CNBB, de 2011 a 2015, ano em que assumiu a presidência da organização.

Em entrevista à Rádio Vaticana no fim de setembro de 2015, durante um encontro com o episcopado de países lusófonos em Aparecida, refletiu sobre a incorporação e as implicações da "encíclica ecológica" do papa Francisco (Laudato si) na vida cotidiana. Propôs, em particular, como ligação entre "a problemática ecológica e a questão socioambiental", desenvolver os sistemas de saneamento básico para o conjunto da população.

"O ponto principal é o saneamento básico. Não apenas o diálogo com os governos locais para assegurar ao povo o direito que tem, mas o esforço da própria comunidade em cuidar do meio ambiente. Quando se fala do cuidado da Criação, não se pense apenas em ecossistemas distantes, mas, sim, em aonde se vive, na Casa Comum, o lugar onde se está", disse na ocasião.

Em fevereiro de 2015, o papa Francisco já havia criado 20 novos postos de cardeal, dando início a um processo de internacionalização da cúpula da Igreja, na qual os cardeais europeus continuam sendo maioria.

Também serão nomeados outros quatro cardeais de mais de 80 anos.

O arcebispo de Lyon, Philippe Barbarin, um dos principais nomes da Igreja Católica francesa, começou a ser interrogado nesta quarta-feira (8), em uma investigação para determinar se ele acobertou, há 25 anos, os abusos sexuais de um padre contra escoteiros. O cardeal de Gallias compareceu à brigada de proteção da família como testemunha, não acusado, em uma investigação preliminar.

Ao final desta etapa, a Procuradoria deverá decidir se Barbarin continuará sendo investigado. Em caso positivo, o processo será enviado a um tribunal ou juiz de instrução. O interrogatório coincide com a publicação no sábado de uma carta do papa Francisco, que até agora apoiou Barbarin, na qual abre caminho para a revogação de bispos em caso de "negligência" em casos de pedofilia.

O cardeal Philippe Barbarin terá que dar explicações sobre o caso do padre Bernard Preynat, indiciado em janeiro por agressões sexuais cometidas entre 1986 e 1991 contra vários escoteiros. O caso é complexo porque são fatos remotos e Barbarin, que afirma não ter acobertado nenhuma agressão sexual, só chegou a diocese de Lyon em 2002, 11 anos depois das últimas agressões investigadas pela justiça.

As principais incógnitas são: desde quando a hierarquia da igreja estava a par, de quais tinha e quem a proporcionou e porque a igreja deixou no cargo o padre, que tinha contato com crianças, sem denunciá-lo até 2015. As respostas da igreja mudaram com o tempo. Em um primeiro momento, Barbarin disse ter entrado em contato com uma vítima em 2014. Mais tarde explicou que havia ouvido falar do caso em 2007-2008 por meio de uma terceira pessoa. As datas são importantes porque os crimes de acobertamento prescrevem após três anos.

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